Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
ENGENHARIA DE TELEINFORMÁTICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE
TELEINFORMÁTICA
ALMIR WIRTH LIMA JUNIOR
LULA DE COMUTAÇÃO ÓPTICA EM CRISTAL
FONICO
Fortaleza-Ceará
2010
1
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Autor: ALMIR WIRTH LIMA JUNIOR
LULA DE COMUTAÇÃO ÓPTICA EM CRISTAL
FONICO
Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia
de Teleinformática, (PPGETI) da Universidade Federal do Ceará, como parte dos
requisitos para a obtenção do tulo de Doutor em Engenharia de Teleinformática.
Orientador: Prof. Dr. ANTONIO RGIO BEZERRA SOMBRA
Fortaleza-Ceará
2010
2
ads:
3
DEDICATÓRIA
Dedico esta Tese aos meus filhos, Almir, Stefan e Pedro, e Esposa, bem como a
toda a minha Falia, e Amigos, especialmente, pelo carinho e apoio em todos os
momentos diceis.
4
AGRADECIMENTOS
Ao meu Orientador, Prof. Dr. Antonio Sérgio Bezerra Sombra, pela sua atenção,
apoio, e dedicação durante todo o processo de elaboração, e apresentão dessa
Tese.
Aos professores e colegas do PPGETI pela amizade, e lealdade demonstrada
durante o curso.
Ao Prof. Dr. Márcio Gomes da Silva, a quem devo grande parte da base trica
adquirida no assunto, durante a sua orientão no Mestrado.
5
RESUMO
Apresentamos o ciclo completo de projetos e analises de acopladores ópticos
embutidos em cristais fotônicos (PhCs) e selecionamos o acoplador PhC mais
apropriado para operar em comutadores totalmente ópticos nas bandas C, L e U do
“International Telecommunication Union ITU(1530 1675nm).
Analisamos e propusemos uma célula de comutação totalmente óptica baseada em
acoplador direcional embutido em cristal fonico (PhC), a qual é acionada através
através de um sinal de comando óptico externo. Com o intuito de obtermos o menor
comprimento de acoplamento posvel, nós analisamos diversos tipos de projetos
referentes a esses dispositivos.
A análise desses diferentes projetos demonstrou a dependência do comprimento de
acoplamento e da faixa operacional em relação ao raio das hastes dietricas das
interfaces e da rego central do acoplador.
Finalmente, mostramos todos os detalhes do acoplador direcional mais apropriado
para operão como lula comutadora em um comutador totalmente óptico
trabalhando nas bandas C, L e U do ITU. Essa célula comutadora é controlada através
de um sinal de comando óptico externo, o qual possui potência óptica relativamente
baixa. O comprimento de acoplamento mínimo desse dispositivo (estado direto) é
37μm.
Palavras-chaves: Acoplador Direcional Óptico, Cristais Fotônicos (PhCs),
Comprimento de Acoplamento, Comutadores Ópticos, Intervalo de Faixas Fotônicas
(PBG), Região de Acoplamento, Relação de Dispersão.
6
ABSTRACT
We present the complete cycle of projects, and analysis of optical directional
couplers embedded in photonic crystals (PhCs), and selected the more appropriate
PhC coupler to operate in all-optical switches in the bands C, L, and U of the ITU (1530
- 1675nm).
We analyze and propose an all-optical switching cell based on directional coupler
embedded in photonic crystal (PhC), which is driven by an external command signal. In
order to obtain the lowest possible coupling lengths we analyzed several projects of
such devices.
The analysis of these different projects demonstrated the dependence of the
coupling length and of the operating range, regarding to the radius of the dielectric rods
of the interfaces and of the coupler central region.
Finally, we showed all the details of the directional coupler more suitable for
operation as switching cell in an all-optical switch worwing over the C, L, and U bands
of the ITU. This switching cell is controlled by an optical external command signal,
which has relatively low optical power. The minimum coupling length of this device (bar
state) is 37μm.
Key-words: Coupling Length, Coupling Region, Dispersion Relations, Optical
Directional Coupler, Optical Switches, Photonic Band Gap (PBG), Photonic Crystals
(PhCs).
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................................................20
1 COMUTADORES ÓPTICOS (“OPTICAL SWITCHES - OXCs”).........................23
1.1 Visão Geral sobre OXCs e Redes Ópticas...................................................23
1.2 Comutadores Ópticos (“Optical Switch Fabrics”)..........................................28
1.2.1 Características dos Comutadores Ópticos.............................................28
1.2.2 Grandes Comutadores...........................................................................29
2 PROPRIEDADES BÁSICAS DOS CRISTAIS FOTÔNICOS (PhCs)..................35
2.1 Tipos de Cristais Fotônicos (PhCs)...............................................................35
2.2 Determinação dos Modos.............................................................................36
2.2.1 Simetrias para Classificação dos Modos................................................41
2.3 Cristais Fotônicos 1D ...................................................................................44
2.4 Cristais Fotônicos Bi-dimensionais (2D) ......................................................48
2.4.1 Intervalos de freqüência do Cristal Fotônico (PBG)...............................49
2.4.2 Parâmetros Estruturais ..........................................................................52
2.4.3 Placas PhC (“PhC Slabs”)......................................................................55
2.4.4 Configuração) de PBGs em Placas PhC................................................57
2.4.5 Alto versus Baixo Contraste de Índice de Refração em Placas PhC ....59
2.4.5.1 Alto Contraste do Índice de refração ..............................................59
2.4.5.2 Baixo Contraste do Índice de Refração ..........................................60
2.4.5.3 O Problema da Linha de Luz em Placas PhC.................................60
2.5 Fabricação de Cristais Fotônicos..................................................................63
2.5.1 Visão Geral.............................................................................................63
2.5.2 Fabricação de Cristais Fotônicos 3D......................................................66
3 CARACTERIZAÇÃO ÓPTICA DOS PhCs...........................................................72
3.1 Tecnologia “Fonte de Luz Interna” (Internal Light Source” - (ILS))..............72
3.1.1 Princípio Experimental..............................................................................72
3.1.2 Normalização das Medições de Transmissão........................................73
3.1.3 Sintonia Litográfica.................................................................................73
3.1.4 Coleta de Sinais.....................................................................................74
3.1.4.1 Os Três Sinais..................................................................................74
3.1.4.2 Posição da Fonte Virtual..................................................................75
8
3.1.4.3 Distância de Excitação.....................................................................76
3.1.5 Estrutura da Amostra..............................................................................78
3.1.5.1 Estrutura Vertical do Guia de Onda.................................................78
3.5.1.2 Fonte de Luz Embutida....................................................................80
3.2 Configuração dos Testes..............................................................................82
3.3 Caracterização das Estruturas de Testes.....................................................85
3.3.1 Placas PhC.............................................................................................85
3.4 Modelo de Perda Óptica Fora do Plano........................................................89
3.4.1 Perdas Intrínsicas...................................................................................91
3.4.2 Perdas Devido à Profundidade Finita dos Buracos................................95
3.4.3 Perdas Devido ao Formato dos Buracos................................................97
3.4.3.1 Buracos Cilíndrico-Cônicos..............................................................97
3.4.3.2 Cones Truncados...........................................................................100
3.4.4 Modelo de Perdas para Estruturas Baseadas em GaAs.....................103
4 MÉTODOS NUMÉRICOS UTILIZADOS...........................................................105
4.1 Método “Plane Wave Expansion” 2D..........................................................105
4.1.1 Estruturas PhC 2D...............................................................................109
4.2 Método “Finite Difference Time Domain”....................................................112
4.3 Método de Propagação Binária (“Binary Propagation Method-BiPM”).......113
4.4 Método “Finite Element”..............................................................................114
5 PONTOS DE DEFEITO, GUIAS DE ONDAS E ACOPLAMENTO DE SINAIS
EXTERNOS EM PhCs..............................................................................................116
5.1 Pontos de Defeito........................................................................................116
5.2 Guiamento em Cristal Fotônico...................................................................118
5.2.1 Guias de Onda W1...............................................................................118
5.2.1.1 Perdas Ópticas em um Guia de Onda W1....................................125
5.2.1.2 Dispersões em um Guia de Onda W1...........................................129
5.2.2 Guias de onda W3................................................................................132
5.2.2.1 Determinação do Índice de Refração Efetivo usando-se a MSB. .133
5.3 Acesso ao PhC............................................................................................134
5.3.1 Acesso ao PhC Via Guias de Onda Convencionais.............................135
5.3.1.1 Visão Geral sobre o Acesso aos PhCs..........................................135
5.3.1.2 Detalhes do Acesso ao PHC Via Guias de Onda Convencionais.136
5.3.2 Acesso ao PhC Via Guias de Onda PhC.............................................138
9
5.3.2.1 Conicidade W5 para W1................................................................138
5.3.2.2 Conicidade W3 para W1................................................................140
5.3.3 Acesso ao PhC Tipo W3-W1 Via Incremento Gradual das Dimensões
dos Buracos.......................................................................................................140
5.3.3.1 Variações devidas à Fabricação....................................................141
5.3.3.2 Perdas Fora do Plano ...................................................................144
6 ACOPLADORES ÓPTICOS DIRECIONAIS EM PhC ......................................146
6.1 Análise Matemática dos Acopladores PhC.................................................148
6.1.1 Método do Supermodo.........................................................................148
6.1.2 Método do Modo Acoplado...................................................................149
6.2 Acopladores em PhC com o Formato dos Buracos Alterados...................151
6.2.1 Modelagem...........................................................................................155
6.2.2 Fabricação e Medições.........................................................................158
6.3 Acopladores em PhC Comutados por Alteração da Condutividade...........161
6.3.1 Método de Comutação.........................................................................168
6.4 Acopladores em PhC com Controle de Comutação através de Efeitos Não
Lineares.................................................................................................................169
7 ACOPLADOR COM MELHOR PERFORMANCE PARA OPERAÇÃO NAS
BANDAS C, L, E U DO ITU.......................................................................................173
CONCLUSÕES.....................................................................................................182
FUTURO TRABALHO...........................................................................................184
ARTIGOS RELACIONADOS COM A TESE.........................................................185
OUTROS ARTIGOS..............................................................................................186
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................188
10
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1.1. Elementos de uma rede óptica [2].......................................................22
Figura 1.2. Esquemático de um comutador 3D MEMS [2].....................................23
Figura 1.3. Interface Óptica Usuário/Rede O-UNI - (“Optical User to Network
Interface”) [2]...............................................................................................................25
Figura 1.4. Operação conjunta de comutadores O-E-O inteligentes e comutadores
O-O-O [2].....................................................................................................................27
Figura 1.5. Arquitetura “Crossbar” de um comutador 4x4 utilizando 16 células de
comutação 2X2 [4].......................................................................................................30
Figura 1.6. Comutador do tipo sem bloqueio com reodenamento 8x8 obtido
através de 20 células de comutação 2x2 interconectadas através da arquitetura
Benes [5]......................................................................................................................31
Figura 1.7. Comutador do tipo sem bloqueio com reordenamento 8x8 obtido
através de 28 células de comutação 2x2, interconectadas através da arquitetura “n-
stage planar” sem cruzamentos de guias de ondas [4]..............................................32
Figura 1.8. Comutador 4x4 do tipo alto nível sem bloqueio obtido através de 24
células de comutação 1x2 e 2x1 interconectados através da arquitetura “Spanke” [4].
.....................................................................................................................................32
Figura 2.1. Ilustração esquemática de cristais fotônicos uni-dimensional, (1D), bi-
dimensional (2D), e tri-dimensional (3D) [6]). ............................................................35
Figura 2.2. Relação de dispersão referente a um plano de vidro com espessura
“a” e ε = 11,4................................................................................................................38
Figura 2.3. Configuração de dielétrico com simetria translacional discreta. A
unidade de repetição (célula unitária) está realçada através da caixa apresentada
[6]. .............................................................................................................................39
Figura 2.4. Estrutura de bandas para propagação na direção do eixo z (“on-axis”),
para três diferentes estruturas de PhC 1D [6]. ...........................................................44
Figura 2.5. Modos associados à PBG da parte central da figura 2.4 em k = π/a [6].
.....................................................................................................................................46
Figura 2.6. Estrutura de bandas referente a um filme multi-camadas (espelho de
Bragg) com constante de periodicidade a. .................................................................47
11
Figura 2.7. Parte lateral da estrutura porosa de um PhC 2D, com uma linha de
defeito. Os poros estão separados de 1,5μm, e possuem profundidade de 100μm
[9]). ..............................................................................................................................48
Figura 2.8. (a) Esquema de um PhC constituído por buracos de ar perfurados no
material dielétrico da placa dielétrica; (b) Esquema de um PhC constituído por
hastes dielétricas submersas no ar; (c) Configuração dos modos TE e TM dentro do
PhC, e definição da constante de periodicidade e dos índices de refração referentes
ao PhC.........................................................................................................................49
Figura 2.9. Vista esquemática de uma super-célula PhC contendo um defeito
(sombreada), repetida em ambas as direções............................................................50
Figura 2.10. Diagramas de banda de um PhC com estrutura triangular de buracos
de ar perfurados em material dielétrico para modos TE. ...........................................51
Figura 2.11. Estruturas direta, recíproca, e zona de Brillouin, incluindo os pontos
de simetria da zona irredutível da primeira zona de Brillouin referente a um PhC com
estrutura quadrada......................................................................................................52
Figura 2.12. Zona de Brillouin normatizada referente a um PhC com estrutura
quadrada.....................................................................................................................53
Figura 2.13. Estruturas, direta e recíproca, bem como a primeira zona irredutível
da primeira zona de Brillouin (estruturas triangulares)...............................................53
Figura 2.14. Perfil vertical da estrutura PhC planar [11].........................................55
Figura 2.15. Diagrama de faixa de um PhC 2D com indicação das linhas de luz do
ar, e do revestimento [11]............................................................................................56
Figura 2.16. Configuração das PBGs de estruturas 2D de buracos em uma matriz
dielétrica (ε = 11,4): a) Estrutura quadrada, b) Estrutura triangular [9]. ....................57
Figura 2.17. Primeira ordem das PBGs referentes a uma estrutura triangular de
buracos de ar em função de “f”, para diferentes constantes dielétricas do substrato
[9].................................................................................................................................58
Figura 2.18. Duas possíveis implementações de PhC 2D com alto contraste de
índice de refração........................................................................................................58
Figura 2.19. a) Representação esquemática da lei de Snell-Descartes, b)
Dispersão de modos guiados TE em uma placa dielétrica [9]. ..................................60
Figura 2.20. Relação de dispersão de uma estrutura triangular (Polarização TE).
.....................................................................................................................................61
Figura 2.21. Cristal Fotônico Bi-dimensional [17]...................................................62
12
Figura 2.22. “Holey Fibre” [18]. ..............................................................................62
Figura 2.23. Estrutura de Yablonovite elaborada através da perfuração de buracos
em um material cerâmico [19].....................................................................................63
Figura 2.24. Cristal Fotônico com estrutura “woodpile” [19]...................................64
Figura 2.25. Cristal Fotônico com estrutura do tipo opala inversa [19]..................64
Figura 2.26. Cristal Fotônico com estrutura em espiral quadrada tetragonal [22]. 65
Figura 2.27. Relação PBG/Freqüência media da PBG (Δω/ωg) da estrutura de
diamante, em função do contraste do índice de refração. .........................................66
Figura 2.28. Uma das primeiras estruturas PhC 3D do tipo “Yablonovite” com PBG
total [26].......................................................................................................................67
Figura 2.29. Estrutura “Woodpile com PBG total, operando na região de
comprimentos de onda infra-vermelha [26 - 29].........................................................68
Figura 2.30. a) Estrutura tri-dimensional idêntica à do diamante (hastes
ligações), proposta por S. G. Johnson et al. (MIT) [31]. b) Realização de acordo com
M. Qi e H. Smith (MIT).................................................................................................68
Figura 2.31. Chip desenvolvido por meio de opalas invertidas através de auto-
montagem [32, 33].......................................................................................................69
Figura 3.1. Configuração experimental para medições de transmissão em PhCs
[34]...............................................................................................................................72
Figura 3.2. Esquema do método ILS [9].................................................................74
Figura 3.3. Obtenção da posição da fonte virtual [9]..............................................75
Figura 3.4. Medição de um espectro de referência [9]...........................................76
Figura 3.5. a) Estrutura vertical da amostra de InP contendo 2 QWs (Poços
quânticos). b) Estrutura vertical da amostra de GaAs contendo 3 camadas QD
(Pontos quânticos). c) Perfil do modo guiado para o caso InP. d) Perfil do modo
guiado para o caso GaAs [40]. ...................................................................................77
Figura 3.6. Diagrama de propagação do modo 1 saindo da faceta.......................79
Figura 3.7. a) Sinal de fotoluminescência (PL) TE. b) Perdas modais (TE) do guia
de onda InP/GaInAsP tipo degrau [9].........................................................................79
Figura 3.9. Esquemático da configuração de operação experimental nas janelas
de 1,55μm, e 1μm [9]..................................................................................................82
Figura 3.10. Esquemático focalizando diferentes linhas coletoras fornecidas
através da configuração [9]. .......................................................................................83
13
Figura 3.11. Amostra de teste típica para caracterização básica de PhCs incluindo
cavidades 1D [9]..........................................................................................................84
Figura 3.12. Imagem de uma placa PhC orientada na direção , consistindo-se de
três blocos de 4, 8, e 10 linhas de buracos de ar, respectivamente. A seta mostra a
fonte de excitação típica (Ф = 4μm) [41].....................................................................85
Figura 3.13. Espectro de transmissão de um cristal com 4 e 8 filas de buracos
orientado nas direções e [9].....................................................................................86
Figura 3.14. Ilustração de forma simplificada das perdas fora do plano, causadas
pela ausência do confinamento vertical nos buracos.................................................88
Figura 3.15. Espectro de transmissão de PhC com 8 linhas , calculado via FDTD,
para diferentes valores de ε” (parâmetros: InP, polarização TE, f = 0,35) [9]............90
Figura 3.16. Configuração dielétrica 3D real [44]...................................................91
Figura 3.17. Esquema de PhC com buracos de profundidades finitas [45]. .........94
Figura 3.18. a) Fator de confinamento parcial plotado para três diferentes casos.
b) Parâmetro de perda εhole [45]...............................................................................95
Figura 3.19. Formato de buraco cilíndrico-cônico [45]...........................................96
Figura 3.20. Espectro de transmissão através de 8 linhas de PhCs orientados nas
direções e para a amostra da figura 3.21 [45]..........................................................98
Figura 3.21. a) Esquema micrográfico de uma amostra InP com formato de buraco
cônico, típico (Rhole = 200nm, f = 0,3). b) Dependência angular das perdas
induzidas dependentes do formato do buraco, para buracos estritamente cônicos [9].
.....................................................................................................................................99
Figura 3.22. Fotografia microscópica de uma amostra InP gravada através de ICP
(Rhole = 120 nm, f ≈ 0,5) [9]........................................................................................99
Figura 3.23. a) Esquemático de um buraco com formato de cone truncado. b) a
(d): perturbações parciais P1, P2, e P3, nas quais cada plugue radiante P pode ser
decomposto [48]........................................................................................................100
Figura 3.24. Plotagem do têrmo ε”hole em função do ângulo do cone α [48]. ....101
Figura 3.25. Espectro de transmissão através de oito linhas orientadas na
direção ......................................................................................................................102
Figura 3.26. Corte lateral de determinada estrutura PhC [9]................................103
Figura 4.1. Grade de malha de um PhC para formar um célula unitária no FDTD.
...................................................................................................................................111
Figura 4.2. Grade de malha de um PhC usando FEM. .......................................113
14
Figura 5.1. Frequência normalizada do modo na cavidade em função do raio da
cavidade [6]...............................................................................................................115
Figura 5.2. Configuração de campos elétricos dos modos em função do raio da
haste dielétrica [6].....................................................................................................116
Figura 5.3. (a) Relação de dispersão típica. (b) Velocidade de grupo (vg). (c)
Distribuição do campo modal em um PhCW1 [55]...................................................119
Figura 5.4. (a) Diminuição da frequência normalizada do modo “even” em função
da diminuição dos raios dos buracos de ar da primeira linha de buracos de ar. (b)
Aumento da frequência normalizada do modo “even” em função do aumento dos
raios dos buracos de ar da segunda linha de buracos de ar [55]. ...........................120
Figura 5.5. Abrindo um novo projeto através da janela “Model Navigator” do
COMSOL...................................................................................................................121
Figura 5.6. Configurando eixos e grades do projeto...........................................122
Figura 5.7. Configurando as condições de fronteira.............................................123
Figura 5.8. Obtenção dos campos modais se propagando no interior do PhCW1.
...................................................................................................................................124
Figura 5.9. Exemplo de perfil vertical de uma PCS perfurada com buracos de ar.
...................................................................................................................................125
Figura 5.10. Esquema do teste usado para medição de perdas ópticas em
PhCW1s embutidos em placas PhC [58]. ................................................................126
Figura 5.11. Relação de dispersão do PhCW1 [58].............................................126
Figura 5.12. Parte superior: espectro de transmissão para diferentes
comprimentos de PhCW1s (0,1, 0,4, 0,7 e 1,0mm). Parte inferior: espectro de perda
óptica do PhCW1 [58]...............................................................................................127
Figura 5.13. Esquema da estrutura PhC onde o PhCW1 está embutido.............128
Figura 5.14. Índice de refração de grupo versus comprimento de onda [54].......129
Figura 5.15. (a) Parâmetro GVD. (b) Parâmetro TOD. (c) Parâmetro FOD [54]..130
Figura 5.16. Relação de dispersão de um guia de onda W3 com os diferentes
modos suportados [59]. ...........................................................................................131
Figura 5.17. Posição simulada da MSB em função do índice de refração neff [59].
...................................................................................................................................132
Figura 5.18. (a) Determinação do índice efetivo de refração neff utilizando-se a
MSB medida em guias de onda. (b) Comparação entre simulações 2D com valores
encontrados e medidos [59]......................................................................................133
15
Figura 5.19. Acesso a um guia de onda PhC através de guias de onda
convencionais, e guiamento no PhC [59]..................................................................134
Figura 5.20. a) Acesso via guia de onda tipo “cume”. b) Acesso tipo guia de onda
tipo “rego” [59]..........................................................................................................135
Figura 5.21. Estrutura de acesso ao PhC para acoplamento da luz proveniente de
um fibra com extremidade cônica [59]......................................................................136
Figura 5.22. (a) Fotografia micrométrica (SEM) da transição “rego”/“cume”. (b)
Simulação da transmissão referente ao acesso, incluindo a transição “rego”/“cume”
[59].............................................................................................................................136
Figura 5.23. (a) Modos em um guia de onda W5. (b) Modos “even” e “odd” em um
guia de onda W [59]..................................................................................................137
Figura 5.24. (a) Esquemático de acesso via conicidade por etapas (W5-W3-W1).
(b) Comparação entre diferentes métodos de simulação em termos de transmissão
de potência referente ao acesso W5-W3-W1. (Material: InP3, f = 0,40) [59]. .........138
Figura 5.25. Transmissão medida (gráfico superior) e simulada 3D (gráfico
inferior) para o acesso tipo conicidade em etapas W5 para W1. (Material: InP3, f =
0,40) [59]...................................................................................................................138
Figura 5.26. Simulações MMP 2D e FDTD 3D referentes a um acesso W3-W1.
(Material: InP1, f = 0,40) [59].....................................................................................139
Figura 5.27. Comportamento da transmissão referente aos tipos de acesso com
incremento dos diâmetros dos buracos linear, e geométrico. (Material: InP1, f = 0,40)
[59].............................................................................................................................140
Figura 5.28. Formato da conicidade mostrando as direções horizontal e vertical do
cone de acesso em uma estrutura PhC [59].............................................................141
Figura 5.29. Resultados de simulações para região de conicidade em etapas [59].
...................................................................................................................................142
Figura 5.30. Aprimoramento da eficiência de transmissão da região de acesso
com conicidade obtida em cinco etapas, através do efeito da conicidade vertical,
utilizando-se índices de refração maiores para os buracos menores. (Material: InP1, f
= 0,40) [59]................................................................................................................143
Figura 5.31. (a) Distribuição do campo H via FDTD 3D na entrada de uma região
cônica de cinco etapas. (b) Distribuição de ε” em função da posição do buraco. (c)
Simulação 2D para comparação com a simulação 3D (Matéria: InP1, f = 0,40) [59].
...................................................................................................................................144
16
Figura 6.1. a) Dispersão linear. b) Divisão dependente da freqüência. c) Regime
com os guias de onda desaclopados. .....................................................................145
Figura 6.2. Acoplamento direcional de acordo com o método dos supermodos. 147
Figura 6.3. Relação de dispersão de dois guias de onda acoplados...................148
Figura 6.4 Esquemático para obtenção das equações dos modos acoplados....150
Figura 6.5. Esquemático de um acoplador [65]....................................................151
Figura 6.6. Relação de dispersão do guia de onda otimizado com a faixa de
freqüência monomodo em torno de 88,7% da faixa proibida [65]. ..........................152
Figura 6.7. Diagrama de dispersão de um guia de onda W1 (linhas tracejadas), e
de um acoplador (linhas sólidas) [66].......................................................................153
Figura 6.8. (a) Esquemático de três projetos de acopladores PhC. (b) Simulações
PWE da faixa de operação e comprimento de acoplamento mínimo [66]................154
Figura 6.9. Simulações do campo Hz para os acopladores dos Projetos A e B [66].
...................................................................................................................................156
Figura 6.10. Comprimento de acoplamento em função da freqüência reduzida
[66].............................................................................................................................157
Figura 6.11. Fotografia micrométrica (SEM) de um acoplador PhC típico [66]. ..158
Figura 6.12. (a) Gráfico da potência transmitida normalizada para o estado direto
(quadrados cheios), e “cross” (quadrados vazios), versus comprimento do dispositivo
[66].............................................................................................................................159
Figura 6.13. Acoplador embutido cristal fotônico com estrutura triangular de
hastes dielétricas submersas em ar [73, 74].............................................................161
Figura 6.14. (a) Diagrama de dispersão para a estrutura mostrada na figura 6.13,
obtida usando-se os métodos PWE e FDTD. (b) Curvas de dispersão do sistema
CPhCW mostrado em (a). (c) Diagrama de dispersão para um sistema CPhCW
embutido em um PhC com estrutura triangular de buracos de ar perfurados em
dielétrico. (d) Curvas de dispersão CPhCW mostrado na parte (c) [1].....................164
Figura 6.15. Acoplador embutido em uma estrutura periódica de buracos de ar no
formato triangular [83, 84].........................................................................................166
Figura 6.16. Esquemático do acoplador controlado por comando externo [90]...169
Figura 6.17. Curva de dispersão do acoplador mostrado na Figura 6.16 [90].....169
Figura 6.18. Distribuição do campo elétrico dentro do acoplador obtido através do
método FDTD para u = 0,3281. (a) Regime linear. (b) Regime não linear. (c) Sinal de
controle para u = 0,285 [90]......................................................................................170
17
Figura 7.1. Esquemático do acoplador. ...............................................................172
Figura 7.2. Cálculo do comprimento de acoplamento..........................................173
Figura 7.3. Passagem do estado direto para o estado cruzado...........................174
Figura 7.4 (a). Intensidade do campo elétrico dos supermodos (u = 0.3127) e do
sinal de comando (u = 0,283). (b) Relação de dispersão do sinal de comando......174
Figura 7.5 (a). Distribuição do campo elétrico antes da inserção do sinal de
comando. (b) Distribuição do campo elétrico antes da inserção do sinal de comando.
(c) Distribuição do campo elétrico referente ao sinal de comando...........................175
Figura 7.6. a) Frequência normalizada versus . b) Comprimento de onda versus
n2. .............................................................................................................................176
Figura 7.7. Variação de em função do comprimento do acoplador.....................177
Figura 7.8. a) Potência óptica do sinal de comando. b) Variação do índice de
refração em função do comprimento do acoplador..................................................178
Figura 7.9. Transmissão em função do coeficiente de acoplamento...................180
Figura TF1. a) Escrita de dados na memória óptica. b) Leitura de dados da
memória óptica..........................................................................................................183
..............................................................................................................................186
18
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1: Parâmetros referentes às estruturas quadradas e triangulares de
PhCs............................................................................................................................57
Tabela 3.1. Modos verticais na estrutura heterogênea de GaAs. O comprimento
de extinção inclui o tunelamento no ar, e a absorção no núcleo com centro do
espectro em 1050nm. .................................................................................................81
Tabela 3.2 Visão geral dos resultados (f, ε’’) para placas PhCs baseadas em
GaAs............................................................................................................................90
Tabela 6.1 Comparação entre as dimensões dos buracos desejados, e fabricados,
bem como do impacto no comprimento de acoplamento via simulações PWE.......163
19
LISTA DE SÍMBOLOS
A
eff
– Área efetiva
a – Constante de periodicidade da estrutura do cristal fotônico
a
j
– Vetores da estrutura direta
b
j
– Vetores da estrutura recíproca
B – Densidade de fluxo magnético, parâmetro de XPM.
C – Capacitância
c – Velocidade da luz no vácuo
D – Densidade de fluxo elétrico
E – Campo elétrico, energia
G - Conjunto de vetores recíprocos
f – Fator de preenchimento, frequência
G- Condutância
H – Campo magnético
I – Corrente elétrica
i - (-1)
1/2
J- Densidade de corrente elétrica
j - (-1)
1/2
k – Número de onda
L – Indutância, comprimento
L
c
– Comprimento de acoplamento
m – Massa
n – Índice de refração
n
eff
– Índice de refração efetivo
n
2
– Índice de refração não linear
P – Potência
Q – Fator de qualidade
R – Resistência elétrica, espaçamento, refletividade
r – Função de periodicidade do Phc
T – Período, temperatura, Transmissividade
t – Tempo
u – Frequência normalizada
20
V – Tensão, Volume
V
c
- Volume da célula unitária
v – Velocidade de propagação
v
f
– Velocidade de fase
v
g
– Velocidade grupo
W – Densidade de potência, Vetor de Poynting
w – Frequência angular
X – Reatância
Y – Admitância
Z – Impedância
Z
0
– Impedância característica
– Fator de perda, ângulo
– Constante de fase
γ
- Parâmetro de não linearidade, constante de propagação
Γ
, K e M – Pontos de simetria da zona irredutível de Brillouin


    ! " 
# 
$$

$
%
&"
'
(
))
)
"" # 
* 
21
INTRODUÇÃO
Cristais fonicos o estruturas periódicas de meio dielétrico em escala de
comprimento de onda. Essas estruturas com índice de refrão perdico podem
ocasionar uma teoria de banda para fótons, semelhante ao que acontece com os
elétrons em uma estrutura atômica com potencial periódico. As propriedades
eletromagnéticas dos cristais fotônicos são completamente determinadas através das
soluções das equações de Maxwell.
Os cristais fotônicos (PhCs)o também conhecidos como “cristais PBG” ("Photonic
Band Gap Crystals"), ou seja, cristais fotônicos com intervalo de freqüência (faixa de
freqüência). Esses dispositivos conseguem refletir qualquer luz incidente, com
frequência dentro de uma determinada faixa de freqüências (PBG).
Existe uma grande variedade de tipos de PhCs. De forma grosseira, os PhCs
podem ser diferenciados uns dos dos outros, através da periodicidade de suas funções
dielétricas (periodicidade em uma, duas, ou três dimensões).
Atualmente, os componentes eletrônicos em modernos computadores são forçados
a operar em freências cada vez mais altas, o que ocasiona o aquecimento
demasiado dos componentes eletnicos. Entretanto, o maior problema para a
eletnica o os nós em redes de telecomunicações ópticas, uma vez que os
dispositivos eletnicos não conseguem operar com grandes faixas operacionais de
freqüência e banda passante, principalmente, devido ao processo de
modulação/demodulão dos sinais. Portanto, pesquisadores em todo o mundo eso
se ocupando cada vez mais, no sentido de encontrar dispositivos ópticos, os quais
possam substituir componentes eletrônicos.
Os PhCs oferecem enormes possibilidades para modelagem do fluxo de luz.
Utilizando-se efeitos não lineares de PhCs, é posvel a obtenção da operão do
dispositivo de forma eficiente em sistemas com altas freências e sujeitos a grandes
bandas passantes. Além disso, devido às dimensões nanométricas dos PhCs é
posvel a integrão desses dispositivos em pastilhas microscópicas (“chips” ópticos).
Podemos fazer a seguinte analogia entre semicondutores e PhCs: “os
semicondutores estão para a eletrônica, assim como os PhCs estão para a óptica
integrada.”
22
Comutadores ópticos maiores do que 2x2 (duas portas de entrada e duas portas de
saída) podem ser obtidos através de cascateamento de pequenos comutadores
organizados de forma correta.
Os acopladores direcionais foram estudados por muito tempo utilizando-se a óptica
clássica integrada. Entretanto, atualmente, os acopladores direcionais embutidos em
cristais fonicos eso sendo estudados cada vez mais.
O objetivo desta Tese é desenvolver a teoria sobre os acopladores direcionais
ópticos embutidos em cristais fotônicos (CPhCs), para sua utilizão como lula de
comutão em comutadores totalmente ópticos.
Tendo em vista que os modernos sistemas de comunicações ópticas DWDM
(“Dense Wavelength Division Multiplexing”), ou seja, multiplexação densa por divisão
de frequência, podem utilizar as bandas C, L e U do ITU (1530nm a 1675nm),
apresentamos os acopladores embutidos em cristais fotônicos, que demonstraram os
melhores desempenhos para operão nessa faixa de comprimentos de onda.
Projetamos e analisamos uma célula de comutão baseada nesses acopladores, a
qual é impulsionada através de um sinal de comando óptico externo com poncia
óptica relativamente baixa. Diferentemente da maioria dos trabalhos apresentados na
literatura, que usa a condutividade induzida de forma elétrica ou óptica na região de
acoplamento entre os dois de guias de onda acoplados [1], o acoplador direcional que
estamos propondo está baseado na alteração do índice de refração efetivo, atras de
efeitos não lineares.
Elaboramos diversas simulações nesses acopladores, para conseguirmos nossos
objetivos. Em nossas simulações foram utilizados os todos PWE (“Plane Wave
expansion”), FDTD (“Finite Dimension Time Domain”), COMSOL (“Finite-Element”-FE)
e o Método de Propagação Binária (“Binary Propagating Method BiPM), o qual é
baseado no MATLAB. O BiPM foi desenvolvido na própria U.F.C. Através dos nossos
estudos e simulações, chegamos ao acoplador, cujo desempenho, foi o melhor
posvel para operação nas faixas C, L, e U do ITU (1530nm a 1675nm).
A apresentação da nossa tese é constituída por sete Capítulos. No Capítulo 1
detalhamos os comutadores ópticos (OXCs) utilizados em redes totalmente ópticas.
No Capítulo 2 mostramos as propriedades básicas dos cristais fotônicos, e no
Capítulo 3 descrevemos a caracterização óptica desses dispositivos. Esses dois
capítulos nos fornecem a teoria necessária sobre cristais fotônicos, de forma que
nos próximos capítulos passamos a escrever sobre o desenvolvimento de
23
dispositivos baseados em cristais fotônicos. Dedicamos o Capítulo 4 ao estudo dos
métodos numéricos utilizados em nossas simulações. O Capítulo 5 detalha os guias
de onda baseados em PhCs, incluindo o acoplamento de sinais externos. No
Capítulo 6 projetamos e analisamos diversos acopladores direcionais embutidos em
cristais fotônicos. O Capítulo 7 é dedicado ao acoplador selecionado como mais
apropriado para operação nas faixas C, L e U do ITU. Após o Capítulo 7 mostramos
nossas Conclusões com relação a esse nosso objetivo.
24
1 COMUTADORES ÓPTICOS (“OPTICAL SWITCHES -
OXCs”)
1.1 Visão Geral sobre OXCs e Redes Ópticas
As Operadoras de serviços de telecomunicações adotaram, principalmente nos
núcleos das suas redes de transporte (“backbones”), a multiplexão densa por
multiplexão de comprimento de onda (DWDM - “Dense Wavelength Division
Multiplexing”) para suprir imediatamente, a necessidade do rápido e enorme
incremento de taxas de transmissão (e conseqüentemente da banda passante). Essa
infra-estrutura baseada em comprimentos de onda proporcionou a nova gerão de
redes totalmente ópticas.
Nas atuais redes totalmente ópticas foram introduzidos novos elementos de rede, a
fim de possibilitar as novas arquiteturas de redes com enormes bandas passantes. A
maior inovão em tais redes é o comutador óptico, o qual proporciona também a
intelincia do núcleo da rede totalmente óptica. Na Figura 1.1 estão detalhados os
elementos de uma rede totalmente óptica.
Figura 1.1. Elementos de uma rede óptica [2].
Os comutadores ópticos proporcionam a convergência das funções de transporte,
enorme banda passante, e inteligência da rede, a qual por sua vez permite a
distribuição eficiente de uma ampla faixa de dados, para a gencia da rede.
Todos os atuais tipos de aplicões, como, por exemplo, dados, voz, vídeo, tele-
medicina, e mulmida em geral, bem como futuras aplicações podem ser
transportadas através dessa rede.
Os atuais comutadores ópticos podem ser do tipo O-E-O (Óptico Elétrico
Óptico), nas quais os sinais precisam ser convertidos para a forma elétrica,
25
comutados, e depois reconvertidos para a forma óptica, e do tipo O-O-O (Óptico
Óptico Óptico), nas quais todo o processamento é elaborado de forma óptica, sem
a necessidade de conversões óptico/elétrico/óptico. No segundo caso a rede é
denominada rede totalmente óptica (AON). Apesar de que os comutadores
totalmente ópticos proporcionam bandas passantes muito largas, possibilitando
taxas de transmissão da ordem de terabits, e mesmo assim alcançando menores
tempos de comutação, a inteligência do sistema ainda precisa ser elaborada através
de circuitos eletrônicos. Estudiosos, mundo afora, estão muito interessados na
evolução de novos “chips” ópticos, o que garantiria uma rede totalmente óptica.
Portanto, o atual estágio das redes exige um minucioso detalhamento da inter-
operacionalidade entre os comutadores O-E-O e O-O-O.
Entre outras tecnologias existentes, a tecnologia 3D MEMS (Micro-
Electromechanical System) é muito usada no atual momento. Essa tecnologia utiliza
mecanismos de controle para direcionar micro-espelhos em todas as direções (3D).
Os comutadores ópticos podem ser utilizados em redes DWDM, operando sobre
inúmeras fibras ópticas, onde cada uma dessas fibras ópticas pode transportar
centenas de comprimentos de onda ópticos (canais ópticos). O esquemático de um
comutador totalmente óptico baseado na tecnologia 3D MEMS está mostrado na
Figura 1.2.
Figura 1.2. Esquemático de um comutador 3D MEMS [2].
Um dos principais desafios para a tecnologia 3D MEMS trata-se do manuseio de
grandes número de espelhos, o que exige um minucioso controle do sistema de
comutação. O atual estágio, dessa tecnologia possibilita a fabricação de
comutadores ópticos na faixa de 256x256 a 1000x1000 portas ópticas bidirecionais.
26
Atualmente, estão projetados comutadores ópticos 3D MEMS com até 8000x8000
portas ópticas bidirecionais. Entretanto o número de portas ópticas é apenas uma
das características desses comutadores, uma vez que esses sistemas de
comutação precisam operar de forma independente das taxas de transmissão de
dados, e protocolos de redes adotados.
Nossa Tese apresenta células de comutação baseadas em acopladores
direcionais ópticos, os quais apresentam excelente desempenho, e devido ao seu
diminuto comprimento de acoplamento podem ser utilizados em chips ópticos.
As operadoras de telecomunicações estão entendendo os enormes benefícios
dos comutadores totalmente ópticos, de forma que a cada dia procuram por novas
idéias e tecnologias nessa área.
Os atuais comutadores ópticos possuem perdas de inserção entre 6 a 15 dBs,
dependendo do tamanho, da arquitetura com simples, ou múltiplos estágios
(detalhes mais a frente), bem como da tecnologia usada para a comutação dos
sinais ópticos. Quanto maior for o número de estágios de comutação maior é a
perda óptica. Portanto os dispositivos que operam em conjunto com esses
comutadores, como, por exemplo, roteadores DWDM precisam operar com altos
níveis de potência óptica, o que encarece o custo dos desses componentes de rede,
uma vez que tais dispositivos precisam possuir LASERs de alta potência óptica.
