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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DE ALIMENTOS
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ALEXANDRE GONÇALVES SOARES
SEROPÉDICA - RJ
FEVEREIRO – 2010
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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DE ALIMENTOS
CARACTERIZAÇÃO FISICO-QUÍMICA DO RESÍDUO AGROINDUSTRIAL
DOS FRUTOS DO BACURIZEIRO (Platonia Insignis Mart.) COM OBJETIVO
DE PRODUÇÃO DE INSUMOS PARA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS E
QUÍMICA
ALEXANDRE GONÇALVES SOARES
Tese apresentada como requisito parcial
para obtenção do grau de Doutor em
Ciências, no Curso de Pós – Graduação
em Ciência e Tecnologia de Alimentos sob
orientação do Professor Doutor Armando
U. O. Sabaa Srur
SEROPÉDICA - RJ
FEVEREIRO - 2010
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“...a terra em si é de muito bons ares... E de tal maneira é graciosa que,
querendo aproveitá-la, tudo dar-se-á nela”
Pero Vaz de Caminha
SOARES, Alexandre Gonçalves
Caracterização Físico Química do Resíduo Agroindustrial dos Frutos
do Bacurizeiro (Platonia Insignis Mart) com Objetivo de Produção de
Insumos para Industria de Alimentos e Química.
Alexandre Gonçalves Soares. – Seropédica – 2010.
Xxx, xxxp.
Tese - Universidade federal Rural do Rio de Janeiro. Programa
De Pós-Graduação em ciência e Tecnologia de Alimentos
Physical - Chemical Waste of Agro Farm Bacurizeiro (Platonia Insignis Mart)
for production of supplies for food industry and Chemistry industry
1. Bacuri 2. Resíduos Agroindustriais 3. Sustentabilidade
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS
PROGRAMA DE PÓS-GRAUDAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE
ALIMENTOS
ALEXANDRE GONÇALVES SOARES
Tese submetida como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Ciências,
no Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos, na Área de
Ciência de Alimentos
TESE APROVADA EM: 26/02/2010
_________________________________________________
Orientador: Dr. Armando Ubirajara de Oliveira Sabaa Srur - PPGCTA/UFRRJ
_________________________________________________
Dra. Maria Cristina Jesus Freitas - INJC/UFRJ
__________________________________________________
Dra. Milane de Souza Leite – DEQUIM/ICE/UFRRJ
__________________________________________________
Dr. André Teixeira da Silva Ferreira - IOC/FIOCRUZ
__________________________________________________
PhD. Hélio Fernandes Machado Junior – DEQ/IT/UFRRJ
DEDICATÓRIA
JOÃO 11 ; 26
E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá
Dedico essa Tese a memória de Mônica Regina Gonçalves Soares, minha amada
irmã Mônica. Pois é irmã, cheguei aqui, como sempre mais tarde que devia, com mais
percalços do que precisava, com mais sustos que o necessário, mas se fosse diferente,
não seria eu. Assim como no Mestrado, sei que você faria mais e melhor que eu, por sua
dedicação, sua obstinação, sua capacidade de vencer os obstáculos sempre com suor e
genialidade, mas no fim chegaríamos ao mesmo lugar, como sempre chegamos, por
caminhos diferentes, mas sempre juntos. E é essa que eu alimento e que me consola
saber que mais uma vez estaremos juntos no céu, do qual espero ser digno como você
foi, assim como fomos na Terra, e eu sempre sofrendo mais e demorando mais pra
chegar ao teu lado...mas chegando. E mais uma vez seremos uma família, uma
vida e uma luz em Cristo, e teremos todo tempo do mundo, para eu continuar,
seguindo teus passos entre tropeços e sustos, pra andarmos sempre juntos em um
coração e um só sorriso. Te amo todo dia e sei que você é comigo.
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
A Deus, meu Senhor:
Meu Senhor e Meu Deus, Jesus Cristo, obrigado por não me deixar, por ser meu
Pai e amigo quando eu não merecia, por ser minha fortaleza quando eu me vi cercado,
por ser a esperança que nunca se acaba, de uma vitória que é sempre certa pra todos,
mas concedida somente aos que crêem e pedem a Sua força. Não sou digno de te
chamar de Pai, mas sua misericórdia é um oceano diante de minha fraqueza. Te amo
meu Deus, pois está em tudo que tenho e em tudo que amo, nas pessoas, na vida, e em
tudo que há de vir.
E pelejarão contra ti, mas não prevalecerão contra ti; porque eu sou contigo, diz o
SENHOR, para te livrar. (Jeremias 1: 19)
A Meus Amados Pais:
A meu Pai Aníbal, que é o maior e melhor homem dentre todos os homens que
eu já conheci, e a quem Deus me presenteou como pai, e a minha Mãe Maria José, que é
a minha rocha, meu porto seguro, meu caminho para vida e minha melhor professora.
Peço perdão pelos momentos de impaciência, pela ausência, pelas vezes que não fui o
filho que vocês sonharam, mas saibam que sempre dou o meu melhor a vocês, pois de
vocês tenho um orgulho infinito, um amor sem medidas e uma vontade de um dia poder
ser olhado por meu filho com o respeito e a devoção com que olho para cada um de
vocês, sabendo quem vocês são, e por esse mesmo motivo amando vocês com toda
força e vontade que um filho pode amar aos pais.
Honra a teu pai e a tua mãe, como o SENHOR teu Deus te ordenou, para que se
prolonguem os teus dias, e para que te bem na terra que te o SENHOR teu
Deus. (Deuteronômio 5 : 16)
A minha Vânia:
A minha mulher, Vânia, que me esperou, fortaleceu e animou todos os dias e foi
minha voz quando eu nada mais tinha pra dizer a me convencer que tudo ia terminar
bem, foi os meus olhos para enxergar esperança e foi minha força para me conduzir
quando as minhas forças faltaram. Não sou digno de tanto amor, mas infinitamente
grato por ter me escolhido pra andarmos juntos, sempre e para sempre. Te amo até o
fim.
........põe-me como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu braço, porque o
amor é forte como a morte.....( Cantares 6)
A Luiz Alexandre, meu Filho e melhor amor:
Meu amado filho Luiz Alexandre. Quando você crescer e compreender o que
aqui está escrito, quero que você saiba o quanto te amei desde o dia em que soube que
Deus tinha me dado você de presente. Te amo e te amarei sempre e espero que você me
perdoe pela minha ausência, pelas vezes em que não sentei pra brincar com você, pelas
horas que troquei vopelo meu trabalho, saiba filho, que não foi uma escolha, mas
uma necessidade. Espero que você sinta orgulho de mim, do meu trabalho, da minha
história, assim como eu me orgulho da história do meu pai. E quem um dia você possa
falar e lembrar de mim com amor, respeito e carinho e deseje ser, em algo, parecido
comigo. Pai te ama, e ama demais.
..........tu és o meu Filho amado em quem me comprazo.( Marcos 1 : 10)
AGRADECIMENTOS
Ao meu Querido Mestre e Orientador, Professor Armando Sabaa, que foi como
um pai para mim, sendo firme quando necessário, exigente sem ser autoritário e sendo
amigo sempre e me mostrando os caminhos, com calma e sabedoria, quando me
faltavam esses dons. Saiba que para mim e para todos os seus “filhos acadêmicos”, o
senhor sempre será uma referência de amor ao trabalho, dedicação e fé na ciência. E um
exemplo de humildade e dignidade. Obrigado por acreditar em mim, desde o Mestrado,
por avalizar meu trabalho, por sonhar o mesmo sonho que eu e fazer com que ele
acontecesse. Sempre é uma honra ser seu aluno. E tenho e terei sempre orgulho de dizer
isso por todos os dias da minha carreira. Muito obrigado.
A Raul e Carol, padrinhos de meu filho e meus amigos, que forma sempre
interessados na caminhada do trabalho e sempre testemunhas das horas boas e nem o
boas, sempre com solidariedade e fé em mim.
Ao meu amigo, Dr. Maurício “Milico” Sant’Ana que desde de o mestrado
continua tentando me fazer crer que a estatística é amiga do cientista e não um atalho
para o insanidade.
Aos meus amigos, que temo nomear e ser injusto em esquecer algum, que
sempre perguntaram pelo Bacuri, Bacurinho, Abacuri, Bacuriba, Bururu, e outras
denominações inspiradas para meu objeto de Tese, mas sempre com o desejo verdadeiro
que tudo desse certo.
Aos meus colegas do laboratório do Instituto de Nutrição Josué de Castro
(INJC/UFRJ), que faço questão de nomear : Maria Teresa C. Simões, Ivonete Araújo,
Cláudia Reis Gama, Nancy Eleutério, Leonardo Dangelo e Bárbara Maria Régis. Pelo
apoio e compreensão e solidariedade. Saibam que sem o carinho e a amizade de vocês,
tudo teria sido em vão.
Aos amigos do antigo Grupo de Pesquisa em Vitamina A (GPVA), que no
decorrer dos últimos anos tornou-se Núcleo de Pesquisas em Micronutrientes (NPqM),
saibam que senti falta de vocês, e espero que tenham sentido a minha, claro, agradeço a
compreensão pela demorada ausência. Agradeço a todos na pessoa de nossa
Coordenadora, Professora Andréa Ramalho, a quem devo muito do que tenho como
profissional pelo carinho apoio e amizade e pela oportunidade que me foi dada em
1994, e que mudou minha vida pessoal e profissional para melhor e para sempre.
Aos amigos do Instituto de Nutrição Josué de Castro (INJC/UFRJ), Professores
e Funcionários, que sempre se interessaram e incentivaram o trabalho.
Ao amigo e companheiro de curso Juarez Vicente, que ajudou em grande parte
desse trabalho, com uma boa vontade e uma paciência incansável. Você é um exemplo
de humildade e inteligência. Trabalhar com você é aprender que a capacidade
verdadeira não se esconde atrás da máscara da arrogância, mas se exibe na simplicidade
do conhecimento pleno daquilo que se faz. Você merece e vai alcançar muito, na graça
de Deus.
A secretária Lucimar Storck Teixeira do Departamento de Tecnologia de
Alimentos - DTA, pela infinita paciência com que ajuda e ajudou a mim e a todos os
alunos do Programa de Pós Graduação, mostrando os atalhos e fazendo da nossa vida de
eternos alunos, algo mais simples.
A colega e amiga Bruna Moura, do laboratório de Biocombustíveis, que
pacientemente me ajudou a fazer o tempo se expandir e os resultados aparecerem
quando já pareciam perdidos.
Aos professores e amigos do Curso de Nutrição do Centro Universitário
Metodista Bennett, que não cansaram de apoiar e estimular o progresso da Tese.
Obrigado de coração.
Aos meus alunos que sempre faziam cara de espanto ao saber que bacuri nem é
um peixe e nem uma criança pequena, mas uma fruta amazônica, mas mesmo assim,
viviam e sonhavam juntos com o sucesso do trabalho.
RESUMO
O bacurizeiro (Platonia insignis, Mart), árvore nativa da Amazônia é encontrada
de forma subespontânea e explorada de maneira extrativista nas regiões norte e nordeste
do Brasil. Seus frutos são utilizados na produção de polpas, néctares, refrescos,
sorvetes, sobremesas, doces, licores, balas e muitos outros produtos. O processo fabril
aproveita somente a polpa, que pode variar de 10 a 18% do fruto, sendo o restante,
constituído de cascas (64 – 70%) e sementes ou caroços (13 – 26%), gerando um grande
volume de lixo sem nenhum aproveitamento. Foi realizada uma caracterização físico
química das cascas e sementes do Bacuri para apontar potenciais aplicações na indústria
química e de alimentos. Os resultados desse trabalho mostraram que as sementes ou
caroços dessa fruta contêm em média 31,88 ± 0,60% de lipídeos, o que o habilita para
sofrer processo de prensagem. Os teores de proteína de casca (2,78 ± 0,28) e semente
(3,43 ± 0,87) são elevados se comparados a outras frutas ou outros resíduos de frutas,
pesquisados. A fibra insolúvel dos resíduos mostrou valores elevados se comparadas a
outras cascas e caroços com aproveitamento em estudo. Os resultados de pectina
encontrados foram bons se comparados a outros resíduos não cítricos e mostraram bom
potencial de exploração dessa importante fibra solúvel. Os resultados para minerais
foram heterogêneos, mas mostraram elevados teores de Mg
+2
, Mn
+2
, Na
+
, K
+
e Ca
+2
. Foi
utilizado processo de prensagem sob aquecimento brando para extrair o óleo,
constituído de duas porções, uma fração sólida e uma líquida. O perfil em ácidos graxos
dessas frações é formado por ácidos graxos saturados e insaturados em proporções
equivalentes, com destaque para os ácidos palmítico (40,6%), oléico (28%) e
palmitoléico (22,1%), com potencial aplicabilidade em alimentos e cosméticos. Esse
óleo prensado tem composição semelhante ao óleo tradicionalmente obtido por extração
com solvente, mas pode ser obtido com prensas de pequeno porte, o que torna viável
seu emprego pelas populações envolvidas no processo de coleta, sem maiores riscos
ambientais. O óleo de bacuri foi transesterificado e demonstrou capacidade de
conversão em biodiesel, confirmada por análise cromatográfica. As cascas foram
convertidas, por pirólise, em carvão vegetal apresentando boa capacidade de adsorção.
Os resíduos da exploração do Bacuri apresentaram resultados promissores para a sua
aplicação em diversos produtos e segmentos, e mostraram que a exploração direcionada
dos insumos provenientes desse fruto podem ser uma alternativa de ação sustentável,
gerando renda para as populações que hoje praticam o extrativismo do bacuri, e
agregando valor a um resíduo agrícola, com impacto direto na economia e no meio
ambiente da região produtiva.
Palavras Chave: Bacuri, aproveitamento de resíduos, exploração sustentável.
ABSTRACT
The Bacurizeiro (Platonia insignis, Mart), fruit tree native to the Amazonian is
exploited by extraction in the northern and northeastern Brazil. Its fruits are used in the
production of pulp, drinks, ice cream, desserts, candies, juices and many other products.
The manufacturing process of these products takes only the pulp, which can range from
10 to 18% of the fruit, the remainder being made up of shells (64 - 70%) and seed or nut
(13 - 26%), generating a large volume garbage with no recovery. Was performed a
physical – chemical analyses on peels and seeds from Bacuri to indicate potential
applications in the chemical industry and food The results showed that the seeds of the
fruit contain an average of 31.88 ± 0.60% lipids indicating for pressing process. The
protein content on shell (2.78 ± 0.28) and seed (3.43 ± 0.87) are high compared to other
fruits or agricultural residue searched. Insoluble fiber showed higher values compared to
other shells and stones used actually in academic searches. The results for pectin were
good compared to other non-citrus and showed great potential to exploit soluble fiber.
The results for minerals showed high levels of Mg
+2
, Mn
+2
, Na
+
, K
+
e Ca
+2
. The results
showed that seed’s oil extracted by pressing on heating, producing a solid fraction and a
liquid. The lipid fractions indicated that the solid is predominantly palmitic acid
(96.3%) that can be used as vegetable fat or cosmetics. This pressed oil has similar
composition to the traditionally oil obtained by solvent extraction, but can be obtained
with small presses, what makes possible its use by people involved in the obtain
process, without environmental damage. The oil was transesterified and demonstrated
capacity for conversion into biodiesel, confirmed by chromatographic analysis. The oil
fraction has a profile consisting of saturated and unsaturated fatty acids in equal
proportions, especially palmitic acid (40.6%), oleic acid (28%) and palmitoleic (22.1%),
with potential applicability in foods, cosmetics and biofuel production. The shells were
converted by pyrolysis into charcoal showed good adsorption capacity. The residues of
the exploration of Bacuri had presented resultes promising and had shown that the
directed exploration of the products proceeding from this fruit can be an alternative of
sustainable action, generating financial profits for the populations that practise the
extraction of bacuri, and adding value to an agricultural residue, with direct impact in
the economy and the environment of the productive region.
