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batuque.”
Quanto à Ordem Rosacruz
48
, M. José Luiz de Oliveira comenta ao narrar seu
primeiro encontro com José Gabriel da Costa: “Eu vinha seguindo a Rosacruz há alguns
anos, inclusive já portava o título de Mestre Rosacruz, por isso quando ele falou de
evolução espiritual, a Rosacruz tem todo um trabalho nesse sentido, me chamou a atenção
– é atrás disso que eu ando”
49
. A sua vivência no Rosacrucianismo não foi apenas no
período anterior à sua participação na UDV. Em entrevista a mim, M. José Luiz declarou:
Fiquei 27 anos na Ordem Rosacruz, dos quais uns 15 anos paralelos entre a
Ordem Rosacruz e a União do Vegetal, sabendo que um dia eu ia ter que fazer
uma opção. [...] O Mestre Gabriel nunca exigiu que eu tomasse nenhuma
posição, fizesse uma opção, ou se eu quisesse seguir na União do Vegetal
deixasse a Ordem Rosacruz. Não. Ele nunca exigiu isso de mim. E isso pra mim
foi muito bom. Eu entendi que ele achava que seguir a Deus é uma opção.
Porque Deus deu a nós o livre-arbítrio e a gente não é toda hora que pode ter a
opção. Chega o momento da opção. Quando você chega na encruzilhada da sua
vida, que você tem na bifurcação das veredas da vida, que você tem que tomar
uma opção, você vai pra esquerda ou vai pra direita ou vai em frente. Pra onde
tiver o seguimento, e qual dos seguimentos, às vezes não é só uma nem duas,
tem mais, três, quatro, cinco e você vai ter que ter uma opção. Enquanto não
chegou o momento da opção não adianta você querer tomar a opção que ainda
não é o momento da opção. Não pode precipitar as coisas. Quando chega o
momento, você sente. Se é opção é da própria pessoa. Não pode ser uma opção
direcionada por quem quer que seja. [...] Então, meu amigo, chegou o momento
de minha vida em que eu tive de fazer a opção, mas pela minha livre e
espontânea vontade
50
.
É significativa a atitude de Mestre Gabriel, não impondo a José Luiz, nem
48
Sociedade de caráter místico-filosófico que, de acordo com a tradição mais em voga, teria sido fundada por
Christian Rosenkreuz e representa uma síntese do ocultismo imperante na Idade Média. Todavia Harvey
Spencer Lewis pretende que rosenkreuz tenha sido simplesmente, um renovador, já que a instituição
remontaria ao antigo Egito, à época do faraó Amenophis IV. O rosacrucianos tem aceitado essa hipótese,
mas para muitos, isso não condiz com a verdade histórica, pois, na realidade, essa fraternidade nasceu no
período medieval. Embora apresentando, em sua ritualística, muito do misticismo das antigas civilizações.
“A Ordem Rosacruz é constituída por homens e mulheres dedicados à busca das mais sublimes verdades
universais, despertando e desenvolvendo seu potencial interior para uma vida equilibrada, de acordo com as
leis da natureza e do Universo”, diz Charles Vega Parucker, mestre da Ordem Rosacruz no Brasil (www.
amorc.org.br). É uma organização internacional que tem por missão desenvolver a espiritualidade e a
cultura. Os estudos incluem temas como medicina, psicologia, egiptologia, música, ciências e história.
Abstém-se de práticas de magia e discussões políticas Entre as práticas de seus membros estão meditação,
exercícios de concentração e visualização, além da leitura. Os rosacruzes afirmam que seus conhecimentos
se originaram no Egito há milênios, mas só ficaram populares na Europa no século 17. Os rosacruzes
buscam a evolução por meio do estudo dedicado desses ensinamentos e da aplicação de seus ideais à vida
cotidiana, tendo como meta o aperfeiçoamento pessoal. “Do ponto de vista rosacruz, o que importa é o
despertar de virtudes próprias, como a humildade, a generosidade, a tolerância, a compreensão e a auto-
estima, que nos tornam conhecedores das leis e verdades mais profundas do mundo em que vivemos”,
afirma Charles (www. amorc.org.br). Assim o rosacrucianismo, é um sincretismo de diversas correntes
filosófico-religiosas: hermetismo egípcio, cabalismo judaico, gnosticismo cristão, alquimia etc. A primeira
menção histórica da ordem data de 1614, quando surgiu o famoso documento intitulado “Fama
Fraternitatis”, onde são contadas as viagens do alemão Rosenkreuz pela Arábia, Egito e Marrocos, locais
onde teria adquirido sua sabedoria secreta, que só seria revelada aos iniciados.
49
Entrevista de M. José Luiz de Oliveira. Por Edson Lodi, em dez/ 1990 (UDV. Memórias, v. II
, p.
3).
50
Entrevista de M. José Luiz de Oliveira. Rio de Janeiro, 25 de abril de 1999 (UDV. Memórias, v. II
, p.
7).