O atual estágio dos comutadores O-O-O requer um estudo criterioso por parte das
operadoras de telecomunicações, antes da decisão de implantação dos mesmos em
suas redes. Esses estudos devem levar em consideração as dispersões cromáticas,
dispersões de modo de polarização, não linearidades, degradação da dependência
de polarização, estreitamento das bandas passantes nos filtros WDM (Multiplexação
por Divisão de Comprimento de onda), “crosstalk”, e aumento de ruído na
amplificação.
A próxima geração de rede (NGN) precisa ser escalável e dinâmica. Vale
salientar, que uma rede dinâmica deve ser constituída por comutadores ópticos
introduzidos em uma arquitetura mista, a fim de suportar um número flexível de
serviços, restauração de rotas, e fácil acesso.
As atuais funções de gerenciamento de rede são proporcionadas através de
comutadores ópticos possuindo uma matriz de comutação eletrônica. Esses
comutadores O-E-O inteligentes permitem o gerenciamento das enormes bandas
passantes disponíveis na rede, e oferecem os tradicionais serviços de rápida
27
localização de falhas, bem como da ótima supervisão da sua performance. Apesar
de que os comutadores O-O-O proporcionam os serviços baseados em
comprimentos de onda, os comutadores inteligentes O-E-O podem suportar serviços
com grandes bandas passantes de até 2,5 Gbs. Os comutadores O-E-O inteligentes
conseguem superar as limitações dos comutadores O-O-O referentes a defeitos que
surgem na rede. Um comutador inteligente O-E-O combina a última geração de
hardware, com sofisticados softwares, com o intuito de melhor acomodar os
requisitos necessários das redes ópticas dinâmicas. A eletrônica dos comutadores
O-E-O não apenas possibilita o uso das tradicionais normas das redes SONET
(“Synchronous Optical Network”), como também aumenta a performance do
gerenciamento de tais redes, e possibilitam ainda a utilização de dispositivos de
diversos Fabricantes na mesma rede. A evolução dos comutadores inteligentes O-E-
O adicionou sua operação em redes com protocolos O-UNI (“Optical User to
Network Interface”), conforme está detalhado na Figura 1.3, e GMPLS (“General
Multiprotocol Label Switching”).
Figura 1.3. Interface Óptica Usuário/Rede O-UNI - (“Optical User to Network Interface”)
[2].
O GMPLS é um protocolo baseado no protocolo MPLS orientado a dados, o qual
aumenta a performance das redes roteadas. O GMPLS possui a intenção de
proporcionar os benefícios de roteamento de dados às grandes redes dinâmicas
operando com comutadores ópticos.
Uma alternativa para a implementação de redes ópticas é o uso de matriz de
comutação híbrida, a qual pode suportar tráfego por rajadas (“burst”) e a tradicional
comutação por circuito [3].
28
Os comutadores O-E-O inteligentes, usando matriz de comutação “switch fabric”
eletrônica, diminuem os riscos associados à implantação da nova tecnologia
totalmente óptica.
Não devemos pensar que a tecnologia O-E-O seja concorrente da tecnologia O-
O-O. Muito pelo contrário, os comutadores O-O-O serão introduzidos à medida do
desenvolvimento dessa nova tecnologia, de tal forma que essas duas tecnologias
são complementares, ou seja, essas duas tecnologias deverão permanecer juntas
ainda por um bom tempo, porém o processo de demultiplexação, conversão
óptico/elétrico, comutação do sinal elétrico, reconversão elétrico/óptico, e
multiplexação exige a utilização de centenas de chips, os quais necessitam de
espaço físico e potência.
Os comutadores O-O-O reduzem de forma significante o espaço físico e o
consumo de energia nas instalações das operadoras de telecomunicações. Note,
que atualmente um comutador O-O-O suportando 1000x1000 pode estar contido em
dois ou quatro gabinetes do equipamento. Cada um desses gabinetes requer 1 kW
ou menos de potência elétrica para o seu funcionamento. Para se ter uma idéia da
redução do espaço físico, um comutador SONET necessita de 25 a 32 gabinetes, e
cada um desses gabinetes requer 4 a 5 kW de potência elétrica para o seu
funcionamento, o que em outras palavras significa uma redução de 92% do espaço
físico nas dependências da operadora de telecomunicações e uma redução de 96%
de energia elétrica necessária para o funcionamento de tais dispositivos.
A evolução das atuais redes para as NGNs se de forma que acontecem
implementações paralelas de comutadores inteligentes O-E-O, ao invés de
dispositivos SONET, por exemplo, e comutadores O-O-O. As operadoras de
telecomunicações que possuem infra-estrutura para suportar serviços baseados em
canais ópticos (DWDM) deverão se as primeiras a instalar comutadores O-O-O.
Esses dois tipos de comutadores operando conjuntamente proporcionam o
crescimento ordenado , gerenciamento, e flexibilidade da rede, sem se correr o
risco de ocorrência de falhas no sistema.
A maioria dos atuais serviços das operadoras de telecomunicações está baseada
em grande banda passante e irão evoluir para suportar canais ópticos multiplexados,
os quais possibilitarão a seleção da taxa de transmissão desejada pelo cliente. O
incremento de instalação de comutadores O-E-O inteligentes e O-O-O nessas redes
29
está levando à migração para as NGNs ópticas, de acordo com o que está
apresentado na Figura 1.4.
Figura 1.4. Operação conjunta de comutadores O-E-O inteligentes e comutadores O-O-O
[2].
1.2 Comutadores Ópticos (“Optical Switch Fabrics”)
1.2.1 Características dos Comutadores Ópticos
O parâmetro mais importante de um comutador é o tempo de comutação [3].
Diferentes aplicações possuem diferentes requerimentos de tempo de comutação.
Abaixo mostramos outros parâmetros que devem ser levados em consideração na
avaliação de um comutador óptico [4].
1) Perda por inserção: Fração da potência do sinal perdida devido ao comutador.
Essa perda é medida em dBs, e precisa ser a menor possível. Adicionalmente, a
perda de inserção de um comutador deve ser aproximadamente igual para todas as
conexões de entrada/saída (uniformidade de perda).
2) “Crosstalk”: Razão entre a potência do sinal em uma determinada porta de
saída indesejada, e as potências dos sinais em todas as outras portas de entrada do
dispositivo, que não se referem à porta de entrada associada para comutação do
sinal para essa referida porta de saída. Essa razão deve ser a menor possível.
3) Razão de extinção (“Extinction ratio”, ou “ON OFF switches”): Razão entre a
potência do sinal na porta de saída desejada quando na situação de comutação (“on
30
state”) e a potência de saída do sinal nessa porta de saída, quando na situação de
não comutação (“off-state”). Esta razão deve ser a maior possível.
4) Perda dependente da polarização (“Polarizatio-Dependent Loss” PDL): Se a
perda no comutador não for igual para ambos os estados de polarização do sinal
óptico, esse comutador possui perda dependente da polarização. Os comutadores
devem possuir baixa PDL.
Outros parâmetros que devem ser levados em consideração são a confiabilidade,
escalabilidade, uso de energia, e resistência à temperatura. O termo escalabilidade
se refere à habilidade para se construir comutadores com grande número de portas,
sem perda de qualidade.
1.2.2 Grandes Comutadores
Comutadores maiores que 2x2 podem ser obtidos através do posicionamento
ordenado de pequenos comutadores. As principais considerações para obtenção de
grandes comutadores são os seguintes [4].
1) Quantidade de pequenos comutadores requeridos: Os comutadores ópticos
podem ser obtidos através de comutadores 2x2, ou 1x2 em cascata. Nesse caso o
custo total do comutador será obviamente função do número desses pequenos
comutadores o qual denominaremos de células de comutação. Entretanto esse não
é o único fator que afeta o custo total do comutador, uma vez que outros fatores,
como, por exemplo, conexões, emendas, e facilidade de fabricação.
2) Uniformidade de perda: Os comutadores podem possuir diferentes perdas,
para diferentes combinações de portas de entrada e de saída. Podemos obter a
medida da uniformidade de perda considerando-se o número máximo, e mínimo de
células de comutação contidas na trajetória durante a comutação do sinal, referente
a diferentes combinações de entradas/saídas, ou seja, o numero de células de
comutação deve ser constante para qualquer combinação de entrada/saída.
3) Número de cruzamentos: Os grandes comutadores ópticos podem ser
fabricados através da integração de múltiplas células de comutação em um único
substrato. Diferentemente do que ocorre nos circuitos eletrônicos integrados (ICs),
onde as conexões entre os diversos componentes precisam ser elaborados em
31
múltiplas camadas, na óptica integrada todas essas conexões precisam ser obtidas
em uma única camada através de guias de onda. Quando acontece o cruzamento
entre dois guias de onda são produzidos dois efeitos indesejáveis: perda de
potência, e “crosstalk”. Para se obter perda e “crosstalk” aceitáveis no comutador é
necessária a minimização, ou eliminação completa desses cruzamentos de guias de
onda.
4) Características de bloqueio: Existem dois tipos de comutadores: com bloqueio
(“blocking”) e sem bloqueio (“nonblocking”). Um comutador é do tipo sem bloqueio,
quando qualquer porta de entrada que não estiver sendo usada, pode ser conectada
a qualquer porta de saída que também não está sendo usada. Portanto, um
comutador sem bloqueio é capaz de realizar qualquer interconexão entre as portas
de entrada e saída. Quando não houver possibilidade de conexão entre uma, ou
mais portas de entrada e saída, o comutador é do tipo com bloqueio. A maioria das
aplicações requerem comutadores sem bloqueio.
Os comutadores do tipo sem bloqueio podem ser diferenciados, uns dos outros,
através da maneira de conseguir essa característica. Um comutador com alto
desempenho deve possuir alta sensibilidade e ser do tipo sem bloqueio. Nesse caso,
uma porta de entrada ainda não usada poder ser conectada a qualquer uma porta
de saída também, nesse momento, não usada, sem a necessidade de re-
roteamento de uma conexão já existente. Adicionalmente, se um comutador é do
tipo sem bloqueio, independentemente de uma regra de conexão, o mesmo é
denominado comutador sem bloqueio de alto nível. Um comutador do tipo sem
bloqueio, o qual utiliza o processo de re-roteamento de conexões a fim de alcançar a
propriedade sem bloqueio é denominado de comutador sem bloqueio por
reordenamento. O re-roteamento de conexões pode ou não ser aceitável,
dependendo da aplicação, uma vez que quando isso acontece, conexões existentes
precisam ser interrompidas, mesmo que rapidamente, a fim de que seja obtida uma
determinada conexão. A vantagem da arquitetura dos comutadores do tipo por
reordenamento é que os mesmos utilizam menos células comutadoras, quando
comparadas às arquiteturas referentes aos comutadores do tipo sem bloqueio de
alto nível. Por outro lado, a arquitetura dos comutadores do tipo por reordenamento
utilizam algoritmos de controle mais complexos, para que as conexões sejam
alcançadas. Entretanto, não se tratando de enormes comutadores esse aumento de
complexidade pode ser aceitável. A maior desvantagem dos comutadores do tipo
32
por reordenamento é que muitas aplicações não permitem o cancelamento da
conexão, a fim de que seja possível a elaboração de uma nova conexão, mesmo de
forma temporária.
As arquiteturas mais populares de grandes comutadores são as arquiteturas de
barra cruzada (“crossbar”) [4]. Abaixo detalhamos as principais arquiteturas de
grandes comutadores:
1) “Crossbar” - O comutador é obtido através de células de comutação 2x2. As
interconexões entre as portas de entrada e saída o obtidas através da seleção do
estado apropriado dessas células de comutação 2x2. A regra de conexão usada
estabelece que para se conectar uma porta de entrada a uma porta de saída, a
trajetória do sinal passa através das células de comutação 2x2 em fila, até atingir a
coluna que possibilita encontrar a porta de saída. A arquitetura “crossbar”,
apresentada na Figura 1.5 é do tipo sem bloqueio de alto nível.
Figura 1.5. Arquitetura “Crossbar” de um comutador 4x4 utilizando 16 células de
comutação 2X2 [4].
A menor trajetória ocorre através de 1 célula de comutação, enquanto a mais
longa ocorre através de 2n -1 ( n = número de linhas, ou colunas) células de
comutação, o que representa a principal desvantagem da arquitetura “crossbar”. Por
outro lado esse comutador pode ser fabricado sem cruzamentos.
33
2) Benes - A arquitetura Benes [5] proporciona comutadores do tipo não
bloqueante reordenado, conforme se pode constatar através da Figura 1.6. Trata-se
de uma das arquiteturas mais eficientes em termos de quantidade de células de
comutação 2x2 necessárias para a obtenção de grandes comutadores.
Figura 1.6. Comutador do tipo sem bloqueio com reodenamento 8x8 obtido atras de 20
células de comutação 2x2 interconectadas através da arquitetura Benes [5].
Um comutador Benes nxn requer
n
2
2 log
2
n1
células de comutação 2x2,
onde n é uma potência de 2. A perda é a mesma para qualquer trajetória de
comutação dentro do comutador. Cada trajetória possui
2 log
2
n1
células de
comutação 2x2. As duas maiores desvantagem dessa arquitetura são: não se tratam
de comutadores sem bloqueio de alto nível, e são necessários um determinado
número de cruzamentos de guias de onda, o que dificulta a fabricação desses
comutadores utilizando-se óptica integrada.
3) Spanke-Benes (Arquitetura Planar de n estágios) - Na Figura 1.7 mostramos
essa arquitetura, a qual trata-se de uma integração entre as arquiteturas “Crossbar”
e “Benes”, sendo do tipo sem bloqueio com reordenamento, requerendo [n(n-1)]/2
células de comutação 2x2.
34
Figura 1.7. Comutador do tipo sem bloqueio com reordenamento 8x8 obtido através de 28
células de comutação 2x2, interconectadas através da arquitetura “n-stage planar sem
cruzamentos de guias de ondas [4].
A menor trajetória é n/2, e a maior é n. Não existem cruzamentos de guias de
onda. As principais desvantagens são: não se tratam de comutadores do tipo sem
bloqueio de alto nível, e a perda não é uniforme.
4) Spanke - Essa arquitetura é apropriada para grandes comutadores obtidos
através de tecnologia que não utiliza integração de células de comutação, conforme
está mostrado na Figura 1.8.
Figura 1.8. Comutador 4x4 do tipo alto vel sem bloqueio obtido através de 24 células de
comutação 1x2 e 2x1 interconectados através da arquitetura “Spanke” [4].
35
Esse comutador nxn desse tipo é obtido através da combinação de n células de
comutação 1Xn, e n células de comutação 2X1. Essa arquitetura requer 2n(n-1)
células de comutação (1x2, e 2X1), cada trajetória possui
2 log
2
n
células de
comutação.
36
2 PROPRIEDADES BÁSICAS DOS CRISTAIS
FOTÔNICOS (PhCs)
2.1 Tipos de Cristais Fotônicos
(PhCs)
Conforme parte da definição de cristais fotônicos inclusa na Introdução desta
Tese, os cristais fonicos são estruturas periódicas de meio dielétrico em escala de
comprimento de onda.
Os PhCs podem ser diferenciados, de forma grosseira, através da periodicidade
de suas funções dielétricas (periodicidade em uma, duas, ou três dimensões),
conforme está mostrado na Figura 2.1. Para muitas aplicações, PhCs 2D e a 1D
com apenas uma pseuda PBG é suficiente.
Através da inserção de defeitos, conforme veremos mais adiante, os PhCs 1D
permitem a inserção de luz dentro da PBG, se propagando em apenas uma direção,
enquanto os PhCs 2D permitem a inserção de luz dentro da PBG se propagando em
um plano. Os PhCs 3D são também denominados de “isoladores fotônicos” em
analogia às estruturas eletrônicas. Da mesma forma que acontece nos PhCs 1D e
2D, devido a inserção de defeito nesses PhCs 3D, os fótons com energia dentro da
PBG podem penetrar no dispositivo, porém nesse caso podem se propagar em
qualquer direção.
Por outro lado, o grande confinamento dos modos guiados (dentro da faixa
permitida), proporciona o uso de PhCs em chips ópticos (integração óptica). Foi
demonstrado que apesar de que um intervalo de faixa fotônica (“Photonic Band Gap”
PBG”) somente é possível em PhCs 3D, um PhC 2D combinado com um guia de
onda de índice de refração em degrau na sua direção vertical, oferece controle
suficiente da luz, de forma que esse PhC pode ser utilizado em aplicações de óptica
integrada. Ao contrário do acontece com os dispositivos ópticos integrados
convencionais, onde as medidas estão em milímetros, essa nova geração de
dispositivos PhC possuem medidas em nanômetros.
Existem dois tipos de redes ópticas na área de telecomunicações: comutadas por
pacotes, e multiplexadas por divisão de comprimento de ondas. O potencial dos
PhCs é interessantíssimo para o segundo, onde os inúmeros canais ópticos
precisam ser separados, combinados, comutados, redirecionados. Nosso trabalho
37
procura os acopladores direcionais ópticos embutidos em PhC, com melhor
desempenho para operação nas redes WDM.
A introdução de linha, ou ponto de defeito internamente aos PhCs proporciona
estados fotônicos permitidos, proporcionando, por exemplo, a criação de guias de
onda (modos guiados propagando-se na linha de defeito), e modos confinados em
um ponto de defeito (cavidades), respectivamente, dentro dos PhCs (Conforme está
detalhado na parte inferior da Figura 2.1).
Figura 2.1. Ilustração esquemática de cristais fotônicos uni-dimensional, (1D), bi-
dimensional (2D), e tri-dimensional (3D) [6]).
Na parte inferior esquerda da Figura 2.1 está detalhada a obtenção de cavidade
óptica, e na parte inferior direita um guia de onda dentro de um PhC.
2.2 Determinação dos Modos
Partindo-se das equações de Maxwell, podemos separar a depenncia temporal da
dependência espacial através da expansão dos campos em um conjunto de modos
harmônicos (variando de forma senoidal com o tempo), uma vez que as análises de
Fourier proporcionam a obtenção de qualquer solução em função da combinação desses
modos harmônicos. Os modos harnicos acima referidos são denominados
simplesmente de modos”, ou “estados.
Vamos utilizar as expreses matemáticas complexas referentes aos campos, elétrico,
e magtico, as quais possibilitam a determinão dos modos harmônicos como um
padrão espacial (perfil do modo), multiplicado por uma exponencial complexa:
H
r ,t
=H
r
e
iwt
, (2.1)
38
E
r , t
=E
r
e
iwt
. (2.2)
Lembre-se que a parte real das equações acima determina fisicamente o modo, e que
nesse caso esses modos são constituídos por ondas eletromagticas transversais.
As equações (2.3) e (2.4) fornecem o relacionamento entre os campos, elétrico, e
magnético em um material dielétrico:
xE
r
iw μ
0
H
r
=0
, (2.3)
xH
r
iw ε
0
ε
r
E
r
=0
. (2.4)
Através de manipulões matemáticas chega-se à Equação fundamental dos modos
magnéticos
×
1
ε
r
×H
w
r
=
w
c
2
H
r
. (2.5)
Depois da obtenção dos modos magnéticos podemos utilizar a equação (2.4) para
encontrar os modos elétricos
E
r
=
i
0
ε
r
xH
r
. (2.6)
Qualquer solão H(r) referente à Equão fundamental (2.6) será na forma de
constante multiplicada pela função original H(r) (problema de auto-valores), sendo essa
solão denominada de auto-fuão, ou auto-vetor, e a constante que a es
multiplicando é denominada de auto-valor.
Os auto-vetores H(r) são os padrões espaciais dos modos harnicos e os auto-
valores o determinados por w/c
2
. Levando-se em considerão que a Equação
fundamental dos modos pode ser representada através de operador Hermitiano
demonstra-se que os auto-valores acima referidos são números reais.
A Equão (2.7) determina o fluxo médio de energia eletromagnética na dirão S por
unidade de tempo, e por unidade de área (intensidade da radiação) para um campo
variando de forma harnica com o tempo
S=
+
,
Re
[
E xH
]
. (2.7)
A razão entre o fluxo de energia e a densidade de energia define a velocidade
de transporte de energia, para um meio considerado sem perdas, com dispersão
material pequena e para vetor de onda (k) real. Lembre-se que sendo o meio,
homoneo e isotrópico, k é a direção na qual a onda se propaga, o que o é
necessariamente verdadeiro tratando-se de um meio periódico. Nesse caso, a
direção e a velocidade da energia eletromagtica são determinadas através do
39
vetor velocidade de grupo (v
g
), o qual é função do índice de refrão e do vetor de
onda (k).
Um sistema que possui simetria translacional contínua em todas as três
direções, como, por exemplo, um guia de onda plano com as extensões de x e y
muito maiores que z, é um meio homogêneo, onde ε(r) é constante e nesse caso
os modos magnéticos, por exemplo, possuem a seguinte forma:
H
k
r
=H
0
e
ikr
. (2.8)
Na Equação (2.9) H
0
é um vetor constante e Hk(r) o ondas planas
polarizadas na direção de H
0
com a restrição k.H
0
= 0, devido ao fato de que os
modos são transversais. Essas ondas planas o na realidade soluções da
equação fundamental dos modos com auto-valores
w
c
2
=
k
2
ε
. Podemos
classificar uma onda plana através do seu vetor de onda, o qual especifica como o
modo é transformado através de uma operação contínua de translação.
Vamos agora, considerar um meio periódico em z onde ε varia apenas na
direção z. Nesse caso podemos classificar os modos de acordo com os vetores de
onda “in-plane” (
k =k
x
xk
y
y
), dentro do plano (x,y)). Nesse caso:
H
k
r
=e
ik ρ
h
z
. (2.9)
Na Equação (2.9) o vetor de posicionamento ρ está localizado no plano (x,y) e
a função h(z), a qual depende de k, o pode ser determinada através dessa linha
de raciocínio, uma vez que o sistema não possui simetria translacional na direção
z.
Podemos classificar os modos através de seus valores k, alinhando-se em
ordem crescente de freqüência para um determinado valor de k. Vamos
denominar a linha gráfica em que se encontram os modos referentes a todas as
freqüências de banda. Como existem várias bandas, classificamos essas bandas
através do numero “n”. Portanto, “n” é mero da banda. Quanto maior for “n”
maiores são as freências dos modos da banda. Dessa forma, qualquer modo
existente no sistema pode ser localizado atras de (k,n). Quando existe uma
degenerecencia precisamos incluir um índice adicional aos modos com o mesmo
(k,n).
40
Na Figura 2.2 estão plotados os gráficos das bandas existentes em guia de
onda planar de vidro (diagrama de bandas, ou relão de dispersão), os quais
foram calculados a partir da equação fundamental dos modos.
Figura 2.2. Relação de dispersão referente a um plano de vidro com espessura “a” e ε =
11,4.
Na Figura 2.2 as
linhas azuis correspondem aos modos que estão localizados
dentro do vidro. A região azul representa uma continuidade de estados (modos)
que se estendem tanto no vidro, quanto no ar em torno do guia de onda. A linha
azul é linha de luz (w = ck). Os gráficos acima mostram apenas os modos com
polarização em uma direção, na qual o modo H é perpendicular às dirões z, e k
[6].
É importante se afirmar que os componentes do vetor de onda ao longo de
direções de simetria em um sistema com simetria translacional contínua são
quantidades conservadas.
Os cristais fonicos não possuem simetria translacional contínua, pom se
caracterizam pela simetria translacional discreta que apresentam, ou seja, os PhCs não
são invarveis ao sofrerem translações em relão a qualquer distância, porém possuem
simetria em relação a determinadas distâncias ltiplas de algum comprimento padrão.
O exemplo mais simples de uma estrutura PhC é um sistema constituído por uma
estrutura que perdica em uma dirão, conforme está mostrado na Figura 2.3.
41
Figura 2.3. Configuração de dielétrico com simetria translacional discreta. A unidade de
repetição (célula unitária) esrealçada através da caixa apresentada [6].
Esse sistema possui simetria translacional contínua na direção x, pom na direção y
possui simetria translacional discreta. O comprimento de repetão (a) é denominado
constante de estrutura e o vetor associado é denominado de vetor primitivo de estrutura. (
a=a y
) Devido à simetria translacional discreta podemos afirmar que
ε
r
=ε
r±a
.
Generalizando para todo o sistema temos que
ε
r
=ε
rR
, onde R é um número
inteiro múltiplo de “a”, ou seja, R = l.a, onde l é um mero inteiro. Podemos observar que
a lula unitária mostrada na Figura 2.3 possui largura “a”. As “eigenfunctions desse
sistema são ondas planas.
Observe que nem todos os valores de k
y
possuem diferentes valores. Na realidade,
demonstra-se, que os modos da forma
k
y
m
/a
, onde m é um mero inteiro,
constitui um conjunto de modos degenerados. Aumentando-se k
y
através de número
inteiro ltiplo de b = 2π/a, o modo o é alterado. Denomina-se
b=b
y
de vetor
primitivo reproco de estrutura. Podemos admitir que esses modos são ondas planas
moduladas atras de uma fuão periódica (devido à periodicidade da estrutura
Teorema de Bloch) e o denominados modos de Bloch. Os modos k
y
que diferem
através de de números inteiros múltiplos de “b” não são diferentes sobre o ponto de vista
sico. Portanto, esses modos tamm são periódicos (
w
k
y
=w
k
y
mb
. Na realidade,
precisamos considerar apenas os k
y
existentes na faixa
π /ak
y
π /a
. A região que
contêm todos os valores não redundantes de k
y
é denominada de zona de Brillouin.
42
2.2.1 Simetrias para Classificação dos Modos
Um sistema com simetria translacional contínua no espaço livre (ε = 1) possui modos
com a forma
H
k
r
=H
0
e
i
k . r
, onde H
0
é um vetor constante. Portanto, podemos afirmar
que o ondas planas polarizadas na dirão de H
0
. Levando-se em consideração o
requerimento da transversalidade, temos que k.H
0
= 0. Observe que na realidade essas
ondas planas são solões da Equação fundamental, com auto-valores (w/c)
2
= k
2
.
Podemos classificar as ondas planas atras de k, determinando-se dessa forma o
comportamento dos modos sob operões de translação.
Da mesma forma que acontece com os átomos de uma estrutura cristalina, os cristais
fotônicos tamm o possuem simetria translacional contínua, e sim simetria
translacional discreta. Portanto, os cristais fotônicoso o invariantes sob translões
referentes à quaisquer distâncias. Entretanto, para disncias ltiplas de algum
determinado comprimento (constante de periodicidade) esses dispositivos o invariantes
sob translações. A estrutura mais simples dessa estrutura está mostrada na Figura 2.3.
Essa estrutura se consiste de camadas alternadas de alto e baixo índice de refrão. A
distância entre cada célula unitária é definida como constante de periodicidade (ou de
estrutura), da mesma maneira que ocorre na física dos semicondutores.
Note que nesses sistemas existe simetria translacional contínua na dirão x, porém
na direção y existe apenas simetria translacional discreta. Vamos adotar a nomenclatura
internacional para a constante de estrutura (“a”). O vetor sico é denominado vetor
primitivo da estrutura, o qual nesse caso é a = ay, onde y é vetor unirio na dirão y. De
acordo com o acima detalhado, ε(r) = ε(r + a). Repetindo-se essa translão constatamos
que ε(r) = ε(r + R), para qualquer número R integral múltiplo de a (R = n.a, onde n é um
número inteiro).
Podemos classificar os modos determinando-se k
x
e k
y
. Entretanto, nem todos os
valores de k
y
proporcionam diferentes auto-valores. Na realidade, todos os modos com
vetores de onda da forma k
y
+ m(2π/a), onde m é um número inteiro forma um conjunto
de modos degenerados, ou seja, possuem o mesmo auto-valor. Multiplicando-se ky por
um mero ltiplo de 2π/a o modo assim encontrado possue o mesmo estado.
Denomina-se b = b.y como vetor recíproco da estrutura. Levando-se em considerão
que qualquer combinação linear dessas auto-fuões degeneradas é tamm uma auto-
função com o mesmo auto-valor, podemos fazer combinações de modos para expressar
um determinado modo, de forma que:
43
K
k
x
, k
y
r
=e
ik
x
x
m
ck
y
,m
z
e
i
k
y
m
b
y
=e
ik
x
x
e
ik
y
y
m
c
k
y
,m
z
e
imby
= e
ik
x
x
e
ik
y
y
u
ky
v , z
, (2.10)
onde os coeficientes de expansão (“c”) que seo determinados atras de solução
expcita, e u(v,z) é uma fuão perdica em y. Podemos mostrar que u(v + n.a),z) =
u(v,z). Esse resultado é denominado de teorema de Bloch.
Uma conseqüência essencial dos estados de Bloch é que os modo de Bloch com
vetores de onda k
y
+ m.b são idênticos. Os k
y
s que diferem através de b = 2π/a não são
diferentes sob o ponto de vista físico. Portanto, as freqüências dos modos também o
periódicas em k
y
(w(k
y
) = w(k
y
+ m.b). Isto acarreta que na realidade precisamos
considerar k
y
apenas na faixa π/a < ky π/a. Essa região possue valores de k
y
e
denomina-se zona de Brillouin.
A zona de Brillouin para a estrutura mostrada na figura 2.3 pode ser considerada a
partir da estrutura original do PhC, porém no espaço k. Portanto, se coincidirmos ambos
os espos, podemos dizer que a célula unitária corresponde à zona de Brillouin, de
forma semelhante ao que acontece na física do estado lido. A zona irredutível de
Brillouin conm todos os posveis auto-vetores permitidos na estrutura, conforme
detalhamos anteriormente.
Vale salientar, que os cristais fotônicos 3D também apresentam essas mesmas
características. Nesse caso o dietrico é invariável sob translações através de
combinações de vetores R nas três dimensões. Qualquer vetor da estrutura original
(direta) pode ser determinado atras de combinações particulares dos três vetores
primitivos da estrutura (a
1
,a
2
,a
3
), ou seja, cada R = la
1
+ ma
2
+ na
3
, onde l, m e n o
números inteiros. Os vetores (a
1
,a
2
,a
3
) são usados para a determinação dos vetores
primitivos (b
1
,b
2
,b
3
) da estrutura reproca utilizando-se
a
i
. b
j
=2 πδ
ij
. A estrutura
recíproca formada pelos vetores recíprocos determina os vetores de onda.
Os modos de uma estrutura perdica tri-dimensional o estados de Bloch, os quais
podem ser determinados atras de k = k
1
b
1
+ k
2
b
2
+ k
3
b
3
, de forma que k está localizado
na zona de Brilloiun. Cada valor do vetor de onda k dentro da zona de Brillouin idenfica
um auto-estado da Equação fundamental, com freqüência w(k) e auto-vetor H
k
da forma:
H
k
r
=e
i
k. r
u
k
r
, (2.11)
onde u
k
(r) é uma fuão perdica na estrutura: u
k
(r) = u
k
(r + R) para todos os vetores R
da estrutura.
44
Os cristais fonicos podem possuir outros tipos de simetrias além da translação
discreta. Por exemplo, um determinado cristal pode ser também invariável as uma
rotação, uma reflexão em espelho, ou após uma invero.
Na existência de simetria rotacional w
n
(Rk) = w
n
(k). Portanto, quando existe simetria
rotacional na estrutura, as bandas de freqüência wn(k) possuem redunncias adicionais
dentro da zona de Brillouin. De forma semelhante, podemos mostrar que quando um
cristal fotônico possue simetria de rotão, refleo em espelho, ou inversão, as funções
wn(k) também possuem simetrias. Essa coleção particular de operações de simetria
(rotações, reflexões, e inversões) é denominada de ponto de grupo do cristal.
Levando-se em consideração que w
n
(k) possui todas as simetrias do ponto de grupo,
não precisamos considerar todos os pontos k pertencentes à zona de Brillouin. A menor
rego dentro da zona de Brillouin onde w
n
(k) não está relacionado atras de simetria é
denominada zona irredutível de Brillouin, a qual possui formato triangular, com área igual
a 1/8 da área da zona total de Brillouin. Observe que a área dentro da zona de Brillouin,
porém fora da zona irredutível possui redundâncias.
É importante afirmarmos que a simetria de reflexão em espelho é muito importante
para o desenvolvimento da teoria dos cristais fotônicos. Sob determinadas condões
essa simetria possibilita a separão da Equação de auto-valor, encontrada atras da
Equação fundamental, em duas equões separadas, sendo uma para cada tipo de
polarizão. Existem duas possibilidades: Uma dessas possibilidades proporciona H
k
perpendicular ao plano do espelho e aoutra E
k
paralela ao mesmo. A outra possibilidade
proporciona K
k
está no plano e E
k
é perpendicular. Essa simplificação ocasiona
informões imediatas sobre as simetrias dos modos, bem como facilita o lculo
numérico de suas freqüências.
Os cristais fonicos 2D o periódicos em um plano e uniforme ao longo do eixo
perpendicular a esse plano, o qual é denominado de eixo z. A operão z -z é uma
simetria do cristal para qualquer origem. Temos também que M
z
k
||
= k
||
para todos os
vetores de onda em k
||
, na zona de Brillouin referente a cristais fonicos 2D. Portanto, os
modos de todos os cristais 2D podem ser classificados em duas distintas polarizações
(E
x
, E
y
, H
z
, ou H
x
, H
y
, E
z
). Quando o campo etrico es confinado no plano x-y o modo é
denominado transversal elétrico (TE). Por outro lado, quando o campo magnético está
confinado no plano x-y o modo é denominado transversal magnético (TM).
Finalmente, também podemos mostrar que w
n
(k) = w
n
(-k) para qualquer cristal
fotônico. Levando-se em considerão que o conjugado de H
kn
é equivalente à inversão
45
do sinal em relação ao tempo nas equações de Maxwell, podemos dizer que a relação
acima apresentada é uma conseqüência da simetria de invero do tempo nas equões
de Maxwell.
2.3 Cristais Fotônicos 1D
Um tipo de PhC 1D, conhecido como PhC de empilhamento multi-camada, ou
PhC espelho de Bragg, foi estudado no início do culo XX. Trata-se de uma
estrutura constituída por ltiplas camadas alternadas com diferentes índices de
refração, nos quais a espessura óptica de cada camada corresponde a um quarto
do comprimento de onda no vácuo (“vacuum quarter-wave”). Essas estruturas são
de relativamente fácil fabricação, através da deposição de camadas alternadas de
dois diferentes materiais no substrato. O refletor de Bragg foi utilizado em várias
aplicações, desde espelhos dietricos para LASERs de alta poncia, até
LASERs Semicondutores de Cavidades de Superfície Emissora (VCSELs).
Vamos analisar a estrutura de bandas desse dispositivo, de forma que as
soluções encontradas podem servir de base para PhCs 2D e 3D.
Considerando-se que esse dispositivo é periódico na dirão z e homogêneo
no plano (x,y), vamos classificar os modos através de k
||
, k
z
e n. Os vetores de
onda especificam a maneira que os modos se transformam sob os efeitos dos
operadores de translação, e como o mero de banda cresce em função da
freqüência. Podemos escrever os modos de Bloch da seguinte forma:
H
n , k
z
, k
r
=ei
k
ρ
e
ik
z
z
u
n ,k
z
, k
z
. (2.12)
A função u(z) é periódica, de forma que u(z) = u(z + R), sendo R um mero
inteiro ltiplo da periodicidade do sistema (a). Tendo em vista que esse cristal
possui simetria translacional no plano (x,y), o vetor k
||
pode assumir qualquer
valor. Entretanto, o vetor k
z
possui valor dentro de um intervalo finito no interior da
zona de Brillouin, uma vez que o cristal possui simetria translacional discreta na
direção z. Admitindo-se que o vetor primitivo da estrutura é
a . z
, então o vetor
recíproco primitivo da estrutura é dado por
/a
. z
e a zona de Brillouin é
π /ak
z
π /a
.
Levando-se em consideração apenas as ondas que se propagam na dirão z,
as quais cruzam as camadas periódicas em relação a ε em incidência normal,
46
apenas o componente k
z
deve ser considerado, e dessa forma podemos usar k
em lugar de k
z
.
Na Figura 2.4 mostramos w
n
(k) para três diferentes tipos de filme multi-camada
(ou espelho de Bragg).
Figura 2.4. Estrutura de bandas para propagação na direção do eixo z (“on-axis”), para três
diferentes estruturas de PhC 1D [6].
Em todos os três casos, cada camada possui espessura de 0,5a. A Figura
2.4(a) se refere a um cristal com constante dielétrica fixa (ε = 13). Na Figura 2.4(b)
mostramos um dispositivo com camadas alternadas de ε entre 13, e 12. Na Figura
2.4(c) exibimos um espelho de Bragg com camadas alternadas de ε entre 13, e 1.
Portanto, a Figura 2.4(a) refere-se a uma estrutura homonea, para a qual foi
atribda uma periodicidade arbitrária a. Entretanto, em uma estrutura
homonea, a velocidade da radiação é reduzida de acordo com o índice de
refração, e dessa forma os modos estão localizados ao longo da linha de luz (
w
k
=
ck
ε
).
Tendo em vista que os valores de k se repetem fora da zona de Brillouin, a
linha de luz retorna à zona de Brillouin, quando a mesma chega à extremidade
dessa zona de Brillouin, o que nos permite visualizar a repetição dos valores de k
+ /a, os quais o simplesmente “renomeados para k. A estrutura referente à
Figura 2.4(b) possui periodicidade com pequeno contraste de índice de refração.
Nesse dispositivo existe uma PBG de freqüências, entre a parte superior e a parte
inferior da linha de luz, o que significa dizer, que nenhum modo pertencente a
essa PBG pode penetrar no dispositivo. Esse intervalo é denominado de intervalo
47
de faixa fotônica (“photonic band gap - PBG”). A parte direita dessa figura se
refere a um dispositivo com alto contraste de índice de refração, indicando que
nesse caso a PBG é muito mais larga que no caso anterior.
A aparão da PBG acontece na extremidade da zona de Brillouin (k = π/a),
porque para k = π/a os modos possuem comprimento de onda λ = 2a. Existem
duas maneiras de se posicionar esses modos, sendo a primeira delas posicioná-
los em cada camada com baixo ε, conforme está mostrado na Figura 2.5(a). A
outra alternativa seria posicioná-los em cada camada com alto ε, conforme
indicado na Figura 2.5(b). Qualquer outro posicionamento desses modos iria violar
a simetria da célula unitária em relação ao seu centro.
Tendo em vista que os modos com freqüências mais baixas concentram sua
energia nas regiões com ε mais alto, e que os modos com freqüências mais altas
possuem grande parte de sua energia (embora não necessariamente a maior parte)
nas regiões com ε mais baixo, os modos da parte inferior, por exemplo, do gráfico
mostrado na Figura 2.4(b), (menores freqüências) possuem a maior parte de sua
energia concentrada na região com ε = 13, conforme indicado na Figura 2.5(c). Por
outro lado acontece exatamente o inverso no que se refere à parte superior do
gráfi
co, onde os modos possuem a maior parte de sua energia concentrada na
região com ε = 12, conforme está indicado na Figura 2.5(d).
48
Figura 2.5. Modos associados à PBG da parte central da figura 2.4 em k = π/a [6].
Na Figura 2.5 (a) vemos o campo elétrico referente à banda 1. Na Figura 2.5 (b)
podemos bsevar o campo elétrico referente à banda 2. A Densidade de energia
elétrica (ε|E|
2
/8π) da banda 1 está indicada na Figura 2.5 (c) e a densidade de
energia elétrica da banda 2 está mostrada na Figura 2.5 (d). A parte azul na Figura
2.5 indica a região com maior constante dielétrica [6].
Tendo em vista que nos PhCs 2D e 3D na maioria dos casos a região com
menor índice de refração é o ar, as bandas acima e abaixo da PBG são
denominadas de banda do ar (“air band”), onde está concentrada a maior parte da
energia dos modos com maiores freqüências, e de banda do dielétrico (“dielectric
band”) respectivamente, onde está concentrada a maior parte da energia dos
modos com menores freqüências.
Para estruturas com alto contraste de índice de refração, de acordo com o que
está apresentado na Figura 2.4(c), também acontece o mesmo fenômeno acima
detalhado, pom nesse caso a energia dos modos em ambas as bandas está
49
concentrada em sua maior parte na rego de alto índice de refração, porém a
primeira banda possui maior concentração de energia nessa região que a
segunda banda. Entretanto, da mesma forma, surge uma PBG devido à diferença
da localização da energia do campo elétrico. As denominações das bandas,
inferior e superior, continuam sendo “dielectric band” e “air band”,
respectivamente.