Key Words: Bacuri, exploitation of residues, sustainable exploration
SUMÁRIO
Página
1 INTRODUÇÃO 01
2 REVISÃO DE LITERATURA 03
2.1 Extrativismo do Bacuri 07
2.2 Produção e comércio do Bacuri in natura 10
2.3 Produtos derivados do Bacurizeiro 12
2.4 Perspectivas de Exploração Sustentável de Casca 14
e Semente de Bacuri
2.4.1 Indústria de Cosméticos 14
2.4.2 Produção de Biocombustíveis 17
2.4.3 produção de Carvão Vegetal Ativado 23
2.4.4 Produção de Ração para Consumo Animal 24
3 METODOLOGIAS 26
3.1 Matéria – Prima 26
3.2 Obtenção de sementes e cascas 26
3.3 Análises de caracterização 27
3.3.1 Análises Físicas, Químicas e Físico-Químicas 27
3.3.2 Perfil de Minerais 28
3.3.3 Extração de Óleo 29
3.3.3.1 Extração por Prensagem 29
3.4 Caracterização do Óleo de Semente de Bacuri 30
3.4.1 Acidez Titulável por Potenciometria 30
3.4.2 Índice de Iodo 30
3.4.3 Índice de Saponificação 30
3.4.4 Determinação do Teor de Óleo Retido na Torta 31
3.5 Determinação do Perfil de Ácidos Graxos 31
3.6 Produção de Biodiesel 31
3.6.1 Avaliação do Biodiesel 32
3.7 Produção e Avaliação de Carvão Ativado 32
3.8 Análise dos Resultados 32
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 33
4.1 Análises Físico-Químicas 33
4.1.1 Perda por dessecação (umidade) 33
4.1.2 Resíduo por Incineração (Cinzas) 34
4.1.3 Extrato Etéreo (Lipídios Totais) 36
4.1.4 Proteína Bruta 37
4.1.5 Fibra Insolúvel 39
4.1.6 Pectina 40
4.2 Perfil de Minerais 42
4.3 Rendimento do Processo de prensagem das Sementes de Bacuri 44
4.4 Teor de óleo retido na Torta 45
4.5 Acidez Titulável 46
4.6 Índice de Iodo 47
4.7 Índice de Saponificação 48
4.8 Perfil de Ácidos Graxos do Óleo de Semente de Bacuri
Obtido por Prensagem 49
4.9 Produção de Biodiesel 51
4.10 Produção e Avaliação de Carvão Ativado 53
5 CONCLUSÕES 56
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 60
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 62
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Umidade das cascas de Bacuri 33
Tabela 2: Umidade de sementes de Bacuri 33
Tabela 3: Resíduo por Incineração de Cascas de Bacuri 35
Tabela 4: Resíduo por Incineração de Sementes de Bacuri 35
Tabela 5: Lipídios Totais da casca do Bacuri 36
Tabela 6: Lipídios Totais da semente de Bacuri 36
Tabela 7: Teor de proteína bruta da casca do Bacuri 38
Tabela 8: Teor de proteína bruta da semente do Bacuri 38
Tabela 9: Fibra Insolúvel da casca do Bacuri 39
Tabela 10: Fibra Insolúvel da semente do Bacuri .40
Tabela 11: Teor de Pectina na casca do Bacuri 41
Tabela 12: Minerais presentes nas cascas e sementes do Bacuri 42
Tabela 13: Teor de Óleo retido na Torta de sementes do Bacuri 46
Tabela 14: Acidez em Ácido Oléico do Óleo de Bacuri 47
Tabela 15: Índice de Iodo do Óleo de Semente de Bacuri 47
Tabela 16: Índice de Saponificação de Semente de Bacuri 48
Tabela 17: Perfil de Ácidos Graxos Obtidos por Prensagem da
Semente do Bacuri 49
Tabela 18: Composição do Biodiesel de Óleo de Semente de Bacuri 52
Tabela 19: Rendimento da Produção de Carvão Ativado de Cascas
e Sementes de Bacuri 53
Tabela 20: Adsorção de Azul de Metileno em Carvão Ativado 54
LISTA DE QUADROS, GRÁFICOS E FIGURAS
Quadro 1: Ácidos graxos da semente do Bacuri 14
Gráfico 1: Produção nacional de bacuri por regiões 11
Gráfico 2: Adsorção percentual de azul de metileno em carvão ativado 55
Figura 1: Aspecto externo do fruto 05
Figura 2: Aspecto interno do fruto 05
Figura 3: Reação de transesterificação 18
Figura 4: Tocha do Espectrômetro 28
Figura 5: Extração de óleo por prensagem 29
Figura 6: Obtenção de óleo e torta (detalhe) 45
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS
ABIHPEC: Associação Brasileira das Indústrias de Higiene Pessoal, Perfumaria e
cosméticos
ANP: Agencia Nacional do Petróleo
ANVISA:Agência Nacional de Vigilância Sanitária
BNDES: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
D.O.U: Diário Oficial da União
EMBRAPA: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EUA: Estados Unidos da América
FDN: Fibra em detergente neutro
IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MA: Maranhão
MCT: Ministério da Ciência e Tecnologia
PA: Pará
Petrobrás: Petróleo Brasileiro S.A.
PI: Piauí
PNPB: Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel
PROALCOOL: Programa Nacional do Álcool
SEBRAE: Serviço Brasileiro de Apoio ás Micro e Pequenas Empresas
N°
°°
°: Número
ha: Hectare
1 INTRODUÇÃO
O Brasil possui uma grande variedade de frutos tropicais de alto valor
nutricional e de grande potencial tecnológico. Em anos recentes, frutos como o açaí, o
cupuaçu e a acerola, saíram de seus núcleos de consumo regional e tornaram-se uma
excelente fonte de renda para o agronegócio. Para isso foram fundamentais os estudos
de caracterização que apontaram as propriedades nutricionais e os possíveis usos desses
frutos pela indústria de alimentos. Essa intervenção da ciência e tecnologia foi o
impulso necessário à popularização e consolidação do consumo. O aproveitamento de
resíduos agroindustriais da exploração de frutos, como o maracujá, tem mostrado
viabilidade e redundado em ganho financeiro e redução de impacto causado pelo grande
volume de material sem nenhuma finalidade de exploração definida.
O bacuri (Platonia Insignis.) é um fruto amazônico de alto potencial, muito
apreciado por seu sabor diferenciado e que tem por característica o baixo rendimento
em polpa, e a geração de grandes quantidades de sementes e cascas, que não são
convenientemente aproveitadas. Somente a polpa do bacuri tem despertado interesse de
estudo, visando sua viabilidade de aproveitamento e exploração. Os resíduos compostos
pelas cascas e sementes são muito pouco pesquisados e podem possuir um potencial
viável de aproveitamento agroindustrial, auxiliando assim a tornar esse fruto uma boa
opção agrícola nas regiões produtoras, equiparando-o em importância a outros frutos
cuja exploração já está mais consolidada.
Levando-se em conta que o bacuri é considerado um fruto de exploração
extrativista, prática que é executada por pequenos agricultores, isoladamente ou em
pequenos grupos, agregar valor aos resíduos de exploração desse fruto e de outros, é
passo na direção de viabilizar uma exploração sustentável sob vários aspectos, como o
social e o ambiental.
A caracterização dessa matéria-prima é o diferencial que pode estabelecer o
verdadeiro potencial desse fruto para uma exploração economicamente viável. Para
tanto se faz necessário à aplicação de metodologias analíticas aos resíduos
agroindustriais, sendo o principal objetivo desse trabalho, definir seus componentes e
apontar para suas aplicabilidades na indústria de alimentos.
Na presente tese propôs-se a caracterizar e sugerir formas para o aproveitamento
do potencial tecnológico dos resíduos dessa fruta abundante, nas regiões onde o
bacurizeiro cresceu espontaneamente. O processo fabril aproveita a polpa, a parte
mais valorizada, que correspondente a 10-18% do peso do fruto. A geração de
subsídios tecnológicos pode basear uma nova forma de aproveitamento desse fruto,
agregando valor ao que hoje é visto como um resíduo agrícola, transformando-o em
matérias primas valorizadas e contribuindo para geração de um sistema de exploração
sustentável.
2 REVISÃO DE LITERATURA
A fruticultura brasileira consolidou-se uma atividade bastante rentável, que vem
progredindo em função da ampliação de áreas de produção e do parque industrial, para
atender o mercado interno em expansão, além da capacidade de exportação. Tal
atividade aumenta a oferta de frutas nos centros urbanos, tornando esses produtos mais
acessíveis à população e desencadeando o processo de desenvolvimento agroindustrial,
principalmente, nas regiões norte e nordeste do Brasil (LUNA, 1988).
O Brasil está entre os três maiores produtores mundiais de frutas e sua produção
supera 34 milhões de toneladas / ano. A base agrícola da cadeia produtiva de frutas
abrange 2,2 milhões de hectares, gerando 4 milhões de empregos diretos. O Produto
Interno Bruto (PIB) Agrícola é de
R$ 764,5
bilhões ou
26,5%
de todo o produto gerado
pela economia brasileira (IBRAF, 2009). Conseqüentemente, o segmento agrícola
constitui um dos principais geradores de renda, empregos e desenvolvimento rural
(EMBRAPA, 2007a).
A extraordinária diversidade e potencialidade dos frutos regionais da Amazônia
brasileira vêm despertando muita atenção para os frutos tropicais, principalmente por
parte dos países europeus. Tal fato sugere perspectivas muito otimistas para a
comercialização de frutas in natura e para o aproveitamento industrial das mesmas
(BEZERRA et al, 2005).
As perspectivas do desenvolvimento da agroindústria na região amazônica
dependem da contínua criação de opções tecnológicas, que são bastante restritas na
região, pela falta de maiores investimentos em ciência e tecnologia e do desvio das
prioridades do setor produtivo, sendo necessário um maior apoio tecnológico em escala
apropriada, reduzindo os riscos e aumentando a lucratividade do setor produtivo
(HOMMA, 2001).
No Brasil, principalmente na Região Amazônica, existem algumas espécies de
fruteiras domesticadas ou cultivadas com grande potencial agroindustrial e ainda pouco
exploradas. Dentre essas espécies destaca-se o bacuri (Platonia insignis Mart.) por sua
importância econômica nas regiões norte e nordeste (CLEMENT e VENTURIERI,
1990).
Apesar da grande oferta de bacuri nas regiões produtoras, pouco investimento
tem sido efetuado em pesquisas voltadas para os aspectos tecnológicos e industriais do
fruto (BEZERRA, et al, 2005).
O aproveitamento industrial do bacuri é realizado principalmente por pequenas
empresas, que se utilizam da polpa para produção em escala restrita de doces, néctares e
outros produtos (VILLACHICA, 1996).
O bacurizeiro (Platonia insignis Mart.), espécie arbórea da família Clusiaceae,
nova denominação para a familia Gutiferaceae, sendo tradicionalmente encontrada em
estado silvestre nas matas de terra firme (EMBRAPA, 2007b). Essa árvore é natural da
Amazônia, tendo como centro de dispersão o estado do Pará, podendo também ser
encontrado nos estados do Maranhão, Mato Grosso, Piauí, Goiás e mesmo em terras do
Paraguai (FERREIRA, FERREIRA e CARVALHO, 1987; SILVA e DONATO, 1993,
MACEDO, 1995). O bacurizeiro ocorre naturalmente em áreas descampadas, sendo
raramente encontrado em florestas primárias e densas. Indiferente às condições do solo,
o bacurizeiro resiste a pronunciadas deficiências hídricas, assim como, temperaturas
elevadas (LORENZI, 1992; VILLACHICA, 1996).
Ideal para o desenvolvimento em áreas litorâneas, não exige grandes cuidados
operacionais e possibilita o cultivo de baixo custo em virtude do aproveitamento de
solos desgastados por culturas anuais. Sua propagação ocorre pelas sementes ou por
brotações que surgem, espontaneamente, nas raízes das plantas adultas (FERREIRA,
FERREIRA e CARVALHO, 1987; CARVALHO, FONTENELLE e MÜLLER, 1996;
VILLACHICA, 1996).
O fruto do bacurizeiro é uma baga volumosa, com formato arredondado, ovalado
ou achatado, conforme pode se observar na figura 1 (CAVALCANTE, 1996;
GUIMARÃES et al., 1992), podendo pesar de 100g até 1 kg (CARVALHO,
FONTENELLE e MÜLLER, 1996; VILLACHICA, 1996).
Figura 1 – Aspecto externo do fruto. Fonte: Nosso Pará (2007)
O fruto tem coloração amarela cítrica e em seu interior contém de uma a cinco
sementes envolvidas pelo endocarpo, que se constitui na parte comestível do fruto,
comumente denominada polpa (SOUZA, 1996; MOURÃO, 1995, CARVALHO et al.,
1998). O aspecto interno do fruto pode ser observado na figura 2.
Figura 2 – Aspecto interno do fruto. Fonte: Nosso Pará (2007)
Em termos percentuais, a maior parte do bacuri é constituída pelo epicarpo e
mesocarpo, os quais, em conjunto, constituem a casca do fruto, que é de consistência
rígido - coriácea e com espessura variando de 0,7 cm a 2,0 cm (GUIMARÃES et al.,
1992; CAVALCANTE, 1996). Em média, a casca representa 64% a 70% do peso do
fruto, vindo a seguir as sementes, cuja participação varia de 13% a 26%. A polpa é o
componente que se apresenta em menor proporção, representando somente cerca de
10% a 18% do peso do fruto (BARBOSA et al., 1979; GUIMARÃES et al., 1992;
TEIXEIRA, 2000, CARVALHO et al., 2003). Nos óvulos não-fecundados, o endocarpo
não abriga semente e apenas se desenvolve a polpa, que no fruto maduro recebe a
designação popular de “filho” ou “filhote”. Trata-se da parte preferida pelos
consumidores devido à sua maior quantidade de polpa (TEIXEIRA, 2000).
Seu fruto pode ser utilizado tanto na forma in natura como pela agroindústria,
para produção de polpas e produtos derivados como sucos, néctares, sorvetes e
sobremesas (FERREIRA et al., 1987). Embora a polpa seja o principal produto do
bacurizeiro é possível aproveitar a casca para a elaboração de doces, sorvetes e cremes,
o que pode aumentar consideravelmente o rendimento do fruto (CARVALHO,
FONTENELLE e MÜLLER, 1996).
Segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa agropecuária (EMBRAPA), a
produção de bacuri é comercializada, principalmente, nas centrais de abastecimento e
feiras livres de Belém-PA, São Luís - MA e Teresina - PI, e não tem sido suficiente para
atender à demanda crescente do mercado consumidor dessas capitais. Na forma de
polpa congelada, a comercialização é feita, principalmente, nas grandes redes de
supermercados dessas capitais a preços superiores aos de outras frutas tropicais como o
cupuaçu, o cajá, a goiaba e a graviola, entre outras. Portanto, no futuro próximo, essa
espécie pode estabelecer-se como uma nova e excelente alternativa para os mercados
interno e externo de frutas exóticas. Concretizando essa possibilidade, o maior desafio
será encontrar alternativas para o aproveitamento racional das cascas e das sementes do
bacuri, para compensar a baixa quantidade de polpa (EMBRAPA, 2007b).
No entanto, apesar da sua importância social e do seu elevado potencial
econômico, muito pouco tem sido feito para o conhecimento e uso dessa espécie, quer
na área de coleta, conservação e caracterização, quer na de melhoramento genético,
visando o desenvolvimento de cultivares ou de práticas adequadas de cultivo e manejo.
Atualmente, o seu sistema de exploração, para o aproveitamento do fruto ou da madeira,
é quase exclusivamente extrativista (CAVALCANTE, 1996; MORAES et al., 1994;
VILLACHICA et al., 1996).
Na região Norte, em função dos desmatamentos, especialmente em áreas de
cerrado e do crescimento das áreas urbanas, acredita-se que boa parte da variabilidade
genética existente nessa espécie tenha sido perdida. Poucos esforços têm sido
empreendidos pelas instituições de ensino e de pesquisa locais para resgatar e valorizar
o uso dessa preciosa fonte de alimentos e, assim, garantir a sua sustentabilidade para
uso das gerações futuras (EMBRAPA, 2007b).
Somente no início da década passada, a Embrapa Meio-Norte começou a
desenvolver esforços visando desenvolver tecnologias que permitam viabilizar a
exploração econômica dessa frutífera na região (SOUZA et al, 2001).
Medidas de prevenção de endemias carenciais e incentivo ao desenvolvimento
sustentável de matérias-primas regionais levam à busca de dados e subsídios para o real
conhecimento de fontes alimentícias com viabilidade econômica. Por ser um fruto que
obedece a períodos de safra, a estocagem e processamento do bacuri possibilitaria o seu
consumo mesmo durante o período de entressafra, reduzindo inclusive as perdas
(HIANI et al, 2003).
