
Olha, eu conheço muita coisa. Perto da minha casa, tem casas e
plantas: açaizeiro, coqueiro, taperebá, abacaxi, jambeiro, turanja,
limão, goiabeira. Só sei os animais que moram aqui. Mas sei que, no
nosso município não tem o leão. Vou falar lá por casa, tem: pato,
marreco, porco, galinha, cachorro, dois gatos tem um carachué. A
gente fala carachué pra ele. Só que o nome dele, é sabiá. Na casa
da vovó tem dois periquitos, pata e galinha, Na casa do tio, tem:
porcos e galinha. No mato tem: mucura, preguiça, gavião e pavão. O
pavão já está extinto. Ta extinto, porque já é pouco da raça dele. O
papai me falou que extinto, é pouco da raça. Tem o tucano,
tamanduá, uns é bandeira. O papagaio nós temos ainda muito aqui.
Só que tem gente que não pensa que a natureza pode se acabar.
Tem gente que mata muito os animais da natureza. (Educando D).
As narrativas dos educandos sobre seus saberes culturais dizem de sua
sabedoria sobre a natureza uma vez que estão diretamente a ela relacionadas. “As
suas falas são impregnadas de significados e dos sentidos das vivências simbólicas,
míticas, técnicas, tecendo as teias de saberes encharcados das relações com o
ecossistema”. (FREITAS, 2005, 74).
Retoma-se aqui, o que foi dito na seção anterior, sobre significado da
fauna, flora e o rio para essas populações. São três grandes elementos refletidos
pelos educandos que se problematizados na sala de aula provocaria não somente
uma leitura de mundo, mas outro tipo de alfabetização, de leitura e escrita das
palavras, sem soma de dúvidas mais relevantes que as contidas no livro
mencionado anteriormente.
Assim, com base nessa argumentação, relata o autor que, “ao contrário do
que muita gente pensa, inclusive professores de alfabetização, para alguém ser
alfabetizada, não precisa aprender a escrever, mas sim aprender a ler”. (CAGLIARI,
2002, p. 113). Encontra-se também em Vygotsky (2006, p. 30), os achados das
formas de comunicar-se e, ao mesmo tempo de ler o mundo, uma vez que, homens
e mulheres criam signos para representar ou substituir alguma coisa. Assim, “a
palavra mesa, por exemplo, é um signo que representa o objeto mesa”. Acrescenta,
ele que, “a imagem, as figura de um dado objeto permite a qualquer pessoa letrada
ou não um tipo de leitura”.
Os educandos ao narrar sobre suas aprendizagens oriundas da cultura
vivida revelam processos de construções de um grupo social que constitui sua
identidade pessoal e de seus pares. São conhecimentos socialmente construídos na
prática e na convivência com outras experiências. Por conta disso, retrata Freire