Portanto, conforme detalhamos acima, em dispositivos 1D, qualquer
contraste de índice de refrão provoca a abertura de PBG. Entretanto, quanto
maior for o contraste do índice refração, maior será a PBG.
Na Figura 2.6 mostramos a estrutura de bandas de um PhC 1D.
Figura 2.6. Estrutura de bandas referente a um filme multi-camadas (espelho de Bragg)
com constante de periodicidade a.
A l
argura da camada com ε = 13 é de 0,2a, e a espessura da camada com ε = 1 é
0,8a [6].
2.4 Cristais Fotônicos Bi-dimensionais (2D)
Apesar de que até mesmo em um PhC 1D reflexões omni-direcionais podem
ser obtidas sob certas condições [7, 8], esses dispositivos sofrem a carência de
projetos para a concepção de circuitos integrados fotônicos.
Um PhC 2D pode ser perdico no plano x y, e estendido infinitamente ao
longo da direção z (kz é conservado). O PhC 2D, o qual consegue confinar a luz
no plano, na realidade não existe, pom se pode obter uma boa aproximação
através de PhCs baseados em silício com macro-poros, conforme está detalhado
50
na Figura 2.7. Tais PhCs podem ser fabricados através de gravura eletroquímica
em pastilhas de sílica padronizadas. Podem ser obtidas razões de 67:1 entre a
profundidade dos buracos e a distância entre os mesmos. Para isto, as
profundidades dos buracos devem ser, por exemplo, de 100μm, e a distância
entre os furos (período do cristal) de 1,5μm [9].
Figura 2.7. Parte lateral da estrutura porosa de um PhC 2D, com uma linha de defeito. Os
poros estão separados de 1,5μm, e possuem profundidade de 100μm [9]).
2.4.1 Intervalos de freqüência do Cristal Fotônico (PBG)
Cristais fotônicos, ou melhor, Cristais Fotônicos de Intervalo de Freência, (Cristais
PBG ("Photonic Band Gap Crystals")) são dispositivos capazes de bloquear, ou permitir a
passagem de luz de determinados comprimentos de onda. O cristal fotônico é formado
por buracos de ar (ou por buracos dielétricos com índice de refração menor que o índice
de refrão do substrato) perfurados na placa dielétrica espados de uma distância “a
(a” é constante de periodicidade da estrutura PhC), ou por hastes dielétricas submersas
em ar (ou submersas em substrato dielétrico com índice de refrão menor que o índice
de refração das hastes dielétricas) espaçadas entre de “a”, conforme mostramos nas
Figuras 2.8(a) e 2.8(b), respectivamente. Levando-se em considerão o estudo em duas
dimensões do PhC (a coordenada z na direção da espesura é considerada infinita, sendo
perpendicular ao plano (x,y), no qual se considera a região de propagação dos sinais),
podemos considerar que a onda propagante dentro do PhC é constituída por dois modos
desacoplados: polarizão TE (modo “z-even) e polarizão TM (modo “z-odd”). Nesse
caso o modo TE é definido como um modo possuindo polarização de forma que as
componentes do campo etrico eso localizadas apenas no plano (x,y), enquanto o
campo magnético possui componente apenas na direção z. Observe que essa definição
de polarizão TE é diferente da polarizão TE definida para guias de ondas
convencionais, onde se considera que as componentes do campo etrico eso
localizadas apenas no plano transversal à direção de propagação do sinal, enquanto o
51
campo magnético possui componente apenas na dirão de propagação do sinal.
Raciocínio intico pode ser aplicado para os modos considerados como TM, os quais
possuem componentes do campo magnético apenas no plano (x,y), enquanto o campo
elétrico possui componente apenas na dirão z. Na Figura 2.8(c) mostramos o diagrama
referente a esses dois modos ao longo da zona irreduvel de Brilloiun. Observe também
nessa figura a definição dos vetores referentes à periodicidade “ado PhC, bem como a
determinão dos índices de refração do material dielétrico, e dos buracos de ar. O
método numérico denominado Plane Wave Expansion PWE (detalhes mais a frente) é
o mais usado para a determinão das faixas de freências que podem, ou o,
penetrar na estrutura do PhC.
Figura 2.8. (a) Esquema de um PhC constituído por buracos de ar perfurados no material
dielétrico da placa dietrica; (b) Esquema de um PhC constituído por hastes dielétricas
submersas no ar; (c) Configuração dos modos TE e TM dentro do PhC, e definição da
constante de periodicidade e dos índices de refração referentes ao PhC.
As faixas de freqüências para os modos TE e TM podem ser bastante distintas. Pode,
inclusive, existir uma PBG para os modos TM e o existir uma PBG para os modos TE.
Nossas simulações foram elaboradas levando-se em considerão propagões
apenas no plano (x,y), ou seja, consideramos a periodicidade do tipo 2D, com k
z
= 0.
Quando se plota em fuão do vetor de onda k, os auto-valores com suas freências
associadas formam a PBG do PhC. Essas solõeso fuões periódicas do vetor de
onda k. O método PWE é usado através das denominadas super-células, conforme
indicado na Figura 2.9, com as quais se pode calcular o diagrama de faixa de um PhC
52
com defeitos (por exemplo, o existe um buraco de ar, ou uma linha de buracos de ar,
onde deveria existir de acordo com a periodicidade do PhC) em duas dimenes (a altura
dos buracos é considerada infinita).
Figura 2.9. Vista esquemática de uma super-célula PhC contendo um defeito (sombreada),
repetida em ambas as direções.
Na Figura 2.10 mostramos o diagrama de faixa dos modos TE e TM, calculados via
PWE, ao longo das fronteiras da zona irredutível de Brillouin referente a um PhC com
estrutura triangular de buracos de ar perfurados em material dielétrico. A freqüência”
é normalizada (u = a). Cada ponto de determinada faixa corresponde a uma solão da
Equação fundamental. Essa estrutura possui uma larga PBG entre a primeira e a
segunda faixa para modos TE (“zeven”), de acordo com o que es apresentado na
Figura 2.10. Essas duas faixas o denominadas faixa do dielétrico e faixa do ar,
respectivamente. Por outro lado, o diagrama de faixa dos modos TM (“zodd) mostra uma
relativamente pequena PBG localizada na região de alta freqüência. Nesse caso
específico é prefevel se trabalhar com os modos TE devido à PBG mais larga. Observe
na Figura 2.10(a), que o modo com polarização TE (“zeven”) possui uma PBG entre a
primeira e a segunda faixa de freência reduzida, a qual é mais larga que a PBG
mostrada na Figura 2.10(b), referente aos modos com polarização TM (“zodd”), a qual
está localizada entre a sexta e sétima faixa.
53
Figura 2.10. Diagramas de banda de um PhC com estrutura triangular de buracos de ar
perfurados em material dielétrico para modos TE.
Na Figura 2.10(a) es mostrado o o diagrama de banda de um PhC com estrutura
triangular de buracos de ar perfurados em material dielétrico para modos TE e na Figura
2.10(b) o diagrama de bandas para modos TM. A região sombreada indica a PBG dos
modos.
Um pametro importante na teoria dos cristais fotônicos é o fator de preenchimento f
(filling factor”), o qual é definido como a razão entre a área da célula uniria e a área do
buraco nessa célula. Por exemplo, o fator de preenchimento para estruturas triangulares
(vide Tabela 2.1) é dado por
f =
3
.
r
a
2
, (2.13)
onde r é raio dos buracos e a é a constante de periodicidade.
A Equação 2.14 (considerando-se
.
H
r
=0
, a fim de se reduzir o tamanho do
sistema) fornece os auto-valores para cada
k
incidente
Θ .
H
r
=
w
k
c
2
H
r
,
Θ= x
[
1
ε
r
x
]
. (2.14)
2.4.2 Parâmetros Estruturais
Supondo-se um determinado conjunto a
1
; a
2
; a
3
de estrutura direta de vetores (no caso
2D a
3
pode ser escolhida de forma arbitrária, por exemplo, a
3
= (0; 0; 1)). O conjunto
correspondente de vetores recíprocos b1; b2; b3 é definido através de
a
i
. b
j
=
ij
. A
solução dessas equações é:
54
b1=
a2 xa3
Vc
, b2=
a3 xa 1
Vc
, b3=
a1 xa 2
Vc
, (2.15)
onde Vc = a1(a2 x a3) o volume da célula unitária primitiva. Observe que para um PhC
simétrico 2D, com estrutura quadrada a
1
= a
2
= a, e consequentemente b
1
= b
2
=
2π/a.
A relação de dispersão mostra todos os possíveis valores de
k
existentes em um
PhC. Devido à periodicidade e simetria do PhC podemos determinar todos os
valores de
k
existentes nos limites da zona irredutível da primeira zona de Brillouin
(condição de máxima difração) referente à estrutura recíproca, a qual depende da
estrutura do PhC.
Na Figura 2.11(a) mostramos a estrutura direta de um PhC com estrutura
quadrada e a Figura 2.11(b) mostra a estrutura recíproca, a primeira zona de
Brillouin, bem como a zona irredutível da primeira zoma de Brillouin referente a
estrutura quadrada de um PhC. Os pontos de simetria são,
Γ
, M e X.
Figura 2.11. Estruturas direta, recíproca, e zona de Brillouin, incluindo os pontos de simetria
da zona irredutível da primeira zona de Brillouin referente a um PhC com estrutura quadrada.
Lembre-se que todos os valores de k (0 <
k < π/a) de um PhC com estrutura
quadrada estão contidos na zona irredutível de Brillouin. Levando-se em
consideração a estrutura de vetores recíprocos para um PhC 2D, as coordenadas
dos pontos pertencentes à zona irredutível de Brillouin correspondem aos valores
de k, conforme você pode observar através da F
igura 2.12.
55
Figura 2.12. Zona de Brillouin normatizada referente a um PhC com estrutura quadrada.
Na Figura 2.13(a) mostramos uma estrutura direta triangular com periodicidade a
no espaço real. A estrutura de vetores é formada a partir dos vetores a
1
e a
2
. Na
Figura 2.13(b) mostramos a estrutura recíproca correspondente à estrutura
quadrada direta. Observe que a estrutura recíproca possui periodicidade
3a
.
Essa estrutura recíproca é formada a partir de b
1
e b
2
. As linhas pontilhadas são os
bissetores perpendiculares aos vetores da estrutura recíproca, os quais conectam a
origem (ponto
Γ
) aos seus pontos mais próximos da estrutura recíproca. A região
embutida entre essas linhas, contendo a origem é a primeira zona Brillouin.
(hexágono sólido). A área sombreada é a zona irredutível da primeira zona de
Brillouin. Os pontos de simetria são,
Γ
, M e K.
Figura 2.13. Estruturas, direta e recíproca, bem como a primeira zona irredutível da
primeira zona de Brillouin (estruturas triangulares).
As equações (2.16) e (2.17) fornecem as coordenadas dos pontos de simetria da
zona irredutível da primeira zona de Briolluin, para as estruturas quadradas e
triangulares, respectivamente, os quais serão utilizados no método PWE, para
determinação da relação de dispersão:
Γ :k
x
=0, k
y
=0 ; M : k
x
=π /a , k
y
=π /a; X : k
x
=π/a , k
y
=0
(2.16)
56
Γ :k
x
=0, k
y
=0 ; M : k
x
=/
3 a , k
y
=0 ; K : k
x
=/
3 a , k
y
= /3a
- (2.17)
A Tabela 2.1 fornece os parâmetros mais utilizados, referentes às estruturas PhC.
Tabela 2.1: Parâmetros referentes às estruturas quadradas e triangulares de PhCs.
Discriminação Geometria
Estrutura quadrada Estrutura triangular
Vetores diretos
a
1
=a x
.
a
2
=a y
a
1
=a
3
x
y /2
.
a
2
= a y
Vetores recípocros
b
1
=
a
x
.
b
2
=
a
y
b
1
= /
3 a
x
.
b
2
= /
3 a [−
3 /2
x 1/2
y ].
f
πR
2
a
2
R
2
a
2
.
3
Superfície da célula
unitária
a
2
3
2
a
2
Uma interessante característica dos PhCs é sua escalabilidade, ou seja, a
possibilidade de se obter um PhC de acordo com o comprimento de onda da luz
incidente no cristal fotônico, mantendo-se sem modificações todas as propriedades
desse PhC, como, por exemplo o intervalo de faixa. Esse fato nos permite, por
exemplo, testar um dispositivo de GaAs para λ = 1μm, onde a tecnologia de
fabricação já está amadurecida, e transferir os resultados obtidos para um dispositivo
de InP para λ = 1,5μm, uma vez que as perdas ópticas estão no mesmo patamar.
2.4.3 Placas PhC (“PhC Slabs”)
Apesar de que até mesmo em um PhC 1D reflexões omni-direcionais podem ser
obtidas sob certas condições, esses dispositivos sofrem a carência de projetos para a
concepção de circuitos integrados fotônicos.
Um PhC 2D pode ser periódico no plano x y, e estendido infinitamente ao longo
da direção z (kz é conservado) [10]. O PhC 2D, o qual consegue confinar a luz no
plano, na realidade não existe, porém se pode obter uma boa aproximação através
de PhCs baseados em sílica com macro-poros. Tais PhCs podem ser fabricados
através de gravura eletroquímica em pastilhas de sílica padronizadas. Podem ser
obtidas razões de 67:1 entre a profundidade dos buracos e a distância entre os
mesmos. Para isto, as profundidades dos buracos devem ser, por exemplo, de
100μm, e a distância entre os furos (período do cristal) de 1,5μm.
Quando as PBGs dos modos TE e TM não se intercedem, o PhC não suporta
uma PBG completa, onde nenhuma luz seria permitida em qualquer direção da
57
estrutura infinita. Um PhC 3D com periodicidade nas três direções pode suportar
uma PBG completa, porém esses dispositivos são de difícil fabricação. As placas
PhC possuem espessuras menores que os sistemas PhC 2D ideais, e necessitam
de um guia de onda no corpo do PhC, para evitar a fuga de luz para a dimensão na
direção do eixo z (“out-plane”). Essas estruturas são denominadas placas PhC
(“Slab PhC”) 2D. O forte confinamento vertical é obtido através de um empilhamento
de materiais com alto contraste de índice de refração entre a camada de guia e a
camada de revestimento. Por outro lado, também se pode obter o confinamento da
luz na direção vertical através de um regime de fraco confinamento.
Na Figura 2.14 mostra o esquemático de uma placa PhC com fraco confinamento
vertical da luz, obtido com um sistema de InP/InGaAsP, ou AlGaAs/GaAs.
Figura 2.14. Perfil vertical da estrutura PhC planar [11].
Tratando-se de regime com alto confinamento da luz na direção vertical, em
sistemas com membrana ou “silicon-on-isolator” (SOI), não mais é possível o
tratamento da placa PhC em 2D, pois nesse caso não existe uniformidade na direção
vertical. No regime de baixo contraste de índice de refração o modo é alargado na
direção vertical e se comporta quase como uma onda plana. Então, dessa forma é
possível a utilização de um modelo 2D com índice de refração uniforme para a
caracterização do PhC.
Tendo em vista a inclusão de um revestimento adicional no perfil vertical
precisamos também considerar os modos de radiação nessa camada. Nesse caso,
surge uma nova linha de luz no digrama de faixa, conforme está ilustrado na Figura
2.15.
58
Figura 2.15. Diagrama de faixa de um PhC 2D com indicação das linhas de luz do ar, e do
revestimento [11].
De forma idêntica à linha de luz do ar, a linha de luz do revestimento também é
dependente da freqüência de forma linear, mas nesse caso também é dependente do
índice de refração do perfil vertical da placa PhC. No regime de baixo contraste do
índice de refração a linha de luz do revestimento (indicada por triângulos) está
localizada abaixo da faixa dielétrica da estrutura do PhC. Portanto, nesse caso os
modos não são mais puramente guiados e estão sujeitos à perdas, uma vez que
podem ser acoplados aos modos do revestimento, e mesmo tratando-se de PhC com
perfeita fabricação, esses modos possuem perdas.
2.4.4 Configuração) de PBGs em Placas PhC
A configuração das PBGs é uma importante ferramenta para a escolha apropriada
do fator de preenchimento de ar (f), por exemplo, (“air-filling”), conforme ilustrado na
Figura 2.16, e se trata da visualização dos limites das faixas mais baixa e mais alta, em
relão a diferentes ordens de polarização. A configuração das PBGs” exibe
imediatamente quais são os valores de f, que proporcionam uma PBG completa. O PhC
constituído por GaAs com estrutura triangular de buracos perfurados em um dielétrico,
e com o fator “f” entre f
1
= 0,1 e f
2
= 1, possui, a condição “área fechada comprimida”
alcançada para f = 0,9. Nas estruturas quadradas a primeira e a segunda faixa TE
são abertas em f = 0,35, e a primeira faixa TM é aberta em f = 0,5. No caso de
estrutura triangular a faixa TE é aberta em f = 0,11, e cresce com o incremento do
59
raio, até alcançar o máximo em f = 0,73. A abertura da faixa TM não é iniciada para
valores
f abaixo de 0,63. A região da PBG completa 2D é obtida através da
intercessão das faixas
TE e TM, as quais surgem na janela de freqüência u =
0,37...0,56. Geralmente, os limites da faixa são deslocados para freqüências mais
altas, com o aumento do fator f, o que está de acordo com a redução da média da
constante dielétrica (ε
médio
= f. ε
ar
+ (1 – f). ε
sub
).
Observe que a estrutura triangular possui faixa TE mais larga, a qual
adicionalmente é aberta para menores fatores de preenchimento.
Figura 2.16. Configuração das PBGs de estruturas 2D de buracos em uma matriz dielétrica
(ε = 11,4): a) Estrutura quadrada, b) Estrutura triangular [9].
Considerando-se o intervalo TE de primeira ordem de uma estrutura triangular de
buracos de ar em um dielétrico notamos, que a largura e posição do intervalo estão
relacionadas com o contraste dielétrico entre o substrato e os buracos de ar = 1).
Com o decréscimo desse contraste a largura do intervalo diminui, e a sua posição se
desloca para energias mais altas, uma vez que o índice de refração médio diminui,
conforme indicamos na Figura 2.17. Ao contrário do que acontece com PhCs 1D, em
PhCs 2D o intervalo é fechado abruptamente, quando o contraste do índice de
refração cai abaixo de um certo limiar.
60
Figura 2.17. Primeira ordem das PBGs referentes a uma estrutura triangular de buracos de
ar em função de “f”, para diferentes constantes dielétricas do substrato [9].
2.4.5 Alto versus Baixo Contraste de Índice de Refração em Placas PhC
As estruturas de cristais fotônicos 2D podem ser divididas em dois tipos: de alto, e
de baixo contraste do índice de refração.
Para cada um desses dois tipos de estruturas PhC existem vantagens e
desvantagens.
2.4.5.1 Alto Contraste do Índice de refração
As membranas suspensas em ar, sílica sobre isolante, ou GaAs sobre
Al
x
O
y
são
exemplos de estruturas de alto contraste de índice de refração, conforme podemos
observar na Figura 2.18. No último caso o alto contraste de índice de refração é obtido
através de oxidação úmida da camada base Al
0:9
Ga
0:1
As, a fim de se obter a camada
de
Al
x
O
y
[12]. O alto contraste de índice de refração entre o núcleo GaAs e ar é Δη
= 2,5, e entre esse mesmo núcleo e o revestimento de
Al
x
O
y
é
Δη ≈ 2
. No caso de
silica sobre isolante
Δη entre o isolante e o cleo de Si, bem como entre o
substrato de SiO
2
é igual a
2.
Figura 2.18. Duas possíveis implementações de PhC 2D com alto contraste de índice de
refração.
61
Na Figura 2.18 (a) mostramos uma membrana de Al
0,1
Ga
0,9
com 270nm de
espessura suspensa em ar [13]). Na Figura 2.18(b) mostramos uma placa de cristal
fotônico com buracos de 0,5μm de profundidade, gravados parcialmente dentro da
camada de Al
x
O
y
, a qual atua como revestimento de baixo índice de refração (n ≈ 1,5)
[12].
NOTA: O tamanho da PBG pode ser medido através da relação entre o valor da
freqüência central da PBG e a largura total dessa PBG (”gap-midgap ratio”).
2.4.5.2 Baixo Contraste do Índice de Refração
Em uma estrutura periódica triangular de buracos gravados na estrutura vertical da
placa PhC, o cristal fonico opera como uma grade de difração 2D de primeira ordem,
ou seja, o período fica em torno da metade do comprimento de onda do modo no meio
da PBG.
A vantagem do efeito do baixo contraste de índice de refração é que suas
propriedades de dispersão são muito semelhantes ao 2D ideal, o que não acontece
com estruturas com alto contraste de índice de refração, nas quais as energias dos
modos são consideravelmente deslocadas para a região azul [14].
O todo do índice de refração efetivo no qual a estrutura vertical da placa PhC é
levada em conta simplesmente por meio do índice de refrão efetivo relativo ao primeiro
modo guiado da placa, tamm é válido o caso das placas PhC com baixo contraste de
índice de refração, quando consideramos que a luz é monomodo dentro da região de
interesse
[15].
2.4.5.3 O Problema da Linha de Luz em Placas PhC
A linha de luz é um conceito muito importante, quando se considera a influência da
terceira dimensão no caso de PhCs 2D, com uma geometria vertical da placa. Trata-
se da reformulação da condição para reflexão interna em termos da conservão do
vetor de onda. A lei de Snell-Descartes afirma que a componente paralela do vetor de
onda é conservada na interface:
β
1
= β
2
k
0
n
1
senθ
1
=k
2
n
2
senθ
2
senθ
1
senθ
2
=
n
2
n
1
. (2.18)
O ângulo crítico é dado pela condição θ
2
= π/2. Eno,
62
β
1
=k
0
n
2
sen
π
2
=
w
c
n
2
w β
1
=
1
n
2
, (2.19)
onde β
1
é o vetor de onda dentro do núcleo, paralelo à interface, n
2
é o índice de
refração do revestimento e ω(β
1
) identifica a linha de luz.
Para simplificar, consideremos a relação de dispersão de uma placa guia de onda
com índice de refração n
1
envolvido em um meio com índice de refração n
2
< n
1
. O
diagrama de dispersão é dividido em três distintas regiões, conforme se pode
observar na Figura 2.19. (I) Na região abaixo da linha de luz do núcleo não pode
existir nenhum modo. (II) Entre a linha de luz do núcleo e a linha de luz do
revestimento estão os modos verdadeiramente guiados. Esses modos possuem
perda de propagação muito baixa e os seus perfis de campo decaem de forma
exponencial dentro do revestimento. (III) A região acima da linha de luz do
revestimento (cone de luz) suporta a continuidade dos modos irradiados.
No caso de guias de onda em placas PhC, os modos guiados são modos guiados
de Bloch, e o espectro de irradiação contêm ressonâncias modos vazados, os quais
o caracterizados atras da curva de Lorentzian, com um valor dio que define a
energia da faixa, e com uma largura proporcional à perda óptica [14]. Esses modos
quase guiados (“quasi-guided modes”) possuem perfil ondulatório dentro do
revestimento.
Figura 2.19. a) Representação esquemática da lei de Snell-Descartes, b) Dispersão de
modos guiados TE em uma placa dielétrica [9].
O conceito de linha de luz é equivalente à condição para reflexão interna total
expressa em termos de conservação de k
||
.
Tratando-se de guias de onda simétricos verticais os verdadeiros modos guiados
estão situados abaixo da linha de luz do revestimento. No caso de guias de onda
assimétricos existem duas linhas de luz: uma para o revestimento superior (por
exemplo, ar), e outra para o revestimento inferior (por exemplo, substrato). Então,
63
existem modos verdadeiramente guiados, modos que vazam para o substrato e
modos que vazam para o substrato e para o ar.
Até agora nós consideramos modos numa estrutura de placa não modelada,
porém os mesmos princípios se aplicam ao confinamento vertical de modos em
estruturas de placa de PhC 2D.
No caso de PhCs 2D a linha de luz é definida por
w
k
=
kc
n
, onde k = (k
x
, k
y
)
está definido ao longo das principais direções de simetria, conforme mostramos na
Figura 2.20.
Figura 2.20. Relação de dispersão de uma estrutura triangular (Polarização TE).
Conforme detalhamos na Figura 2.20, na região I não podem existir modos. A
região II contêm os modos realmente guiados no volume do corpo PhC, e a região III
representa a região de irradiação dos modos vazados.
Em relação ao problema da linha de luz as estruturas de alto contraste de índice
de refração são favorecidas. Nessas estruturas podem ser embutidos guias de ondas
lineares (W
n
), os quais se constituem de n linhas de defeito ao longo de
ΓK
. Esses
guias de ondas suportam apenas modos de Bloch sem perda óptica, propagando-se
abaixo da linha de luz [16]. Entretanto, o modo de Bloch somente não apresenta
perdas, quando existe simetria de translação. Uma razão para a quebra de simetria
pode ser uma cavidade, ou uma curva, os quais são elementos, que constantemente
estão embutidos nos circuitos integrados fotônicos. Nesse caso, mesmo as
estruturas que apresentam grande confinamento nos guias de onda, também exibem
perdas ópticas. Lembramos que as estruturas com alto contraste de índice de
64
refração são mais sensíveis a imperfeições de fabricação, como, por exemplo,
aspereza.
2.5 Fabricação de Cristais Fotônicos
2.5.1 Visão Geral
Os avanços na fabricação, caracterização, e modelação de cristais fotônicos
proporcionaram a obtenção de várias estruturas de cristal fotônico. Cristais fotônicos
2D, normalmente, são fabricados com litografia de fluxo de elétrons de alta
resolução [17], através da qual, de modo geral, agrupamentos de buracos são
gravados em placas de semicondutores , de acordo com o que está apesenado na
Figura 2.21.
Figura 2.21. Cristal Fotônico Bi-dimensional [17].
Outro tipo de cristal fotônico é a “Holey Fibre”, a qual se consiste de um
agrupamento de fibras ópticas, conforme está indicado na Figura 2.22 [18].
Figura 2.22. “Holey Fibre” [18].
A luz pode ser guiada através do buraco extra localizado no centro da fibra óptica.
65
Entretanto, os cristais fotônicos 2D possuem PBG apenas no plano de
periodicidade. Para a obtenção de PBG total em todas as direções é necessário PhC
3D, os quais apresentam maiores dificuldades de fabricação.
Yablonovitch demonstrou experimentalmente a existência de uma PBG em
freqüências na faixa de microondas, usando uma estrutura inversa do diamante em
material cerâmico, conforme ilustrado na Figura 2.23.
Figura 2.23. Estrutura de Yablonovite elaborada através da perfuração de buracos em um
material cerâmico [19].
Entretanto, a estrutura acima, denominada “Estrutura de Yablonovite” não pode
ser utilizada em comprimentos de onda ópticos. Uma outra geometria, denominada
estrutura pilha de madeira (“woodpile structure”), utiliza a bem desenvolvida
tecnologia de crescimento de semicondutor permitindo a obtenção de uma PBG em
torno do comprimento de onda 1,55μm, conforme está detalhado na Figura 2.24.
66
Figura 2.24. Cristal Fotônico com estrutura “woodpile” [19].
No ano 2000, John et al. apresentou uma estrutura obtida através de auto-
montagem de esferas de opala, de acordo com o que está apresentado na Figura
2.25, e mostrou que uma estrutura de silício cúbica inversa com face centrada,
proporciona uma PBG completa em torno de 1,55μm [46].
Figura 2.25. Cristal Fotônico com estrutura do tipo opala inversa [19].
Existem técnicas que combinam o método “top-down” de litografia com o método
“bottom-up” de auto-montagem, para melhorar a ordenação de partículas coloidais
em estruturas de cristais fotônicos [20, 21].
Recentemente, Toader and John apresentaram uma estrutura em espiral
quadrada tetragonal, conforme está mostrado na Figura 2.26, a qual apresenta uma
larga PBG em torno de 1,55μm [22].
67
Figura 2.26. Cristal Fotônico com estrutura em espiral quadrada tetragonal [22].
A estrutura apresentada na Figura 2.26 foi fabricada utilizando-se o método
“Glancing Angle Deposition (GLAD)” [23].
Os cristais fotônicos podem ser construídos com precisão nanométrica, através
de um bombardeamento com raios-X, os quais atravessam uma máscara de ouro
com uma série de buracos, removendo assim, porções de um polímero colado por
baixo da máscara. A seguir, deposita-se vidro para preencher os buracos da
máscara de ouro e o polímero que resta é destruído com calor. Deposita-se então
silício nas regiões vazias do vidro. Finalmente, o vidro é removido com a utilização
de produtos químicos apropriados, deixando como resultado uma rede de cristais
puros de silício.
2.5.2 Fabricação de Cristais Fotônicos 3D
Enquanto no domínio do PhCs 2D as pesquisas são dedicadas principalmente à
estruturas triangulares e quadradas, as estruturas PhCs 3D estão sendo estudadas
através de novos projetos e concepções. Existem inúmeras tecnologias de
fabricação relativas aos PhCs 3D. Hoje em dia acontece uma grande procura por
68
estruturas otimizadas de PhCs, ou seja, por estruturas com maiores PBGs para cada
direção e tipos de polarização. O protótipo de materiais mais utilizada no momento
para PhCs 3D é a estrutura do diamante, a qual é baseada em uma estrutura cúbica
de face centrada (fcc), com dois átomos por célula unitária (primitiva). Esta estrutura
proporciona uma zona de Brillouin quase esférica, a qual é importante para omni-
direcionalidade da PBG. As ligações do diamante possibilitam que os campos
referentes às faixas mais baixas fiquem concentrados na estrutura do dielétrico. A
primeira estrutura de intervalo de faixas 3D foi proposta por K.M. Ho et al [24]. Tal
estrutura se consiste em esferas de Si sobrepostas em uma estrutura de diamante.
Observando-se a Figura 2.27 podemos afirmar, que a PBG existe para contraste de
índices de refração mais baixos que 2. Por outro lado, as esferas sólidas
organizadas dentro de uma estrutura fcc, não possuem PBG.
Figura 2.27. Relação PBG/Freqüência media da PBG (Δω/ωg) da estrutura de diamante,
em função do contraste do índice de refração.
A linha pontilhada apresentada na Figura 2.27 refere-se ao caso de esferas de ar
em dielétrico com f = 0,81, e as linhas sólidas se referem ao caso de esferas
dielétricas em ar, com f = 0,34 [24]).
Diferentemente do que ocorre no PhC 1D, existe um limiar de contraste de índice
de refração para a abertura de uma PBG completa na estrutura do diamante. A
estrutura 3D “Yablonovite”, com simetria igual a do diamante, foi proposta por E.
Yablonovitch [25], e fabricada primeiramente para a região de microondas. Essa
fabricação se consiste na perfuração de buracos formando uma estrutura triangular
69
composta de três diferentes ângulos azimutais (separados de 120 graus) em uma
inclinação de 35 graus em relação à vertical, conforme está apresentada na Figura
2.28(a).
Figura 2.28. Uma das primeiras estruturas PhC 3D do tipo “Yablonovite” com PBG total
[26].
Na parte (a) da Figura 2.28 está apresentada a perfuração dos buracos no
substrato, com três diferentes ângulos, proporcionando um estrutura 3D fcc
periódica. Na parte (b) dessa figura, está indicada a realização prática de uma
estrutura “Yablonovite” para regime óptico, a qual é obtida através da perfuração de
buracos através de fluxo de íons em silício mocroporoso.
E. Yablonovitch fabricou diversos tipos dessas estruturas na “Bell
Communications Research” em New Jersey, através da perfuração de diferentes
materiais dielétricos. Dez anos após foi obtida a estrutura “Yablonovite” produzida
em silica macroporosa para a região visível da luz, através da combinação de
química foto-elétrica (para os poros verticais) e gravura através de fluxo concentrado
de íons, conforme está mostrado na Figura 2.28(b).
Outra das primeiras estruturas obtidas foi a estrutura “Woodpile”, a qual possui
uma simetria fcc. A fabricação dessas estruturas para a faixa do infra-vermelho é
baseada na tecnologia microeletrônica relativa padrão, a qual se apóia em um
processo de empilhamento de cinco níveis, baseado na repetitiva deposição, e
gravura de múltiplos filmes dielétricos, conforme indicado (Figura 2.29(a)) [27].
70
Figura 2.29. Estrutura “Woodpile” com PBG total, operando na região de comprimentos de
onda infra-vermelha [26 - 29].
Na Figura 2.29(a) a estrutura “Woodpile” foi fabricada através de litografia UV em
silício [27]. Na Figura 2.29(b) mostramos a mesma estrutura, a qual foi fabricada
através de fusão da placa e processo de remoção do substrato [28]. Na parte(c) a
estrutura “Woodpile” foi fabricada através do processo de polimerização dois fótons
[29].
A estrutura “Woodpile” é bom exemplo para se mostrar como uma mesma
estrutura pode ser obtida através de diferentes técnicas de fabricação. S. Noda
propôs a fusão de placas de GaAs, ou InP, de acordo com o que está apresentado
na Figura 2.29(b). O substrato da placa superior é removido através de uma
combinação de processo químico, e de gravura a seco [28].
Outro processo de fabricação é baseado na absorção dois fótons, o qual se apóia
no fato de que a probabilidade de absorção “dois fótons” depende de forma
quadrática da intensidade, acarretando sob determinadas condições, que a
absorção fica localizada no foco, para um volume da ordem de λ
3
[30]. Para limitar a
potência do LASER, essa aplicação requer combinações que exibam uma grande
absorção “dois fotons”. Na Figura 2.29(c) mostramos uma estrutura “Woodpile”
obtida dessa maneira.
Uma interessante estrutura 3D com grande PBG foi proposta por S. G. Johnson et
al. [31], a qual se consiste de uma seqüência de idênticas camadas planares com
determinada impressão horizontal, a qual se repete a cada terceira camada,
formando um estrutura fcc, conforme está mostrado na Figura 2.30.
Figura 2.30. a) Estrutura tri-dimensional idêntica à do diamante (hastes ligações),
proposta por S. G. Johnson et al. (MIT) [31]. b) Realização de acordo com M. Qi e H. Smith
(MIT)
71
A vantagem dessa estrutura é que a mesma forma uma ponte entre o mundo 2D
e o mundo 3D. As camadas podem ser imaginadas como um emplilhamento
alternativo de duas geometrias de placas de PhCs 2D típicos: hastes dielétricas em
ar, e buracos de ar em uma matriz dielétrica.
Uma classe completamente diferente de PhCs 3D é a estrutura constituída por
opalas, e opalas inversas, conforme detalhamos na Figura 2.31. Essas estruturas
podem ser fabricadas de forma mais fácil através de técnicas de montagem, as
quais são apropriadas para produção em massa, e são muito mais baratas do que
os métodos baseados em litografia. Além disso, podem proporcionar grandes áreas
de PhCs regulares.
Figura 2.31. Chip desenvolvido por meio de opalas invertidas através de auto-montagem
[32, 33].
Conforme está detalhado na Figura 2.31(a), as esferas de sílica (SiO
2
) são
forçadas a se organizarem dentro de um arranjo ordenado, em uma superfície como
uma lente ao caírem, através da evaporação do solvente. Uma temperatura gradual
é aplicada possibilitando um fluxo de condução de calor das partículas, a fim de
minimizar as sedimentações indesejadas [32]. Na Figura 2.31(b) podemos observar
finos padrões de opalas planas, montadas sobre uma pastilha de Si, os quais foram
obtidos a partir de esferas com diâmetros de 855nm [33]). Na Figura 2.31(c)
podemos constatar que, primeiramente, a estrutura de opala é infiltrada com sílica e
então as esferas de sílica são removidas através de gravura úmida, cedendo uma
opala invertida unida ao “chip” de silício [33].
A primeira auto-montagem de opalas foi obtida através da sedimentação de
micro-esferas de sílica (SiO
2
) em solução dentro de uma estrutura fcc fechada,
somente através da gravidade, o que resultou em uma estrutura com um
considerável mero de falhas de empacotamento. Essa limitação foi superada por
72
A. Vlasov et al. [33]. O cristal é auto-montado na lente entre o substrato vertical e
uma suspensão coloidal. A temperatura gradual aplicada proporciona fluxo de
partículas e evita a sedimentação, antes da evaporação do solvente.
Uma estrutura com esferas sólidas em uma estrutura fcc não possui uma PBG,
mas a estrutura invertida sim. A inversão é obtida através de infiltração de silício nas
partes vazias entre as esferas. As esferas de silício são então removidas através de
gravura úmida, o que provoca a estrutura opala invertida.
Abaixo discriminamos outros métodos de fabricação:
Litografia de interferência de raio X
Empilhamento através de micro-manipulação
Litografia holográfica
Litografia holográfica dois fótons
“Block copolymers”
“Glancing angle deposition”
Auto-clonagem
73
3 CARACTERIZAÇÃO ÓPTICA DOS PhCs
3.1 Tecnologia “Fonte de Luz Interna” (Internal Light Source” -
(ILS))
3.1.1 Princípio Experimental
A técnica “Internal Light Source (ILS)” foi empregada com êxito nos estudos de
estruturas de guias de ondas gravadas em PhCs “quasi-2D” de GaAs, [34]. Essa
cnica é uma poderosa ferramenta para o entendimento de algumas propriedades
fundamentais dos PhCs, bem como para a medição de Reflexões (R), Transmissão
(T), e Difração (D). Por outro lado a técnica ILS também proporciona a caracterização
das estruturas das cavidades Fabry-Perot [35], cavidades hexagonais 2D [34], e guias
de onda [36]. A faixa de aplicações da técnica ILS foi expandida desde sistemas com
GaAs até InP [37, 38, 39].
A técnica ILS é baseada em uma fonte óptica interna (bombeamento LASER), a
qual é posicionada de tal forma, que a luz se propaga através do PhC, sendo depois
coletada, após atravessar a distância entre essa fonte e a extremidade da placa PhC
(d
e
). A fonte é, então, deslocada para uma outra região, situada antes da região
padronizada (estrutura periódica) à uma distância igual à da fonte até a extremidade da
placa PhC (d
e
), e o sinal coletado é usado como referência para a normalização do
sinal primário, conforme está mostrado na Figura 3.1.
74
Figura 3.1. Configuração experimental para medições de transmissão em PhCs [34].
Com relação ao que esapresentado na Figura 3.1, as distâncias entre a estrutura
periódica e a extremidade do PhC, ou seja, e a faceta lateral do PhC (d
f
), e entre a
fonte óptica e a referida extremidade (d
e
) o mantidas constantes. A referência I
0
) é
obtida através de uma região sem estrutura periódica, enquanto o espectro I
1
) é
coletado através de estruturas periódicas com diferentes períodos.
3.1.2 Normalização das Medições de Transmissão
O sinal de referência e o sinal relativo ao PhC são medidos de forma que a distância
entre os pontos de excitação e face clivada é mantida constante. Levando-se em
considerão que a emissão de luz (Fotoluminescência - PL) permanece homogênea,
a normalização das medões de transmissão através das estruturas em teste é obtida
pela razão ( I
0
)/ I
1
), a qual fornece o espectro absoluto de transmissão.
3.1.3 Sintonia Litográfica
Devido à limitada largura da faixa espectral do sinal de prova (Δλ ≈ 100nm para InP
e Δλ 150nm para GaAs), eno, é aplicado o denominado método “Lithographic
Tuning [34], conforme está detalhado na figura 3.1. Portanto, usa-se um LASER
sintonizável para manter constante o comprimento de onda e a propriedade de escala
do PhC [6]. PhCs com diferentes valores de peodos (a), e de fatores de
preenchimento (“f”) são testados, e o PhC como um todo é explorado em fuão da
75
freqüência reduzida u = a/λ, ou seja, o espectro correspondente a diferentes períodos
o considerados conjuntamente. Por exemplo, para o caso de GaAs o requeridos
nove diferentes períodos, para se obter de forma precisa a PBG, e as duas faixas
laterais.
3.1.4 Coleta de Sinais
3.1.4.1 Os Três Sinais
Na Figura 3.2(a) está apresentada a configuração geral para experimentos ILS. O
bombeamento LASER é introduzido verticalmente na estrutura heterogênea e excita
internamente a camada de emissão ativa de fotoluminescência (PL), constituindo
uma fonte de luz interna. Essa camada ativa é constituída por dois poços quânticos
(“quantum wells - QWs)”, no caso do InP, e por três pontos quânticos (“quantum dot”
- QD) no caso do GaAs, sendo embutidas na camada do núcleo da estrutura PhC,
para possibilitar a caracterização dessa estrutura [40]. Uma descrição detalhada de
diferentes fontes ativas e suas propriedades serão apresentadas na seção 3.1.5. A
técnica ILS proporciona resolução espacial (limitada pela dimensão da fonte de luz
= 2,5μm) para o posicionamento da fonte óptica no PhC. Parte da luz se propaga
paralelamente à superfície como modo guiado, e interage com a estrutura do PhC.