2.1 Extrativismo de Bacuri
Atualmente os debates e discussões referentes a desenvolvimento e
sustentabilidade recaem no campo de relações estabelecidas entre estilos de
desenvolvimento e qualidade dos sistemas naturais. Dessa conjunção deriva a definição
de sustentabilidade como desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem
comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem suas próprias
necessidades, ou seja, desenvolvimento sustentável (PEDRINI e BRITO, 2006;
BURSZTYN, 2001).
Os conceitos de sustentabilidade poderiam ter várias divisões dentre as quais
cabe destacar (PEDRINI e BRITO, 2005):
Sustentabilidade social baseado nos princípios de uma justa distribuição de
renda e bens, direitos iguais à dignidade humana e solidariedade social.
Sustentabilidade ecológica baseado no princípio da solidariedade com o
planeta e seus recursos e com a biosfera do seu entorno.
Sustentabilidade ambiental baseado no respeito e no realce da capacidade de
autodepuração dos ecossistemas naturais.
Esse entendimento recai na garantia da viabilização de que os recursos sejam
preservados e utilizados de forma racional, sem comprometer a capacidade de suporte
dos ecossistemas. Para tanto, os princípios para o desenvolvimento sustentável, a priori,
devem envolver três dimensões: ecológica, sócio - ética e política (SACHS, 1993).
Os estudos executados sobre a exploração das populações naturais de frutos
amazônicos, mostram seu caráter o predatório e a regeneração dos recursos continua
garantida pela planta até um alto limiar de coleta das sementes. Portanto o extrativismo
dos frutos e oleaginosos é considerado como conservador: não coloca em risco a
sobrevivência da árvore (ESCRICEH e RESTREPO, 2000).
Dentre os segmentos emergentes da economia regional Amazônica destacam-se
as indústrias voltadas para o pré-processamento de matérias-primas e insumos de
origem vegetal, ou para a industrialização final de produtos químicos ou alimentícios, a
base de produtos naturais. Esses setores têm demonstrado capacidade de organizar
novas redes entre os pólos urbanos regionais e os municípios periféricos, mas, por se
tratar de segmentos inovadores e em fase de estruturação, esses circuitos ainda não se
encontram consolidados em todas as etapas da cadeia produtiva (MIGUEL, 2009).
Diversas matérias-primas nativas ou adaptadas indicam oportunidades de
desenvolvimento de novos bioprodutos, especialmente nos setores de cosméticos, da
agroindústria e farmacêutico, e o grande destaque está na descoberta de novas drogas
derivadas diretamente ou sintetizadas a partir dos recursos biológicos
. Entre os produtos
regionais com maior potencialidade econômica, destacam-se as frutas nativas, os óleos
vegetais, os óleos essenciais, os corantes naturais, os fitomedicamentos, as resinas e as
fibras (MIGUEL, 2009).
Segundo a definição proposta por Pallett (2002), a coleta de frutos para fins
comerciais, denominada extrativismo, é um modo de exploração considerado antiquado
e que na floresta amazônica brasileira teve seu apogeu no início do século passado, com
o período da borracha. Historicamente, consideram-se como produtos tradicionais do
extrativismo a borracha e também a castanha-do-pará.
Na década de 1980, essa prática voltou a ser aplicada a outros recursos,
essencialmente frutos e oleaginosos com grande potencial de exploração. Várias são as
razões para essa nova perspectiva, dentre as quais a exploração racional que não coloca
em risco o estoque de recursos e, sendo esses produtos naturais e amazônicos, estão
carregados de valores novos que condizem com os conceitos de ecologicamente
corretos” e “verdes” (PALLETT, 2002).
Atualmente, o extrativismo do bacuri integra o elenco de “produtos invisíveis”
extraídos da floresta amazônica, que são importantes na estratégia de sobrevivência da
agricultura familiar, mas não aparecem nas estatísticas oficiais, pois a escassez de
índices econômicos e informações técnicas sobre os sistemas de manejo de bacurizeiro.
Com o cultivo racional, é possível diminuir os custos de extração e aumentar a
rentabilidade da produção, que pode viabilizar um duplo extrativismo: coleta do fruto e
extração da madeira. Esses fatores, somados à substituição do espaço em competição
com outras atividades agrícolas, o crescimento do mercado e valorização do fruto, que
na entressafra alcança o valor de R$16,00/quilo, podem ser aproveitados para consolidar
essas regiões como grandes centros produtores de uma das principais frutas regionais
(EMBRAPA, 2007b).
Ferreira, Ferreira e Carvalho (1987) recomendam 115 plantas de bacuri/hectare
para o monocultivo, com rendimento de mais de 20 toneladas de fruto fresco/hectare.
Dessas, 2,4 toneladas serão de polpa, 3,6 toneladas de semente e 14 toneladas de casca,
com rendimento industrial médio de 10% de polpa, 26% de semente e 64% de casca.
Outros estudos verificam oscilações nessa distribuição, que podem ser oriundas de
fatores como: genética, ecologia, métodos de cultivo, maturação do fruto e condições de
armazenagem (BEZERRA, 2003).
Em condições de cultivo, a planta adulta pode produzir até 500 frutos com peso
médio de 400g. sob condições silvestres existem relatos de plantas que produzem até
1000 frutos (VILLACHICA, 1996).
O bacuri demonstra grande potencial econômico pelas amplas possibilidades de
uso, podendo transformar-se, dentro de um período relativamente curto, em uma nova e
excelente alternativa agroindustrial, sendo necessários estudos enfocando,
principalmente, a conservação pós-colheita e a industrialização do bacuri (BEZERRA,
2005).
2.2 Produção e Comércio de Bacuris in natura
O bacurizeiro, como a maioria das espécies produtoras de frutos comestíveis da
Amazônia, frutifica no primeiro semestre do ano. O período de safra é relativamente
curto, iniciando-se, na microrregião de Belém, em janeiro e terminando em maio, sendo
o pico de produção ocorre no mês de fevereiro. Nas áreas de ocorrência da espécie fora
da Amazônia brasileira a distribuição da produção é semelhante, observando-se em
alguns locais, pequenas variações no início e no término do período de frutificação. Em
casos raros ocorre a produção de frutos temporãos, resultantes de florações
extemporâneas. Essas florações ocorrem nos período de março a maio o que possibilita
frutificação nos meses de julho, agosto e setembro (EMBRAPA, 2007c).
As informações sobre a produtividade de frutos são ainda pouco consistentes.
Em populações naturais, árvores com copa de grande envergadura chegam a produzir,
em anos de alta produção, mais de 1.200 frutos. Em média, estima-se que a
produtividade de frutos do bacurizeiro, por planta e por safra seja de 500 frutos. A
espécie apresenta ciclicidade de produção, ou seja, anos de elevada produção de frutos
são sucedidos por um, dois ou até três anos de baixa produção (EMBRAPA, 2007c).
Segundo o censo agropecuário do IBGE (2005), último a fornecer dados sobre o
bacuri, indica que a produção brasileira concentra-se na região Norte com 80,85% e no
Nordeste com 18,72%. O maior produtor desse fruto em nível nacional é o estado do
Pará, seguido pelo Maranhão, que respondem por cerca de 80,73% e 16,89% da
produção nacional, respectivamente.
Gráfico 1 - Produção nacional de bacuri por regiões
Norte: 80,85%
Nordeste:
18,72%
Outros: 0,43%
Fonte: IBGE (2005)
Estimativas feitas em 2000 indicavam que somente na cidade de Belém-PA,
eram comercializados anualmente, sete milhões de frutos, com valor total de U$1,61
milhão (CARVALHO, 2002).
HOMMA (2007) aponta um levantamento de preços de comercialização de
polpas de frutos amazônicos de mais alto valor. No final da década de 1990 a polpa do
bacuri era cotada a R$10,00/quilo e na entressafra alcançava R$16,00, valores três vezes
mais altos do que a polpa de cupuaçu, outro produto amazônico de importância
econômica.
Até o inicio da década de 2000, a inexistência de um consistente plantio
comercial de bacurizeiros justifica-se pelo fato da árvore nativa frutificar depois de
10 a 15 anos do plantio (CARVALHO et al, 2003). Recentemente, mudas enxertadas
capazes de frutificar depois de 3 a 5 anos do plantio, foram disponibilizadas aos
agricultores da região norte com o objetivo de reverter esse quadro (CARVALHO et al,
2007).
2.3 Produtos Derivados do Bacurizeiro
O aproveitamento agroindustrial do bacuri tem sido pouco pesquisado. Os
trabalhos dedicados ao assunto limitam-se a estudos sobre a composição da polpa
(BARBOSA, 1979, CLEMENT e VENTURIERI, 1990), alguns produtos como iogurte
com aroma natural da fruta (NAZARÉ e MELO, 1981) e néctares (SANTOS, 1982).
Outro produto que atrai bastante a atenção dos visitantes da região Norte é o chocolate
recheado com bacuri, que oferece contraste de sabores muito apreciado do fruto com o
chocolate (TEIXEIRA, DURIGAN e ALVES, 2000; TEIXEIRA, 2000).
A industrialização do bacuri é efetuada, principalmente, por empresas de
pequeno porte que utilizam a polpa dos frutos para produzir diferentes produtos, como
néctares, sorvetes, doces, geléias, compotas e iogurtes (FERREIRA, FERREIRA e
CARVALHO, 1987; HOLANDA e FREITAS, 1992; CLEMENT e VENTURIERI,
1990; CARVALHO, FONTENELLE e MÜLLER, 1996; VILLACHICA, 1996).
Os frutos que apresentam sabor doce mais pronunciado são preferencialmente
comercializados na forma in natura. Já os frutos mais ácidos e menos doces são
utilizados na fabricação de néctares, sucos, doces, pudins e compotas, geléias, tortas e
outros (VILLACHICA, 1996; CLEMENT e VENTURIERI, 1990).
A composição de voláteis da polpa de bacuri, que despertou o interesse dos
pesquisadores da área de aromas, pode viabilizar seu emprego nesse mercado (ALVES
e JENNINGS, 1979; MONTEIRO, 1995). NAZARÉ e MELO (1981) estudaram a
possibilidade da extração do aroma da polpa, visando sua aplicação como aromatizante.
Pretendiam utilizá-lo em substituição da polpa pura ou diluída na fabricação de iogurte
e constataram a viabilidade dessa técnica.
Um dos principais problemas da exploração do bacuri é o baixo rendimento de
polpa, aliado a dificuldade de sua remoção, quer por processos manuais ou mecânico,
respondem pelos altos preços do produto praticados no mercado (PEREIRA FILHO,
2001). Esses fatores apontam ainda mais para a necessidade de um melhor
aproveitamento dos resíduos de produção agroindustrial, viabilizando a sua exploração.
Da casca do fruto pode-se extrair o azeite, caracterizado por conter ácido
palmítico (44,2 a 65,4%) e ácido oléico (26,5 a 37,8%), ou ainda utilizá-la na fabricação
de doces. Nesse caso é necessário o cozimento prévio da casca para eliminar as resinas,
abundantes nessa parte do fruto (VILLACHICA, 1996). A resina removida da casca do
fruto e do tronco, identificada como resinotrol, pode ser utilizada pela indústria. Essa
resina é solúvel em solventes orgânicos, como álcool, éteres etílico, sulfúrico e de
petróleo. A separação da resina da casca assume importância, uma vez que a casca
apresenta os mesmos sabor e aroma da fruta. Como a casca contém grande quantidade
de pectina (5,0 %), após a separação da resina, essa pode ser usada como fonte de
pectina para fabricação de geléias (VILLACHICA, 1996). Importante observar que não
há trabalhos dedicados à caracterização desse material.
As sementes do bacurizeiro são bastante volumosas, com comprimento médio de
5,5cm e largura de 3,5cm, formato oblongo anguloso (Figura 1). O peso individual das
sementes varia de 5,6 g a 44,0 g. Em média, mil sementes, com grau de umidade de
39,0%, pesam 24,4 kg (EMBRAPA, 2007c).
Apesar de não ter sido encontrada na literatura disponível a composição de
macro e micronutrientes de semente e casca de bacuri, o trabalho realizado por Bentes
et al (1987) avalia diferentes aspectos desses resíduos agrícolas, com destaque para a
determinação do perfil de ácidos graxos da fração lipídica (Quadro 1). Essa fração reúne
cinco tipos de ácidos graxos, com ênfase para os ácidos Palmítico e Oléico, que juntos
integram mais de 80% da fração de óleos presentes, o que possibilita sua aplicação
como gordura vegetal. Também na fração oleosa pode-se remover aproximadamente
10% em tripalmitina, por precipitação.
Quadro 1 – Ácidos graxos da semente do bacuri
Acido Graxo Teor (%)
Palmítico
44,2
Palmitolêico
13,2
Esteárico
2,3
Oléico
37,8
Linoleico
2,5
Fonte: BENTES et al (1987)
2.4 Perspectivas de Exploração Sustentável de Casca e Semente de Bacuri
2.4.1 Indústria de Cosméticos
A indústria de cosméticos tem se caracterizado pela constante necessidade de
inovações e investe anualmente recursos significativos em lançamentos e promoções de
novas linhas de produtos. Dentre os fatores relevantes para a competitividade das
empresas de cosméticos, destaca-se a importância dos ativos comerciais como marca,
embalagens e canais de comercialização e distribuição (GARCIA et al, 2003).
Um fator chave nesse processo de constante inovação e mudança reside na
capacidade de desenvolvimento de novos insumos, principalmente essências, princípios
ativos, óleos essenciais e novas substâncias que são agregadas aos produtos (GARCIA
et al., 2003). Outro fator que vem ganhando cada vez mais relevância para a
constituição de novas linhas de produtos cosméticos é a questão ambiental e a
preocupação com o uso sustentável dos recursos utilizados como matéria-prima. Linhas
de produtos cuja produção se de maneira “ambientalmente responsável” visam
atingir consumidores preocupados com a conservação dos recursos naturais, através de
uma ação responsável.
No Brasil, a postura, as responsabilidades e as estratégias das empresas frente à
questão ambiental têm se modificado de maneira significativa, especialmente a partir da
década de 1990 (FARIA et al., 2003). A conservação da biodiversidade tem
significativa importância, que pode ser constatada por seus desdobramentos
econômicos, sociais e ambientais, na agregação de valor a produtos e processos e na
criação de novas oportunidades de empregos e de mercados, principalmente para os
países que a possuem. Seu potencial e impacto econômico não podem ser desprezados
pelos diversos segmentos da cadeia produtiva que participam do processo de
conservação e uso sustentável, como o governo, a comunidade técnico-científica, as
empresas, as populações tradicionais, as populações indígenas e toda sociedade, usuária
e beneficiária da diversidade biológica, racionalmente explorada. (ALLEGRETTI,
1989; COSTA FILHO, 1995; REYDON e MACIEL, 2003).
O conhecimento e aplicação das espécies vegetais da região amazônica para
diferentes fins, constituem uma prática antiga por parte das suas populações locais, mas
recentemente surgiram projetos e alguns empreendimentos pioneiros que têm sido
capazes de combinar um esforço de pesquisa científica com as suas diversas
possibilidades de aplicações para o desenvolvimento e o aproveitamento industrial de
uma série de produtos (MIGUEL, 2009). Porém a expansão da indústria de cosméticos
naturais ou à base de produtos naturais tem resultado em fortes questionamentos nos
detentores da biodiversidade sob dois distintos aspectos. O primeiro está associado aos
aspectos relativos à ecologia e à capacidade de proteção do meio ambiente, que impõe
questionamentos a respeito dos impactos do extrativismo comercial sobre a floresta e
sobre as populações tradicionais. O uso de insumos naturais, tanto para as empresas de
cosméticos tradicionais quanto para aquelas especializadas em produtos naturais, tem
por limite a escala da coleta e a sustentabilidade da floresta. Na grande maioria dos
casos, a indústria busca novos cultivares que garantam a escala de produção dos
insumos (SEBRAE, 2009).
