
nós que aqui estamos por vós esperamos
possível a iluminação da Torre Eiffel inteira, mas também executa um condenado a
morte nos Estados Unidos. Ela maravilha Yuri Gagarin pai, cujo filho, Yuri Gagarin
astronauta, vai ao espaço em 1961. Entre duas gerações, uma mudança radical na
tecnologia criada pelo homem, e portanto em seu modo de vida. O pai, um camponês
russo que conhece a luz elétrica depois de adulto. O filho torna-se o primeiro homem
a ir para o espaço. Naturalmente, aquela figura de Yuri Gararin pai é, muito
provavelmente, pura ficção. Mas o que Nós que aqui estamos está ilustrando é essa
importante passagem, que se deu no século XX, da vida no campo para a vida na
cidade, fato muito ressaltado por Eric Hobsbawm
263
. O rádio, da mesma forma,
transforma o modo de viver dos homens como um importante veículo de comunicação
de massa, um lazer ao mesmo tempo de classe média e operário. Aqui o rádio reúne a
família a sua volta e, portanto, de certa forma, cria a “massa” que é objeto desta
comunicação tão importante no século XX
264
. O rádio, reunindo pequenas hordas de
soldados em diversos campos de batalha, dá boas notícias a jovens soldados norte-
americanos de um batalhão, e desempenha um papel positivo nesse sentido, como
veículo de transmissão da felicidade de um grupo de combatentes. Bill já pode voltar
para a América, onde cria o McDonald’s, elevando brutalmente o padrão de consumo
de sua família: ele compra um carro, a casa própria, a televisão e dezessete
eletrodomésticos. Seu vício inocente, a aspirina, transforma-o no modelo de cidadão
norte-americano. Bill é como os EUA gostariam de ser. Pode ser considerado o
263
“A mudança social mais impressionante e de mais longo alcance da segunda metade do século, e
que nos isola para sempre do mundo do passado, é a morte do campesinato”. H
OBSBAWM, Eric. Era
dos extremos. op. cit., p. 284.
264
Eric Hobsbawm não se cansa de descrever a importância do rádio após a Primeira Guerra: “As
grandes concentrações de aparelhos de rádio se encontrava, na véspera da Segunda Guerra Mundial,
nos EUA, Escandinávia , Nova Zelândia e Grã-Bretanha. Contudo, nesses países, ele avançou em
ritmo espetacular, e mesmo os pobres podiam comprá-lo (...). Talvez não surpreenda o fato de que a
audiência de rádio duplicou nos anos da Grande Depressão, quando sua taxa de crescimento foi mais
rápida do que antes ou depois. Pois o rádio transformava a vida dos pobres, e sobretudo das mulheres
pobres presas ao lar, como nada fizera antes. Trazia o mundo à sua sala. Daí em diante, os mais
solitários não precisavam mais ficar inteiramente sós. E toda a gama do que podia ser dito, cantado,
tocado ou de outro modo expresso em som estava agora ao alcance deles. (...) Ao contrário do
cinema, ou mesmo da nova imprensa de massa, o rádio não transformou de nenhum modo profundo a
maneira de perceber a realidade (...). Era simplesmente um veículo, não uma mensagem. Mas sua
capacidade de falar simultaneamente a incontáveis milhões, cada um deles sentindo-se abordado
como indivíduo, transformava-o numa ferramenta inconcebivelmente poderosa de informação de
massa, como governantes e vendedores logo perceberam. (o rádio), (...) embora essencialmente
centrado no indivíduo e na família, criou sua própria esfera pública. Pela primeira vez na história
pessoas desconhecidas que se encontravam provavelmente sabiam o que cada uma tinha ouvido (...)
na noite anterior”. H
OBSBAWM, Eric. Era dos extremos. op. cit., p. 195.
246