Então, o modo guiado que sai do PhC através da faceta clivada é introduzido em
uma fibra óptica multimodo = 100μm) para análise espectral. Devido às refrações
ocorridas nos limites das camadas, surgem três diferentes fluxos de sinais, ópticos,
os quais saem do PhC através da faceta clivada após a propagação através do ar,
substrato, e dentro do guia, respectivamente, conforme está mostrado na Figura
3.2(a). O sinal no ar surge como a metade de um círculo acima da faceta, com raio
d.AN, sendo AN a Abertura Numérica. O sinal no substrato surge no lado oposto
como a metade de um círculo com raio (d/n).AN. O sinal guiado surge como uma
elipse.
76
Figura 3.2. Esquema dotodo ILS [9].
Na Figura 3.2(a) podemos observar a configuração geral da experiência para
todo ILS. A emiso fotoluminescente (PL) é excitada dentro da rego ativa
embutida na placa da estrutura guia de onda do PhC, sendo guiada no sentido para
frente através da estrutura do PhC. Estão esboçados os três fluxos ópticos que saem
através da faceta clivada após a propagação através do ar, do substrato, e do cleo.
Na Figura 3.2 (b) está mostrada a imagem típica dos sinais coletados na faceta clivada.
O rculo branco (Φ = 4μm) representa a imagem conjugada da fibra óptica coletora
[40].
O sinal guiado é coletado através de um objeto coletor localizado na faceta. A luz
coletada é então separada através de um divisor (“splitter”) e direcionada parcialmente
para uma câmera e parcialmente acoplada a uma fibra óptica. Este procedimento
permite a obteão da análise espectral dos diferentes sinais laterais.
Através da Figura 3.2(b) podemos visualizar uma imagem pica obtida, quando o
coletor óptico é focalizado na faceta. O fluxo guiado surge como uma linha brilhante,
enquanto o rculo branco (Φ = 4μm) representa a imagem conjugada da fibra óptica
coletora. A contribuição guiada pode ser selecionada, alinhando-se o círculo com a
linha brilhante.
3.1.4.2 Posição da Fonte Virtual
A refração do sinal nas facetas cria uma fonte virtual dentro do semicondutor, de
onde parte o fluxo óptico. A posição dessa fonte virtual pode ser calculada através da
77
lei de Snell/Descartes, a qual no limite para pequenos ângulos pode ser simplificada
por tgθ = n.t
i
. Por outro lado, tgθ
i
= s/d
0
, e tgθ = s/d
v
, conforme detalhado na Figura
3.3. D conclui-se que d
v
= d
0
/n.
Figura 3.3. Obtenção da posição da fonte virtual [9].
3.1.4.3 Distância de Excitação
Quando a fonte é colocada em uma parte não estruturada (sem periodicidade do
índice de refração) da placa, o modo guiado se propaga de forma radial em todas as
direções. Devido ao alto índice de refração do semicondutor, apenas a luz que incide
na faceta com um ângulo abaixo do ângulo crítico (θ
c
= 18º para InP, e 17, para
GaAs) pode sair pela faceta. Uma grande parte dessa luz sai da faceta com ângulos
muito grandes, e não pode penetrar no cone coletor = 30º). O ângulo limite θ
l
(Vide
Figura 3.4) define o cone de luz dentro do semicondutor que consegue sair através da
faceta com ângulo θ, sendo obtido através do índice de refração referente ao modo
guiado, e da abertura numérica (NA = 0,5) relativa ao coletor, conforme mostrado na
Figura 3.4. O valor de θ
l
é 8,9º para InP e 8,para GaAs.n
Existem dois regimes: (a) quando a fonte é colocada longe da faceta, conforme
mostrado na Figura 3.4(a), e (b) quando a fonte é colocada próximo da faceta, e aordo
com o que está detalhado na Figura 3.4(b). No regime (b) a quantidade total de luz
dentro do ângulo θ
l
é coletada pelo objeto coletor. No regime (a) o ângulo de coleção é
limitado pela dimensão da imagem conjugada da fibra coletora (D = 4μm), a qual
contribui para o melhoramento da seletividade angular da medição. Portanto, é
preferível se trabalhar no regime (a), onde a resolução angular é limitada através de
78
“D”, e o ângulo efetivo interno de seleção é dado por
θ
s
=arctg
D
d
0
, o qual é
menor que θ
l,
conforme apresentado na /0-1-
A disncia d
limite
que estabelece a transição entre os dois regime é obtido da
seguinte forma:
θ
l
2θ
s
34

2 θ
l
5

234θ
l
0-6!
Assumindo-se a fonte como pontual d
limite
é igual a 13μm tanto para InP, quanto para
GaAs. Para um ponto qualquer a seletividade angular é dada pelo ângulo de seleção θ
s
= D/2d. Entretanto, para posições da fonte próximas à faceta, é necessário se levar em
considerão a extensão da fonte = 4μm). Se a fonte possuir diâmetro S = 2μm a
resolução angular é θs = (D + S)/2 θl. [31], e d
limite
= 22 μm.
Figura 3.4. Medição de um espectro de referência [9].
A PL é emitida a uma disncia d
0
até a faceta, sendo coletada através de um objeto
coletor com um ângulo coletor θ = 3 e injetado em um fibra óptica com imagem
conjugada de diâmetro D. Existem dois regimes: fonte colocada longe da faceta, de
acordo com a Figura 3.4(a) e fonte colocada próxima à faceta, conforme apresentado
na Figura 3.4(b).
A seletividade angular é importante para medições de amostras de PhCs, onde as
propriedades ópticas dependem dos ângulos de incidência da luz referentes ao eixo
79
de simetria do PhC. Podemos afirmar que se a disncia de excitação d
0
é maior que
d
limite
, o “crosstalk” entre os três sinais é desprezível, e a análise seletiva da luz guiada
pode ser elaborada levando-se em consideração o sinal de borda [41].
3.1.5 Estrutura da Amostra
3.1.5.1 Estrutura Vertical do Guia de Onda
Conforme acima detalhado a luz utilizada para medições é a luz guiada através de
uma estrutura vertical heterogênea. Os perfis verticais das estruturas, tanto para InP,
quanto para GaAs, inclusive onde os modos são guiados, estão mostrados nas Figuras
3.5(a) e 3.5(b), respectivamente.
Figura 3.5. a) Estrutura vertical da amostra de InP contendo 2 QWs (Poços quânticos). b)
Estrutura vertical da amostra de GaAs contendo 3 camadas QD (Pontos quânticos). c) Perfil
do modo guiado para o caso InP. d) Perfil do modo guiado para o caso GaAs [40].
No caso InP o modo guiado é monomodo na polarização TE, com n
eff
= 3,24. No
caso GaAs existem dois modos guiados TE, com
neff
= 3,36, e 3,13.
A estrutura vertical no caso InP, com índice refração n
eff
= 3,24, suporta um único
modo. Este é o caso de uma estrutura de InP, a qual suporta um modo TE com n
eff
=
3,24. O valor máximo da intensidade do campo |E(z)|
2
é ligeiramente deslocado do
centro da camada do cleo, e decai de forma exponencial nas camadas de
80
revestimento, de acordo com a Figura 3.5 (a). O deslocamento entre o pico do perfil e a
localização dos QWs reduz levemente a reabsorção QW no modo propagante. Devido
à dispersão material n
eff
é uma função de λ, e para uma emissão de um espectro PL
centrado em 1500nm, a dispersão efetiva do índice de refração dos modos guiados é
n
λ
=2,5. 10
4
nm. Eno, tendo em vista que uma única medão ILS consegue medir
um intervalo espectral de Δλ = 100nm, e que
Δn=Δλ .
n
λ
, o encontrados os
valores corrigidos de n
eff
para a faixa de 3,23 a 3,255.
No caso da estrutura vertical de GaAs que suporta dois modos TE (Figura 3.5(b)),
os índices de reflexão efetivos do modo “even” (1) e do modo “odd” (2) são n
eff
= 3,36,
e 3,15, respectivamente. Como no caso anterior n
eff
é uma função de λ. Considerando-
se uma emissão de espectro centrada em 1050nm temos que a dispersão efetiva do
índice de refração é
n
λ
=5 . 10
4
nm. O modo 2 possui o seu campo concentrado
principalmente na região de revestimento superior, e podemos assumir que o mesmo
se propaga mais através do ar, portanto sofre mais perda óptica que o modo 1.
Conforme um cálculo de matriz de transferência [69,70], o comprimento de extinção do
modo de revestimento (modo 2) é da ordem 40μm, enquanto o modo 1 possui o
comprimento de extinção de 725μm, conforme mostramos na Tabela 3.1.
Tabela 3.1. Modos verticais na estrutura heteronea de GaAs. O comprimento de extinção
inclui o tunelamento no ar, e a absorção no núcleo com centro do espectro em 1050nm.
Modo Simetria n
eff
Comprimento de extinção
(μm)
1 “even” 3,36 725
2 “odd” 3,13 42
O índice de refração efetivo pode ser substituído por um ângulo interno de reflexão θ
através da relação n
eff
= n
nuc
.senθ, obtendo-se θ = 73,5º, para o modo 1 e 63,6º para o
modo 2. Os ângulos θ e α estão mostrados na figura 3.6. Apenas o modo 1, com
ângulo α igual a 16,5º, incide sobre a faceta com um ângulo abaixo do ângulo crítico
c
= 16,), sendo então o único que pode sair da estrutura, conforme ilustrado na
Figura 3.6.
81
Figura 3.6. Diagrama de propagação do modo 1 saindo da faceta.
3.5.1.2 Fonte de Luz Embutida
Amostra de InP: Na Figura 3.7(a) está mostrado os espectros típicos de emissão
fotoluminescente (PL) com polarização TE guiada em amostra de InP, à temperatura
ambiente com fonte de excitação distanciada de 70μm em relação à faceta clivada
(linha sólida escura). Essa estrutura foi projetada para dois comprimentos de onda
nos dois QWs centrados em λ
1
= 1565nm, e λ
2
= 1465nm.
A característica evidenciada em λ
GAP
= 1220nm é atribuída ao intervalo de emissão
do Ga
0,24
In
0,76
As
0,52
P
0,48
. O espectro PL guiado é fortemente modificado com relação
ao PL frontal, devido à reabsorção QW. Podemos observar uma acentuada inclinação
em λ = 1475nm devido à reabsorção, a qual acontece principalmente por causa da
recombinão eletrons/lacunas com a polarização TE em QW1 e QW2 [62]. A
convolução dos picos QW1 e QW2 PL proporcionam um sinal guiado com espectro
global Δλ 100nm. O valor para a PL lateral pode ser incrementada atras da
execução de medições com altas potências de bombeamento (≈ 340 kWcm
-2
). Esse
limite intrínsico pode ser superado substituindo-se os QWs por QDs, como no caso das
estruturas baseadas em GaAs [34].
Figura 3.7. a) Sinal de fotoluminescência (PL) TE. b) Perdas modais (TE) do guia de onda
InP/GaInAsP tipo degrau [9].
82
Através da Figura 3.7(a) vemos que o sinal de fotoluminescência (PL) TE guiada
pica na estrutura InP heterogênea (curva escura) é coletado colocando-se a fonte de
excitação em uma região da amostra sem estrutura periódica à uma distância d =
70μm da faceta clivada. As setas indicam as contribuões de QW1 e QW2 das duas
QWs GaInAsP, bem como a grande absorção dos menores comprimentos de onda
devido à reabsorção QW dentro do guia. Observe a baixa intensidade da emissão PL
em λ
GAP
= 1,18μm do núcleo quaternário de GaInAsP do guia. Para comparação, a
emissão PL frontal está mostrada através da curva com coloração cinza. Podemos
observar através da Figura 3.7, que as perdas modais (TE) do guia de onda
InP/GaInAsP tipo degrau. As setas indicam a emissão de comprimento de onda de
QW1 e QW2.
O coeficiente de absorção plotado na figura Fig. 3.7(b) foi obtido através da medição
do sinal guiado I
0
, d), para diferentes valores de “d” entre 50 e 100μm, utilizando-se a
rmula de Lambert-Beer modificada, a fim de se levar em consideração a variação do
ângulo de coleta em função de “d” [41]:
0-4!
“A é uma constante, I
0
(λ) é a intensidade emitida no ponto de excitação, e T
air
é o
coeficiente de transmissão na interface com o ar. A curva de extinção apresenta dois
degraus correspondentes à absorção devido aos QW1 e QW2. As duas setas indicam
a emissão nominal dos comprimentos de onda de QW1 e QW2.
Amostra de GaAs: Através da Figura 3.8(a) apresentamos a PL frontal de uma
amostra de GaAs contena do três camadas de QDs. A largura espectral da emissão
frontal é de 112nm. O pequeno pico em torno de 923nm corresponde à camada com
alto conteúdo de InAs. A PL lateral não está polarizada, porém devido ao diferente
acoplamento referentes aos modos TE e TM, o sinal TE guiado medido na faceta é
mais que duas vezes maior que sinal TM [31], o que está de acordo com a exploração
da PBG dos nossos PhCs. O sinal PL TE guiado possui uma banda relativamente
plana centrada em torno de λ = 1050nm e com largura Δλ= 150nm (Vide Figura 3.8(b)).
O sinal lateral guiado é na verdade muito diferente da PL frontal. A energia do sinal no
GaAs é fortemente absorvido para comprimentos de onda menores que 930nm.
83
Figura 3.8. Espectro PL na estrutura heterogênea de GaAs contendo três camadas QDs
auto-organizadas de InAs. a) Emissão PL frontal. b) PL TE guiada. c) Perdas modais
(coeficiente de extinção) [9].
As perdas modais totais devido ao confinamento do modo vertical e da reabsorção
da camada ativa é menor no caso de QDs em GaAS, do que para QWs em InP. Essas
perdas são da ordem de 120
-1
cm para três camadas de QDs (Figura 3.8c), enquanto
que para o caso de dois QWs no InP são da ordem de 200
-1
cm (Figura 3.7(b)).
3.2 Configuração dos Testes
Na Figura 3.9 mostramos o esboço da configuração do teste realizado, o qual
proporciona medições ILS tanto em amostras de PhCs de GaAs (λ = 1μm), quanto
de InP = 1,55μm). Um LASER He-Ne = 633nm) com potência de 17mW é
utilizado para excitar a emissão espontânea dentro da camada ativa. O fluxo LASER
é filtrado espacialmente e expandido, a fim de ser adaptado ao diâmetro da lente do
microscópio focalizado. O microscópio IR possui comprimento focal de 200nm e
abertura numérica de 0,4. O diâmetro da fonte de excitação (Φ = 2,5μm) proporciona
uma densidade máxima de excitação de 340kWcm
-2
. Quando focalizado pelo fluxo
LASER, um espelho “dichroic” em conjunto com uma câmera Si-CCD fornecem
simultaneamente o sinal incidente sobre a superfície frontal da amostra, bem como a
fonte PL excitada. O fluxo de luz que escapa da faceta clivada é coletado através de
lente Cassegrain 36 x acromática, com uma distância de operação de 8,6mm. A
acromaticidade é crucial para a utilização da configuração em duas diferentes faixas
de comprimento de onda de InP e GaAs. A limitada abertura numérica (A.N. = 0,5)
corresponde a um ângulo de coleta interno ao plano θ < 9º, e assegura a
direcionalidade da medição [68]. Um polarizador após a lente microscópica refletora
permite a seleção do componente TE (ou TM) do sinal. Finalmente, um divisor de
fluxo é usado para dividir o sinal coletado em dois fluxos.
84
Figura 3.9. Esquemático da configuração de operação experimental nas janelas de
1,55μm, e 1μm [9].
Um dos fluxos ópticos é encaminhado para a câmera de InxGa1-xAs na região
próxima ao infravermelho, através de uma lente focal longa (f = 40cm), para iluminar
a faceta. O outro fluxo óptico é acoplado em uma fibra óptica multimodo, para
alimentar um espectroscópio de campo plano de 46cm, para análise espectral. O
espectroscópio é equipado com detector de nitrogênio líquido gelado de InxGa1-xAs.
Os filtros “cut-off evitam a passagem de luz do LASER de HeNe (633nm). Os
componentes chaves dessa configuração e suas respectivas performances são:
espectroscópio, detector, camara infra-vermelha, amostra e linhas de detecção.
O espectroscópio possui lente focal de 46cm fabricado por Jobin Yvon.
Dependendo da resolução e da cobertura espectral requerida, pode ser usada ou
uma grade com 150gr/mm em 1200nm, ou uma grade com 900gr/mm em 850nm.
Em 1500nm a resolução do espectroscópio com abertura de fenda de 10μm é de
0,04nm para 150gr/nm, e de 0,05nm para 900gr/nm, respectivamente. Quando
usada com um dispositivo detector CCD, a resolução para as duas grades em
1500nm são 0,7nm/pxl e 0,08nm/pxl, para as respectivas faixas espectrais de
360nm, e 40nm.
O detector é um dispositivo fabricado pela Sensors Unlimited, o qual se consiste
de duas barras entrelaçadas de 256 “pixels”, proporcionando um total de 512 “pixels”
85
em 50 x 500μm. Os “pixels” são obtidos de fotodiodos individuais dispostos em uma
disposição linear com um circuito multiplexador CMOS. O pequeno ganho de
assimetria entre as duas barras entre os “pixels” pares e ímpares acarreta um
problema de entrelaçamento, o qual, entretanto, pode ser corrigido via software.
Esse dispositivo está em contacto com um reservatório de nitrogênio líquido gelado
(T = 77K), proporcionando excelente razão sinal/ruído. Esse detector pode ser
operado ou em modo de auto-sensibilidade (HS mode), ou em modo de alta faixa
dinâmica (HDR mode). No modo HS o ganho é de 75 e
-
/contagem, com um padrão
fixo de ruído de 280 e
-
/s, e leitor de ruído de 640 e
-
rms. No modo HDR a
sensibilidade é de 2000 e
-
/contagem com um padrão fixo de ruído de 390e
-
/s, e um
leitor de ruído de 6100 e
-
/ rms. Como regra geral devemos passar do modo HS
(menor tempo de integração) para o modo HDR, quando o tempo de integração
exceder 80s, a fim de não se saturar o contador.
Figura 3.10. Esquemático focalizando diferentes linhas coletoras fornecidas através da
configuração [9].
A câmera infra-vermelha foi fabricada pela Sensors Unlimited baseada em uma
tecnologia similar ao detector. A área do chip mede 320 x 240 pixels, sendo cada
pixel de 40μm. A eficiência quântica é maior que 75% de 1 a 6 μm.
A amostra opera nas três direções espaciais (x,y,z) e com três rotações (Θ,Ф,ψ).
Os transladores x-y são equipados de micrômetros diferenciais com resolução de
0,07μm.
86
A configuração das linhas de detecção abrange três diferentes linhas de
detecção: frontal, lateral, e traseira, conforme pode ser constatado atravś da Figura
3.10.
3.3 Caracterização das Estruturas de Testes
A amostra a ser caracterizada contêm 4 e 8 filas nas orientações
ΓM
e
ΓK
,
bem como cavidades Fabry-Pérot 1D. Na Figura 3.11 está esboçado um layout
típico de uma estrutura de teste. Essa estrutura permite a avaliação da sua
qualidade e de suas principais parâmetros (posição da PBG, fator de preenchimento
(f), perda óptica).
Figura 3.11. Amostra de teste típica para caracterização básica de PhCs incluindo
cavidades 1D [9].
3.3.1 Placas PhC
A configuração experimental de PhCs para medições de transmissão está
ilustrada na figura 3.1. Essas medições proporcionam a localização da energia da
PBG e sua largura, a transmissão residual dentro da PBG, os níveis de transmissão
das faixas laterais, os quais estão relacionados às perdas fora do plano (Vide seção
3.4). Para se analisar as propriedades ópticas de uma estrutura PhC triangular é
suficiente se medir os coeficientes ópticos nas duas principais direções
cristalográficas
ΓM
e
ΓK
[41].
Na Figura 3.12 mostramos o detalhe da localização da linha de detecção frontal de
uma placa típica de um cristal.
87
Figura 3.12. Imagem de uma placa PhC orientada na direção
ΓM
, consistindo-se de três
blocos de 4, 8, e 10 linhas de buracos de ar, respectivamente. A seta mostra a fonte de
excitação típica (Ф = 4μm) [41].
Na figura 3.13 mostramos o espectro de transmissão através de 4 e 8 linhas em
PhCs baseados em GaAs ao longo das direções
ΓM
e
ΓK
para polarizações TE.
Os “stop-gaps” surgem em ambas as direções do espectro. O todo “Plane Wave
Expansion (PWE)”, o qual está descrito no capítulo IV, foi utilizado para o cálculo
das posições das extremidades das faixas, em função do fator “filling” (“f”), o qual
permite a dedução de “f” a partir do espectro experimental. Observe que devido à
sua simplicidade e precisão, o método PWE possibilita a rápida caracterização do
PhC, de forma que podemos através desse método, determinar o valor efetivo de “f”
considerando-se a posição das extremidades da faixa.
88
Figura 3.13. Espectro de transmissão de um cristal com 4 e 8 filas de buracos orientado
nas direções
ΓM
e
ΓK
[9].
Na figura 3.1 a linha fina preta corresponde aos resultados do método FDTD sem
perda (f = 33%, ε’’ = 0), enquanto a linha ponteada representa os resultados
considerando-se as perdas (ε’’ = 0,08). OBS: O parâmetro de perda “ε’’ será
introduzido na seção 3.4.
A comparação entre o espectro experimental e o calculado através do método 2D
FTDT sem perdas leva-nos à conclusão de que o FTDT 2D não leva em
consideração um importante parâmetro físico. Observe na seção 1.3, que a terceira
dimensão do PhC representa uma importante função nas estruturas PhCs. Devido
ao fato de que os modos guiados em estruturas com baixo contraste de índice de
refração vertical estão situados acima da linha de luz, eles sofrem perdas ópticas e a
transmissão não é compatível com os cálculos puramente 2D considerados sem
perda fora do plano (ε’’ = 0). Geralmente a faixa no ar é mais sensível à perdas que
a faixa no dielétrico, tendo em vista que o campo está na sua maior parte
concentrado nos buracos de ar [34].
89
A discrepância entre a teoria e os experimentos pode ser resolvida através do
modelo ε’’, o qual leva consideração as perdas, através de uma constante dielétrica
complexa ε’’ nos buracos. A seção 3.4 detalha a constante dielétrica ε’’.
As faixas referentes ao direcionamento
ΓK
estão localizadas em energias mais
altas que as faixas referentes ao
ΓM
. Devido ao alto valor de k na fronteira da zona
de Brillouin, a “stopband”
ΓK
está centrada em energia mais alta que na “stopband”
ΓM
, porém ambas possuem larguras similares. Conforme foi demonstrado
através de cálculos em estruturas de faixas puramente 2D [34], quando são
consideradas estruturas triangulares de buracos de ar em uma matriz dielétrica, a
largura da PBG TE aumenta em função de “f”, bem como também aumentam as
larguras das faixas de energia relacionadas ao dielétrico e ao ar (Vide seção 1.3.4).
Surgem interferências fora das “stopgaps” as quais são originadas pelas
interferências entre os modos de Bloch que se propagam dentro do PhC. Os modos
de Bloch são refletidos nas extremidades da placa PhC, ocasionando ondas
estacionárias, como também picos de transmissão similares à Fabry-Pérot. O
espaçamento entre os picos dos comprimentos de onda é função de N
-1
, onde N é
número de linhas [42].
A maior eficiência da difração no plano para
ΓK
em relação a
ΓM
[43] implica
em menores valores de T referentes à faixa do ar para
ΓK
, que para
ΓM
.
Tratando-se de estrutura com oito linhas, tanto para
ΓK
, quanto para
ΓM
, as
transmissões referentes às faixas do dielétrico são muito pequenas, provavelmente
devido à qualidade da fabricação para períodos muito pequenos (a = 195...210nm).
Finalmente, uma transmissão residual de 0,4% é observada dentro da PBG, para 8
linhas. Enquanto a faixa de energia do dielétrico é bastante independente de “f” para
valores menores que 0,5, a faixa de energia de ar se comporta de maneira oposta.
Nesse último caso, tendo em vista que o campo elétrico está localizado em sua
maior parte nos buracos de ar, a energia da faixa cresce rapidamente com “f” [43].
Então, ajustando-se a posição da faixa de energia do ar no espectro experimental,
os valores efetivos de “f” foram deduzidos, os quais estão mostrados na Tabela 3.2.
Essa tabela mostra também os valores de ε’’ (vide seção 3.4) para o método FDTD,
levando-se em consideração os valores de “f”.
90
Tabela 3.2 Visão geral dos resultados (f, ε’) para placas PhCs baseadas em GaAs.
Placas
PhC (8
linhas)
PBG
(u = a/λ)
PWE FDTD
f
PWE
(ar) f
FDTD
(ar) ε (ar)
ΓM
0,18 a 0,28 0,333 0,33 0,08
ΓK
0,21 a 0,29 0,333 0,33 0,08
3.4 Modelo de Perda Óptica Fora do Plano
É necessário se acrescentar as perdas (“L”) aos parâmetros apresentados (“T”)
e (“R”), uma vez que as perdas afetam de forma significativa a performance dos
PhCs. As perdas ópticas podem ser originadas por diferentes fontes, como, por
exemplo, perdas em guias de onda (propriedade dos PhCs “quasi-2D”) e
espalhamento fora do plano (no substrato e no ar). As perdas fora do plano podem
ser decompostas em perdas intrínsicas, e perdas devido às características dos
buracos (profundidade do buraco, forma do buraco, rugosidade da superfície do
buraco), ou seja:
ε" = ε"
intr
+ ε"
hole
. (3.18)
As perdas intrínsicas (ε”
intr
) ocorrem em uma estrutura com buracos infinitamente
profundos. Essas perdas são definidas pela estrutura heterogênea vertical (contraste
do índice de refração entre as camadas de núcleo e de revestimento, e espessura
das camadas) bem como por “f”. De modo superficial as perdas intrínsicas podem
ser atribuídas ao fato de que a luz não é guiada dentro dos buracos, devido a
ausência de confinamento dentro dos buracos (Figura 3.14).
Figura 3.14. Ilustração de forma simplificada das perdas fora do plano, causadas pela
ausência do confinamento vertical nos buracos.
Diminuindo-se o fator de preenchimento (“f”) as perdas intrínsicas diminuem, uma
vez que a porcentagem da parte não guiada da estrutura diminui. Por outro lado, a
largura da PBG também decresce. Um “f” moderado, em torno de 30%, é um valor
91
aceitável para a obtenção de uma suficiente largura da PBG, e perdas ópticas
aceitáveis.
Tanto a profundidade com dimensão finita (vide seção 3.4.2), quanto o formato
não cilíndrico dos buracos (vide seção 3.4.3), devem ser levados em consideração,
em relação às perdas.
Uma imperfeição do PhC pode ser o desvio da circularidade dos formatos
individuais dos buracos, bem como flutuações das origens desses buracos em
relação à estrutura perfeita. É possível a determinação experimental das perdas L =
1 - (T + R + D), medindo-se o conjunto total de parâmetros T, R e D [40], onde T e R
foram acima definidos, e D é difração no plano. Entretanto, esse último
procedimento consome muito tempo, e trata-se de um método muito delicado.
A idéia do modelo ε” é a introdução de uma constante dielétrica imaginária εnos
buracos de ar, a fim de podermos levar em consideração as perdas devido ao
espalhamento. As perdas em estruturas totalmente 3D podem, dessa maneira, ser
levadas em consideração a partir de estruturas simplificadas 2D. Esse procedimento
é muito utilizado quando são necessários a elaboração de cálculos pesados e
complexos de estruturas 3D. Dessa forma, esses cálculos podem ser aproximados
através de cálculos 2D, incluindo o parâmetro de perda ε”.
Tratando-se de cálculos através do método FDTD, ε” é introduzido como um
parâmetro da condutividade, σ(λ) = (c/2 λ) ε” [79].
A perda total pode ser determinada através da plotagem do espectro de
transmissão no PhC via FDTD. A figura 3.15 mostra a dependência do espectro de
transmissão em relação ao parâmetro ε”, para o caso de InP. É importante se
afirmar, que a faixa no ar é mais sensível à perdas, que a faixa no dielétrico, pois
existe maior concentração da energia do campo nos buracos de ar.
92
Figura 3.15. Espectro de transmissão de PhC com 8 linhas
ΓM
, calculado via FDTD, para
diferentes valores de ε” (parâmetros: InP, polarização TE, f = 0,35) [9].
Os cálculos para elaboração da Figura 3.15 foram elaborados através da
ferramenta de M. Qiu, KTH, Suécia.
3.4.1 Perdas Intrínsicas
As perdas intrínsicas representam o limite mínimo possível de perdas ópticas que
pode ser alcançado através de uma perfeita fabricação do PhC. H. Benisty et al.
desenvolveram um modelo para o cálculo das perdas intrínsicas baseado no método
da perturbação.
Consideremos a Equação da onda de um meio não homogêneo sem dispersão
tri-dimensional, com constante dielétrica ε(r):
. (3.19)
Aproximando-se a equação (3.19) para campo escalar temos:
, (3.20)
onde U(r) é um campo escalar. Assumindo-se que a composição dielétrica pode ser
decomposta nas direções horizontal, e vertical (
ε
vh
x , y , z
=ε
h
x , y
ε
v
z
A
), a
Equação da onda resultante pode ser resolvida através do campo separável
U
x , y , z , W
=ψ
x, y
ξ
z
e
jwt
[44]:
93
. (3.21)
Na Equação (3.21)
k
0
=
w
c
e A é uma constante, que será determinada a seguir.
Aplicando-se a identidade
2
ψξ
=
2
ψ
. ξψ
2
ξ
, a Equação (3.21) pode ser
decomposta em duas equações, as quais precisam ser resolvidas simultaneamente:
, (3.22)
. (3.23)
Da Equação (3.23) e sabendo-se que
K
z
2
=K
0
2
ε
v
K
0
n2
eff
, temos que A = (n
eff
)
2
, ou
seja, trata-se do índice efetivo de refração do primeiro modo guiado da estrutura
vertical não padronizada. O PhC 3D descrito por ε
3D
(x,y,z) pode ser decomposto na
denominada configuração ε
v+h
separável, juntamente com uma perturbação
consistindo-se de uma disposição de plugues dielétricos em ar com constante
dielétrica
Δε=ε
2
ε
1
dentro do núcleo, conforme está mostrado na Figura 3.16) [44].
Figura 3.16. Configuração dielétrica 3D real [44].
A configuração dielétrica 3D real ε
3D
(x, y, z) pode ser representada através da
superposição de um guia de onda planar
v
(z)), com um PhC 2D
h
(x,y)), e com
uma perturbação Δ
ε
(x,y,z) [44].
94
A decomposição da configuração separável não é única. O problema se consiste
na obtenção do gráfico dos quatro valores distintos da configuração separável
ε
v
+h(z), relacionando-se com as três constantes dielétricas existentes no PhC
1
2
,1), da configuração não separável 3D ε
3
D(x,y,z) [80], proporcionando um
sistema de equações lineares com três equações e quatro incógnitas:
. (3.24)
O acima exposto está em contraste com o cálculo de ε’’
hole
da próxima seção, que
faz o cálculo de ε’’
intr
, menos confiável do que ε’’
hole
. Observe que a decomposição
correta ainda requer esforços adicionais.
Na primeira aproximação de Born a perturbação Δε(r) leva a uma polarização
periódica espacial
ΔP
r
=ψ
x , y
ξ
z
Δε
r
. Cada plugue dielétrico pode ser
considerado como uma fonte dipolo elétrico radiante, a qual emite luz no ar, no
substrato e no núcleo. Apesar de que o dipolo está embutido em uma complicada
estrutura heterogênea, podemos fazer uma aproximação, considerando-se que essa
fonte emite luz em um meio com índice de refração n
2
=
2
)1/2 [44]. Para a radiação
de uma estrutura periódica de buracos, podemos esperar um espalhamento
coerente de Bragg, de forma que apenas uma parte da emissão total (η) é acoplada
aos modos de radiação. Existem, entretanto, diversos argumentos que justificam a
focalização em apenas um único buraco, ou seja, que se pode desprezar os efeitos
coerentes. No caso de estrutura 2D a luz espalhada é direcionada principalmente no
plano horizontal, e a integral sobre a metade do espaço vertical proporciona valores
constantes, independentemente da quantidade de espalhadores. Por outro lado, a
desordem também ajuda a destruir a coerência. Adicionalmente, quando se leva em
consideração os efeitos finitos originados no cristal, devido a um pequeno número
de linhas, ou da pequena profundidade de penetração, podemos assumir que os
espalhadores individuais emitem de forma incoerente [44]. Caso contrário, temos
que levar em consideração a modificação da emissão isotrópica do dipolo através da
estrutura heterogênea do cristal, levando-se em consideração a utilização da
eficiência de extração de uma conjunto de multi-camadas.
95
A energia dissipada em cada buraco levando-se em consideração o campo
elétrico pode ser analisada através de uma constante dielétrica imaginária ε
int
dada
por [45]:
. (3.25)
Na Equação (3.25) o campo elétrico 3D E
2
(x,y,z) pode ser convenientemente
decomposto em um perfil de campo vertical, e em um perfil de campo lateral de
modo escalar:
, (3.26)
, (3.27)
, (3.28)
assumindo-se E
0
como um campo elétrico unitário V-1m, e mantendo-se os perfis
vertical e horizontal como unidades de densidades unitárias m-1 e m-2,
respectivamente. De acordo com [44, 45], o valor de ε” pode ser assim expresso:
. (3.29)
Na Equação (3.29) w é a espessura do núcleo, η é a eficiência de extração do
dipolo em cada buraco, e
Γ
núcleo
é o fator de confinamento do modo no núcleo.
Então, para baixo contraste de índice de refração, as perdas intrínsicas devidas ao
espalhamento são calculadas em função do quadrado do contraste dielétrico entre o
núcleo e o revestimento. Para altos contrastes do índice de refração esse
relacionamento é quebrado, e as perdas são niveladas [46]. Analisando-se a
Equação (3.29) parece evidente que as perdas podem ser reduzidas através da
redução do contaste do índice de refração. Entretanto, diminuindo-se Δε o
confinamento vertical é reduzido, e o formato do modo se estende para uma maior
parte dentro do revestimento. De acordo com o que será descrito na próxima seção
existe uma relação apropriada entre a redução das perdas intrínsicas e as perdas
devidas à finita profundidade dos buracos. Às vezes é mais conveniente se escrever
Equação (3.29) da seguinte forma:
. (3.30)
96
A Equação (3.30) representa uma lei que nos permite a obtenção de ε’’
int
para
diferentes valores do fator de preenchimento, ou sistema material. Cálculos exatos
3D inspirados na análise de rede de Fourier para estruturas heterogêneas baseadas
em GaAs proporcionam as perdas intrínsicas na faixa 0,024 a 0,048 [47]. Para o
caso de InP, de acordo com a Equação (3.30), obtemos um valor menor (0,01 a 0,02
[81]), devido ao menor contraste do índice de refração vertical Δε.
3.4.2 Perdas Devido à Profundidade Finita dos Buracos
De forma análoga às perdas intrínsicas, a configuração dielétrica 3D não pode ser
decomposta no caso de PhCs com profundidade finita dos buracos. A estrutura do
PhC é considerada como a soma do sistema ideal de buracos com profundidade
infinitamente longa (perdas intrínsicas), com uma perturbação dielétrica no fundo
dos buracos. Essa perturbação se consiste de plugues com constante dielétrica
ε=1ε
1
, que se estendem de z = d, até z = -∞, conforme apresentado na Figura
3.17 [45]. A perturbação, quando considerada até o infinito, não se constitui em um
problema, uma vez que o sistema é dotado de modos guiados com extensão finita
dentro do revestimento.
Figura 3.17. Esquema de PhC com buracos de profundidades finitas [45].
Um PhC com buracos de profundidades finitas pode ser estudado como uma
superposição de um PhC com buracos de profundidades infinitas, com uma
perburbação com constante dielétrica
Δε=1ε
1
, na parte errada do buraco.
Observe o esboço do fator de confinamento parcial
Γd
, ou seja, a sobreposição
entre o quadrado do perfil do campo, com a região errada do buraco de ar (buracos
não infinitos).
Em contraste com o caso das perdas intrínsicas, o dipolo irradia em um meio
heterogêneo com o índice de refração do revestimento. A influência do guia de onda
próximo comparado com modos da radiação do revestimento é desprezada [81]. Isto
97
significa dizer, que toda a potência do dipolo radiante é perdida (não existe eficiência
de extração). A constante dielétrica imaginária contabilizada para buracos com
profundidades finitas com perfeitos formatos cilíndricos é dada por [45]:
.
Na Equação (3.31) (3.31)
(3.32)
é o fator de confinamento parcial, ou seja, é a sobreposição do quadrado do perfil
campo ξ
2
(z), com a região errada da coluna de ar, n
clad
=
1
)
1/2
é o índice de refração
do fundo do buraco de ar na área do revestimento, e Ld é definido como o
comprimento de decaimento exponencial de ξ(z), o qual é dado por:
. (3.33)
Na Figura 3.18 estão apresentadas as plotagens referentes a
Γd
e ε
hole
, para
diferentes sistemas de materiais, dos quais um deles é o sistema Al
x
Ga
1-x
As/GaAs, o
qual é utilizado nesse trabalho (Figura 3.18). A linha pontilhada representa o valor
típico da perda ε = 0,08.
Figura 3.18. a) Fator de confinamento parcial
Γd
plotado para três diferentes casos. b)
Parâmetro de perda ε
hole
[45].
Na Figura 3.18(a) estão plotados o fator de confinamento parcial
Γd
para três
diferentes casos: 1) PhC 2D típico baseado em GaAs/AlO
x
; 2) Estrutura de AlxGa
1-
x
A /GaAs; 3) Estrutura baseada em InP/GaInAsP. Na Figura 3.18(b) estão plotados
98
os parâmetros de perda ε
hole
=
BΓd
estimados em função da profundidade do buraco
d, para três diâmetros de buracos, que correspondem aos valores típicos de “f” na
faixa de 0,2 a 0,3. As curvas estão mostradas apenas para valores na região do
buraco dentro do revestimento (|d| > Z
2
, conforme você pode observar na Figura
3.21).
3.4.3 Perdas Devido ao Formato dos Buracos
Atualmente, não se consegue fabricar os buracos de forma perfeitamente
cilíndrica, com fundo plano. Na maioria das vezes os buracos gravados no PhC
baseados em InP são cilíndricos na parte superior, e cônicos na parte inferior. Em
alguns casos a parte cônica é ainda truncada.
3.4.3.1 Buracos Cilíndrico-Cônicos
Geralmente ocorre que a parte cilíndrica dos buracos apenas é obtida na parte
superior dos buracos, ao passo que na parte inferior dos mesmos a tendência é o
surgimento de paredes oblíquas. Freqüentemente são encontrados PhCs de
buracos com fundo em formato cônico. Para efeitos de simplificação assume-se que
a porção cônica do buraco está inteiramente localizada dentro da parte no
revestimento. O parâmetro z
b
indica a localização da base cônica do buraco,
enquanto o parâmetro α indica a inclinação da parede lateral da parte cônica do
buraco, de acordo com a Figura 3.19.
Figura 3.19. Formato de buraco cilíndrico-cônico [45].
99
Na Figura 3.19 mostramos os principais parâmetros geométricos e o perfil do
campo guiado ξ(z). d
eq
é a profundidade equivalente do buraco cilíndrico, o qual
fornece a mesma quantidade de perdas do buraco de fundo com paredes inclinadas.
Os cálculos para esse tipo de buraco apenas diferem dos cálculos para os
buracos cilíndricos no que diz respeito à avaliação do fator de confinamento parcial.
Para isso é necessário apenas se substituir
, (3.34)
onde g(z) é um fator de forma que contabiliza a quantidade fracionária da parte da
perturbação na profundidade z, que em princípio pode ser aplicada a um buraco com
formato arbitrário. Esse fator de forma é assim obtido:
. (3.35)
Na Equação (3.35) r(z) = (z z
a
)tgα é raio local do cone, e r
0
é o raio do cilindro.