O envolvimento da indústria em projetos de exploração da biodiversidade e a
busca de inovações voltadas à diminuição dos problemas ambientais têm sido vista
pelas empresas do setor como oportunidade de criação de um diferencial estratégico
frente à concorrência (CRUZ; FRANÇA, 2008). As indústrias de cosméticos se
apresentam nesse contexto em diferentes formas de atuação e são representadas por
empresas de diferentes portes, que vão desde micro e pequenas empresas locais, até
empresas líderes nacionais e transnacionais, que detêm todas ou algumas etapas das
cadeias produtivas, indo desde o processamento de extratos até o desenvolvimento do
produto acabado. Existem empresas que dedicam suas atividades exclusivamente às
etapas de processamento das matérias - primas para posterior fornecimento dos insumos
às indústrias responsáveis pelo produto final, bem como aquelas que desenvolvem todas
as etapas de produção até a comercialização final nos mercados consumidores
(MIGUEL, 2009).
O mercado brasileiro vem tendo grande expansão, tendo alcançado um
faturamento líquido de R$ 21,654 bilhões segundo dados da Associação Brasileira das
Indústrias de Higiene Pessoal, Perfumaria e cosméticos (ABIHPEC, 2008). Esse
mercado baseia-se principalmente nos produtos de higiene pessoal básica e de capilares.
Em 2004, o Brasil detinha o sexto maior mercado mundial de cosméticos, mas
em 2007 tornou-se o terceiro mercado, sendo responsável por 7,6% do total mundial,
ficando atrás somente dos EUA (17,6%) e do Japão (10,5%) (ABIHPEC, 2008). A
dinâmica do mercado para cosméticos naturais tende a se expandir ainda de forma
expressiva em países como Alemanha, Inglaterra e França. Como conseqüência, haverá
um crescimento para ingredientes naturais também. O Brasil é um dos países que
poderá fornecer um grande número de matéria-prima (SEBRAE, 2009).
Nos últimos anos o Brasil tem ampliado esforços para enfrentar os desafios do
desenvolvimento em um ambiente de competição internacional, no qual os maiores
obstáculos estão em envolver competência científica, inovação tecnológica e a
capacidade de transformar conhecimentos em processos e produtos industriais
valorizados pelos mercados nacional e internacional. Entretanto, a demanda por
produtos de origem natural desenvolvidos em bases sustentáveis tem promovido novas
oportunidades nesse campo, exigindo, porém, investimentos em pesquisa e
desenvolvimento para uma exploração sustentável da biodiversidade da Amazônia
brasileira (MIGUEL, 2009). É de importância fundamental para a indústria nacional
assimilar o conceito de que, além de agregar valor ao produto nacional, o
desenvolvimento sustentável de produtos da floresta ajuda a preservar o meio ambiente
e as comunidades locais, aliando ciência e exploração racional de riquezas naturais
(BARATA, 2005).
2.4.2 Produção de Biocombustíveis
O conceito de biodiesel ainda não tem uma definição de consenso. Algumas
definições consideram biodiesel como qualquer mistura de óleo vegetal e diesel fóssil,
enquanto outras se referem apenas as misturas de alquil ésteres de óleos vegetais ou
gorduras animais e diesel. A definição adotada pelo Programa Biodiesel brasileiro é
"um combustível obtido a partir de misturas, em diferentes proporções, de diesel fóssil e
alquil ésteres de óleos vegetais ou gordura animal". Tecnicamente, o biodiesel é o alquil
éster de ácidos graxos, feito pela transesterificação de óleos e/ou gorduras, obtidos de
fontes vegetais ou animais, com álcoois de cadeia curta, como metanol e etanol (PINTO
et al, 2005). A definição de biodiesel adotada pala Agência Americana "National
Biodiesel Board" também aponta para o conceito de derivado mono-alquil éster de
ácidos graxos de cadeia longa, proveniente de fontes renováveis como óleos vegetais ou
gordura animal, cuja utilização está associada à substituição de combustíveis fósseis em
motores de ignição por compressão, também chamados de motores do ciclo Diesel
(PINTO et al, 2005).
A mistura denominada biodiesel, pode ser obtida pela transesterificação de
triacilgliceróis com metanol ou etanol, ou ainda, ser obtido pela esterificação desses
ácidos graxos com metanol ou etanol. Para fins energéticos, esta reação foi estudada
inicialmente na Bélgica no ano de1937 e, em decorrência desse estudo, elaborou-se a
primeira patente descrevendo a transesterificação de óleos vegetais em uma mistura de
ésteres, metílicos ou etílicos de ácidos graxos, utilizando catalisadores básicos, como os
hidróxidos de metais alcalinos (SUAREZ e MENEGHETTI, 2007).
Para a obtenção de biodiesel, a reação de óleos vegetais com álcoois primários
pode ser realizada tanto em meio ácido quanto em meio básico, conforme demonstrado
na reação abaixo (SOUZA, 2006; RAMOS, 1999). A reação de síntese, geralmente
empregada a nível industrial, utiliza uma razão molar óleo: álcool de 1:6 na presença de
0,4% de hidróxido de sódio ou de potássio, porque o meio básico apresenta melhor
rendimento e menor tempo de reação do que o meio ácido (SOUZA, 2006). Por outro
lado, o excesso de agente transesterificante (álcool primário) faz-se necessário devido
ao caráter reversível da reação representada na figura 3:
Figura 3: Reação de transesterificação. Fonte: SOUZA (2006)
Freedman (1986) demonstrou que a alcoólise com metanol é tecnicamente mais
viável do que a alcoólise com etanol, particularmente se esse corresponde ao etanol
hidratado, cujo teor em água (4-6%) retarda a reação. O uso de etanol anidro na reação
efetivamente minimiza este inconveniente, embora não implique em solução para o
problema inerente à separação da glicerina do meio de reação que, no caso da síntese
do éster metílico, pode ser facilmente obtida por simples decantação.
Os óleos vegetais são produtos naturais constituídos por uma mistura de ésteres
derivados do glicerol, denominados triacilgliceróis ou triglicerídeos, cujos ácidos
graxos contêm cadeias que variam de 8 a 24 átomos de carbono com diferentes graus de
insaturação. Conforme a fonte, variações na composição química do óleo vegetal são
expressas por alterações na relação molar entre os diferentes ácidos graxos presentes na
estrutura, logo a análise da composição de ácidos graxos constitui o primeiro
procedimento para a avaliação preliminar da qualidade do óleo bruto e de seus produtos
de transformação, e isto pode ser obtido através de vários métodos analíticos tais como
a cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC), a cromatografia em fase gasosa (CG)
e a espectroscopia de ressonância magnética nuclear de hidrogênio (RMN)
(MITTELBACH e BERGMANN, 1996; GELBARD, et al, 1995).
A utilização de biocombustíveis tem sido implementada nos Estados Unidos
da América e na Europa, pois as características de desempenho energético, quando
avaliadas, são consideradas semelhantes ao diesel convencional, derivado do petróleo.
Apesar disso, é comum a utilização de misturas de diesel convencional e do biodiesel,
pois este último apresenta valores de densidade e viscosidade superiores, quando
comparado ao combustível fóssil (BARROS,MEIER & WUST, 2008).
Vários países vêm investindo na produção e viabilização comercial do biodiesel
por meio de unidades de produção com diferentes capacidades, distribuídas
particularmente na Europa, América do Norte e Ásia (RAMOS, KUCEC e WILHELM,
2003).
Os óleos extraídos de diferentes tipos de vegetais, utilizados como fonte de
alimentos, são produtos de grande interesse econômico, o que impulsiona a
implementação de pesquisas científicas com vista a sua valorização e conseqüente
comercialização e aproveitamento econômico e ambiental maximizado (BARROS,
MEIER & WUST, 2008).
Existem várias opções de fontes de óleo vegetal, como as sementes de soja e
mamona, por causa das grandes áreas da agricultura, e palma, devido ao alto nível de
óleo, que proporcionam excelentes opções para a expansão da produção de óleo vegetal
no Brasil. No Nordeste do Brasil, além de palma, girassol, algodão e soja, as sementes
de mamona poderiam ser destacadas, que podem ser cultivados em todos os estados
dessa região em função das condições edafoclimática para essa cultura. No entanto,
sementes de mamona apresentaram uma baixa produtividade, entre 600 e 1000 kg / ha
ano (PINTO et al, 2005). Dentre as matérias-primas também viáveis para a produção de
biodiesel, figuram alguns tipos de óleos de fritura, como aqueles derivados do
processamento industrial de alimentos para refeições industriais, que em geral não
possuem programa de recolhimento ou descarte seguro, constituindo-se apenas em um
efluente (COSTA NETO et al, 2000).
No Brasil, durante os anos 40, no século passado, ocorreu uma das primeiras
tentativas de aproveitamento energético dos óleos e gorduras em motores à combustão
interna. Têm-se relatos de estudos e aplicações de óleos vegetais puros em motores
diesel, sendo inclusive proibida a exportação destes para forçar uma queda no seu preço
e, assim, viabilizar o seu uso em locomotivas (SUAREZ e MENEGHETTI, 2007).
Por toda a relevância energética e sócio-ambiental envolvida, a produção de
biodiesel constitui-se em uma questão prioritária, sendo que a elevação dos preços do
óleo diesel e o interesse do Governo Federal em reduzir sua importação levaram o
Ministério da Ciência e Tecnologia a lançar o Programa Brasileiro de Desenvolvimento
Tecnológico do Biodiesel (PROBIODIESEL), através da Portaria nº. 702 do MCT,
publicada no D.O.U. 215 em 6 de novembro de 2002 (BRASIL, 2002). Sendo o
consumo de diesel no Brasil de 40 bilhões de litros, o mercado potencial para biodiesel
é atualmente de 800 milhões de litros, com perspectivas de atingir a marca de dois
bilhões até o ano de 2013 (SUAREZ e MENEGHETTI, 2007).
Em resposta ao desabastecimento de petróleo ocorrido entre os anos de 1970 e
1980, o governo federal criou, além do amplamente conhecido PROÁLCOOL, o Plano
de Produção de Óleos Vegetais para Fins Carburantes (PRO-ÓLEO), elaborado pela
Comissão Nacional de Energia, através da Resolução 007, de 22 de outubro de 1980.
Previa-se a regulamentação de uma mistura de 30% de óleo vegetal ou derivado no óleo
diesel e uma substituição integral em longo prazo (SUAREZ e MENEGHETTI, 2007).
Neste programa de governo, foi proposta, como alternativa tecnológica, a
transesterificação de diversos óleos ou gorduras derivados da atividade agrícola e do
setor extrativista (GOLDENBERG et al, 2004).
O Governo Federal criou em 2003 o Grupo de Trabalho Interministerial,
encarregado de apresentar estudos da viabilidade do uso como combustível de óleos,
gorduras e derivados, e indicar as ações necessárias para a sua implementação. Esse
grupo concluiu que o biodiesel deveria ser introduzido imediatamente na matriz
energética brasileira, mas recomendava que seu uso não devesse ser obrigatório, para
poder acessar o mercado de carbono advindo do protocolo de Kyoto e também não
deveria haver uma tecnológica ou matéria-prima preferencial para a produção de
biodiesel. Concluiu-se também que deveria ser incluído o desenvolvimento
socioeconômico de regiões e populações carentes nas suas políticas de produção
(SUAREZ e MENEGHETTI, 2007). Para operacionalizar essas sugestões, foi então
criada uma Comissão Executiva Interministerial composta por 14 ministérios e
coordenada pela Casa Civil. Esta comissão possuía como unidade executiva um Grupo
Gestor formado por representantes de 10 ministérios, além de membros oriundos da
Agência Nacional do Petróleo (ANP), EMBRAPA, BNDES e Petrobrás, coordenados
pelo Ministério das Minas e Energia. Foi lançado então o Programa Nacional de
Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) cujo objetivo principal era garantir a produção
economicamente viável do biocombustível, enfatizando a inclusão social e o
desenvolvimento regional (SUAREZ e MENEGHETTI, 2007).
A principal ação legal do PNPB foi à introdução de biocombustíveis derivados
de óleos e gorduras na matriz energética brasileira, através da Lei 11.097, publicada
no D.O.U. em 14 de janeiro de 2005 (BRASIL, 2005). Esta lei previa o uso opcional de
misturas com 2% de biodiesel até o início de 2008, quando passaria a ser obrigatório.
Entre 2008 e 2013, poderão ser usadas misturas com até 5% de biodiesel, a partir de
então esse percentual será obrigatório. Essa lei define ainda que "Biodiesel:
biocombustível derivado de biomassa renovável para uso em motores à combustão
interna com ignição por compressão ou, conforme regulamento, para geração de outro
tipo de energia, que possa substituir parcial ou totalmente combustíveis de origem
fóssil". Por essa definição não existe nenhuma restrição quanto à rota tecnológica,
sendo possível utilizar como biodiesel os produtos obtidos pelos processos de
transesterificação, esterificação e craqueamento. Porém, a ANP, na Resolução 42
publicada no D.O.U. em 9 de dezembro de 2004, regulamentou apenas o uso de ésteres
metílicos ou etílicos de ácidos graxos, sejam esses obtidos por transesterificação ou
esterificação. (BRASIL, 2004).
O emprego de combustíveis alternativos a fim de reduzir os impactos ambientais
de emissões de gases provenientes do uso do diesel, tem sido extensivamente estudado.
uma tendência na utilização de matérias-primas regionais para a produção de
combustíveis alternativos, tais como álcool, biodiesel a partir de culturas locais ou
mesmo resíduos agrícolas. O interesse geral em biocombustíveis resulta de
considerações econômicas, mas recentemente também tem crescido a atenção devido à
influência que os seus produtos de combustão podem ter sobre a questão do
aquecimento global (PINTO et al, 2005). Alguns estudos apontam que o uso deste
biocombustível diminui a emissão de gases relacionados com o efeito estufa, tais como
hidrocarbonetos, monóxido e dióxido de carbono (PINTO et al, 2005; MA e HANNA,
1999).
A utilização de biodiesel como combustível tem apresentado um potencial
promissor no mundo inteiro. Primordialmente, pela sua enorme contribuição ao meio
ambiente, com a redução qualitativa e quantitativa dos níveis de poluição ambiental, e
também, como fonte estratégica de energia renovável em substituição ao óleo diesel e
outros derivados do petróleo. rios países vêm investindo na produção e viabilização
comercial do biodiesel, através de unidades de produção com diferentes capacidades,
distribuídas particularmente na Europa (Áustria, Alemanha, Bélgica, França, Finlândia,
Itália, Holanda, Reino Unido e Suécia), na América do Norte (Estados Unidos) e na
Ásia, mais especificamente no Japão. Dentre as matérias-primas mais utilizadas figuram
os óleos de soja e de canola e vários tipos de óleos de fritura, com destaque para os
derivados do processamento de alimentos para refeições industriais (COSTA NETO et
al, 2000).
Atualmente, a reciclagem de resíduos agrícolas e agroindustriais vem ganhando
espaço cada vez maior, não simplesmente porque os resíduos representam "matérias -
primas" de baixo custo, mas, principalmente, porque os efeitos da degradação ambiental
decorrente de atividades industriais e urbanas estão atingindo níveis cada vez mais
alarmantes (COSTA NETO et al, 2000).
A utilização do biodiesel contribui para a atenuação de problemas,
destacadamente a acidificação das precipitações pluviométricas, usualmente
denominada chuva ácida, e o "smog" fotoquímico, caracterizado pela formação de
substâncias tóxicas como o ozônio e o nitrato de peroxiacetileno, a partir de nitrogênio e
hidrocarbonetos, na presença de energia solar, devido à inexistência de enxofre na
estrutura dos ésteres de ácidos graxos. Misturas de biodiesel e diesel convencional, na
proporção de 20:80 (B20), quando submetidas à queima, reduzem as emissões de
material particulado (26,8%), monóxido de carbono (72,8%) e hidrocarbonetos (73,2%).
A emissão de aldeídos também é menor que na combustão do diesel convencional (LEE
et al, 2002). Porém, as emissões de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, oriundas
do biodiesel, são 28% maiores que as verificadas no diesel convencional, mas, ainda,
abaixo dos níveis críticos citados na legislação européia (BARROS, MEIER e WUST,
2008; MITTELBACH e TRITTHART, 1988).
Segundo Pinto et al (2005), os resultados disponíveis até agora, quanto à
realização de estudos comparativos entre emissões de diesel fóssil e misturas, em
proporções variáveis, com biodiesel, ainda são conflitantes em vários aspectos.
Enquanto alguns estudos relatam, para o biodiesel, reduções globais em quase todas as
substâncias, outros apontam para valores comparáveis, ou mesmo aumentos nas
emissões. As diferenças entre as emissões, produzidas pela queima de combustível,
dependem de fatores que não estão apenas relacionadas com o tipo de combustível, mas
também às características do motor e condições de ensaio.