As equações (3.34) e (3.35) podem ser usadas diretamente para a avaliação da
Equação (3.31), porém é preferível se elaborar uma comparação entre o caso do
ideal do buraco com fundo plano, e o caso do fundo cônico. Por essa razão vamos
introduzir a profundidade equivalente d
eq
[81], a qual corresponde à profundidade de
um buraco ideal perfeitamente cilíndrico, com a mesma quantidade de perdas:
, (3.36)
onde z
b
indica a localização da base do cone e h z
b
- z
a
é a altura do cone (Figura
3.19). Substituindo-se d na Equação (3.31) por d
eq
, obtemos o fator de formato
cônico (ε”
con
).
O seguinte método foi elaborado para amostras de InP, porém esse mesmo
método pode ser aplicado para GaAs. O espectro experimental é comparado com o
espectro teórico calculado através do modelo TFDT 2D (Figura 3.20). Através do
gráfico teórico calculado para faixa da transmissão no ar, os valores dos parâmetros
de perda total foram obtidos = 0,32
±
0,020). Subtraindo-se desse valor a parte
referente às perdas intrínsicas (ε”
int
0,01 a 0,02), obtemos a perda do formato do
buraco (ε”
hole
= 0,305
±
0,025).
100
Figura 3.20. Espectro de transmissão através de 8 linhas de PhCs orientados nas direções
ΓM
e
ΓK
para a amostra da figura 3.21 [45].
Na Figura 3.20 os espectros experimentais (curvas pretas) são comparados com
os espectros calculados via FTDT 2D (curvas cinzas).
Por outro lado, da análise micrográfica da inclinação do cone α podemos calcular
o primeiro L
decai
. Observe na Figura 3.21(a), que os buracos não são perfeitamente
cônicos, e que α varia ao longo de z. Tendo em vista o decaimento exponencial da
perturbação com a profundidade, as perdas dependem principalmente do formato do
buraco, ou seja, do ângulo, no primeiro comprimento de decaimento. Então L
d
360nm, e α 2,5
o
± 0,5
o
. Esse ângulo exprime um fator de perda ε”
hole con.
= 0,3,
conforme está detalhado na Figura 3.21(b), o qual está em perfeita concordância
com os dados experimentais.
101
Figura 3.21. a) Esquema micrográfico de uma amostra InP com formato de buraco cônico,
típico (R
hole
= 200nm, f = 0,3). b) Dependência angular das perdas induzidas dependentes do
formato do buraco, para buracos estritamente cônicos [9].
Na Figura 3.21 (a) o ângulo do cone é α = 2,5
o
. Baseados na figura 3.21(b),
concluímos:
Para ângulos menores que 0,5º (buracos com paredes quase retas com
algum L
decaim
dentro do revestimento inferior, as perdas de buraco com
formato cônico podem alcançar o nível das perdas intrínsicas (0,01 a 0,02
para InP).
A caracterização ILS em conjunto com o método FTDT + ε” se constituem
em uma ferramenta precisa para análise. O ângulo de conicidade exprime
um valor de ε”, o qual pode ser medido de forma óptica.
O limite de perda superior para aplicações com bom desempenho
corresponde a α < 1,5º, o qual trata-se de um valor que ultrapassa os
valores encontrados.
3.4.3.2 Cones Truncados
No caso de gravação ICP os buracos ainda são cônicos, mas os fundos dos
mesmos são truncados. A Figura 3.22 mostra o que escrevemos acima.
102
Figura 3.22. Fotografia microscópica de uma amostra InP gravada através de ICP (R
hole
=
120 nm, f ≈ 0,5) [9].
Da mesma forma que o caso das perdas em buracos com formato cônico, as
perdas na caso de cone truncado podem ser calculadas analiticamente através da
introdução de um fator de forma que proporciona a quantidade fracionária do
material, como uma perturbação em determinada profundidade z. Entretanto, o
objetivo não é o cálculo de estruturas com formatos mais complicadas, e sim separar
a profundidade e ângulo, e determinar a influência de ambos os parâmetros em
perdas. O modo analítico nos a condição de avaliar o peso de cada parâmetro, a
fim de verificarmos, se para uma determinada profundidade é melhor se reduzir o
ângulo, ou se aumentar a profundidade dos buracos. Conforme ilustrado na Figura
3.23, o complicado “plugue” no fundo do buraco pode ser decomposto em três
contribuições: (b), (c) e (d).
103
Figura 3.23. a) Esquemático de um buraco com formato de cone truncado. b) a (d):
perturbações parciais P1, P2, e P3, nas quais cada plugue radiante P pode ser decomposto
[48].
Os principais parâmetros geométricos, bem como também está ilustrado o perfil
do campo guiado ξ(z), e seu comprimento de decaimento L
d
no revestimento da
parte inferior estão mostrados na Figura 3.23(a). A região sombreada nas Figuras
3.23(a), 3.23(b), e 3.23(c), representa a perturbação dielétrica P complementar do
buraco de ar.
Na Figura 3.24 ε”
hole
está plotada em função de α para diferentes valores de “d”.
A curva calculada através das equações (3.31) e (3.36) para o caso de buracos
cônicos com os mesmos valores de ângulos pode ser usada para a obtenção de
comparação (linha cinza fina). Podem ser identificados três regimes: Para pequenos
valores < 0,03º) a contribuição do formato para as perdas é desprezível e ε”
hole
é
um função da profundidade do buraco “d” (regime de formato cilíndrico). Por outro
lado, para grandes ângulos > 1º), D
2
<< D
1
para todos os valores de “d”, e o
formato do buraco tende ao limite do cone (regime com formato nico). Entretanto,
ε”
hole
é quase independente da profundidade do buraco. Finalmente, no caso
intermediário o regime de cone truncado é obtido e tanto “d” quanto α precisam ser
considerados na análise da influência do formato do buraco em perdas fora do
plano.
104
Figura 3.24. Plotagem do têrmo $
%
em função do ângulo do cone α [48].
Os cálculos para obtenção da Figura 3.24 foram efetuados para PhC baseado em
InP com f = 0,5 e D
1
= 460nm. A faixa de profundidade total “d” varia de 2 a 4μm
(com passos de Δd = 0,1 μm). Os formatos cônico e cilíndrico estão indicados,
enquanto a curva obtida para um buraco cônico simples é mostrada como referência
(linha cinza fina).
Observe que os ângulos maiores são mais importantes que a profundidade,
especialmente quando ε”
hole
> ε”
intr
. Um valor típico para perdas intrínsicas, ε”
intr
. =
0,015 está indicada na figura 3.24. A análise mostrada a seguir foi obtida em uma
amostra de InP, porém o mesmo método pode aplicado para GaAs. A figura 3.25
mostra a transmissão experimental através de 8 linhas orientadas na direção
ΓM
de
um PhC gravado em InP (ICP). A curva experimental foi obtida através de cálculos
FTDT 2D com “ε” e “f” como parâmetros livres. Dois diferentes conjuntos de
parâmetros ((f = 0,52, ε” = 0,045) e (f = 0,49, ε” = 0,09)) foram usados no cálculo das
faixas do dielétrico e ar.
105
Figura 3.25. Espectro de transmissão através de oito linhas orientadas na direção
ΓK
.
O espectro experimental é comparado aos cálculos via FDTD 2D (linha sólida, f =
0,52, ε” = 0,045, linha pontilhada: f = 0,49, ε” = 0,09 na Figura 3.25).
Utilizando-se a Equação (3.26) as perdas intrínsicas (ε”
intr
.) totalizam 0,02 a 0,03,
de forma que ε”
hole
na faixa do ar mede
de 0,06 a 0,07. Esse valor ocasiona que o
ângulo do cone α varia entre 0,7º a 0,8º, com d > 2μm, o que está em acordo com a
análise teórica, nos levando ao diâmetro do buraco entre 200 a 500nm, que
representa uma razão de aspecto de 14, e uma profundidade total > 3μm.
Comparando-se com a figura 3.24 podemos notar que o PhC ainda está operando
em um regime onde as contribuições de perda se o principalmente devido à
verticalidade lateral, enquanto que o efeito do aumento da profundidade do buraco é
quase desprezível. Então, esse modelo se constitui em uma valiosa ferramenta para
a decisão de quais parâmetros devem ter prioridade (por exemplo, profundidade do
buraco e/ou ângulo de inclinação). Observe que tratando-se de um regime
fortemente cônico não é recomendável se aumentar a profundidade dos buracos,
sem se corrigir o ângulo no primeiro comprimento decaimento.
3.4.4 Modelo de Perdas para Estruturas Baseadas em GaAs
A profundidade dos buracos em GaAs em tese é tipicamente d = 1,1μm, de
acordo com a Figura 3.26. Essa figura mostra uma fotografia micrográfica, através
da qual se pode constatar, que os buracos não são perfeitamente cilíndricos.
106
Figura 3.26. Corte lateral de determinada estrutura PhC [9].
A Figura 3.26 foi obtida através de uma fotografia micrográfica (SEM) de uma
amostra de GaAs clivada através de uma linha de buracos. A profundidade dos
buracos é de 1,1μm.
Calculando-se agora as perdas intrínsicas referentes à estrutura heterogênea
baseada em GaAs, levando-se em consideração o valor correto de f”, bem como
das faixas de energia para o ar, temos que ε”
intr
. = 0,06 ± 0,01. Subtraindo-se esse
valor do valor de ε” referente à faixa do ar temos que ε”
hole
= 0,02 ± 0,01. Aplicando-
se o modelo para buracos cilíndricos (Equação 3.31), obtemos que a profundidade
do buraco fica entre 950nm a 1150nm, o que está em acordo com a imagem SEM
acima apresentada.
107
4 MÉTODOS NUMÉRICOS UTILIZADOS
4.1 Método “Plane Wave Expansion” 2D
O PWE trata-se de um método simples e direto para representar campos
periódicos que usam expansão clássica de Fourier em termos de função harmônica
definida através da estrutura recíproca de vetores. Nesta seção faremos a
explanação detalhada da Equação fundamental das ondas, e de sua implementação
em um problema algébrico de auto-valores considerado para o caso de PhCs 2D.
As equações de Maxwell em um material elétrico polarizável, e magnetizável em
unidades MKS são:
, (4.1)
, (4.2)
, (4.3)
, (4.4)
onde E e B são os valores médios dos campos elétrico e indução magnética,
respectivamente, no vácuo. Tratando-se de um meio dielétrico homogêneo, as
relações entre as quantidades macroscópicas (deslocamento D e campo magnético
H) e as quantidades microscópicas (E e B) são:
, (4.5)
. (4.6)
Os campos são considerados fracos, os quais não se modificam demasiadamente
rápidos no tempo e no espaço, sendo ε e μ a constante dielétrica relativa, e a
permeabilidade magnética relativa, respectivamente [49]. Além disso, as seguintes
hipóteses são consideradas:
Cargas elétricas (ρ) ou correntes J são desprezadas.
As intensidades de campo são bastante pequenas, a fim de se operar no
regime linear.
O material é localmente macroscópico e isotrópico, ou seja, a constante
dielétrica ε(r) é escalar.
108
A permeabilidade magnética é muito próxima ou igual à unidade
r
≈ 1).
Apenas dielétricos sem perda são considerados, para os quais ε(r) é uma
quantidade real.
Levando-se em consideração as hipóteses acima definidas as equações (4.1) a
(4.4) tornam-se:
, (4.7)
, (4.8)
, (4.9)
. (4.10)
Assumindo-se ondas planas para os campos, elétrico, e magnético, ou seja,
H
r
=ae
jk.r
e
E
r
=ae
jk.r
, as equações (4.7) e (4.9) ficam:
, então, a.k = 0. (4.11)
Assumindo-se dessa forma a transversalidade, podemos nos concentrar em outra
das equações, enquanto a transversalidade existir. Levando-se em consideração a
dependência dos campos em relação ao tempo, podemos assumir uma oscilação
harmônica, ou seja,
H
r ,t
=H
r
e
jwt
e
E
r , t
=E
r
e
jwt
, o que não é uma restrição
pois as equações de Maxwell são lineares, e podemos incluir uma dependência em
relação ao tempo mais complexa devido aos modos harmônicos. Inserindo-se os
campos harmônicos nas equações (4.8) e (4.10) obtemos:
, (4.12)
. (4.13)
Dividindo-se a Equação (4.12) por ε(r), e inserindo-se a Equação (4.13) na
mesma obtemos a equação fundamental para o campo H:
, sendo (4.14)
Por outro lado, efetuando-se o rotacional da Equação (4.13), inserindo-se a
equação (4.12) na mesma, e dividindo-se por ε(r), obtemos a Equação fundamental
para o campo E:
109
, sendo . (4.15)
O operador possui a conveniente propriedade de ser tanto linear, quanto
hermitiano. Entretanto, o operador não é hermitiniano. Esse problema pode ser
resolvido definindo-se um novo campo F(r) = (ε(r))
1/2
E, o que transforma a Equação
(4.15) em:
, sendo . (4.16)
Observe que o operador é hermitiano, com a desvantagem de que o campo F
não é transversal (k.F 0). A dimensionalidade (1D, 2D, 3D) ainda não foi
considerada.
O problema de auto-valores de um guia de onda em PhC 2D simétrico pode ser
dividido em duas distintas polarizações: TE (H
x
= H
y
= E
z
= 0) e TM (E
x
= E
y
= H
z
= 0)
e
, (4.17)
. (4.18)
Até agora ainda o levamos em consideração a periodicidade do meio, no qual
os modos são denominados modos de Bloch, onde:
(4.19)
.
Na Equação (4.19) u
k
(r) é uma função periódica em r, ou seja, u
k
(r + R) = u
k
(r).
Vamos expandir u
k
em uma série de Fourier, sobre uma estrutura de vetores
recíproca. Vamos assumir que todos os vetores do espaço real e recíproco estão no
plano 2D. Então, um caminho para se resolver as equações (4.17) e (4.18) é se
expandir tanto a configuração dielétrica inversa, quanto o campo magnético em uma
onda plana básica:
,
(4.20)
110
, (4.21)
, (4.22)
onde G
m
representa a estrutura recíproca de vetores, e k é um vetor recíproco dentro
da primeira zona de Brillouin. Os modos Bloch podem ser relacionados através de
seus respectivos valores k. Substituindo-se essas expansões nas equações (4.17) e
(4.18), encontramos um específico problema de auto-valor em forma de matriz [50].
As equações abaixo são obtidas após as substituições acima referidas:
(TE), (4.23)
(TM), (4.24)
, (4.25)
(4.26)
111
(4.27)
4.1.1 Estruturas PhC 2D
Os parâmetros estruturais das duas geometrias 2D mais usadas, incluindo suas
zonas de Brillouin foram apresentados na seção 3.3.2. Devido à simetria rotacional
da estrutura, temos zonas redundantes na zona de Brillouin, proporcionando a
focalização do problema apenas na parte irredutível da zona de Brillouin, a qual
engloba os três pontos de simetria (região sombreada da figura 2.6). O vetor k no
plano é facilmente introduzido nos cálculos das PBGs das estruturas, através de um
método direto: Tendo em vista que a configuração das PBGs do dielétrico recíproco
é expandido em uma série de Fourier, a “diagonalização” pode ser unida sobre k.
Podemos calcular os auto-valores para diferentes valores de k ao longo das direções
de simetria da zona de Brillouin, ou em outras palavras, é suficiente se seguir um
caminho no espaço k na borda da zona irredutível de Brillouin, a qual é definida, no
caso da estrutura triangular, através dos três pontos de simetria,
Γ
, M, e K.
Os parâmetros estruturais (fator de preenchimento, constante dielétrica,
geometria da estrutura) são inseridos nos cálculos através da disposição (banco de
dados)
k
(definido na Equação 4.20). Onde possível, pode-se calcular os
coeficientes
k
de forma analítica, ao invés de forma numérica [51]. Uma limitação
dessa implementação específica do PWE está no “f” máximo. Uma vez que a matriz
k é calculada analiticamente através da elaboração da integral de Fourier sobre a
abertura circular dentro da célula unitária, assume-se que os buracos não são
sobrepostos, o que reduz a faixa utilizável de “f”, que por sua vez proporciona a faixa
para f = 0,785, e f = 0,907 para estruturas quadradas, e triangulares,
respectivamente. Por outro lado, a determinação dos elementos
k
através da
Transformada Rápida de Fourier (FFT), oferece um alto grau de liberdade em
112
relação ao formato arbitrário não circular dos buracos, ou em relação às estruturas
com valores extremamente altos de “f”, tais como estruturas com sobreposição de
buracos. Entretanto, os campos tendem a ser exclusivos próximos das laterais e
cantos agudos. O FFT aceita esse fato, o que pode causar imperfeições, se a rede
do PhC não for suficientemente fina. Os coeficientes de Fourier
k
(G) são
determinados através da integral sobre a superfície a
c
da célula unitária [50]:
, (4.28)
onde J
1
denota a função de primeira ordem de Bessel. Esse método, o qual utiliza
diretamente a transformada de Fourier da função dielétrica recíproca é também
denominado de método inverso. Para se obter somatórias finitas, as séries de
expansões dos campos e da configuração dielétrica são truncados. O número de
vetores recíprocos, bem como o número de ondas planas, determinam a precisão
dos cálculos. A estrutura recíproca é obtida através de todas as combinações
possíveis de vetores recíprocos:
, (4.29)
onde h
1
, e h
2
são números inteiros entre -∞ e +∞. Um método aprovado para o
truncamento é a definição de uma regra máxima G
max
e a seleção de vetores
recíprocos, os quais estão em conformidade com a condição |G| < G
max
[52]. Nesse
método o espaço recíproco é truncado isotropicamente. Quando ε(r) possui uma
descontinuidade de ligação, como é o caso da interface do buraco, sua transformada
discreta de Fourier possui uma longa extensão devido ao fenômeno de Gibbs [53].
Então, apesar de que as séries de Fourier nos levam em média à convergência, as
mesmas não conseguem seus objetivos com relação aos reais valores nas
descontinuidades simples. Nas descontinuidades em ε(r), os campos E, D, B ou H
são também descontínuos, o que caracteriza o lento decréscimo dos componentes
de Fourier mesmo tratando-se de grandes valores |G|. Um possível modo para a
redução do fenômeno de Gibbs pode ser aproximar a função de passo na
representação espacial da função dielétrica por uma função contínua, por exemplo,
uma Gaussiana de alta ordem. Um erro adicional na representação da matriz finita
de k(G
n
G
m
) ocorre devido o truncamento assimétrico nas linhas G
n
0 [51]. Esse
113
erro adicional introduzido pelo truncamento assimétrico torna-se pior para
componentes onde |G
n
| → G
max
.
As equações de Maxwell no domínio do tempo podem ser reduzidas a um simples
problema de auto-valores. A Equação 4.30 resolve esse problema de auto-valores
para o caso de uma estrutura periódica:
. (4.30)
A Equação (4.30) é a denominada equação mestre. Observe que existe uma
semelhança em relação á equação de Schrödinger para o estado sólido. Os elétrons
em uma estrutura de cristal são substituídos por luzura periódica e o potencial de
Coulomb V pela permissividade elétrica ε.
Essa Equação (4.30) é um problema de auto-valores com um campo periódico
H
r
e um conjunto discreto de auto-valores. A precisão da solução é determinada
pelo número de ondas planas usadas no cálculo. Quando plotado em função do
vetor de onda k, os auto-valores com suas freqüências associadas formam o
diagrama de faixa de um PhC. Essas soluções são funções periódicas do vetor de
onda k, onde existem apenas múltiplos de 2π em um PhC, ou seja, as propriedades
de um PhC são periódicas. Para o cálculo do diagrama de faixa podemos usar o
software livre MIT Photonic Bands (MPB), onde tanto a análise 2D, quanto 3D
podem ser implantadas. Esse software além de calcular a faixa da estrutura de um
cristal periódico, pode também para simular cavidades e guias de ondas. Para PhCs
esse programa utiliza o método da super-célula, quando o PhC com defeito é
analisado em duas dimensões. Esse fato aumenta o tempo de computação, uma vez
que o necessárias mais ondas planas para o cálculo preciso do campo
eletromagnético. A super-célula precisa ser definida com suficiente dimensão, a fim
de se evitar o acoplamento referente aos defeitos adjacentes. Devido ao seu método
de super-célula periódica esse método é limitado ao denominado problema “aberto”,
tais como curvas, e divisores.
A precisão desse método é dada pelo truncamento dos valores de G (G
max
) da
estrutura recíproca. Assumindo-se que a super-célula possui n.m células unitárias, o
número de ondas planas necessárias é dado por:
114
N=
G
2
max
π
n . a
m.a
=N
0
. n. m
. (4.31)
Na Equação (4.31) N
0
é o número de ondas planas necessárias para o cálculo
dos modos do cristal fotônico, onde se considera apenas uma célula unitária (
G
2
max
a2
4
). Observe que no caso do cálculo utilizando-se uma super-célula, são
necessários n.m mais vetores recíprocos, a fim de se obter a mesma precisão.
O software MPB (“MIT Photonic-Bands”) baseado no método “Plane Wave
Expansion PWE” é grátis e roda sobre o Linux, ou Windows. Esse software é
apropriado para o cálculo das relações de dispersão de sistemas ópticos, inclusive
PhCs, e foi desenvolvido por Steven G. Johnson do Departamento de Física do MIT
(Massachusetts Institute of Technology).
4.2 Método “Finite Difference Time Domain”
O método Finite Difference Time Domain (TFDT) é um dos mais antigos e
utilazados métodos de simulações. Matemáticamente esse método usa a forma
diferencial parcial das equações de Maxwell, e as modifica em equações diferenciais
centrais, as quais podem ser discretizadas em diferenças finitas, conforme mostrado
na Figura 4.1. A estrutura a ser calculada é definida em um domínio subdividido de
células unitárias retangulares. Os campos E e H de quaisquer problemas podem ser
resolvidos para cada célula unitária.
Figura 4.1. Grade de malha de um PhC para formar um célula unitária no FDTD.
115
Desse modo, o campo propagante é conduzido em passos de tempo, onde
durante cada passo de tempo os campos E e H são atualizados de forma interativa.
Especialmente, quando aplicado para todas as três dimensões, esse processo
consume muito tempo, e exige muitos recursos computacionais. Essa rotina de
resolução calcula os campos E e H em qualquer tempo, para cada ponto do
domínio, e pode ser usado posteriormente para análises. As reflexões nas fronteiras
do domínio são evitadas através da aplicação de camadas perfeitamente casadas
(PML). Existem diversos softwares comerciais com o código FDTD, como, por
exemplo, o desenvolvido conjuntamente pela ETH e grupos industriais (SemCAD), o
qual integra um ambiente CAD. Outros softwares comerciais, baseados em FDTD,
rodando sobre o Windows são: FastFDTD da EmPhotonics, WinFDTD (grátis), e
EMExplorer.
Por outro lado o software MEEP baseado no método “Finite Dimension Time
Domain FDTD” é grátis. Esse software foi desenvolvido pela mesma equipe que
desenvolveu o MPB.
A estrutura é discretizada com uma malha não uniforme, a fim de se obter uma
boa representação dos buracos e limitar as incertezas devido aos degraus do
invólucro. Para reproduzir as formas curvas dos buracos, precisamos uma grade
fina, a qual exige muito tempo e memória. Para se obter um bom balanço entre
simulações precisas e recursos computacionais, são aplicados o menos que 10
pontos da grade por constante de periodicidade da estrutura (“a”), a fim de se
descrever a estrutura.
4.3 Método de Propagação Binária (“Binary Propagation Method-
BiPM”)
A própria equipe de pesquisas da Universidade Federal do Ceará (U.F.C.)
desenvolveu um método numérico, o qual foi denominado de Método de Propagação
Binária ("Binary Propagation Method" - BiPM), o qual utiliza a teoria “Split-Step
Fourier” e o método de Runge-Kutta de quarta ordem, para solucionar as equações
dos modos acoplados abaixo:
A
1
z
1
V
g
A
1
t
i
2
β
2
2
A
1
t
2
α
2
A
1
=
A
1
2
BA
2
2
A
1
ikA
2
, (4.32)
A
2
z
1
V
g
A
2
t
i
2
β
2
2
A
2
t
2
α
2
A
2
=
A
2
2
BA
1
2
A
2
ikA
1
. (4.33)
116
Através do método “Split-Step Fourier” é possível a obtenção do cálculo numérico
dos campos se propagando no interior do dispositivo. O todo de Runge-Kutta
auxilia o “Split-Step” fornecendo a precisão necessária.
Nas 4.32 e 4.33 V
g
é a velocidade de grupo, β
2
é o parâmetro de dispersão de
velocidade de grupo (GVD) (obtido em [54]), α = 0 é o parâmetro de perda óptica
(sistema considerado sem perda óptica),
γ
é o parâmetro de não linearidade (
n
2
.
λA
eff
), B é o parâmetro que governa a o acoplamento induzido não linear
XPM, e k é o coeficiente de acopolamento.
4.4 Método “Finite Element”
O método “Finite Element” (FEM ou método FE) é um método desenvolvido
originalmente para simulações em engenharia civil, o qual é usado para análises
complexas não lineares, bem como para problemas estáticos, como, por exemplo,
projeto de estruturas de aço e concreto. Uma das primeiras aplicações na
engenharia elétrica foi o cálculo de redes e máquinas elétricas.
O FEM é muito apropriado para cálculos de PhCs. Um domínio contínuo é
dividido em um conjunto de sub-domínios com um malha constituída por triângulos,
de cordo com a Figura 4.2. Tendo em vista suas diferentes dimensões, esses
triângulos são apropriados aos formatos dos buracos.
Figura 4.2. Grade de malha de um PhC usando FEM.
Entretanto, a malha do FEM não é limitado apenas para estruturas formatos
triangulares, uma vez que podemos selecionar qualquer forma, porém para uma
maior simplicidade, é preferível se utilizar simples polígonos.
117
As soluções via FEM são aproximadas através do uso de equações diferencias de
potencial (PDE), as quais o resolvidas através da completa eliminação da
Equação diferencial, ou transformando-a em uma Equação diferencial ordinária
equivalente, que por sua vez pode ser resolvida através de diferenças finitas. Para
minimizar a reflexão no dispositivo são usadas fronteiras apropriadas. A excitação
da estrutura é alcançada através da aplicação do campo H no início do guia de
onda. O espectro da transmissão é gravado através da razão do tempo médio de
potência do fluxo propagando-se entre as fronteiras de início e fim do dispositivo.
Podemos implantar o FEM através do software COMSOL. Devido à sua
habilidade de operar em grandes projetos, esse método é apropriado para
simulações de acopladores direcionais, e multiplexadores.
118
5 PONTOS DE DEFEITO, GUIAS DE ONDAS E
ACOPLAMENTO DE SINAIS EXTERNOS EM PhCs
5.1 Pontos de Defeito
Quando se altera o formato, ou a constante dielétrica de uma coluna, ou quando
se remove uma coluna, surge um ponto de defeito, devido à quebra de simetria, o
que ocasiona nesse local o surgimento de um modo, o qual não pode penetrar no
corpo do PhC e fica confinado nesse ponto de defeito, pois esse modo possui
freqüência dentro da PBG. Portanto esse ponto de defeito é uma cavidade, a qual
está cercada por superfícies refletoras, desde que possua dimensões apropriadas
para suportar um modo pertencente à PBG.
Vamos analisar uma cavidade criada em uma estrutura quadrada de hastes
dielétricas com constante dielétrica ε = 8,9 e raio r = 0,2a, alterando-se o raio da
haste dielétrica.
Na Figura 5.1 mostramos as freqüências dos modos referentes às cavidades
criadas (polarização TM), alterando-se o raio da haste dielétrica de 0
(completamente removida) até r = 0,7a.
Figura 5.1. Frequência normalizada do modo na cavidade em função do raio da cavidade
[6].
Para r = 0,2a não existe ponto de defeito no PhC, e nesse caso não acontece o
surgimento de um modo na PBG (0,32 a 0,44(2πc/a)). Quando o raio é menor que
0,2a, o modo que penetra na cavidade é monopolo. Entretanto, para raios maiores
119
que 0,2a os modos penetrantes apresentam diferentes configurações de campo
elétrico, as quais dependem do valor do raio, conforme mostrado na Figura 5.2.
Figura 5.2. Configuração de campos elétricos dos modos em função do raio da haste
dielétrica [6].
Os modos com as configurações denominadas dipolo, hexaplolo e dipolo-2 são
degenerados, enquanto que os modos com as outras configurações mostradas na
Figura 5.2 são “não-degenerados”.
A configuração dipolo é obtida para r = 0,34a, a qual é duplamente degenerada
com o outro estado (não exibido na Figura 3.28), o qual pode ser obtido através de
uma rotação de 90º. As três configurações apresentadas na parte central dessa
figura são referentes a modos degenerados, obtidos para r = 0,55a. A parte inferior
dessa figura apresenta as configurações de campo elétrico para os modos obtidos
para r = 0,7a.
120
5.2 Guiamento em Cristal Fotônico
Quando se insere um ponto de defeito na estrutura de um cristal fotônico perfeito,
surge uma perturbação, ocasionando um modo correspondente na PBG. Quando se
remove uma linha completa de buracos surgem vários modos na PBG, formando
uma função de dispersão de modos de guia de onda. Uma linha de defeito pode ser
formada não apenas pela remoção de uma linha de buracos, podendo também ser
elaborada, por exemplo, através da introdução de buracos menores. Vamos nos
deter nos guias de ondas formados através da remoção de uma ou mais linhas na
direção
ΓK
de uma estrutura PhC hexagonal. Esses guias de ondas são
denominados de acordo com o número de linhas omitidas, ou seja, uma estrutura
PhC com n linhas de defeito é denominada de guia de onda W
n
.
5.2.1 Guias de Onda W
1
Para obtenção de um guia de ondas PhC W1 (PhCW1), remove-se uma única
linha da estrutura do PhC, ocasionando uma largura de (3)
1/2
a (estrutura triangular).
Além da utilização convencional, os PhCWs podem proporcionar linhas de
atraso, compensação de dispersão, bem como grandes interações entre a luz
propagante e a matéria, nesse caso, explorando-se o fenômeno da propagação
lenta da luz.
Por outro lado, as propriedades de dispersão dos PhCWs podem ser alteradas
através da modificação da estrutura do PhC. Entretanto, essas modificações podem
ocasionar: a operação multimodo, a diminuição do coeficiente de acoplamento ao
meio externo, bem como problemas estruturais de continuidade, por exemplo, em
curvas e em regiões de separação da luz.
Na Figura 5.3(a) mostramos um diagrama de bandas para luz polarizada tipo TE
em um PhCW1 2D embutido em uma estrutura triangular de silício, na qual os
diâmetros dos buracos de ar é 0,3a (a é constante de periodicidade do PhC). A
estrutura PhC penetra na placa de silício com espessura de 338nm de uma pastilha
SOI, a qual possui espessura da camada de sílica de 1μm.
A relação de dispersão normalizada foi obtida para vetores de onda k
z
, ou seja, ao
longo da direção do núcleo do guia de onda. Observe no detalhe da Figura 5.3(a) a
supercélula adotada para as simulações no PWE. Conforme podemos constatar o
PhCW1 suporta um modo “even” (linha sólida preta), e um modo “odd” (linha
121
tracejada preta) dentro da PBG do PhC, cuja faixa de freqüências normalizadas vai
de aproximadamente 0,20 a 0,28u (u é a freqüência normalizada = a/λ). As
paridades dos modos são definidas através da simetria no plano, com relação ao
núcleo do guia de onda. Observe que o modo “even” possui relação de dispersão
plana para k
z
> 0,3 e possui declividade nula em k
z
= 0,5. Isto acontece devido aos
efeitos de dobradura que surgem no limite da zona de Brillouin.
Na Figura 5.3(b) está mostrado o diagrama da velocidade de grupo (v
g
) para o
modo “even” (preto). Observe a enorme redução de v
g
ao se aumentar o vetor de
onda (frequências mais baixas). Note ainda, que conforme esperado, para k
z
< 0,3,
v
g
c/4 que é aproximadamente a velocidade de grupo do modo se propagando em
guia de onda convencional de silício (n = 3,5). Para k
z
> 0,3 vg decresce de forma
acentuada abaixo de c/20. Próximo de k
z
=0,5, v
g
tende a zero. Nesse caso, a luz
está se propagando no que se denomina de regime de propagação lenta da luz.
Portanto, em um PhCW1, diferentes freqüências irão se propagar com velocidade de
grupo bastante diferente. A curva na cor vermelha da Figura 5.3(b) mostra o
parâmetro de dispersão de velocidade de grupo (GVD). Observe que o parâmetro de
GVD no regime de propagação lenta da luz, cresce de várias ordens de magnitude
(variando entre -10
4
ps
2
/km até -10
9
ps
2
/km). Note que o enorme valor do parâmetro
de GVD nas proximidades da fronteira da zona de Brillouin distorce qualquer trem de
pulsos se propagando através do PhCW1. Portanto a alteração da v
g
e GVD
ocasiona a impossibilidade utilização do regime de propagação lenta da luz em
sistemas multiplexados por divisão de comprimento de onda (WDM).
122
Figura 5.3. (a) Relação de dispersão típica. (b) Velocidade de grupo (v
g
). (c) Distribuição
do campo modal em um PhCW1 [55].
Na Figura 5.3(a) está detalhada a relação de dispersão típica, mostrando a
frequência normalizada em função do vetor de onda normalizado, para um guia de
onda PhC 2D constituído por uma única linha de defeito suportando um modo “even”
(linha cheia) e um modo “odd” (linha pontilhada) dentro da PBG. O detalhe mostrado
no gráfico representa a supercélula usada nos cálculos via todo ”plane wave
expansion” (PWE). Na Figura 5.3(b) está plotada a velocidade de grupo (v
g
) em
unidades da velocidade da luz no vácuo (linha preta) e parâmetro GVD (linha
vermelha), ambos em função do vetor de onda normalizado. Na Figura 5.3(c)
mostramos a distribuição do campo modal em um PhCW1 para os vetores de onda
representados pelos quadrados marcados em vermelho, amarelo e verde nas figuras
5.3(a) e 5.3(b).
O conhecimento da distribuição de campo modal pode ser explorada para se
encontrar as características de dispersão do PhCW1. Na Figura 5.3(c) mostramos a
distribuição de campo modal referente ao modo “even” dentro da PBG, para três
diferentes vetores de onda representados através dos quadrados nas cores verde,
amarela e vermelha que estão mostrados nas figuras 5.3(a) e 5.3(b). Para k
z
0,3
com v
g
= c/4 (quadrado verde), o modo está muito confinado no núcleo do guia de
onda, e o perfil dos campos é parecido com o perfil dos campos do modo
fundamental em um guia de onda tipo “ridge”. Portanto, nesse regime parecido com
o regime de propagação via diferença de índice de refração (“index-like regime”) o
123
modo é denominado de modo guiado por índice de refração (“index-guided”). No
início da região de propagação lenta da luz (quadrado amarelo) o modo começa a
penetrar dentro do revestimento do PhC e, nas proximidades do limite da zona de
Brillouin, possui seu campo altamente concentrado nas primeira e segunda linhas de
buracos (quadrado vermelho).
No regime “index-like” as propriedades do modo “even” depende principalmente dos
parâmetros das primeiras linhas de buracos, onde a parte lenta da propagação da
luz do modo é enormemente dependente dos parâmetros do revestimento do PhC,
especialmente, das primeira, e segunda linhas de buracos de ar. Na Figura 5.4 está
plotado o modo “even” para um PhCW1 cujo corpo do PhC possui buracos com
raios r = 0,3a, bem como com diversos outros raios. Na Figura 5.4(a) podemos
observar que D
1
representa o diâmetro dos buracos referentes à primeira linha de
buracos de ar, enquanto D
2,
na Figura 5.4(b), representa os diâmetros dos buracos
referentes à segunda linha de buracos de ar. Observe que à medida que se diminui
os raios dos buracos da primeira linha de buracos, os modos possuem freqüências
mais baixas, tanto no regime “index-guided” quanto regime de luz lenta (“slow-light”),
o que representa o incremento do índice de refração efetivo. Além disto, a
declinação da curva de freqüências normalizadas para pequenos comprimentos de
onda aumenta em magnitude, e a banda passante, onde a relação de dispersão é
linear, aumenta no regime “slow-light”. Por outro lado, ocorre justamente o contrário
quando se aumenta os raios dos buracos de ar referentes à segunda linha de
buracos de ar.
Figura 5.4. (a) Diminuição da frequência normalizada do modo “even” em função da
diminuição dos raios dos buracos de ar da primeira linha de buracos de ar. (b) Aumento da
frequência normalizada do modo “even em função do aumento dos raios dos buracos de ar
da segunda linha de buracos de ar [55].
124
Na próxima figura mostramos a configuração dos campos propagantes dentro um
PhCW1 com estrutura triangular de hastes dielétricas
PhC 2D com raio
r
b
= 0,2a, e
índice de refração n = 3,35 submersas em um substrato dielétrico com índice de
refração n
s
= 1,45, onde “a” é a constante de periodicidade do PhC, obtidas através
do software COMSOL.
A PBG dessa estrutura é 0,2639 < u < 0,3599 para modos
TM.
Para o comprimento de onda λ = 1,55μm, o qual é o mais utilizado em
comunicações ópticas, escolhemos a = 500nm e desta forma obtemos u = 0,3127
em relação a esse comprimento de onda. Note que essa freqüência normalizada
está localizada no meio da PBG.
Para se obter a configuração dos campos elétricos transversais, via COMSOL,
se propagando dentro de um guia de onda PhC procede-se da seguinte forma:
1) Selecionando a aplicação correta
Abra o COMSOL Multiphysics.
No campo Space dimension da janela “Model Navigator” selecione a
oão 2D.
Expanda o campo “RF Module da lista “Application Modes”, expanda a
oão “In-Plane Waves”, expanda a opção “TE Waves”, selecione
“Harmonic propagation”, e clique no botão OK.
Na Figura 5.5 es mostrada a janela do COMSOL obtida ao se aplicar os
comandos acima referidos.
Figura 5.5. Abrindo um novo projeto através da janela “Model Navigator” do COMSOL.
125
2)
Opções e Configurações
Especifique comprimento de ondas (ao invés de freqüência) clicando com o
botão direito do mouse no campo “In-Plane TE Waves”, na árvore da janela
principal do COMSOL (“Model tree”), clique na opção “Properties e na
janela “Application Mode Properties”, no campo “Specify wave using”, clique
em “Free space wavelength”.
Clique no menu “Options”, selecione “Axis/Grid Settings” e configure o
desenho de acordo com as suas necessidades. No nosso caso, na guia “Axis”
deixamos marcada a caixa de seleção “Axis equal”, de forma que os valores
máximos e mínimos dos eixos foram dimensionados conforme a figura
abaixo. Você poderia dimensionar manualmente osvalores limites dos eixos x
e y, a fim de que o desenho fique melhor visualizado. Entretanto, usando a
ferramenta zoom, você pode visulizar o desenho da maneira mais apropriada
para o seu gosto.
Figura 5.6. Configurando eixos e grades do projeto.
3) Elaborando a geometria do projeto
Utilize o “CAD na janela principal do COMSOL através dos ícones
apropriados, e do menu “Draw”, para elaborar a geometria do projeto.
4) Configurações físicas e Condições de fronteiras.
Selecione “Scalar Variables do menu “Physics”. Por enquanto, configure
apenas o comprimento de onda que vo vai utilizar (1.55e
-6
m). Selecione
“Boundary Settings” do menu “Physics”. Selecione a oão “Scattering
boundary condition”, para todas as fronteiras do desenho. Observe na
Figura 5.7, que o campo elétrico é zero em todas as fronteiras (guia
“Conditions”, com excão da fronteira 45 (onde será inserida a luz), na
qual adotamos, por convenção, o valor 1V/m.
126
Figura 5.7. Configurando as condições de fronteira.
5) Configuração dos sub-domínios
Abra a janela “Subdomain Settings”, clicando na opção “Subdomain
Settings” do menu “Physics”. Observe que temos dois sub-domínios. Ar
(n_Ar) e hastes (n_Haste), que após você definí-las através do campo
“Specify material properties in terms of refractive index”, você indica os
respectivos valores desses índices de refração através da janela “Scalar
Expression” (“Options>Expressions>Scalar Expressions”).