A combinação de todas estas variáveis podem estar levando a conclusões
diferentes, entre os estudos realizados até agora. Apesar disso, é inquestionável que o
biodiesel tem pouquíssimo enxofre e aromáticos e, embora as emissões de dióxido de
carbono possam ser quase do mesmo nível que as de motores a diesel mineral, as suas
características renováveis e sua origem vegetal, que caracteristicamente consome esse
poluente, tornam seu ciclo produtivo mais positivo e ecologicamente viável e
sustentável (PINTO et al, 2005).
2.4.3 Produção de Carvão Vegetal Ativado
O carvão vegetal ativado é muito importante para a utilização em filtros para o
tratamento e análise da água, para retenção de poluentes atmosféricos, desodorização
em indústrias e diversas outras aplicações, sendo o adsorvente mais utilizado pelas
indústrias e laboratórios (BOONAMNUAYVITAYA et al, 2005).
Os produtos utilizados para a produção de carvão são, em geral, substâncias com
alto valor de carbono e baixo teor de inorgânicos. Inúmeros materiais crus podem ser
usados como precursores para a preparação dos carvões ativados (GOMEZ-SERRANO
et al, 2005). Nessa área pode ser destacado o emprego de resíduos sólidos da agricultura
como cascas e caroços, madeiras, bagaços, com os quais se produz carvão ativado com
eficácia comprovada em testes laboratoriais (CUERDA-CORREA et al, 2005; TSAI, et
al, 2001). O uso desse tipo de matéria-prima tem impacto positivo no meio ambiente, e
aliado ao alto custo dos carvões ativados comerciais, a procura por fontes alternativas
tem crescido (DURAN-VALLE et al, 2005).
trabalhos que mostram a produção de carvão ativado tendo como matérias-
primas a casca do coco (SU, 2003), casca do grão-de-bico (HAYASHI et al, 2002),
bagaço de cana-de-açúcar (BERNARDO, EGASHIRA e KAWASAKI, 1997) e outros
subprodutos da agricultura como os pedaços de videira oriundos da poda anual das
indústrias produtoras de vinho (SENTORUN-SHALABY et al, 2006).
A ativação química consiste na carbonização da matéria-prima em altas
temperaturas (600-700ºC) em baixa concentração de oxigênio e por curto intervalo de
tempo (20-30 minutos), denominada pirólise, com a presença de um agente desidratante,
como por exemplo, cloreto de zinco e ácido sulfúrico (CORCHO-CORRAL et al,
2005).
2.4.4 Produção de Ração para Consumo Animal
O aumento da produtividade animal está diretamente relacionado à qualidade da
alimentação fornecida. Em regiões onde as condições climáticas adversas prejudicam o
desenvolvimento da atividade agropecuária, gerando baixos índices de produtividade,
necessidade do fornecimento de fonte de proteína alimentar, de boa qualidade, com
baixo custo e oferta regular, que possa suprir as necessidades produtivas dos animais
(LOUSADA JÚNIOR et al., 2006). As pastagens, quando se constituem na principal
fonte alimentar para os animais de corte, embora sejam mais econômicas para a
produção de carne, geralmente deixam a desejar, no aspecto da produtividade, em
função de seu baixo valor nutritivo (BARTHOLO, 1994).
A indústria alimentícia é um dos maiores setores industriais do mundo e o
grande crescimento populacional gera aumento na demanda de alimentos e requer maior
atividade industrial no setor, gerando maior quantidade de efluentes, os quais
necessitam de tratamento adequado para não causar problemas ao meio ambiente
(CALLADO, 1999). Nas últimas décadas, a fruticultura brasileira obteve um
extraordinário desenvolvimento, mas é fundamental que haja responsabilidade
ambiental, quanto ao destino dos resíduos agroindustriais não utilizáveis na alimentação
humana, que podem ser aproveitados na dieta animal, tornado-se importante fator de
barateamento nos custos de produção (FRANZOLIN, 2006).
uma demanda necessária pela utilização dos subprodutos agroindustriais na
dieta dos animais. Porém, a maioria desses alimentos ainda não foi estudada quanto à
sua composição e níveis adequados de utilização econômica e biológica na produção
animal (POMPEU et al, 2006).
Nesse contexto, os subprodutos agroindustriais constituem alternativa possível
na alimentação animal, principalmente em países tropicais, que detêm alto potencial
agrícola e grande diversidade de frutas (DRIEMEIER et al., 1999). Os resíduos
agroindustriais vêm sendo progressivamente aplicados e reaproveitados para o ambiente
produtivo como alternativa aos produtores, além de minimizar o impacto ambiental
(SAINJU et al, 2001). Os ruminantes ocupam lugar de destaque na agricultura, em face
do aproveitamento dos subprodutos e restos agrícolas, devido a sua flora microbiana,
que aproveita material de baixo valor nutritivo (ANDRIGUETTO et al., 1989). O Brasil
possui enorme quantidade de resíduos e subprodutos da agricultura e da agroindústria,
com potencial de uso na alimentação de ruminantes. A utilização de subprodutos de
frutas, como aditivos na dieta de forrageiras, configura-se como alternativa para elevar
os teores de matéria seca, além de constituir fonte de carboidratos, no processo de
fermentação (PRADO e MOREIRA, 2002).
3 METODOLOGIAS
3.1 Matéria-prima
Bacuris frescos no estádio de maturação próprio para consumo, pesando em
média 350g, dotados de casca castanho esverdeado, lisa e fina, com tamanhos e
formatos bastante uniformes, foram comprados em mercado de produtos hortifrutícolas
de Belém, capital do estado do Pará.
Os frutos, previamente limpos e selecionados, foram acondicionados em caixa
de papelão, própria para transporte aéreo, e enviados ao Rio de Janeiro em avião de
carga dotado de compartimento refrigerado para cargas perecíveis. Após o recebimento,
os frutos foram colocados em sacos de polietileno e armazenados em freezer, a uma
temperatura média de – 20
0
C.
3.2 Obtenção das Sementes e Cascas
Os frutos, após degelo, foram pesados e manualmente e cortados, sendo a polpa
removida com auxílio de facas de aço inoxidável e desprezada. As cascas e sementes
obtidas foram separadas e fragmentadas uniformemente para facilitar os processos
analíticos. Todos os materiais, utensílios e equipamentos empregados nesse processo
foram previamente lavados e desinfetados com água clorada na concentração de
200ppm de cloro residual livre, 0,1% detergente neutro e água potável aquecida,
segundo as recomendações de ARRUDA (1997). As amostras de cascas e sementes
reservadas à análise de minerais foram lavadas somente com água potável, para que não
ocorresse interferência na análise posterior.
3.3 Análises de Caracterização
As cascas e sementes do bacuri foram trituradas em equipamento semi
industrial e acondicionadas em sacos de polietileno, sendo posteriormente
caracterizadas através das seguintes análises:
3.3.1 Análises Físicas, Químicas e Físico-Químicas
A avaliação das amostras foi realizada nos laboratórios de Bromatologia
da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Centro Universitário Metodista Bennett.
Todos os ensaios foram minimamente em triplicata.
Perda por dessecação (Umidade) – determinada pela pesagem de uma alíquota de 5g
de amostra em pesa-filtro, previamente tarado; em seguida aqueceu-se em estufa a
105°C, até obter-se peso constante (IAL, 2005).
Resíduo por Incineração (Cinzas) determinado através da incineração de 2g de
amostras em forno tipo Mufla, a 550°C (IAL, 2005).
Extrato Etéreo (Lipídios Totais) obtido por extração contínua de alíquotas de 5g
das amostras com éter etílico, em aparelho de Soxhlet (IAL, 2005) e posterior
análise gravimétrica dos balões, previamente tarados com o lipídio extraído.
Nitrogênio Total e Proteína Bruta determinados pelo método Micro-Kjeldahl
(AOAC, 1995), utilizando bloco digestor e sistema destilador Tecnal modelo TE
0363. A proteína será calculada pela multiplicação do teor de nitrogênio total pelo
fator 5,75, aplicável a proteínas de origem vegetal (IAL, 2005).
Fibra Insolúvel a fração foi determinada pelo método de Van Soest modificado
por Jeraci et al (2003), no qual promove-se uma digestão a quente com solução
detergente neutra e adição de
α amilase (termamyl), com posterior filtração e
determinação gravimétrica dos resíduos insolúveis.
Pectina determinada na forma de ácido péctico, após precipitação com álcool, e
ataque ácido e alcalino, sendo finalizada por análise gravimétrica de cadinho de
Gooch previamente tarado, com precipitado retido (IAL, 2005).
3.3.2 Perfil de Minerais
A determinação foi realizada no laboratório de espectrofotometria do Instituto de
Química da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, onde amostras
secas foram calcinadas em mufla a 550°C, por período de 2 horas, e as cinzas obtidas
foram dissolvidas em HCl 2M e feita a determinação por espectrometria de massa com
plasma indutivamente acoplado no modo semiquantitativo em equipamento ELAN 6000
da Perkin Elmer - Sciex (AOAC, 1995). Esse ensaio consiste na ionização parcial de um
gás inerte, no caso o Argônio, que é inserido em um tubo concêntrico, juntamente com a
amostra. O plasma de argônio carreando amostra passa pela tocha do espectrômetro
(Figura 4). Os resultados foram convertidos para base úmida e expressos em mg do
mineral correspondente / 100g de amostra.
Figura 4: Tocha do Espectrômetro
3.3.3 Extração de Óleo
Com base nos dados de literatura, que apontavam à semente do bacuri como
mais promissora para obtenção de óleos por prensagem (BEZERRA, 2005), optou-se
por aplicar a prensagem como forma de obtenção, por seu menor impacto ambiental e
mais fácil operação.
3.3.3.1 Extração por Prensagem
As amostras de sementes preparadas conforme descrito em 3.2, foram colocadas
para secar em estufa, onde o ar aquecido a 40ºC era insuflado até que a redução do teor
de umidade atingisse um teor de 20%, segundo recomendações de Pighelli (2007). As
amostras secas foram colocadas em prensa mecânica, tipo expeller, com parafuso sem-
fim de aço inoxidável e motor elétrico, dotada de sistema de aquecimento, através de
resistência de cobre adaptável ao cilindro de extração, para facilitar a fluidez do óleo
obtido. O óleo obtido sofreu fracionamento natural, gerando amostras fluidas e
solidificadas, que foram recolhidas e utilizadas para determinação do perfil de ácidos
graxos presentes. O rendimento do processo de extração foi calculado pala diferença
entre o peso das sementes prensadas e o peso do óleo recolhido. O processo de extração
pode ser observado na figura 5, abaixo:
Figura 5: Extração de óleo por prensagem
3.4 Caracterização do Óleo de Semente de Bacuri
3.4.1 Acidez Titulável por Potenciometria
Por ser um óleo escuro, que dificultaria a visualização, descartou-se analisar a
acidez empregando-se fenolftaleína como indicador na titulação, optando-se por
titulação potenciométrica. Assim, foram dissolvidas alíquotas de aproximadamente 5g
de amostra em solução 1:1 de álcool etílico neutro e éter. Titulou-se com solução de
NaOH 0,01M, utilizando-se um potenciômetro para verificar o acréscimo de pH da
solução titulada durante o processo. As titulações foram conduzidas até pH 8,3, que é o
ponto no qual a fenolftaleína torna-se rósea (IAL, 2005).
3.4.2 Índice de Iodo
Supondo um índice de iodo entre 30 e 50, com base na composição do óleo feita
por Bentes (1986), pesaram-se alíquotas de 0.6g de amostra em erlenmeyer com tampa
e procedeu-se uma diluição com tetracloreto de carbono. Adicionou-se regente de Wijs
e, após repouso, fez-se uma adição de solução aquosa de iodeto de potássio. Titulou-se
cada amostra com solução de tiossulfato de sódio 0,1M, até aparecimento de coloração
alaranjada e, após adicionar amido, que ocasiona aparecimento de coloração azul,
prosseguiu-se com a titulação até desaparecimento da mesma. Paralelamente faz-se um
ensaio em branco, cujo volume de tiossulfato gasto, foi descontado para o calculo final
do índice de iodo da amostra (IAL, 2005).
3.4.3 Índice de Saponificação
Pesaram-se alíquotas de 2,0g de amostra que foram adicionadas de solução
alcoólica de hidróxido de potássio e colocadas para aquecer sob refluxo, por 30
minutos. Titularam-se as amostra com solução de ácido clorídrico até desaparecimento
de coloração avermelhada, usando fenolftaleína como indicador. Paralelamente faz-se
um ensaio em branco, cujo volume de ácido gasto, foi descontado para o calculo final
do índice de saponificação da amostra (IAL, 2005).
3.4.4 Determinação do Teor de Óleo Retido na Torta
Para determinação do teor de óleo que ficou retido na torta, obtida por
prensagem, foi empregado o método de Soxhlet para análise de alíquotas de 5g de
amostras, extraídas com éter etílico e posterior análise gravimétrica dos balões,
previamente tarados com o lipídio extraído (IAL, 2005).
3.5 Determinação do Perfil de Ácidos Graxos
A caracterização dos ácidos graxos das frações líquidas e sólidas do óleo de
semente de Bacuri foi efetuada por cromatografia em fase gasosa em aparelho modelo
CG INTERCROM G 8000, dotado de coluna capilar CP – Sil 88 e detector de ionização
de chama. Os óleos extraídos foram saponificados e metilados (JOSEPH e ACKMAN,
1992) e posteriormente diluídos em hexano e injetados em volume de 0,5 µL em
temperatura de injeção e detecção de 260º C.
3.6 Produção de Biodiesel
Para obtenção de biodiesel a partir do óleo de semente de bacuri, procedeu-se
conforme as segundo as recomendações de Filho (2009). Executou-se uma reação de
transesterificação com 6g uma amostra de óleo, adicionada ao catalisador previamente
preparado pela adição de 0,02g de hidróxido de potássio a 1,8mL de metanol
Promoveu-se a reação em recipiente fechado, que foi colocado sob aquecimento em
forno microondas por 20 segundos. Após esse período a mistura foi lavada com água
destilada e posteriormente, centrifugada para rápida separação e remoção do glicerol,
por diferença de densidade.
3.6.1 Avaliação do Biodiesel
O biodiesel obtido foi analisado qualitativamente através de
cromatografia gasosa, com o intuito de verificar a conversão dos seus ésteres de ácidos
graxos na reação de transesterificação. Para essa avaliação também procedeu-se como
descrito por Filho (2009), utilizando-se um aparelho modelo CG INTERCROM G 8000,
dotado de coluna capilar CP – Sil 88 e detector de ionização de chama. A cromatografia
foi conduzida nas seguintes condições de análise: volume de injeção de L;
temperatura do injetor: 250ºC; temperatura do detector: 250ºC; taxa de aquecimento:
3ºC/minuto e temperatura final: 200
o
C.
3.7 Produção e Avaliação de Carvão Ativado
Para produção de carvão a partir das cascas e sementes do bacuri, procedeu-se
com pequenas adaptações ao procedimento descrito por Balbinot (2006). Pesou-se 25g
de cada amostra, previamente seca, e colocou-se para calcinar em mufla a 700ºC por 30
minutos. Retirou-se e lavou-se o carvão formado com água bidestilada e colocou-se
para secar em estufa a 105ºC por 24 horas. Posteriormente triturou-se o produto em gral
de porcelana. Pesou-se o carvão produzido e procedeu-se a curva de adsorção para
avaliar sua ação. As curvas de adsorção foram construídas com relação à adsorção do
corante tiazínico, azul de metileno (BARTON, 1987). Preparou-se solução aquosa de
azul de metileno a 10mg/L. As massas de carvão utilizadas na adsorção de azul de
metileno foram de 0, 1, 0,2 e 0,4g. Os ensaios de adsorção foram realizados com 50mL
de solução de azul de metileno em copos de Becker de 100mL, sob agitação magnética
por 10 minutos. A quantidade de azul de metileno adsorvido nas amostras de carvão foi
determinada pela medida da absorbância da solução antes e após o ensaio. A
absorbância da solução de azul de metileno foi determinada em 610nm em
Espectrofotômetro Beckman-Coulter DU 530 utilizando-se água como branco.
3.8 Análise dos Resultados
Todos os resultados obtidos foram analisados com o programa estatístico
Statgraphics Centurion XV, através das ferramentas de estatística básica.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Análises Físico-Químicas
4.1.1 Perda por dessecação (umidade)
Os teores de umidade de cascas e sementes de bacuri encontram-se descritos nas
tabelas 1 e 2.