NOTA: Tendo em vista que o índice de refração é dependente da freqüência você
pode ajustar o valor do índice de refração através da janela “Scalar Expression”.
Entretanto, como estamos usando apenas uma freqüência esse procedimento,
nesse caso, é dispensável.
6) Geração da malha
Modifique os parâmetros padrões, para obter uma malha apropriada.
Nesse caso, abrimos a caixa de diálogo “Free Mesh Parameters”, do menu
“Mesh” clicamos em “Custom mesh size”, e configuramos “Element growth
rate para 1.55 e “Mesh curvature factor” para 0.65.
127
Para obter a malha FEM, clique na opção “Initialize mesh”.
7) Obtendo a solução
Clique no botão “Solve Problem” do menu “Solve”. Para tornar a figura
mais apropriada, selecione no menu “Postprocessing”, a opção “Plot
parameters”, e na guia “Surface”, marque a caixa de seleção “Colormap”
do campo “Surface color”, e selecione a opção “wave”. Na figura 5.8 está
mostrado as configurações dos campos elétricos modais propagantes.
Figura 5.8. Obtenção dos campos modais se propagando no interior do PhCW1.
5.2.1.1 Perdas Ópticas em um Guia de Onda W
1
Vamos analisar guias de onda W1 em placas PhC (PCS “Photonic Crystal
Slab”) 2D. Na realidade, as placas PhCs são cristais fotônicos 2D obtidos a partir de
placas de semicondutores, nas quais ocorre o processo de reflexão interna total de
luz.
Nos guias de onda PhC embutidos em PCS, a luz é controlada no plano de
propagação através da estrutura de buracos de ar (ou hastes dielétricas), enquanto
na direção vertical a luz é guiada através de um alto ou baixo contraste do índice de
refração entre o núcleo e o revestimento da PCS. Geralmente, o confinamento
vertical não é perfeito, uma vez que a luz escapa do núcleo para o revestimento.
Essa perda, denominada de perda fora do plano (“out-of-plane loss”) é fortemente
dependente do perfil vertical da estrutura da PCS. Por outro lado, mesmo em PCSs
ideais pode haver perda óptica devido ao espalhamento intrínsico, quando os modos
de Bloch não estão totalmente confinados, apesar de que se pode inserir modos de
Bloch no abaixo da linha de luz do dispositivo PhC, de acordo com o projeto do
desejado.
As perdas ópticas acima referidas crescem em grande quantidade em função do
contraste entre os índices de refração do núcleo, e da casca da PCS. Se adotarmos
o regime de baixo contraste do índice de refração, por exemplo, sistema
GaAs/AlGaAs, as perdas ópticas não são nulas, entretanto podem ser compatíveis
128
com o objetivo do dispositivo PhC. Por outro lado, sistemas com alto contraste do
índice de refração, como, por exemplo, silício sobre isolante (“silicon-on-insulation”)
pode suportar modos sem perda óptica. Entretanto, uma violação na periodicidade
pode causar grandes perdas por espalhamento. As perdas intrínsicas fornecem
apenas o limite mínimo de perdas ópticas na PCS. Em estruturas reais pode ainda
ocorrer espalhamento adicional devido à rugosidade das paredes laterais dos
buracos (ou das hastes dielétricas).
Na Figura 5.9 mostramos um exemplo de geometria do perfil vertical de uma PCS
perfurada com buracos de ar.
Figura 5.9. Exemplo de perfil vertical de uma PCS perfurada com buracos de ar.
As placas PhC 2D estão atraindo de forma intensa a atenção dos pesquisadores
ao redor do mundo, devido ao alto fator de qualidade em nanocavidades, bem como
à pequena perda óptica nos guias de onda [56].
Teoricamente, um modo se propagando em um PCS ideal não apresenta perda
óptica, quando esse modo está dentro da PBG e abaixo da linha de luz. Entretanto,
a atual tecnologia de fabricação de PCS ocasiona desordem nanométrica, o que
proporciona um considerável aumento de perda óptica, devido ao espalhamento fora
do plano de propagação (“out-of-plane scattering”). Portanto, essa perda óptica pode
ser reduzida através da redução da desordem ocasionada durante o processo de
fabricação. Recentemente, foram fabricadas PCS de silício, as quais apresentam
fator de desordem (σ, RMS) em torno de 3nm. Guias de onda PhC (PhCW)
embutidos nesses PCSs apresentaram perda óptica de 5dB/cm, valor este que é
muito pequeno, quando comparado com os valores medidos anteriormente [57].
O formalismo da função de tensor de Green (GFT) pode ser usado para avaliação
do espalhamento devido à desordem. Foram efetuados cálculos e simulações
efetuados em PhCW1 embutido em PCS com constante de periodicidade a = 430nn,
perfurada com buracos de ar com raio r = 0,25a, as quais possuem uma grande
PBG para modos com polarização TE, conforme detalhado na Figura 5.10.
129
Figura 5.10. Esquema do teste usado para medição de perdas ópticas em PhCW1s
embutidos em placas PhC [58].
A rugosidade no plano de propagação referente ao dispositivo estudado é σ =
3nm (RMS do desvio em relação a uma superfície sem rugosidade).
O espectro de transmissão (polarização TE) para diferentes comprimentos de
guias de onda é mostrado na Figura 5.11.
Figura 5.11. Relação de dispersão do PhCW1 [58].
Na Figura 5.11 as frequências w
ge
e w
go
representam as freqüências de corte dos
modos “even” e “odd”, respectivamente. Por outro lado, w
ee
e w
eo
representam,
respectivamente, os limites das frequências duplicadas da zona de Brillouin,
referentes aos modos “even” e “odd”. W
||
representa as frequências onde os modos
cruzam a linha de luz (ar) [58].
Observe na Figura 5.11 a freqüência de corte do modo “even” (w
ge
) no limite da
PBG. Observe na Figura 5.12 que a área sombreada à direita de w
ge
representa a
região de corte dos modos. Note ainda na Figura 5.11, que acima da linha de corte
w
||
, acima da qual o modo sofre uma grande perda óptica intrínsica devido a sua
penetração no revestimento. Apesar de que w
||
e wg
e
nos mostra a largura da janela
de transmissão, em nada auxiliam com relação ao espectro de perda óptica dentro
da janela de transmissão. Teoricamente, os modos entre as duas freqüências de
corte não apresentam perdas ópticas em guias de onda PCS com perfeita simetria
130
translacional. Portanto, qualquer perda óptica que ocorre nessa região é devido ao
espalhamento extrínsico, a qual surge no dispositivo PhC devido à desordem que
acontece durante o processo de fabricação, a qual destrói a simetria translacional.
Essa perda óptica extrínsica de propagação pode ser tratada como um problema de
espalhamento eletro-magnético.
Na parte superior da Figura 5.12 mostramos o espectro de transmissão para
diferentes comprimentos de guias de onda. Na parte inferior da Figura 5.12
mostramos o espectro de perda óptica referente ao guia de onda PhC. Observe que
o menor valor dessa perda óptica é aproximadamente 5dB/cm. Note ainda que a
largura de banda é de aproximadamente 50nm. É interessante se afirmar, baseado
na parte inferior da Figura 5.12, que a região que apresenta menores perdas ópticas
está no centro da PBG, abaixo da linha de luz e acima da freqüência de corte do
modo.
Figura 5.12. Parte superior: espectro de transmissão para diferentes comprimentos de
PhCW1s (0,1, 0,4, 0,7 e 1,0mm). Parte inferior: espectro de perda óptica do PhCW1 [58].
Os círculos e linhas sólidas na Figura 5.12 representam resultados obtidos via
medições. O espectro de perda óptica obtido via método GFT está representado
através de Figura círculos com interior branco. As freqüências determinadas
através da Figura 5.11 estão mostradas através das setas
131
5.2.1.2 Dispersões em um Guia de Onda W
1
Recentes pesquisas foram elaboradas para obtenção dos parâmetros de
dispersão referentes aos PhCW1, incluindo dispersão de velocidade de grupo
(“Group-Velocity Dispersion” (GVD)), dispersão de terceira ordem (“third-order
dispersion” (TOD)) e dispersão de quarta ordem (“fourth-order dispersion” (FOD)),
para altos valores do índice de refração de grupo (n
g
). Essas pesquisas mostraram
que os valores de GVD, TOD e FOD, para n
g
100, são, respectivamente,
~10
2
ps
2
/mm, ~10
4
ps
3
/mm e ~10
5
ps
4
/mm. Os parâmetros TOD e FOD em simulações
sobre PhCW1 devem ser levados em consideração, quando se trata de pulsos
ópticos se propagando em regime de propagação lenta.
A estrutura triangular do PhC usado nessas simulações foi criada através da
perfuração de buracos de ar com constante de periodicidade a = 437nm, enquanto o
PhCW
1
embutido nessa estrutura foi obtido retirando-se um linha de buracos na
direção
Γ K
. Na figura 5.13 está mostrado o esquema da membrana PhC, cuja
espessura é 0,5a. Observe na Figura 5.13 o guia de onda que interconecta o PhCW
1
ao meio externo.
Figura 5.13. Esquema da estrutura PhC onde o PhCW1 está embutido.
Os resultados experimentais mostraram que n
g
decresce em função do
incremento de r/a (r é o raio dos buracos). Os maiores encontrados para ng foram
110, 70 e 50, para r/a = 0,25, 0,30 e 0,35, respectivamente. Através da Figura 5.14
mostramos que o valor
ng
(r/a = 0,25) permanece constante (≈ 4) no regime linear e
cresce rapidamente quando se aproxima do regime de propagação lenta do modo
guiado.
132
Figura 5.14. Índice de refração de grupo versus comprimento de onda [54].
Os círculos nas cores azul, vermelha e verde na Figura 5.14 mostram os valores
de n
g
obtidos de forma experimental, para r/a = 0,25, 0,30 e 0,35, respectivamente.
As linhas sólidas mostram os gráficos de n
g
em função do comprimento de onda do
modo guiado, calculadas através do método PWE 3D.
Os parâmetros GVD foram calculados computando-se a Equação (5.1)
λ
2
2πc
2
n
g
λ
. (5.1)
Os círculos sólidos apresentados na Figura 5.15(a) mostram os parâmetros GVD
obtidos de forma experimental. Levando-se em consideração que os resultados
negativos através da derivada de n
g
ocorrem apenas devido ao ruído, esses
resultados não apresentam significado físico. Portanto, apenas os valores positivos
de n
g
foram apresentados. Para n
g
> 70 as estruturas PhC com os três valores de r/a
apresentaram valores similares dos parâmetros GVD. Esses parâmetros medidos de
forma experimental (r/a = 0,25) foram 10
-2
ps
2
/mm para n
g
4, 10ps
2
para n
g
25 e
10
2
ps
2
/mm para n
g
≈ 100.
133
Figura 5.15. (a) Parâmetro GVD. (b) Parâmetro TOD. (c) Parâmetro FOD [54]..
Os círculos azuis, vermelhos e verdes na Figura 5.15 indicam os resultados
encontrados de forma experimental para r/a = 0,25, 0,30 e 0,35, respectivamente.
Os parâmetros TOD foram calculados a partir da Equação (5.2)
λ
2
2πc
2
GVD
λ
. (5.2)
Na Figura 5.15(b) mostramos os parâmetros TOD. Os círculos sólidos mostram os
parâmetros TOD obtidos de forma experimental para os três valores de r/a. Da
mesma que descrevemos em relação aos parâmetros GVD, os resultados negativos
através da derivada de VGD ocorrem apenas devido ao ruído de GVD, e também
não apresentam significado físico. Os parâmetros TOD medidos de forma
experimental foram 10
-5
ps
3
/mm para n
g
4, 10ps
3
/mm para n
g
25 e 10
4
ps
3
/mm
para n
g
≈ 100.
Os parâmetros TOD foram calculados a partir da Equação (5.3)
λ
2
2πc
2
TOD
λ
. (5.3)
Na Figura 5.15(c) apresentamos os parâmetros FOD. Os círculos sólidos mostram
os parâmetros FOD obtidos de forma experimental para os três valores de r/a. Os
parâmetros TOD medidos de forma experimental foram 10
-5
ps
4
/mm para n
g
4,
10
4
ps
4
/mm para n
g
≈ 25 e 10
5
ps
4
/mm para n
g
≈ 100.
134
5.2.2 Guias de onda W3
Outro tipo de guia de onda muito estudado na literatura internacional é o guia de
onda W
3
. Nesse caso existem três linhas de defeito na a formação do guia de onda.
A relação de dispersão mostrada na Figura 5.16 indica que esse guia de onda
suporta, de forma significativa, mais modos que o guia de onda W
1
. A densa região
sombreada abaixo de 0,2 e acima de 0,27 pertencem aos modos do PhC, os quais
não são guiados no guia de onda, porém são guiados através do meio envolvente da
estrutura do PhC. Na relação de dispersão do guia de onda W
3
, podemos observar
que o modo fundamental “even” (linha vermelha da Figura 5.16) “cruza e “anti-
cruza”, de forma alternada, os modos de ordem mais alta. Esse anti-cruzamento
causa um pequeno intervalo (“gap”) na relação de dispersão do modo fundamental
(detalhe da Figura 5.16) em torno k = 0,16*2π/a = 0,32π/a. Esse “gap” é
denominado de mini faixa proibida (“Mini-Stop Band – MSB”).
Figura 5.16. Relação de dispersão de um guia de onda W
3
com os diferentes modos
suportados [59].
Na Figura 5.16 as densas regiões sombreadas abaixo de 0,2 e acima de 0,27
pertencem às faixas do dielétrico, e do ar, respectivamente, nas quais os modos
estão mais precisamente localizados na estrutura do PhC do que no guia de onda. O
detalhe mostra com mais clareza a região da MSB.
135
5.2.2.1 Determinação do Índice de Refração Efetivo usando-se a
MSB
Os cálculos para a determinação do índice de refração referente ao PhC
propriamente dito (estrutura do PhC) onde o guia de onda PhC está embutido não é
tão simples. Podemos calculá-lo, assumindo-se um guia de onda PhC com a mesma
largura de um guia de onda convencional, ou utilizando-se uma grande área de
material dielétrico sem o distúrbio provocado pelos buracos. Para uma boa
representação 2D de um dispositivo PhC, precisamos conhecer dois parâmetros: o
índice efetivo de refração e o fator de preenchimento. Uma primeira estimativa do “f”
é obtida através de fotografias micrográficas (SEM) do dispositivo. Uma
determinação bem acurada dos parâmetros pode ser elaborada com o uso da PBG
e da posição da MSB, a qual é fortemente dependente do índice de refração efetivo,
conforme está indicado na Figura 5.17.
Figura 5.17. Posição simulada da MSB em função do índice de refração n
eff
[59].
A modificação de “f” além de ocasionar um deslocamento da relação de
dispersão, acarreta ainda um estreitamento, ou alargamento adicional do tamanho
da PBG. Vamos descrever um método diferente, no qual determinamos o “f”
utilizando-se a PBG, abrindo-se, e posteriormente sintonizando-se o índice efetivo
de refração, até que a MSB fique com a mesma freqüência normalizada usada nas
medições, conforme está apresentado na Figura 5.18(a).
136
Figura 5.18. (a) Determinação do índice efetivo de refração n
eff
utilizando-se a MSB medida
em guias de onda. (b) Comparação entre simulações 2D com valores encontrados e medidos
[59].
Observe na Figura 5.18(b), que a comparação entre simulações 2D e medidos,
mostra uma perfeita compatibilidade da posição da MSB. Das medições, podemos
extrair um índice efetivo de 3,178.
Uma simulação adicional no guia de onda W
3
com o método FE foi também
elaborado para se verificar os valores calculados, conforme pode ser observado na
Figura 5.18(b). A MSB surge nessa simulação como um pico estreito. O alargamento
da MSB nas medições é devido à perda, a qual não é leveda em consideração nas
simulações FEM.
5.3 Acesso ao PhC
Uma característica crítica dos dispositivos PhC é o acoplamento do sinal
proveniente do meio externo a esse dispositivo. Os guias de ondas convencionais
com propriedades de fraco guiamento possuem largura de alguns micrometros,
137
enquanto os guias de onda com estrutura hexagonal, por exemplo, possuem largura
de (3)
1/2
a, que nesse capítulo vamos considerar em torno de 750nm. Precisamos
encontrar uma transição que proporcione não apenas as propriedades de
acoplamento do sinal externo no dispositivo PhC, como também altas tolerâncias de
fabricação. Vamos, então, apresentar alguns projetos para esse acoplamento, tanto
em placas PhCs, quanto em guias de ondas PhC. Na Figura 5.19 mostramos as
partes referentes à transição acima mencionada.
Figura 5.19. Acesso a um guia de onda PhC através de guias de onda convencionais, e
guiamento no PhC [59].
Foram desenvolvidos vários esquemas para obtenção da conicidade necessária
para o acoplamento de sinais externos a PhC. Um dos tipos de projeto proporciona o
acoplamento de entrada através de guias de onda PhC de alto número, fazendo-se
então a transição para um de guia de onda menor de número menor, como, por
exemplo, W
1
, com um incremento gradual das dimensões dos buracos [62].
Nessa seção vamos descrever uma análise de diferentes regiões de entrada com
guias de onda convencionais, e com guias de onda PhC. A conicidade necessária é
obtida iniciando-se com um guia de onda de alto número, como, por exemplo, W
3
, ou
W
5
, e introduzindo-se um guia de onda com número menor em etapas, ou de forma
gradual. Primeiramente, vamos detalhar os acessos através de guias de ondas
convencionais (não PhCs), e a seguir descreveremos as entradas com guias de
onda PhC.
5.3.1 Acesso ao PhC Via Guias de Onda Convencionais
5.3.1.1 Visão Geral sobre o Acesso aos PhCs
Os guias de ondas dielétricos não PhC, já bem utilizados na integração óptica, em
geral são constituídos por uma camada de material dielétrico, como, por exemplo,
138
vidro, embutido em um outro material com um índice de refração mais baixo, como,
por exemplo, ar. O princípio do guiamento em tais guias de onda está baseado na
reflexão total. Vamos detalhar dois diferentes tipos de guias de onda convencionais
utilizados para acesso ao PhC: guia de onda tipo “cume” (“ridge”), o qual é formado
através da remoção de parte da camada de revestimento, conforme indicado na
Figura 5.20(a), inserindo-se, então, uma camada no topo com índice de refração
mais alto (região de guiamento), e o guia de onda tipo “rego” (“trench”), o qual é
obtido através do processo de gravação profunda para obtenção da região de
guiamento, cm pode ser visto através da Figura 5.20(b).
Figura 5.20. a) Acesso via guia de onda tipo “cume”. b) Acesso tipo guia de onda tipo “rego”
[59].
Na Figura 5.20(a) podemos notar o acesso via guia de onda tipo “cume”, o qual é
obtido através da remoção do material de revestimento e na Figura 5.20(b) o acesso
tipo guia de onda tipo “rego”, no qual podemos observar que o guia de onda está
gravado em local profundo do substrato.
5.3.1.2 Detalhes do Acesso ao PHC Via Guias de Onda
Convencionais
Vamos analisar um tipo de acesso obtido através de processo de gravura do tipo
EBL (“Electron Beam Lithography”) e ICP-RIE (“Inductively Coupled Plasma-
Reactive Ion Etch”) na região adjacente ao PhC, e através de litografia óptica no
139
restante do guia de onda de acesso (“trench”). O projeto desse acesso ao PhC está
mostrado na Figura 5.21.
Figura 5.21. Estrutura de acesso ao PhC para acoplamento da luz proveniente de um fibra
com extremidade cônica [59].
Observe que no início da região de penetração da luz a largura do guia de onda
tipo “cume” é de 5μm, e que ao longo de seu comprimento de 100μm sua largura cai
para 1,5μm. A partir daí o guia de onda é do tipo “rego”, o qual a partir de um
determinado comprimento tem sua largura novamente reduzida, dessa feita para a
largura desejada de 750nm, seguindo até o início do guia de onda PhC, conforme
está mostrado na Figura 5.22(a).
Figura 5.22. (a) Fotografia micrométrica (SEM) da transição “rego”/“cume”. (b) Simulação
da transmissão referente ao acesso, incluindo a transição “rego”/“cume” [59].
As transmissividades dos guias de onda de acesso foram calculadas via método
de propagação de fluxo (BPM). As diferentes seções cônicas do guia de onda aa
entrada do guia de onda PhC mostra uma eficiência de transmissão combinada de
80%, conforme podemos observar através da Figura 5.21 (b).
140
5.3.2 Acesso ao PhC Via Guias de Onda PhC
5.3.2.1 Conicidade W
5
para W
1
Esse tipo de acesso é obtido através da elaboração em etapas da conicidade,
conforme podemos observar através da Figura 5.23(a). Observe que a conicidade é
elaborada através transições a partir de um guia de onda PhC de alto número, para
um guia de onda PhC de número mais baixo, sem alterações no fator de
preenchimento. Esse dispositivo é muito compacto possuindo um comprimento de
acoplamento de apenas 6a. Após três linhas de buracos na direção do guia de onda
W
5
, o mesmo é alterado para guia de onda W
3
, e após mais três linhas esse guia de
onda W
3
se transforma em um guia de onda W
1
. Uma desvantagem apresentada
nesse processo é que o guia de onda W
5
suporta muitos modos acoplados, como
você pode notar através da Figura 5.23(a)). Por outro lado, o guia de ondas W
1
consegue guiar apenas um modo “even” e um modo “odd”, os quais não podem ser
acoplados um ao outro, conforme estamos mostrando na Figura 5.23(b).
Figura 5.23. (a) Modos em um guia de onda W
5
. (b) Modos “even e “odd” em um guia de
onda W [59].
Esse fato ocasiona a desigualdade de modos, e apresenta fatores críticos
referentes às análises numéricas. As diferenças entre os resultados das simulações
podem ser observadas através da Figura 5.24.
141
Figura 5.24. (a) Esquemático de acesso via conicidade por etapas (W
5
-W
3
-W
1
). (b)
Comparação entre diferentes métodos de simulação em termos de transmissão de potência
referente ao acesso W
5
-W
3
-W
1
. (Material: InP3, f = 0,40) [59].
O método FE e as simulações FDTD estão em concordância, enquanto que
existem diferenças em relação ao método MMP (“Multiple Multipole Programs”) 2D.
Nos métodos FEM e FDTD são analisados todos os modos e suas reflexões na
entrada do guia de onda, bem como suas interações. Entretanto, no método MMP
apenas os modos fundamentais de W
5
e W
1
são excitados. Além disso, o método
MMP não considera as reflexões e transmissões dos modos de ordem mais alta. Na
Figura 5.25 está mostrado, que as simulações FDTD apresentam resultados
idênticos às medições. O pequeno deslocamento do comprimento de onda entre
medições e simulações é devido às variações de fabricação.
Figura 5.25. Transmissão medida (gráfico superior) e simulada 3D (gráfico inferior) para o
acesso tipo conicidade em etapas W5 para W1. (Material: InP3, f = 0,40) [59].
142
5.3.2.2 Conicidade W
3
para W
1
O acesso W
3
-W
1
foi detalhado no acesso W
5
-W
1
. Para esse dispositivo o guia
de onda de acesso é iniciado com uma largura de 3(3)
1/2
a (estrutura hexagonal).
Trata-se de um acesso muito curto, uma vez que o guia de onda W
1
é iniciado após
três linhas ao longo da direção do guia de onda W
3
. Um guia de onda W
3
suporta
menos modos que um guia de onda W
5
, de forma que a simulação MMP 2D torna-se
confiável. As simulações 2D e 3D apresentam resultados compatíveis. Esse tipo de
projeto de acesso ao PhC suporta uma banda passante mais larga que o tipo W
5
-W
1
.
A eficiência geral de transmissão também é melhor, uma vez que nesse caso se
obtem uma eficiência de transmissão em torno de 80%, conforme podemos verificar
através da figura 5.26.
Figura 5.26. Simulações MMP 2D e FDTD 3D referentes a um acesso W
3
-W
1
. (Material:
InP1, f = 0,40) [59].
5.3.3 Acesso ao PhC Tipo W
3
-W
1
Via Incremento Gradual das Dimensões
dos Buracos
Um outro tipo de acesso ao PhC tipo W
3
-W
1
é obtido através do incremento linear
gradual dos diâmetros dos buracos. Nesse caso a diferença entre os diâmetros de
um determinado buraco para o seu sucessor é sempre a mesma. Um outro tipo de
acesso ao PhC W
3
-W
1
via alargamento dos buracos considera um incremento
geométrico nos diâmetros dos buracos, ou seja, cada buraco sucessor é 10% mais
largo que o respectivo buraco antecessor.
143
As simulações 2D plotadas na Figura 5.27 mostraram que a eficiência de
transmissão desse tipo de acesso possui valor acima de 99%, e o seu gráfico do
espectro de transmissão é mais plano sobre uma banda passante mais larga.
Portanto esse tipo de acesso será adotado em nosso trabalho.
Figura 5.27. Comportamento da transmissão referente aos tipos de acesso com incremento
dos diâmetros dos buracos linear, e geométrico. (Material: InP1, f = 0,40) [59].
5.3.3.1 Variações devidas à Fabricação
Influência do Efeito de Revestimento
Diferentes tamanhos de buracos, bem como buracos muito pequenos
proporcionam o denominado efeito de revestimento, o qual trata-se de uma
blindagem que ocorre durante o processo de gravura. Devido às pequenas
dimensões dos buracos os “etchants” (líquidos usados no processo de gravura) não
penetram de forma adequada nas laterais dos buracos e dessa forma não podem
contribuir nesse processo de gravura. Então, precisamos levar em consideração,
que os buracos com diâmetros menores na extremidade com o guia de onda
propriamente dito (no final da região de acesso), são menos profundos que os
buracos mais largos do restante da estrutura. O efeito da diferença de profundidade
dos buracos modifica a estrutura de acesso, conforme podemos observar através da
Figura 5.28.
144
Figura 5.28. Formato da conicidade mostrando as direções horizontal e vertical do cone de
acesso em uma estrutura PhC [59].
Esse efeito pode ser analisado via simulações 3D, uma vez que as simulações 2D
necessitam ainda de um modelo mais apropriado para esse caso. Vamos considerar
uma estrutura com buracos de profundidade infinita. A permitividade dielétrica
desses buracos é considerada ε = 1, e permitividade efetiva do material envolvente é
ε = 10,4796 (InP1). Buracos com menores profundidades são modelados como
buracos 2D com constante dielétrica efetiva ε > 1. Obtemos o valor do material
dielétrico através do confinamento dos modos via simulações FDTD 3D. Calculamos
a energia do campo armazenado em um guia de onda PhC com buracos de
profundidade igual a 2μm e com buracos ainda menores. A diferença nas
profundidades dos buracos proporciona um valor adicional em ε de 4% do valor da
mesma referente ao material dielétrico.
Após nova simulação encontramos que o efeito de revestimento não possui uma
influencia significante nas propriedades de transmissão da região de conicidade,
conforme pode observado através da Figura 5.29(a).
145
Figura 5.29. Resultados de simulações para região de conicidade em etapas [59].
Observe na Figura 5.9, que as transmissões para estruturas com buracos
uniformes e com buracos com profundidades variáveis, considerando-se o efeito
revestimento estão apresentados em a) MMP 2D , e b) FDTD 3D. (Material: InP3, f =
0,40).
Note que na parte b da Figura 5.29 apresentamos também os resultados das
simulações em FDTD 3D. Primeiramente consideramos os buracos uniformes, com
profundidade de 2μm. Depois, consideramos uma variação na profundidade dos
buracos da região de conicidade de 1,4μm a 1,917μm. Na Figura 5.29(b) mostramos
o gráfico de transmissão para ambos os casos, onde se pode verificar que
praticamente não existe diferença entre os dois casos. Concluímos, então, que o
efeito de revestimento na região de conicidade não acarreta nenhuma influencia nas
propriedades de transmissão, assumindo-se que os buracos são suficientementes
profundos para penetrarem na camada do núcleo.
Influencia Positiva do Efeito de Revestimento
Utilizando-se técnicas de fabricação aprimoradas o efeito de revestimanto não
afeta o formato dos modos, nem a eficiência de transmissão. Esse efeito foi em
princípio levado em consideração, quando a profundidade de modo geral dos
buracos somente alcança a profundidade mínima para obtenção do guiamento no
PhC. Pensou-se então em se usar a variação da profundidade na região de
conicidade para melhorar a transmissão da região de acesso ao PhC. Isso acontece
quando os buracos são tão rasos, que afetam o formato do modo. Essa situação foi
simulada através do aumento do efeito da conicidade vertical, conforme pode ser
146
observado através da Figura 5.30, de pequenos buracos. O valor do índice efetivo
de refração do menor buraco foi adotado como sendo 81% do índice de refração do
meio envolvente. Esse valor foi escolhido de forma arbitrária, a fim de proporcionar o
surgimento do efeito. Os buracos adjacentes possuem índices de refração
decrescentes de acordo com seus tamanhos. Na figura 5.30 mostramos que a
conicidade vertical da região de acesso fornece uma melhora na eficiência de
transmissão.
Figura 5.30. Aprimoramento da eficiência de transmissão da região de acesso com
conicidade obtida em cinco etapas, através do efeito da conicidade vertical, utilizando-se
índices de refração maiores para os buracos menores. (Material: InP1, f = 0,40) [59].
O controle da profundidade dos buracos possui a desvantagem da exigência de
uma técnica muito precisa.
5.3.3.2 Perdas Fora do Plano
Na Figura 5.31(c) mostramos uma transmissão reduzida ΔT no espectro de
transmissão entre simulações 2D e 3D. Essa diferença pode ser atribuída ao
espalhamento fora do plano, nos buracos finitos. Para as simulações abaixo
detalhadas levamos em consideração o modelo de perda “phenomenological”
explicado anteriormente.
Além da perda devido ao espalhamento na estrutura periódica de buracos,
consideramos ainda a perda adicional proporcionada pelo espalhamento ocasionada
pelos buracos na entrada da região de conicidade. Observando-se a distribuição do
campo H do modo na Figura 5.31(a), notamos que os pequenos buracos localizados
no início da região nica estão mais expostos aos campos de luz. Então, podemos
147
assumir que o espalhamento devido aos buracos com profundidade finita é maior
nesses pontos. A permitividade dielétrica efetiva imaginária ε” dos buracos na região
em torno do guia de onda é posto em 0,18 [60]. O valor de ε” para os buracos com
aumento gradual dos diâmetros diminui de 0,5 para os buracos menores, para 0,3,
conforme indicado na Figura 5.31(b). Utilizando-se esses valores para os diferentes
buracos, encontramos uma excelente concordância entre as simulações MMP 2D e
FDTD 3D, de acordo com o que está apresentado na Figura 5.31(c)).
Figura 5.31. (a) Distribuição do campo H via FDTD 3D na entrada de uma região cônica de
cinco etapas. (b) Distribuição de ε” em função da posição do buraco. (c) Simulação 2D para
comparação com a simulação 3D (Matéria: InP1, f = 0,40) [59].
148
6 ACOPLADORES ÓPTICOS DIRECIONAIS EM PhC
Acopladores lineares, ou co-direcionais, foram estudados por muito tempo
utilizando-se a óptica clássica integrada. Na sua forma mais simples um acoplador
direcional se constitui em dois guias de onda paralelos colocados bem próximos um
do outro. A energia pode ser trocada entre os dois guias de onda através do
acoplamento dos campos evanescentes. Os principais parâmetros do acoplador, ou
seja, a intensidade de acoplamento, e a resposta em freqüência estão relacionadas
através da relação de dispersão dos guias de onda acoplados.
Podemos considerar três regimes, conforme mostrado na Figura 6.1.
Figura 6.1. a) Dispersão linear. b) Divisão dependente da freqüência. c) Regime com os
guias de onda desaclopados.
Os acopladores podem ser usados em diferentes aplicações: a) dispersão linear,
a qual proporciona a divisão de intensidade de forma independente da freqüência. b)
divisão dependente da freqüência, que é útil em aplicações de filtragem e c) regime
através do qual os guias de onda estão desacoplados um do outro.
No regime (a) a dispersão do guia de onda é linear e a divisão de energia é
independente da freqüência. Esse regime é interessante para comutadores de
banda larga, ou para acopladores 3dBs. No regime (b) a divisão em β, ou na
velocidade de grupo é dependente da freqüência. Esse fato pode ser explorado em
filtros do tipo “add-drop”. O espaçamento de canal resultante, entretanto, não é
regular na maioria dos casos. O último regime (c) considera um possível
desacoplamento dos guias de onda PhC, o que pode ser interessante para a
redução do “crosstalk” entre guias de onda vizinhos dentro dos circuitos integrados
(ICs) PhC. A densidade de elementos (nível de integração) pode ser, na realidade,
limitada pelo “crosstalk” entre os guias de onda, e dessa forma foram desenvolvidos
149
métodos para cancelar, ou pelo menos minimizar o acoplamento. A física do
acoplamento de guias de onda proporciona uma farta quantidade de aplicações,
incluindo divisores de intensidade 3dBs para faixa larga [61], comutadores de
potência ativos [62], e guias de onda “add-dropps” seletivos [63]. No caso mais geral
o sistema é constituído por uma configuração de N guias de onda paralelos, os quais
podem, ou não ser simétricos. Os acopladores são dispositivos muito estudados
uma vez que se constituem em importantes componentes para a óptica integrada de
forma geral, e especialmente para circuitos integrados (ICs) PhCs. A combinação
desses componentes com outras funcionalidades proporciona novas aplicações. Os
acopladores direcionais baseados em PhC possuem o potencial de proporcionar um
comprimento de acoplamento muito curto. O comprimento de acoplamento L
c
é
definido como a distância após a qual a onda foi totalmente comutada de um guia de
onda para o outro. Os acopladores direcionais podem ser analisados considerando-
se a estrutura completa, a qual é constituída por todos os guias de ondas e os meios
ao redor dos mesmos (teoria do supermodo), ou considerando-se a troca de energia
e acoplamento entre guias de ondas individuais em um método perturbativo (teoria
do modo acoplado). Ambas as formulações acima referidas possuem vantagens e
desvantagens.
O acoplador direcional simétrico possui transferência periódica de potência. Em
todos os casos a transferência de potência óptica para o segundo núcleo ocorre de
modo períódico. A máxima transferência de potência óptica acontece em distâncias
tais, que
κz=
2
(k = coeficiente de acoplamento) e z é a distância percorrida pelo
sinal óptico dentro do acoplador), sendo m um número ímpar inteiro. A menor
distância, na qual surge uma máxima transferência de potência, é denominada de
“Comprimento de acoplamento”, dado por
z=L
c
=
π
(estado cruzado).
Acopladores de fibras ópticas com L = L
c
transferem toda a potência de entrada
na porta 1, para a segunda porta de saída, ou seja, a porta de saída 2, operando em
estado cruzado, enquanto que toda a potência óptica lançada na porta 1 sai na porta
1 de saída, quando L = 2L
c
,operando em estado direto.
150
6.1 Análise Matemática dos Acopladores PhC
6.1.1 Método do Supermodo
No caso mais simples de dois guias de onda monomodos a estrutura suporta dois
super modos, com os respectivos auto-vetores e , os quais possuem
paridades par (“even”), e ímpar (“odd”), respectivamente, conforme pode ser
observado na Figura 6.2. Esses supermodos possuem diferentes constantes de
propagação; β
even
e β
odd
.
Figura 6.2. Acoplamento direcional de acordo com o método dos supermodos.
O sinal de entrada na porta A excita uma sobreposição dos modos par “even” e
ímpar “odd”. No final do comprimento de acoplamento (Lc) o deslocamento de fase
entre os dois supermodos é π, e o sinal deixa o acoplador através da porta B.
Os modos acima referidos podem ser representados através dos modos não
acoplados nos guias de onda A e B, respectivamente:
. (6.1)
O campo total no acoplador pode ser expresso como uma sobreposição dos dois
supermodos
.
(6.2)
No início da propagação (z = 0) da seção de acoplamento, o campo está
completamente embutido no guia de onda A, ou seja,
φ
z= 0
= A
. Após o
151
percurso através do comprimento de acoplamento L
c
o campo foi totalmente
comutado para o guia de onda B, ou seja,
φ
z=L
c
=B
. Isto somente acontece,
se o comprimento de acoplamento L
c
for um número ímpar múltiplo da metade do
comprimento de batimento, ou seja,
. (6.3)
Na Figura 6.3 mostramos a relação de dispersão referente a dois guias de ondas
acoplados. Observe que os supermodos “even” e “odd” possuem uma diferença de
constante de propagação igual a Δβ. No caso de dois guias de ondas idênticos a
transferência de potência é completa. Tratando-se de dois guias de ondas acoplados
multimodos, como, por exemplo, W
3
, existem algumas restrições com relação à
completa transferência de potência, conforme veremos mais a frente.
Figura 6.3. Relação de dispersão de dois guias de onda acoplados.
Um cálculo alternativo do comprimento de acoplamento é originado a partir da
oscilação de Rabi referente a dois osciladores acoplados [64].
6.1.2 Método do Modo Acoplado
Tratando-se de um acoplador constituído por dois guias de ondas dielétricos,
geralmente surgem apenas acoplamentos co-direcionais. Entretanto, no caso
especial de guias de ondas PhC, onde a interface do guia possui corrugação
periódica, pode ocorrer, simultaneamente, acoplamento contra-direcional. Esse fato
possibilita o acoplamento entre o modo fundamental e os modos de ordem mais alta,
152
proporcionando a formação de “Mini-StopBands”. Todavia, vamos considerar apenas
o acoplamento co-direcional.
A teoria do modo acoplado considera a troca de energia entre dois modos. Essa
teoria é iniciada com a descrição do campo
E
dos dois modos localizados nos
guias de ondas muito próximos um do outro. O campo total (super-modo) da
estrutura acoplada é baseada nos modos sem perturbação das respectivas
constantes de propagação, que se propagam em ambos os guias de ondas. A
equação abaixo é uma solução da equação geral dos modos acoplados:
E
x , y , z , t
=A
z
E
a
x , y
e
j
wt β
a
z
B
z
E
b
x , y
e
j
wt β
b
z
. (6.4)
Entretanto, a Equação (6.4) precisa, também, satisfazer a Equação geral de onda
para estrutura acoplada, considerando-se a perturbação que surge nas constantes
de propagação.
Inserindo-se a Equação (6.4) na Equação geral de onda para estrutura acoplada e
após diversas manipulações matemáticas, obtemos:
E
x , y , z , t
=A
z
E
a
x , y
e
j
wt
β
a
Δβ
a
z
B
z
E
b
x , y
e
j
wt
β
b
Δβ
b
z
. (6.5)
A partir da Equação (6.5) obtemos as equações dos modos acoplados para o
acoplador direcional:
dA
dz
= jk
ab
Be
j2δβ
ab
z
,
dB
dz
= jk
ba
Ae
j2 δβ
ab
z
, (6.6)
onde
δβ ab=
1
2
β
a
Δβ
a
β
b
Δβ
b
.
Na Figura 6.4 está ilustrado o processo de obtenção das equações dos modos
acoplados referentes ao acoplador direcional.
153
Figura 6.4 Esquemático para obtenção das equações dos modos acoplados.
Observe que as constantes de propagação sem perturbação (β
a
e β
b
) dos guias
de onda A e B são modificadas devido à presença do material dielétrico adicional
dos guias de ondas adajacentes para, β
a
+ Δ β
a
e β
b
+ Δ β
b
. O acoplamento entre os
dois guias de onda é ocasionado pelo coeficiente de acoplamento (k
ab
e k
ba
).
Podemos deduzir o comprimento de acoplamento para um acoplador direcional
com constantes de propagação idênticas
a
= β
b
) e coeficiente de acoplamento k
ab
=
k
ba
.
Lc=
π
2k
(Estado cruzado), (6.7)
onde L
c
representa o comprimento onde a potência de um guia de onda é totalmente
transferida para o outro guia de onda.
6.2 Acopladores em PhC com o Formato dos Buracos Alterados
Vamos analisar um acoplador direcional PhC baseado em uma estrutura PhC
triangular de buracos de ar com periodicidade “a” dentro um guia de onda planar de
semicondutores. InP, ou GaAs são os materiais escolhidos, uma vez que o os
mais indicados para dispositivos de telecomunicações atuando na janela de
1550nm. Esse acoplador é constituído por guias de onda W1, os quais
demonstraram possuir curto comprimento de acoplamento, quando comparados com
outros acopladores PhC, atuando sobre a total faixa de operação.