Tabela 1: Umidade das Cascas de Bacuri
CASCAS
N° da Amostra
Peso (g) Peso da Amostra
Seca (g)
Teor de Umidade
(%)
1 5,0316 1,8148
63,93
2 5,0419 1,8755
62,80
3 5,0042 1,8050
63,93
Média: 63,55
Desvio Padrão: 0,6524
Coeficiente de Variação: 0,0102
Tabela 2: Umidade de Sementes de Bacuri
SEMENTES
N° da Amostra
Peso (g) Peso da Amostra
Seca (g)
Teor de Umidade
(%)
1 5,0516 1,5604
30,89
2 5,0059 1,6339
32,64
3 5,0214 1,6173
32,20
Média: 31,91
Desvio Padrão: 0,9103
Coeficiente de Variação: 0,0285
Os valores de umidade encontrados para ambos os resíduos foram altos, o que
recomenda a utilização rápida em processos de extração de insumos, ou aplicação de
medidas de conservação e redução da umidade, como secagem natural ou artificial, para
posterior aproveitamento (KAGEYAMA e MÁRQUEZ, 1981). Tomando-se como
parâmetro a casca do maracujá amarelo (Passiflora edulis), fruto que vem sendo muito
estudado para aproveitamento de seus resíduos e possui teores de umidade variando
entre 78 e 89% (CORDOVA, 2005), observamos que as cascas do bacuri (63,55% ±
0,6524) apresentaram teores de umidade bem inferiores, mas igualmente recomenda-se
a redução desses níveis de umidade para possibilitar um manuseio livre de
deteriorações. No que se referente a sementes, a do maracujá apresenta uma umidade
média de 28%, valores inferiores as do bacuri (37,91% ± 0,9103) e ambas vão requerer
medidas de controle de umidade (MARTINS, SILVA e MELETTI, 2005).
Segundo Pighinelli (2007), se considerarmos a perspectiva de obtenção de óleos
vegetais a partir dessas matrizes, a redução do teor de umidade favoreceria o processo
de extração por prensagem, aumentando seu rendimento e eficiência. O resultado
sugeriu cuidados que foram tomados posteriormente com as amostras, pois o óleo, se
obtido com alto teor de umidade, teria um acelerado processo de oxidação, dificultando
seu processamento e a sua caracterização (MORETTO, 1998).
4.1.2 Resíduo por Incineração (Cinzas)
As cinzas referem-se ao resíduo inorgânico total, remanescente da queima da
matéria orgânica, a qual é transformada em CO
2
, H
2
O e NO
2,
sem resíduo de carvão
(IAL, 2005). É importante observar que a composição das cinzas corresponde à
quantidade de substâncias minerais presentes nos alimentos, devido às perdas por
volatilização ou mesmo pela reação entre os componentes. Assim sendo, a cinza de um
material é o ponto de partida para a análise de minerais específicos (CHAVES, et al,
2004; GUTKOSKI et al, 2002). Nas tabelas 3 e 4, estão descritos os teores de cinza em
cascas e sementes de bacuri.
Tabela 3: Resíduo por Incineração de Cascas de Bacuri
CASCAS
N°da Amostra
Peso da Amostra (g) Peso do resíduo (g)
Teor de Cinzas (%)
1 5,0707 0,0471 0,9289
2 5,0218 0,0447 0,8912
3 4,9920 0,0470 0,9421
Média: 0,9207
Desvio Padrão: 0,0264
Coeficiente de Variação: 0,0287
Tabela 4: Resíduo por Incineração de Sementes de Bacuri
SEMENTES
N°da Amostra
Peso da Amostra (g) Peso do resíduo (g)
Teor de Cinzas (%)
1 4,9958 0,0503 1,0068
2 5,0068 0,0519 1,0365
3 5,0038 0,0532 1,0631
Média: 1,0354
Desvio Padrão: 0,0281
Coeficiente de Variação: 0,0271
As cinzas, além de serem base de análise do perfil de minerais específicos da
amostra, servem para embasar a provável aplicação na produção de carvões ativados,
embora a literatura não ofereça um ponto máximo de inorgânicos para uma matéria-
prima. Segundo Balbinot (2006) o teor de cinzas maior ou menor não implica em direto
impacto na qualidade de um carvão, porém, sabe-se que um elevado teor de inorgânicos
pode promover interações químicas na superfície do carvão, dependendo do tipo de
utilização que esse carvão venha a receber. No referido trabalho, foram encontrados
valores que variavam de 0,50 a 3,55% de cinzas em diferentes resíduos agrícolas (tortas
residuais da obtenção de óleo de amendoim, girassol e linhaça), em uma faixa de
resultados na qual se inseririam as cinzas de cascas (0,9207%±0,0264) e sementes de
bacuri. Kappel et al (2006) reafirmam a necessidade de matérias-primas de alto teor de
carbono e baixo teor de inorgânicos para servir de base à produção de carvões de
qualidade, mas trabalhou com valores de cinza de 5% para torta de girassol, obtendo
bons resultados.
4.1.3 Extrato Etéreo (Lipídios Totais)
Os valores encontrados para o teor total de lipídios, determinado pelo método de
Soxhlet, estão descritos nas tabelas 5 e 6.
Tabela 5: Lipídios Totais da Casca do Bacuri
CASCAS
N° da Amostra
Peso (g) Peso do Lipídio
extraído(g)
Teor de Lipídios
(%)
1 5,0832 0,4940
9,71
2 5,0439 0,5053
10,02
3 5,0618 0,5178
10,23
Média: 9,98
Desvio Padrão: 0,26
Coeficiente de Variação: 0,02
Tabela 6: Lipídios Totais da Semente de Bacuri
SEMENTES
N° da Amostra
Peso (g) Peso do Lipídio
extraído(g)
Teor de Lipídios
(%)
1 5,0711 1,6339
32,22
2 5,0387 1,6117
31,19
3 5,0125 1,6161
32,24
Média: 31,88
Desvio Padrão: 0,60
Coeficiente de Variação: 0,01
Os teores de lipídios nas cascas do bacuri (9,98% ± 0, 2616) possibilitam a
extração de óleo, conforme sugerido por Villachica (1996). Mesmo não sendo um valor
elevado, pode ser comparado ao da polpa do abacate (Persea americana) que apresenta
8,4% de lipídios, sendo um fruto tradicionalmente apontado como rico nesse nutriente
(TANGO; CARVALHO; SOARES, 2004). Porém, os valores encontrados apresentam-
se bem abaixo de outros vegetais consagrados para obtenção de óleo, embora
considerados de baixa produtividade relativa, como a soja (glycine max) que possui um
teor médio de 18,10% (MORAES, 2005), oliva com 25-30% e algodão com 19,5%
(GIOIELLI, 1996).
O teor de lipídios totais encontrado nas amostras de sementes foi de 31,88% ±
0,60. Esse valor é semelhante ao encontrado em outros resíduos vegetais, como o caroço
do abacate, que possui na média geral de seus cultivares conhecidos, um teor de 31,4%
(TANGO, 2004), e sementes de laranja da terra (Citrus aurantium L.), que possuem
valores médios de 32,25% (ROMERO, et al, 1988) e superior a outras sementes
estudadas e também consideradas resíduos, como as do tomate, que tem valores
variando de 14,5 a 19,22%, dependendo do cultivar (BARCELOS et al, 1992
;
ROY et
al, 1996), e do maracujá (Passiflora edulis
Sims) que possui valores médios variando de
25 a 27% (CORREA et al, 1994).
Esse resultado aponta a possibilidade de extração do óleo das sementes por
prensagem ou extração convencional por solvente. Geralmente teores de óleo inferiores
a 25% não indicariam a prensagem, que é um método mais simples e de menor impacto
ambiental, sem envolver a aplicação de solventes orgânicos, que por sua complexidade
no processo de uso e recuperação, dificultariam a aplicabilidade a custos menores, em
condições ambientalmente seguras (SINGH, 2000; MORETTO, 1998).
4.1.4 Proteína Bruta
Os valores encontrados são superiores a maioria dos vegetais e frutas
comumente consumidas, descritos na literatura, como por exemplo, a banana prata
(Musa balbisiana), que possui um teor de proteínas de 1,3%; abacates, com 1,2%;
cenouras (Daucas carotas) com 1,3% ou espinafre (Spinacia oleracea L), que apresenta
2,0% de proteína bruta. Comparando ainda com frutos de consumo regional, como o
pequi (Caryocar brasiliense) que apresenta 2,3% de proteínas e o cupuaçu (Theobroma
grandiflorum) com 1,2%, os valores para casca e semente do bacuri se mostraram
superiores (NEPA/UNICAMP, 2006).
As tabelas 7 e 8 apontam os valores referentes ao total de proteína encontrados
nas amostras de cascas e sementes de bacuri.
Tabela 7: Teor de Proteína Bruta da Casca do Bacuri
CASCAS
N° da Amostra
Peso (g) Nitrogênio (g/100g)
Proteína (g/100g)
1 0,4953 0,4848
2,78
2 0,5035 0,4064
2,33
3 0,5054 0,4048
2,32
Média: 2,47
Desvio Padrão: 0,26
Coeficiente de Variação: 0,10
Tabela 8: Teor de Proteína Bruta da Semente do Bacuri
SEMENTES
N° da Amostra
Peso (g) Nitrogênio (g/100g)
Proteína (g/100g)
1 0,5140 0,5648
3,24
2 0,5072 0,5376
3,09
3 0,5000 0,5456
3,13
Média: 3,15
Desvio Padrão: 0,07
Coeficiente de Variação: 0,02
Se comparados ao teor de proteínas presente nas cascas de outros resíduos
agrícolas estudados a os resultados de casca e semente de bacuri também se mostram
bastante superiores. As cascas de banana, melão e maracujá, por exemplo, apresentam
teores médios de 1,69%,1,24% e 0,67%, respectivamente (GONDIM, et al, 2005).
A aplicação em rações animais para suprir a demanda de proteínas em épocas de
pouca pastagem, como sugere Louzada Junior (2006) seria uma alternativa para o uso
dessas porções. Nesse aspecto destacam-se a aplicação de resíduos agrícolas na
alimentação de ruminantes, devido à sua flora microbiana, que aproveita material de
diferentes valores nutritivos, porém ricos em fibras (ANDRIGUETTO et al., 1989).
Essa aplicabilidade é uma tendência dos produtores, que buscam aproveitar os resíduos
na alimentação animal, reduzindo suas perdas e oferecendo uma solução ambiental
prática, pela não geração excessiva de efluentes e aproveitamento sustentável e total da
produção agrícola (FRANZOLIN, 2006). Barbosa (2006) afirmou que a semente do
bacuri apresenta deficiência de treonina e lisina, aminoácidos essenciais, mas não possui
fatores antinutricionais como lectinas e inibidores de proteinases. Em ensaios com
animais, detectou-se uma relação nitrogênio / nitrogênio ingerido (valor biológico)
estatisticamente igual entre grupos de animais alimentados com semente de bacuri e
alimentados com caseína.
4.1.5 Fibra Insolúvel
Os Resultados para fibras insolúveis encontram-se nas tabelas 9 e 10.
Tabela 9: Fibra Insolúvel da Casca do Bacuri
CASCAS
N° da Amostra
Peso (g) Fibra insolúvel (g)
Teor de Fibra
Insolúvel (g/100g)
1 1,0079 0,3047 30,2312
2 1,0079 0,2618 25,9748
3 1,0023 0,2623 26,1698
Média: 26,1361
Desvio Padrão: 1,4512
Coeficiente de Variação: 0,0555
Tabela 10: Fibra Insolúvel da Semente do Bacuri
SEMENTES
N° da Amostra
Peso (g) Fibra insolúvel (g)
Teor de Fibra
Insolúvel (g/100g)
1 1,0056 0,1974
19,6325
2 1,0032 0,2009
20,0287
3 1,0087 0,1921
19,0489
Média: 19,5700
Desvio Padrão: 0,4928
Coeficiente de Variação: 0,0251
Os resultados, se analisados estritamente do ponto de vista tecnológico, mostram
que as fibras insolúveis presentes nas cascas e sementes do bacuri, estão em níveis bons
se relacionados a outros resíduos agrícolas. Segundos estudos de Balbinot et al (2006), a
torta de girassol com teor de fibra insolúvel de 24%, mostra-se superior às tortas de
linhaça (Linum usitatissimum), mamona (Ricinus communis) e amendoim (Arachis
hypogaea). Os resultados encontrados nas cascas do bacuri, mostram valores
semelhantes. O conteúdo de fibra insolúvel avaliado pela metodologia (FDN) aplicada
reflete o conteúdo de celulose, hemicelulose insolúvel e lignina. Essas frações de fibra,
denominada material lignocelulósico são importantes do ponto de vista da produção de
carvões vegetais ativados, habilitando assim os resíduos do bacuri como matéria-prima
potencial para esse tipo de produto, que é visto como alternativa importante para
indústria de alimentos e química, gerando carvão vegetal ativado a partir de materiais
baratos e com redução de risco ao meio ambiente, como enfatiza Coutinho et al (2000).
4.1.6 Pectina
Por constar em dados de literatura que existe aplicação da casca do bacuri para
produção de geléias e doces (VILLACHICA, 1996), e por possuir um volume maior de
amostra, optou-se por testar apenas esse resíduo, para determinação de pectina, não
avaliando esse parâmetro para sementes. Os valores encontrados, comparados ao valor
descrito na literatura encontram-se descritos na tabela 11.
Tabela 11: Teor de Pectina na Casca do Bacuri
CASCAS
N° da Amostra
Peso (g) Pectina (g)
Teor de ácido
péctico (g/100g)
1 0,5 6,8669
2 0,5 6,5523
3 0,5 5,2185
Média: 6,2120
Desvio Padrão: 0,8751
Coeficiente de Variação: 0,1487
T – Test (ref 5% - Intervalo de Confiança 95%): 0,1384
Os resultados encontrados não apresentam diferença estatística significativa dos
5% de pectina, descritos na literatura por Villachica (1996), sendo este, aentão, um
dos poucos valores referenciais disponíveis para a casca do bacuri. Se comparado a
frutos cítricos, fontes tradicionais de pectina para indústria, os valores estão abaixo dos
encontrados para resíduos da exploração do limão tahiti (Citrus latifolia Tanaka) que
apresenta 22,85% no albedo e 18,92% no bagaço (MENDONÇA et al, 2006), mas
comparando-o com valores de uma fonte emergente como o maracujá amarelo, que
apresenta valores na faixa de 2,10% (MACHADO, et al, 2003), nota-se que não se deve
desprezar o potencial desse resíduo, aplicando-o para geração de um insumo
industrialmente importante para indústria de alimentos por sua aplicabilidade
tradicional, como espessante e geleificante em uma grande variedade de produtos
(PIMENTA, VILELA, CARVALHO, 2004), bem como sua aplicação em novas
tecnologias, como revestimentos comestíveis (ANDRADE, 2008).
O resultado encontrado sugere o desenvolvimento de pesquisas para viabilizar a
produção de farinhas a partir da casca do bacuri, para aplicação como complemento
alimentar, dado sua ação ser potencialmente semelhante à farinha de maracujá, que vem
sendo estudada mais tempo, com impactos positivos na saúde humana (GALISTEO,
DUARTE, e ZARZUELO, 2008; JUNQUEIRA-GUERTZENSTEIN e SRUR, 2002).
4.2 Perfil de Minerais
A seguir, o perfil de minerais encontrados nas cascas e sementes do bacuri.
Tabela 12 – Minerais Presentes nas Cascas e Sementes do Bacuri
Identificação
mg/kg
Semente
Bacuri
Casca de
Bacuri
Li
< 0,4 < 0,4
Be
< 0,05 < 0,05
B
11 33
Mg 906 1243
Na 471 1555
Al
1,8 5,9
K
3567 22574
Ca
3720 2323
Sc
0,04 0,07
Ti
2,8 0,70
Cr
0,18 0,29
Mn 2,4 5,0
Fe 24 37
Co
0,01 0,023
Ni
0,21 0,19
Cu
10 3,9
Zn 9,1 11
Ga
0,004 0,003
Ge
<0,01 <0,01
As
0,15 0,29
Se
0,494 <0,02
Sr
26 29
Zr
0,008 0,011
Mo
0,12 0,08
Ru
< 0,001 < 0,001
Pd
0,011 0,009
Ag
< 0,001 0,013
Cd
0,02 0,008
Sb
0,001 0,002
Identificação
mg/kg
Semente
Bacuri
Casca de
Bacuri
Nd
0,004 0,01
I
< 0,1 < 0,1
Cs
0,64 0,50
Ba
1,7 9,2
Nb
<0,01 <0,01
V
<0,01 0,03
Sm
0,001 0,005
Eu
< 0,001 0,002
Gd
< 0,001 0,002
Tb
< 0,001 < 0,001
Dy
< 0,001 < 0,001
Ho
< 0,001 < 0,001
Er
< 0,001 < 0,001
Tm
< 0,001 < 0,001
Lu
< 0,001 < 0,001
Hf
< 0,001 < 0,001
Ta
0,007 0,005
W
< 0,001 < 0,001
Re
< 0,001 < 0,001
Os
< 0,001 < 0,001
Ir
< 0,001 < 0,001
Pt
< 0,001 < 0,001
Au
< 0,001 < 0,001
Hg
< 0,01 < 0,01
Tl
0,001 0,001
Pb
< 0,02 0,12
Bi
< 0,001 0,001
Th
< 0,005 < 0,005
U
< 0,001 < 0,001
O perfil qualitativo e quantitativo de minerais presentes nas cascas e sementes
do bacuri são um importante indicativo de qualidade nutricional. Embora se reitere que
o consumo humano não foi o foco dessa tese, é importante que sejam gerados dados
sugestivos e avaliadas formas vegetais com potencial de consumo ainda não
convenientemente estudadas. Tomaram-se por base os minerais de maior relevância,
relacionados pela Tabela Brasileira de Composição de Alimentos, desenvolvida pelo
NEPA/UNICAMP (2006) para efetuar a discussão desses resultados, a exceção do
Cálcio, cujos dados foram analisados pela Tabela de Composição Química dos
Alimentos de Franco (1996). Tais minerais encontram-se em destaque na tabela 12.
Inicialmente, observa-se que os teores de Magnésio de casca (1243mg/Kg) e
semente (906mg/Kg) apresentam-se muito superiores a todas as frutas relacionadas na
tabela NEPA/UNICAMP (2006), sendo também superior a alguns alimentos fontes
específicos como a salsa (Petrosolium sativum) com 698mg/Kg e o chocolate amargo
com 1070mg/Kg, e sendo suplantado pelo café (Coffea arábica) com 1650mg/Kg. O
Magnésio é um mineral importante para o sistema imune, bem como para as corretas
funções do músculo esquelético (VOLPE, 2008).
Os níveis de Manganês encontrados também estão acima da maioria das frutas e
hortaliças relacionadas pelo NEPA/UNICAMP (2006), com destaque para a casca do
bacuri, que é superada por poucos vegetais, como a salsa, com 188mg/Kg e o açaí, com
329mg/Kg. O Manganês é um constituinte das enzimas superóxido dismutase
mitocondrial, que é responsável pelo correto metabolismo dos radicais livres nas
mitocôndrias. Tem influência também sobre a síntese da dopamina, um importante
neurotransmissor, e na síntese do colesterol (WAITZBERG, 2002).
Os teores de Sódio e Potássio também foram bastante significativos, se
comparado com outras frutas e hortaliças. Dado esses minerais terem importante função
regulatória na pressão arterial, é interessante observar os valores de dio, que são
elevadíssimos para frutas, principalmente na casca (1555mg/Kg), sendo superados por
produtos em conserva, como palmito, com 5140mg/Kg e seleta de legumes, com
3980mg/Kg. Os teores de Potássio apresentados pelas sementes de bacuri, encontram-se
em níveis semelhantes aos apresentados pelo maracujá amarelo, que tem 3380mg/Kg, e
as bananas, que são consideradas boas fontes desse mineral, apresentando sempre
valores maiores que 3000mg/Kg, como por exemplo, a banana prata, com 3580mg/Kg.
Já a casca do bacuri apresentou resultado muito acima de qualquer outro fruto ou
hortaliça relacionado, superando inclusive as leguminosas, que são referência para
valores elevados de potássio, como o feijão carioca (Phaseolus vulgaris), com
13520mg/Kg (NEPA/UNICAMP, 2006). Tal resultado sugere uma maior necessidade
de pesquisa específica desse nutriente, dada a sua importância fisiológica
principalmente em pacientes renais (WAITZBERG, 2002).
Os teores de Ferro apontados tanto para casca como sementes de Bacuri não
foram elevados, sendo superados por frutas de uso comum, e que não são consideradas
boas fontes de ferro, como o maracujá, com 60mg/Kg. Os valores para Zinco também
não são expressivos encontrando-se na mesma faixa da maioria das frutas descritas. Os
níveis de Cálcio apresentaram valores importantes e compatíveis a outros alimentos
vegetais representativos. A casca (2323mg/Kg) encontra bom parâmetro na amêndoa,
com 2540mg/Kg, e a semente (3720mg/Kg) tem valores semelhantes aos da aveia, que
possui 3810mg/Kg, portanto esses resíduos podem ser apontados como uma boa
alternativa para fornecimento de Cálcio, dado sua importância em diversos processos
fisiológicos relevantes relativos à contração muscular, secreções hormonais e sempre
sendo relacionado à formação e manutenção dos tecidos ósseos em diferentes fases do
desenvolvimento (FRANCO, 1996).
4.3 Rendimento do Processo de Prensagem das Sementes de Bacuri
Uma amostra de 1241g de sementes previamente trituradas foi seca até obtenção
de um peso seco de 943g, indicando a remoção de 24,01% de umidade. O óleo obtido
pela prensagem, sob aquecimento brando, alcançou 340g, o que indica um rendimento
relativo à matéria parcialmente seca de 36%. Se comparado a outras sementes secas,
esse valor pode ser considerado satisfatório, pois o gergelim torrado apresenta
rendimento de 32,5% (INES, 2009), bem como em uma comparação com culturas
tradicionalmente exploradas por prensagem para obtenção de óleo, como a palma
(Elaeis guineensis) com rendimento de 22% e sua semente, o palmiste, que obtém um
rendimento de 3% (BAHIA, 2009). Esse resultado sugere que a prensagem tem êxito se
aplicado à obtenção de óleo de semente de bacuri, o que é importante para a cadeia de
produção, já que não envolvem aplicação de solventes orgânicos, eliminando riscos de
manipulação e contaminação ambiental.
4.4 Teor de óleo retido na Torta
A prensagem das sementes gerou uma torta parcialmente desengordurada e que,
dadas às características do equipamento utilizado, teve aparência de uma massa obtida
por processo de extrusão, conforme pode ser observado na figura 6:
Figura 6: obtenção de óleo e torta (detalhe)
O teor de óleo retido na torta pode ser observado na tabela 13, abaixo:
Tabela 13: Teor de Óleo Retido na Torta de Semente de Bacuri
SEMENTES
N° da Amostra
Peso (g) Peso do Óleo
Retido (g)
Teor de óleo na
Torta (%)
1 5,0509 0,3337
6,6067
2 5,0084 0,3237
6,4631
3 5,0092 0,3217
6,4217
Média: 6,4971
Desvio Padrão: 0,0970
Coeficiente de Variação: 0,0149
Se compararmos o resultado (6,4971 ±0,0970%) com o estudo de Balbinot
(2007) com tortas obtidas em prensa hidráulica, a partir de mamona, amendoim, girassol
e linhaça, sem dessecação prévia, com resultados variando de 22 a 27%, observa-se que
o método empregado para a semente do bacuri obteve uma retenção de óleo bem menor,
indicando a eficácia da prensagem e da secagem prévia das sementes. Valores elevados
de óleo na torta são indicativos de perda do material que se deseja obter e da ineficácia
do método empregado (COSTA, 2004).
Essa torta pode ser empregada na alimentação animal com sucesso, reduzindo o
impacto ambiental gerado atualmente por seu não aproveitamento direcionado (PRADO
e MOREIRA, 2002).
4.5 Acidez Titulável
Os resultados para acidez titulável do óleo de semente de bacuri, obtido por
prensagem, expresso em ácido oléico %, estão descritos na tabela a seguir:
Tabela 14: Acidez em Ácido Oléico do Óleo de Bacuri
N°
°°
° da
Amostra
Acidez em
ácido oléico
(%)
Média Desvio Padrão Coeficiente de
variação
Intervalo de
Confiança
(95%)
1 12,56
2 13,16
3 12,12
12,61
0,52
0,04
1,29
Optou-se por expressar a acidez em ácido oléico pela indicação direta de quanto
havia de ácido graxo livre em cada 100g de óleo. Esses ácidos graxos livres são
produtos principalmente formados pela hidrólise dos triacilgliceróis característicos do
óleo analisado.
Os valores encontrados são considerados altos e podem ser parcialmente
explicados pelas as características naturais do óleo de bacuri .
4.6 Índice de Iodo
Os valores encontrados estão descritos na tabela:
Tabela 15: Índice de Iodo do Óleo de Semente de Bacuri
N°
°°
° da
Amostra
Índice de
Iodo
Média
Desvio
Padrão
Coeficiente de
variação
Intervalo de
Confiança
(95%)
1 45,25
2 43,66
3 43,74
44,21
0,89
0,02
2,22
O índice de iodo expressa a quantidade de iodo em gramas, absorvida por 100
gramas de amostra, indicando seu grau de insaturação. Quanto maior o teor de ácidos
graxos insaturados em uma amostra de óleo, maior é seu índice de iodo.
Os resultados encontrados não diferem significativamente com o descrito por
Bentes et al (1986) que apontava um índice de 47,0. Os valores desse índice ainda não
são tabelados, mas se comparados aos preconizados na resolução n°270/2005 da
ANVISA,
observa-se que o óleo de bacuri apresentou resultado semelhante aos
esperados para o óleo bruto de palma, que se encontra na faixa de 44 a 58. De fato, tanto
o óleo de palma bruto quanto o óleo de bacuri, apresentam quantidades importantes de
ácidos graxos saturados nas suas composições, e conseqüentemente reduzindo os
valores do índice de iodo, mas ainda assim expressiva quantidade de ácidos
insaturados no óleo de semente de bacuri e seu índice mostra-se maior que os tabelados
para os óleos de coco (7,5 a 10,5) e a gordura de cacau (35 a 40) (BRASIL, 2005a).
É importante observar que o valor encontrado não desabilita a produção de
biodiesel a partir desse óleo. Até o ano de 2007 o valor máximo admitido correspondia
a um índice de iodo de 115, acima do qual não se recomendava o uso do óleo como
matéria-prima, sob alegação de uma potencial tendência a formar depósitos de carbono
no motor (DANTAS, 2006). Hoje, porém a resolução as ANP, 7, de março de 2008,
não estabelece um valor máximo para esse índice (BRASIL, 2008).
4.7 Índice de Saponificação
Os resultados obtidos encontram-se na tabela abaixo:
Tabela 16: Índice de Saponificação de Semente de Bacuri
N°
°°
° da
Amostra
Índice de
Saponificação
Média
Desvio
Padrão
Coeficiente de
variação
Intervalo de
Confiança
(95%)
1 211,20
2 206,06
3 205.89
207,71
3,01
0,01
7,49
O índice de saponificação indica o número de miligramas de hidróxido de
potássio necessários para saponificar um grama de óleo, sendo esse valor inversamente
proporcional ao peso molecular médio dos ácidos graxos que compõe os seus
triacilgliceróis característicos. Logo, quanto menor o tamanho da cadeia de um ácido
graxo, maior será a quantidade de hidróxido de potássio necessária para a saponificação
e maior o índice final (IAL, 2005).
Os valores para óleo de semente de bacuri não são tabelados pela ANVISA,
porém, analisando os parâmetros expressos na resolução n°270/2005, observamos que o
índice de saponificação encontrado novamente se aproxima da faixa relacionada ao óleo
de palma bruto, que é de 195 a 205 (BRASIL a, 2005). O índice encontrado se aproxima
muito do relatado por Bentes (1986), que indicou o valor de 205.1, para óleo de semente
de bacuri.
4.8 Perfil de Ácidos Graxos do Óleo de Semente de Bacuri Obtido por Prensagem
As sementes do bacuri previamente desidratadas até 20% de umidade, foram
submetidas à prensagem sob aquecimento de aproximadamente 50ºC, e isso facilitou em
muito a remoção do óleo. Como descreveu Bentes (1987), ocorre uma precipitação
natural de uma fração sólida, que se separa da fração oleosa. Ambas foram analisadas e
os resultados obtidos encontram-se na tabela 17.
Tabela 17: Perfil de Ácidos Graxos Obtidos por Prensagem da Semente do Bacuri
Óleo prensagem (%) Sólido prensagem (%) Ácido Graxo
MA DP CV MA DP CV
Palmítico (C16) 40,6 2,0 0,04 96,3 2,1 0,02
Palmitoleico (C16.1) 22,1 5,5 0,24 0,0 - -
Esteárico (C18) 2,7 0,9 0,33 1,8 0,79 0,43
Oléico (C18.1) 28,0 4,5 0,16 0,0 - -
Linoléico (C18.2) ND - - ND - -
Linolênico (C18.3) ND - - ND - -
MA – Média Aritmética DP – Desvio Padrão CV – Coeficiente de variação
Avaliando-se o resultado apresentado isoladamente, observamos que a fração
sólida é predominantemente formada por ácido palmítico (96,3±2,0) e esteárico
(1,8±0,79), com mais expressiva presença de palmítico. Essa fração lida separa-se
com facilidade, tendo coloração castanha, podendo por sua composição, ser empregada
como gordura vegetal (BEZERRA, 2005) ou como base para o preparo de cosméticos,
como cremes e sabonetes, apresentando rápida absorção pela pele (ARAÚJO et al,
1999). Barata (2000) descreve o ácido palmítico como excelente base cosmética para
produção de emulsões hidratantes e de cremes de barbear, devido a sua capacidade de
formação de espuma e alta detergência, mas apontando como fontes potenciais os óleos
de babaçu e o palmiste.
O óleo obtido por prensagem possui coloração avermelhada e apresentou um
maior equilíbrio entre ácidos graxos saturados e insaturados, destacando-se a presença
de ácido oléico e palmitoléico, monoinsaturados. Esse equilíbrio de frações saturadas e
insaturadas é semelhante ao ocorrido no óleo de palma, que apresenta, em média, 48%
de ácidos graxos saturados e 52% de ácidos graxos insaturados, havendo
correspondência especificamente no ácido palmítico, que contribui com
aproximadamente 40% na composição dos óleos de palma e bacuri (GRIMALDI, et al
2005). O ácido oléico tem sua ingestão correlacionada a efeitos benéficos a saúde em
relação à prevenção de doenças cardiovasculares (CARRETO, 2002, REBOLLO et al,
1998). Estudos mostram que o consumo de dietas ricas em gorduras monoinsaturadas,
exerce seletivos efeitos fisiológicos, reduzindo os níveis de colesterol total, de
triglicerídeos e de LDL-colesterol, sem alterar a fração HDL-colesterol do plasma, com
impacto positivo para a saúde do individuo. (TURATTI et al, 2002). Por sua
composição e fracionamento natural, os resultados sugerem possíveis aplicações para
alimentação. A predominância de frações de acido palmítico e oléico dão
correspondência aos dados de literatura obtidos para óleo de palma (GRIMALDI, et al,
2005) reforçando assim a indicação para finalidades alimentícias da fração oleosa como
um bom substituinte de bases oleosas parcialmente hidrogenadas.
A presença em quantidade importante de ácido oléico também sugere aplicação
na produção de cosméticos para produtos de uso corporal de ação hidratante, como
cremes e loções, principalmente aplicados em peles ressecadas, dada sua qualificação
como um promotor químico de absorção, denominação dada na cosmetologia a uma
substância usada para modificar a resistência da pele, aumentando a difusão de ativos
através do estrato córneo do tecido epitelial (DRAELOS, 1999).
Submetendo-se os resultados encontrados a uma comparação com os descritos
na literatura por Bentes (1987), com óleo de bacuri extraído por solvente, aplicando-se
para tanto o teste T de Student, com intervalo de confiança de 99%, observou-se que as
frações de ácido palmítico, palmitoleico e esteárico não apresentaram diferença
significativa na comparação e somente a fração de ácido oléico apresentou diferença.