Na Figura 6.5 mostramos a relação de dispersão para um determinado acoplador
direcional e para um guia de onda monomodo equivalente.
154
Figura 6.5. Esquemático de um acoplador [65].
Na Figura 6.5 está mostrada a estrutura de um acoplador constituído por dois
guias de onda idênticos formados por duas linhas de buracos de raio igual a 0,4a,
separados por 1 linha de buracos com raio igual 0,3a.
Os guias de onda são formados por duas linhas paralelas de buracos de ar com
raio igual a 0,4a de forma que o acoplador como um todo é formado por cinco linhas
de defeito com os buracos dispostos em uma estrutura retangular. Quando
combinadas com a região de barreira, essas duas linhas que compõem os núcleos
dos guias de onda são muito similares em estrutura ao guia onda otimizado. Esse
guia de onda otimizado, o qual possui uma estrutura conforme mostra a figura 6.5,
possui a característica de que a sua relação de dispersão possui uma segunda faixa
de freqüências localizada na metade da banda proibida, a qual limita a faixa de
banda passante monomodo. Elaborando-se pequenas modificações no índice de
refração do núcleo, podemos expandir essa nova faixa de freqüências, trazendo
essa banda inferior para fora da zona proibida (“stopband”). Uma análise das
relações de dispersões de vários guias de ondas PhC revelaram que uma estrutura
constituída por buracos centrais com raios de 0,425a entre linhas com buracos de
raios iguais a 0,4a e 0,3a produz a maior faixa monomodo, de acordo com com a
Figura 6.6. A largura desse guia de onda é interessante porque o mesmo é mais
largo que a maioria dos guias de ondas monomodo existentes, o que o torna
apropriado para ser usado para acoplar luz proveniente de uma fibra óptica de forma
mais eficiente dentro do dispositivo PhC.
155
Figura 6.6. Relação de dispersão do guia de onda otimizado com a faixa de freqüência
monomodo em torno de 88,7% da faixa proibida [65].
O acoplador cujo esquemático está representado na Figura 6.5 possui uma banda
passante monomodo relativamente larga. Nesse acoplador a barreira separa os
guias de onda e aprimora a relação de dispersão do mesmo. Os modos desse
dispositivo surgem em pares complementares (“even” e “odd”) em freqüências acima
e abaixo da faixa da estrutura do guia de onda individual. O resultado dessa simetria
de modos é que uma sobreposição desses modos pode se propagar ao longo do
acoplador com diferentes constantes de propagação, ocasionando o deslocamento
de potência de um guia para o outro. Na freqüência de 0,25c3a os supermodos
“even” e “odd” na estrutura possuem constantes de propagação βeven βodd que
diferem de 0,1046x2π/a. O comprimento de batimento L
B
do acoplador direcional
nessa freqüência é L
B
= 2π/|βodd - βeven| = 9,56a resultando em um comprimento de
acoplamento igual 4,78a.
Vamos agora analisar outros tipos de acopladores constituídos por dois guias de
ondas W
1
separados por uma linha de buracos. A figura 6.7 mostra o diagrama da
faixa fotônica com a relação de dispersão de guia de ondas W
1
(azul - tracejada) e o
referencial de um acoplador (linhas sólidas).
156
Figura 6.7. Diagrama de dispersão de um guia de onda W1 (linhas tracejadas), e de um
acoplador (linhas sólidas) [66].
O acoplador referente à Figura 6.7 possui os buracos centrais com raios
reduzidos (R
c
= 0,25a), restrito à metade superior do intervalo de faixa fotônico
(PBG). A área sombreada representa a área da faixa fotônica do PhC. A região
quase monomodo é limitada pelos modos na faixa do ar e pelo modo “odd”.
Devido a presença de um segundo guia de onda, os modos do guia W
1
são
acoplados com os modos do outro guia de onda, o que ocasiona a divisão em dois
modos dentro do acoplador, com diferentes constantes de propagação β [65].
O parâmetro de divisão Δβ dos dois modos está assim relacionado:
Lc=
π
Δβ
. L
c
é o comprimento de acoplamento, o qual está relacionado com o coeficiente de
acoplamento k através de
k
π
2L
c
. Tendo em vista um melhor desempenho do
acoplamento entre os dois guias de ondas, incluímos diversas modificações nos
projeto original, conforme mostramos na Figura 6.8 (Projeto A). A linha de separação
possui buracos com raios menores que os outros buracos da estrutura PhC,
conforme podemos observar na Figura 6.8 (Projeto B) ou, além disso, os buracos
na interface dos guias de ondas W
1
são maiores, de acordo com a Figura 6.8
(Projeto C).
157
Figura 6.8. (a) Esquemático de três projetos de acopladores PhC. (b) Simulações PWE da
faixa de operação e comprimento de acoplamento mínimo [66].
Na Figura 6.8 as linhas vermelhas representam os acopladores com buracos da
fronteira com raio r
e
= 0,31a, para diferentes raios de buracos centrais (r
c
). As linhas
azuis correspondem aos projetos com os raios dos buracos da fronteira r
e
= 0,33a,
0,35a, e 0,37a, para as linhas superior, central, e inferior de cada grupo,
respectivamente.
A faixa de operação dos acopladores é a faixa de freqüência onde:
1) O parâmetro de divisão Δβ dos modos é grande e constante.
2) Apenas dois modos estão presentes para cada freqüência.
Tendo em vista que o modo “odd” do guia de onda W1 está localizado no meio da
PBG do acoplador, o mesmo divide o PBG em duas metades. Dependendo do
projeto a região quase monomodo pode ficar localizada acima, ou abaixo do modo
“odd” do guia W
1
.
O parâmetro de divisão do modo Δβ(u) da faixa operacional abaixo do modo “odd”
de W
1
, normalmente é muito dependente da freqüência reduzida (u = a/λ). A janela
superior de freqüência possui Δβ(u) mais plana em função da freqüência reduzida, o
que a torna apropriada para divisores de potência de banda larga. Nesse estudo
escolhemos a parte superior da região quase monomodo, com o intuito de obtermos
de forma simultânea, uma larga faixa de operação, bem como um curto comprimento
de acoplamento.
6.2.1 Modelagem
Devido às grandes dimensões do acoplador, não é possível a elaboração de
simulações 3D. Entretanto esses acopladores podem ser analisados através de
simulações 2D. O perfil vertical da estrutura do acoplador ((revestimento de InP
158
(300nm, n = 3,17)/núcleo de InGaAsP (522nm, n = 3,35)/substrato de InP (n = 3,17))
pode ser representado de forma precisa através de um índice de refração efetivo
(n
eff
) [67]. No nosso caso n
eff
foi calculado de forma analítica, levando-se em
consideração o perfil acima referido, o qual é igual a 3,258 para λ = 1550nm. Os
raios dos buracos localizados na placa PhC possuem valores r = 0,31a, uma vez que
esse valor proporciona um bom balanço entre a largura da PBG e as tolerâncias de
fabricação. Os acopladores direcionais PhC são simulados através da ferramenta de
simulação “Finite-Element” FE COMSOL, e da ferramenta MPB (MIT Photonic-
Bands) para o PWE [68]. A luz acoplada no guia adjacente é referida como estado
cruzado “cross state”, enquanto que a luz transmitida é referida como estado direto
“bar state” (Figura 6.9).
Obtemos o L
c
através de simulações via FE, plotando-se a função
A cos
2
πx
L
c
,
a qual representa a intensidade da potência no guia de onda no estado “bar” em
função da posição no guia de onda (x) [69]. Foram elaboradas simulações da
densidade de potência no estado “bar”, para cada freqüência individualmente. A e L
c
são parâmetros do gráfico. A dispersão na placa PhC é avaliada em simulações 2D
através do cálculo de n
eff
para cada freqüência individual. Por outro lado nas
simulações via PWE L
c
é extraído do parâmetro de divisão Δβ(u) dos modos na
região quase monomodo do acoplador. Cada projeto é simulado através de ambos
os métodos, a fim de se verificar a validade dos resultados obtidos. A faixa
operacional sempre é determinada através do método PWE, uma vez que o método
FE não fornece informações precisas sobre a faixa.
Três diferentes estratégias de projetos foram analisadas conforme ilustramos na
Figura 6.8(a). O projeto A trata-se do acoplador convencional constituído por guias
de ondas W
1
separados por 1 linha de buracos. O acoplador do projeto B possui
buracos com raios reduzidos na região central de separação, enquanto o acoplador
do projeto C além de possuir buracos com raios menores na região central de
separação, possui também buracos com maiores raios nas regiões das interfaces do
PhC com o guia de onda W
1
.
O Projeto A exibe um fraco acoplamento o que ocasiona um L
c
mínimo de 1000a.
Reduzindo-se os raios dos buracos da linha de separação de r
c
= 0,31a a r
c
= 0,13a,
conforme está detalhado na Figura 6.8(b), a intensidade de acoplamento aumenta,
proporcionando uma drástica redução de L
c
(menor que 34a). Entretanto, essa
159
redução é alcançada com uma banda passante três vezes menor do que a obtida no
projeto A. O decréscimo de L
c
é visualizado através dos pontos plotados referentes
aos diferentes projetos dos acopladores, conforme está mostrado a Figura 6.9.
Figura 6.9. Simulações do campo Hz para os acopladores dos Projetos A e B [66].
Adicionalmente ao efeito da diminuição dos raios dos buracos da região de
separação, o aumento dos raios dos buracos das interfaces do PhC com o guia de
onda proporciona o decréscimo de L
c
de 13% com os buracos da região de
separação r
c
= 0,25a e de 23% para r
c
= 0,19a, incrementando-se os raios dos
buracos das interfaces para r
e
= 0,37a, de acordo com a Figura 6.8(b). A largura da
faixa operacional quase não é afetada pelo aumento dos raios dos buracos das
interfaces, porém a mesma é deslocada na direção das freqüências da região do ar.
A escolha dos raios da região de separação é obtida levando-se em consideração a
faixa operacional e o comprimento de acoplamento desejado. A redução de L
c
via
alargamento dos buracos das interfaces é limitada apenas pela habilidade de
obtenção desses largos buracos durante a fabricação. Portanto, o mínimo L
c
para
uma específica aplicação é definida pela faixa operacional desejada, a qual por sua
vez determina o raio dos buracos da região de separação. Os raios dos buracos da
região das interfaces r
e
podem ser incrementados para a obtenção da conseqüente
diminuição do comprimento de acoplamento, até que a faixa operacional comece a
se sobrepor sobre os modos do corpo do PhC, ou até o limite suportado pelo
processo de fabricação.
O projeto com buracos da região de separação r
c
= 0,19a proporciona L
c
menor
que 52a e uma faixa de operação de 16% da PBG total. Nosso acoplador terá esse
raio para os buracos da região de separação, e iremos variar o raio dos buracos das
interfaces, a fim de analisarmos o desempenho desses acopladores. Na Figura 6.10
apresentamos os comprimentos de acoplamento obtidos.
160
Figura 6.10. Comprimento de acoplamento em função da freqüência reduzida [66].
As plotagens observadas na Figura 6.10 foram obtidas através de simulação via
FE (retângulos com interior branco) e PWE (retângulos cheios), para acopladores
com r
c
= 0,19a e diferentes raios dos buracos das interfaces.
Os métodos (FE e PWE) apresentaram resultados muito semelhantes, com uma
discrepância abaixo de 4%. A variação do comprimento de acoplamento dentro da
faixa operacional é menor que 10% para todos os acopladores com r
c
= 0,19a, o que
proporciona a utilização desses acopladores em divisores de potência, para uma
determinada razão de divisão desejada.
6.2.2 Fabricação e Medições
As estruturas com buracos da região de separação com raio r
c
= 0,19a foram
fabricados com uma contante de periodicidade a = 435nm. O perfil vertical do
empilhamento é constituído por um revestimento de InP (300nm, n = 3,17) , um
núcleo de InGaAsP (522nm, n = 3,35), e um substrato de InP (n = 3,17). Para a
fabricação desses acopladores foi usada uma combinação de litografia de fluxo de
elétrons, gravação reativa (RIE) e plasma acoplado indutivamente [70 – 72].
Um guia de onda W
1
com comprimento de 10a é colocado antes do acoplador,
para permitir o estabelecimento do modo. Uma pequena região com buracos de
raios decrescentes é adicionada no início do acoplador propriamente dito, a fim de
se evitar as reflexões que ocorreriam devido às diferenças entre os modos do guia e
do acoplador W
1
.
Os guias de ondas são separados imediatamente após o acoplador através de um
separador de guias de ondas multimodo. A largura e distância desse separador de
161
guias de ondas estão em concordância com o guia de ondas W
1
. Nessa análise não
incorporamos nenhuma curva no acoplador, com o intuito de simplificarmos a
interpretação dos resultados. Através de simulações FE e medições, verificamos que
o acoplamento após a saída na curta região onde os guias de ondas são separados
pode ser desprezada. A luz entre o acoplador e as facetas clivadas é guiada através
de guias de ondas com dimensões de 3μm, possuindo comprimentos em torno de
1,5mm, os quais estão embutidos no PhC. Na Figura 6.11 mostramos uma fotografia
micrométrica de um acoplador, incluindo a região de acoplamento, o guia de onda
W
1
com o separador, bem como o acesso aos guias de ondas.
Figura 6.11. Fotografia micrométrica (SEM) de um acoplador PhCpico [66].
Na Figura 6.1 um guia de onda W
1
precede o acoplador e uma curta região na
interface com o acoplador evita reflexões entre o guia de onda W
1
e o acoplador.
Os dois guias de ondas de saída são separados por apenas uma linha de
buracos, porém a análise da transmissão desse acoplador mostrou que essa
terminação não modificou as características de transmissão.
A caracterização do dispositivo apresentado na Figura 6.11 é elaborada através
da técnica “endfire”. A luz é proveniente de um chip com LASER de espectro entre
1470nm a 1630nm, a qual trata-se da faixa de freqüência reduzida entre u = 0,267 a
0,297, para a = 435nm.
Para cada projeto de acoplador foram analisados acopladores com cinco
diferentes comprimentos (10a, 20a, 30a, 40a, e 50a). A transmissão nas condições
de estado direto e cruzado foram obtidas sem movimentação da fibra de entrada. Foi
utilizada uma afinação espectral de λ = 0,5nm para a fonte ajustável, e as médias
das medições foram obtidas sobre uma janela deslizante de 5nm, para eliminar a
influência da cavidade FP parasita entre o acoplador e as facetas clivadas. A
potência de transmissão medida (P) foi normalizada para cada medição e freqüência
de acordo com a expressão P(u)
bar,cross,norm
= P(u)
bar,cross
/(p(u)
bar
+ P(u)
cross
). Essa
normalização torna as medições independentes da eficiência do acoplamento, bem
162
como da perda do guia de onda. Para cada freqüência o comprimento de
acoplamento foi extraído através do gráfico da potência normalizada versus
comprimento do dispositivo com A.cos
2
(π.x/L
c
) e A.sen
2
(π.x/L
c
) para os estados,
direto, e cruzado, respectivamente. Foi adotada a média dos mínimos dos
quadrados das distâncias (RMS) durante os 10 pontos de medição. O erro desse
sistema é em média de 5%. Embora que o substrato do PhC por necessidade opera
acima da linha de luz do substrato, e portanto não sofra perda intrínsica, na prática
as perdas resultam principalmente fora do pano, induzida pelas imperfeições de
fabricação. Para se estimar as perdas do acoplador levamos em consideração as
medições de referência do guia de onda W
1
, como limite superior da perda. A perda
no guia de onda W
1
é de aproximadamente 160dB/nm dentro da faixa operacional
do acoplador, conforme determina o método “cutback”.
Os comprimentos de acoplamento medidos estão apresentados na Figura 6.12
para acopladores com r
c
= 0,19a, e r
e
= 0,31a até r
e
= 0,37a, simulados via PWE. As
medições experimentais dos comprimentos de acoplamento resultaram em 60a até
70a, estando entre 8a e 12a mais alto que as correspondentes simulações via PWE.
O aumento desprezível de L
c
em função da freqüência é reproduzido nas medições.
Uma maior redução do L
c
para determinada freqüência, pode ser obtida através do
aumento dos raios dos buracos das interfaces.
Figura 6.12. (a) Gráfico da potência transmitida normalizada para o estado direto
(quadrados cheios), e “cross” (quadrados vazios), versus comprimento do dispositivo [66].
Observe na Figura 6.12(a) o gráfico da potência transmitida normalizada para o
estado direto (quadrados cheios), e “cross” (quadrados vazios), versus comprimento
do dispositivo, com r
c
= 0,19a, r
e
= 0,31a, e u = 0,271. Na Figura 6.12(b) estamos
mostrando a comparação entre a simulação PWE (linha tracejada) e as medições
experimentais (linhas sólidas) dos acopladores com r
c
= 0,19a.
163
A diferença que ocorre em relação ao comprimento de acoplamento referente às
medições e simulações em torno de 10a ocorre devido às pequenas variações nas
dimensões dos buracos durante a fabricação. As variações das dimensões dos
buracos após a fabricação do PhC em relação às dimensões ideais foram
observadas através de microfotografias, as quais estão apresentadas na Tabela 6.1.
Observe também nessa mesma tabela, o impacto que ocorre no comprimento de
acoplamento em função dos desvios das dimensões dos buracos, os quais foram
obtidos através de simulações via PWE.
Tabela 6.1 Comparação entre as dimensões dos buracos desejados, e fabricados, bem como
do impacto no comprimento de acoplamento via simulações PWE.
Buracos Medições das
dimensões dos
buracos (% em
relação ao ideal)
Variação do
comprimento de
acoplamento para
desvio de 1% das
dimensões dos
buracos
Modificação
esperada do
comprimento de
acoplamento
devido ao desvio
das dimensões
dos buracos
Dimensões dos
buracos centrais
109% 1,6a 14,4a
Dimensões dos
buracos das
fronteiras
93% -0,4a 2,8a
Dimensões dos
buracos do PhC
96% 0,2a -0,8a
A contribuição das variações das dimensões nos buracos centrais em relação ao
comprimento de acoplamento (1,6a) são mais acentuadas, uma vez que esses
buracos interagem fortemente com os modos propagantes.
6.3 Acopladores em PhC Comutados por Alteração da
Condutividade
A estrutura mostrada na Figura 6.13 não mais se trata de um dispositivo com um
único modo uma vez que nesse caso, mesmo o modo propagante na região de
acoplamento possui agora duas soluções de auto-valores, sendo um simétrico
(“even”), e outro anti-simétrico (“odd”), os quais possuem constantes de propagação
com uma pequena diferença, e portanto se propagando com diferentes velocidades.
164
Figura 6.13. Acoplador embutido cristal fotônico com estrutura triangular de hastes
dielétricas submersas em ar [73, 74].
Na Figura 6.13 o acoplador é constituído por dois guias de onda embutidos em
cristal fotônico separados por uma linha de hastes dielétricas submersas em ar com
comprimento L
c
, utilizando-se um PhC com estrutura periódica quadrada de hastes
de silício. Os guias de onda dessa estrutura são análogos aos guias de onda de
silício “2D e-beam-etched” desenvolvidos por Loncar et al.
Para se calcular o comprimento de acoplamento a fim de que o sinal inserido em
uma das portas de entrada consiga passar para o outro guia de onda, precisamos
primeiramente determinar as constantes de propagação, dependentes da
freqüência, dos modos “even” e “odd”, o que se denomina de relação de dispersão
do sistema de guias de ondas acoplados. Para a determinação dessa relação utiliza-
se uma célula unitária computacional mostrada na parte inferior direita da figura 6.14
(a), uma vez que a estrutura é periódica. Vamos primeiramente considerar os
cálculos numéricos referentes ao acoplador mostrado na Figura 6.13, constituído por
dois guias de ondas monomodos embutidos no PhC bi-dimensional (2DPhC). Os
guias de onda foram obtidos através da remoção de uma linha de hastes dielétrica
da estrutura quadrada composta por hastes dielétricas infinitamente longas,
submersas em ar.
Os parâmetros do PhC usado são os seguintes: As hastes dielétricas possuem
uma constante dielétrica ε
r
= 11,56 com raio r = 0,2a, onde “a” é a constante de
periodicidade do PhC.
A estrutura PhC com os parâmetros acima determinados possui uma PBG
completa na faixa espectral 0,23 a/λ 0,41, para polarização TM (campo
magnético no plano).
165
A estrutura mostrada na Figura 6.13 pode ser analisada de forma numérica
através do método PWE (“Plane Wave Expansion” [75], ou do método FDTD (“Finite
Difference Time Domain (FDTD) [76, 77], considerando-se as condições de fronteira
periódica. O resultado de cada um dos métodos acima é o diagrama de dispersão
modal para os auto-modos da estrutura, através do qual podemos extrair as
constantes de propagação modal, e consequentemente calcular o comprimento de
acoplamento necessário para a total comutação da potência óptica do guia de onda
onde o sinal óptico foi inserido, para o outro guia de onda.
Vamos detalhar cada método utilizado, bem como analisar os resultados obtidos.
Utilizamos em nossas análises a super-célula mostrada na Figura 6.14(a). O método
PWE foi utilizado para computar de forma numérica as constantes de propagação de
Bloch, para uma onda plana se propagando através da super-célula.
O diagrama de dispersão obtido usando-se o PWE está mostrado na Figura
6.14(a).
Por outro lado, o método FDTD foi usado admitindo-se um conjunto de constantes
de propagação normalizadas na faixa (0 <β2π/a <0,35) com um intervalo
Δβ = 0,01×2π/a. Com o intuito de se caracterizar os modos “odd” e “even” foram
emitidas excitações tanto de um modo TE (“even”), quanto de um modo TM (“odd”)
[78]. Observou-se, então, que os auto-modos com freqüências mais baixas
pertencem ao modo “even”, enquanto os auto-modos com freqüências mais altas
pertencem ao modo “odd”. O diagrama de dispersão foi, então, plotado, sobre a
mesma plotagem referente ao método PWE, e podemos notar através figura 6.14(a),
que eles praticamente se sobrepõem.
Vamos focalizar as curvas de dispersão modal apenas dentro da PBG da
estrutura (0,23 ≤ a/λ ≤ 0,41), conforme mostra a figura 6.14(b).
Através das curvas de dispersão dos modos “odd” e “even” obtidos anteriormente,
podemos calcular o comprimento de acoplamento necessário para que a potência
óptica do sinal inserido no guia de onda 1 seja transferida para o guia de onda 2,
usando-se o seguinte procedimento: encontrar os valores correspondes das
constantes de fase modal de Bloch normalizadas, para os auto-modos “even” e
“odd”. O comprimento de acoplamento necessário para a total transferência de
potência óptica pode, então, ser assim calculada [79]
L
c
=
π
β
e
β
o
. (6.8)
166
Por exemplo, para o dispositivo com as características mostradas na figura 6.13,
para um comprimento de onda de 1550nm (a/λ = 0,35), com a = 542,5nm, e r =
108,5nm, podemos encontrar a constante de propagação dos modos “odd” e “even”,
utilizando-se a figura 6.14(b):
β
o
=
2π0 ,1977
a
=2,357 x 10
6
m
1
e
β
e
=
2π0 , 2154
a
=2, 568 x 10
6
m
1
. Agora, podemos , então, calcular o comprimento de
acoplamento:
Lc=
π
2,5682,357
x 10
6
=14 ,88 μm=
14 , 88 μm
0,5425 μm
a=28 a=9,6 λ
. (6.9)
Observe que os valores no eixo x dos gráficos da Figura 6.14 devem ser
multiplicados por 2π/a, uma vez que trata-se da constante de propagação
normalizada, ou seja, dentro da zona irredutível de Brillouin.
Do acima exposto, concluímos que a total transferência de potência óptica do guia
de onda 1 para o guia de onda 2 requer um comprimento de acoplamento de apenas
aproximadamente 10 comprimentos de onda, o que prova, que esse dispositivo está
apto para operar em aplicações de circuitos integrados de alta densidade baseados
em PhCs.
167
Figura 6.14. (a) Diagrama de dispersão para a estrutura mostrada na figura 6.13, obtida
usando-se os métodos PWE e FDTD. (b) Curvas de dispersão do sistema CPhCW mostrado
em (a). (c) Diagrama de dispersão para um sistema CPhCW embutido em um PhC com
estrutura triangular de buracos de ar perfurados em dietrico. (d) Curvas de dispersão
CPhCW mostrado na parte (c) [1].
Na Figura 6.14(a) podemos observar o diagrama de dispersão para a estrutura
mostrada na figura 6.13, obtida usando-se os métodos PWM e FDTD. Existem duas
soluções correspondentes aos auto-valores (“odd” e even”) dentro da PBG (0,23
<a/λ< 0,41). As linhas tracejadas correspondem aos resultados via FDTD, e as
linhas sólidas aos resultados PWE. Na Figura 6.14(b) mostramos as curvas de
dispersão modal dos auto-modos do sistema CPhCW mostrado na Figura 6.14 (a),
onde o modo “odd” é o modo com freqüência mais alta, e o modo “even” é o modo
de freqüência mais baixa. Uma linha reta traçada a partir do eixo da freqüência
normalizada corta as duas curvas, o que proporciona a determinação das constantes
de propagação modal dos modos “odd” e “even”. Consequentemente se pode
calcular o comprimento de acoplamento L
c
. Na Figura 6.14(c) está apresentado o
diagrama de dispersão para um sistema CPhCW constituído por dois guias de onda
168
criados em uma disposição triangular de buracos de ar em substrato de alta
constante dielétrica. Duas camadas de buracos de ar na região de acoplamento
separam os dois guias de onda. O diagrama de dispersão obtido usando-se o
método PWE mostra que existem dois modos soluções (“even” e “odd”) dentro da
PBG (0,24786 <a/λ< 0,3131). Na Figura 6.14(d) mostramos as curvas de dispersão
modal dos auto-modos do CPhCW mostrado na parte (c) dessa figura, onde o modo
“odd” é modo com freqüência mais baixa, e o modo “even” é o modo com freqüência
mais alta. De forma idêntica ao apresentado na parte (b) dessa figura, uma linha reta
traçada a partir do eixo da freqüência normalizada corta as duas curvas, e desse
modo as constantes de propagação dos modos “odd” e “even” podem ser
determinadas, e então, usadas para o cálculo do comprimento de acoplamento L
c
,
dependente da freqüência.
Agora, vamos considerar o caso da placa de silício perfurada com buracos de ar,
para a qual utilizamos uma aproximação do índice de refração efetivo, a fim de
simplificar o problema de computação 3D, para 2D. Esse método foi usado
previamente e ofereceu resultados similares aos resultados 3D, com a vantagem de
diminuir o tempo de computação [80, 81].
Utilizando-se a Equação transcendental em [82], encontramos n
eff
= 2,88. A
estrutura utilizada é triangular com buracos de ar de acordo com a relação r/a = 0,3.
Com esses parâmetros a análise 2D dessa estrutura possui uma PBG na faixa
espectral 0,24786 a/λ 0,3131 para polarização TE (campo elétrico no plano).
Para nossas simulações 3D foi usada uma estrutura triangular 3D com espessura de
acordo com a relação t/a = 0,6, e com perfurações de buracos de ar de acordo com
a relação r/a =0,3. Encontramos, então, a PBG na faixa espectral 0,2475 ≤a/λ≤
0,3125 também para modos TE (modo “even”). Portanto, podemos utilizar a
aproximação do índice de refração efetivo, a fim de se reduzir os cálculos
computacionais. O próximo passo é encontrarmos um guia de onda monomodo em
uma estrutura triangular de buracos de ar. Tal guia de onda foi encontrado
previamente em [83], de tal forma, que podemos utilizar os resultados obtidos, a
fim de encontrarmos um sistema de dois guia de ondas monomodos acoplados,
conforme ilustrado na Figura 6.15.
169
Figura 6.15. Acoplador embutido em uma estrutura periódica de buracos de ar no formato
triangular [83, 84].
Acoplador mostrado na Figura 6.15 é constituído por dois guias de onda
embutidos em cristal fotônico constituído, bem próximos um do outro, separados por
uma linha de buracos de ar perfurados na placa PhC com comprimento Lc. Esse
sistema é formado através de uma estrutura periódica de buracos de ar no formato
triangular.
Para se obter a dispersão modal dos modos “even” e “odd” resolvemos
numericamente os auto-modos dentro da super-célula, mostrada na Figura 6.14(c),
através do método PWE. Consideramos, novamente, apenas as curvas de dispersão
modal para essa estrutura, dentro da PBG (0,2475 ≤a /λ≤ 0,3125), conforme
mostrado na Figura 6.14(d). Tendo em vista que as curvas de dispersão modal
foram obtidas tanto para os modos “odd”, quanto para os modos “even” o
comprimento de acoplamento, dependente da freqüência, pode ser obtido, seguindo-
se o mesmo raciocínio apresentado para o caso de PhC com hastes dielétricas.
Por exemplo, para um comprimento de onda de 1550nm teremos a/λ = 0,27, para a
= 435nm, e r = 145nm.
Utilizando-se a Figura 6.14(d) podemos encontrar as constantes de propagação
dos modos “odd” e “even”:
β
e
=
2π0 , 2034
a
=2, 9379 x10
6
m
1
e
β
o
=
2π0 ,2359
a
=3, 4074 x 10
6
m
1
e em seguida os
valores do comprimento de acoplamento,
170
Lc=
π
3, 40742, 9379
x 10
6
=6, 69 μm=
6, 69 μm
0, 435 μm
a=15 , 38 a=4,5 λ
. (6.10)
Comparando-se as curvas de dispersão modal dos modos “even” e “odd” na
Figura 6.14(d), podemos notar, que diferente do que ocorre no caso da estrutura
PhC com hastes dielétricas, de acordo com a Figura 6.14(c), onde os modos com
freqüências mais altas pertencem ao modo “odd” e modos com freqüência mais
baixas pertencem ao modo “even”, no caso da estrutura PhC de substrato de silício
perfurado com buracos de ar, os modos com maiores freqüências pertencem ao
modo “even”, e os modos com menores freqüência pertencem ao modo “odd”.
6.3.1 Método de Comutação
Diferentemente do método utilizado por Lima Junior, A. W., A.S.B. Sombra, e
M.G. da Silva, para análise de acopladores ópticos de fibras ópticas com perfis de
dispersão, no qual a transferência de potência óptica entre os guias de onda surge
em função da intensidade do sinal óptico [85], essa célula de comutação está
baseada no fato de que a tangente de perda do material dielétrico na região de
acoplamento pode ser modificada através de comandos externos, a fim de modificar
as características de acoplamento.
Esse tipo de comutador é denominado comutador Δα, o qual utiliza diferente
tecnologia do comutador clássico Δβ. No comutador Δα é utilizada a alteração do
coeficiente de absorção óptico (Δα). Observe que a alteração na condutância (Δσ) é
proporcional a Δα ((σ(λ) = (c/2 λ)α).
Observamos que a perda induzida não atenua de forma significante as ondas
propagantes através dos guias de onda acoplados. Esse comportamento é análogo
ao apresentado por Soref and Little [86], onde foi utilizada absorção elétrica para
reduzir o “Q” de ressonadores acoplados a canais de guias de onda. Para se obter
comutação em guias de onda em PhC 2D feito de Si/Ar, ou Si/SiO
2
, a perda de
absorção do Si pode ser controlada através de:
Injeção de portadores tipo “P”, e “N” nas hastes,
Esvaziamento da dopagem das hastes através de portas MOS,
Geração de elétrons e buracos através da técnica “above-gap light
shining”, a qual é um processo sem contacto.
171
Podemos obter a comutação através de comando externo, utilizando-se os
resultados obtidos previamente por [1].
T(Estado direto) > 85% para σ > 10
5
Ω
-1
cm
-1
,
T(Estado cruzado) > 90% para σ < 10
2
Ω
-1
cm
-1
.
Se o acoplador estiver implementado em camadas heterogêneas de semi-
condutor III-V, então o efeito de absorção elétrica pode ser utilizada. Esse dispositivo
difere do comutador de Fan et al [87], o qual está baseado em ressonador de ponto
de defeito, ou de dois pontos de defeito, situados entre os dois canais. Fan et al
assumiram que o “Q” dessas cavidades pode ser modificado através de perda
induzida eletricamente nesses buracos.
Analisando-se a transmissão espectral desse acoplador, encontrou-se uma
resposta periódica [88].
6.4 Acopladores em PhC com Controle de Comutação através de
Efeitos Não Lineares
Na Figura 6.16 mostramos o esquemático de acoplador PhC com estrutura
periódica triangular constituída por hastes de silício com índice de refração n
H
=
3,47 e raio r = 0,2a, embutidas em um material com índice de refração mais baixo (n
L
= 1,45) [89]. Consideramos que as hastes dielétricas possuem coeficientes não
lineares de Kerr não desprezíveis. O acoplador é obtido através da remoção de duas
linhas de hastes dielétricas na direção
ΓK
(dois guias de onda W
1
), separadas por
uma única linha de hastes dielétricas com raio r
c
= 0,7r. A linha de hastes de
separação dos dois guias PhC é também um guia de onda, o qual pode ser usado
para o sinal de controle da comutação desse dispositivo. Note que nesse momento
estamos preocupados apenas em desenvolver o mecanismo desse tipo de
acoplador controlado por comando externo, de forma que novas estruturas, incluindo
os materiais utilizados, podem ser alterados, a fim de se melhorar o desempenho
desses comutadores totalmente ópticos.
172
Figura 6.16. Esquemático do acoplador controlado por comando externo [90].
A curva de dispersão desse acoplador foi obtido através do método PWE,
conforme mostrado na Figura 6.17. Observe que estão exibidos três diferentes
modos guiados na PBG. Os modos na faixa de freqüências de mais altas possuem
simetria “even” e “odd” em relação ao plano eqüidistante dos eixos dos guias de
ondas, os quais correspondem aos supermodos desse acoplador. Quando se excita
uma porta de entrada do acoplador, tanto o modo “even”, quanto o modo “odd” se
propagam, proporcionado uma transferência periódica de potência entre os dois
guias de onda.
Figura 6.17. Curva de dispersão do acoplador mostrado na Figura 6.16 [90].
Na Figura 6.17 a linha sólida representa a relação de dispersão do sinal de
controle. A linha tracejada, e a linha pontilhada representam a relação de dispersão
173
dos modos “even” e “odd”, respectivamente. A Figura 6.17 apresenta ainda os
gráficos das intensidades dos campos elétricos desses modos
Na Figura 6.18(a) apresentamos a distribuição do campo elétrico dentro do
acoplador, em relação á freqüência normalizada 0,3281, obtida via método FDTD,
quando se aplica a fonte óptica I
1
no regime linear. Observe que para esse
comprimento (L) do acoplador direcional, o mesmo encontra-se no estado cruzado
(“cross”), apesar de que esse acoplador poderia ter sido projetado para estar no
sólido direto (“bar”).
Figura 6.18. Distribuição do campo elétrico dentro do acoplador obtido através do método
FDTD para u = 0,3281. (a) Regime linear. (b) Regime não linear. (c) Sinal de controle para u =
0,285 [90].
O índice de refração da linha de hastes entre os dois guias de onda é alterado de
acordo a não linearidade de Kerr, quando um alto nível de potência é emitido como
sinal de controle o coeficiente de acoplamento k (mede a intensidade de
acoplamento entre os dois guias de onda) é alterado, e consequentemente a razão
entre as potências nas portas de saída do acoplador também é modificada. Se o
comprimento do acoplador, bem como o pico de potência do sinal de controle for
selecionado de forma apropriada, a resposta de comutação desse acoplador pode
ser revertida, ou seja, se o acoplador estiver no estado “cross” no regime linear,
conforme mostramos na Figura 6.18(a) (baixo nível de potência do sinal de controle),
o mesmo passará para o estado “bar”, de acordo com o qe mostramos na Figura
6.18(b), quando o sinal de controle passa para o nível mais alto de potência. Isso
acontece devido ao efeito da alta potência do sinal de controle sobre o índice de
refração da região de acoplamento entre os dois guias de onda, o que por sua vez
altera o comportamento do coeficiente de acoplamento. Desse modo, se consegue
174
obter um comutador controlado de forma óptica, através do sinal de controle em
diferentes faixas de freqüência, o qual se propaga através da linha central de hastes
dielétricas. Observe através da Figura 6.18(b) que no caso desse projeto surge uma
diminuição no coeficiente de acoplamento, diminuindo assim o período de transição
de comutação entre os estados “cross” e “bar”, de forma que após o sinal percorrer o
comprimento L, o mesmo sairá na porta de saída correspondente ao estado “bar”,
que antes da aplicação do comando externo saia na porta correspondente ao estado
“cross”.
Note ainda que o sinal de comando com menor freqüência é altamente confinado
na região de acoplamento, conforme está mostrado na Figura 6.18(c), e que o
mesmo possui uma relação de dispersão plana, e, portanto, possui uma baixa
velocidade de grupo próximo da faixa de fronteira, de acordo com o que está
apresentado na Figura 6.17. Tendo em vista o acima exposto, surgem efeitos não
lineares na região de alto índice de refração entre os dois guias de onda, mesmo
quando o sinal de controle possua nível de potência relativamente baixo [91].
175
7 ACOPLADOR COM MELHOR PERFORMANCE
PARA OPERAÇÃO NAS BANDAS C, L, E U DO ITU
Na figura 7.1 mostramos a estrutura do acoplador embutido em cristal fotônico
que apresentou os melhores resultados para operação nas faixas C, L e U (1530 nm
a 1675 nm) do ITU.
Esse acoplador está embutido em um PhC 2D de estrutura triangular de hastes
dielétricas com raio
r
b
= 0,2a, e índice de refração n = 3,35 submersas em
substrato dielétrico com índice de refração n
s
= 1,45, onde “a” é a constante de
periodicidade do PhC. O acoplador é constituído por dois guias de onda do tipo W
1
.
A região de acoplamento é uma linha de hastes dielétricas com raio r
c
= 0,14a.
A PBG dessa estrutura é 0,2639 < u < 0,3599.
Levando-se em consideração que o comprimento de onda λ = 1,55μm é o mais
utilizado em comunicações ópticas, escolhemos a = 500nm e desta forma
obtemos u = 0,3127 em relação a esse comprimento de onda. Note que essa
freqüência normalizada está localizada no meio da PBG. Tendo em vista que
adotamos a = 500nm, obtemos a faixa de freências normalizadas 0,2985 < u <
0,3268 para as faixas C, L e U do ITU, a qual está dentro da PBG referente a essa
estrutura.
Figura 7.1. Esquemático do acoplador.
O sinal de comando possui freqüência normalizada dentro da PBG (0,283),
porém fora da faixa de freqüências normalizada referentes às janelas C, L, e U do
ITU.
176
O controle da comutação é baseado na inserção do sinal de controle na região
de acoplamento, a qual funciona com outro guia de onda, confinado fortemente o
sinal de controle.
Na Figura 7.2 mostramos que a diferença entre as constantes de propagação
β
even
e β
odd
para a freqüência normalizada u = 0,3127, obtida através do PWE.
Podemos aplicar a Equação 6.3 para cada freqüência normalizada e dessa forma
obter o comprimento de acoplamento necessário. Por exemplo, se escolhermos u
= 0,3127, obtemos L
c
= 37μm, o qual é o comprimento de acoplamento mínimo
para esse comprimento de onda (estado direto).
Figura 7.2. Cálculo do comprimento de acoplamento.
Vale salientar que os sinais de dados e de controle possuem polarização TE,
enquanto os sinais utilizados em telecomunicações possuem polarizações
aleatórias. Portanto, é necessário que esses sinais de telecomunicações passem
através de um polarizador, antes de penetrarem no acoplador.
As hastes dielétricas na região de acoplamento atuam como guia de onda
periódico. Quando o sinal de comando é inserido na região de acoplamento, o índice
de refração aumenta (devido aos efeitos não lineares), proporcionando o decréscimo
do valor da constante de acoplamento. Considerando-se que o acoplador foi
projetado para inicialmente operar no estado direto, como está mostrado na Figura
7.3(a), o decréscimo da constante de acoplamento deve ser suficiente para o
acoplador passar a operar no estado cruzado, conforme podemos constatar através
da Figura 7.3 (b) [92].
177
Figura 7.3. Passagem do estado direto para o estado cruzado.
Na Figura 7.4(a) mostramos o padrão transversal da intensidade do campo
elétrico dos supermodos e do sinal de comando (u = 0,283). A frequência
normalizada do sinal de comando foi escolhida para proporcionar uma baixa
velocidade de grupo, a fim de se obter um grande efeito não-linear. Na Figura 7.4(b)
mostramos a relação de dispersão do sinal de comando obtida através do PWE.