Esse resultado sugere que a qualidade do óleo prensado é bastante similar ao obtido por
extração com solvente, com a vantagem da obtenção por método mais simples e de
menor impacto ambiental.
4.9 Produção de Biodiesel
Inicialmente, devido aos resultados encontrados para ácidos graxos livres serem
altos, promoveu-se uma lavagem da amostra com pequenas alíquotas de solução de
hidróxido de potássio (KOH 5%), para reduzir a acidez do óleo. Segundo Dantas
(2006), ácidos graxos livres influenciam na hidrólise e oxidação do biodiesel, quando
em valores altos, alem dessa acidez poder catalisar reações intermoleculares dos
triacilgliceróis, ao mesmo tempo em que afeta a estabilidade térmica do combustível na
câmara de combustão. Também no caso do emprego carburante do óleo, a elevada
acidez livre teria ação corrosiva sobre os componentes metálicos do motor.
Após esse processo preliminar, promoveu-se a transesterificação da amostra com
hidróxido de potássio e metanol. A transesterificação é um processo químico que tem
por objetivo modificar a estrutura molecular do óleo vegetal, convertendo-o em ésteres
metílicos, tornando-a praticamente idêntica à do óleo diesel e com propriedades físico-
químicas semelhantes. Uma grande vantagem do óleo vegetal transesterificado é a
possibilidade de substituir o óleo diesel sem alteração significativa nas estruturas do
motor (MACEDO e MACEDO, 2004).
A conversão do óleo de semente em biodiesel foi confirmada pelos resultados
expostos na tabela abaixo:
Tabela 18: Composição do Biodiesel de Óleo de Semente de Bacuri
Os resultados da conversão são sugestivos de um bom aproveitamento do óleo
como matéria-prima para a produção de biodiesel, dado esse que pode ser confirmado
por estudos mais específicos, porém com boas probabilidades de sucesso. Nota-se que a
fração saturada de ésteres metílicos é superior a insaturada. Segundo Dantas (2006) isso
aponta para uma menor possibilidade da ocorrência de reações de oxidação do
biodiesel, mas torna-o mais viscoso.
Estudos recentes também têm apontado o óleo de bacuri como promissor para
produção de biocombustíveis por sua composição característica que reúne um número
limitado de frações e por possuir uma estabilidade térmica satisfatória e
comparativamente superior a outros óleos nativos da Amazônia, agregando ainda mais
valor potencial à exploração das sementes desse fruto (CONCEIÇÃO et al, 2008a.
CONCEIÇÃO et al, 2008b).
Ácido Graxo M CV (%) IC
C 16 Palmítico 49,79 2,24 1,84
C 16.1 Palmitoleico 4,92 9,17 0,75
C 18 Esteárico 4,80 1,16 0,55
C 18.1 Oléico 32,00 4,75 2,51
C.18.2 Linoleico 2,92 8,0 0,61
Total 94,43 - 6,23
M = Média Aritmética CV= Coeficiente de variação
IC = Intervalo de confiança
4.10 Produção e Avaliação de Carvão Ativado
O carvão produzido foi calculado com base nos pesos de amostras frescas
relacionadas ao peso do produto. Os valores estão descritos na tabela 19.
Tabela 19: Rendimento da Produção de Carvão Ativado de Cascas e Sementes de
Bacuri
CASCA
Peso de Amostra(g) Peso do Carvão(g)
Rendimento (%)
24,9974 0,3750
1,50
CASCA DESENGORDURADA
Peso de Amostra(g) Peso do Carvão(g)
Rendimento (%)
25,0132 0,9330
3,73
SEMENTE
Peso de Amostra(g) Peso do Carvão(g)
Rendimento (%)
24,8978 0,1388
0,55
Os baixos rendimentos podem ser creditados ao uso de material fresco, com alta
umidade e obviamente ao rigor da pirólise, que degradou parte significativa da matéria
orgânica. Observa-se que as cascas desengorduradas, que sofreram remoção de lipídios
e para tanto foram previamente desidratadas, tiveram rendimento quase duas vezes e
meia superior ao obtido com cascas frescas. Sabendo-se que a matéria-prima não tem
valor de mercado, por ser um resíduo agrícola, e o carvão tem seu preço variando de 9 a
18 reais por quilo (carvão granulado, para filtros), é sem dúvida uma alternativa
interessante para dar retorno ao produtor e reduzir a produção de rejeitos na cadeia de
exploração do bacuri (GP 11 - CARVÃO, 2009).
A curva de adsorção foi avaliada em espectrofotômetro e seus resultados estão
expressos na tabela 20.
Tabela 20: Adsorção de Azul de Metileno em Carvão Ativado
Amostra Concentração
(g/10mL)
Adsorção
(%)
0,1 27,30
0,2 40,78
Cascas Frescas
0,4 60,52
0,1 15,78
0,2 50,65
Cascas Desengorduradas
0,4 61,18
0,1 25,00
0,2 34,86
Semente Desengordurada
0,4 40,72
Como pode ser observado no gráfico 2, as cascas frescas e desengorduradas
obtiveram resultados muito semelhantes a partir da elevação na concentração de carvão,
mostrando que o material tem capacidade de adsorver o corante e pode ser aproveitado
com finalidade industrial. Embora as sementes não tenham teores de fibras insolúveis
muito baixos e apresentarem um teor de cinzas viável a produção de carvão ativado, os
seus resultados de adsorção foram pouco promissores. As sementes também
apresentaram menor rendimento, sinalizando que essa matéria-prima, não
necessariamente se aplica a esse fim com a mesma eficácia da casca, fresca ou
desengordurada. Essa diferença pode em parte ser explicada pela estrutura física mais
expandida das cascas e de seu maior conteúdo de fibras insolúveis, pois sabidamente os
teores de lignina e celulose têm impacto direto na produção de carvões ativados
(COUTINHO, 2000).
Gráfico 2: Adsorção Percentual de Azul de Metileno em Carvão Ativado
Adsorção Percentual de Azul de Metileno em Carvão Ativado
27,3
40,78
60,52
15,78
50,65
25
34,86
40,72
61,18
0
10
20
30
40
50
60
70
0,1g 0,2g 0,4g
Concentração
Adsoão (%)
casca fresca
casca desengordurada
semente desengordurada
Os valores encontrados foram semelhantes aos descritos por Balbinot (2006),
para carvões termicamente ativados a 600 graus, mas com ativação química posterior,
preparados a partir de torta de girassol seca e moída, com adsorção média de 59 a 61%.
Importante observar que o carvão a partir das cascas do bacuri, pode ter sua capacidade
adsortiva aumentada se aplicados tratamentos químicos posteriores à pirólise, assim
como descrito no trabalho com resíduos de girassol, no qual Kappel et al (2006) sugere
a formação de uma maior área ativa se complementar-se o tratamento térmico com o
uso de ativantes químicos como peróxido de hidrogênio, hidróxido de sódio ou
carbonato de potássio.
5 CONCLUSÕES
Com base nos resultados obtidos ao longo dessa tese, as seguintes conclusões
podem ser expressadas:
A esmagadora maioria dos estudos com o bacuri é restrita à composição da
polpa, sendo escassos os dados sobre cascas e sementes, fato esse que estimulou
em muito essa pesquisa. A geração de informações sobre os resíduos
agroindustriais estudados servirá de subsídio a outros trabalhos complementares.
O conteúdo de pectina encontrado na casca mostrou-se interessante para sua
qualificação como matéria-prima básica para obtenção dessa importante fibra,
utilizada como espessante e geleificante em produtos alimentícios diversos e que
vem ganhando mais espaço por sua aplicabilidade nas preparações com reduzido
valor calórico, em substituição aos amidos modificados, tradicionalmente usados
como espessantes. Os valores aqui encontrados mostraram-se em consonância
com o estudo clássico de Villachica (1996), que era uma referência única para
teor de pectina.
A casca do bacuri mostrou-se uma boa fonte para a produção de carvões
vegetais ativados. Seu conteúdo lignocelulósico, seu reduzido teor de cinzas e
sua boa resposta ao processo de pirólise, geraram um carvão com capacidade de
adsorção experimentalmente observada e com perspectivas de melhora por
ativação química, abrindo mais uma opção de aplicação desse resíduo na
produção de um insumo industrial de alto valor. Importante ressaltar que não
foram observados outros estudos relacionando os resíduos de bacuri à produção
de carvões ativados.
Os teores de fibra insolúvel encontrados na casca mostraram-se elevados em
relação a outros resíduos agrícolas em estudo. Tal resultado subsidiou a
aplicação, com sucesso, das cascas na produção de carvão vegetal ativado. Os
resultados também reforçam a possibilidade do aproveitamento para alimentação
animal.
O conteúdo de proteínas apresentou bons resultados, que qualificam as cascas e
as sementes para emprego em rações animais derivadas de resíduos agrícolas,
que são opção interessante para substituição de rações animais convencionais e
podem ser empregadas para regular as questões de sazonalidade da oferta de
pasto para o gado. Os resultados mostraram teores superiores ao de vários
vegetais de consumo tradicional, bem como de outros resíduos agrícolas já
pesquisados.
O teor de minerais encontrado tanto na casca quanto nas sementes, foi muito
importante por aspectos qualitativos e quantitativos. Cabe ressaltar que não foi
encontrada nenhuma literatura específica que descrevesse o perfil de minerais
aqui pesquisados. Constatou-se a presença de um mero expressivo de
minerais, tanto nas cascas quanto nas sementes do bacuri e, dentre esses
minerais, vários de relevante papel nutricional, indicando assim a
possibilidade de aproveitamento seguro para alimentação animal e abrindo
perspectivas de estudos para aproveitamento na alimentação humana.
A análise do teor de lipídios totais mostrou que a semente apresenta maior teor
de óleo, o que viabiliza sua prensagem para obtenção do mesmo. Apesar de ter
um teor de óleo significativo, a casca fica abaixo dos valores de referência para
prensagem e, como o uso de solventes contraria a possibilidade de uma obtenção
de óleo de maneira não agressiva ao meio ambiente, optou-se por não se deter ao
seu estudo. Outras propostas de pesquisa que contemplem a utilização de
solventes orgânicos poderão vir a ser feitas, sabidamente com boas perspectivas,
com base nos teores encontrados.
O óleo de semente de bacuri obtido por prensagem apresentou importante
semelhança de composição em relação ao óleo obtido por solventes, descritos na
literatura. O rendimento do processo de prensagem, partindo-se de sementes
com teor de umidade reduzido previamente, mostrou-se interessante e foi
ratificado pelos resultados que indicam pouca retenção de óleo na torta prensada,
se comparada a outras tortas estudadas. Assim, pode-se sugerir o emprego de
prensas elétricas ou a motor, para obtenção de óleo de semente em um processo
de mais fácil execução e menor custo, em relação ao uso de solventes.
A potencialidade de obtenção de óleo de semente por prensagem das sementes
agrega valor ao resíduo agrícola convertendo-o em matéria-prima para variadas
aplicações e obtida dentro de um contexto ambiental e social mais sustentável. É
importante observar que o óleo obtido por prensagem pode, por sua
característica natural, ser fracionado e ter variadas aplicações que vão da
indústria alimentícia à cosmética. A indústria de cosméticos é um segmento que
vem estabelecendo uma relação de produção sustentável com as populações
amazônicas, na busca e exploração de novas matérias-primas para produção de
diversos produtos, como cremes, xampus, sabonetes e perfumes.
A composição do óleo apresenta um equilíbrio entre frações saturadas e
insaturadas que o assemelha ao óleo de palma. Importante observar que em
ambos os casos a fração de ácido palmítico responde por 40% da composição do
óleo e sofrem fracionamento.
Os índices de Iodo, de saponificação e a acidez determinada para o óleo de
semente obtido por prensagem, se assemelharam em muito aos encontrados na
literatura, corroborando a similaridade entre os óleos obtidos por solvente e por
prensagem, no caso específico desse estudo. Pela escassez de dados na literatura,
esses indicadores de qualidade de óleos e gorduras não têm uma referência
tabelada para o óleo de bacuri, sendo importante à geração de mais dados através
de pesquisas, para consolidar esses valores.
Os resultados de cromatografia demonstraram que o óleo de semente é uma
fonte viável de biocombustível. Observou-se uma boa conversão e a presença de
poucas frações no biodiesel produzido. Mais pesquisas específicas, para melhor
caracterizar esse produto, são necessárias e sugeridas.
A perspectiva de produção de biodiesel a partir de um resíduo agroindustrial
abundante, dentro de uma perspectiva correta e sustentável de obtenção da
matéria-prima, aliado a crescente adição de biodiesel na matriz de combustíveis
do Brasil, agrega valor à semente de bacuri, e aponta uma via interessante de
produção de energia através de uma fonte renovável, indicando a adoção de uma
ação de exploração sustentável e de menor impacto ambiental.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme foi abordado na presente tese, o Brasil possui uma diversidade vegetal
muito ampla e ainda pouco estudada. Diversos frutos possuem potencial de exploração,
mas demandam, para tanto, a realização de pesquisas que viabilizem sua exploração
racional. Na Amazônia especialmente, ainda ocorre à exploração extrativista de recursos
naturais, gerando insumos primários de baixo valor agregado e que não retornam um
significativo desenvolvimento às populações que dessas atividades subsistem. O bacuri
tem uma grande procura e aceitação por sua polpa de sabor ímpar, e a sua exploração
vem sendo feita sem nenhuma ação de aproveitamento de resíduos, que constituem
aproximadamente 85% do peso do fruto. A pesquisa dos constituintes desses resíduos,
casca e polpa do bacuri apontaram boas perspectivas de aproveitamento dessas
matérias-primas pouco conhecidas e aproveitadas.
Os resultados mostraram que a semente do bacuri tem grande potencial de
geração de óleos e gorduras, com ampla aplicação nas indústrias de alimentos, por suas
frações monoinsaturadas e pelo equilíbrio entre ácidos graxos saturados e insaturados,
bem como na indústria de cosméticos, que possui inserção na exploração de produtos
naturais e amazônicos, em especial. A retirada desse óleo pode ser efetuada com prensas
elétricas, de pequeno porte, que ocupam pouco espaço, e diferentemente da extração
com solventes, não geram riscos ambientais e nem requerem maior aparato tecnológico,
podendo assim se constituir numa atividade paralela à obtenção da polpa e gerando um
produto de potencial qualidade, agregando valor à semente e dando um suporte de
sustentabilidade social e ambiental à cadeia produtiva já existente para a polpa do fruto.
Portanto, os resultados gerados apontam para perspectivas de exploração que
podem fazer do que hoje é um problema ambiental, por seu volume não utilizado, uma
porta de desenvolvimento de uma produção extrativista não predatória e mais
sustentável.
Alguns artigos aqui abordados, mais do que textos clássicos, são também textos
únicos. É necessário que mais trabalhos nessa área sejam desenvolvidos para
complementar os resultados aqui expostos e subsidiar pesquisas que envolvam
aproveitamento de resíduos agrícolas
Essa tese se propôs a caracterizar os resíduos da exploração do fruto do
bacurizeiro com vistas a aplicações industriais de forma a agregar valor e conferir
sustentabilidade a um processo de coleta tradicional consistentemente instalado. Porém,
vários dados gerados sugerem possíveis aplicações baseadas em seus dados nutricionais,
como perfil de minerais e conteúdo de pectina e fibras insolúveis. Sugere-se que mais
estudos com modelos de ensaio com animais, averiguação de biodisponibilidade de
nutrientes e presença de possíveis fatores antinutricionais sejam feitos para viabilizar o
possível uso de cascas e sementes para o desenvolvimento de alimentos ou
complementos alimentares para o consumo humano.
As perspectivas nesse sentido são boas e claras, e estão em consonância com a
tendência de pesquisar alimentos alternativos para ampliar a oferta de nutrientes às
populações, aproveitando-se de novas matrizes alimentícias.
A geração de informações e trabalhos acadêmicos, pode e deve subsidiar novas
formas de relação produtiva que levem a um maior desenvolvimento das populações
que vivem da ação extrativista, reduzindo a geração de resíduos que serão
transformados em matérias com valor comercial. Os resíduos do bacuri são
potencialmente muito ricos e devem ser mais bem explorados. A criação de um novo
ciclo sustentável será possível se o conhecimento for primeiramente gerado, e depois
fornecido para aqueles que podem se beneficiar, cumprindo assim o ciclo virtuoso que é
à base de toda a geração de conhecimento, que é a aliança entre ensino, pesquisa e
extensão.
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