Figura 7.4 (a). Intensidade do campo elétrico dos supermodos (u = 0.3127) e do sinal de
comando (u = 0,283). (b) Relação de dispersão do sinal de comando.
Na Figura 7.5(a) mostramos a distribuição do campo elétrico referente ao sinal de
dados (u = 0,3127) dentro do acoplador com comprimento 10*Lc, obtido através do
FDTD, antes da inserção do sinal de comando. Na figura 7.5(b) apresentamos a
distribuição do campo elétrico do sinal de dados, após a inserção do sinal de
comando. Na Figura 7.5(c) está mostrada a distribuição de campo elétrico referente
ao sinal de comando dentro do acoplador.
178
Figura 7.5 (a). Distribuição do campo elétrico antes da inserção do sinal de comando. (b)
Distribuição do campo elétrico antes da inserção do sinal de comando. (c) Distribuição do
campo elétrico referente ao sinal de comando.
A faixa de frequências normalizadas (u), bem como a faixa de vetores de onda (k)
relacionada às relações de dispersão dos supermodos são diferentes da faixa de
frequencias normalizadas (u), bem como da faixa de vetores de onda (k) relacionada
à relação de dispersão do sinal de comando, respectivamente.
Os três sinais ópticos dentro do acoplador poderiam ocasionar mistura de quatro
ondas. Entretanto, para que isto possa ocorrer precisaria existir a concordância das
freqüências e dos vetores de onda (“phase-matching”). O requerimento para
ocorrência de “phase-matching” é que Δk
j
= 0 (k
j
= n
j
w/c), j = 1 a 4.
É muito difícil se satisfazer a condição de “phase-matching” em nosso dispositivo,
devido às variações na estrutura do PhC.
O cálculo da potência óptica do sinal de comando deve levar em consideração o
aumento do índice de refração da região de acoplamento (
Δn
)
, o qual depende da
estrutura do PhC e da freqüência normalizada do sinal de comando:
179
P=
Δn
A
3n
2
vg
u
vg
c
.
(7.1)
Na Equação (7.1) P é a potência óptica desejada para o sinal de comando,
n
2
é o
índice de refração não linear, cujo valor máximo (1,2*10
-17
m
2
/W) está em torno do
comprimento de onda adotado para o sinal de controle (u = 0,283), A é a área efetiva
do modo (o volume modal é dado por (λ/2n)
3
),
vg
u
, é a velocidade de grupo do
sinal de comando em guia de onda axial uniforme convencional, e
vg
c
= 0,03*c, é a
velocidade de grupo do sinal de comando na região de acoplamento. Na figura
7.6(a) mostramos a relação entre a frequência normalizada e
vg
c
, e na Figura
7.6(b) exibimos n
2
em função do comprimento de onda [93, 94].
Figura 7.6. a) Frequência normalizada versus
vg
c
. b) Comprimento de onda versus n
2
.
Na Equação 7.1 foi levado em consideração o fator 2 (a modulação de fase cruzada
(XPM) induz uma variação duas vezes maior no índice de refração em relação à
auto-modulação de fase (SPM)), e o fator 1,5 (o confinamento longitudinal do modo
não é uniforme). Além disso, consideramos ainda a razão entre a velocidade de
grupo no centro de um guia de onda uniforme axial convencional, e velocidade de
grupo no guia de onda periódico.
Tendo em vista que nosso acoplador foi originalmente projetado para operar no
estado cruzado temos que
Δβ
c
L
c
=π
. Levando-se em consideração que
Δβ
d
L
c
=
, então obtemos
Δβ
c
=
Δβ
d
2
e consequentemente precisamos usar o sinal de
180
comando para reduzir o valor de Δβ
d
para a metade de seu valor original, de forma
que o acoplador passe para o estado cruzado.
Portanto, para o acoplador com L = 2L
c
passar do estado direto para o estado
cruzado, Δβ
c
(2)2L
c
= 3π, ou seja,
Δβ
c 2
=
2L
c
=
3
2
Δβ
d
2
=
3
4
Δβ
d
.
Concluímos, então, que para: L = nL
c
temos:
Δβ
c n
=
2n1 π
nL
c
=
2n1
2. n
Δβ
d
. (7.2)
Na Figura 7.7 mostramos os valores das diferenças necessárias entre as constantes
de propagação dos dois supermodos para o acoplador operando no estado direto
(Δβ
d
), e no estado cruzado (Δβ
c
), bem como o valor do decréscimo de Δβ para a
passagem do estado direto para o estado cruzado em função do comprimento do
acoplador (para λ = 1,55μm).
Figura 7.7. Variação de
Δβ
em função do comprimento do acoplador.
Para analisarmos o aumento gradual do índice de refração usando-se o método
PWE aumentamos gradualmente a constante dielétrica da região de acoplamento,
deixando-se inalterado o restante da estrutura do acoplador. Desse modo, tudo se
181
passa como se estivéssemos aumentando gradualmente a potência óptica do sinal
de comando.
Os valores de Δβ encontrados na Figura 7.7 estão em concordância com os
resultados obtidos através de nossas simulações via PWE.
Tendo em vista que a variação do índice de refração para a passagem do estado
direto para o estado cruzado pode ser obtido através de ΔnL
c
= λ/2 [95], e como
temos que
L
c
=
Δβ
d
, obtemos:
Δn=
λΔβ
d
, (7.3)
Δn(n)nL
c
= λ/2,
Δn
n
=
λΔβ
d
4πn
. (7.4)
Na Figura 7.8(a) mostramos a diferença necessária no índice de refração, e na
Figura 7.8(b) apresentamos os valores referentes à potência óptica do sinal do
comando, para o acoplador passar do estado direto para o estado cruzado em
função do comprimento do acoplador.
Figura 7.8. a) Potência óptica do sinal de comando. b) Variação do índice de refração em
função do comprimento do acoplador.
Nas Figuras 7.8(a) e 7.8(b) podemos observar, que é muito grande a dependência
de Δn e P em relação ao comprimento do acoplador.
182
Podemos utilizar idêntico raciocínio para a determinação das características do
acoplador referente a cada uma das freqüências utilizadas no sistema de
transmissão.
Tendo em vista que as interfaces dos guias de onda do acoplador são corrugadas
de forma periódica, podem ocorrer acoplamento entre o modo fundamental co-
direcional e os modos contra-direcionais de ordem mais alta, ocasionado a formação
do que se denomina de mini bandas proibidas (“mini-stopbands-MSBs”). Nossas
simulações levaram em consideração os vetores de onda dentro da PBG e fora das
MSBs.
Entretanto, mesmo tratando-se de acoplador embutido em PhC não linear [96]
podemos usar as Equações dos modos acoplados (7.5) e (7.6), para análise do
nosso acoplador, uma vez que estamos trabalhando com os modos dentro da PBG,
e fora das MSBs. Por outro, lado para aplicar as equações acima referidas,
precisamos usar os parâmetros corretos do PhC,
A
1
z
1
V
g
A
1
t
i
2
β
2
2
A
1
t
2
α
2
A
1
=
A
1
2
BA
2
2
A
1
ikA
2
(7.5)
A
2
z
1
V
g
A
2
t
i
2
β
2
2
A
2
t
2
α
2
A
2
=
A
2
2
BA
1
2
A
2
ikA
1
, (7.6)
onde V
g
é a velocidade de grupo, β
2
é o parâmetro de GVD (obtained by [54]), α = 0
é parâmetro de perda óptica (sem perda óptica),
γ
é coeficiente de não linearidade
(
n
2
.
λA
eff
), B é parâmetro XPM que governa acoplamento não linear induzido, e k
é coeficiente de acoplamento.
Na Figura 7.9, a qual foi obtida através do nosso software BiPM, mostramos a
variação na transmissão em função dos valores de k, para o comprimento do
acoplador 10 vezes maior que o comprimento de acoplamento mínimo.
Observe que a diminuição do valor do coeficiente de acoplamento devido aos
efeitos não lineares ocasionados pelo sinal de comando externo, reverte o estado
direto do acoplador para o estado cruzado. Quando o valor de k tende para zero, o
acoplador perde suas características de comutação, e quando k = 0 os modos estão
desacoplados.
183
Figura 7.9. Transmissão em função do coeficiente de acoplamento.
Considerando-se que o sinal de dados está abaixo do cone de luz, a dispersão é
mínima. Nesse caso, o único espalhamento que ocorre se deve à desordem das
hastes durante o processo de fabricação do PhC, o qual é muito pequeno e foi
desprezado em nosso trabalho. Por outro lado, como a velocidade de grupo do sinal
de dados é dez vezes maior do que a velocidade de grupo do sinal de comando, a
largura do pulso do sinal de comando precisa ser dez vezes maior do que a largura
do pulso do sinal de dados. Portanto, a taxa de transmissão dos pulsos de
transmissão deve ser calculada baseada na largura do pulso do sinal de comando.
O acoplador acima detalhado pode seu usado para obtenção de matriz de
comutação “crossbar” totalmente óptica do tipo sem bloqueio de alto nível
(qualquer porta de entrada não utilizada pode ser conectada a qualquer porta de
saída o usada, sem precisar de que qualquer uma das conexões seja re-
roteada).
184
CONCLUSÕES
Projetamos, e analisamos uma lula de comutação óptica embutida em cristal
fonico, a qual pode ser utilizada em uma matriz de comutação, por exemplo, do
tipo “crossbar”, sem bloqueio de alto nível. Na matriz de comutação do tipo sem
bloqueio de alto nível, qualquer porta de entrada o utilizada, pode ser
conectada a qualquer porta de saída o usada, sem precisar de que qualquer
uma das conexões seja re-roteada.
A lula de comutação que s estamos apresentando é constituída por um
acoplador direcional óptico embutido em uma estrutura PhC, o qual é comandado
através de um sinal óptico inserido na região de acoplamento. Portanto, essa
região de acoplamento atua como um guia de onda periódico adicional. O sinal
óptico de comando, apesar de possuir potência relativamente baixa, proporciona a
diminuição do índice de refração da região de acoplamento, devido aos efeitos
não lineares, ocasionando a passagem do acoplador do estado direto para o
estado cruzado e dessa maneira, o sinal de entrada é comutado para a porta de
saída referente ao guia de onda adjacente.
O acoplador está embutido em um PhC 2D de estrutura triangular de hastes
dielétricas com raio
r
b
= 0,2a, e índice de refração n = 3,35 submersas em um
substrato dielétrico com índice de refração n
s
= 1,45, onde “a” é a constante de
periodicidade do PhC. O acoplador é constituído por dois guias de onda do tipo W
1
,
e a região de acoplamento é uma linha de hastes dielétricas com raio r
c
= 0,14a.
A PBG dessa estrutura é 0,2639 < u < 0,3599.
Levando-se em consideração que o comprimento de onda λ = 1,55μm é o mais
utilizado em comunicações ópticas, escolhemos a = 500nm e desta forma
obtemos u = a/ ( = 0,3127 (frequência normalizada) em relação a esse
comprimento de onda. Essa freência normalizada está localizada no meio da
PBG desse sistema. Tendo em vista que adotamos a = 500nm, obtemos, então, a
faixa de freqüências normalizadas 0,2985 < u < 0,3268 para as faixas C, L e U
(1530nm a 1675nm)
do ITU, a qual está dentro da PBG referente a essa estrutura.
Tendo em vista que escolhermos u = 0,3127, obtemos o comprimento de
acoplamento L
c
= 37μm, o qual é o comprimento mínimo do acoplador para esse
comprimento de onda (estado direto).
185
A frequência normalizada do sinal de comando ( u = 0,283) foi escolhida para
proporcionar baixa velocidade de grupo, a fim de se obter um grande efeito não-
linear.
A nossa célula de comutação opera, portanto, utilizando-se apenas sinais ópticos,
de forma que, praticamente, não possui retardo.
186
FUTURO TRABALHO
Meria Óptica Feita de Cristal Fotônico Trabalhando
sobre a Banda C do ITU
A meria óptica proposta esembutida em uma estrutura triangular PhC 2D
constituída por buracos de ar com raio r
b
= 0,31a perfurado no dielétrico. O perfil
vertical do dielérico é formado por um revestimento de InP (n = 3,17), um núcleo
de InGaAsP (n = 3,35), e um substrato de InP. Essa estrutura pode ser
representada de forma precisa através de um índice de refração efetivo n
eff
=
3,258.
Na Figura TF1 (a) mostra o esquema leitura em nossa meria óptica.
Figura TF1. a) Escrita de dados na memória óptica. b) Leitura de dados da memória óptica.
Para se escrever, ou ler dados na meria óptica procede-se da seguinte
forma:
1) O sinal de dados a ser escrito na meria é simultaneamente inserido junto
com o sinal de controle, de forma que o acoplador opera no estado cruzado,
permitindo a entrada do sinal de dados, conforme está mostrado na Figura TF1(a).
2) Após a inserção do sinal de dados cessa tamm sinal de controle e o
acoplador opera agora no estado direto, aprisionando o sinal de dados dentro da
memória.
3) Para ler o sinal de dados, insere-se novamente o sinal de comando, pois
dessa forma o acoplador volta a operar no estado cruzado, de acordo com o está
detalhado na Figura TF1(b).
187
ARTIGOS RELACIONADOS COM A TESE
Jornais Científicos Internacionais
Wirth, A.L.J., Sombra, A.S.B, Switching cell embedded in photonic crystal
(MST785R2), Microsystem Technologies (MST) Springer, 15:821-825, DOI:
10.1007/s00542-009-0842-1, (2009).
Wirth Lima A. J., Marcio G. da Silva, A.C. Ferreira, and A. S. B. Sombra, All-
Optical Nonlinear Switching Cell made of Photonic Crystal (ID: 106041), Journal of
the Optical Society of America. A, Vol. 26, No. 7, pp. 1661-1667, DOI: 10.1364/JOSA
A.26.001661, (2009).
Wirth Lima A. J., A. C. Ferreira and A. S. B. Sombra, Optical Memory Made of
Photonic Crystal Working over the C-Band of ITU (JOFC-22), Journal of Optical and
Fiber Communications Research (2009) – (Submetido).
Wirth Lima A. J. and A. S. B. Sombra, Full Analysis of an All-Optical Photonic
Crystal Switch (IJN-D-09-00080-R1), International Journal of Nanoscience, Vol. 9,
Nos. 1 e 2, (2010).
Wirth Lima Jr. and A.S.B. Sombra, Optical Logical Gate Based in Photonic Crystal,
capítulo aceito para publicação no livro Photonic Crystal: Fundamentals and
Devices, da Nova Science Publishers, Inc., Hauppauge , New York, U.S.A., (2010).
A. Wirth Lima Jr, and A.S.B. Sombra, Optical Memory Made of Photonic Crystal
Working over the C-Band of ITU, Journal of Applied Physics A (Springer), (2010).
Wirth Lima, A. J. and A. S. B. Sombra, Switching cell of directional coupler
embedded in photonic crystal driven by an external command (for the C, L, and U
bands of ITU), Journal of Communication and Information Systems (JCIS), (2010).
Congressos, Simpósios e Encontros
J. C. Sales, A. Wirth L. Junior, A.C. Ferreira, C. S. Sobrinho, J. W. M. Menezes,
W. B. Fraga, J. S. Almeida e A. S. B. Sombra, Células de Comutação Baseadas em
Acopladores Direcionais Embutidos em Cristais Fotônicos (Paper 42420), XXVI
Simpósio Brasileiro de Telecomunicações, SBrT’08, Rio de Janeiro, (2008).
188
A. Wirth L. Jr, J. W. M. Menezes, W. B. Fraga, A.C. Ferreira, and A. S. B. Sombra,
Optical Memory Made of Photonic Crystal (ID: 20-1; 060008), XXXII Encontro
Nacional de Física da Matéria Condensada, São Paulo, (2009).
A. Wirth. L. Jr., and A. S. B. Sombra, Switching cell based on directional coupler
embedded in photonic crystal driven by an external command (for the C, L, and U
bands of ITU (Paper 053), International Workshop on Telecommunications, São
Paulo, (2009).
A. Wirth. L. Jr. and A. S. B. Sombra, All-optical nonlinear switching cell made of
photonic crystal, working over the C-band of the ITU (Paper 54150), Infobrasil,
(2009).
A. Wirth Lima Jr, and A.S.B. Sombra, Optical Memory Made of Photonic Crystal
Working over the C-Band of ITU, META'10, the 2nd International Conference on
Metamaterials, Photonic Crystals and Plasmonics in Cairo, Egypt, (2010).
OUTROS ARTIGOS
Jornais Científicos Internacionais
Alisson da C. Ferreira; C. S. Sobrinho; J. W. M. Menezes; W. B. Fraga; H. H. B.
Rocha; A. Wirth L. Jr; K. D. A. Sabóia; G. F. Guimarães; J. M. S. Filho; A. S. B.
Sombra, A performance study of an all-optical logic gate based in PAM-ASK,
Journal of Modern Optics, Volume 56, Issue 8, pp. 1004 1013, DOI
10.1080/09500340902871371, (2009).
W. B. Fraga, J.W. M. Menezes, C. S. Sobrinho, A. C. Ferreira, G. F. Guimarães, A.
W. Lima Jr., A. F. G. F. Filho, H. H. B. Rocha, K. D. A. Sabóia, F. T. Lima, J. M. S.
Filho, A. S. B. Sombra, Numerical analysis of the stability of optical bullets (2+1) in a
planar waveguide with cubic–quintic nonlinearity, Opt Quant Electron), 41:121–130,
DOI 10.1007/s11082-009-9331-0, (2009).
Congressos, Simpósios e Encontros
A. W. Lima Jr., A. C. Ferreira, W. B. Fraga, J. W. M. Menezes, A. S. B. Sombra
and M. G. da Silva, Analysis Switching and Crosstalk of Soliton in Inhomogeneous
189
Dispersion Decreasing Fiber Couplers, XXII Simpósio Brasileiro de
Telecomunicações, São Paulo, (2005).
Marcio Gomes da Silva, Almir W. Lima Jr., A. Sergio B. Sombra, Soliton
performance in inhomogeneous dispersion profile fiber couplers with loss, XXX
Encontro Nacional de Física da Matéria Condensada, (ID: 479-2), Minas Gerais,
(2007).
190
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] Richard A. Soref, Ahmed Sharkawy, Shouyuan Shi and DennisW. Prather,
Electro-optical switching using coupled photonic crystal waveguides Optics Express
1049, Vol. 10, No. 20. (2002).
[2] Web Proforum Tutorials, Optical Switches: Making Optical Networks a Brilliant
Reality, The International Engineerng Consorium, pp. 1 -20, (2002).
[3] D. Simeonidou, G. Zervas, and R. Nejabati, Design Considerations for
Photonic Routers Supporting Application-driven Bandwidth Reservations at Sub-
wavelength Granularity, Proc. Int. Workshop on Optical Burst/Packet Switching
(WOBS), San Jose, CA, USA, (2006).
S. J. Ben Yoo, Optical Packet and Burst Switching Technologies for the
[4] Georgios I. Papadimitriou, Chrisoula Papazoglou, and Andreas S. Pomportsis,
Optica Switching: switch Fabrics, Techniques, and Architetures, Jounal of Lightwave
Technology, Vol. 21, No. 2, pp. 388 - 391, (2003).
[5] V. E. Benes, Mathematical Theory of Connecting Networks, New York:
Academic, (1965).
[6] John. D. Joannopoulos, Steven G. Johnson, Joshua N. Winn, and Robert D.
Meade, “Photonic crystals: Molding the Flow of Light, Princeton Univ. Press, Second
Edition, 2008.
[7] J. N. Winn, Y. Fink, S. Fan, and J. D. Joannopoulos, “Omnidirectional
reflection from a one-dimensional photonic crystal", Opt. Lett., vol. 23, no. 20, pp.
1573 - 1575, 1998.
[9] D. Leuenberger. Experimental and numerical investigation of two-dimensional
photonic crystals for application in integrated optics. PhD thesis, EPFL, Switzerland,
(2004).
[10] A. Birner, R.B. Wehrspohn, U.M. Gäosele, and K. Busch, “Silicon-based
photonic crystals", Adv. Mater., vol. 6, no. 16, pp. 377 - 388, (2001).
[12] E. Chow, S. Y. Lin, S. G. Johnson, P.R. Villeneuve, J. D. Joannopoulos, J. R.
Wendt, G.A. Vawter, W. Zubrzycki, H. Hou, and A. Alleman, “Three-dimensional
control of light in a two-dimensional photonic crystal slab", Nature, vol. 407, no. 6807,
pp. 983 - 986, (2000).
191
[13] N Kawai, K. Inoue, N. Carlsson, N. Ikeda, Y. Sugimoto, and K. Asakawa,
Confined Band Gap in an Air-Bridge Type of Two-Dimensional AlGaAs Photonic
Crystal", Phys. Rev. Lett., vol. 86, no. 11, pp. 2289 - 2292, (2001).
[14] M. Agio, Optical Properties and Wave Propagation in Semiconductor-Based
Two-Dimensional Photonic Crystals, Ph.D. thesis, Universitµa degli Studi di Pavia,
Pavia, Italy and Iowa State University, Ames, Iowa, 2003.
[15] M. Qiu, “Effective index method for heterostructure-slab-waveguide-based
two-dimensional photonic crystals", Appl. Phys. Lett., vol. 81, no. 7, pp. 1163 - 1165,
(2002).
[16] W. Bogaerts, P. Bienstman, D. Taillaert, R. Baets, and D. De Zutter, “Out-of-
planescattering in photonic crystal slabs", IEEE Phot. Technol. Lett., vol. 13, no. 6,
pp. 565 - 567, (2001).
[17] M. Loncar, T. Doll, J. Vuckovic, and A. Scherer. Design and fabrication of
silicon photonic crystal optical waveguides. Journal of Lightwave Technology,
18(10):1402 - 1411, (2000).
[18] T. A. Birks, J. C. Knight, B. J. Mangan, and P. St. J. Russell. Photonic crystal
fibres: An endless variety. IEICE Transactions on Communications, E84-B(5):1211 -
1218, (2001).
[19] Y. A. Vaslov, Nature, vol.414, p.289-93 (2001)
[20] G. Ozin and S. M. Yang. The race for the photonic chip: colloidal crystal
assembly in silicon wafers. Advanced Functional Materials, 11(2):95 - 104, 2001.
[21] E. Kumacheva, R. K. Golding, M. Allard, and E. H. Sargent. Colloid crystal
growth on mesoscopically patterned surfaces: Effect of confinement. Advanced
Materials, 14(3):221, 2002.
[22] O. Toader and S. John. Proposed square spiral microfabrication architecture
for large three-dimensional photonic band gap crystals. Science, 292:1133 - 1135,
2001.
[23] S. Kennedy, M. J. Brett, O. Toader, and S. John. Fabrication of tetragonal
square spiral photonic crystals. Nano Letters, 2(1):59- 62, 2002.
[24] K. M. Ho, C. T. Chan, and C. M. Soukoulis, “Existence of a photonic gap in
periodic dielectric structures", Phys. Rev. Letters, vol. 65, no. 25, pp. 3152, 1990.
[25] E Yablonovitch, T.J. Gmitter, and K.M. Leung, “Photonic band structure: The
face-centered-cubic case employing nonspherical atoms", Phys. Rev. Lett., vol. 67,
no. 17, pp. 2295 - 2298, 1991.
192
[26] A. Chelnokov, K. Wang, S. Rowson, P Garoche, and J.-M. Lourtioz, \Near-
infrared Yablonovite-like photonic crystals by focused-ion-beam etching of
macroporous silicon", Appl. Phys. Lett., vol. 77, no. 19, pp. 2943 - 2945, 2000.
[27] S. Y. Lin, J. G. Fleming, D.L. Hetherington, B.K. Smith, R. Biswas, K. M. Ho,
M. M. Sigalas, W. Zubrzycki, S.R. Kurtz, and J. Bur, \A three-dimensional photonic
crystal operating at infrared wavelengths", Nature, vol. 394, no. 6690, pp. 251 - 253,
1998.
[28] S. Noda, K. Tomoda, N. Yamamoto, and A. Chutinan, “Full Three-
Dimensional Photonic Bandgap Crystals at Near-Infrared Wavelengths", Science,
vol. 289, no. 5479, pp. 604 - 606, 2000.
[29] B.H. Cumpston, P.S. Ananthavel, S. Barlow, D.L. Dyer, J.E. Ehrlich, L.L.
Erskine, A.A. Heikal, S.M. Kuebler, I.-Y. S. Lee, D. Mccord-Maughon, J. Qin, H.
Röckel, M. Rumi, X.-L. Wu, S.R. Marder, and J.W. Perry, \Two-photon polymerization
initiators for three-dimensional optical data storage and microfabrication", Nature, vol.
398, no. 6722, pp. 51- 54, 1999.
[30] S. G. Johnson and J. D. Joannopoulos, \Three-dimensionally periodic
dielectric layered structure with omnidirectional photonic band gap", Appl. Phys. Lett.,
vol. 77, no. 22, pp. 3490 - 3492, 2000.
[31] J. D. Joannopoulos, “Self-assembly lights up", Nature, vol. 414, no. 6861, pp.
257 - 258, 2001.
[32] Y.A. Vlasov, X.-Z. Bo, J.C. Sturm, and D.J. Norris, “On-chip natural assembly
of silicon photonic bandgap crystals", Nature, vol. 414, no. 6861, pp. 289 - 293, 2001.
[33] C. Kittel, Introduction to Solid State Physics, John Wiley and Sons, New York,
fourth corrected printing edition, 1953.
[34] H. Benisty, C. Weisbuch, D. Labilloy, M. Rattier, C. J. M. Smith, T. F. Krauss, R.
M. De La Rue, R. Houdre, U. Oesterle, C. Jouanin, and D. Cassagne, “Optical and
Confinement Properties of Two-Dimensional Photonic Crystals", J. Lightwave Technol.,
vol. 17, no. 11, pp. 2063 - 2077, (1999).
[35] D. Labilloy, H. Benisty, C. Weisbuch, T. F. Krauss, V. Bardinal, and U.
Oesterle, “Demonstration of cavity mode between two-dimensional photonic-crystal
mirrors", Electron. Lett., vol. 33, no. 23, pp. 1978 - 1980, (1997).
[36] C. J. M. Smith, H. Benisty, S. Olivier, M. Rattier, C. Weisbuch, T. F. Krauss,
R. M. De La Rue, R. Houdré, and U. Oesterle, “Low-loss channel waveguides with
193
two-dimensional photonic crystal", Appl. Phys. Lett, vol. 77, no. 18, pp. 2813 - 2815,
(2000).
[37] H. Benisty, S. Olivier, C. Weisbuch, M. Agio, M. Kafesaki, C. M. Soukoulis,
Qiu Min, M. Swillo, A. Karlsson, B. Jaskorzynska, A. Talneau, R. Moosburger, M.
Kamp, A. Forchel, R. Ferrini, R. Houdré, and U. Oesterle, “Models and
measurements for the transmission of submicron-width waveguide bends defined in
two-dimensional photonic crystals", IEEE J. Quantum Electron., vol. 38, no. 7, pp.
770 - 785, (2002).
[38] R. Ferrini, B. Lombardet, B. Wild, R. Houdré, S. Olivier, H. Benisty, A. Djoudi,
L. Legouézigou, S. Hubert, S. Sainson, J.-P. Chandouineau, S. Fabre, F. Pommerau,
and G.-H. Duan, “Optical characterisation of 2D InP-based photonic crystals
fabricated by inductively coupled plasma etching.", Electron. Lett., vol. 38, no. 17, pp.
962 - 964, (2002).
[39] S. Olivier, “Nouvelles structures miniatures dans les cristaux photoniques
bidimensionels planaires pour les fonctions de l'optique intégrée”, Ph.D. thesis,
Université Paris 6, (2002).
[40] D. Labilloy, “Cristaux photoniques bidimensionnels pour le proche infrarouge:
propriétés optiques et confinement”, Ph.D. thesis, Ecole Polytechnique Palaiseau,
(1999).
[41] D. Labilloy, H. Benisty, C. Weisbuch, T. F. Krauss, R. Houdré, and U.
Oesterle, “Use of guided spontaneous emission of a semiconductor to probe the
optical properties of two-dimensional photonic crystals", Appl. Phys. Lett., vol. 71, no.
6, pp. 738 - 740, (1997).
[42] D. Labilloy, H. Benisty, C. Weisbuch, C. J. M. Smith, T. F. Krauss, R. Houdré,
and U. Oesterle, “Finely resolved transmission spectra and band structure of two-
dimensional photonic crystals using emission from InAs quantum dots", Phys. Rev.
B, vol. 59, no. 3, pp. 1649 - 1652, (1999).
[43] D. Labilloy, H. Benisty, C.Weisbuch, T. F. Krauss, D. Cassagne, C. Jouanin,
R. Houdré U. Oesterle, and V. Bardinal, “Diffraction effciency and guided light control
by two-dimensional photonic-bandgap lattices", IEEE J. Quantum Electron., vol. 35,
no. 7, pp.1045 - 1052, (1999).
[44] H. Benisty, D. Labilloy, C. Weisbuch, C. J. M. Smith, T. F. Krauss, D.
Cassagne, A. Béraud, and C. Jouanin, “Radiation losses of waveguide-based two-
194
dimensional photonic crystals: Positive role of the substrate", Appl. Phys. Lett, vol.
76, no. 5, pp. 532 - 534, (2000).
[45] R. Ferrini, R. Houdré, H. Benisty, M. Qiu, and J. Moosburger, “Radiation
losses in planar photonic crystals: two-dimensional representation of hole depth and
shape by an imaginary dielectric constant", J. Opt. Soc. Am. B, vol. 20, no. 3, pp. 469
- 478, (2003).
[46] W. Bogaerts, P. Bienstman, D. Taillaert, R. Baets, and D. De Zutter, “Out-of-
plane scattering in photonic crystal slabs", IEEE Phot. Technol. Lett., vol. 13, no. 6,
pp. 565 - 567, (2001).
[47] H. Benisty, Ph. Lalanne, S. Olivier, M. Rattier, C. Weisbuch, C. J. M. Smith, T.
F. Krauss, C. Jouanin, and D. Cassagne, “Finite-depth and intrinsic losses in
vertically etched two-dimensional photonic crystals", Opt. Quantum Electron., vol. 34,
pp. 205 - 215, (2002).
[48] R. Ferrini, B. Lombardet, B. Wild, R. Houdré, and G.-H. Duan, “Hole depth-
and shape-induced radiation losses in two-dimensional photonic crystals", Appl.
Phys. Lett., vol. 82, no. 7, pp. 1009 - 1011, (2003).
[49] J.D. Jackson, Classical Electrodynamics, J. Wiley and Sons, Inc., New York,
second edition edition, (1962).
[50] M. Plihal and A. A. Maradudin, “Photonic band structure of two-dimensional
systems: The triangular lattice.", Phys. Rev. B, vol. 44, no. 16, pp. 8565 - 8571,
(1991).
[51] H. S. Sözüer, J. W. Haus, and R. Inguva, “Photonic bands: Convergence
problems with the plane-wave method", Phys. Rev. B, vol. 45, no. 22, pp. 13962 -
13972, (1992).
[52] H. Benisty, “Private communication", (2000).
[53] E. Hewitt and R. Hewitt, “The Gibbs-Wilbraham Phenomenon: An Episode in
Fourier Analysis", Arch. Hist. Exact Sci., vol. 21, pp. 129 - 160, (1980).
[54] Solomon Assefa and Yurii A. Vlasov, High-order dispersion in photonic crystal
waveguides, Optical Society of America, (2007).
[55] Lars H. Frandsen, Andrei V. Lavrinenko, Jacob Fage-Pedersen, and Peter I.
Borel, Photonic crystal waveguides with semi-slow light and tailored dispersion
properties, Optics Express, Vol. 14, No. 20, pp. 9444 - 9450, (2006).
[56] M. Notomi et al., Optics Express 12, 1551, (2004).
[57] E. Kuramochi et al., LEOS2004, WF6, (2004).
195
[58] E. Kuramochi et al. Disorder-induced scattering loss of line-defect waveguides
in photonic crystal slabs. Physical Review B, 72, 161318_R, pp. 1 -3, (2005).
[59] Katharina Waltraud Rauscher, Simulation, Design, and Characterization of
Photonic Crystal Devices in a Low Vertical Index Contrast Regime, Swiss Federal
Institute of Technology, Zurich, for the degree of Doctor of Technical Sciences,
(2006).
[60] R. Ferrini, B. Lombardet, B. Wild, R. Houdre & G.H. Duan. Hole depth- and
shape-induced radiation losses in twodimensional photonic crystals. Appl. Phys.
Lett., vol. 82, pages 1009–1011, (2003).
[61] F. Cuesta, A. Griol, A. Martinez, and J. Marti, “Experimental demonstration of
photonic crystal directional coupler at microwave frequencies", Electronics Letters,
vol. 39, no. 5, pp. 455 - 456, (2003).
[62] A. Sharkawy, S. Y. Shi, D. W. Prather, and R. A. Soef, “Electro-optical
switching using coupled photonic crystal waveguides", Optics Express, vol. 10, no.
20, pp. 1048 - 1059, (2002).
[63] A. Martinez, F. Cuesta, and J. Marti, “Ultrashort 2-D photonic crystal
directional couplers", IEEE Photonics Technol. Lett., vol. 15, no. 5, pp. 694 - 696,
(2003).
[64] C. Cohen-Tannoudji, B. Diu, and L Lalo, Mécanique quantique, vol. 1,
Hermann, 1996, Paris, (1996).
[65] Y. Tanaka, H. Nakamura, Y. Sugimoto, N. Ikeda, K. Asakawa, and K. Inoue,
"Coupling properties in a 2-D photonic crystal slab directional coupler with a
triangular lattice of air holes", IEEE J. Quantum Electron. 41, 76-84 (2005).
[66] Patric Strasser, Ralf Flückiger, Robert Wüest, Franck Robin, and Heinz
Jäckel, InP-based compact photonic crystal directional coupler with large operation
range, Optics express, Vol. 15, No. 13, pp. 8472 – 8478 , (2007).
[67] M. Qiu, "Effective index method for heterostructure-slab-waveguide-based
two-dimensional photonic crystals," Appl. Phys. Lett. 81, 1163-1165 (2002).
[68] S. G. Johnson, and J. D. Joannopoulos, "Block-iterative frequency-domain
methods for Maxwell's equations in a planewave basis," Opt. Express 8, 173-190
(2001).
[69] Y. Tanaka, H. Nakamura, Y. Sugimoto, N. Ikeda, K. Asakawa, and K. Inoue,
"Coupling properties in a 2-D photonic crystal slab directional coupler with a
triangular lattice of air holes," IEEE J. Quantum Electron. 41, 76-84 (2005).
196
[70] R. Wüest, F. Robin, C. Hunziker, P. Strasser, D. Erni, and H. Jäckel,
"Limitations of proximity-effect corrections for electron-beam patterning of planar
photonic crystals," Opt. Eng. 44, 043401 (2005).
[71] R. Wüest, P. Strasser, F. Robin, D. Erni, and H. Jäckel, "Fabrication of a hard
mask for InP based photonic crystals: Increasing the plasma-etch selectivity of poly
(methyl methacrylate) versus SiO2 and SiNx," J. Vac. Sci. Technol. B 23, 3197-3201
(2005).
[72] P. Strasser, R. Wüest, F. Robin, D. Erni, and H. Jäckel, "A detailed analysis
of the influence of an ICP-RIE process on the hole depth and shape of photonic
crystals in InP/InGaAsP " J. Vac. Sci. Technol. B 25, 387 - 393 (2007).
[73] M. Loncar, D. Nedeljkovic, T. Doll, J. Vuckovic, A. Scherer and T. P. Pearsall,
"Waveguiding in Planar Photonic Crystals," Appl. Phys. Lett., 77, 1937-1939, (2000).
[74] M. Loncar, T. Doll, J. Vuckovic and A. Scherer, "Design and fabrication of
silicon photonic crystal optical waveguides," J. Lightwave Technol., 18, 1402-1411,
(2000).
[75] M. Plihal and A. A. Maradudin, "Photonic band structure of two-dimensional
systems: The triangular lattice," Phys. Rev. B, 44, 8565-8571, (1991).
[76] D. Hermann, M. Frank and K. Busch, "Photonic Band Structure
Computations," Opt. Express, 8, 167-172, (2001).
[77] A. Taflove and S. C. Hagness, Computational Electrodynamics: The Finite-
Difference Time-Domain Method, Second Edition. (Boston, MA: Artech House, 2000).
[78] L. L. Liou and A. Crespo, "Dielectric Optical waveguide coupling analysis
using two-dimensional finite difference in time-domain simulations," Microwave and
optical Technology Letters, 26, 234-237, (2000).
[79] S. Boscolo, M. Midiro and C. G. Someda, "Coupling and Decoupling of
Electromagnetic Waves in Parallel 2-D Photonic Crystal Waveguides," IEEE J.
Quant. Electron., 38, 47-53, (2002).
[80] O. Painter, J. Vuckovic and A. Scherer, "Defect modes of a two-dimensional
photonic crystal in an optically think dielectric slab," J. opt. Soc. Am. B, 16, 275-285,
(1999).
[81] A. Chutinan, M. Okano and S. Noda, "Wider bandwidth with high transmission
through waveguide bends in two-dimensional photonic crystal slabs," Appl. Phys.
Lett., 80, 1698-1700, (2002).
197
[82] A. Yariv and P. Yeh, Optical waves in Crystals. (New York: John Wiley &
Sons, (1984).
[83] M. L. Povinelli, S. G. Johnson, J. Fan and J. D. Joannopoulos, "Emulation of
two-dimensional photonic crystal defect modes in a photonic crystal with a three-
dimensional photonic band gap," Phys. Rev. B, 64, 753131-753138, (2001).
[84] S. G. Johnson, S. Fan, P. R. Villeneuve and J. D. Joannopoulos, "Guided
modes in photonic crystal slabs," Phys. Rev. B, 60, 5751-5758, (1999).
[85] Lima Junior, A. W., A.S.B. Sombra, e M.G. da Silva, “Analysis Switching and
Crosstalk of Soliton in Inhomogeneous Dispersion Profile Fiber Couplers” In: XXII
Simpósio Brasileiro de Telecomunicações, Campinas/São Paulo, 2005.
[86] R. A. Soref and B. E. Little, "Proposed N-Wavelength M-Fiber WDM
crossconnect switch using Active Microring Resonators," IEEE Photon. Technol.
Lett., 10, 1121-1123, (1998).
[87] S. Fan, P. R. Villeneuve, J. D. Joannopoulos, B. E. Little and H. A. Haus,
"High Efficiency Channel drop filter with Absorption-Induced On/Off Switching and
Modulation." USA, 2000.
[88] M. Koshiba, "Wavelength Division Multiplexing and Demultiplexing with
Photonic Crystal Waveguide couplers," J. Lightwave Technol., 19, 1970-1975,
(2001).
[89] A. Martinez, F. Cuesta, and J. Martí, “Ultrashort 2-D photonic crystal
directional couplers,” IEEE Photon. Technol. Lett. 15, 694-696, (2003).
[90] F. Cuesta-Soto, A. Martínez, J. García, F. Ramos, P. Sanchis, J. Blasco, and
J. Martí, All-optical switching structure based on a photonic crystal directional
coupler, Optics Express, Vol. 12, No. 1, pp. 161 – 167, (2003).
[91] M. Soljacic, S. Johnson, S. Fan, M. Ibanescu, E. Ippen, and J. Joannopoulos,
“Photonic-crystal slow-light enhancement of nonlinear phase sensitivity,” J. Opt. Soc.
Am. B 19, 2052-2059 (2002).
[92] Govind P. Agrawal, “Nonlinear fiber optics”, Academic Press, 1995.
[93] Pi-Gang Luan, Kao-Der Chang, “Transmission characteristics of finite periodic
dielectric waveguides”, Optical Society of America, 2006.
[94] Alan D. Bristow, Nir Rotenberg, and Henry M. van Driel, “Two-photon
absorption and Kerr coefficients of silicon for 850–2200 nm”, Applied Physics Letters
90, 2007.
198
[95] Daryl M. Beggs, Thomas P. White, Liam O’Faolain, and Thomas F. Krauss,
“Ultracompact and low-power optical switch based on silicon photonic crystals”,
Optics Letters Vol. 33 No. 2, 2008.
[96] R.E. Slusher, B.J. Eggleton, Nonlinear Photonic Crystals, Springer Verlag,
2003.
199
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo