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ROZANA APARECIDA DA SILVEIRA
AVALIAÇÃO DAS BATERIAS MOTORAS EDM, MABC-2 E TGMD-2
Dissertação de Mestrado
FLORIANÓPOLIS
2010
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESC
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO ESPORTE – CEFID
COORDENADORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTU SENSU
MESTRADO EM CIÊNCIAS DO MOVIMENTO HUMANO
AVALIAÇÃO DAS BATERIAS MOTORAS EDM, MABC-2 E TGMD-2
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação Strictu sensu Mestrado em Ciências do
Movimento Humano do Centro de Ciências da
Saúde e do Esporte CEFID da Universidade do
Estado de Santa Catarina – UDESC como requisito
parcial para a obtenção do grau de mestre em
Ciências do Movimento Humano.
Orientador: Prof. Dr. Fernando Luiz Cardoso
FLORIANÓPOLIS - SC
2010
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3
XXXX
SILVEIRA, Rozana Aparecida da.
Avaliação e Comparação das Atividades Motoras das Baterias
EDM, MABC-2 e TGMD-2. Dissertação de Mestrado. Mestrado
em Ciências do Movimento Humano Universidade do Estado de
Santa Catarina – UDESC. Florianópolis, 2010.
ISBN 00-0000-000-0
192p.
1. Educação Física; 2. Avaliação Motora; 3. Baterias Motoras; 4.
Desenvolvimento Motor - Infância. I. Título
CDD XXX
ROZANA APARECIDA DA SILVEIRA
AVALIAÇÃO DAS BATERIAS MOTORAS EDM, MABC-2 E TGMD-2
Dissertação aprovada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre
em Ciências do Movimento Humano no Curso de Mestrado em Ciências do
Movimento Humano da Universidade do Estado de Santa Catarina.
Banca Examinadora:
Orientador _____________________________________
Prof. Dr. Fernando Luiz Cardoso
Universidade do Estado de Santa Catarina – CEFID/UDESC
Membro ______________________________________
Prof. Dra. Nadia Cristina Valentini
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS
Membro _____________________________________
Prof. Dr. Francisco Rosa Neto
Universidade do Estado de Santa Catarina – CEFID/UDESC
Membro ______________________________________
Prof. Dra. Fabiana Sperandio
Universidade do Estado de Santa Catarina – CEFID/UDESC
Florianópolis, 18 de março de 2010
4
Dedicatória
À minha mãe, Gelci (in memoriam),
exemplo de vida.
À minha filha, Maria Clara, meu tudo”.
Ao Jofre, meu companheiro,
pelo respeito por meu trabalho e, acima de tudo, por mim.
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos, familiares, amigos, professores e colegas, que direta ou
indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho.
À minha mãe, que, mesmo não estando presente fisicamente, enquanto
permaneceu ao meu lado incentivou-me continuamente a seguir em frente e a nunca
desistir.
À minha filha, que soube privar-se para que eu pudesse buscar meu ideal,
apoiando e ajudando em todos os sentidos. Maior amor impossível!
Ao Jofre, que esteve comigo no decorrer desse período, amparando e
entendendo as inúmeras noites que passei sem dormir, estudando ou analisando
dados no computador... Sem ele, não teria conseguido!
Ao meu querido orientador Prof. Dr. Fernando Luiz Cardoso, que me ensinou
a pesquisar “de verdade”, acreditou no meu potencial desde o início e concordou em
enfrentar os desafios acadêmicos ao meu lado durante a realização deste trabalho.
À minha irmã de coração, Ana Carol, grande incentivadora para ingressar no
mestrado e que, com seu sorriso meigo, geralmente tinha uma palavra de conforto
em “todas” as horas. Contribuiu em demasia para este trabalho, cedendo livros,
corrigindo e fazendo comentários, os quais deram novos rumos ao processo.
6
À grande amiga Samantha, que nunca deixou de me ouvir e sempre tinha
palavras positivas, além de um sorriso lindo e amável para me fortalecer.
Ao meu grande amigo Cícero. “Entramos e sairemos juntos”… este sempre foi
nosso lema. Amigo que espero ter realmente conquistado!
Aos meus ‘fiéis escudeiros’ Kriscia, Luiza e Márcio, que estiveram comigo do
começo ao fim da coleta de dados e análise do TGMD-2. Foram verdadeiros heróis
e amigos. Possivelmente, sem o auxílio deles, eu também não teria conseguido
concretizar este trabalho.
Não posso deixar de agradecer aos colegas de laboratório Thiago, Caroline,
Marcela e Priscila, que colaboraram na coleta do estudo piloto, assim como à Maria
Clara, Cinara e Samantha, as quais auxiliaram nas filmagens do TGMD-2,
momentos em que eu mais precisei.
Aos meus companheiros de LAGESC pelos inesquecíveis momentos durante
esse período acadêmico: Ana Carol, Aline, Samantha, Cinara, Gustavo, Cícero e
Carolzinha.
A todos os membros da minha banca de defesa, que, de uma forma ou de
outra, colaboraram muito para a conclusão deste trabalho, ainda antes de
receberem a versão final.
Ao Prof. Dr. Francisco Rosa Neto e aos membros do Laboratório de
Desenvolvimento Humano - Ladehu pelo apoio à pesquisa, os quais forneceram
material bibliográfico e os kits da EDM.
Às crianças, que, amavelmente, participaram da pesquisa, bem como a seus
pais, professores, direção e coordenação da escola pesquisada.
À doutora Thaís Silva Beltrame e a “suas meninas” do laboratório LADAP, que
ajudaram mais do que possam imaginar: Karlinha, Talita, Anne, Marta e Bárbara.
7
À Caro e Márcio, por todos os ensinamentos e apoio estatísticos.
Ao Luciano Portes de Souza, pelos ensinamentos referentes ao TGMD-2.
Aos professores e mestrandos amigos de outros laboratórios, que de modo
gentil cederam instrumentos, tais como balança digital e filmadoras, possibilitando a
realização da coleta de dados.
À Solange, Jane e Adriana, que me ajudaram a cumprir os prazos e a lidar
com a burocracia cefidiana.
A todos vocês, o meu MUITO OBRIGADO!
8
RESUMO
SILVEIRA, Rozana Aparecida da. Avaliação das Baterias Motoras EDM, MABC-2
e TGMD-2. Florianópolis: UDESC, 2010. 192p.
O presente estudo visou avaliar as baterias motoras EDM, MABC-2 e TGMD-2 em
termos de: validação, confiabilidade mediante testagem da consistência interna e
inter-relação, bem como objetivou avaliar o desempenho nas habilidades motoras de
crianças com 9 e 10 anos de idade. Consistiu em pesquisa qualiquantitativa, de
campo, representativa embora não probabilística, descritiva correlacional com
delineamento entre e intraparticipantes conforme os objetivos traçados. Foram
avaliados 172 escolares, sendo 67 meninos e 105 meninas, regularmente
matriculados. Totalizou 516 coletas, uma vez que cada criança foi avaliada pelas
três baterias motoras. Na análise de construto dos itens motores, observou-se que
as habilidades das baterias motoras agruparam-se de forma distinta ao agrupamento
sugerido pelos autores. Ao se comparar os itens possíveis das baterias, percebeu-se
que o MABC-2 possui maior afinidade entre as demais baterias motoras. As baterias
motoras MABC-2 e EDM, EDM e TGMD-2 apresentaram correlação positiva e as
baterias MABC-2 e TGMD-2 apresentaram correlação negativa, embora todas as
correlações obtidas sejam fracas. Em termos de confiabilidade, o TGMD-2
apresentou consistência interna do item “controle de objetos” (α=.717) e do
instrumento como um todo (α=.723), indicando sua fidedignidade. Na análise do
desenvolvimento motor das crianças por meio da aplicação das baterias motoras,
verificou-se que, segundo a EDM, em geral os participantes apresentaram déficit no
desenvolvimento motor geral, com relação à idade cronológica, apresentando idade
motora de 109 meses ou aproximadamente 9 anos e obtendo melhor desempenho
em organização temporal e desempenho mais fraco em organização espacial,
possivelmente em decorrência à dificuldade com a noção de direita-esquerda. Os
meninos apresentaram desempenho superior às meninas em todas as habilidades
motoras, exceto em esquema corporal/rapidez. De acordo com o MABC-2, os
participantes classificaram-se na faixa “limítrofe” de desenvolvimento motor,
apresentando melhores escores em equilíbrio e escores fracos em destreza manual.
Por fim, conforme a classificação do TGMD-2, as crianças obtiveram resultado
médio nas habilidades de locomoção e abaixo da média nas habilidades de controle
de objetos. Em relação às diferenças entre os sexos, os meninos, de um modo
geral, obtiveram melhor desempenho do que as meninas nas três baterias motoras.
Palavras-chave: Avaliação Motora. Baterias Motoras: EDM. MABC-2. TGMD-2.
Desenvolvimento Motor. Crianças.
9
ABSTRACT
SILVEIRA, Rozana Aparecida. Assessment Battery Motor EDM, MABC-2 and
TGMD-2. Florianópolis:UDESC,2010. 192p.
This study aimed to evaluate the batteries motor EDM, TGMD-2 and MABC-2 in
terms of: validation, reliability testing by internal consistency and inter-relationship
and aimed to evaluate the motor skills of children aged 9 and 10
years old. Qualityquantitative research consisted of field, although not representative
probability, descriptive correlational design with between and intraparticipantes as
the established objectives. We evaluated 172 children, including 67 boys and 105
girls enrolled. Collections totaled 516, since each child was assessed by three
batteries motor. In the analysis of construct items engines, it was observed that the
batteries motor skills were grouped separately to the grouping suggested by the
authors. Comparing the possible items of batteries, it was noticed that the MABC-2
has a greater affinity between the other batteries motor. The batteries motor MABC-2
and EDM, EDM and TGMD-2 showed positive and batteries TGMD and MABC-2-2
were negatively correlated, although all correlations are weak. In terms of reliability,
TGMD-2 showed high internal consistency of the item "control objects" (α =. 717) and
the instrument as a whole (α =. 723), indicating its reliability. In the analysis of motor
skill development through the application of traction batteries, it was found that,
according to EDM, in general, participants showed a deficit in general motor
development, with respect to chronological age, with motor age of 109 months or
approximately 9 years and getting better performance in the temporal organization
and weaker performance in spatial organization, possibly due to difficulty with the
notion of right to left. Boys had higher performance than the girls in all motor skills,
body scheme except / speed. According to the MABC-2, participants rated
themselves on the track "borderline" of motor development, with better scores in
balance and weak scores on manual dexterity. Finally, according to the classification
of TGMD-2, the children obtained average result in locomotion skills and below
average skills in tracking objects. Regarding gender differences, boys, in general,
performed better than girls in three batteries motor.
Keywords: Motor Evaluation. Motor Batteries: EDM. MABC-2. TGMD-2. Motor
Development. Children.
10
SUMÁRIO
RESUMO…............................................................................................................... 09
ABSTRACT.............................................................................................................. 10
LISTA DE TABELAS................................................................................................ 13
LISTA DE FIGURAS................................................................................................. 15
LISTA DE ABREVIAÇÕES...................................................................................... 16
1. INTRODUÇÃO……............................................................................................. 17
1.1. PROBLEMA DE PESQUISA…………………................................................... 17
1.2. JUSTIFICATIVA…............................................................................................ 21
1.3. OBJETIVOS…................................................................................................. 23
1.3.1. Objetivo Geral.....………................................................................................. 23
1.3.2. Objetivos Específicos………......................................................................... 24
1.4. DELIMITAÇÕES DO ESTUDO…..................................................................... 24
1.5. LIMITAÇÕES DO ESTUDO….......................................................................... 25
1.6. DEFINIÇÕES DE TERMOS……........................................................................ 26
2. REFERENCIAL TEÓRICO…....……................................................................... 28
2.1. DESENVOLVIMENTO MOTOR….................................................................... 29
2.2. AVALIAÇÃO MOTORA……............................................................................. 31
2.3. TESTAGEM DE INSTRUMENTOS…............................................................... 36
2.4. VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS DE PESQUISA......................................... 39
2.4.1. Validade.......................................................................................................... 39
2.4.2. Confiabilidade................................................................................................. 41
2.5. BATERIAS MOTORAS…................................................................................. 45
2.5.1. Escala de Desenvolvimento Motor – EDM…................................................ 51
2.5.2. Moviment ABC Second Edition MABC-2………............................................. 65
2.5.3. Teste de Desenvolvimento Motor Global (TGMD-2)....................................... 74
2.6. VALIDAÇÃO DAS BATERIAS MOTORAS…..................................................... 81
2.6.1. Validação da Bateria de Testes da EDM........................................................ 83
2.6.2. Validação da Bateria de Testes da MABC-2................................................... 83
2.6.3. Validação da Bateria de Testes do TGMD-2.................................................. 85
2.7. Confiabilidade das Baterias Motoras................................................................. 88
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS……...................................................... 91
3.1. CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA…............................................................ 91
3.2. UNIVERSO DO ESTUDO.................................................................................. 92
3.2.1. Sujeitos da Pesquisa…................................................................................... 92
3.2.2. População....................................................................................................... 93
3.2.3. Amostra........................................................................................................... 93
3.2.4. Critério de Inclusão dos Participantes............................................................. 94
3.3. COLETA DE DADOS…..................................................................................... 94
3.3.1. Procedimentos................................................................................................ 94
3.3.2. Equipe Técnica............................................................................................... 97
3.4. ANÁLISE DOS DADOS...........…....................................................................... 98
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO…….................................................................... 101
11
4.1. CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES DO ESTUDO............................. 101
4.2. VALIDAÇÃO DE CONSTRUTO......................................................................... 102
4.3. CONSISTÊNCIA INTERNA……………………………………………………….... 111
4.4. COMPARAÇÃO E CORRELAÇÃO DAS TRÊS BATERIAS MOTORAS……… 114
4.5. ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO MOTOR SEGUNDO APLICAÇÃO DAS
BATERIAS MOTORAS EDM, MABC-2 E TGMD-2.......................................………. 115
4.5.1. Perfil do desenvolvimento motor dos participantes segundo a EDM………... 115
4.5.2. Perfil do desenvolvimento motor dos participantes segundo a MABC-2........ 121
4.5.3. Perfil do desenvolvimento motor dos participantes segundo o TGMD-2........ 126
4.5.4. Perfil do desempenho das três baterias motoras............................................ 131
4.6. DIFICULDADES ENCONTRADAS NA APLICAÇÃO DAS TRÊS BATERIAS
MOTORAS................................................................................................................ 133
4.6.1. Dificuldades verificadas a partir da coleta de dados…………………………... 134
4.6.2. Testes motores utilizados………………………………………………………… 135
4.6.3. Impressões finais………………………………………………………………….. 137
5. CONCLUSÕES……............................................................................................ 139
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................... 143
APÊNDICE A - ESTUDO PILOTO............................................................................ 152
12
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Descrição das três baterias motoras: EDM, MABC-2, TGMD-2…....... 45-46
Tabela 2. Descrição das áreas psicomotoras da faixa etária de 9 e 10 anos das
baterias motoras: EDM, MABC-2, TGMD-2…...................................... 46
Tabela 3. Aspectos constitutivos das três baterias motoras…............................. 47
Tabela 4. Aspectos constitutivos das três baterias motoras possíveis de
comparação.........................................................................................
48-50
Tabela 5. Tarefas da Escala de Desenvolvimento Motor…................................. 52-53
Tabela 6. Alguns estudos com a EDM no Brasil................................................... 57-63
Tabela 7. Tarefas da Bateria de Testes do Movimento ABC-2............................ 68
Tabela 8. Pontuação total do déficit-dano da MABC-2......................................... 69
Tabela 9. Alguns estudos com a M-ABC no Brasil............................................... 73-74
Tabela 10. Tarefas do TGMD-2............................................................................ 76
Tabela 11. Alguns estudos com o TGMD-2 no Brasil…....................................... 78-80
Tabela 12. Descrição da validação das baterias EDM, MABC-2 e TGMD-2….... 86-87
Tabela 13. Descrição da confiabilidade das baterias EDM, MABC-2 e TGMD-2. 90
Tabela 14. Caracterização dos participantes da pesquisa conforme sexo........... 102
Tabela 15. Extração de fatores mediante análise dos componentes principais... 104
Tabela 16. Estrutura fatorial da EDM.................................................................... 104
Tabela 17. Estrutura fatorial da MABC-2.............................................................. 106
Tabela 18. Estrutura fatorial da TGMD-2.............................................................. 107
Tabela 19. Dimensionalidade das três baterias motoras...................................... 109
Tabela 20. Consistência interna das baterias motoras conforme autores.……… 111
Tabela 21. Consistência interna das três baterias motoras.................................. 112
Tabela 22. Resultados segundo análise da EDM................................................. 116
Tabela 23. Resultados obtidos com a aplicação da Escala de Desenvolvimento
Motor conforme o sexo dos participantes.......................................... 119
Tabela 24. Resultados segundo análise da MABC-2........................................... 122
Tabela 25. Resultados obtidos com a aplicação da MABC-2 conforme o sexo
dos participantes................................................................................... 124
Tabela 26. Resultados segundo análise do TGMD-2........................................... 127
Tabela 27. Resultados obtidos com a aplicação do TGMD-2 conforme o sexo
dos participantes................................................................................... 129
Tabela 28. Perfil das baterias motoras com relação aos participantes................ 133
13
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Organograma da descrição de validade de conteúdo, critério e
construto................................................................................................................. 43
Figura 2. Organograma da descrição da confiabilidade......................................... 44
Figura 3. Fluxograma da MABC-2 (HENDERSON; SUGDENS, 2007).................. 63
Figura 4. Fluxograma do TGMD-2 (ULRICH, 2000)............................................... 77
Figura 5. Nível de correlação entre os escores brutos finais das três baterias
motoras................................................................................................................... 115
Figura 6. Diagrama de barra de erros da sobreposição dos intervalos de
confiança das três baterias motoras…................................................................... 131
14
LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES
EDM – Escala De Desenvolvimento Motor
MABC-2 – Bateria de avaliação do Movimento para Crianças - segunda edição
TGMD-2 – Teste de Desenvolvimento Motor Grosso – segunda edição
BOTMP-SF – Teste Motor de Proficiência de Bruininks-Oseretsky
MAND - Maine Association of Naturopathic Doctors
DCD - Distúrbio do Desenvolvimento da coordenação
TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade
15
1. INTRODUÇÃO
1.1. PROBLEMA DE PESQUISA
O gradual desenvolvimento físico e suas relações com o comportamento e a
personalidade das crianças despertam a curiosidade de estudiosos, principalmente
nos três primeiros anos de vida e durante a puberdade (PAYNE; ISAACS, 2007).
O desenvolvimento infantil segue padrões típicos, que descrevem o modo
como as crianças adquirem o conhecimento e desenvolvem as habilidades, os quais
representam a idade média em que a criança é capaz de realizar habilidades
motoras básicas como caminhar, correr, saltar, trepar, sendo úteis para descrever os
parâmetros normais de desenvolvimento motor, necessários para o diagnóstico do
desenvolvimento motor infantil (GO TANI, 1987).
O desenvolvimento motor é o processo de crescimento do sistema motor ao
longo do tempo, compreendendo modificações contínuas do comportamento motor,
que está interligado com a biologia do indivíduo e interação com o meio ambiente.
Refere-se ao movimento e controle das partes do corpo, uma vez que no decorrer
do crescimento e desenvolvimento infantil a habilidade em usar os segmentos
corporais aumenta em força, velocidade e coordenação (GALLAHUE, 2005;
16
HAYWOOD; GETCHELL, 2004; BERNS, 2002; CONNOLY, 2000; GABBARD, 2000;
ECKERT, 1993).
Esta definição implica que, com o passar do tempo, é necessário ajustar o
comportamento objetivando melhorar determinadas habilidades (GALLAHUE, 2005;
HAYWOOD; GETCHELL, 2004; BERNS, 2002; CONNOLY, 2000; GABBARD, 2000;
ECKERT, 1993).
Desta forma, os aspectos do desenvolvimento motor devem ser contemplados
nas avaliações infantis. Conhecer os princípios do desenvolvimento motor, os quais
influenciam diretamente o indivíduo, permite a comparação do indivíduo com o curso
típico desenvolvimentista e habilita os profissionais de saúde e educação a “prever”
e/ou “projetar” seu desenvolvimento futuro (BERNS, 2002).
Segundo Tritschler (2003), a avaliação é uma forma de descrever
qualitativamente e/ou quantitativamente determinadas características. Também
significa comparação, medida, sendo utilizada para obter e analisar dados referentes
à(s) determinada(s) característica(s), possibilitando ao avaliador, ainda, interpretar o
atributo obtido e analisado.
Muitos instrumentos têm sido desenvolvidos e diversas formas de avaliação,
testadas, com o objetivo de aperfeiçoar a avaliação motora. No entanto, os aspectos
motivacionais, culturais e ambientais podem influenciar seus resultados, bem como
a falta de sensibilidade dos mesmos diante das mudanças de comportamento
(PAYNE; ISAACS, 2007).
Atualmente, o desenvolvimento motor pode ser estudado utilizando baterias
que se propõem a avaliá-lo. Dentre os testes motores padronizados mais usados no
Brasil pode-se citar: a Escala de Desenvolvimento Motor (EDM), a Bateria Motora de
17
Avaliação do Movimento da Criança (MABC-2) e o Teste de Desenvolvimento Motor
Grosso (TGMD-2).
A Escala de Desenvolvimento Motor (EDM) foi criada por Rosa Neto (2002)
na Universidade de Zaragoza, Espanha, e pertence à Tese de Doutorado do autor.
Objetiva avaliar o nível de desenvolvimento motor por meio dos êxitos e fracassos
em face das normas estabelecidas pelo autor, as quais consideram a idade
cronológica, traçando um perfil da idade e quociente motores da criança avaliada. A
EDM foi desenvolvida para crianças de 2 a 11 anos e é voltada para alunos do
ensino regular e da educação especial.
Por sua vez, a MABC-2 (Moviment ABC Second Edition) é a segunda
versão da Bateria de Avaliação do Movimento da Criança elaborada por Henderson
e Sugden em 1992, na Inglaterra. Surgiu a partir da revisão do Test of Motor
Impairment (TOMI, 1984). Seu objetivo é investigar os problemas do movimento e
identificar as crianças que necessitam de atenção especializada (HENDERSON;
SUGDEN, 2007).
Por fim, o TGMD-2 (Test of Gross Motor Development Second Edition) é a
segunda versão do TGMD (Test of Gross Motor Development) criado em 1985 pelo
Dr. Dale Ulrich do Laboratório de Cinesiologia da Universidade de Michigan. O
TGMD-2 foi elaborado para avaliar o funcionamento motor amplo de crianças entre 3
e 10 anos e, em sua validação, as amostras normativas foram selecionadas por
idade, raça, residência e região geográfica (ULRICH, 2000).
Ao se propor avaliar o desenvolvimento motor ou os aspectos relacionados a
este, as baterias motoras atuais podem não estar medindo exatamente aquilo que
se propõem a medir (validação), já que nem todos os pesquisadores tiveram a
18
possibilidade de validá-las ou testá-las em termos de fidedignidade e confiabilidade
ou, por vezes, são utilizadas em diferentes países sem a adaptação transcultural
(BARROSO, 2007; HENDERSON; SUGDEN, 2007; ROSA NETO, 2002; ULRICH,
2000).
Uma medida é considerada válida se o instrumento de avaliação consegue
mensurar o que se predispõe a mensurar. Uma das formas de se medir a validade
de um instrumento consiste na comparação com outro instrumento similar,
preferencialmente validado, o que indica se os instrumentos mensuram as mesmas
dimensões ou construtos (MELO, 1994).
A confiabilidade considera se o instrumento é consistente e estável, fazendo
referência ao grau de concordância entre múltiplos itens de uma dimensão
(confiabilidade interna), como também à persistente consistência quando aplicado
mais de uma vez no mesmo indivíduo, por diferentes pesquisadores, ou mesmo se
aplicado de diferentes formas, direta ou inversa (confiabilidade externa)
(WIEDERMAN; WHITLEY, 2002; ANASTASI, 1986).
A dificuldade em se propor testes motores e validar os mesmos caracteriza-se
pela grande diversidade cultural e biológica da espécie humana, inclusive entre as
diversas regiões brasileiras. As tarefas propostas por cada teste ou bateria motora
podem apresentar diferentes significados e níveis de acessibilidade em distintas
populações (VALENTINI et al., 2008).
Nesse sentido, cabe salientar a relevância para o meio acadêmico das
baterias motoras supramencionadas, uma vez que são amplamente aplicadas.
Também cabe ressaltar que foram criadas com objetivos variados e pouco se sabe
sobre as similaridades entre ou particularidades das mesmas.
19
Assim, questiona-se:
As baterias motoras EDM, MABC-2 e TGMD-2 são validadas e confiáveis
para a população catarinense?
1.2. JUSTIFICATIVA
Observa-se na literatura a existência de pesquisas com o objetivo de verificar
a confiabilidade relacionada a baterias motoras. No Brasil, foram encontrados
apenas dois estudos relacionados a esse processo entre as baterias avaliadas no
estudo atual, embora nenhum deles contenha a análise das três baterias e em
apenas um dos estudos foi utilizado o teste estatístico α de Cronbach’s para verificar
a congruência de cada item com relação aos demais (AMARO et al., 2009;
VALENTINI et al., 2008).
Na educação física, os professores trabalham diretamente com as
manifestações do desenvolvimento motor e, desta forma, são necessários
instrumentos confiáveis e válidos. Na atualidade, no universo acadêmico uma
grande controvérsia a respeito da eficácia dos instrumentos utilizados para avaliar o
desenvolvimento motor (GALLAHUE; OZMAN, 2005). Os autores Henderson e
Barnet (1998) indicam como um dos problemas a ausência da definição de um
padrão ouro, o qual faz menção a certo valor ideal e integralmente aceito de uma
qualidade particular, o qual serviria como medida de referência.
Baranowski et al. citado por Gallahue e Ozman (2005) indicam às futuras
pesquisas relacionadas a atividade e aptidão físicas a adoção de medidas
20
laboratoriais como padrão ouro. Recomendaram também que sejam feitas
validações das avaliações de campo e desenvolvidas medidas válidas de aptidão
relacionadas à saúde.
Muitos profissionais questionam-se sobre quais instrumentos o adequados
para a utilização no ambiente escolar, pois enquanto uns avaliam a motricidade fina,
o controle do próprio corpo, a percepção espacial, temporal ou a lateralidade, outros
mensuram a motricidade global ou o equilíbrio. Deste modo, produzir um diálogo por
meio da interrelação entre as baterias motoras torna-se imprescindível, minimizando
críticas e apontando para um objetivo concreto.
Almeja-se que, como resultado desta pesquisa, o profissional da saúde possa
obter dados referentes à avaliação e comparação das baterias motoras, objetos de
estudo deste trabalho, observando seus princípios de conteúdo, construto e
confiabilidade interna. Fornece evidências sobre a dinâmica relacionada à aplicação
prática das baterias, o que influenciará o custo e o prazo de todo o projeto, bem
como informações sobre qual bateria se adapta melhor aos seus objetivo,
otimizando o rendimento.
Sendo assim, esta pesquisa servirá para mostrar aos futuros pesquisadores
em qual situação usar determinada bateria, qual é a mais indicada e qual é a mais
confiável segundo seu objetivo.
Justifica-se, também, a faixa etária adotada por este estudo, o qual
considerou tanto a literatura encontrada sobre a idade cronológica e o respectivo
desenvolvimento motor, como os manuais de instrução dos testes motores. Optou-
se por avaliar crianças entre 9 e 10 anos por caracterizarem a faixa etária 2 da
MABC-2 e os limites de idade preciso do TGMD-2 e aproximado da EDM.
21
Segundo Berns (2002), crianças de 9 e 10 anos possuem crescente energia e
equilíbrio no controle e na coordenação motora. Nesta idade, ocorre melhoria na
destreza manual, aumento de força muscular e progresso na agilidade e resistência.
As meninas crescem mais depressa que os meninos e ambos melhoram em
arremesso e recepção, saltam com facilidade e segurança, além de possuir boa
coordenação óculo-manual e vísuo-motora. Nessa faixa etária, desenvolve-se
grande variedade de novas aptidões e atividades que levam a uma sensação de
eficiência (GALLAHUE, 2005; BERNS, 2002).
1.3. OBJETIVOS
1.3.1. Objetivo Geral
Avaliar as baterias motoras EDM, MABC-2 e TGMD-2 quanto a validade de
construto e critério, bem como confiabilidade mediante consistência interna e
comparar o desenvolvimento motor de meninos e meninas entre 9 e 10 anos
conforme o desempenho nas três baterias.
1.3.2. Objetivos Específicos
22
Verificar a validação de construto mediante análise fatorial e a validação de
critério por meio de análise de correlação.
Testar a consistência interna mediante determinação do α de Cronbach.
Analisar e comparar o desenvolvimento motor de meninos e meninas entre 9
e 10 anos de idade por meio da aplicação das baterias motoras EDM, MABC-2 e
TGMD-2.
Descrever as dificuldades encontradas na aplicação em pesquisa de campo
das três baterias motoras.
1.4. DELIMITAÇÕES DO ESTUDO
Esta pesquisa delimitou-se em analisar o processo de construção e testagem
de fidedignidade das baterias motoras EDM, MABC-2 e TGMD-2 em termos de
validade de construto e critério, bem como a confiabilidade interna das mesmas,
possibilitada pela aplicação das mesmas em meninos e meninas de 9 e 10 anos de
idade, regularmente matriculados em uma escola que integra a rede municipal da
Grande Florianópolis/SC.
Também se delimitou por ser uma coleta representativa, embora não
probabilística, uma vez que a participação foi aberta a todos os alunos, mas
23
condicionada à autorização pelos pais por meio da assinatura no Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido.
A pesquisa de campo ocorreu entre os meses de agosto a dezembro de 2009,
sendo realizada junto aos alunos da e séries (4º e ano) do ensino
fundamental, sendo realizada na própria escola.
1.5. LIMITAÇÕES DO ESTUDO
Como um dos fatores limitantes, pode-se apontar a dificuldade de manter o
mesmo nível de motivação dos alunos para a realização da coleta de dados para as
três baterias, bem como o efeito dos períodos do dia (vespertino e matutino) no
desempenho dos participantes. Para isso, mensurou-se o nível de motivação de
cada criança minutos antes e após a aplicação de cada bateria, mediante uso de
uma escala Likert de 0 a 10 (0 = desmotivado e 10 = motivado), determinando o
quanto se sentia motivado para participar das avaliações motoras.
O espaço físico para a realização da avaliação do TGMD-2 foi um fator
limitante para a realização da pesquisa, pois os pesquisadores precisaram limpar a
área para a realização da atividade, a qual se encontrava desativada e, fora do
espaço físico da escola, não havia segurança para a realização da mesma.
O tempo foi um fator limitante, no sentido que as aulas tinham uma data
prevista para seu término, conforme estipulado o ano letivo, e não podia ser
24
alterada, além de que a pesquisa foi autorizada para ser realizada apenas nas aulas
de educação física, para não prejudicar o conteúdo das demais matérias escolares.
Para a realização da avaliação motora era necessária a autorização dos pais
ou responsáveis. Algumas crianças deixaram de participar por não obter a
autorização junto aos pais devido a esquecimento.
Havia necessidade de mais avaliadores capacitados para a aplicação prática
da pesquisa, sendo que o fator tempo e o número de coletas limitou a pesquisa, bem
como a disponibilidade de mais kits das baterias motoras.
Também apresentou como limitação o fato de todas as crianças pesquisadas
estudarem na mesma instituição de ensino.
1.6. DEFINIÇÕES DE TERMOS
Bateria Motora Conjunto de dois ou mais testes aplicados aos mesmos sujeitos
(MARINS; GIANNICHI, 1998).
Confiabilidade- Uma medida é dita confiável se ela é consistente ou estável por si
própria (
Teste Motor Prova característica que mede o indivíduo e permite comparar os
resultados tanto com o próprio indivíduo como com outros (ROSA NETO, 2001).
Validade É o índice de concordância entre o que o instrumento mede e o que ele
se propõe a medir (MELLO, 2007).
25
Validade de construto Define a validade dependendo da forma com que o
instrumento está organizado (MELLO, 2007).
Validade de critério Correlacionar as medidas de diferentes instrumentos (MELLO,
2007).
Consistência interna A dimensão em que os resultados de um estudo podem ser
atribuídos aos tratamentos utilizados no estudo (PAYNE; ISAACS, 2007).
26
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Neste capítulo será apresentada a fundamentação teórica do estudo,
abordando aspectos referentes ao desenvolvimento motor e mudanças relacionadas
aos indivíduos nos diversos períodos do desenvolvimento. Posteriormente, serão
apresentadas as bases conceituais sobre avaliação motora e testagem de
instrumentos e, especificamente, referentes às baterias motoras EDM (Escala de
Desenvolvimento Motor, Rosa Neto, 2001), MABC-2 (Movimento ABC - Segunda
Edição, Henderson e Sugden, 2007) e TGMD-2 (Teste de Desenvolvimento Motor
Grosso, Ulrich, 2000).
Apresentar-se-á também os aspectos importantes para a caracterização
desse estudo, tais como os objetivos e semelhanças entre as baterias motoras,
realizando, na sequência, análise comparativa e estudo sobre a validação de cada
bateria no Brasil.
2.1. Desenvolvimento Motor
27
Analisar as alterações que ocorrem durante as várias fases da vida permite
compreender melhor o ser humano e o mundo em que vivemos. Os aspectos
motores se modificam com a idade e são inerentes às diferenças sociais, intelectuais
e emocionais (PAYNE; ISAACS, 2007).
O desenvolvimento humano ocorre durante todo o período de vida do
indivíduo. O maior potencial de desenvolvimento infantil ocorre por volta dos 4 anos,
onde a criança alcança estágio maduro em relação à maioria dos movimentos
fundamentais. No entanto, apenas entre os 8 e 12 anos dá-se o estágio de
transição, no qual a criança inicia o processo de combinação entre os movimentos
de habilidade com os especializados. A partir dos 12 anos, verifica-se o estágio de
aplicação ou utilização, em que o indivíduo desenvolve a maturidade intelectual e o
pensamento intencional. Nesta fase, a criança principia o processo de aquisição de
conhecimentos (GALLAHUE, 2004; GALLAHUE; OZMAN, 2001; GABBARD, 2000).
O conhecimento adquirido durante o período da infância retrata momentos de
grandes mudanças comportamentais, que interferem nas capacidades de
desempenhar atividades diárias. Essas mudanças afetam as habilidades motoras,
as quais são indispensáveis para a autonomia de atividades funcionais, fazendo
parte do processo que pode não se manifestar, mas está subtendido no controle do
movimento (GALLAHUE, 2004; BERNS, 2002). A aplicação do controle de
movimento apresentou grande progresso nos últimos anos devido às pesquisas
destinadas a analisar o comportamento do desenvolvimento motor.
O movimento está presente em todos os períodos da nossa vida, desde a
inabilidade à habilidade e, novamente, para a inabilidade avançada. Ainda que o
significado de levantar pela primeira vez e a dificuldade de levantar-se ao final da
28
vida sejam vivenciados de formas diferentes, ambas fazem parte do processo de
desenvolvimento (KRETCHMAR apud SANTOS; DANTAS; OLIVEIRA, 2004).
Também pode ser definido como as mudanças no comportamento motor ao
longo da vida e o processo que serve de base para essas modificações (PAYNE;
ISAACS, 2007).
Para Gallahue e Ozmun (2005), desenvolvimento motor é a sucessiva
alteração no comportamento motor no decorrer do ciclo da vida, realizado pela
influência mútua entre as necessidades da tarefa, a biologia do indivíduo e as
condições do ambiente. Os autores consideram que, as características hereditárias
de uma pessoa combinadas com as condições ambientais específicas e com a
tarefa que o indivíduo desempenha, resultam em melhoria da aptidão.
Por fim, o desenvolvimento motor trata-se da área que estuda as diversas
outras áreas, tais como fisiologia do exercício, biomecânica, aprendizado motor e
controle motor, bem como as áreas da psicologia desenvolvimentista e psicologia
social (GALLAHUE; OZMUN, 2005).
Em geral, apesar de concordarem com o conceito de desenvolvimento motor,
os autores utilizam diferentes taxonomias para classificar esse processo. Para
Gallahue e Ozman (2005), o método mais popular é a classificação pela idade
cronológica. É de uso universal e constante, contudo é o menos acurado. Os
métodos mais utilizados são: idades biológica, morfológica e óssea. A idade
biológica fornece um registro referente ao seu progresso em direção à maturidade; a
morfológica registra o tamanho atingido pelo indivíduo de acordo com os padrões
normativos; e a óssea registra a idade biológica do esqueleto em desenvolvimento
(GALLAHUE; OZMUN, 2005).
29
O desenvolvimento motor pode ser avaliado através do processo ou do
produto. Por meio do processo, envolve as necessidades biológicas, ambientais e
ocupacionais que influenciam o desempenho motor e as habilidades motoras do
indivíduo do início da vida à velhice. Contudo, orientada ao produto, possui uma
abordagem descritivo-normativa que examina os mecanismos do desenvolvimento
motor, sendo as habilidades analisadas por fases (PAYNE; ISAACS, 2007).
2.2. Avaliação Motora
Compreende um processo contínuo de investigação que tem como objetivo
interpretar os conhecimentos, habilidades, atitudes e necessidades de indivíduos,
atribuindo valores ou conceitos, tendo em vista mudanças esperadas no seu
desempenho e comportamento. Para o professor ou mesmo escola, a avaliação
motora oferece condições de rever o que foi inicialmente planejado (TRITSCHLER,
2003).
Payne e Isaacs (2007) definem avaliação como um meio que permite verificar
até que ponto os objetivos estão sendo alcançados, identificando os indivíduos que
necessitam de atenção individual e reformulando o trabalho com a adoção de
procedimentos que possibilitem sanar as deficiências identificadas.
A avaliação trata-se de um excelente momento para que a instituição
estabeleça prioridades para o trabalho educativo, identificando os pontos em que os
alunos necessitam de maior atenção, bem como servindo para a reorientação da
30
prática e definindo o que se deve (re)avaliar, como e quando, em consonância com
os princípios educativos que elege. Pitanga (2005) concorda com esse conceito e o
completa afirmando que para se avaliar precisa-se de um ponto de referência, pois
avaliar é também comparar os resultados obtidos com os anteriores e os obtidos por
outros. É aconselhado comparar as avaliações com as médias de um grupo ou
checar junto a resultados padrões e/ou normas pré-determinadas (PITANGA, 2005;
TRITSCHLER, 2003).
Complementarmente, Tritschler (2003) afirma que a avaliação é uma forma de
descrever qualitativamente e/ou quantitativamente a importância de uma
característica. Isto é, utiliza-se a avaliação para explicar o que se entende da
característica analisada e, para isso, faz-se necessário a obtenção de dados por
meio de testes, escalas de avaliação, lista de verificação ou inventário. Para o autor,
avaliação também significa comparação, medida, ou seja, o método utilizado para
obter e analisar informações ou dados, possibilitando sua interpretação. Pode
igualmente ser definida como a maneira encontrada para fazer julgamentos
baseados em dados qualitativos e/ou quantitativos por meio da comparação destes
com algum modelo a fim de serem tomadas decisões a cerca de alguma ação.
três princípios para interpretar os tipos de avaliação: avaliação
referenciada por normas, critérios e a si próprio. Interpretar e comparar os resultados
similares são compatíveis à avaliação referenciada por normas; interpretar e
comparar um padrão definido anteriormente por um comportamento é concernente à
avaliação referenciada por critérios. Por sua vez, a avaliação referenciada a si
própria é a interpretação da comparação com um resultado obtido em outra
aplicação do mesmo instrumento de avaliação (TRITSCHLER, 2003).
31
Gallahue e Ozmun (2005) elucidam a importância que a avaliação tem na
área do desenvolvimento motor afirmando que, por meio da mesma, é possível
monitorar alterações de desenvolvimento, identificar retardos e esclarecem sobre
táticas instrutivas. Os autores ainda expõem o desafio que é para o avaliador
identificar os procedimentos de avaliação adequados ao indivíduo ou ao grupo a ser
analisado.
Para Magill (2000), as características importantes em uma avaliação são:
observar o comportamento do indivíduo e, sobre os mesmos, fazer as interferências.
Segundo Bee (1984), o processo de avaliação faz-se por meio da observação,
realizando perguntas e experimento controlado e destaca os pontos importantes a
serem observados na pesquisa: clareza, importância dos resultados, verificação de
indagações e novas ideias, consistência e replicabilidade, adequação da escolha
dos sujeitos e adequação do método utilizado.
O estudo de Haubenstricker (1990) constatou que os profissionais da área de
Educação Física dedicam pouco tempo à avaliação e, quando a realizam, muitas
vezes apresentam dúvidas em relação à preparação dos alunos para o processo,
como avaliar ou mesmo escolher o instrumento de avaliação que atende melhor às
necessidades do educando e/ou do professor.
Na Educação Física, a avaliação geralmente é encarada como forma de
atribuir notas e conceitos. Contudo, diversas finalidades avaliativas. A avaliação
diagnóstica trata-se da realizada antes de iniciar qualquer processo, uma vez que se
faz necessário conhecer as condições iniciais dos alunos para poder traçar os
objetivos das intervenções. A formativa refere-se à avaliação realizada durante o
processo, mediante a qual é possível verificar o desempenho dos alunos. E a
somativa relaciona-se à avaliação feita ao final do processo e trata-se da soma de
32
todas as demais avaliações realizadas antes ou no decorrer do processo e tem por
objetivo traçar o quadro geral dos indivíduos analisados. Estes aspectos devem ser
também contemplados na avaliação motora (PITANGA; LESSA, 2006; MARINS;
GIANNICHI, 1998; CARNAVAL, 1997).
Nos estudos de Payne e Isaacs (2007) foram abordadas sete questões
importantes para serem analisadas antes de avaliar os alunos: por que avaliar, que
variáveis planeja avaliar, quais testes avaliam essas variáveis, a preparação da
coleta de dados, as habilidades estatísticas necessárias para interpretar os dados de
avaliação, se a avaliação será formal ou informal e, por último, como e com quem
partilhar os resultados da avaliação. Portanto, esses aspectos devem ser
contemplados.
Sendo assim, o ato de avaliar sugere análise de importância e decifra o saldo
de uma medida, realizada na maioria das vezes de modo qualitativo e devendo ser
aplicada em relação ao produto e não somente em relação ao processo. Contudo,
para se avaliar necessita-se de instrumentos que possam favorecer o ato ou a ação
(PITANGA, 2005).
Alguns estudos interrogam se os profissionais da área de Educação Física
avaliam adequadamente o comportamento de seus alunos (SAFRIT; WOOD, 1995).
Outros apontam a falta de habilidade dos profissionais ao avaliar o comportamento
motor de crianças e adolescente através de instrumentos inadequados (HOLLAND,
1992).
Instrumento é o recurso usado para se obter informações. Utilizam-se testes
como instrumentos de avaliação, mas, nem o melhor de todos os testes pode
oferecer ao pesquisador uma boa informação se esse for precariamente
33
administrado. E, inversamente, a boa administração de um instrumento ineficiente
não fornecerá resultados de qualidade. Os profissionais que tem interesse em
aplicar avaliação motora precisam estar cientes de como encontrar e selecionar
bons instrumentos de avaliação e devem saber como administrá-los de forma
competente e eficaz (TRITSCHLER, 2003).
Segundo Tritschler (2003), duas categorias devem ser levadas em
consideração na seleção de testes ou instrumentos, escalas de avaliação, lista de
verificação ou inventários: a aplicabilidade administrativa e as qualidades
psicométricas. Ou seja, o teste deverá ser examinado cuidadosamente antes de
escolhido para uso, observando para que população específica foi desenvolvido,
qual o objetivo estabelecido e se é apropriado para uma população ou idade
diferentes.
Cada instrumento deve ser selecionado conforme o interesse do pesquisador
ou profissional. Alguns testes são exatos e precisos, outros são rápidos e fáceis de
administrar, podendo ser, contudo, menos exatos, que serão utilizados para
instruções em aulas de educação física (MARINS; GIANNICHI, 1998).
De acordo com Guedes e Guedes (1997), o desenvolvimento motor é
examinado por meio de testes com a finalidade de obter dados quantitativos e
qualitativos, que propiciem tanto comparações inter quanto intraindivíduos para se
identificar o comportamento relacionado ao aspecto motor. Esses testes motores
são compostos por tarefas motoras, as quais buscam simular situações que
propiciem a avaliação de determinadas capacidades ou habilidades motoras.
Nesta pesquisa, estudou-se a EDM, na qual o usadas escalas de
classificação como instrumento de investigação. Também foram analisados a
34
MABC-2, a qual utiliza listas de checagem e o TGMD-2, onde são utilizadas folhas
de avaliação para fazer as observações. O TGMD-2, por focar a motricidade ampla,
é específico para a área da Educação Física.
2.3. Testagem de Instrumentos
Um teste é um instrumento ou processo que traz resposta observável com a
finalidade de fornecer informação sobre uma ou mais características específicas de
uma ou mais pessoas. Para Cronbach, um teste é um procedimento metódico para
analisar o comportamento motor, feito com a ajuda de escalas numéricas ou
categóricas (PASQUALI, 2003).
De acordo com Morrow Jr. et al. (2003), alguns testes motores apresentam
maior sensibilidade às mudanças de comportamento em termos biomecânicos e
fisiológicos. Nesse contexto, admite-se a necessidade de planejar intervenções
ecológicas no momento da avaliação (BRONFENBRENNER, 1996).
Existem várias razões para que o desenvolvimento motor das crianças seja
avaliado. Os testes, na maioria das vezes, são utilizados como parte no processo de
apreciação de crianças com dificuldades. Em uma criança que não progride como o
esperado, realizam-se avaliações que conduzam a informações objetivas de forma a
perceber a extensão do problema, possibilitando modos de proceder com relação a
auxílio adicional do professor em sala de aula ou de especialista na área
(TRITSCHLER, 2003).
35
Vários testes são utilizados para avaliar. Para a escolha do instrumento de
teste que melhor se adéqua à proposta do estudo, necessita-se verificar se o mesmo
é estatisticamente válido, confiável e objetivo; se as normas foram estabelecidas em
uma população similar à que se deseja avaliar; se é viável a administração do
instrumento de teste(s); e se o avaliador possui treinamento e habilidade para
administrar o teste, bem como interpretar os resultados (PAYNE; ISAACS, 2007).
Instrumentos padronizados têm sido cada vez mais utilizados como auxiliares
na avaliação de diferentes aspectos da saúde física de crianças e adolescentes.
instrumentos com diferentes finalidades, sendo possível, de modo padronizado,
mensurar o desenvolvimento motor, identificar problemas de saúde física, mensurar
o desenvolvimento infantil entre outros. Instrumentos de medida são também
definidos como sendo todo o recurso, meio ou dispositivo utilizado para obter dados
(MELLO, 2007; CRUZ, 2003).
Existem diversos métodos para avaliar o nível de competência motora por
meio dos variados instrumentos. Um teste que avalia as competências percepto-
motoras tem que satisfazer às condições de fidelidade e validade, assim como
apresentar referências relativas às várias idades. Uma das maiores preocupações
na seleção de instrumentos de avaliação é verificar porque o teste está sendo
utilizado e para que propósito os resultados serão usados. Johnson (1972) afirma
que é preciso conhecer muito bem os diversos instrumentos de aferição e seus
propósitos educacionais, além de aplicá-los com as técnicas adequadas e interpretar
os resultados corretamente (MELLO, 2007).
Embora não haja parâmetros a respeito do padrão ouro de avaliação,
acredita-se que informações e técnicas suficientes para identificar e avaliar com
razoável exatidão, levando ao diagnóstico e intervenção. Acredita-se também que
36
certo número de crianças possui dificuldades presentes que vão além dos contextos
enquanto os déficits de outras são vistos mais frequentemente em determinadas
situações do meio.
Com o passar dos anos, a necessidade de medir e avaliar crianças
desenvolveu-se no mesmo ritmo que as ciências do esporte e exercício.
Paralelamente a esse processo, ampliou-se também o interesse por não apenas
medir e avaliar em âmbito local, mas estabelecer padrões regionais e nacionais a fim
de possibilitar a comparação da população pesquisada com a de estudos prévios.
Pesquisadores vêm adaptando e validando instrumentos de grande reconhecimento
científico a fim de que as comparações de resultados sejam as mais precisas e
diretas possíveis (BARROSO, 2008).
É preciso que haja uma adequação entre as diversas culturas e conceitos em
relação aos instrumentos científicos para que a comunidade científica aplique o
mesmo instrumento em diversos idiomas. Neste contexto, o processo de adaptação
de conteúdo sugere que outras propriedades estatísticas, como validade e
fidedignidade, mantenham-se no instrumento adaptado para confirmar a sustentação
de suas propriedades psicométricas.
A psicometria é o estudo da validação de instrumentos, ou seja, uma área de
abordagem científica que mensura características ou atributos psicológicos mediante
uso de escalas, testes e questionários uniformizados sob qualidades controladas,
valendo-se de símbolos matemáticos (os números) no estudo científico de
fenômenos naturais. Quanto mais axioma do número as medidas referenciarem,
melhor esse número representará o fenômeno (BARROSO, 2008; ROHLFS, 2005;
PASQUALI, 2003; MEDEIROS, 1999).
37
De acordo com Barros (2002), não existe um método único para determinar a
validade de um instrumento. Alguns podem ser inadequados à natureza das
variáveis que estão sendo mensuradas pelo instrumento. Na determinação da
validade de um instrumento, deve-se avaliar quanto é provável reduzir a margem de
erro em benefício do aumento do contexto de validade deste teste.
2.4. Validação de Instrumentos de Pesquisa
Independente do instrumento de medida, para que ele seja confiável faz-se
necessário a aplicação de alguns critérios, tais como a validade, confiabilidade ou
fidedignidade e usabilidade do instrumento.
2.4.1. Validade
Segundo Wiederman (2002), seis tipos de validação: interna, teórica ou de
conteúdo, de construto, de hipótese, de conclusão estatística e externa. Os autores
Wechsler e Schelini (2006), assim como Baumgartla e Primib (2005) citam ainda a
validade de critério. Geralmente, os diferentes tipos de validade estão inter-
relacionados.
A validade interna permite ao pesquisador purificar os fatores que possam
influenciar nos resultados (WIEDERMAN, 2002). Costuma-se submeter o teste à
apreciação de juízes, ou seja, indivíduos especialistas no assunto em questão
(ANDREOTTI; OKUMA, 1999).
38
A validade de construto lida com o grau em que a definição operacional
representa adequadamente o construto, prevenindo que a variável medida seja
contaminada por fatores irrelevantes (WIEDERMAN, 2002).
A validade externa é a generalização das informações. Ou seja, é a
especificidade para as condições em que o estudo foi criado (WIEDERMAN, 2002).
Por fim, a validade de critério de um instrumento é avaliada estatisticamente e
motivada à proporção que os casos positivos são determinados corretamente
(sensibilidade) e à proporção que casos negativos são determinados corretamente
(especificidade) (Pasquali, 2003). Baumgartla e Primib (2005) afirmam que a
validação de critério pretende avaliar o grau com que o instrumento difere entre
pessoas ou em determinada(s) características(s) de acordo com um critério padrão.
Dependendo do espaço de tempo em que ocorre a coleta de dados para o
teste, este tipo de validade costuma ser distinguido entre validade preditiva e
concorrente. Quando o critério é avaliado no futuro, diz-se que a validade é preditiva,
a qual, segundo Barros (2002), é o procedimento mais rígido para estabelecer a
validade de um teste e envolve o uso de um critério a ser prognosticado através de
um lculo matemático, ou seja, as medidas que ele obtém são significativamente
correlacionadas com uma particularidade, comportamento ou desempenho
apresentado no futuro.
Uma das validações que se pretendeu fazer nesta pesquisa, a validação
concorrente, é definida como sendo um processo quantitativo rígido que pode ser
aplicado em situações em que já existam testes conhecidos e válidos para mensurar
a validade de interesse. Neste processo, aplicam-se simultaneamente os testes e
espera-se que as informações alcançadas em ambos sejam significativamente
39
correlacionadas. Explica-se o processo de procedimento da validação concorrente
como sendo feito através de análise com referência a critérios ou normas.
2.4.2. Confiabilidade
A confiabilidade refere-se à precisão do instrumento de medida. Uma medida
é considerada confiável quando se relaciona ao grau de concordância entre
múltiplos itens de uma dimensão (confiabilidade interna) e à persistente
consistência, quando aplicada mais de uma vez com o mesmo indivíduo (teste e re-
teste) ou por diferentes pesquisadores ou mesmo sob diversificadas formas
(confiabilidade externa). Essas condições são necessárias para que um instrumento
de mensuração seja válido (MELLO, 2007; MENESES, 1998; ANASTASI; URBINA,
1997).
A confiabilidade de um instrumento pode ser obtida por: teste e re-teste,
confiabilidade entre avaliadores e consistência interna.
O teste e re-teste são verificados através da correlação entre os escores das
duas aplicações do mesmo instrumento ao mesmo grupo de sujeitos
(RICHARDSON et al., 1985). O mesmo teste poderá acontecer em dois ou mais
momentos distintos e posteriormente os resultados são comparados
(WIEDERMAN,2002).
40
A confiabilidade entre avaliadores é usada para avaliar a competência das
observações e julgamentos sobre um estímulo. Compara resultados do mesmo
fenômeno entre dois ou mais avaliadores (WIEDERMAN, 2002).
A consistência interna refere-se à confiabilidade dos dados gerados pela
medida em uma amostra específica. Nesse sentido, os coeficientes de consistência
interna devem ser calculados toda a vez que uma escala for utilizada com uma nova
amostra. São considerados homogêneos os itens que medem a mesma estrutura.
São inter-relacionados, os itens nos quais os escores estão correlacionados um com
os outros (WIEDERMAN, 2002).
Normalmente, a confiabilidade interna é determinada mediante a aplicação do
teste de consistência interna de Cronbach), verificando a congruência de cada
item com relação aos demais. O coeficiente alfa varia de 0 a 1, sendo que o 0 indica
a ausência total de consistência interna e o 1, presença de 100% de consistência. A
estabilidade é confirmada por meio da aplicação de teste e re-teste do teste motor,
permitindo o cálculo de correlação intraclasse entre as duas aplicações. Não satisfaz
chegar ao resultado de dois testes, aplicados ao mesmo grupo de indivíduos, mas
os seus resultados devem ser os mais próximos possíveis, sendo que um coeficiente
de correlação abaixo de 0,75 é considerado fraco (DANCEY; REIDY, 2004).
É importante ressaltar que raramente se obtém correlação com valor 1, pois é
difícil definir o intervalo ideal entre a aplicação do teste e sua reaplicação: se este for
muito pequeno, os resultados podem ser afetados pelo efeito memória, ou seja, o
participante pode se lembrar do que fez no teste anterior e simplesmente reproduzir
os resultados; se o intervalo for muito grande, pode ocorrer uma série de eventos na
vida do sujeito que alterem significativamente suas características psicológicas e
41
físicas (COOLICAN, 2004; PASQUALI, 2003; MEDEIROS, 1999; VIANNA, 1982;
KERLINGER, 1979).
Com a finalidade de melhor explicar a validação de conteúdo, critério e
construto, além da confiabilidade, foi criado um organograma, apresentado nas
Figuras 1 e 2.
Figura 1. Organograma da descrição de validade de conteúdo, critério e
construto
Validade
(verificar se o
instrumento mede o
que pretende medir)
Conteúdo
-Juízes
-Clareza
-Faces
Critério
-Concorrente
-Preditiva
Construto
-Fatorial
-Divergente
-Convergente
42
Fenômeno(s)
Construto
Medida
Figura 2. Organograma da descrição da confiabilidade
Verifica-se na literatura diversos estudos sobre validade e confiabilidade.
Adota-se como exemplo de um estudo de validade o realizado por Albuquerque e
Farinatti (2007) que objetivou apresentar evidências da validade de construção de
uma bateria de testes para a seleção de talentos na ginástica olímpica feminina.
Inicialmente, foram levantadas 30 atividades que vinham sendo aplicadas por
especialistas na área da ginástica olímpica e, a partir disso, delinearam uma bateria
de testes com 22 atividades, aplicadas em 55 crianças de 9 anos de idade.
Com o uso de análise fatorial e regressão múltipla, foram estimadas apenas
oito atividades (validade de construto). Ainda verificaram o desempenho com
ginastas profissionais e amadores, sendo que os primeiros obtiveram resultados
significativos, indicando que a bateria de testes indicou bem o potencial geral para o
desempenho. Confirmaram assim a validade de construto e testaram em seguida a
fidedignidade interna e intraobservadores, obtendo correlações de 0,83 a 1,00. Os
Confiabilidade
=
Fidedignidade
(precisão)
INTERNA
-Consistência Interna (α de
Cronbach)
-Metades
EXTERNA
-Estabilidade Temporal
-Avaliadores (avaliadores 1)
(avaliadores 2)
-Teste-reteste
43
autores supramencionados recomendaram estudos adicionais com amostras
maiores e abordagem longitudinal para a confirmação dos resultados.
2.5. Baterias Motoras
Demonstra-se a seguir nas Tabelas 1 e 2 a descrição das baterias motoras,
objeto deste estudo, bem como as tarefas de cada uma para melhor entendimento.
Tabela 1. Descrição das três baterias motoras: EDM, MABC-2, TGMD-2
EDM MABC-2 TGMD-2
Autor e Ano Francisco Rosa Neto
(2002).
Segunda versão da
Bateria de Avaliação do
Movimento da Criança.
Henderson e Sugden,
1992.
Segunda versão do
Test of Gross Motor
Development, 1985.
Ulrich, 2000.
Característica Constitui um conjunto
de provas diferenciadas
e com dificuldade
graduada das variadas
áreas do
desenvolvimento motor.
Consiste em dois testes
distintos e
complementares: um
refere-se a uma bateria
de testes motores e o
outro a uma lista de
checagem qualitativa.
Teste composto por
habilidades motoras
fundamentais. As
amostras normativas
foram selecionadas por
idade, raça, residência
e região geográfica.
Faixa etária Indicada para crianças
de 2 a 11 anos, alunos
do ensino regular e da
educação especial.
Recomendada para
crianças e adolescentes
de 3 a 16 anos de idade
com dificuldades de
aprendizagem.
Indicado para crianças
entre 3 e 10 anos de
idade.
44
Tabela 1. Continuação da descrição das três baterias motoras: EDM, MABC-2,
TGMD-2
EDM MABC-2 TGMD-2
Tempo de
Aplicação
Aproximadamente 30 a
45 minutos.
Aproximadamente 30 a
40 minutos.
Aproximadamente 20
minutos.
Objetivo Avaliar o nível de
desenvolvimento motor,
considerando êxitos e
fracassos por meio da
idade cronológica e
testes motores,
resultando em idade
motora e quocientes
motores.
Identificar e descrever
deficiências no
desempenho motor nos
domínios: destreza
manual, equilíbrio e
lançar e receber.
Avaliar o funcionamento
motor amplo de
crianças.
Formas de
avaliação
A avaliação é dividida
em sete áreas:
motricidade fina,
motricidade global,
equilíbrio, esquema
corporal, organização
espacial, organização
temporal e lateralidade.
Avalia três domínios
motores por meio de
tarefas, sendo três de
destreza manual, duas
de pegar e arremessar
e três de equilíbrio.
O teste avalia 12
habilidades motoras
fundamentais, das quais
6 são de locomoção e 6
de controle de objetos.
Tabela 2. Descrição das áreas psicomotoras da faixa etária de 9 e 10 anos das
baterias motoras: EDM, MABC-2, TGMD-2
EDM MABC-2 TGMD-2
Motricidade Fina Destreza Manual Motricidade Global
Motricidade Global Habilidade de Pegar
e Lançar
Equilíbrio (Estático) Equilíbrio (Dinâmico)
Esquema Corporal
Organização Espacial
Organização Temporal
Lateralidade
45
Com o objetivo de explicar as três baterias motoras, fez-se uma tabela com as
habilidades utilizadas em cada uma delas. A tabela com os aspectos constitutivos da
EDM, MABC-2 e TGMD-2 encontra-se a seguir:
Tabela 3. Aspectos constitutivos das três baterias motoras
EDM
(Idade cronológica da
criança)
MABC-2
Check-list
(Dados quantitativos e
observações qualitativas)
TGMD-2
01 Motricidade fina:
-7 anos: bolinha de papel.
-8 anos: ponta do polegar.
-9 anos: lançamento de
bola.
-10 anos: círculo com o
polegar.
-11anos: agarrar bola.
Motricidade fina:
- Destreza manual
1. Deslocar pinos de linhas
(a criança mantém a tábua
estável com uma das mãos
e segura o pino a ser
movido com a outra. Mover
os 12 pinos um de cada
vez, o mais rápido
possível).
2. Enfiar o cordão (tábua
com furos para passar
cordão).
3. Caminho da bicicleta
(desenhar uma linha
contínua, seguir a linha).
- Habilidade de pegar
4. Pegar a bola com as 2
mãos (a criança arremessa
a bola contra a parede e,
quando retorna, agarra
com as 2 mãos).
5. Arremessar o saco de
feijão no alvo (arremessar
com uma das mãos).
02 Motricidade global:
(coordenação)
-7 anos: pé manco.
-8 anos: saltar uma altura
de 40cm.
-9 anos: saltar sobre o ar.
-10 anos: pé manco com
uma caixa de fósforos.
-11 anos: saltar sobre uma
cadeira.
Motricidade global:
- Habilidades de
locomoção:
1. Corrida.
2. Galope.
3. Salto com um pé.
4. Passada.
5. Salto horizontal.
6. Corrida lateral.
- Habilidades de controle
de objetos:
7. Rebater.
8. Quicar.
9. Receber.
10. Chutar.
11. Arremesso por cima.
12. Arremesso por baixo.
46
Tabela 3. Continuação dos aspectos constitutivos das três baterias motoras
EDM
(Idade cronológica da criança)
MABC-2
Check-list
(Dados quantitativos e
observações qualitativas)
TGMD-2
03 Equilíbrio:
(postura estática)
- 6 anos: pé manco estático.
- 7 anos: equilíbrio de cócoras.
- 8 anos: equilíbrio com o
tronco flexionado.
- 9 anos: fazer o quatro.
- 10 anos: equilíbrio na ponta
dos pés (olhos fechados).
- 11 anos: pé manco estático
(olhos fechados).
Equilíbrio:
6. Equilíbrio sobre a tábua
(a criança equilibra-se
sobre um dos pés em
uma tábua de equilíbrio,
por 20 minutos).
7. Caminhar unindo o
calcanhar à ponta do pé.
Andando para trás
(caminha sobre a linha,
um pé depois do outro,
unidos pelos calcanhares
e ponta).
8. Saltar em um pé só
dentro do quadrado (a
criança executa 5 saltos
pequenos contínuos para
frente em um pé só, de
quadrado em quadrado,
parando dentro do último
quadrado).
04 Esquema corporal:
Controle do próprio corpo (2 a
5 anos).
1. Prova de imitação de gestos
simples (movimento das
mãos).
2. Prova de imitação de
gestos simples (movimento
dos braços).
Prova de rapidez (6 a 11 anos).
05 Organização espacial:
(percepção do espaço)
- 6 anos: direita/esquerda
-conhecimento sobre si.
- 7 anos: execução de
movimentos - execução de
movimentos na ordem.
- 8 anos: direita/esquerda
-reconhecimento sobre o outro.
- 9 anos: reprodução de
movimentos - representação
humana.
- 10 anos: reprodução de
movimentos - figura humana.
- 11 anos: reconhecimento da
posição relativa de 3 objetos.
47
Tabela 3. Continuação dos aspectos constitutivos das três baterias motoras
EDM
(Idade cronológica da criança)
MABC-2
Check-list
(Dados quantitativos e
observações qualitativas)
TGMD-2
06 Organização temporal:
Linguagem:
Estrutura espaço-temporal:
- Reprodução por meio de
golpes (estruturas temporais).
- Simbolização (desenho) de
estruturas espaciais.
- Simbolização de estruturas
temporais:
a) leitura - reprodução por
meio de golpes.
b) transcrições de estruturas
temporais - ditado.
07 Lateralidade:
(mãos, olhos e pés).
- Lateralidade das mãos.
- Lateralidade dos olhos.
- Lateralidade dos pés.
Nesse sentido, a atual pesquisa abordará a avaliação motora de crianças de
ambos os sexos entre a faixa etária de 9 e 10 anos. Assim, demonstra-se na Tabela
4, quais os aspectos foram possíveis de serem comparados. Considerando que a
EDM e a MABC-2 pautam-se na avaliação motora a partir da idade cronológica,
somente as tarefas indicadas para essa faixa etária foram selecionadas. Em relação
à bateria TGMD-2, que pauta-se, por sua vez, na avaliação motora grossa, todas as
tarefas foram realizadas.
48
Tabela 4. Aspectos constitutivos das três baterias motoras possíveis de comparação
EDM MABC-2 TGMD-2
- Deslocar pinos de linhas -
- Enfiar o cordão -
- Caminho da bicicleta -
Agarrar bola
Pegar bola com
as duas mãos
Agarrar bola
- - Drible estático
Lançamento de bola Arremessar o saco no alvo Lançar por cima
- - Lançar por baixo (rolar)
Pé manco com uma
caixa de fósforo
Saltar em um pé
no quadrado
Saltar com um pé
- - Corrida
- - Galope
Lateralidade dos pés - Chutar
- - Rebater
- - Deslocamento lateral
- - Passada
- - Salto horizontal
Saltar sobre uma cadeira - -
Pé manco estático Equilíbrio sobre a tábua -
- Caminhar unindo calcanhar -
Prova de rapidez
(6 a 11 anos)
- -
Reprodução de movimentos
(figura humana)
- -
Reprodução de movimentos
(figura humana)
- -
Reconhecimento relativo
de 3 objetos
- -
Reprodução por meio
de golpes
- -
Transcrições de estruturas
temporais - ditado
- -
Lateralidade das mãos,
olhos e pés
- -
49
A avaliação motora das baterias EDM e MABC-2 avaliam cada atividade
utilizando-se de uma variável (nominal, ordinal ou numérica) para quantificar o
desempenho enquanto a bateria TGMD-2 utiliza-se de análise de filmagem para
obter informações precisas quanto à capacidade locomotora e ao controle de objeto.
Referente à forma de avaliação dos testes motores, enquanto a EDM e a
MABC-2 estão interessadas no resultado da avaliação, isto é, no êxito ou fracasso e
no melhor tempo, o TGMD-2 analisa o processo em que a criança executa as tarefas
motoras para somente então julgar o movimento e mensurar sua qualidade.
As tarefas utilizadas nas baterias motoras em estudo foi o resultado de um
longo processo de pesquisa de pesquisadores interessados na área do
desenvolvimento motor. A seguir, descreve-se cada uma delas, iniciando pela EDM,
em seguida, a MABC-2 e por último, o TGMD-2.
2.5.1. Escala de Desenvolvimento Motor - EDM
A bateria Escala de Desenvolvimento Motor foi criada por Francisco Rosa
Neto (2000) na Universidade de Zaragoza, Espanha, durante sua tese de doutorado.
Permite avaliar o nível de desenvolvimento motor, considerando êxitos e fracassos,
mediante idade cronológica, idades motoras e quocientes motores. A avaliação é
dividida em sete áreas: motricidade fina, motricidade global, equilíbrio, esquema
corporal, organização espacial e temporal, além da lateralidade (mão, olhos e pés).
A administração da bateria de testes é individual, sendo iniciado pela idade
cronológica da criança e quando o êxito é obtido, avançava-se para as tarefas
relativas às idades seguintes até que um erro seja detectado. Quando a criança não
50
obtiver êxito na primeira tentativa, recorre-se às tarefas pertinentes às idades
anteriores até a obtenção de sucesso pela criança. Os dados são tabulados por
Idade Cronológica (IC), em meses e pelas respectivas idades motoras (IM) em cada
tarefa, cujo resultado é obtido com base nas tabelas normativas indicadas pelo
autor. A idade motora geral (IMG) é obtida a partir da razão entre a soma das idades
motoras e o número de tarefas realizadas.
O Kit EDM é composto por manual, folhas de respostas, instrumentos para
aplicação dos testes, programa informático e vídeo em VHS. A seguir, dispõem-se
na Tabela 5, as tarefas pertencentes à EDM:
Tabela 5. Tarefas da Escala de Desenvolvimento Motor
HABILIDADES TAREFAS MEDIDAS
Motricidade fina
- 7 anos: bolinha de papel
Êxito
- 8 anos: ponta do polegar Êxito
- 9 anos: lançamento de bola
Êxito
- 10anos: círculo com o polegar
Êxito
- 11anos: agarrar a bola Êxito
Motricidade Global
- 7 anos: pé manco Êxito
- 8 anos: saltar uma altura de 40cm
Êxito
- 9 anos: saltar sobre o ar
Êxito
- 10 anos: pé manco
Êxito
- 11 anos: saltar sobre uma cadeira
Êxito
Equilíbrio
- 7 anos: equilíbrio de cócoras
Êxito
- 8 anos: equilíbrio do tronco
Êxito
- 9 anos: fazer o quatro
Êxito
- 10 anos: equilíbrio na ponta dos pés Êxito
- 11 anos: pé manco estático (olhos fechados) Êxito
Esquema Corporal Prova de rapidez (6 a 11 anos) Êxito
51
Tabela 5. Continuação das tarefas da Escala de Desenvolvimento Motor
HABILIDADES TAREFAS MEDIDAS
Organização
Espacial
Direita/esquerda – conhecimento sobre si Êxito
Execução de movimentos na ordem
Êxito
Reconhecimento do outro
Êxito
Reprodução de movimentos humanos
Êxito
Reprodução de movimentos humanos
Êxito
Reconhecimento da posição de 3 objetos Êxito
Organização
Espaço-Temporal
Reprodução por meio de golpes
Êxito
Simbolização de estruturas espaciais
Êxito
Simbolização de estruturas temporais Êxito
Lateralidade
Lateralidade das mãos
Êxito
Lateralidade dos olhos
Êxito
Lateralidade dos pés Êxito
A bateria motora EDM se propõe a ser o ponto de partida para uma
intervenção educacional, pois, conforme o autor, a bateria permite analisar os
problemas estabelecidos com relação ao exame motor da criança, bem como
diferenciar os tipos de debilidade; suspeitar e inclusive afirmar a presença de
dificuldades escolares, como perturbações motoras e problemas de conduta; e
avaliar os progressos da criança durante o desenvolvimento ontogenético (ROSA
NETO, 2000).
A possibilidade de obter resultados corretos na utilização do “Manual de
Avaliação Motora” depende, em grande parte, do cuidado com que as instruções são
seguidas na aplicação dos testes, sendo de fácil manejo ao examinador. São
necessários cuidados específicos na relação pesquisador/observador versus
pesquisado/avaliado para uma boa qualidade na avaliação.
52
Em geral, as provas são estimulantes para a criança. Contudo, o examinador
deve ser especialmente treinado, sendo habilitado para a aplicação das provas, uma
vez que qualquer modificação na estrutura dos testes pode levar a observações
errôneas do desenvolvimento da criança.
A ênfase é dada ao resultado de cada área da psicomotricidade e não aos
valores cronológicos que a bateria oferece. Os escores são definidos de acordo com
a idade motora que o aluno alcança em cada área, podendo variar de 2 a 11.
Nos estudos de Rosa Neto (2002), a definição a cerca da motricidade humana
são apresentadas a partir dos seguintes aspectos: motricidade fina; motricidade
global; equilíbrio; esquema corporal; organização espacial; organização temporal e
lateralidade. Apresenta-se a seguir a definição de cada um desses conceitos
segundo o autor:
A motricidade fina representa a coordenação visuomanual, atividade mais
usada e comum no homem, a qual opera ao pegar um objeto e lançar, escrever,
desenhar, pintar, recortar entre outras ações humanas. Inclui uma fase de condução
da mão, seguida de uma fase de preensão (segurar e manipular), estando
interligada com seus três componentes: objeto, olho e mão.
A coordenação visuomanual organiza-se de modo progressivo conforme o
desenvolvimento motor da criança e a prática necessária para o aprendizado. A
visão e o feedback perceptivo-motor estão estruturados e classificados, propondo
determinar o desempenho motor em qualquer circunstância.
A motricidade global divulga a competência da criança, gestos, atitudes,
deslocamentos e ritmo. O movimento motor pleno, deste modo, é sinestésico, tátil,
labiríntico, visual, espacial e temporal. Os movimentos dinâmicos corporais exercem
53
um enorme papel no enriquecimento dos comandos nervosos e no apuro das
sensações e percepções. O que é educativo na atividade motora não é a quantidade
de trabalho efetuado, nem o registro (valor numérico) adquirido. Todavia é o controle
de si mesmo, adquirido pela característica do movimento destacado e da perfeição
de sua execução.
O equilíbrio é essencial a toda ação individualizada dos segmentos corporais.
De acordo com o autor, quanto mais incorreto é o movimento, mais energia
consome e a ação estável versus o desequilíbrio possui o efeito de fadiga, como
também aumenta o nível de estresse e ansiedade do indivíduo.
Na infância, antes de adquirir equilíbrio, a criança adota apenas posturas, isto
é, seu corpo reage de maneira reflexa aos múltiplos estímulos do meio. O equilíbrio
é a situação de um corpo quando diferentes forças atuam sobre ele,
contrabalançando-se e anulando-se reciprocamente. Do ponto de vista biológico, a
possibilidade de sustentar posturas, posições e atitudes compreendem o equilíbrio.
O esquema corporal refere-se à postura, esquema e imagem do corpo,
autônomo das informações cutâneas e profundas, os quais desempenham um papel
significativo. A postura não é um dado estático, mas ampara ativamente todos os
gestos que o nosso corpo realiza sobre si mesmo e os objetos exteriores. A
construção do esquema corporal exerce um papel fundamental no desenvolvimento
da criança, assim sendo, é a coordenação das sensações relativas ao seu próprio
corpo de acordo com os dados do mundo exterior.
Na organização espacial, o conhecimento do espaço é ambivalente, pois, ao
mesmo tempo, é concreta e abstrata, finita e infinita. Ela envolve tanto o espaço do
corpo como o espaço que cerca o indivíduo. A organização espacial depende,
54
concomitantemente, da estrutura do nosso próprio corpo (estrutura anatômica,
biomecânica e fisiológica), da natureza do meio que nos rodeia e do apreço às
mudanças dessa relação no curso da condução, a qual depende da nossa
orientação espacial. A percepção que o sujeito tem do ambiente que o rodeia e da
semelhança entre os subsídios que o compõe envolve e modifica-se com a idade e
com o conhecimento adquirido. Essas afinidades chegam a ser, progressivamente,
objetivas e autônomas.
A criança elabora pouco a pouco as reações projetivas e euclidianas. Esse
progresso se sobrepõe igualmente à obtenção de uma dimensão da orientação
espacial (direita e esquerda). De tal modo, coloca-se de forma progressiva com o
progresso mental da criança a obtenção e a conservação das noções de distância,
superfície, volume, perspectivas e coordenadas, que geram possibilidades de
orientação e de estruturação do espaço.
A organização temporal é racionalizada em duas partes: ordem e duração,
sendo que a ordem define a sucessão de ritmos que existe entre os acontecimentos
que se produzem, uns sendo a continuação de outros, em uma ordem física
irreversível; a duração permite a variação do intervalo que separa dois pontos, ou
seja, o início e o final de um fato.
A lateralidade é definida como a preferência do uso de uma das partes
simétricas do corpo: mão, olho e perna. Segundo o autor, a educação fundamental
estabelece um padrão de ensino que auxilia a criança a definir sua lateralidade,
respeitando fatores genéticos e ambientais, e permite organizar suas atividades
motoras. Para o autor, essas diferenças particulares no desenvolvimento motor
ocorrem por várias razões: a hereditariedade, os hormônios e o sexo são influências
biológicas. Nas influências contextuais dá-se na nutrição, saúde (física e emocional)
55
exercício, o desenvolvimento da identidade de gênero, que pode intervir diretamente
no desenvolvimento motor dessas crianças.
A tabela 6 abaixo apresenta alguns estudos realizados no Brasil com o uso da
EDM.
Tabela 6. Alguns estudos com a EDM no Brasil
AUTORES OBJETIVOS RESULTADOS
SILVEIRA et al.
(2006)
Analisar a validade de construção
dos testes motores em equilíbrio,
observando a ordenação e os
graus de dificuldade da tarefa.
Participaram 76 crianças com
idade cronológica de 6 a 9 anos,
distribuídas em dois grupos: grupo
controle, aplicação dos testes em
ordem crescente; grupo invertido,
aplicação dos testes em ordem
decrescente.
Apresentaram diferenças
estatisticamente significativas no
desempenho entre os grupos,
indicando que a ordem de
apresentação dos testes não
interferiu no desempenho das
crianças, independente da idade
cronológica.
PACHECO (2005) Analisar os efeitos de um programa
de psicomotricidade sobre o
desenvolvimento motor de 11
crianças (entre 5 e 12 anos, de
ambos os sexos), avaliando-as
antes e depois de 16 semanas de
sessões de psicomotricidade.
A classificação pela “EDM” da
média dos sujeitos avaliados foi
“inferior” nos dois momentos,
porém, ocorreram avanços em
todas as áreas específicas da
motricidade.
POETA (2005) Avaliar o desenvolvimento motor
de 31 escolares com idade entre 7
e 10 anos, apresentando
indicadores de Transtorno do
Déficit de Atenção e Hiperatividade
(TDAH) e a influência das
intervenções motoras em uma
criança com esse transtorno.
Nos resultados, 2% dos escolares
obtiveram indicadores positivos
para o TDAH. O desenvolvimento
motor apresentou-se “normal
baixo” e tiveram maiores déficits
em organização temporal,
organização espacial e equilíbrio.
56
Tabela 6. Continuação de alguns estudos com a EDM no Brasil
AUTORES OBJETIVOS RESULTADOS
ROSA NETO et
al. (2005)
Avaliar o desenvolvimento motor
de uma criança com indicadores de
altas habilidades e verificar a
relação entre o desempenho
cognitivo e motor da mesma. Esta
pesquisa contou com a
participação de um pré-escolar,
selecionada intencionalmente pelos
professores e orientadores de uma
escola particular de Florianópolis.
No desenvolvimento motor, a
classificação foi “superior”, sendo
que as áreas com melhores
resultados foram organização
espacial, motricidade fina e
organização temporal, todas com
classificação “muito superior”
segundo a EDM. O estudo mostrou
a relação entre o desempenho
cognitivo e motor dessa amostra,
ambos com classificação acima da
média esperada.
SANTOS (2005) Verificar a influência da intervenção
neuropsicomotora no
desenvolvimento motor de uma
criança autista com 5 anos de
idade.
Foram realizadas 38 sessões de
intervenção. Com as intervenções,
a classificação do quociente motor
geral passou de “inferior” para
“normal baixo”, obtendo melhor
progresso em organização espacial
e organização temporal.
SILVEIRA et al.
(2005)
Avaliar o desenvolvimento motor
de pré-escolares, determinando a
idade mental e fazendo sua relação
com a idade cronológica.
Os resultados permitiram a
verificação de uma não linearidade
no desenvolvimento motor das
crianças. Sugere-se que a
aquisição de habilidades motoras
dá-se de forma particular para cada
faixa etária e que as restrições
para a emergência de padrões
complexos de comportamento
estão relacionadas com restrições
do organismo, ambiente e tarefa.
57
Tabela 6. Continuação de alguns estudos com a EDM no Brasil
AUTORES OBJETIVOS RESULTADOS
ALMEIDA (2004) Verificar o perfil motor e a
influência de intervenção motora
em 9 crianças e adolescentes com
síndrome de Down com idades
entre 4 e 14 anos.
Grupo classificado em geral como
“muito inferior”, apresentando
maior dificuldade em motricidade
global e linguagem - organização
temporal. Em relação à
lateralidade, 78% apresentaram-na
cruzada ou indefinida.
POETA; ROSA
NETO (2004)
Realizar estudo epidemiológico
acerca dos sintomas dos distúrbios
de comportamento e TDAH em
escolas públicas de
Florianópolis/SC. Envolveu 1.898
alunos (1001 meninos e 897
meninas) de Florianópolis, com
idades entre 6 e 12 anos.
Dos 1.898 estudantes, 95 (5%)
apresentaram sintomas de TDAH
associada a distúrbios
comportamentais. Quanto ao sexo,
a prevalência foi maior em
meninos, em uma proporção 3:1.
Os dados corroboram com a
literatura.
ROSA NETO et
al. (2004)
Avaliar o desenvolvimento motor
de 51 crianças (36 meninos e 15
meninas) na faixa etária
compreendida entre 4 e 12 anos.
De acordo com os resultados, as
crianças da amostra apresentaram
perfil motor classificado pela “EDM”
como “inferior”, evidenciando a
necessidade de intervenção motora
nessa população.
SILVEIRA (2004) Avaliar 800 escolares de 3 a 6
anos de idade com indicadores de
Transtorno do Déficit de Atenção e
Hiperatividade (TDAH), analisando
o perfil motor e a intervenção
psicopedagógica com estratégias
lúdicas.
Os resultados demonstraram que
5% obtiveram indicadores positivos
para o TDAH. Em relação ao perfil
motor, apresentaram nível
“inferior”, sendo que os maiores
déficits foram na motricidade
global, equilíbrio, esquema corporal
e organização temporal.
58
Tabela 6. Continuação de alguns estudos com a EDM no Brasil
AUTORES OBJETIVOS RESULTADOS
BRUM (2003) Avaliar o desenvolvimento motor
de crianças com obesidade, de
ambos os sexos, com idades entre
4 e 10 anos.
Quarenta por cento apresentaram
perfil motor “normal baixo”
enquanto que 12% dos escolares
apresentaram classificação “muito
inferior”. O desenvolvimento motor
do grupo geral foi classificado em
“normal baixo”. As áreas com maior
deficiência foram: equilíbrio,
organização temporal e esquema
corporal.
LINEBURGER
(2002)
Avaliar o desenvolvimento motor
de crianças asmáticas. Os sujeitos
do estudo foram 29 crianças (17
meninos e 12 meninas).
O desenvolvimento motor foi
classificado em nível “normal
médio”: as variáveis motricidade
fina, global, esquema corporal e
organização temporal, nível
“normal médio” e o equilíbrio e a
organização espacial como “normal
baixo”. A maioria das crianças
apresentou lateralidade cruzada.
Desenvolvimento motor dentro da
normalidade.
MELLO (2002) Avaliar o desenvolvimento motor
de 52 alunos (38 meninos e 14
meninas), com idades entre 6 e 10
anos, apresentando indicadores de
TDAH.
Os resultados na avaliação motora
foram: quociente motor geral
“inferior”; motricidade fina “normal
baixo”; motricidade global “normal
médio”; equilíbrio e esquema
corporal “inferior”; organização
espacial e temporal “muito inferior”.
De acordo com a EDM, 8% das
crianças foram classificadas no
nível “normal médio”, 35% em
“normal baixo”, 42% em “inferior” e
15% em “muito inferior”.
59
Tabela 6. Continuação de alguns estudos com a EDM no Brasil
AUTORES OBJETIVOS RESULTADOS
PEREIRA (2002) Avaliar os parâmetros motores em
uma amostra de 108 crianças com
idades entre 2 e 6 anos de ambos
os sexos.
Os resultados mostraram as
variáveis: motricidade fina,
motricidade global, organização
espacial e temporal com padrão
“normal médio” e as habilidades
equilíbrio e esquema corporal,
“normal baixo”. O perfil motor foi
classificado como “normal médio”.
BATISTTELA
(2001)
Avaliar o desenvolvimento motor
de escolares da rede pública
estadual da cidade de Cruz
Alta/RS. O grupo de estudo
envolveu uma amostra de 200
crianças com idades entre 6 e 10
anos, de ambos os sexos.
Nível de desenvolvimento motor
dentro do esperado, com
classificação “normal médio”. As
variáveis motricidade fina e global,
equilíbrio e esquema corporal
obtiveram padrão “normal médio”,
a organização espacial “normal
baixo” e a organização temporal
“inferior”. Houve maior frequência
de lateralidade “destra completa”.
COSTA (2001) Verificar o perfil motor de pré-
escolares e escolares (105
crianças e adolescentes entre 5 e
14 anos de idade) com dificuldades
na aprendizagem.
O desenvolvimento motor foi
classificado como “muito inferior”; o
equilíbrio e a organização temporal
como nível “muito inferior”; a
motricidade fina, o esquema
corporal e a organização espacial,
“inferior” e a motricidade global,
“normal baixo”. Grande parte dos
avaliados (44,8%) obteve
classificação “muito inferior” ao
padrão de normalidade do teste.
60
Tabela 6. Continuação de alguns estudos com a EDM no Brasil
AUTORES OBJETIVOS RESULTADOS
FIATES (2001) Investigar a relação entre o
desenvolvimento psicomotor e as
dificuldades na aprendizagem de
24 crianças entre 4 e 7 anos de
idade.
O desenvolvimento motor geral foi
classificado como “inferior“. O
esquema corporal foi considerado
“muito inferior”; a motricidade fina e
a organização espacial
apresentaram nível “inferior”; a
motricidade global, equilíbrio e
organização temporal, nível
“normal baixo”.
MARINELLO
(2001)
Avaliar o desenvolvimento motor
de 25 crianças de ambos os sexos,
com idades entre 6 e 13 anos, com
deficiência mental.
O grupo estudado apresentou
padrão “muito inferior” em todas as
áreas motoras. Tais resultados
corroboram com a literatura, que
sugere alterações motoras nessa
população.
ROSA NETO et
al. (2000)
Verificar correlação entre o
desenvolvimento motor e as
dificuldades de aprendizagem
(dislexia). Grupo 1 composto por
28 crianças (6 a 10 anos) com
dificuldades de aprendizagem na
leitura. Grupo 2 composto por 54
crianças da mesma idade (sem
dislexia).
Os resultados demonstraram
correlação estatisticamente
significativa do desenvolvimento
motor com o rendimento escolar,
com melhor desempenho no grupo
controle.
WINCK (2000) Avaliar os parâmetros motores de
30 crianças com idades entre 4 e 5
anos.
Desenvolvimento motor “normal
médio”, sendo as áreas de maiores
déficits: equilíbrio e esquema
corporal com classificação “normal
baixo”. Uma pequena parcela
apresentou desenvolvimento motor
“muito inferior” e “inferior”, os quais
necessitam maior atenção.
61
Tabela 6. Continuação de alguns estudos com a EDM no Brasil
AUTORES OBJETIVOS RESULTADOS
VIVIAN et al.
(1999)
Investigar o grau de
desenvolvimento motor das
crianças participantes do Projeto
Show de Bola com idades entre 10
e 12 anos, verificando se o
desenvolvimento motor estava de
acordo com a idade cronológica
das crianças.
Foram encontradas diferenças
estatisticamente significativas nas
relações entre a Idade Motora
Geral e o equilíbrio; esquema
corporal; organização espacial e
organização temporal.
FRANCESCHI
(1997)
Traçar o perfil motor de praticantes
precoces de futebol de salão. O
grupo de estudo envolveu uma
amostra de 30 crianças, entre 8 e
10 anos de idade, sexo masculino,
praticantes do esporte nos clubes e
colégios da cidade de
Florianópolis/SC.
O grupo estudado foi classificado
no nível “normal baixo”.
MELLO (1997) Verificar o perfil motor de alunos
atletas de natação. Amostra de 30
alunos atletas de ambos os sexos,
com idade entre 8 e 10 anos,
praticantes regulares de natação
em dois clubes de
Florianópolis/SC.
O perfil motor foi classificado como
“normal baixo”. As crianças
obtiveram classificação “normal
baixo” em motricidade fina e global,
esquema corporal e organização
espacial, e classificação “inferior”
em equilíbrio e organização
temporal.
ROSA NETO
(1996)
Avaliar o desenvolvimento motor e
o rendimento escolar de 170
crianças entre 3 e 10 anos de alto
risco neurológico pré e perinatal e
um grupo controle com 90 crianças
sem risco neurológico.
Correlação estatisticamente
significativa entre motricidade fina
e global, equilíbrio, esquema
corporal, organização espacial e
temporal. O grupo de alto risco
neurológico apresentou nível mais
baixo de desenvolvimento motor.
62
A partir desses estudos, destacam-se algumas sugestões dos referidos
autores diante dos resultados encontrados, bem como para o desenvolvimento de
futuros trabalhos com a EDM.
Silveira et al. (2005) destacam a importância de haver instrumentos de
mensuração do desenvolvimento para favorecer o planejamento de intervenções
estruturadas conforme as necessidades dos alunos. Em 2006, relataram que as
tarefas motoras em equilíbrio propostas pela Escala de Desenvolvimento Motor
apresentam validade de construção.
Os resultados demonstraram diferenças estatisticamente significativas no
desempenho entre os grupos, indicando que a ordem de apresentação dos testes
não interferiu no desempenho das crianças, independente da idade cronológica.
Como os resultados mostraram que os participantes conseguem executar tarefas
seguintes à tarefa em que houve o fracasso, a idade motora apontada pela Escala
de Desenvolvimento Motor pode estar subestimando o desenvolvimento motor
dessas crianças. A variação do desempenho das crianças nos testes sugere que o
processo de desenvolvimento motor é não linear (SILVEIRA et al., 2005).
Rosa Neto et al. (2000) afirmam que a utilização de testes para avaliar o
desenvolvimento da criança permite conhecer melhor o perfil dos escolares,
ajudando na identificação de possíveis causas de patologias e facilitando a
elaboração de programas de intervenção precoce, o que permitirá aos escolares
alcançar o grau de maturação necessário. Em seu estudo de 2005, demonstraram a
necessidade de validação de instrumentos para caracterização dessa população.
63
Poeta e Rosa Neto (2004) afirmam que a Escala de Desenvolvimento Motor
não deve ser o único instrumento de avaliação, embora possa ser utilizado em uma
primeira etapa, permitindo que o avaliador possa elaborar diagnósticos e hipóteses.
2.5.2. Moviment ABC Second Edition – MABC - 2
A bateria Moviment ABC de 2007 é a segunda versão da Bateria de Avaliação
do Movimento da Criança (Moviment ABC) elaborada por Henderson e Sugden em
1992. Consiste em dois testes distintos e complementares. Um é constituído de uma
bateria de testes motores (M-ABC Teste - BTM) e o outro corresponde a um
questionário, na forma de lista de checagem observacional do comportamento motor
(MABC bateria - LC). Os autores afirmam que esses instrumentos se complementam
ao favorecer a identificação e avaliação de transtorno motor em crianças. A bateria
de testes M-ABC é indicada para crianças com deficiências motoras de 3 a 16 anos
e avalia destreza manual (3 tarefas), lançar e receber (2 tarefas) e equilíbrio (3
tarefas).
Os instrumentos que compõem a bateria possibilitam a avaliação da criança
em ambientes diferentes. Enquanto o primeiro enfoca o ambiente cotidiano, o
segundo prioriza o ambiente experimental. De acordo com os autores do teste,
esses instrumentos se complementam no sentido da identificação e avaliação de
transtorno motor em crianças (HENDERSON; SUGDEN, 1992).
64
A lista de checagem trata de aspectos comportamentais da criança e deve
ser aplicada por uma pessoa adulta que conheça e acompanhe a rotina da criança,
como, por exemplo, o professor de sala de aula ou de Educação Física. Está
dividida em cinco seções e cada uma delas contém doze itens.
A primeira parte da MABC-2 é composta por itens que visam caracterizar a
criança parada em um ambiente estável. Na segunda parte da avaliação, a criança
encontra-se em movimento em um espaço estável. A terceira parte analisa a criança
parada no ambiente em movimento. A quarta parte avalia a criança e o ambiente em
movimento. Nessas quatro primeiras partes citadas, a pontuação varia de muito bem
a não consegue, onde: muito bem = 0; consegue = 1; quase consegue = 2; não
consegue = 3. Finalmente, a quinta parte aborda problemas de comportamento
relacionados a dificuldades sociais e afetivas. Nesta, a pontuação varia de rara a
frequentemente ou de 0 a 2 (raramente= 0; ocasionalmente=1; frequentemente= 2).
A segunda seção do teste, que corresponde à bateria de habilidades motoras
realizada neste projeto, está organizada em três partes, de acordo com a faixa
etária: o setor 1 relaciona-se às crianças de três a seis anos de idade; o setor 2
refere-se a crianças de sete a dez anos; e o setor três, pertinente a crianças de onze
a dezesseis anos de idade. Cada setor possui seu próprio formulário de registro
codificado por cores: o AB1 é Vermelho, o AB2 é verde e o AB3 é azul. Idênticos em
formato, a página inicial tem espaço para registrar detalhes, os escores individuais
de cada item e registrar seus escores padrão equivalentes. A página seguinte
propicia o cálculo de seus três escores componentes e o registro de seus escores
padrão, além da contagem total do teste. Apresenta também os graus de percentis
que são fornecidos para os três escores dos componentes e para a contagem total
do teste.
65
Para cada setor um conjunto de oito tarefas que envolvem habilidades
manuais e com bola, equilíbrio estático e dinâmico. De acordo com o resultado da
criança, é atribuído um valor como, por exemplo, número de tentativas, de acertos e
erros cometidos ou tempo gasto para executar a tarefa, que, em seguida, é
convertido para a escala de escores próprios do teste, contabilizando o desempenho
geral da criança.
Segundo os autores da MABC-2, o procedimento de avaliação do teste motor
deveria refletir os recursos de que a criança dispõe para a situação e a interação
destes recursos com as demandas do meio. Assim, com esta afirmação, o protocolo
da MABC avalia o comportamento da criança nos diferentes contextos.
Trata-se de um teste referido em normas, capaz de efetuar comparações no
domínio motor, evidenciando as crianças com prejuízo motor significante, como
também adequado a avaliar funcionalmente as habilidades que apresentam relação
com as atividades da vida diária (SUGDEN; WRIGHT, 1998).
A bateria de testes e a lista de verificação têm a possibilidade de serem
usadas de modos diferentes, mas complementares. A lista de verificação pode ser
utilizada como instrumento de certificação de transtornos e o teste, como
instrumento de diagnóstico mais detalhado.
A utilização da MABC-2 tem sido recomendada por permitir verificar o
comportamento da criança nas tarefas relacionadas às atividades da vida diária e
escolares, além daquelas relativas ao comportamento motor, fornecendo subsídios
que permitem avaliar o desenvolvimento das crianças e analisar a possibilidade de
implementação de programas de intervenção.
66
Existem vários motivos para que sejam avaliados os desempenhos das
crianças. Os testes, na maioria das vezes, servem como parte no processo de
avaliação de crianças com dificuldades. Em uma criança que não desenvolve como
esperado, realizam-se avaliações para conduzir a um conhecimento objetivo. Sendo
assim, faz-se importante perceber a extensão do problema para possibilitar a
maneira de proceder com relação a uma ajuda adicional do professor ou de
especialista na área.
O subsídio do Teste do Movimento ABC-2 para o processo de avaliação
conduz a uma avaliação mais formal com contagens numéricas de confiança,
gerando informações qualitativas com percepções e sensações do avaliador em
relação à criança avaliada. A tabela 7 a seguir, descreve as tarefas do MABC-2.
Tabela 7. Tarefas da Baterias de Testes do Movimento ABC-2
Habilidade Tarefa Medida
Destreza Manual
Deslocar pinos Tempo segundos
Inserir o cordão na tábua Tempo segundos
Trilha da bicicleta Nº de erros
Habilidade de lançar e
receber
Receber bola com as duas mãos Nº de recepções
Arremessar saco de feijão no alvo Nº de acertos
Equilíbrio estático e
dinâmico
Equilibrar-se sobre a tábua Tempo segundos
Caminhar sobre a linha Nº de passos
Saltar sobre os quadrados Nº de passos
Com a finalidade de tomada de decisão, o cálculo mais importante do Teste
do Movimento ABC-2 é a pontuação total de déficit motor, ou seja, a adição nas
contagens dos oito itens que cada criança realiza durante uma avaliação formal. A
67
pontuação total de déficit é depois interpretada na tabela de percentuais, que
sugerem a porcentagem que a criança está acima ou abaixo de uma pontuação
particular, dependendo de como o teste é pontuado.
Uma alta pontuação no Teste do Movimento ABC representa um desempenho
pobre e uma pontuação que se encontra no segundo percentual será mais elevada
do que uma contagem no décimo percentual. Assim, uma criança que marque 30 a
40 pontos possíveis no teste é menos competente do que uma criança que obtenha
10 pontos.
A pontuação dos oito itens na pontuação total do déficit foi escalonada de
acordo com os mesmos procedimentos para todas as idades. No entanto, foi
encontrada uma variabilidade da pontuação total do déficit para as idades de 4 e 5
anos, maior do que para as crianças mais velhas, sendo a diferença verificada
estatisticamente significativa.
A tabela a seguir apresenta normas para as três escalas de percentuais
usadas em edições precedentes do teste ou abaixo do percentual, entre o e o
15º e acima do 15º percentual. Estas normas, divididas em dois grupos, uma para as
crianças de 4 e 5 anos e outra para aquelas a partir de 6 anos, fornecem precisão
suficiente para as finalidades esperadas do teste e são aconselhadas no uso
regular.
Tabela 8. Pontuação total do déficit-dano da MABC-2
5º percentual 15º percentual
Idade de 4 e 5 anos 17 10.5
Idade de 6 anos ou acima 13.5 10
68
As contagens entre os percentuais de a 15º sugerem um grau de
dificuldade limítrofe. Sendo assim, a intervenção dependerá do impacto da
dificuldade motora da criança no restante de seu desenvolvimento e dos recursos
disponíveis, incluindo a capacidade do movimento das crianças, sendo avaliado para
ser adequado ou melhorado.
Deve-se tomar cuidado com as palavras a serem usadas para descrever o
enquadre motor da criança no desempenho do Teste do Movimento ABC. O
desempenho no teste não pode ser utilizado para inferir um diagnóstico sobre a
condição médica da criança. O examinador deve estar ciente do dano possível que
pode acarretar a uma criança que seja rotulada ou mal diagnosticada.
A bateria M-ABC tem recebido destaque na literatura devido a sua
capacidade de avaliar crianças em três categorias de habilidades: destreza manual,
destreza com bola e equilíbrio estático e dinâmico, identificando os problemas
motores das crianças. Entretanto, este teste ainda não foi validado em nosso país.
Existem estudos recomendando adaptações da M-ABC para determinadas culturas,
mas no Brasil, os resultados do estudo de Souza et al. (2007) não dão suporte para
o parecer de que a M-ABC necessita ser modificada para se adequar às crianças de
ambientes distintos (CHOW et al., 2006; CHOW; HENDERSON; BARNETT, 2001;
MIYAHARA et al., 1998; ROSBLAD; GARD, 1998; SMITS-ENGELSMAN;
HENDERSON; MICHELS, 1998; RIGHT et al., 1994).
Contudo, muitos estudos têm checado este instrumento comparativamente a
outros, a fim de constatar a validade do mesmo. Por exemplo, Croce, Horvat e
McCarthy (2001) constataram a confiança do teste e re-teste da M-ABC, assim como
a validade concorrente moderada entre a M-ABC e as duas formas (longa e curta)
do BOTMP.
69
Os pesquisadores Tan, Parker e Larkin (2001) avaliaram a identificação e
validade concorrente do BOTMP-SF e MAND, sendo a M-ABC usada como teste de
critério para identificação de crianças australianas com limitações motoras. Neste
estudo, foi percebida a maior validade do MAND para a identificação das crianças
com limitações motoras na Austrália. A proposta dos estudiosos Van Waelvelde et
al. (2004) também foi de investigar a validade do instrumento M-ABC, sugerindo
ajustes nos itens “pular nos quadrados” e “caminhar para trás“ da segunda faixa de
idade, para melhor diferenciação entre as crianças.
A M-ABC também foi confrontada com o Korperkoordinations Test fur Kinder -
KTK (SMITS-ENGELSMAN; HENDERSON; MICHELS, 1998) em crianças com
Desordem Coordenativa Desenvolvimental - DCD na Holanda. Para essa população,
as normas da M-ABC são aceitáveis, no entanto, o KTK necessita de algumas
adaptações, sendo o grau de confiança entre os testes estatisticamente
significativos.
Leemrijse et al. (1999) perceberam que a pontuação total da M-ABC, avaliada
três vezes em crianças sem nenhum programa de intervenção, foi aceitável para
acompanhar as mudanças individuais do desempenho motor. Crianças com
Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade - TDAH tiveram desempenho
motor significativamente inferior do que crianças controle utilizando a M-ABC e o
Purdue Pegboard Test nos estudos de Pitcher, Piek e Hay (2003), sendo as
dificuldades de movimento consistentes com a DCD.
Martinez et al. (2000) avaliou 42 crianças com a M-ABC e também com uma
bateria neuropsicológica, classificando-as em três categorias: DCD (n=12), limítrofe
para DCD (n=16) e normal (n=14).
70
No Brasil, além das desigualdades socioeconômicas e diversidades culturais,
destaca-se a importância de dar prosseguimento a esses estudos, enfatizando a
necessidade de servir-se dessas informações para confrontar com outros ambientes,
assim como complementar os estudos de validação de instrumentos para avaliação
motora.
França (2008) utilizou a M-ABC no seu estudo que objetivou caracterizar o
desempenho motor e investigar a prevalência de DCD numa população de crianças
de 7 e 8 anos de idade na Grande Florianópolis/SC. Concluiu que as crianças
apresentaram mais dificuldades motoras nas habilidades relacionadas com a
destreza manual e houve diferença significativa entre os sexos e a idade. Destacou
a importância das diferenças ambientais e o quanto podem influenciar a capacidade
motora, de maneira especial, ao confrontar com padrões ou dados em outros
contextos.
A utilização das dicas de aprendizagem como estratégia para direcionar a
atenção do aprendiz ao ponto importante da tarefa pode constitui-se em um meio
eficiente de auxiliar crianças com problemas de coordenação na aquisição do
padrão inicial de movimento, proporcionando-lhes condições de adquirir habilidades
motoras futuras.
Por meio de observações qualitativas proporcionadas pelos testes motores
específicos do protocolo, pode-se analisar o comportamento das crianças nas
tarefas de coordenação motora geral. Com base nos resultados alcançados pelas
crianças em cada subteste, tem-se condições de avaliar a área de maior dificuldade
das crianças, visto que nem todas apresentarão dificuldades em todas as áreas.
Com isso, a formulação de estratégias de aprendizagem adequadas torna-se
71
relevante, tendo o professor meios de se ater aos itens observacionais de
desempenho das crianças em cada área.
A seguir, expõem-se na tabela 9 os estudos levantados na literatura brasileira
a cerca do teste M-ABC, uma vez que não foram encontrados estudos com a
utilização da MABC-2.
Tabela 9. Alguns estudos com a M-ABC no Brasil
AUTORES OBJETIVOS RESULTADOS
FERREIRA e
cols. (2008)
Verificar a correlação entre a 5ª
e demais seções das listas de
exigências do teste MABC
preenchidas por 24 professores
de salas de aula e educação
física.
Na idade de 7 anos, as listas dos
professores de sala de aula não
apresentaram correlação entre as listas
dos mesmos, mas houve correlação
entre as listas dos professores de
educação física. Na idade de 8 anos,
as correlações foram significativas para
sala de aula e educação física.
FRANÇA (2008) Caracterizar o desempenho
motor e investigar a
prevalência de DCD em
crianças de 7 e 8 anos de
idade em Florianópolis/SC.
As crianças apresentaram mais
dificuldades motoras nas habilidades
de destreza manual e houve diferenças
significativas entre os sexos e as
idades.
SOMMERFIELD
(2007)
Medir o desempenho motor e a
qualidade de vida de crianças
entre 7 e 10 anos de idade com
leucemia em tratamento
quimioterápico.
As crianças avaliadas apresentaram
bom desempenho motor e não se
observou relação significativa entre as
habilidades motoras e as
características clínicas.
SOUZA et al.
(2007)
Investigar o desenvolvimento
motor mediante o Teste ABC
do Movimento em 240 crianças
entre 7 e 8 anos de idade de
ambientes diferentes.
As crianças das zonas rural e urbana
demonstraram desempenhos
semelhantes, tanto no escore total do
teste quanto nos testes específicos das
habilidades manuais com bola e de
equilíbrio.
72
Tabela 9. Continuação de alguns estudos com a M-ABC no Brasil
AUTORES OBJETIVOS RESULTADOS
SILVA et al.
(2006)
Verificar a aplicabilidade da
lista de checagem do Teste
ABC do Movimento em duas
comunidades situadas no
estado de Minas Gerais, região
Sudeste do Brasil.
Apesar das limitações, a aplicabilidade
da lista de checagem do Teste ABC do
Movimento (Henderson; Sugden, 1992)
é viável.
SILVA et al.
(2006)
Observar a aplicabilidade da
lista de checagem respondida
por professores.
Apesar das dificuldades, os
professores reconhecem os
comportamentos descritos e a ação
conjunta do pesquisador com os
professores, constituindo-se na forma
mais adequada para o preenchimento
da lista de checagem.
OLIVEIRA (2003) Examinar a capacidade da
criança com DCD em explorar
a dinâmica do sistema
sensório-motor em função do
tempo.
As crianças com percentil abaixo ou
igual a 5, consideradas com DCD,
apresentaram dificuldades em explorar
a dimensionalidade da resposta do
sistema sensório-motor.
2.5.3. Teste de Desenvolvimento Motor Global - TGMD-2
O TGMD-2, Test of Gross Motor Development, proposto em 2000, é a
segunda versão do TGMD criado em 1985 pelo Dr. Dale A. Ulrich do Laboratório de
Cinesiologia da Universidade de Michigan. Tem por objetivo avaliar, por meio do
comportamento motor de crianças, o seu nível de desenvolvimento motor. Este teste
é adequado para crianças com idade entre 3 e 10 anos e consiste em uma avaliação
normativa das habilidades motoras globais consideradas comuns, referenciado por
norma e critério.
73
É um teste composto por múltiplas habilidades motoras fundamentais, o qual
avalia como as crianças coordenam o tronco e membros durante o desempenho de
uma habilidade motora, ou seja, analisa a presença ou ausência dos componentes
de diferentes habilidades ao invés de avaliar prioritariamente o produto final do
desempenho. O teste avalia 12 habilidades motoras fundamentais, das quais 6 são
de locomoção (correr, galopar, saltitar, dar uma passada, saltar horizontalmente e
correr lateralmente) e 6 são de controle de objetos (rebater, quicar, receber, chutar,
arremessar por cima do ombro e rolar uma bola).
O teste deve ser filmado e o diagnóstico é feito através de observação e
análise dos critérios de desempenho para todas as 12 competências. As habilidades
locomotoras e de controle de objetos possuem 24 critérios de desempenho cada
uma e, desta forma, cada criança avaliada possui duas pontuações em todos os
critérios de desempenho em cada uma das tentativas. Se apresentar o critério de
eficiência corretamente, a criança recebe uma pontuação "1" na coluna para esse
julgamento. Se não apresentar o desempenho critério corretamente, recebe uma
pontuação "0". Calcula-se então o critério de eficiência mediante a soma das duas
provas e coloca-se na coluna rotulada "escore". Em seguida, calcula-se a pontuação
pela soma dos escores das habilidades dentro de cada subteste e colocam-se essas
pontuações em "escore bruto".
A tabela 10 a seguir apresenta as tarefas do instrumento.
74
Tabela 10. Tarefas do TGMD-2
HABILIDADES TAREFAS MEDIDAS
Habilidades de Locomoção
Corrida Eficiência
Galope Eficiência
Salto com um pé Eficiência
Passada Eficiência
Salto horizontal Eficiência
Corrida lateral Eficiência
Habilidades de Controle de
Objetos
Rebater a bola Eficiência
Quicar a bola Eficiência
Receber a bola
Eficiência
Chutar a bola
Eficiência
Arremesso da bola por cima Eficiência
Arremesso da bola por baixo Eficiência
Os objetivos desta bateria de testes consistem em medir o controle locomotor
e de manipulação de objetos; identificar as crianças que estão significativamente
atrás dos seus pares com relação ao desenvolvimento das habilidades motoras
fundamentais; desenvolver programas educativos; e monitorar o progresso motor de
crianças. Este teste analisa a forma como a criança executa as tarefas.
Este teste divide-se em dois tipos de avaliação ou duas subescalas,
compostas por 12 itens, das quais seis são de habilidades de locomoção e seis de
controle de objetos. Em cada habilidade são observados de 3 a 5 critérios motores
específicos, os quais são fundamentados em padrões maduros de movimento
referenciados na literatura e por profissionais da área (validação por especialistas).
A representação dos domínios do TGMD-2 é apresentada na Figura 4.
75
Figura 4. Fluxograma do TGMD-2 (ULRICH, 2000)
O TGMD-2 permite uma avaliação separada de cada subteste (locomoção e
controle de objeto), no entanto, não permite a avaliação separada de cada
habilidade motora, dado que elas estão integradas no modelo estatístico que valida
o teste. Além disso, no subteste de controle de objeto, admite diferenciação por
sexo.
Neste estudo, o teste deve ser aplicado de acordo com as descrições
originais, com cada criança podendo realizar até três repetições de cada teste. A
pontuação atribuída é de um ponto, se a criança atingisse satisfatoriamente os
critérios de desempenho, e zero, se os critérios da habilidade não fossem
satisfatoriamente alcançados.
O tempo necessário para a realização completa do teste é de
aproximadamente 20 minutos para cada criança. Os testes são filmados para
análise posterior. Após a filmagem, é feita a análise de cada habilidade
desempenhada pela criança, sendo comparada com os critérios de desempenho
propostos pelo autor do teste. A análise das filmagens leva aproximadamente 30
minutos para cada criança.
Depois da análise das filmagens, os resultados são registrados em fichas
próprias, atendendo aos critérios de êxito e às respectivas pontuações. De acordo
76
TGMD-2
Motricidade Global (Habilidades Locomotoras)
Motricidade global (Habilidades de Controle de
Objetos)
com o protocolo do teste e, utilizando as tabelas fornecidas pelo autor, a soma dos
resultados obtidos para cada avaliação (testes locomotores e de controle dos
objetos), considerando a idade e o sexo de cada criança, é convertida em um escore
(resultado), cuja amplitude varia de 1 a 20. A soma desses escores (TGMD total) é,
por sua vez, convertida em percentil ou quociente (também com base nas tabelas
fornecidas pelo autor).
O TGMD-2 é respeitado, na literatura sobre medidas e procedimentos
avaliativos, como um instrumento valioso na identificação de atrasos no
desenvolvimento motor, configurando-se, portanto, em um instrumento de apoio à
ação pedagógica e à intervenção terapêutica (VALENTINI, 2000). A tabela 11
descreve alguns estudos brasileiros que utilizaram o TGMD-2.
Tabela 11. Alguns estudos com o TGMD-2 no Brasil
AUTORES OBJETIVOS RESULTADOS
BRAGA et al.
(2009)
Investigar a influência de um
programa de intervenção motora
no desempenho das habilidades
locomotoras de crianças com
idade ente 6 e 7 anos.
Os resultados demonstraram diferença
significativa nas médias de
desempenho dos grupos de
tratamento quando comparados ao
grupo-controle na fase de pós-teste.
BRAUNER;
VALENTINI
(2009)
Investigar o desempenho motor
de crianças entre 5 e 6 anos
praticantes de atividade física
sistemática, relacionando-a a
características biológicas, de
contexto familiar e de prática.
Os resultados em geral indicaram
desempenho motor abaixo do
esperado, desempenho superior nas
habilidades de locomoção quando
comparadas às habilidades de controle
de objetos, desempenho semelhante
entre os sexos nas habilidades de
locomoção e superior nos meninos
quanto ao controle de objetos.
77
Tabela 11. Alguns estudos com o TGMD-2 no Brasil
AUTORES OBJETIVOS RESULTADOS
VALENTINI et al.
(2008)
Traduzir e verificar a validade
dos critérios motores quanto à
clareza e pertinência por juízes;
a validade fatorial confirmatória;
e a consistência interna teste-
reteste da versão portuguesa do
TGMD-2. Participaram do
estudo 7 profissionais e 587
crianças de 27 escolas, com
idades entre 3 e 10 anos de
idade (51,1% meninos e 48,9%
meninas).
Os resultados indicaram que a versão
portuguesa do TGMD-2 contém
critérios motores claros e pertinentes;
apresentaram índices satisfatórios de
validade fatorial confirmatória (.2/gl =
3,38; Goodness-of-fit Index = 0,95;
Ajusted Goodness-of-fit index = 0,92 e
Tucker e Lewis´s Index of Fit = 0,83) e
consistência interna teste-reteste
(locomoção: r = 0,82; objeto: r = 0,88).
A versão em português do TGMD-2
mostrou-se válida e fidedigna na
amostra estudada.
MARRAMARCO
(2007)
Investigar o perfil de
crescimento, estado nutricional
e desempenho motor em
crianças de 5 a 10 anos na
cidade de Farroupilha/RS.
As crianças apresentaram
desempenho baixo nas habilidades
locomotoras e controle de objetos. Os
meninos tiveram melhor desempenho,
ainda que abaixo da média em
comparação às meninas, que
obtiveram desempenho pobre.
LOPES (2006) Identificar o desempenho das
habilidades motoras de 158
escolares com média de idade
de 7 anos.
Após análise dos resultados, os dados
demonstraram que 62% da amostra
apresentou desempenho abaixo da
média em relação às habilidades
locomotoras.
ROCESVALLES
(2006)
Indicar o nível de desempenho
das habilidades motoras
fundamentais em 24 escolares
com idade média de 6 anos.
O resultado encontrado foi abaixo do
percentil 50 nas habilidades de
locomoção e controle de objetos.
78
Tabela 11. Continuação de alguns estudos com o TGMD-2 no Brasil
AUTORES OBJETIVOS RESULTADOS
TAGLIARI;
AFONSO (2006)
Identificar as relações entre os
níveis de desempenho das
habilidades motoras
fundamentais e as habilidades
específicas do handebol, vôlei e
basquete em 152 escolares de
ambos os sexos entre 8 e 10
anos de idade.
Obtiveram os seguintes resultados:
29% dos alunos ficaram abaixo da
média e 41%, na média, em relação ao
desempenho esperado.
BONIFACCI
(2004)
Verificar correlação entre
habilidade motora em
habilidades fundamentais e
percepção visual.
Houve correlação significativa entre a
baixa habilidade motora nas
habilidades fundamentais e a baixa
percepção visual.
PAIM (2003) Verificar o desempenho motor
em escolares com 5 e 6 anos de
idade.
Obteve como resultado média superior
à esperada. As crianças de 6 anos
demonstraram média superior à
esperada com relação às crianças de
5 anos.
VALENTINI
(2002)
Identificar o desempenho das
habilidades motoras em 88
escolares com idades entre 5 e
10 anos de idade.
Os resultados demonstraram que não
houve diferença significativa na média
de desempenho entre meninos e
meninas.
Entre esses estudos, destacam-se as sugestões de Valentini e Rudissil
(2004), os quais referiram à necessidade de realizar investigação acerca dos
processos de aquisição e aprimoramento das habilidades motoras de locomoção em
relação aos resultados encontrados e futuros trabalhos com o TGMD-2.
2.6. Validação das Baterias Motoras
79
Na área de estudo do desenvolvimento motor, a produção de testes de
avaliação motora com o objetivo de avaliar o comportamento dos indivíduos nos
vários estágios de desenvolvimento tem demonstrado grande progresso. Segundo
Connolly (2000), estes testes têm servido de referência para estudos. Para situar o
que precede os testes de avaliação, faz-se necessário citar Gesell (1945), assim
como outros, que reconheceram que a atividade motora era um importante fator
organizador e motivador da mudança desenvolvimentista.
McGraw (1945) também descreveu vários marcos desenvolvimentistas da
infância, dentre eles o mais importante: o desenvolvimento da locomoção bipedal.
Após esse desenvolvimento teórico, tanto de Gesell quanto de McGraw, ambos
voltaram-se para um trabalho mais prático, elaborando uma série de testes e
escalas para caracterizar normas do desenvolvimento infantil.
Num certo sentido, esse trabalho esteve associado à psicometria de Alfred
Binet e, portanto, à aferição da inteligência. A hipótese maturacional levou-os à
descrição do comportamento durante a primeira infância e à identificação da
emergência ordenada do comportamento indicando estágios ou fases. Qualquer
alteração nesse padrão de mudanças era considerada, tendo como referência à
anormalidade ou sinal de patologia. Esses instrumentos tiveram uma grande
aplicação prática na Pediatria, ou no que hoje se chama de Medicina
Desenvolvimentista, e levaram à elaboração de vários testes, entre eles o Bayley
Scales, Denver Test, Oseretsky Test e, na Europa, o Motor ABC.
Por volta de 1960, houve uma mudança importante, onde a área passou de
uma preocupação voltada ao produto para uma orientação direcionada ao processo
de desenvolvimento. Conjeturou-se a possibilidade de se elaborar uma teoria
psicológica com as bases matemáticas dessa teoria. Entretanto, isso não se
80
realizou. O que se conseguiu foi uma forma inovadora de descrever o “desempenho”
humano. De qualquer modo, resultou em uma nova linguagem, uma linha de novos
conceitos que passaram a ser utilizados nos mais variados campos, em artigos e
documentos. Em seu conjunto, esses conceitos constituíram o que nós, hoje,
denominamos de abordagem de processamento de informações.
Essa nova abordagem passou a ser aplicada no estudo do comportamento de
crianças por volta dos anos 60. Esses estudos concluíram que, com a idade, toda
criança normal consegue realizar cada vez mais tarefas e com maior precisão. A
abordagem de processamento de informações para adequar insights” importantes
sobre como ocorrem essas mudanças, entretanto, essa abordagem não possibilitou
os meios ou mecanismos que atuam na geração de novas formas. A abordagem de
técnica de conhecimento permitiu investigar a melhora dos mecanismos ou formas já
existente.
O desenvolvimento motor é marcado por duas mudanças fundamentais: o
aumento de diversificação e o aumento de complexidade. Quando são realizadas
ações como pegar uma bola, existe um padrão geral de ação, bem definido e
consistente. Mas um anatomista ou químico apreciaria as partes ou elementos e
possivelmente concluiria que predomina a desordem, a indefinição e a variabilidade.
E se assim não fosse, as propriedades do padrão geral de ação não estariam e,
portanto, a ação não seria admissível.
Segundo Connoly (2000), é preciso pensar em melhorar os instrumentos de
medidas e as teorias para a aplicação no ensino e reabilitação. Contudo, observa-se
a necessidade de advertir quanto aos critérios de validade e confiabilidade dos
mesmos para que os resultados obtidos sejam confiáveis.
81
Vários autores definem a validação do instrumento como a equivalência a
todos os procedimentos utilizados para tornar este instrumento cientificamente
confiável. A ressalva desta literatura permite dizer que, para um instrumento ser
cientificamente confiável, é preciso que atenda aos critérios de clareza, validade e
fidedignidade (LUCAS, 2006; BARROS, 2002; MELLO, 2000; ALMEIDA FILHO et al.
apud MENEZES, 1998; PASQUALI, 1998; THOMAS; NELSON, 1996; SILVEIRA,
1993; VIANNA, 1992; LINDMAN, 1983; SAWREY; TELFORD, 1974).
2.6.1. Validação da Bateria de Testes da EDM
A Escala de Desenvolvimento Motor não apresenta validação de conteúdo ou
critério, apenas foi realizada a validação de construto em relação à variável
equilíbrio. No entanto, esta escala é utilizada tanto tempo que apresenta
aceitabilidade em relação ao uso.
2.6.2. Validação da Bateria de Testes da M-ABC
A lista de checagem da M-ABC foi criada pelos autores especificamente para
ser utilizada no processo escolar. Schoemaker et al. (2003) investigaram a eficiência
da lista de checagem da M-ABC e concluíram que o referido teste é recomendado
para mapear as crianças com dificuldades motoras na escola.
Sendo assim, muitos estudos têm checado este instrumento em relação a
outros, a fim de constatar a validade do mesmo. Por exemplo, Croce, Horvat e
82
McCarthy (2001) constataram a confiança do teste-reteste da M-ABC, assim como a
validade concorrente moderada entre a M-ABC e as duas formas (longa e curta) do
BOTMP. Os pesquisadores Tan, Parker e Larkin (2001) avaliaram a identificação e
validade concorrente do BOTMP-SF e MAND, sendo a M-ABC usada como teste de
critério para identificação de crianças australianas com limitações motoras. Neste
estudo, foi percebida a maior validade do MAND para a identificação das crianças
com limitações motoras na Austrália.
A proposta dos estudiosos Van Waelvelde et al. (2004) também foi investigar
a validade do instrumento M-ABC, sugerindo ajustes nos itens “pular nos quadrados”
e “caminhar para trás“ referentes à segunda faixa etária para melhor diferenciação
entre as crianças. A M-ABC também foi confrontada com o Korperkoordinations Test
fur Kinder KTK (SMITS-ENGELSMAN; HENDERSON; MICHELS, 1998) em
crianças com DCD na Holanda. Para essa população, as normas da M-ABC são
aceitáveis, no entanto, o KTK necessita de algumas adaptações, sendo o grau de
confiança entre os testes estatisticamente significativos.
Leemrijse et al. (1999) perceberam que a pontuação total da M-ABC avaliada
três vezes em crianças, sem nenhum programa de intervenção, foi aceitável para
acompanhar as mudanças individuais do desempenho motor. Crianças com TDAH
tiveram desempenho motor significativamente inferior do que crianças controle,
utilizando a M-ABC e o Purdue Pegboard Test, nos estudos de Pitcher, Piek e Hay
(2003) sendo essas dificuldades de movimento consistentes com a DCD. Martinez et
al. (2000) avaliou 42 crianças com a M-ABC e com uma bateria neuropsicológica,
classificando-as em três categorias: DCD (n=12), limítrofe para DCD (n=16) e normal
(n=14).
83
No Brasil, a partir da crescente preocupação com as crianças com transtornos
motores, têm surgido alguns estudos que utilizaram-se da bateria de teste do ABC
do Movimento (FERREIRA, 2004; SOUZA, 2004; OLIVEIRA, 2003). O estudo de
Silva et al. (2006) verificou a aplicabilidade da Lista de Checagem do Teste ABC do
Movimento em duas comunidades situadas no Estado de Minas Gerais, na região
Sudeste do Brasil.
2.6.3. Validação da Bateria de Testes do TGMD-2
O processo de validação como instrumento de medida do TGMD-2 foi em
consequência à reformulação de alguns elementos da sua primeira edição. Foram
sugeridas considerações realizadas por professores de Educação Física,
especialmente professores de Educação Física Adaptada e assim foram realizadas
adequações na bateria de testes com o objetivo de aprimorar, bem como elevar o
nível de fidedignidade (ULRICH, 2005).
No Brasil, o TGMD-2 foi traduzido e teve a validade dos critérios motores
testada quanto à clareza e pertinência por juízes. Também verificou-se a validade
fatorial confirmatória e a consistência interna teste e re-teste da versão portuguesa,
que foi obtida a partir do método de tradução cross-cultural. Os resultados indicaram
que a versão brasileira do TGMD-2 contém critérios motores claros e pertinentes;
apresentam índices satisfatórios de validade fatorial confirmatória (χ2/gl = 3,38;
Goodness-of-fit Index = 0,95; Ajusted Goodness-of-fit index = 0,92 e Tucker e Lewis
´s Index of Fit = 0,83) e consistência interna teste-reteste (locomoção: r = 0,82;
84
objeto: r = 0,88). A versão em português do TGMD-2 mostrou-se válida e fidedigna
na amostra estudada (VALENTINI et al., 2008).
A tabela 12 apresenta a descrição da validação das baterias estudadas.
Tabela 12. Descrição da validação das baterias EDM, M-ABC, TGMD-2
M-ABC TGMD-2 EDM
VALIDADE DE CONSTRUTO
Analisar a validade de
construção dos testes
motores em equilíbrio, com
a ordenação e os graus de
dificuldade das tarefas do
EDM, com 76 crianças
entre 6 e 9 anos de idade.
Aplicação dos testes em
ordem crescente e em
ordem decrescente. Os dois
grupos, GC e GI,
independente da idade, não
diferiram em relação à
ordem de aplicação dos
testes de equilíbrio. A
ordenação das tarefas de
equilíbrio apresenta
validade de construção
(SILVEIRA et al., 2006).
85
Tabela 12. Continuação da descrição da validação das baterias EDM, M-ABC,
TGMD-2
M-ABC TGMD-2 EDM
VALIDADE DE CONTEÚDO
Autores relatam que o
Teste Movimento ABC
possui as tarefas em cada
faixa etária devidamente
colocada em termos de
nível de dificuldade e que a
pontuação do teste
contribui para o processo
de avaliação geral
(BURTON & MILLER,
1998).
Duas amostras apresentam
validade de conteúdo no
TGMD-2. A validade dos
itens é reforçada pelos
resultados das análises do
estudo (ULRICH, 2000).
VALIDADE DE CRITÉRIO
Kavazi (2006) examinou a
relação entre o
desempenho motor fino em
certos itens contidos no
MABC-2 com uma amostra
de 31 participantes com
idades entre 3 e 6 anos. O
resultado prova a validade
da destreza manual.
Barnett, Henderson e
Sugden (2007), em
segunda avaliação,
demonstraram clareza na
validade do Teste do
Movimento ABC-2.
Participaram do estudo 7
profissionais e 587
crianças, com idades entre
3 e 10 anos (51,1%
meninos e 48,9% meninas).
Os resultados indicam que
a versão contém critérios
motores claros e
pertinentes (VALENTINI et
al., 2008).
86
2.7. Confiabilidade das Baterias Motoras
Ao lado da validade, a confiabilidade é assinalada como item fundamental
para avaliar a qualidade de qualquer instrumento de medida e ambas referem-se à
eficiência do instrumento de mensuração. Para muitos estudiosos, a confiabilidade
está no sentido do diâmetro agregado ao rigor e precisão do que se espera medir,
sendo que o nível de confiabilidade, ou fidedignidade de um instrumento, é essencial
para que seja válido. Por esse motivo, faz-se necessária a confirmação da
constância e confiabilidade do instrumento em questão (MEDEIROS, 1999; VIANNA,
1982; KERLINGER, 1979).
Geralmente, a confiabilidade é feita mediante aplicação do teste de
consistência interna (α de Cronbach), constatando a congruência de cada
componente com relação aos demais. O coeficiente alfa varia de 0 a 1, sendo que 0
indica a ausência total de consistência interna e 1, presença de 100% de
consistência (DANCEY; REIDY, 2004).
A estabilidade é confirmada mediante aplicação de teste e re-teste do
instrumento aplicado, permitindo o cálculo de correlação intraclasse entre as duas
aplicações. Não basta que os dois testes, aplicados ao mesmo grupo de indivíduos,
estejam relacionados, mas os seus resultados devem ser os mais aproximados
possíveis, sendo que um coeficiente de correlação abaixo de 0,75 é considerado
fraco. É importante ressaltar que raramente se obtém correlação com valor 1, pois é
difícil definir o intervalo ideal entre a aplicação do teste e sua reaplicação: se este for
muito pequeno, os resultados podem ser afetados pelo efeito memória, ou seja, o
participante pode se lembrar do que assinalou no teste anterior e simplesmente
reproduzir os resultados sem pensar; se o intervalo for muito grande, pode ocorrer
87
uma série de eventos na vida do sujeito que alterem significativamente suas
características psicológicas (COOLICAN, 2004; PASQUALI, 2003; MEDEIROS,
1999; VIANNA, 1982; KERLINGER, 1979).
O estudo de Amaro et al. (2009) demonstrou que a bateria de teste de
motricidade global encontra-se apropriada para a avaliação de crianças que
apresentam características semelhantes aos participantes deste estudo. No que se
refere ao equilíbrio, todos os resultados seguiram a mesma tendência da bateria de
testes de motricidade global, apresentando fortes indícios de fidedignidade, porém
não alcançou o nível de significância desejado quanto à consistência interna item-
escala.
A confiança de teste e re-teste da M-ABC foi considerada boa (HENDERSON;
SUGDEN, 1992). Croce, Horvat, Mccathy (2001) também observaram a confiança
do teste re-teste da M-ABC, ressaltando um coeficiente de correlação intraclasse
alto em todos os grupos de idades.
Na testagem da confiabilidade do TGMD-2, segundo seu autor, procurou-se
respeitar os critérios de confiabilidade interna e externa com os índices de
consistência interna (α) e externa (concorrente/comparada com outro instrumento,
intra-avaliadores e teste e re-teste) para as habilidades locomotoras com uma média
de 0,85 e nas habilidades de controle de objeto com uma média de 0,78 (ULRICH,
2000).
A tabela 13 a seguir apresenta a descrição da confiabilidade das baterias
motoras objetos do estudo atual.
88
Tabela 13. Descrição da confiabilidade das baterias motoras EDM, M-ABC, TGMD-2
CONFIABILIDADE M-ABC TGMD-2 EDM
INTERNA
(consistência interna
das escalas - α de
Cronbach).
Análise fatorial.
A confiança de teste
e re-teste do M-ABC
foi considerada boa
(HENDERSON;
SUGDEN, 1992). A
confiança do teste e
re-teste ressalta
coeficiente de
correlação intraclasse
alto em todos os
grupos etários
(CROCE; HORVAT;
MCCATHY, 2001).
Habilidades
locomotoras (0,79 e
0,85 = média 0,82).
As habilidades de
controle de objetos
(0,67 e 0,93 = média
0,78) (ULRICH,
2005).
O coeficiente α de
fidedignidade obtida
para as baterias de
motricidade global
= 0,816) e equilíbrio
= 0,636) indicaram
boa e fraca
consistência interna,
respectivamente
(AMARO et al.,
2009).
89
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Neste capítulo serão apresentados os procedimentos metodológicos adotados
na realização desta pesquisa. Foram delineados os itens: características e sujeitos
da pesquisa, coleta e análise dos dados.
3.1. CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA
O presente estudo caracterizou-se como qualiquantitativo, empírico,
comparativo, descritivo, correlacional, pois visou verificar a validação de construto e
consistência interna, além de comparar as baterias motoras: EDM, MABC-2 e
TGMD-2 através da análise do desenvolvimento motor dos participantes.
Optou-se pelo delineamento dentre participantes, ou seja, as mesmas
crianças foram avaliadas em todas as condições e os dados foram analisados
comparando a criança com ela mesma nas diferentes condições.
A caracterização qualiquantitativa ocorreu pelo uso conjunto da pesquisa
quantitativa, que objetivou mensurar construtos com obtenção de dados estatísticos,
90
com a pesquisa qualitativa, a qual procurou listar dificuldades da coleta de dados, de
maneira a complementarem-se (THOMAS; NELSON, 2002).
O procedimento comparativo foi realizado na checagem dos resultados entre
meninos e meninas enquanto o método descritivo foi empregado com a finalidade de
delinear características da população deste estudo a partir das descrições dos
dados (GIL, 1995).
O delineamento correlacional foi usado para verificar interrelação entre
variáveis, buscando entender como e porque certas variáveis estão relacionadas
(RUDIO, 1986).
3.2. UNIVERSO DO ESTUDO
O universo desta pesquisa foi formado por alunos dos sexos masculino e
feminino, devidamente matriculados no ensino fundamental da Rede Municipal de
Ensino da Grande Florianópolis/SC.
3.2.1. Sujeitos da Pesquisa
A população deste estudo foi composta por 1.162 escolares matriculados no
ensino fundamental de uma escola de educação básica do Município de São
José/SC, cidade integrante da região metropolitana de Florianópolis/SC. Essa
instituição de ensino atende estudantes com idades entre 6 e 18 anos, no período
91
matutino e vespertino, além de alunos no período noturno participantes do EJA, o
programa de Ensino de Jovens e Adultos.
3.2.2. População
Foram selecionados intencionalmente os escolares com idades entre 9 e 10
anos, cursando as e séries (4º e anos, respectivamente) do ensino
fundamental dos turnos matutino e vespertino. A escolha da população-alvo deste
estudo deu-se em função da idade avaliada ser o fim da segunda infância, o que
segundo Guedes e Guedes (1995) predispõem o aparecimento de modificações
corporais que atingem o estágio da maturidade.
3.2.3. Amostra
Participaram deste estudo 172 escolares com idades entre 9 e 10 anos,
sendo 67 meninos e 105 meninas. Trata-se de uma amostra representativa,
calculada conforme número de atividades de todas as baterias motoras, embora não
seja probabilística.
3.2.4. Critérios de Inclusão dos participantes
A participação no estudo careceu de alguns cuidados e controles, sendo
traçados os critérios de inclusão destacados a seguir:
92
- Idade entre 9 e 10 anos;
- Ambos os sexos;
- Alunos devidamente matriculados e frequentando a escola;
- Termo de consentimento assinado pelos responsáveis das crianças;
- Não apresentar deficiências físicas e/ou mentais.
3.3. COLETA DE DADOS
3.3.1. Procedimentos
Inicialmente, formulou-se o projeto de pesquisa, o qual foi apresentado ao
Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Cardiologia de Santa Catarina, sendo
aprovado sob o nº 025/2009 (Anexo A).
Após a aprovação, selecionou-se a escola e estabeleceu-se contato com a
direção e setor pedagógico, visando, mediante a apresentação da proposta de
pesquisa, a autorização para o levantamento de dados entre os alunos.
Todos os procedimentos da pesquisa atenderam às recomendações descritas
na literatura e o implicaram em qualquer risco ou prejuízo para os participantes.
Casos particulares em que foram detectadas necessidades específicas foram
comunicados à direção da escola e encaminhados aos responsáveis. Portanto, o
estudo cumpriu as “Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo
Seres Humanos” (196/96) editadas pela Comissão Nacional de Saúde.
93
Os responsáveis pelas crianças convidadas a participar da pesquisa foram
informados sobre o objetivo do atual estudo. Aqueles que concordaram, assinaram o
“Termo de Consentimento Livre e Esclarecido”, necessário para a inclusão do aluno
no presente estudo (Anexo B).
Posteriormente solicitou-se ao professor regente dos alunos que as
avaliações fossem realizadas durante o período das aulas de Educação Física.
Foi aplicada uma bateria motora por vez para não fadigar as crianças e, desta
forma, cada criança foi avaliada três vezes por três diferentes métodos. A primeira
bateria aplicada foi a EDM de Rosa Neto (2002), no período de 31 de agosto a 02 de
outubro. A segunda utilizada foi a MABC-2 de Henderson & Sugden (2007), no
período de 08 de outubro a 11 de novembro. Por fim, no período de 18 de novembro
a 04 de dezembro aplicou-se o TGMD-2 de Ulrich (2000).
As coletas foram realizadas três vezes por semana, nos períodos matutino e
vespertino. Foram feitas, em média, 10 avaliações por dia, totalizando 516
avaliações motoras em 172 crianças. Cada bateria foi aplicada por inteiro,
respeitando, criteriosamente, as normas estipuladas pelos autores.
A aplicação das baterias foi precedida pelo preenchimento das fichas
individuais de controle de cada uma, composta pelos dados dos participantes
(Anexo A, B, C). Esses dados foram obtidos mediante consulta à coordenação da
escola, que forneceu a ficha de matrícula contendo o nome da criança das turmas
31 a 37, correspondentes à 3ª série e 41 a 47, referentes à 4ª série.
As coletas de dados foram iniciadas somente após o recebimento dos termos
de consentimento e esclarecimento institucional assinado pelo diretor da escola,
assim como de consentimento e participação das crianças, assinados pelos
responsáveis. Os procedimentos de coleta foram realizados no espaço da própria
94
escola, sendo os dias e horários agendados com os alunos, professores e direção
da mesma.
Os testes motores EDM e MABC-2 foram realizados em uma sala de aula
ampla, arejada, clara, onde apenas o aluno e os avaliadores estavam presentes. O
TGMD-2 foi aplicado na quadra da escola, espaço físico plano e aberto, o que
possibilitou a filmagem do mesmo.
Para a otimização do processo de aplicação das baterias motoras, foram
utilizadas as seguintes orientações:
Antes dos testes, foram organizados todos os materiais necessários, assim
como foi feita a demarcação da área do teste;
Os dados referentes às informações gerais das fichas de avaliação de cada
criança foram preenchidos antecipadamente;
Além das duas tentativas que as crianças tiveram direito, cada criança teve
uma tentativa de prática. Caso a criança demonstrasse não ter entendido
corretamente, o avaliador fazia demonstração adicional, procedimento
adotado na aplicação das três baterias motoras;
Solicitou-se às crianças usarem roupas folgadas e tênis, sendo permitido
serem avaliadas descalças;
Houve tempo para que a criança descansasse entre a execução de uma
tarefa e outra, quando o pesquisador achou necessário;
Os horários para a realização dos testes não coincidiram com os horários do
recreio ou das aulas de Educação Física das demais turmas, evitando assim
possíveis distrações;
95
As crianças foram orientadas a sempre esperar o sinal adequado para
iniciarem os testes;
As crianças tiveram um tempo para hidratar-se antes, durante e após a
realização dos testes;
Todas as avaliações motoras foram realizadas com a participação da
pesquisadora responsável e três auxiliares, previamente capacitados, para
evitar alterações na forma de aplicação das baterias ou diferenças na
percepção quanto aos resultados;
Os materiais utilizados na realização dos testes foram os indicados nos
manuais de instrução das três baterias motoras;
Na aplicação do teste TGMD-2, cada criança foi identificada por um número
antes do início das filmagens, o que facilitou as análises das mesmas;
As tarefas do TGMD-2 a serem realizadas pelas crianças foram
demonstradas pelo avaliador de maneira precisa e no padrão correto,
conforme consta em seu manual.
Ao final da pesquisa, foram entregues ao coordenador do ensino fundamental
relatórios individuais dos alunos constando os resultados obtidos, os quais foram
repassados aos professores no último conselho de classe do ano letivo de 2009.
3.3.2. Equipe Técnica
Participaram das coletas os bolsistas Kriscia Germano Fávero, Luiza Sagaz
Magalhães e Marcio Asato sob a supervisão da pesquisadora responsável. Os
96
bolsistas são alunos colaboradores de iniciação à pesquisa do Laboratório de
Gênero, Sexualidade e Corporeidade - LAGESC, graduandos de Educação Física
do CEFID/UDESC. Os mesmos receberam capacitação específica em cada uma das
baterias motoras adotadas no atual estudo ao longo do ano de 2009, pela própria
pesquisadora e por assessoria externa da mestre em Ciências do Movimento
Humano Samantha Sabbag, dos mestrandos Luciano Portes, Talita Miranda, Carla
Simon Bernardi e da bolsista de iniciação à pesquisa Annelise do Vale Pereira de
Oliveira.
3.4. ANÁLISE DOS DADOS
Os dados da pesquisa foram tabulados e analisados no programa
computadorizado Statistical Package for the Social Science (SPSS for Windows)
versão 17.0.
Dentre as três baterias motoras, a MABC-2 é a única que possui uma escala
numérica não concorrente com as demais, isto é, o número mais baixo indica melhor
desempenho no teste enquanto o resultado mais elevado, desempenho ruim.
Devido a cada bateria motora usar uma escala própria, optou-se por
transformar os escores finais brutos, que são utilizados para diagnosticar a
motricidade dos participantes, em escores Z, objetivando comparar apenas os
resultados gerais das três baterias motoras. Esse processo foi realizado por meio da
subtração do escore bruto e a média do resultado geral de cada bateria motora e,
então, pela divisão dessas diferenças pelo desvio padrão, sendo, portanto, feita uma
97
projeção percentual dos valores das respostas dos escores brutos finais de cada
bateria motora para possibilitar a comparação entre esses resultados.
Para o tratamento dos dados foram utilizadas estatísticas descritivas e
inferenciais paramétricas de acordo com os objetivos específicos. Cada teste foi
específico para cada tipo de variável: categórica ou numérica. O intervalo de
confiança adotado foi de 95% e os valores de p menores que 0,05 foram
considerados significativos.
Conforme o objetivo específico a ser atingido, adotou-se uma análise
característica.
Para se atingir o objetivo específico Verificar a validação de construto
mediante análise fatorial, adotou-se a seguinte estratégia: inicialmente, para
mensurar a adequação da amostra e verificar a possibilidade de realizar o teste
estatístico, realizou-se análise fatorial através do teste de Barlett entre as
habilidades de cada bateria motora.
Posteriormente, foi feita outra análise das cargas fatoriais juntando todos os
itens de todas as baterias, através da rotação ortogonal Varimax. O objetivo da
análise de fatores é expressar a distribuição das variáveis em termos de um número
mínimo de fatores. A análise de fatores lida com padrões de correlação e a forma
usual de executá-la é constituir uma amostra de pessoas, na qual cada uma é
submetida a uma bateria de testes. Por sua vez, é calculada a matriz dos
coeficientes de correlação para observar se cada habilidade está relacionada entre
si. Os grupos de variáveis altamente correlacionadas entre si formam fatores e pôde-
se, a partir disso, avaliar se os fatores correspondem ao objetivo de cada habilidade
das baterias motoras em análise.
Para a obtenção do objetivo específico Testar a consistência interna mediante
98
determinação do α de Cronbach, adotou-se a seguinte estratégia: fez-se a análise
de Cronbach de Cronbach) para verificar o nível de inter-relação dentre os itens
de cada bateria motora, ou seja, medir a consistência interna de cada instrumento
observando a coerência interna entre os itens do mesmo teste. Quanto maior o valor
de α, maior a consistência do instrumento, apesar do α não avaliar a
dimensionalidade dos itens constituintes de cada bateria.
Para checar o nível de concorrência entre as baterias motoras, realizou-se o
teste de correlação de Pearson entre os escores finais brutos dos instrumentos com
o objetivo de identificar uma possível correlação entre as mesmas.
Almejando o objetivo específico Analisar o desenvolvimento motor de
crianças de 9 e 10 anos de idade por meio da aplicação das baterias motoras EDM,
MABC-2 e TGMD-2, utilizou-se média, desvio padrão, frequência e porcentagem. O
teste T independente foi usado para verificar diferenças entre os sexos.
Por fim, buscando alcançar o objetivo Observar as dificuldades encontradas
na aplicação das três baterias motoras, realizou-se descrição de toda a coleta dos
dados através de relatórios semanais, contendo as principais dificuldades e variáveis
intervenientes que apareceram no trabalho de campo, bem como as sugestões
baseadas na experiência da coleta e em relação à reação das crianças.
99
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados e a discussão serão apresentados de acordo com os objetivos
propostos pelo estudo atual. Desta forma, primeiramente, será caracterizada a
população deste estudo, com a qual foi possível a obtenção de todos os objetivos
almejados por esta pesquisa. Posteriormente, serão apresentados os dados
referentes à validação de construto dos instrumentos analisados e à testagem da
consistência interna mediante determinação do α de Cronbach.
Em seguida, será mostrada a análise descritiva onde realizou-se a
comparação dos âmbitos e itens presentes nas três baterias motoras. Logo após, foi
feita análise do desenvolvimento motor de crianças entre 9 e 10 anos de idade
conforme as três baterias motoras. E, por fim, apresenta-se a listagem das
dificuldades encontradas durante a aplicação das baterias motoras.
4.1. CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES DO ESTUDO
Participaram deste estudo 172 escolares com idades entre 9 e 10 anos, dos
quais 67 eram meninos e 105, meninas. Os alunos cursavam a 3ª e 4ª séries (4º e 5º
anos respectivamente) do ensino fundamental dos turnos matutino e vespertino.
100
Algumas informações referentes à população deste estudo encontram-se na tabela
14.
Tabela 14. Caracterização dos participantes da pesquisa conforme sexo.
Meninos
(n=67; 39%)
Meninas
(n=105; 61%)
Peso
Média 34,5 (±8,8) 34,9 (±8,4)
Mínimo 21,3 22,7
Máximo 64,3 70,6
Teste t independente t = -,328 (p=.743)
Altura
Média 1,38 (±.06) 1,39 (±.07)
Mínimo 1,27 1,19
Máximo 1,58 1,67
Teste t independente t = -,429 (p =.668)
IMC*
Média 17,77 (±3,2) 17,91 (±3,0)
Mínimo 13,2 14,1
Máximo 29,0 29,9
Teste t independente t = -,282 (p = .778)
± = desvio padrão
p = Significância – considerados valores abaixo de 0,05
* Índice de Massa Corporal
homogeneidade entre os participantes desta pesquisa em termos de
idade, peso, altura e IMC, embora haja mais meninas do que meninos envolvidos.
Desta forma, qualquer diferença obtida nos resultados entre os sexos não tem
relação com possíveis diferenças entre os participantes.
4.2. VALIDAÇÃO DE CONSTRUTO
Para testar a dimensionalidade dos testes motores, utilizou-se a análise
fatorial exploratória dos dados. Mediante extração dos componentes principais, a
partir dos critérios utilizados em cada bateria, foi possível definir as categorias das
101
três baterias motoras. Como critério de retenção dos fatores, utilizou-se como base
os eigenvalues maiores que um (1,0), bem como foram analisados os screeplots a
fim de inspecionar a estrutura fatorial encontrada. Foi realizada análise fatorial
exploratória para cada um dos instrumentos avaliados.
Analisaram-se primeiramente os valores do teste de KMO para mensurar
adequação da amostra e o teste de esfericidade de Barlett para verificar se a matriz
trata-se de uma matriz de identidade.
Na EDM, observou-se que os dados são apropriados para análise fatorial
(KMO=0,651) e que a matriz não é de identidade (KMO=.636 / Barlett=52,68;
p<0.001). A MABC apresentou valores aceitáveis para a análise fatorial (KMO=.580 /
Barlett=77,29; p<0.001). O TGMD2 apresentou boa adequação para análise fatorial
(KMO=.779 / Bartett=314,02; p<0.001).
A análise de fatores procura padrões de correlações e agrupa as variáveis
que mais explicam as variações nos valores. Os resultados da análise fatorial dos
instrumentos indicaram a presença de diferentes fatores com eigenvalues iniciais
acima de 1,0 (tabela 15). Os fatores das três baterias motoras se agruparam de
forma atípica: a EDM, que propõe avaliar seis dimensões, seus itens carregaram em
apenas dois fatores; a MABC, que propõe analisar três dimensões, seus itens
carregaram em três fatores; e a TGMD2, que propõe mensurar duas dimensões,
seus itens carregaram em dois fatores. A tabela 15 a seguir demonstra como os
itens de cada bateria agruparam-se.
102
Tabela 15. Extração de fatores mediante análise dos componentes principais
Baterias
Eigenvalues
Fatores Total % de variância
Total da variância
explicada
EDM
1
1,88
31,30
2 1,14 19,03
50,33%
MABC-2
1 1,78 22,20
2 1,26 15,73
3 1,07 13,32
51,25%
TGMD-2
1
1,12
33,97
2 1,36 21,36
55,33%
Para análise das cargas fatoriais, utilizou-se a rotação ortogonal Varimax,
uma vez que cada bateria propõe uma estrutura de dimensões independentes. Na
sequência, apresentam-se as estruturas fatoriais encontradas nas baterias.
Na tabela 16, pode-se observar a estrutura fatorial encontrada para a bateria
EDM.
Tabela 16. Estrutura fatorial da EDM
TAREFAS EQUILÍBRIO GLOBAL ORIENTAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL
Motricidade Global .795 -
Organização Espacial - .792
Organização Temporal - .757
Equilíbrio .734 -
Esquema corporal .460 .323
Motricidade Fina .411 .397
Método de extração dos principais componentes de análise.
Método de rotação: Varimax com normalização Kaiser.
Encontraram-se, através do método de rotação, apenas dois fatores na EDM.
Eles se dividiram entre motricidade global e equilíbrio, que denominou-se, para
melhor análise, “equilíbrio global”. O outro fator se dividiu entre organização
temporal e espacial e denominou-se o mesmo como “orientação espaço-temporal”.
Não houve correlação entre as tarefas de “esquema corporal” e “motricidade fina”.
103
De acordo com Fonseca (1995), a coordenação global exige a interação entre
a tonicidade e o equilíbrio, além da coordenação da lateralidade, da noção do corpo
e da estruturação espaço-temporal enquanto o equilíbrio abrange o controle postural
e o desenvolvimento das aquisições de locomoção. Nesse sentido, percebe-se a
coesão na estrutura fatorial encontrada.
Na opinião de Meur e Staes (1991), a estruturação espacial é a tomada de
consciência da situação de seu próprio corpo em um meio ambiente e a estruturação
temporal é a capacidade de situar-se em função da sucessão dos acontecimentos,
da duração dos intervalos, da renovação cíclica de certos períodos e do caráter
irreversível do tempo. Por esse motivo, analisa-se esta nova estrutura fatorial
encontrada como a percepção das sequências temporais pautadas com o
relacionamento com o próprio corpo.
Na tabela 17, pode-se observar a estrutura fatorial encontrada na análise da
bateria MABC-2.
Através da estrutura fatorial encontrada para a bateria MABC-2, podemos
observar que a habilidade de destreza manual (trilha da bicicleta) e habilidade com
bola (arremessar o saco de feijão no alvo) agruparam-se apenas no fator 1. Esse
fato pode dar-se em função das duas habilidades trabalharem manipulação de
objeto.
104
Tabela 17. Estrutura fatorial da MABC-2
TAREFAS
Habilidade de
pegar objetos
Coordenação
motora fina
Coordenação motora
global
Saltar nos quadrados - - .908
Colocar o cordão na tábua
furada
- .763 -
Colocando pinos de linhas - .670 -
Equilíbrio sobre a tábua .649 .401 -
Pegar a bola com as 2
mãos
.556 - .303
Andar para frente .597 - .325
Trilha da bicicleta .534 - -
Arremessar saco de feijão
no alvo .528 - -
Método de extração dos principais componentes de análise.
Método de rotação: Varimax com normalização Kaiser.
No segundo, duas habilidades de destreza manual se agruparam num mesmo
fator (colocar o cordão na tábua furada e colocar pinos de linhas). Esse fator
denominou, segundo a análise fatorial, “coordenação motora fina”, pois ambas as
tarefas utilizam a mão com manipulação de objetos.
Observou-se, ainda, que não houve variação na habilidade de equilíbrio
dinâmico (saltar com um dentro dos quadrados). Considerando que a MABC-
2 é um teste motor voltado para dificuldades motoras, os resultados do teste nas
crianças pesquisadas apresentaram, através da análise fatorial, diferença nos
resultados relacionados ao agrupamento dos itens em comparação com o teste
original.
Na tabela 18, pode-se observar a estrutura fatorial obtida com a análise da
bateria TGMD-2.
105
Tabela 18. Estrutura fatorial da TGMD-2
TAREFAS
Controle de
Objetos
Locomoção
Controle de objetos: pegada .768 -
Controle de objetos: chute .755 -
Controle de objetos: arremessos .638 -
Controle de objetos: rebater .637 -
Controle de objetos: rolar .618 -
Controle de objetos: quicar a bola .582 .349
Locomoção: corrida - .630
Locomoção: saltar com um só pé - .604
Locomoção: galope - .561
Locomoção: salto horizontal - .469
Locomoção: corrida lateral - .414
Locomoção: passada - -
Método de extração dos principais componentes de análise.
Método de rotação: Varimax com normalização Kaiser.
Nota-se que no subteste “locomoção: passada”, não houve variação na
análise fatorial do TGMD-2. Considerando que o TGMD-2 é um teste motor validado
apenas para crianças gaúchas no Brasil e, tendo em vista a grande diversidade
cultural e biológica inclusive entre as diversas regiões brasileiras, os resultados do
teste nas crianças pesquisadas não apresentaram, através da análise fatorial,
diferença nos resultados.
No entanto, enquanto o autor afirma que os âmbitos avaliados são
habilidades de locomoção e habilidades de controle de objetos, onde habilidades de
locomoção contêm corrida, rolar, saltar com um só, galope, salto horizontal,
corrida lateral e habilidades de controle de objetos contêm pegadas, chute,
arremesso, rebater, rolar e quicar a bola. Segundo a análise fatorial, o instrumento
avalia dois fatores onde o primeiro agrupa corrida, saltar com um só, galope,
salto horizontal, corrida lateral e as habilidades de controle de objetos contêm
pegada, chute, arremessos, rebater e rolar que expressa tal âmbito motor.
Visto que o TGMD-2 é um teste motor global e a motricidade global se
expressa na capacidade da criança, seus gestos, atitudes, deslocamentos e ritmo, a
106
análise fatorial verificou adequação dos resultados. Não houve correlação na tarefa
de “controle de objeto: quicar a bola”.
A tabela 19 apresenta as três baterias conforme sua dimensionalidade.
A EDM, segundo Rosa Neto (2002), possui seis dimensões. Através da
análise fatorial, em nosso estudo, a mesma carregou seus fatores em apenas duas
dimensões. Na primeira dimensão, com 25,93% de variância, encontram-se as
variáveis: “motricidade fina”, “esquema corporal” e “organização temporal”. Na
segunda dimensão, com 24,40% de variabilidade da análise fatorial, agruparam-se
as variáveis “motricidade global”, “equilíbrio” e “organização temporal”.
A MABC-2, segundo Henderson e Sugden (2007), possui três dimensões.
Através da análise fatorial, no atual estudo, a avaliação também se dividiu em três
dimensões. Esses fatores agrupados são responsáveis por 51,24% de variância. Na
primeira dimensão, com 20,67% da variabilidade da análise fatorial, deparou-se com
a terceira tarefa de destreza manual, “trilha do elefante”, que se caracteriza por um
movimento que ocorre no plano horizontal. Na segunda dimensão, com 16,44% de
variância, encontra-se também uma tarefa manual, “inverter os pinos”, que acontece
no plano vertical e horizontal. Na terceira dimensão, com 14,13% de variabilidade da
análise fatorial, localiza-se a terceira tarefa de equilíbrio dinâmico, “saltar com um pé
nos quadrados”.
107
Tabela 19. Dimensionalidade das três baterias motoras
EDM
(seis dimensões)
MABC-2
(três dimensões)
TGMD-2
(duas dimensões)
DIMENSÕES Motricidade fina Destreza manual (3
tarefas)
Locomoção (6
tarefas)
Motricidade global Habilidade de pegar
(2 tarefas)
Controle de objetos
(6 tarefas)
Equilíbrio Equilíbrio dinâmico
(3 tarefas)
Esquema
corporal/rapidez
Organização
espacial
Organização
temporal
FATORES 2 DIMENSÕES 3 DIMENSÕES 2 DIMENSÕES
Fator 1-
Motricidade global e
equilíbrio
Fator 2-
Organização
espacial e temporal
Fator 1-
Destreza manual
3:Trilha do elefante e
Habilidade de pegar:
Arremessar o saco
de feijão.
Fator 2- Destreza
manual 1: Colocar os
pinos e Destreza
manual 2: Passar o
cordão na tábua
Fator 3- Equilíbrio
Dinâmico 3: saltar.
Fator 1-
Subteste de controle
de objetos: rebater,
pegada, chute, rolar,
arremessos.
Fator 2-
Subteste de
locomoção: corrida,
galope, saltar com
um pé, salto
horizontal e corrida
lateral.
MULTIPLICIDADE
DO
CARREGAMENTO
Esquema
corporal/rapidez e
Motricidade fina
carregaram no fator
1 e 2.
Equilíbrio na tábua+
caminhar sobre a
linha + receber a
bola com as 2 mãos
carregaram nos
fatores 1,2,3.
Subteste de controle
de objetos: Quicar a
bola carregou nos
fatores 1,2.
NÃO CARREGOU Subteste de
locomoção: passada
não carregou em
nenhum fator.
O TGMD-2, segundo Dale Ulrich (2000), possui duas dimensões. O presente
estudo encontrou, através da análise fatorial, duas dimensões. Essas dimensões
são responsáveis por 55,82% de variância. Nas dimensões, encontram-se diversas
108
habilidades que se relacionam com habilidades de controle de objetos e locomoção.
Tal confluência entre habilidades de controle de objetos e de locomoção corrobora
com os estudos de Morrow et al. (2002), que mostraram que distintas atividades
motoras, como tacada no golfe, arremesso, abdominais, entre outras, estão
correlacionadas, variando entre 0,54 e 0,96, ou seja, apresentam correlação entre
moderada e forte.
Das três baterias motoras avaliadas, nenhuma das análises fatoriais
comprova validade de construto considerando a população do estudo atual, apesar
de que a bateria que apresentou melhores resultados foi o TGMD-2, pois possuía 2
dimensões e carregou em duas dimensões. Nas outras, os resultados não são
coerentes de acordo com a análise fatorial.
Através da análise fatorial, verificou-se que o TGMD-2 concentrou proporção
significativamente maior da variância das variáveis de entrada em apenas dois
fatores. Esses dois fatores são responsáveis por 50,33% de variância. Sendo assim,
confirma-se um construto mais conciso para o TGMD-2 com base na estrutura da
análise fatorial, que as atividades agruparam-se em torno de apenas duas
dimensões do desempenho motor.
Observa-se na literatura, com relação a estudos de validação de testes
motores, que os valores para associação e concordância não se distanciam dos
valores apresentados.
O resultado das análises fatoriais das três baterias motoras, de forma geral,
não é compatível com as dimensões inicialmente propostas por seus autores.
109
4.3. CONSISTÊNCIA INTERNA
Tabela 20. Consistência interna das baterias motoras conforme os autores
EDM MABC-2 TGMD-2
-
3 habilidades manuais
α=.128
6 habilidades de locomoção
α=.435
-
2 habilidades com bola
α=.290
6 habilidades de controle de
objetos
α=.753
-
3 habilidades de equilíbrio
dinâmico
α=.361
-
- Total α =.432 Total α =.723
Em termos de confiabilidade (consistência interna), a MABC-2 é a bateria que
apresenta o α de Cronbach mais baixo = .432) para os 8 itens das suas
habilidades motoras enquanto o TGMD-2 é a bateria mais correlacionada = .723)
nos 12 itens de habilidades motoras, estando a EDM em uma posição intermediária
(α = .556) nos 6 itens das suas habilidades motoras.
A tabela 20 apresenta os resultados da consistência interna das três baterias
motoras e de cada item correlacionado.
110
Tabela 21. Consistência interna das três baterias motoras.
Testes Motores
Itens dos Testes Motores Alpha de Cronbach
EDM (.556) Motricidade global e
Equilíbrio
.479
Organização espacial e
Organização temporal
.478
MABC-2 (.432) Destreza manual (trilha do
elefante) e Habilidade com
bola (arremessar o saco de
feijão no alvo)
.146
Destreza manual (colocando
pinos e colocando cordas na
tábua de furos)
.335
TGMD-2 (.723) Controle de objetos
(rebater, pegada, chute,
arremessos, rolar)
.717
Locomoção (corrida, galope,
saltar, salto horizontal,
corrida lateral)
.445
Através da estatística, observa-se a coerência interna entre os diferentes itens
no mesmo teste e avalia se propõem a medir o mesmo construto produzindo
resultados semelhantes. A consistência interna, geralmente medida com o alfa de
Cronbach, uma estatística calculada a partir das correlações entre pares, varia entre
zero e um. Uma regra aceite é a de que um α de 0,6 a 0,7 indica confiabilidade
aceitável e 0,8 ou superior, confiabilidade boa. Confiabilidade alta (0,95 ou superior)
não é necessariamente desejável, por indicar que os itens podem ser totalmente
redundantes. Sendo assim, o TGMD-2 mostra-se intercorrelacionado, ou seja, se
descreve como um instrumento consistente.
As categorias de instrumentos motores e seus derivados precisam ser
suficientemente consistentes para que estes sejam considerados fidedignos. A
análise do α de Cronbach adotada no presente estudo é comumente utilizada por
111
pesquisadores da Psicologia, inclusive em recentes estudos como, por exemplo, os
de Barroso (2008), Guerra e Gouveia (2007), Nunes e Hutz (2007), Veiga e Silva
(2007) e Fioravanti et al. (2006).
A partir desses dados, verificou-se na literatura a existência de pesquisas com
o objetivo de verificar a confiabilidade relacionada a baterias motoras. No Brasil,
verificou-se a presença de apenas dois estudos relacionados a baterias motoras,
mas nenhum contendo a análise de três baterias e apenas um estudo com o teste
estatístico α de Cronbach para verificar a congruência de cada item com relação aos
demais.
Amaro et al. (2009) realizaram estudo com o objetivo de verificar a
consistência interna dos domínios motricidade global e equilíbrio da Escala de
Desenvolvimento Motor - EDM para crianças brasileiras em idade escolar. Foram
avaliadas 101 crianças de 6 a 10 anos de idade e foram utilizados os testes
estatísticos α de Cronbach e correlação de Pearson para verificar a consistência
interna inter-item e item-escala. Encontraram boa e fraca consistência interna item-
escala respectivamente para a motricidade global = 0,816) e o equilíbrio =
0,816), como também alta correlação para motricidade global e correlação
moderada para equilíbrio. Quanto à consistência inter-item, encontrou-se boa
consistência interna para ambas as baterias.
Valentini et al. (2008) tiveram como um dos objetivos verificarem a
consistência interna teste-reteste da versão brasileira do TGMD-2 e seus resultados
demonstraram que o instrumento mostrou-se consistente nas correlações critério
motor-subteste e que as correlações são satisfatórias para o uso em crianças
gaúchas. No entanto, não foi utilizado o teste estatístico α de Cronbach. Sendo
112
assim, nosso estudo, apesar de ser com uma amostra de outro estado brasileiro,
aperfeiçoou os resultados da consistência interna do TGMD-2.
4.4. COMPARAÇÃO E CORRELAÇÃO DAS BATERIAS MOTORAS
Para analisar a diferença entre os escores brutos finais normalizados das três
baterias motoras, foram realizadas análises de variância de medidas repetidas.
Assim, pôde-se obter o nível de diferença média dos participantes entre as três
medidas (EDM Χ= -.139 DP= .99; MABC-2 Χ= .077, DP = .99; TGMD-2 Χ= -.098,
DP= 1.0; Mauchly's test= 0.972, p= 0.93). Como se pode verificar, não há, em
média, diferenças significativas entre as três medidas.
Para mensurar o nível de correlação entre as três baterias motoras, utilizou-se
o cálculo do nível de correlação de Pearson entre as mesmas. Na correlação entre
os resultados gerais das três baterias motoras, percebeu-se que a MABC-2
estabeleceu correlação significativa com a EDM e com o TGMD-2. Os valores estão
expressos na figura 2.
Na tabela de correlação entre todas as tarefas motoras das três baterias,
existe uma correlação positiva de .29 entre o MABC-2 e a EDM como se
esperava, por possuírem estruturas similares. Encontrou-se uma correlação negativa
de -.194 entre a variável MABC-2 e a variável TGMD-2.
113
Figura 5. Nível de correlação entre os escores brutos finais das três baterias motoras
.295** - .194*
(≤.01) (≤.01)
.029
(,706)
Observações: ** Correlação significativa < 0,01
* Correlação significativa < 0,05
Sig. (2-tailed) ≤.005
Procuraram-se estudos com correlação entre baterias motoras e foi
encontrado o estudo de Sorcinelli (2000), que tinha por objetivo buscar evidências
de validade de construto entre três testes motores de habilidade manual Purdue
Pegboard, Finger Tapping e Tempo de Reação Simples. Através da análise de
correlação, encontraram significância estatística em praticamente todas as testagens
e pode-se afirmar, a partir desta concorrência, que os testes cumpriam
satisfatoriamente seus objetivos.
4.5. ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO MOTOR SEGUNDO APLICAÇÃO DAS
BATERIAS MOTORAS EDM, MABC-2 e TGMD-2.
4.5.1. Perfil do desenvolvimento motor dos participantes segundo a EDM
114
EDM MABC-2 TGMD-2
As médias relacionadas à avaliação motora foram satisfatórias na maioria das
variáveis de acordo com o teste. Apesar desses resultados serem controlados pela
idade biológica dos alunos, o teste utilizado foi criado para avaliar crianças de 2 a 11
anos, ou seja, mesmo com a idade variando de 9 a 10 anos, o máximo de escore
possível no teste seria o valor referente à idade de 11. Detalhes dos resultados
obtidos pelos participantes nas diferentes variáveis avaliadas pela Escala de
Desenvolvimento Motor encontram-se na tabela 22.
Tabelas 22. Resultados segundo análise da EDM
EDM* Média DP Mínimo Máximo
Motricidade fina 112,31 17,49 66 132
Motricidade global 112,85 15,63 66 132
Equilíbrio 106,85 19,52 60 132
Esquema corporal/rapidez 112,40 17,16 60 132
Organização espacial 91,60 18,98 60 132
Organização temporal 117,28 16,92 60 132
Idade motora geral 109,09 9,83 78 128
Idade cronológica 117,99 6,85 108 131
Quociente motor geral 92,74 8,97 68 116
*Os resultados da Escala de Desenvolvimento Motor podem variar de 2 a 11.
DP = desvio padrão
A idade motora geral das crianças ficou abaixo da idade cronológica,
mostrando déficit no desenvolvimento motor geral.
A variável “organização temporal” demonstrou melhor resultado. São testes
no qual possibilitam perceber problemas da permanência e da sucessão de
acontecimentos, duração e intervalos de tempo.
115
A variável que obteve a média mais baixa foi a “organização espacial”.
Provavelmente este resultado se deve ao fato deste teste, além da noção espacial,
exigir dos avaliados noção de lateralidade (“direita” e “esquerda”). Ficou evidente,
durante a avaliação, a dificuldade dos alunos em relação à distinção entre as noções
de direita e esquerda, pois uma grande parte não conseguiu identificar o braço
direito ou o esquerdo. Esse resultado corrobora com Sabbag (2008), que utilizou nos
seus estudos a Escala de Desenvolvimento Motor de Rosa Neto (2002) e relatou
dificuldades na organização temporal e lateralidade de crianças entre 10 e 15 anos.
Em estudo realizado por Mastroianni et al. (2006) em Presidente
Prudente/SP, foram encontrados resultados bem distintos ao do estudo atual, onde
as variáveis nas quais os alunos obtiveram resultados mais baixos foram a de
“esquema corporal” e “rapidez” enquanto os melhores resultados obtidos foram na
“estruturação espaço-temporal” e “coordenação dinâmica geral”. Os testes utilizados
foram diferentes, o que pode explicar a diferença obtida nos resultados, pois, ao
contrário do presente estudo, o teste adotado pelos autores supramencionados é
realizado por meio de desenhos e rotações das estruturas espaciais, não
requerendo desta forma noções de “direita” e “esquerda”.
não como explica a diferença no teste de esquema corporal e rapidez,
uma vez que foram utilizados exercícios semelhantes. As únicas variáveis que
apresentaram semelhanças entre os resultados atuais e os de Mastroianni et al.
(2006) foram nos aspectos “motricidade global” e “coordenação dinâmica geral”. Nas
duas pesquisas, essas variáveis obtiveram resultados satisfatórios.
Foram encontrados poucos estudos utilizando a bateria de avaliação motora
EDM com a população típica brasileira, a grande maioria dos estudos avalia
populações específicas: pré-escolares (Caetano; Silveira; Gobbi, 2005; Crippa et al.,
116
2003; Pereira, 2002; Rodrigues, 2000); crianças com dificuldades de aprendizagem
(Medina; Rosa; Marques, 2006; Poeta, 2005; Rosa Neto et al., 2004; Silveira, 2004;
Rosa Neto et al., 2000); crianças com altas habilidades (Rosa Neto, 2005); crianças
cardiopatas (Silva, 2006); crianças asmáticas (Domingues, 2002); crianças obesas
(Carrilho, 2002); e crianças com deficiência mental (Mansur; Marcon, 2006; Almeida;
2004).
Em um estudo realizado por Rosa Neto em 1997 com escolares entre 3 e 10
anos de idade de colégios públicos na cidade de Zaragoza, na Espanha, utilizando a
EDM, os resultados apontaram médias maiores que a idade cronológica (79,2) para
todas as variáveis, exceto equilíbrio, que ficou com média bem abaixo da idade
cronológica (67,9) e a média mais alta encontrada foi na habilidade de organização
espacial (90,1), resultado que contrapõe os obtidos pelo presente estudo, no qual
esta foi a média mais baixa encontrada.
Contudo, no estudo realizado por Batistella (2001) com crianças de a
séries do Ensino Fundamental na cidade de Cruz Alta/RS, a média de idade
cronológica das crianças era de 100,9 e os piores resultados foram em organização
temporal (74,8) e organização espacial (85,8). Os outros resultados ficaram mais
próximos à média de idade, sendo que a variável que obteve média mais elevada foi
a motricidade global (103,8). O autor sugere a possibilidade dos baixos escores na
organização espacial possam ser decorrentes de uma deficiência na educação
brasileira.
Com relação ao desempenho dos participantes em relação ao sexo,
encontraram-se algumas diferenças detalhes na tabela 23.
117
Tabela 23. Resultados obtidos com a aplicação da Escala de Desenvolvimento
Motor conforme o sexo dos participantes
EDM*
Meninos
Meninas
T
P
Média DP Média DP
Motricidade fina 115,22 17,74 110,46 17,16 1,75 .08
Motricidade global 114,72 14,86 111,66 16,05 1,25 .21
Equilíbrio 108,09 19,18 106,06 19,78 0,66 .50
Esquema
corporal/rapidez
108,36 17,34 114,97 16,62 - 2,50 .01
Organização espacial 91,52 18,66 91,66 19,27 -0,04 .96
Organização temporal 120,54 15,55 115,20 17,50 2,03 .04
Idade motora geral 109,94 9,48 108,54 10,06 0,90 .36
Idade cronológica 119,22 6,78 117,20 6,81 1,90 .06
Quociente motor geral 92,57 8,54 92,86 9,27 - 0,20 .83
*Os resultados da Escala de Desenvolvimento Motor podem variar de 2 a 11.
Dp = desvio padrão
As variáveis que apresentaram diferença significativa entre os sexos foram
“esquema corporal/rapidez” e “organização temporal”. Em esquema corporal/rapidez
as meninas foram superiores no resultado final enquanto que, na organização
temporal, os meninos obtiveram melhores resultados.
Esse melhor desempenho das meninas em comparação aos meninos em
relação ao esquema corporal/rapidez contrapõe os resultados observados por
Mastroianni, Bofi, Saita e Cruz (2006), os quais encontraram menor média para as
meninas nessa variável. Essa diferença é difícil de ser explicada, pois o esquema
corporal é um modelo postural, uma imagem do próprio corpo e reflete a consciência
que cada um tem de si mesmo. Pode-se tentar esclarecer por meio dos fatores
morfofuncionais ou socioculturais, uma vez que os meninos geralmente possuem
mais agilidade e destreza, favorecendo e estimulando o sexo masculino.
118
Em relação à motricidade fina, contudo, esperava-se uma dominância do sexo
feminino (BAYLEI, 1987). Acredita-se que este estudo encontrou um resultado
diferente em decorrência ao teste empregado, o qual priorizava atividades de
lançamento de bola. Tanto a atividade de lançamento quanto a bola, de acordo com
Barreiros e Carlos Neto (1992), fazem parte basicamente das atividades masculinas.
Segundo Sousa e Altmann (1999) e Sabagg (2008), possuem o domínio de explicar
essas diferenças nos testes entre meninos e meninas, pois não se prioriza a mesma
oportunidade às mulheres de desenvolverem capacidade com bola, pois as mesmas
seriam vistas como masculinas pela sociedade. No entanto, esses valores têm
mudado e, atualmente, observa-se o estímulo às atividades como bola também
entre as meninas.
A superioridade das meninas em relação aos meninos quanto à motricidade
global não é verificada por outros estudos (SABAGG, 2008; BERLEZE; HAEFFNER;
VALENTINI, 2007; BARREIROS; CARLOS NETO, 1992), uma vez que as ações que
estabelecem mais força, mais agilidade, segmentos mais extensos ou estruturas de
suporte articular mais robustas (como correr, saltar, ou lançar) são favorecidas
fisicamente e estimuladas culturalmente no sexo masculino (BARREIROS; CARLOS
NETO, 1992).
As meninas apresentaram melhores resultados nas atividades de equilíbrio,
as quais demandam concentração. Esse resultado corrobora com Barreiros e Neto
(1992) e Baylei (1996) e espera-se ser mais desenvolvida no sexo feminino. no
estudo de Mastroianni, Bofi, Saita e Cruz (2006), os autores verificaram o contrário:
as meninas apresentaram atraso motor maior que os meninos em relação ao
equilíbrio.
119
As demais variáveis também não apresentaram diferenças significativas
entre os sexos. Esse resultado, ao ser comparado ao estudo de Mastroianni, Bofi,
Saita e Cruz (2006), assemelham-se na variável: “organização espacial”, uma vez
que os autores encontraram resultados muito semelhantes entre os sexos em
relação à “estrutura espaço-temporal”, ainda que haja diferença entre os testes
aplicados por cada bateria.
Ao utilizar o Teste de Coordenação Corporal para Crianças KTK de Kiphard
e Schilling (1974), a maioria dos estudos encontrou uma superioridade masculina
em relação ao desenvolvimento motor, tal como verificado na pesquisa realizada por
Lopes et al. (2003) com crianças de 6 a 10 anos, onde os autores puderam observar
uma superioridade masculina em todas as idades e tarefas, exceto no salto lateral,
tarefa que não apresentou diferença significativa entre os sexos.
Verificando a diferença entre os sexos apenas na coordenação motora
grossa, o estudo realizado por Silva (1989) com crianças de 7 a 10 anos também
encontrou superioridade masculina, exceto aos 8 anos, onde as diferenças não
foram significativas.
4.5.2. Perfil de Desenvolvimento Motor dos Participantes segundo a MABC-2
A segunda bateria aplicada foi o “Moviment ABC-2”, do qual utilizaram-se os
testes motores da faixa etária 2, que compreende as idades de 7 a 10 anos. No
entanto, a aplicação e pontuação da bateria motora são comuns para todas as
tarefas e faixas etárias. A seguir, apresentam-se os detalhes referentes às diferentes
variáveis avaliadas pela MABC-2 na tabela 24.
120
Tabela 24. Resultados segundo análise da MABC-2
MABC-2* Média DP Mínimo Máximo
Destreza manual 1 6,27 2,17 2 13
Destreza manual 2 7,43 2,18 1 15
Destreza manual 3 6,23 3,42 1 11
Escore destreza manual 19,73 4,91 3 31
Habilidades lançar e receber 1 10,43 2,88 5 15
Habilidades lançar e receber 2 7,76 2,97 3 14
Escore lançar e receber 18,70 9,00 8 120
Equilíbrio 1 10,31 2,64 3 15
Equilíbrio 2 10,99 0,07 10 11
Equilíbrio 3 11,33 1,80 4 12
Escore equilíbrio 32,49 5,15 7 65
Quociente total numérico 70,83 8,74 49 91
Pontuação padrão 8,30 1,77 4 13
*Os resultados da MABC-2 podem variar de 0 a 40.
DP = desvio padrão
Observando o escore total das três habilidades motoras, o equilíbrio obteve a
melhor média. A pontuação padrão, que é o escore total, ficou com 8,3 de média, ou
seja, na avaliação descritiva do escore geral este valor é considerado limítrofe.
Observa-se nos resultados acima que os alunos apresentaram maior
dificuldade em executar as habilidades de destreza manual, especificamente, a
“trilha do caminho da bicicleta”, atividade na qual a criança precisa percorrer a lápis
uma trilha, como se estivesse andando de bicicleta. Esta atividade, apesar de
simples, necessita de atenção e controle visual, desempenhando um papel muito
121
importante na consolidação da dominância lateral, dificuldade esta encontrada no
teste de avaliação motora (EDM) analisado anteriormente.
No entanto, as atividades na qual obtiveram melhor êxito foram as habilidades
de equilíbrio. Especificamente a ação de “saltar em quadrados”. O equilíbrio incide
na manutenção de estabilidade entre forças internas e externas. Está
intrinsecamente relacionado à motricidade global, sendo a base de toda a
coordenação global (RODRIGUES, 2000). Segundo Rosa Neto (2009), a
coordenação global é uma ação que congrega elementos cinestésico, tátil, visual,
espacial, temporal e labiríntico.
Verifica-se resultado similar obtido no estudo de França (2008), no qual as
crianças apresentaram maior dificuldade em destrezas manuais e melhor
desempenho nas habilidades de equilíbrio estático e dinâmico. Como consequência,
a autora observou dificuldade na escrita de muitas crianças, que comumente
apresentam problemas na execução e planejamento de outras habilidades motoras
finas, tais como segurar e vestir, e igualmente apresentam dificuldades na
aprendizagem motora (SMITS-ENGELSMAN et al. 2003; SCHOEMAKER et al.,
2001; SMITS-ENGELSMAN; NIEMEYJER; VAN GALEN, 2001; WILSON et al. 2001;
SMYTH; MASON, 1997).
Não é recomendado que os resultados obtidos na aplicação da MABC-2
sejam utilizados para a realização de diagnóstico ou na tomada de decisões sobre a
intervenção ou não de uma criança. Ao final das observações que especificam o
nível de desempenho atingido, o pesquisador, acompanhado pelas informações a
respeito da criança fornecidas pela escola e/ou família, poderá fazer colocações
pertinentes, deixando que um profissional qualificado aplique a M-ABC.
122
São escassos os estudos com crianças “típicas” utilizando-se do Moviment
Assessment Batery for Children no Brasil. Geralmente, são estudadas crianças que
apresentam problemas específicos como DCD, TDAH e outros ou apresentam
suspeita de ter os problemas mencionados: crianças com TDAH (MELLO, 2002);
crianças e idosos com DCD (SANTOS; DANTAS; OLIVEIRA, 2004); crianças com
DCD (FERREIRA, 2004); aplicabilidade da linha de checagem da M-ABC com
professores (SILVA, 2006); leucemia e tratamento quimioterápico (SOMMERFIELD,
2007). Com relação ao desempenho dos participantes em relação ao sexo, foram
encontradas algumas diferenças, detalhadas na tabela 25.
Tabela 25. Resultados obtidos com a aplicação da MABC-2 conforme o sexo dos
participantes
MABC-2
Meninos
Meninas
Média DP Média DP
T p
Destreza manual 1 - deslocar
pinos de linhas
5,90 2,18 6,50 2,14 - 1,80 .07
Destreza manual 2 - enfiar o
cordão na tábua furada
7,28 2,19 7,52 2,18 - ,70 .48
Destreza manual 3 - trilha da
flor
6,01 3,52 6,37 3,37 - ,66 .50
Escore dos itens de destreza
manual
19,16 4,80 20,09 4,96 - 1,20 .23
Habilidade com bola - pegar
com as duas mãos
11,79 3,07 9,56 2,38 5,33 .00
Habilidade com bola -
arremessar saco de feijão
8,04 2,78 7,57 3,08 1,01 .31
Escore dos itens de lançar e
receber
19,69 4,54 18,08 10,91 1,14 .25
Equilíbrio dinâmico 1 -
caminhar para frente
10,09 2,91 10,45 2,45 - ,86 .38
Equilíbrio dinâmico 2 –
equilíbrio sobre a tábua
11,00 0,00 10,99 0,09 ,79 .42
Equilíbrio dinâmico 3 - saltar
em um pé só no quadrado
11,24 1,94 11,39 1,71 - ,53 .59
Escore dos três itens do
equilíbrio
31,87 5,77 32,89 4,70 - 1,26 .20
Pontuação padrão
8,46 1,82 8,19 1,74 ,98 .32
*Os resultados do MABC-2 podem variar de 0 a 40.
Dp desvio padrão
123
Através da pontuação padrão da MABC-2, constata-se que os meninos
obtiveram resultados superiores aos das meninas, no entanto, a única variável que
apresentou diferença estatisticamente significativa entre os sexos foi a habilidade de
“pegar a bola com as duas mãos”.
As meninas foram superiores nas três habilidades de destreza manual e em
duas habilidades de equilíbrio. Os meninos foram superiores nas duas habilidades
de lançar e pegar e na tarefa de equilíbrio dinâmico 2, “equilíbrio sobre a tábua”.
No total, as melhores médias foram nas habilidades de equilíbrio, mesmo que
os resultados não sejam significativos quando comparados os sexos. Contudo, ficou
evidente que a variável na qual os alunos tiveram mais dificuldade em executar
foram as habilidades de destreza manual.
Nos estudos de França (2008), ao contrário deste estudo, as meninas
apresentaram maior dificuldade motor em comparação aos meninos, ficando
aproximadamente uma proporção de duas meninas para um menino. Contudo, para
Sabagg (2008), os meninos possuem maior atraso motor que as meninas. no
estudo realizado por Souza et al. (2007) com crianças de 7 e 8 anos, não foram
encontradas diferenças significativas entre os sexos, exceto no teste de habilidade
com bola de 7 anos, no qual os meninos se saíram melhor.
Nos estudos de Beltrame et al. (2007), utilizando a primeira versão do
Moviment ABC nas comparações entre meninos e meninas dentro de cada faixa
etária, as meninas obtiveram melhor resultado nas provas de destreza manual
enquanto os meninos saíram-se melhor nas habilidades com bola e equilíbrio. Este
resultado corrobora com os obtidos pelo estudo atual e atribuem-se as diferenças
entre as habilidades motoras, aos fatores culturais e ao meio no qual estão
inseridos.
124
Segundo França (2008), as diferenças entre os sexos são atribuídas às
práticas de atividades físicas nas quais as crianças estão inseridas. Pereira e Tudela
(2008) relataram que é possível notar as diferenças entre esses grupos, observando
o comportamento típico de ambos os sexos no cotidiano.
Neste esboço, adere-se a Silva (2009), o qual afirma que os meninos, de um
modo geral, são estimulados desde cedo a praticar atividades físicas utilizando a
bola, na maioria das vezes como principal atrativo. Por sua vez, as meninas
recebem estímulos para brincar de boneca e casinha.
4.5.3. Perfil de Desenvolvimento Motor dos Participantes Segundo o TGMD-2
O teste de Desenvolvimento Motor Grosso é utilizado para medir o
desempenho das habilidades motoras e inclui doze itens, seis de habilidades de
locomoção e seis de controle de objetos como mencionado anteriormente. Permite
uma avaliação separada de cada subescala (locomoção e controle de objetos), mas
não indica uma avaliação separada de cada habilidade motora. No entanto, para
melhor compreensão, em relação à avaliação e comparação das atividades motoras
das três baterias em questão, optou-se por avaliar cada subescala e também as
doze habilidades motoras.
Detalhes das diferentes variáveis avaliadas pelo TGMD-2 entre os
participantes do estudo atual encontram-se na tabela a seguir.
125
26. Resultados segundo análise do TGMD-2
TGMD-2* Média DP Mínimo Máximo
Locomoção 1 – correr 7,35 1,09 4 8
Locomoção 2 – galopar 5,92 1,28 2 8
Locomoção 3 - saltar com um pé 8,51 1,47 3 10
Locomoção 4 - saltar por cima 5,43 0,83 2 6
Locomoção 5 - salto horizontal 6,27 1,59 0 8
Locomoção 6 – deslocamento
lateral
7,01 1,20 0 8
Escore bruto de locomoção 40,48 3,87 27 48
Controle de objeto 1 – rebater 7,07 2,58 0 10
Controle de objeto 2 – drible 5,20 1,96 0 8
Controle de objeto 3 – agarrar 5,14 1,36 0 6
Controle de objeto 4 – chutar 6,76 1,70 0 8
Controle de objeto 5 –
arremessar
5,76 2,24 0 8
Controle de objeto 6 – rolar 5,51 1,92 0 8
Escore bruto controle de
objeto
36,05 6,50 0 48
Quociente motor grosso 86,62 14,03 52 133
*Os resultados do TGMD-2 no escore padrão podem variar de 0 A 48.
Sd = desvio padrão
Os testes de locomoção permitem avaliar habilidades que envolvem o
deslocamento do centro de gravidade de um ponto a outro enquanto os testes de
controle de objetos permitem avaliar lançamento e recepção de objetos (ULRICH,
2000).
No teste motor global, as habilidades de locomoção obtiveram melhor
resultado na execução, sendo que a maior média encontrada foi na tarefa “saltar
com apenas um pé”. Segundo Fonseca (1995), a coordenação global exige
126
interação entre a tonicidade e o equilíbrio, além da coordenação da lateralidade,
noção do corpo e estruturação espaço-temporal. Este resultado difere das outras
baterias motoras pesquisadas, que no TGMD-2 os alunos destacaram-se no
equilíbrio. Na EDM houve dificuldade na organização espacial e na MABC-2, na
execução do equilíbrio.
Nessa faixa etária de 9 a 10 anos, as crianças estão passando do período de
transição para o estágio de aplicação. Nos anos anteriores, as habilidades de
movimentos fundamentais são desenvolvidas e refinadas por si próprias e são
aplicadas nas brincadeiras, jogos e situações de vida diária. Por esse motivo, tenta-
se explicar os melhores resultados nas habilidades de locomoção, aumentando a
competência de uma variedade de atividades.
As habilidades de controle de objeto tiveram desempenho menor em relação
à locomoção, principalmente na tarefa de “agarrar a bola com as duas mãos”, dando
a entender que esta habilidade seria mais difícil. Contudo, desde pequena, a criança
brinca de bola, chutando ou pegando e jogando. Este resultado vem ao encontro
com os estudos de Valentini (2002), Vilwock (2005), Marramarco (2007) e Catenassi
et al. (2007), nos quais as habilidades de controle de objetos obtiveram resultados
inferiores à locomoção.
No entanto, Roncesvales et al. (2007), usando este mesmo instrumento com
crianças que apresentavam risco de obesidade, não encontrou diferenças
significativas entre as habilidades de locomoção e controle de objetos.
Contudo, na pesquisa realizada por Paim (2003), que objetivou identificar o
desenvolvimento motor de escolares do ensino infantil com idade entre 5 e 6 anos,
seus resultados indicaram que os escolares tiveram uma média superior esperada
nas habilidades de locomoção e controle de objetos. Referente ao desempenho dos
127
participantes em relação ao sexo, o autor encontrou algumas diferenças. Os
detalhes relacionados aos resultados obtidos por meio da aplicação do TGMD-2
encontram-se na tabela 27.
Tabela 27. Resultados obtidos com a aplicação do TGMD-2 conforme o sexo dos
participantes
TGMD-2
Meninos
Meninas
Média DP Média DP
T p
Locomoção 1 – correr 7,42 1,06 7,31 1,11 0,607 .54
Locomoção 2 – galopar 6,10 1,14 5,81 1,36 1,474 .14
Locomoção 3 – saltar com um
8,60 1,49 8,45 1,47 0,646 .51
Locomoção 4 – saltar por cima 5,30 0,87 5,51 0,81 -1,655 .10
Locomoção 5 – salto
horizontal
6,69 1,77 6,01 1,41 2,777 .00
Locomoção 6 - deslocamento
lateral
7,10 0,94 6,95 1,35 0,807 .42
Escore bruto de locomoção 41,21 4,11 40,02 3,67 1,97 .04
Controle de objeto 1 –
rebater
8,10 2,28 6,41 2,57 4,409 .00
Controle de objeto 2 – driblar 5,69 2,05 4,89 1,86 2,650 .00
Controle de objeto 3 – agarrar 5,12 1,60 5,15 1,20 - 0,154 .87
Controle de objeto 4 – chutar 7,10 1,70 6,54 1,68 2,128 .03
Controle de objeto 5 –
arremessar
6,54 2,20 5,26 2,13 3,791 .00
Controle de objeto 6 – rolar 5,91 2,04 5,26 1,81 2,192 .03
Escore bruto controle de
objeto
25,31 23,56 21,29 18,02 1,266 .20
Quociente motor grosso 89,43 15,40 84,83 12,84 2,120 .04
*Os resultados do TGMD-2 no escore padrão podem variar de 0 a 48.
Dp = desvio padrão
Por meio do quociente motor grosso, os meninos obtiveram resultados
superiores em relação às meninas. Nas variáveis de locomoção, apenas a tarefa
“salto horizontal” apresentou diferença estatisticamente significativa entre os sexos.
128
No entanto, entre as habilidades de controle de objetos, todas obtiveram resultados
significativamente diferentes entre os sexos, do ponto de vista estatístico, exceto a
tarefa “agarrar a bola”.
Os meninos foram superiores na maioria das habilidades de controle de
objetos, sendo que apenas na tarefa “agarrar a bola” as meninas obtiveram as
melhores médias, no entanto, a diferença entre as médias de meninos e meninas
neste quesito não apresentou significância estatística.
Resultado semelhante foi verificado no estudo realizado por Vilwock (2005)
com crianças de 8 a 10 anos, onde os meninos ainda obtiveram melhores médias
que as meninas na locomoção.
Nos estudos de Marramarco (2007), com escolares com idade entre 5 e 10
anos, o autor verificou na comparação entre os sexos que os meninos apresentaram
melhor desempenho, no entanto, ainda assim foram classificados como abaixo da
média. As meninas foram classificadas como apresentando desempenho pobre
segundo a classificação do TGMD-2.
Nos estudos desenvolvidos por Paim (2001), utilizando a Matriz de Análises
de Padrões Fundamentais de Movimentos proposta por Gallahue e Ozman (2001),
ao analisar as habilidades de locomoção o autor verificou que, de forma geral, os
meninos foram superiores com relação às meninas. em 2003, Paim utilizou o
TGMD-2 e, na comparação entre os sexos, o autor observou que as meninas
obtiveram média superior à dos meninos nas habilidades de locomoção.
Roncesvales et al. (2007), Valentini (2002) e Goodway e Rudisill (1957) não
encontraram diferenças entre meninos e meninas em relação à locomoção ou ao
controle de objetos. Ambos apresentaram desempenhos similares, com melhores
médias nas tarefas de locomoção.
129
No entanto, como nos estudos de Vilwock, (2005), Marramarco (2007) e
Catenassi et al. (2007), os meninos obtiveram médias maiores com relação às
meninas nas atividades de controle de objeto.
Nos resultados encontrados em relação às três baterias motoras, percebe-se
que os meninos se destacam nas habilidades de motricidade global,
especificamente com bola. Pontos de vistas culturais referentes às atividades
adequadas às meninas e aos meninos, podem desempenhar um grande papel,
resultando nas diferenças de comportamento observadas em avaliações.
4.5.4. Perfil do Desempenho das Três Baterias Motoras
As três baterias motoras apresentam-se distintas em relação aos resultados
individuais. Os resultados referentes aos intervalos de confiança das baterias são
apresentados no gráfico a seguir.
Figura 6. Diagrama de barra de erros da sobreposição dos intervalos de confiança
das três baterias motoras
130
Ao analisar o diagrama de barras de erros, verifica-se uma proximidade dos
resultados médios finais da EDM e do TGMD-2, com uma tendência a situar os
participantes abaixo da média. o desempenho das mesmas crianças na MABC-2
ficou acima da média, o que pode ser justificado pela natureza da bateria que se
direciona a crianças com dificuldades motoras.
Em termos qualitativos, as três baterias motoras classificam as crianças
participantes em diferentes níveis, a partir das suas próprias escalas.
Independentemente do escore Z, o TGMD-2 possui mais casos abaixo da média
(62,8%), seguida pela EDM (34,3%) e, por fim, pela MABC-2 (5,8%), que possui
mais casos na média, ou seja, limítrofes (94,2%), embora não apresente nenhuma
criança que obteve média superior. A EDM possui 63,4% de crianças com média
normal enquanto que o TGMD-2 possui apenas 31,4%. O TGMD-2 possui mais
casos acima da média (5,8%), seguida pela EDM (2,3%). Isto significa que as
baterias apresentaram desempenho diferenciado, o que sugere a influencia do tipo
ou natureza da atividade motora que se escolheu para avaliar determinado atributo
motor.
Percebe-se que os testes da MABC-2 classificaram mais crianças na faixa
limítrofe e nenhuma criança acima da média. No entanto, a Escala de
Desenvolvimento Motor e o Teste de Motricidade Global avaliaram tanto crianças
abaixo como acima da média, sugerindo que avaliam com melhor acurácia ao
apresentam melhor distribuição dos dados obtidos. Contudo, a EDM e a MABC-2
possuem razoável número de crianças com média normal enquanto que o TGMD-2
avaliou as crianças, em geral, abaixo da média. A partir desses resultados pode-se
concluir que o TGMD-2 utiliza uma classificação mais exigente quanto à
normalidade.
131
Os resultados qualitativos a partir de suas próprias categorias de diagnósticos
estão apresentados na tabela 27.
Tabela 27. Perfil das baterias motoras com relação aos participantes
BATERIA % n
EDM N = 172
Inferior 7,0 12
Normal Baixo 27,3 47
Normal Médio 63,4 109
Normal Alto 2,3 4
MABC-2 N = 172
Abaixo 5,8 10
Limítrofe
Superior
94,2
0
162
0
TGMD-2 N = 172
Muito fraco 9,9 17
Fraco 19,8 34
Abaixo da Média 33,1 57
Na média 31,4 54
Acima da média 1,7 3
Superior 2,9 5
Muito superior 1,2 2
4.6. DIFICULDADES ENCONTRADAS NA APLICAÇÃO DAS TRÊS BATERIAS
MOTORAS
Um dos principais aspectos que cercam a escolha de um determinado
procedimento de medida e avaliação é a facilidade de sua aplicação (Morrow et al.
2002). Por esse motivo, listam-se neste tópico as dificuldades encontradas nos
procedimentos de coleta e análise dos dados para que, no momento da escolha do
teste, o pesquisador evite ou minimize os contratempos.
132
4.6.1 Dificuldades verificadas a partir da coleta de dados
Verifica-se a necessidade de haver objetivos claros a serem alcançados, pois
cada teste possui uma finalidade específica, o que nem sempre é observado pelo
pesquisador. Por isso, precisa-se ter conhecimento do teste escolhido e da
necessidade de capacitação das pessoas que forem aplicar a avaliação nos alunos,
bem como analisar os testes a partir dos escores de desempenho de cada teste
escolhido.
Em segundo lugar, para poder realizar a coleta depende-se de: direção da
escola, aceitação dos professores de sala de aula, colaboração dos professores de
educação física e aceitação por parte dos pais e responsáveis das crianças.
Em seguida, o pesquisador precisa adaptar-se ao calendário da escola, que
frequentemente altera-se. muitos feriados escolares, que geralmente são
emendados aos finais de semana, e inúmeras atividades são feitas sem antecipação
ou planejamento prévio, ocasionando atraso na coleta.
Além do mais, nem sempre a escola disponível possui localização
privilegiada. Muitas vezes, as escolas localizam-se distantes do percurso do
avaliador, ficando dispendioso e gerando dificuldade de locomoção e, acrescenta-se
a isso, o cansaço habitual pelas tarefas diárias.
Percebeu-se ainda que repetidamente os funcionários e/ou professores das
escolas públicas faltam ao trabalho, prejudicando o bom andamento das aulas e
asseio das dependências internas. Assim como falta de responsabilidade de alguns
pais ou responsáveis das crianças, pois muitas faltas escolares sem motivos
133
justos, prejudicando o bom andamento escolar do educando e resultando em atraso
nas avaliações.
Sentiu-se também o desmazelo da política pública pelo vandalismo nos
arredores da escola e falta de segurança, o que resultou em furto de veículo de um
dos pesquisadores.
Existe a necessidade de bons avaliadores, com responsabilidade e habilidade
para trabalhar com as crianças. Sem esse requisito, as crianças não se apresentam
com tanta constância para a realização dos estudos. Em nossa coleta, percebeu-se
a alegria dos escolares em participar de um projeto bem elaborado e com
avaliadores competentes e carinhosos.
4.6.2 Testes motores utilizados
A Escala de Desenvolvimento Motor (EDM) envolve equipamentos próprios e
rigoroso treinamento dos avaliadores para a aplicação da mesma, além do
treinamento para medirem-se os escores obtidos. A aplicação do teste é
relativamente demorada e, quando aplicado com intensidade e com grande número
de crianças, resulta em cansaço por parte dos avaliadores. O mesmo não foi sentido
pelas crianças, pois são atividades educativas, lúdicas. A experiência foi positiva,
pois as crianças participaram sem dificuldades de entendimento ou realização das
tarefas.
A bateria motora Moviment ABC-2 (MABC-2) envolve equipamentos próprios,
sofisticados e dispendiosos, além de rigoroso treinamento dos avaliadores para a
134
coleta e para medirem-se os escores obtidos. Além do que, por ser uma bateria
motora reavaliada recentemente, seu acesso ainda é difícil e não se encontram
publicações da mesma no Brasil ou no exterior. Todas as publicações encontradas
são da primeira versão do M-ABC.
No estudo piloto, aplicou-se a M-ABC com erros de interpretação. Duas
semanas depois, aplicou-se a versão atualizada da M-ABC. A experiência com a
aplicação desta bateria também foi positiva, uma vez que as crianças participaram
sem dificuldades de entendimento ou realização das tarefas, além de que as peças
são bonitas e coloridas e despertavam a curiosidade dos participantes.
O TGMD-2 exige, conforme protocolo estabelecido, duas filmadoras com
pedestal para possibilitar a filmagem dos movimentos. As crianças sentiram-se muito
motivadas em serem filmadas e apresentaram-se bastante disponíveis e
preocupadas em executar da melhor forma possível. Este teste utiliza materiais
usados nas aulas de educação física, o que possibilita o fácil acesso. No entanto, a
sofisticação das filmadoras, assim como seu transporte, conservação e custeio
dificultam a utilização deste instrumento.
Utilizou-se uma escala likert de 0 a 10 pontos para avaliar a motivação antes
e depois de cada teste motor. A média final foi 9,86. Isto comprova a maneira como
as crianças reagiram e se comportaram nos três momentos em que foram
solicitadas para participar nos testes motores.
4.6.3. Impressões Finais
135
Como responsável pelo projeto, a avaliadora achou bastante proveitoso o
tempo que passou na escola. Foi muito bom poder vivenciar a criança fora da sala
de aula, despreocupada de conduzir uma turma, mas sim em avaliar uma criança de
cada vez, considerando suas dificuldades, limitações e também podendo observar
suas conquistas.
Com a aplicação dos testes motores, foram levantadas algumas hipóteses,
que se pretende pesquisar posteriormente:
O período vespertino parece ser mais propício para a realização dos testes
motores, pois as crianças apresentavam-se mais colaboradoras;
Os alunos das professoras que eram menos receptíveis saíam-se melhores
nos testes, principalmente pelo fato de demonstrarem maior concentração e
atenção durante as explicações para realização do teste motor.
Os horários das aulas de educação física influenciaram no desempenho das
habilidades tais como de equilíbrio e coordenação motora;
As crianças que tiveram dificuldades nos resultados gerais dos testes, mesmo
assim, ressaltavam em pelo menos uma habilidade motora.
Um aspecto a ser discutido diz respeito à comparação dos exercícios
adotados nas três baterias de testes. Muitas tarefas são semelhantes, mas com
nomes diferentes ou objetivos diferentes. Observou-se que, nas três baterias
estudadas, apenas uma tarefa foi completamente igual. Na EDM, o teste de
motricidade fina “lançamento de uma bola”, na MABC-2, o teste de lançar e receber,
com a tarefa de pegar a bola com as duas mãos e no TGMD-2, o teste de habilidade
de controle de objetos “receber a bola”. Em todos os três testes, nos protocolos são
dadas explicações sobre a forma correta de execução das tarefas. São escritas de
136
maneira diferente, mas o exercício é o mesmo: “... a criança arremessa a bola contra
a parede ou para o avaliador e pega a mesma com as duas mãos”. Neste sentido,
percebeu-se que a desenvoltura da criança em cada teste motor era o mesmo,
embora cada bateria apresente maneiras diversas de avaliar.
Outro aspecto de cunho prático importante a ser destacado diz respeito à
segurança e facilidade que cercam a aplicação das baterias de testes, que a
maioria dos exercícios das baterias são utilizados em outros testes, possibilitando a
compreensão que envolve sua aplicação.
137
5. CONCLUSÕES
Em decorrência dos resultados apresentados, bem como a discussão dos
mesmos com a literatura, acredita-se que o estudo cumpriu com os objetivos
propostos por esta dissertação. Também, apresentou novas evidências a respeito
das baterias motoras em análise. O resultado obtido através das análises fatoriais
das três baterias motoras, de forma geral, não é compatível com as dimensões
inicialmente propostas por seus autores.
Vale lembrar que estes resultados referem-se apenas às crianças
participantes, uma vez que as avaliações ocorreram em uma escola, não
podendo ser generalizada para a população de escolares com idade de 9 e 10 anos.
Quando analisado o construto dos itens motores de cada bateria, percebe-se
que as mesmas apresentam-se bem distintas em relação aos resultados individuais,
ou seja, em momento algum o resultado se iguala. Deste modo, mais uma vez
destacam-se as diferenças entre as mesmas. Espera-se assim, após analisar o
construto dos itens motores de cada bateria, contribuir não somente para futuras
pesquisas e estudos acadêmicos, mas também colaborar no planejamento de
professores.
No momento de comparar os itens possíveis, através da relação entre os
resultados gerais das três baterias motoras, percebeu-se que a MABC-2 possui mais
afinidade entre as baterias motoras e os valores da MABC-2 e da EDM alteram-se
mutuamente de maneira positiva enquanto os valores da MABC-2 e do TGMD-2
alteram-se de forma negativa. Existe a necessidade de construir padrões próprios
138
que sirvam como referência na descrição dos resultados e interpretação dos dados
dessa população.
Entre as três baterias motoras, confirma-se um construto mais conciso para o
TGMD-2 com base na estrutura da análise fatorial. No entanto, os testes estatísticos
aplicados apontam o TGMD-2 como o instrumento com maior estabilidade, firmeza,
segurança, o que, conjuntamente à elevada consistência interna de Cronbach) de
suas categorias, parece indicar sua fidedignidade (confiável, verdadeiro).
No que se refere a analisar o desenvolvimento motor das crianças através
das baterias motoras EDM, MABC-2 e TGMD-2, verificou-se que, segundo a EDM, a
idade motora geral das crianças ficou abaixo da idade cronológica, mostrando déficit
no desenvolvimento motor geral. Na MABC-2, os resultados sugerem um grau de
dificuldade que é limítrofe e no TGMD-2, foi fraco e abaixo da média. Este resultado,
de alguma forma, ficou dentro do esperado, tendo em vista que a MABC-2 é uma
bateria motora voltada para crianças com dificuldades motoras enquanto que a EDM
e o TGMD-2 se propõem a analisar o desenvolvimento motor de crianças “típicas”.
Verificou-se quanto ao desempenho motor que as crianças possuíam maior
facilidade na execução das habilidades motoras, de um modo geral, na MABC-2
enquanto que nas outras baterias motoras variou bastante os resultados. Sendo
assim, nossos resultados corroboram com os autores da MABC-2 que é adequada
apenas para crianças com dificuldades motoras.
O TGMD-2 evidenciou as dificuldades dos alunos no controle de objetos,
especificamente, em agarrar bola com as duas mãos. A EDM demonstrou a
dificuldade dos escolares na organização espacial. Por outro lado, as habilidades em
que as crianças obtiveram melhores resultados foram o equilíbrio no TGMD-2 e
organização temporal na EDM. Com esse resultado, percebe-se que nas baterias,
139
os mesmos alunos sentiram dificuldades e facilidades em diferentes habilidades
motoras, o que evidencia a diferença entre elas, através da dificuldade na
identificação correta das aptidões e dos problemas na avaliação. É plausível dizer
ainda a importância dos cuidados quanto à identificação das aptidões e dos
problemas motores, visto a complexidade do desenvolvimento infantil e a dificuldade
em se obter avaliações fidedignas. Por esse motivo, devem ser disponibilizadas para
as crianças, desde o início da idade escolar, atividades que trabalhem todas as
valências motoras.
Observou-se, também, que durante a aplicação da EDM a dificuldade dos
alunos foi evidente na noção de direita e esquerda, o que pode ter influenciado o
resultado, pois para executar as atividades propostas pelo teste era imprescindível
um bom domínio destes comandos. Pode-se, inclusive, imputar estes resultados às
diferenças culturais e sociais das crianças em questão, mas, segundo a literatura,
essas dificuldades aparecem com frequência nas crianças em idade escolar. Sendo
assim, acredita-se haver evidências necessárias para que os professores de
Educação Física reflitam sobre a importância do seu papel e função em minimizar
tais dificuldades.
Quanto às diferenças entre os sexos, os meninos, de um modo geral, saíram-
se melhor do que as meninas na maioria dos testes, embora com poucos resultados
considerados estatisticamente significativos. Acredita-se que esse resultado tenha a
ver com a maneira como se diferenciam os sexos nesta faixa etária, apesar de que
não existe na ciência ênfase satisfatória que justifique esta diferença. Desta forma,
devem ser disponibilizadas para ambos os sexos iguais oportunidades de
desenvolver as mesmas habilidades motoras.
140
Propõe-se realizar futuramente, conforme previsto no início deste projeto, a
validação de conteúdo por parte de especialistas, verificando se cada uma das
baterias motoras, além de medir o que se pretende medir, está alocada na dimensão
correta conforme o referencial teórico.
Sugere-se também a validação dos instrumentos junto a outras populações,
como, por exemplo, crianças de escolas privadas, escolas do interior e de grandes
centros urbanos ou, ainda, de outras faixas etárias, para confirmar os dados desta
pesquisa.
Uma questão muito importante constatada por esse estudo foi em relação à
preferência do instrumento de avaliação motora, pois, através dos resultados,
observaram-se diferenças de acordo com a bateria utilizada, parecendo estar sujeito
na escolha da bateria de avaliação e não no real desempenho dos alunos. Isso
talvez ocorra porque as diferenças podem ocorrer em cada atividade específica e
não exatamente em cada área do desenvolvimento motor.
Sugere-se a elaboração de uma quarta bateria motora, selecionando em
meios às três baterias motoras estudadas, o que seria mais indicado para cada uma
das habilidades motoras a serem avaliadas. Desta forma, os pesquisadores e
professores interessados na avaliação motora poderiam utilizar uma bateria
concluída em relação à comparação das três primorosas obras do desenvolvimento
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141
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APÊNDICE A - ESTUDO PILOTO
Artigo original
Estudo preliminar comparativo de três baterias motoras: EDM, MABC-2 e
TGMD-2.
Previous concurrent validation of the motive activities of three batteries:
EDM, MABC-2 and TGMD-2.
Running Tittle: Comparação das três baterias motoras.
Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Cardiologia de Santa Catarina, sendo
aprovado sob o nº 025/2009.
RESUMO
Investigou-se similaridades e diferenças entre as baterias motoras EDM, MABC-2
e TGMD-2. Cada criança foi avaliada pelas três baterias motoras, sendo 26 (11
meninos e 15 meninas), de 9 a 10 anos de idade. Segundo a EDM, as crianças
apresentaram déficit no desenvolvimento motor; no MABC-2, classificaram-se na
faixa “limítrofe” e, conforme o TGMD-2, as crianças obtiveram resultado médio
nas habilidades de locomoção e abaixo da média nas habilidades de controle de
objetos. Em relação às diferenças entre os sexos, os meninos, de um modo geral,
obtiveram melhor desempenho do que as meninas nas três baterias motoras.
152
Com relação ao desempenho individual dos participantes, as três baterias
motoras se apresentam distintas em relação aos resultados individuais, pois em
nenhum momento, resultados se igualam. Não existiu diferença significativa entre
cada criança nas três avaliações e existe correlação significativa positiva entre os
resultados gerais da EDM e a MABC-2 (r=.295, <.001). A partir de análise fatorial,
cada bateria motora se agrupou de forma atípica, isto é, a EDM (α 0,547) que
propõem seis dimensões carregou apenas em dois fatores, já a MABC (α 0,312) e
a TGMD2 0,411) que propõem três e duas dimensões respectivamente,
carregaram em quatro fatores. Os dados preliminares desse estudo sugerem
certo nível de concorrência entre as três baterias que deve ser confirmada e
especificada com estudos maiores.
Palavras-chaves: avaliação motora, desenvolvimento motor, baterias motoras,
EDM, MABC-2, TGMD-2.
ABSTRACT
This study investigated similarities and differences among the motor batteries
EDM, MABC-2 and TGMD-2 through the 26 children's motor evaluation (11 boys
and 15 girls), from 9 to 10 years of age. Each child was evaluated by the three mo-
tor batteries, which were entirely applied. It was verified that, according to EDM,
the children presented deficit in the motor development; in MABC-2, they were
classified in the bordering "strip" and, according to TGMD-2, the children obtained
medium result in the locomotion abilities and below the average in the abilities of
control of objects. In relation to the differences between the sexes, the boys in a
general obtained better performance than the girls in all evaluations. With relation-
153
ship to the participants' individual performance, the three motor batteries evaluated
the same participant differently and the scores were never equal. However, in av-
erage terms, significant difference doesn't exist among each battery in the three
evaluations and positive significant correlation exists between the general results
of EDM and MABC-2. The factorial analysis from each of the three batteries
grouped in an atypical way, that is, EDM (α 0,547) that proposed six dimensions
just carried in two factors, already MABC (α 0,312) and TGMD2 0,411) that pro-
posed three and two dimensions respectively, carried in four factors. The prelimi-
nary data from this study suggest certain congruency level among the three motor
batteries that should be confirmed and specified with larger studies.
Keywords: motor evaluation, motor development, motor batteries, EDM, MABC-2,
TGMD-2.
INTRODUÇÃO
Muitos instrumentos têm sido desenvolvidos com o objetivo de avaliar o
comportamento motor humano, sendo que a constante testagem dos mesmos
trata-se de um importante aspecto para se aprimorar essa finalidade dentro da
Educação Física. Dentre os testes motores padronizados mais usados no Brasil,
citamos: Escala de Desenvolvimento Motor (EDM), Bateria de Avaliação do
Movimento da Criança, segunda edição (MABC-2) e Teste de Desenvolvimento
Motor Grosso, segunda edição (TGMD-2).
154
As propriedades de cada bateria que avalia o desenvolvimento motor são
distintas, primeiro, em relação a população alvo: a EDM enfatiza a avaliação do
desenvolvimento motor em relação à idade cronológica de crianças típicas
1
, a
MABC-2 crianças com dificuldade de aprendizagem
2
e a TGMD2 crianças típicas
3
.
Em segundo diferem em relação às dimensões contemplatadas: a EDM é a que
avalia mais dimensões (motricidade fina e global, equilíbrio, esquema corporal,
organização espacial e temporal), a MABC-2 avalia três dimensões (destreza
manual, habilidade de pegar e equilíbrio) e a TGMD-2 apenas duas (locomoção e
controle de objetos).
Nesse sentido, salienta-se a relevância do estudo de baterias motoras como
EDM, MABC-2 e TGMD-2 no contexto da Educação Física. Apesar de serem
muito usadas nos estudos da área
4-21
e terem sido criadas para distintos
objetivos, pouco se sabe sobre as reais afinidades ou discrepâncias entre essas
três baterias.
Ao se propor avaliar o desenvolvimento motor ou aspectos destes, os
pesquisadores sentem-se freqüentemente inseguros e desconfortáveis em
relação à validade e confiabilidade dos construtos e dimensões do fenômeno
desenvolvimento motor, uma vez que não existe consenso, até o presente
momento, acerca de quais tarefas motoras seriam mais indicadas para avaliar tais
dimensões (coordenação óculo-manual, coordenação dinâmica geral, percepção
e conhecimento do próprio corpo, ajustamento postural, percepção temporal,
percepção do espaço-temporal
24
.
A instrumentação utilizada para avaliar essas tarefas, geralmente, é de fácil
aplicação, sendo que algumas valências motoras são avaliadas de forma indireta,
podendo ser aplicadas controlando-se o tempo, o número de repetições ou, ainda,
155
a qualidade da tarefa. Assim, delimitar o que cada atividade está mensurando
trata-se de uma das primeiras dificuldades para se estabelecer uma bateria
motora. Por exemplo, a EDM utiliza a bola para verificar a motricidade fina
(arremessar no alvo e agarrar), o MABC-2 usa–a na avaliação da destreza
manual (habilidade de lançar e receber) e o TGMD-2 nas habilidades que avaliam
o controle de objetos (como: rebater, quicar, lançar, receber, chutar e
arremessar). Até que ponto essas atividades do EDM, MABC-2 e TGMD-2
realmente avaliam, respectivamente, coordenação motora fina, destreza manual e
motricidade global?
Apesar das baterias motoras terem sido criadas para diferentes propósitos,
percebe-se a necessidade de avaliar e de relacionar as tarefas motoras das
baterias: EDM, MABC-2, TGMD-2, bem como, a possibilidade de estarem
promovendo uma avaliação concorrente em termos de diagnóstico e mensuração
de atividades motoras específicas. Este estudo piloto teve como objetivo analisar
os resultados preliminares do ranking dos participantes nas três baterias motoras.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Participaram do estudo 26 alunos da rede privada de ensino da grande
Florianópolis, SC, de 9 e 10 anos, sendo 11 meninos (média 9.82, DP .405) e 15
meninas (média 9,67, DP .488). Não houve diferença significativa entre as médias
de idade de meninos e meninas (t = -, 328; p=. 743). O desenho dessa pesquisa
caracteriza-se pelo delineamento dentre participantes, em virtude de se ter as
mesmas crianças em todas as condições analisadas.
156
As avaliações foram realizadas na própria escola, em dias agendados
previamente com a orientação educacional. Foi recomendado às crianças o uso
de roupas que não dificultassem os movimentos durante os testes. Caso a criança
não estivesse usando nis, solicitou-se tirar o calçado para a execução das
provas. O processo de coleta deu-se ao longo de três semanas onde as três
baterias motoras foram aplicadas em seqüência, sempre pelos mesmos
avaliadores que foram treinados no Núcleo de estudos em Saúde NUPESC,
mais especificamente no Laboratório de Gênero, Sexualidade e Corporeidade -
LAGESC.
O estudo cumpriu as “Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa
Envolvendo Seres Humanos” (196/96), editadas pela Comissão Nacional de
Saúde.
Os principais instrumentos desta pesquisa constituem-se pelas baterias
motoras anteriormente citadas: EDM, MABC-2, TGMD-2. Em primeiro lugar, foi
aplicada a Escala de Desenvolvimento Motor (EDM)
1
, única bateria brasileira, a
qual apresenta uma abordagem multidisciplinar com suporte teórico e padrões
etários do desenvolvimento motor. Avalia motricidade fina, motricidade global,
equilíbrio, esquema corporal, organização espacial, organização temporal e
lateralidade. A administração da bateria de testes é individual, com a duração
entre 30 a 45 minutos e a população indicada no Manual de Escala de
Desenvolvimento Motor compreende as idades de 2 a 10 anos e educação
especial. As variáveis abordadas são as idades, quocientes, escalas e perfis
motores. O teste foi iniciado pela idade cronológica da criança e quando o êxito
era obtido, avançava-se para as tarefas relativas às idades seguintes até que um
erro fosse detectado. Quando a criança não obtivesse êxito na primeira tentativa,
157
recorria-se às tarefas pertinentes às idades anteriores até a obtenção de sucesso
pela criança. Os dados foram tabulados por Idade Cronológica (IC), em meses e
pelas respectivas idades motoras (IM), em cada tarefa, cujo resultado é obtido
com base nas tabelas normativas
5
. A idade motora geral (IMG) foi obtida a partir
da razão entre a soma das idades motoras e o número de tarefas realizadas.
Logo em seguida, aplicou-se a Bateria de Avaliação do Movimento da Criança
(ABC Movement Test - second edition)
2
. Trata-se de um teste motor para
identificação de crianças com dificuldades motoras, entre 3 e 16 anos de idade. É
composto por dois instrumentos: a lista de checagem observacional do
comportamento motor (LC) e a bateria de teste motor (BTM), os quais possibilitam
a avaliação da criança em diferentes ambientes. Avalia destreza manual (3
tarefas), lançar e receber (2 tarefas) e equilíbrio (3 tarefas). De acordo com os
autores, esses instrumentos se complementam ao favorecer a identificação e
avaliação de transtorno motor em crianças. A MABC-2 possui 3 faixas etárias e
cada banda do teste tem seu próprio formulário de registro codificado por cores. O
resultado do teste motor (os graus de percentil) é obtido por meio dos escores dos
três componentes (destreza manual, habilidade lançar e receber e equilíbrio),
escore padrão e contagem total do teste.
Em terceiro lugar, avaliaram-se as crianças com o TGMD-2
3
(Test of Gross
motor Development-second edition), referenciado por norma e critério, com regras
individuais para o desenvolvimento de meninos e meninas com idades entre 3 a
10 anos. É um teste composto por múltiplas habilidades motoras fundamentais
que avalia como as crianças coordenam o tronco e membros durante o
desempenho de uma habilidade motora. O teste avalia 12 habilidades motoras
fundamentais, das quais 6 são habilidades de locomoção (correr, galopar, saltitar,
158
passada, salto horizontal e corrida lateral) e 6 são habilidades de controle de
objetos (rebater, quicar, receber, chutar, arremessar por cima do ombro e rolar
uma bola). O TGMD-2 é filmado e o diagnóstico é feito através de observação e
análise dos critérios de desempenho para todas as 12 competências. As
habilidades locomotoras e de controle de objetos possuem 24 critérios de
desempenho cada uma. Cada criança possui duas pontuações em todos os
critérios de desempenho em cada tentativa. Se apresentar o critério de eficiência
corretamente, uma pontuação "1" na coluna para esse julgamento. Se não
apresentar o desempenho critério corretamente, uma pontuação "0". Calcula-se
então o critério de eficiência mediante a soma das duas provas e coloca-se na
coluna rotulada "escore". Em seguida, calcula-se a pontuação pela soma dos
escores das habilidades dentro de cada subteste e colocam-se essas pontuações
em "escore bruto".
Os dados, após a coleta, foram digitados no SPSS versão 17.0. A variável
“ranking dos participantes” do MABC-2 que estava em ordem decrescente foi
invertida para deixar as três baterias com o mesmo sentido para futura análise.
Pelo fato de que cada bateria motora usa uma escala própria, optou-se por
transformar os escores finais brutos que são utilizados para diagnosticar a
motricidade dos participantes em escores Z. Esse processo foi realizado por meio
da subtração da média de cada valor e então pela divisão dessa diferenças pelo
desvio padrão
23
. Essa estratégia possibilitou a comparação universal das medidas
oriundas dos três instrumentos desta pesquisa que utilizam três escalas distintas.
A primeira análise dos dados caracteriza-se por uma descrição qualitativa da
variação individual em função do teste aplicado. Em seguida foi realizado um
ANOVA de medidas repetidas (intra-grupo) que consiste em medir um grupo de
159
participantes em diferentes condições ou momentos. Apesar de não se tratar de
medidas repetidas, mas sim de três instrumentos que mensuram a motricidade
humana, utilizou-se essa análise inferencial com o objetivo de identificar o nível
de concorrência entre as baterias. Para checar o nível de concorrência entre as
baterias motoras realizou-se também um teste de correlação de Pearson entre as
mesmas.
Os dados ainda foram explorados mostrando-se o perfil motor dos avaliados a
partir de cada bateria nos seus respectivos critérios, bem como, as diferenças
entre os sexos em cada bateria. Por fim, procurou-se por correlações entre os
diferentes itens de cada bateria motora controlados pelo sexo dos participantes.
RESULTADOS
Performance individual dos participantes nas três baterias motoras
Na tabela 1, estão os resultados da avaliação qualitativa do Escore Z, nas três
baterias motoras: EDM, MABC-2 e TGMD-2. Sendo que duas crianças se
assemelham nos resultados dos testes da EDM e MABC-2, apenas uma criança
que se equivale nas baterias EDM e MABC-2 e três crianças possuem o resultado
parecido em relação às baterias motoras EDM e TGMD-2. Como se percebe, as
três baterias motoras se apresentam bem distintas em relação aos resultados
individuais e apenas em uma criança as três baterias se equivalem. A bateria
EDM é a que tem Escore Z mais parecido com outras duas baterias (seis
resultados). Das baterias que mais se equivalem em termos individuais, a
princípio, tem a TGMD-2 e EDM.
160
Das três baterias motoras, a TGMD-2 possui mais casos acima da média, ou
melhor, acima do valor 0 . No total são 17 casos positivos e 09 casos negativos.
A EDM, em 12 casos fica acima da média e 14 casos abaixo da média. Quanto a
MABC-2, 10 casos são positivos e 18 casos são negativos. Isto significa dizer que
as baterias apresentaram desempenho diferenciado para cada criança, o que
sugere uma possível influencia do tipo ou natureza da tarefa motora que se
escolheu para se avaliar determinado atributo motor. Os resultados serão
apresentados na tabela 1.
Tabela 1. Avaliação comparativa das baterias motoras.
Participante
s
EDM*
MABC-2**
TGMD-2***
Score Z Classificação Score
Z
Classificação Score Z Classificação
A C -0,25 Normal médio -0,34 Limítrofe 0,71 Na média
C O -0,48 Normal médio -0,34 Limítrofe 0,71 Na média
G M -0,25 Normal médio 0,80 Superior 0,71 Na média
H A 1,38 Normal médio -0,34 Limítrofe 0,71 Na média
I W 0,33 Normal médio 0,80 Superior 1,02 Superior
J M -1,06 Normal baixo -0,34 Limítrofe 0,55 Na média
J V 0,33 Normal médio -0,34 Limítrofe 0,24 Abaixo da média
N 0,33 Normal médio 0,57 Superior -0,71 Fraco
R B -0,94 Normal médio -0,34 Limítrofe -0,71 Fraco
V M -0,83 Normal baixo 0,11 Superior 0,71 Na média
V A -0,83 Normal baixo -0,80 Limítrofe 0,71 Na média
A B. -2,22 Inferior -3,10 Abaixo -2,28 Na média
B M -0,36 Normal médio -0,34 Limítrofe -0,39 Na média
B P 1,49 Superior 1,95 Superior 0,24 Muito superior
B B 0,68 Normal médio 1,95 Superior -2,28 Na média
C F -1,29 Normal baixo -0,11 Superior 0,71 Fraco
K G 1,31 Superior 0,57 Superior -0,55 Abaixo da média
L A 0,80 Normal médio 0,57 Superior 0,55 Na média
L F 1,15 Normal médio -0,11 Superior 0,08 Na média
L F A -0,94 Normal baixo -0,57 Superior 0,24 Na média
Tabela 1. Continuação avaliação comparativa das baterias motoras.
Participante
s
EDM*
MABC-2**
TGMD-2***
Score Z Classificação Score
Z
Classificação Score Z Classificação
161
M E S 0,80 Superior -0,34 Limítrofe 1,02 Na média
M L -0,59 Normal médio 0,57 Superior -0,55 Abaixo da média
N F 0,68 Normal médio 0,80 Superior 0,71 Superior
N V -0,91 Normal baixo -1,03 Limítrofe -2,28 Na média
N W 1,38 Normal médio -0,11 Superior -0,55 Na média
T G -0,94 Normal médio -0,34 Superior 0,71 Superior
Observações: Os valores indicados na tabela são distribuídos entre 0 e 1
Tabela com Escore Z das baterias motoras EDM
*
, MABC-2
**
, TGMD-2
***
.
* EDM=Quociente Motor Geral/ Escala de Desenvolvimento
** ABC=Quociente Motor Geral/ Movimento da Criança ABC
*** TGM=Quociente Motor Geral/ Teste de Desenvolvimento Motor Grosso
As três baterias motoras estão próximas uma em relação à outra em 3,84%
dos casos. As baterias de testes EDM e MABC-2 têm 7,69% dos casos, mais
próximos do que em relação à TGMD-2. Enquanto que a EDM e a TGMD-2 têm
11,53% dos casos, mais próximas que a MABC-2. Detalhes na figura 1.
Figura 1. Desempenho individual nas três baterias motoras: EDM, MABC-2 e TGMD-
2.
2625242322212019181716151413121110987654321
Case Number
4,00
3,00
2,00
1,00
0,00
-1,00
-2,00
Value
SZTTGM
SZTEDM
SZTABC
Performance do grupo nas três baterias motoras
162
No que se refere ao desempenho médio dos participantes, realizou-se uma
ANOVA de medidas repetidas para se testar a diferença média dos participantes
entre as três medidas [EDM, média= -. 005 (
±
1.0); MABC-2, média= 0 (
±
-.9);
TGMD-2, média= 0 (
±
1.0); Mauchly's test 0.78, p 0.57]. Como se pode perceber,
não existe, em média, diferença significativa entre o escore Z total das três
medidas.
Para mensurar o nível de concorrência entre as três baterias motoras desse
estudo, utilizou-se ainda o cálculo do nível de correlação entre as mesmas. Na
averiguação da relação entre os resultados gerais das três baterias motoras,
percebeu-se que apenas a EDM e a MABC-2 possuem correlação significativa
entre elas (r==.606; p= .001).
Perfil dos participantes nas três baterias motoras
Na identificação do perfil médio dos participantes, realizou-se análise de
frequência em cada bateria motora separadamente. Maiores detalhes na tabela 2.
163
Tabela 2. Detalhes das diferentes variáveis avaliadas na EDM, MABC-2, TGMD-2.
Tarefas Média Desvio Padrão Mínimo Máximo
EDM (α = 0,547)
Motricidade fina 112,31 17,49 66 132
Motricidade global 112,85 15,63 66 132
Equilíbrio 106,85 19,52 60 132
Esquema corporal 112,40 17,16 60 132
Organização espacial 91,60 18,98 60 132
Organização temporal 117,28 16,92 60 132
MABC-2 (α = 0,312)
Colocar os pinos 6,27 2,17 2 13
Passar o cordão 7,43 2,18 1 15
Trilha do elefante 6,23 3,42 1 11
Receber a bola com 2 mãos 10,43 2,88 5 15
Arremessar em um alvo 7,76 2,97 3 14
Equilíbrio sobre a tábua 10,31 2,64 3 15
Caminhar para frente 10,99 0,07 10 11
Saltar os quadrados 11,33 1,80 4 12
TGMD-2 (α = 0,411)
Correr 7,35 1,09 4 8
Galopar 5,92 1,28 2 8
Pé manco 8,51 1,47 3 10
Passada 5,43 0,83 2 6
Salto horizontal 6,27 1,59 0 8
Corrida lateral 7,01 1,20 0 8
Rebater 7,07 2,58 0 10
Drible 5,20 1,96 0 8
Agarrar 5,14 1,36 0 6
Chutar 6,76 1,70 0 8
Arremesso 5,76 2,24 0 8
Rolar 5,51 1,92 0 8
*Os resultados da Escala de Desenvolvimento Motor podem variar de 90 a 130, MABC-2 podem
variar de 1 a 20 TGMD-2 podem variar de 1 a 10.
Na EDM, as médias da “organização temporal”, apresentaram a variável mais
alta entre elas, sendo a “organização espacial” a variável mais baixa.
164
No MABC-2, a habilidade de equilíbrio “saltar os quadrados”, foi a variável
cuja média foi mais alta entre elas, e “trilha do elefante” que implica em habilidade
motora fina, foi a variável mais baixa.
No TGMD-2, a habilidade de locomoção, “pé manco”, que implica em saltar
determinada distância com um (perna dominante), foi a variável em média
mais alta entre elas, e “agarrar a bola”, habilidade de controle de objetos foi a
variável com média mais baixa.
Diferenças entre os sexos
Na tabela 3, estão os resultados da Escala de Desenvolvimento Motor (EDM),
Movement ABC-2 (MABC-2) e Teste Motor Grosso (TGMD-2) controlado pelo
sexo dos participantes.
Tabela 3. Diferença motora entre os sexos utilizando a EDM, MABC-2 e TGMD-2.
Variáveis Meninos Meninas
Média DP Média DP
Teste T Significância
EDM
Motricidade Fina 123,82 10,13 117,60 12,78 1,33 0,19
Motricidade Global 110,18 9,00 108,80 8,44 0,40 0,69
Equilíbrio 116,73 20,14 118,00 17,80 -0,17 0,86
Esquema Corporal 109,09 24,2
7
128,00 8,6
8
-2,80 0,01
Organização Espacial 108,00 18,59 105,60 18,81 0,32 0,75
Organização Temporal 124,36 9,70 128,00 7,40 -1,08 0,28
MABC-2
Colocar os pinos 4,55 1,50 2,43 2,32 2,62 0,01
Passar o cordão 3,73 1,79 3,67 2,05 0,07 0,93
Trilha do elefante 0,00 0,00 0,07 0,25 -0,84 0,40
Receber a bola com as 2
mãos
0,00 0,00 0,07 0,25 -0,85 0,40
Arremessar em um alvo 0,55 0,93 0,40 0,73 0,44 0,66
Equilíbrio sobre a tábua 0,09 0,30 0,83 1,62 -1,49 0,14
Caminhar para frente 0,27 0,90 0,27 0,59 0,21 0,98
Saltar os quadrados 0,00 0,00 0,43 1,30 -1,18 0,24
165
Tabela 3. Continuação diferença motora entre os sexos utilizando a EDM, MABC-
2 e TGMD-2.
Variáveis Meninos Meninas
Média DP Média DP
Teste T Significância
TGMD-2
Correr 7,82 0,60 7,60 0,82 0,74 0,46
Galopar 6,45 1,50 6,60 0,91 -0,30 0,76
Pé manco 8,91 2,07 9,53 0,83 -1,06 0,29
Passada 6,36 1,20 5,40 0,73 2,52 0,01
Salto horizontal 7,82 0,60 6,60 1,95 1,98 0,05
Corrida lateral 7,18 1,40 6,00 2,90 1,24 0,22
Rebater 9,09 1,22 9,17 0,96 0,05 0,75
Drible 5,36 2,11 6,00 1,41 -0,92 0,36
Agarrar 6,18 0,60 5,93 0,25 1,43 0,16
Chutar 6,64 1,32 7,93 1,25 -3,02 0,00
Arremesso 5,91 1,75 5,93 1,66 -0,03 0,97
Rolar 7,09 1,22 6,80 1,20 0,60 0,55
DP = desvio padrão
Teste T – diferença entre as médias
Significância – considerada valores abaixo de 0,05
Na EDM, nas habilidades de “motricidade fina”, “motricidade global” e
“organização espacial”, os meninos apresentaram as médias mais altas. Nas
habilidades “equilíbrio”, “esquema corporal” e “organização temporal”, as meninas
se saíram melhor que os meninos. No entanto, apenas a habilidade “esquema
corporal” foi significativa em relação aos sexos.
No Movement ABC-2 (MABC-2), na habilidade de “colocar os pinos”,
“arremessar o saco de feijão no alvo”, e “passar o cordão”, os meninos possuem
médias mais altas, em relação às meninas. Nas habilidades “trilha do elefante”,
“receber a bola com as duas mãos”, “equilíbrio sobre a tábua” e “saltar sobre os
quadrados”, as meninas se saíram melhor que os meninos. A tarefa “colocar o
pino”, inserida nas habilidades de destrezas manuais, foi significativa com relação
aos sexos.
No TGMD-2, as habilidades “correr”, “passada”, “salto horizontal”,
“deslocamento lateral”, “agarrar” e “rolar”, os meninos possuem as médias mais
166
altas, em relação aos sexos. Nas habilidades “galopar”, “pé manco”, “rebater”,
“driblar”, “chutar”, e “arremesso”, as meninas se saíram melhor que os meninos,
porém, apenas “passada”, “salto horizontal” e “chute” foram habilidades
significativas entre os sexos.
Correlações das Tarefas Motoras das Três Baterias
A seguir, na tabela 4, as análises de associação entre as tarefas das três
baterias motoras, controladas pelo sexo, que apresentaram correlações
significativas com nível de probabilidade de 0,05.
Tabela 4 Correlações das variáveis integrantes das baterias motoras no sexo
masculino e feminino
Variáveis Variáveis
Correlações
R p
SEXO MASCULINO
EDM Motricidade global MABC-2 Colocando os pinos
MABC-2 Equilíbrio na tábua
-,803**
,803**
.003
.003
MABC-2 Colocando os pinos MABC-2 Equilíbrio sobre tábua
-,1,00**
.001
MABC-2 Equilíbrio sobre tábua EDM Motricidade global
,803**
.001
TGMD-2 Corrida TGMD-2 Galopar ,702 .007
TGMD-2 Passada TGMD-2 Salto Horizontal
TGMD-2 Rebater
TGMD-2 Receber a bola
TGMD-2 Arremesso
,786**
-,840**
1,00**
-,840**
.004
.001
.000
.001
TGMD-2 Deslocamento lateral
TGMD-2 Corrida
,654
.008
TGMD-2 Rebater MABC-2 Equilíbrio sobre tábua
-,680**
.005
TGMD-2 Quicar a bola TGMD-2 Arremesso
TGMD-2 Rolar
,666
,921**
.007
.001
TGMD-2 Receber a bola MABC-2 Caminhar para frente
-,801**
.000
TGMD-210 Chute EDM Motricidade global
-,760**
.001
167
Tabela 4 Continuação correlações das variáveis integrantes das baterias
motoras no sexo masculino e feminino
Variáveis Variáveis
Correlações
R p
SEXO FEMININO
EDM Motricidade fina MABC-2 Arremessar no alvo -,846** .000
EDM Motricidade global TGMD-2 Chute -,760** .001
EDM Esquema corporal MABC-2 Pular o quadrado -,715 .003
EDM Organização temporal MABC-2 Arremessar no alvo
MABC-2 Pular o quadrado
-,666
-,681
.007
.005
MABC-2 Trilha do elefante MABC-2 Receber a bola 1,00** .000
MABC-2 Arremessar no alvo TGMD-2 Passada
TGMD-2 Salto horizontal
TGMD-2 Rebater
-,717**
-,664**
-,680**
.003
.007
.005
MABC-2 Equilíbrio na tábua TGMD-2 Passada
TGMD-2 Salto horizontal
TGMD-2 Rebater
-,717**
-,664**
-,680**
.003
.007
.005
MABC-2 Pular os quadrados TGMD-2 Agarrar a bola -,808** .000
MABC-2 Caminhar para
frente
EDM Organização temporal -,681** .005
TGMD-2 Correr EDM Esquema corporal ,715** .003
TGMD-2 Pular com um pé
TGMD-2 Deslocamento lateral ,915** .000
TGMD-2 Passada TGMD-2 Rebater ,767** .001
TGMD-2 Drible MABC-2 Pular os quadrados -767** .001
TGMD-2 Arremessar TGMD-2 Drible ,666 .007
TGMD-2 Rolar TGMD-2 Drible ,921** .000
Correlação significativa p = .005
Correlação significativa** p = .001
Questões da EDM, MABC-2, TGMD-2 que apresentam correlação.
R = índice de correlação
p = significância / considerados valores abaixo de 0,05
No sexo masculino, nenhuma das tarefas da EDM apresentou correlação
entre si, apenas com tarefas da MABC-2 e TGMD-2.
No MABC-2, a tarefa de destreza manual (colocando os pinos) possui
correlação negativa com a tarefa de equilíbrio (equilíbrio na Tábua), o que pode
indicar indissociação entre tais habilidades.
168
As habilidades motoras do TGMD-2 foram as que mais se correlacionaram
entre si. As correlações entre elas são apresentadas da seguinte maneira:
“corrida” possui correlação positiva com “galopar”; “passada” correlacionou-se
negativamente com “arremesso” e “rebater”, e positivamente com “salto
horizontal” e “receber a bola”; a tarefa “deslocamento lateral” obteve correlação
positiva com a tarefa “corrida” e por último, “quicar a bola” possui correlação
positiva com “arremesso” e “rolar”.
No sexo feminino, entre outras, destacam-se correlações da motricidade fina
da EDM com a atividade de lançar e receber da MABC-2 (arremessar no alvo). As
tarefas de motricidade global correlacionaram-se com a habilidade de locomoção
“chute”, do TGMD-2.
A tarefa de destreza manual (trilha do elefante) do MABC-2 apresentou
correlação positiva com a tarefa de lançar e receber (receber a bola) do MABC-2.
A tarefa de habilidade de lançar e receber (arremessar no alvo) apresentou
correlação negativa com as tarefas do TGMD-2 (passada, salto horizontal e
rebater). No entanto, a tarefa de equilíbrio (caminhar para frente) se correlacionou
negativamente com organização temporal da EDM.
As habilidades motoras do TGMD-2, todas de Motricidade Global, estão mais
correlacionadas entre si, sendo que a habilidade de locomoção “pular com um pé,
também chamada de “cochinho” ”apresentou correlação positiva com a tarefa
“deslocamento lateral”; “passada” se correlacionou com “rebater”. No entanto, as
tarefas de habilidade motora de controle de objetos “drible”, “arremessar” e “rolar”,
apresentaram correlação negativa com “pular os quadrados” e, positiva com
“drible”, respectivamente.
169
DISCUSSÕES
Performance individual dos participantes nas três baterias motoras
Na análise individual das três baterias motoras, os resultados da EDM foram
comparados ao estudo de Mastroianni, Bofi, Saita, Cruz
6
, no qual se assemelham
nas variáveis: organização espacial e temporal, pois os autores encontraram
resultados muito semelhantes entre os sexos. Porém, os estudos se
diferenciaram em relação ao esquema corporal, pois os autores encontraram
atraso motor para as meninas nessas variáveis.
Perfil dos participantes nas três baterias motoras
Os resultados da EDM de motricidade global e as tarefas de equilíbrio
dinâmico do MABC-2 nos fazem refletir sobre o significado dessas habilidades
motoras, que a motricidade global e equilíbrio fazem parte dos movimentos
dinâmicos corporais e do controle do corpo. A motricidade fina, no entanto, são
habilidades com as mãos e remetem ao controle das próprias mãos e não do
corpo como um todo. Entretanto, nos resultados das tarefas da EDM, esquema
corporal e organização espacial, os dois estão relacionados à postura, imagem do
nosso corpo e localização do outro dentro do próprio espaço. Foram realizados
estudos
6
no qual foram encontrados resultados diferentes, onde as significâncias
positivas entre as tarefas motoras foram nas habilidades de estrutura espaço
temporal e coordenação dinâmica geral. Entretanto, os testes desses autores
170
eram verificados apenas através de desenhos e rotações das estruturas
espaciais.
Os resultados das tarefas de “motricidade fina” do MABC-2 não foram
diferentes do que pensávamos, que um trata-se de tarefas com as mãos e o
outro com tarefas de controle do próprio corpo. No entanto, com relação ao
“equilíbrio” e “motricidade global”, o equilíbrio consiste na manutenção da
estabilidade entre forças internas e externas e é necessário como suporte básico
na realização de ações motoras voluntárias eficientes. Estudos relatam que o
equilíbrio apresenta melhores resultados com relação às habilidades motoras
citadas
16
.
Os resultados das atividades dos testes da EDM (equilíbrio) e MABC-2
(equilíbrio) que possuem o objetivo de medir a mesma coisa, ou seja, é o estado
de um corpo quando forças distintas que atuam sobre ele se compensam e
anulam-se mutuamente, do ponto de vista orgânico, a possibilidade de se manter
posturas, posições e atitudes indicam a existência de equilíbrio não parece coeso
segundo autores
17
, relevando os resultados estatísticos da análise fatorial.
Não foram encontrados resultados de outros estudos para comparar os
efeitos das tarefas de habilidade de controle de objetos (rebater, arremessar e
rolar a bola) das habilidades também do TGMD-2, de habilidade de locomoção
(galopar, salto horizontal e corrida), da TGMD-2, mas não é difícil de entender o
motivo das atividades praticadas com as mãos, serem opostas as atividades de
deslocamento com membros inferiores (rebater e galopar; arremessar e salto
horizontal; rolar a bola e corrida).
171
Diferenças entre os sexos
Os resultados da Movement ABC-2 (MABC-2) diferem dos encontrados em
outros estudos, em que os meninos são superiores apenas nas habilidades com
bola. Estes resultados podem ser explicados pelo tipo de atividades que as
crianças realizam na escola ou ambiente familiar, ou seja, esta diferença pode
estar relacionada à quantidade e qualidade de experiências motoras. Entretanto,
os resultados das meninas, se parecem com estudos onde as meninas tiveram
melhor desempenho nas habilidades de equilíbrio e destrezas manuais
7, 8,9,10
.
Nos estudos de Catuzzo e cols.
11
, com o TGMD-2, meninos e meninas
apresentaram diferenças significativas nas habilidades de locomoção nas faixas
etárias de 8 e 10 anos. Para Lopes
12
houve diferenças significativas em relação
ao sexo nas habilidades de locomoção. No entanto, em seu estudo com crianças
de 6 a 10 anos de idade, de ambos os sexos, observou uma tendência para as
crianças apresentarem perfis de coordenação motora inferiores àqueles
esperados para a sua idade. Com referência às habilidades de controle de
objetos, Rocesvalles et al.
13
não encontraram diferenças significativas. E outros
estudos, porém, os meninos foram superiores nas habilidades de locomoção e
houve diferenças significativas entre os sexos
14, 15, 1
.
Performance do grupo nas três baterias motoras
Na verificação da afinidade entre os resultados gerais das três baterias
motoras, percebeu-se que apenas a EDM e a MABC-2 possuem correlação
172
significativa entre elas. Fato este que pode ser justificado pela sua estrutura
similar que prioriza tarefas motoras mais localizadas ou parcializadas.
Usando o mesmo recurso estatístico, encontrou-se na literatura brasileira, o
estudo de Sorcinelli
4
que teve como objetivo buscar evidências de validade
concorrente de construto entre três testes motores de motricidade fina: Purdue
Pegboard, Finger Tapping e Tempo de Reação Simples.
Correlações das Tarefas Motoras das Três Baterias
Quando se procura relacionar as habilidades das três baterias entre si, as
tarefas de motricidade global da EDM tendem a se correlacionar com as tarefas
de equilíbrio dinâmico do MABC-2 e a não se correlacionar com as tarefas de
destreza manual, também do MABC-2. Este resultado faz refletir sobre o
significado dessas habilidades motoras, que a motricidade global e equilíbrio
fazem parte dos movimentos dinâmicos corporais e do controle do corpo. A
destreza manual, no entanto, são habilidades com as mãos e remetem ao
controle das próprias mãos e não do corpo como um todo.
Entretanto, as tarefas da EDM esquema corporal/rapidez e organização
espacial tiveram correlação negativa. Este resultado foi interessante, pois os dois
estão relacionados à postura, imagem do nosso corpo e localização do outro dentro
do próprio espaço. Mastroianni et al. (2006) realizaram estudo no qual foram
encontrados resultados diferentes, onde as correlações positivas ocorreram entre as
tarefas motoras na estrutura espaço temporal e coordenação dinâmica geral.
173
Entretanto, os testes desses autores eram verificados apenas através de desenhos
e rotações das estruturas espaciais.
As tarefas de “destreza manual” do MABC-2 apresentaram correlação
negativa significativa com a tarefa de “equilíbrio”. Este resultado não foi diferente do
que se pensava, já que um trata-se de tarefa que utiliza as mãos e o outro, tarefa de
controle do próprio corpo. No entanto, “equilíbrio” apresentou correlação positiva
significativa com “motricidade global”. O equilíbrio consiste na manutenção da
estabilidade entre forças internas e externas e é necessário para fornecer suporte
básico na realização de ações motoras voluntárias eficientes. No entanto, estudos
relatam que o equilíbrio apresenta-se significativamente melhor entre os meninos
(BARELA, 2000).
Diversas tarefas do TGMD-2 foram significativas no atual estudo. O “rebater”,
ou seja, tarefa de controle de objetos, apresentou correlação negativa com o
equilíbrio do MABC-2. Contudo, a tarefa “rebater” contém correlação positiva com o
“equilíbrio” da EDM. Esse resultado não parece lógico, que as atividades dos
testes da EDM (equilíbrio) e MABC-2 (equilíbrio) possuem o objetivo de medir a
mesma coisa, ou seja, é o estado de um corpo quando forças distintas que atuam
sobre ele se compensam e anulam-se mutuamente. Do ponto de vista biológico, a
possibilidade de manter posturas, posições e atitudes indicam a existência de
equilíbrio (ROSA NETO, 2002).
As tarefas de habilidade de controle de objetos (rebater, arremessar e rolar a
bola) do TGMD-2 apresentaram correlação negativa estatisticamente significativa
com as tarefas, também do TGMD-2, de habilidade de locomoção (galopar, salto
horizontal e corrida). Não foram encontrados resultados de outros estudos para
174
comparar com os atuais resultados, mas não é difícil de entender o motivo das
atividades praticadas com as mãos pertencerem a diferentes dimensões.
Em relação às tarefas da EDM, as habilidades que foram positivamente
significativas entre si foram motricidade global, equilíbrio, esquema corporal e
organização espacial. Este resultado contrapõe o encontrado no sexo masculino,
mas corrobora com o encontrado no estudo de Mastroianni et al. (2006): em relação
à motricidade global, as meninas tiveram correlação positiva significativa e se saíram
melhor nessa habilidade do que os meninos. Esse fato pode ser observado nos
estudos de Marramarco (2007) que utilizou o Test Gross Motor Development-2 para
a obtenção e análise dos resultados, onde foi observada falta de linearidade no
desenvolvimento das habilidades de controle de objetos. No entanto, Silveira et al.
(2005), analisando os dados referentes ao desenvolvimento das habilidades
motoras, observaram que as crianças avaliadas apresentaram resultados abaixo da
média, pobre e muito pobre, de acordo com a tabela do TGMD-2, independente do
sexo.
Referente às tarefas do MABC-2, as habilidades de destreza manual
apresentaram correlação negativa significativa com as habilidades de “esquema
corporal” e “motricidade global” da EDM. Alguns estudos reportam que, embora não
tenha sido significativo, as meninas apresentaram desempenho melhor nas
destrezas manuais em comparação aos meninos (BARELA, 2000).
As habilidades de pegar do MABC-2, “receber com as duas mãos” e
“arremessar em um alvo”, apresentaram correlação positiva significativa com as
habilidades de “caminhar para trás” do MABC-2 e “deslocamento lateral” do TGMD-
2. Essas duas tarefas são de equilíbrio e locomoção respectivamente. Henderson e
Sugden (2007) encontraram que as habilidades de equilíbrio afastaram-se do
175
desempenho de outras tarefas em ambas as direções, ou seja, algumas crianças
apresentaram desempenho superior e outras, desempenho inferior, nas habilidades
locomotoras.
Nas tarefas do TGMD-2, a maioria delas correlacionou positiva e
significativamente com outras tarefas também do TGMD-2 mas, curiosamente, as
habilidades de controle de objetos “lançar a bola por cima” e “lançar a bola por
baixo” apresentaram correlação negativa e significativa com as habilidades de
locomoção.
Nas tarefas de correlações encontradas entre as variáveis avaliadas pelos
três instrumentos, controladas pelo sexo feminino dos participantes, os resultados
da EDM foi o oposto do encontrado no sexo masculino, mas igualmente ao estudo
de Mastroianni
6
, em relação à motricidade global, as meninas tiveram correlação
positiva e se saíram melhor nessa habilidade do que os meninos. Esse fato pode
ser observado nos estudos de Marramarco
18
, que utilizou o Test Gross Motor
Development-2 na análise dos resultados, onde foi observada uma falta de
linearidade no desenvolvimento das habilidades de controle de objetos. No
entanto, Silveira
19
, analisando os dados referentes ao desenvolvimento das
habilidades motoras, observou que as crianças avaliadas apresentam resultado
abaixo da média, pobre e muito pobre, de acordo com a tabela do TGMD-2,
independente do sexo.
Nas tarefas do MABC-2, alguns estudos reportam que embora não tenham
sido significativas as habilidades de destreza manual, as meninas tiveram um
desempenho melhor nestas atividades
17.
176
As tarefas do MABC-2, “receber com as duas mãos” e “arremessar em um
alvo”, “caminhar para frente” e “deslocamento lateral” da TGMD-2 são tarefas de
equilíbrio e locomoção respectivamente. As habilidades de equilíbrio se afastaram
do desempenho de outras tarefas em ambas as direções, ou seja, percebe-se que
algumas crianças possuem desempenho superior e outras desempenho inferior
no equilíbrio com relação ao das habilidades locomotoras
2
.
CONCLUSÃO
Com relação ao desempenho individual dos participantes, podemos concluir
que as três baterias motoras se apresentam bem distintas em relação aos
resultados individuais. Resultado esperado, pois são baterias diferentes e se
propõe a avaliar diferentes aspectos do desenvolvimento motor. No entanto, no
geral ou em termos médios, não existe diferença significativa entre os postos de
cada criança nas três avaliações. Além de existir correlação significativa positiva
entre os resultados gerais da EDM e a MABC-2.
Percebemos na diferenciação entre os sexos que o sexo masculino possui
melhor resultado nas habilidades motoras em geral. Resultado esse que tem
apoio das literaturas
11, 20, 21,22
. Talvez essa superioridade masculina, deva-se à
preferência pelos jogos de contato e agilidade que foram mais praticados pelo
sexo masculino desde a mais tenra idade, deixando para as meninas as
atividades mais calmas e delicadas próprias de sua “fragilidade feminina”.
As correlações entre as tarefas motoras das três baterias caracterizadas pelo
sexo masculino e feminino foram bem individualizadas entre si, talvez, pelo
177
número reduzido de participantes dessa pesquisa, tornando-se difícil achar um
resultado concreto para a questão.
Nossos dados preliminares, produziram os primeiros conhecimentos na
literatura da possibilidade de uma avaliação concorrente dentre os três
instrumentos. Pesquisas confirmatórias com um número de participantes maior se
fazem necessárias.
REFERÊNCIAS
1 Rosa Neto, F. Manual de Avaliação Motora, Porto Alegre: Artmed, 2002.
2 Henderson, S. E. Sugden, D. A The Movement Assessment Battery for Children.
Second Edition. San Antonio, Texas. 2007.
3 Ulrich, D. A. Test of Gross Development, Second edition. Examiner’s Manual.
PRO-ED, Austin, 2000.
4 Sorcinelli, A R. Avaliação da habilidade motora manual em crianças de 5 e 6 anos
de duas escolas paulistanas. Tese (Mestrado em Distúrbio do Desenvolvimento)
Universidade Presbiteriana, São Paulo, 2008.
5 Albuquerque, T. A. Farinatti, P. T. V. Desenvolvimento e validação de um novo
sistema de valorização de talentos para a Ginástica Olímpica feminina: a bateria
PDGO. Rev Bras Med Esporte, 2007; 13 (3).
6 Mastroianni, E.C.Q; Boffi, T.C; Saita, L. S; Cruz, M.L.S. ABCD no LAR Aprender,
brincar, crescer e desenvolver no Laboratório de Atividades Lúdico Recreativas. In:
Pinho, S.Z; Saglietti, J.R.C. (Org.) Unesp/Escola Núcleos de Ensino, São Paulo:
Unesp, 2006; 3 (1): 557 – 567.
178
7 Souza, C. et al. O teste ABC do movimento em crianças de ambientes diferentes.
Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2007;v7 (1): 36-47.
8 Piek, J. P. et al. Limb and gender differences in the development of coordination in
early infancy. Human Movement Science, 2002; 21 (5-6): 621-639.
9 Ruiz, L. M. et al. The assessment of motor coordination in children with the
movement ABC test: A comparative study among Japan, USA and Spain.
International Journal of Applied Sport Sciences, 2003; 15 (1) 22-35.
10 Livesey, D.; Coleman, R.; Piek, J. Performance on the Movement Assessmente
Battery for Children by Australian 3- to 5- year- old children. Child: Care Health and
Development, 2007,33(6) 713- 9.
11 Cattuzzo, M. T. et al. Teste de desenvolvimento motor grosso: um estudo com
crianças de Muzambino, MG, de 6 a 10 anos de idade. Revista Brasileira de
Educação Física e esporte.São Paulo, 2006; 20 (31).
12 Lopes, G.B. Desempenho de meninos e meninas destras com 7 anos de idade
em tarefa motora digital. Tese (Mestrado em Distúrbio do Desenvolvimento)
Universidade Presbiteriana, São Paulo, 2003.
13 Roncesvalles M. N. et al. Motor skill development of children at risk for obesity.
The preliminary program for 2007 AAHPERD National Convention an Exposition,
2007; 114(10): 1339-1348.
14 Valentini, N.C. Percepções de competência e desenvolvimento motor de meninos
e meninas: um estudo transversal. Movimento, 2002; 8 (2): 51-62.
15 Villwock, G. O estudo desenvolvimentista da percepção de competência atlética,
da orientação motivacional, da competência motora e suas relações em crianças de
escola pública. Dissertação. Mestrado em Ciências do Movimento Humano,
Universidade federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005.
179
16 Barella, J.A. Estratégias de controle em movimentos complexos: ciclo-
percepção- ação no controle postural. Revista Paulista de Educação Física, 2000; 3:
79-88.
17 Rosa Neto F, Oliveira AJ, Pires MMS, Luna JLS. Perfil biopsicossocial de
crianças disléxicas. Temas em Desenvolvimento, 2000; 9(51): 21-24.
18 Marramarco, C.A Relação entre o estado nutricional e o desempenho motor de
crianças do município de Farroupilha, RS. Tese (Mestrado em Ciências do
Movimento Humano) UDESC-CEFID, Florianópolis, 2007.
19 Silveira, C. R. S; Menuchi, M. R. T. P; Simões, C. S; Caetano, M. J. D; Gobbi, L.
T. B. Validade de construção em teste de equilíbrio: ordenação cronológica na
apresentação das tarefas. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho
Humano, , 2006; 8 (3): 66-72.
20 Paim, M.C.C. Desenvolvimento motor de crianças Pré-escolares entre 5 e 6 anos.
Revista efdesportes, 2003; 8 (58): 58-63.
21 Trost, S.G. et. al. Age and gender differences in objectively measured physical
activity in youth. Medicine Science Sports Exercises, 2002; 34 (2): 350-355.
22 Guerra, et. al. Assessment of children’s and adolescent’s of fysical ativity level’s.
European Fhysical Education Rewiew, 2003; 9 (1): 75-85.
23 Dancey, P. C; Reidy, J. Estatística sem matemática: para psicologia. Tradução
Lorí Viali- Porto Alegre: Artmed, 2006.
24 Le Bouch, Jean. A educação pelo movimento: a psicocinética na idade escolar.
Porto Alegre, Artes Médicas, 1983: 37-36.
180
ANEXO A
181
182
ANEXO B
183
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS- GRADUAÇÃO PROPPG
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS- GRADUAÇÃO PROPPG
COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUI S A
EM SERE S HUMANO S - CEPSH
DECLARAÇÃO DE CIÊNCIA E CONCORDÂNCIA DAS INSTITUIÇÕES
ENVOLVIDAS
Com o objetivo de atender às exigências para a obtenção de parecer do
Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos, os representantes legais das
instituições envolvidas no projeto de pesquisa intitulada Comparação e validação de
três baterias motoras: ABC, EDM, TGMD-2”, declaram estarem cientes e de acordo
com seu desenvolvimento nos termos propostos, lembrando aos pesquisadores que
no desenvolvimento do referido projeto de pesquisa, serão cumpridos os termos da
resolução 196/96 e 251/97 do Conselho Nacional de Saúde.
Florianópolis, ____ / ________ / _________ .
_________________________________________
Ass: Pesquisador responsável (Orientador)
____________________________________________
Ass: do responsável pela Instituição (de origem)
__________________________________________________
Ass: Responsável de outra instituição
Nome:
Cargo:
Instituição:
Número de Telefone:
__________________________________________________
Ass: Responsável de outra instituição
Nome:
Cargo:
Instituição:
Número de Telefone:
184
UNIVER SIDA D E DO ESTADO DE SANTA CATARINA
UNIVER SIDA D E DO ESTADO DE SANTA CATARINA
PRÓ- REITORIA DE PESQUI SA E PÓS- GRADUA ÇÃ O PROPPG
PRÓ- REITORIA DE PESQUI SA E PÓS- GRADUA ÇÃ O PROPPG
COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUI S A
EM SERE S HUMANO S - CEPSH
TERMO DE CONSENTI M E N TO LIVRE E
ESCLAR EC IDO
Título do Projeto: Comparação e validação de três baterias motoras: ABC, EDM,
TGM-D2.
TERMO DE CONSENTIMENTO AOS RESPONSÁVEIS
LEGAIS DA CRIANÇA
Eu, ______________________________, aceito a participação do meu/minha filho
(a), _____________________________________, no trabalho de pesquisa da professora
mestranda Rozana Aparecida da Silveira do Centro de Ciências da Saúde e do Esporte da
Universidade do Estado de Santa Catarina. A pesquisa tem o objetivo de avaliar possíveis
aspectos em termos de similaridades e particularidades das baterias motoras M-ABC, EDM e
TGMD-2 e analisar o processo de aplicação das mesmas em crianças de 9 e 10 anos de idade.
Estou ciente que será feito uma avaliação motora, onde a criança deverá realizar
atividades como deslocar pinos de linhas, rosquear porcas no parafuso, arremessar e pegar
bolas, desenhar, quicar, chutar e rolar uma bola, arremessar um saco de feijão, equilibrar-se,
pular nos quadrados, saltar em um só, correr, saltar, rebater e realizar provas simples de
imitação e conhecimento do próprio corpo, além da lateralidade. Estou ciente que os
resultados do estudo podem ser publicados e que a pesquisadora Rozana Aparecida da
Silveira se responsabiliza de manter sigilo do nome e da identidade de meu/minha filho (a).
Compreendo que em caso de confusão de meu/minha filho (a), posso esperar o devido
cuidado dos responsáveis pela pesquisa. Fui informado que não serei remunerado pela
participação de meu filho (a) na pesquisa, podendo, a qualquer momento, retirar meu
consentimento caso haja qualquer prejuízo ao meu filho (protegido legal).
Qualquer dúvida que tiver em relação a pesquisa ou a participação do meu/minha
filho(a) poderei entrar em contato antes e durante a pesquisa com Rozana Aparecida da
Silveira pelo telefone (48) 91671389.
_____________________________________ Data:_____________
Assinatura do responsável legal pela criança
185
_____________________________________ Data:_____________
Assinatura da pesquisadora
CONSENTIMENTO PARA FOTOGRAFIAS, VÍDEOS E GRAVAÇÕES.
Eu _________________________________________________________________
permito que a professora mestranda Rozana Aparecida da Silveira obtenha fotografia,
filmagem ou gravação de meu/minha filho (a) para fins de pesquisa, científico, médico e
educacional.
Eu concordo que o material e informações obtidas relacionadas ao meu/minha filho (a)
possam ser publicados em aulas, congressos, palestras ou periódicos científicos. Porém,
meu/minha filho (a) não deve ser identificado(a) por nome em qualquer uma das vias de
publicação ou uso.
As fotografias, vídeos e gravações ficarão sob a propriedade da pesquisadora Rozana
Aparecida da Silveira pertinentes ao estudo e, sob a guarda da mesma.
Nome do pai/ ou responsável:
___________________________________________________
Assinatura:
___________________________________________________
Pesquisadora:
Nome: Rozana Aparecida da Silveira
Assinatura:_____________________________________
______________
Data e Local onde será realizado o projeto: ________________________________________
186
EXEMPLOS DE FORMULÁRIOS DE REGISTRO DAS BATERIAS MOTORAS EM
PESQUISA
187
188
Formurio de Registro
F
aixa Etária 2 (7-10 anos)
Escores dos Itens e Escores Padrão Equivalente
Código do
item
Nome do item Escore bruto
(melhor tentativa)
Escore
padrão do
Item
Mão preferida
Colocando Pinos
DM 1*
Mão não - preferida
Colocando Pinos
DM 2 Passando o Cordão
DM 3 Desenhando a Trilha
L&R 1 Recebendo com Duas Mãos
L&R 2 Lançando o Saco de Feijão sobre o Alvo
Bateria de Avaliação do
Movimento para Crianças -
2
Nome: Sexo: M / F
Endereço Residencial:
Escola: Série / Ano:
Avaliado por:
Fonte de indicação:
Mão preferida (escrita):
Dia
Mês
Ano
Data do Teste
Movement ABC-2 Data de Nascimento
S / N
Idade Cronológica Completou Checklist?
189
TGMD-2 Dale Ulrich – 2000
FITA: _________Nº:______CRIANÇA: ________________________________________
Descrição:________________________________________________________________
Habilidades Critérios de Realização Teste
Es
Subteste de locomoção
1.Corrida
1. Os braços movem-se em oposição às pernas, cotovelos flexionados.
2. Breve período onde ambos os pés estão fora do chão (vôo momentâneo)
3. Posicionamento estreito dos pés, aterrissando nos calcanhares ou dedos (não pé
chato)
4. Perna que não suporta o peso, flexionada a aproximadamente 90º (perto das
nádegas)
Escore da Habilidade
2.Galopar
1. Braços flexionados e mantidos na altura da cintura no momento que os pés
deixam o solo
2. Um passo a frente com o pé que lidera seguido por um passo com o pé que é
puxado, numa posição ao lado ou atrás do pé que lidera.
3. Breve período em que ambos os pés estão fora do chão
4. Manter o padrão rítmico por quatro galopes consecutivos
Escore da Habilidade
3.Salto
com 1 pé
1. A perna de não suporte movimenta-se para frente de modo pendular para
produzir força
2. O pé da perna de não suporte permanece atrás do corpo
3. Braços flexionados e movimentam-se para frente para produzir força
4. Levanta vôo e aterrissa por 3 saltos consecutivos com o pé preferido
5. Levanta vôo e aterrissa por 3 saltos consecutivos com o pé não preferido
Escore da Habilidade
4.Passada
1. Levantar vôo com um pé e aterrissa com o pé opositor
2. Um período em que ambos os pés estão fora do chão, passada maior que na
corrida.
3. O braço oposto ao pé que lidera faz uma extensão a frente
Escore da Habilidade
5.Salto
Horizontal
1. Movimento preparatório inclui a flexão de ambas os joelhos com os braços
estendidos atrás do corpo
2. Braços são entendidos com força para frente e para cima atingindo uma
extensão máxima acima da cabeça
3. levanta vôo e aterrissa (tocar o solo) com ambos os pés simultaneamente
4. Os braços são trazidos para baixo durante a aterrissagem
Escore da Habilidade
6.Corrida
Lateral
1. De lado para o caminho a ser percorrido, os ombros devem estar alinhados com
a linha no solo
2. Um passo lateral com o pé que lidera seguido por um passo lateral com o pé que
acompanha num ponto próximo ao pé que lidera
3. Um mínimo de quatro ciclos de passadas laterais com o lado direito
4. Um mínimo de quatro ciclos de passadas laterais com o lado esquerdo
Escore da Habilidade
Resultado bruto do subteste de locomoção
190
Habilidades Critérios de Realização Teste
Es
Subteste de controle de objetos
1. Rebater
uma bola
parada
1. A mão dominante segura o bastão acima da mão não dominante
2. O lado não preferencial do corpo de frente para um arremessador imaginário, com
os pés em paralelo.
3. Rotação de quadril e ombro durante o balanceio
4. Transfere o peso do corpo para o pé da frente
5. O bastão acerta a bola
Escore da Habilidade
2. Quicar
no lugar
1. contata a bola com uma mão na linha da cintura
2. Empurrar a bola com os dedos (não com a palma)
3. A bola toca o solo na frente ou ao lado do pé do lado de preferência
4. Manter o controle da bola por quatro quiques consecutivos, sem mover os pés
para segurar a bola
Escore da Habilidade
3.Receber
1.Fase de preparação, onde as mãos estão a frente do corpo e cotovelos flexionados
2.Os braços são estendidos enquanto alcançam a bola conforme a bola se aproxima
3.A bola é segura somente com as mãos
Escore da Habilidade
4. Chute
1. Aproximação rápida e continua em direção a bola
2. Um passo alongado imediatamente antes do contato com a bola
3. O pé de apoio é colocado ao lado ou levemente atrás da bola
4. Chuta a bola com o peito de pé (cordão do tênis) ou dedo do pé, ou parte interna
do pé de preferência.
Escore da Habilidade
5.Arremess
o por cima
do ombro
1. Movimento de arco é iniciado com movimento para baixo (trás) da mão/braço
2. Rotação de quadril e ombros até o ponto onde o lado oposto ao do arremesso fica
de frente para a parede
3. O peso é transferido com um passo (à frente) com o pé oposto á mão que
arremessa
4. Acompanhamento, após soltar a bola, diagonalmente cruzado em frente ao corpo
em direção ao lado não preferencial
Escore da Habilidade
6.Rolar a
bola por
baixo
1. A mão preferencial movimenta-se para baixo e para traz, estendida atrás do
tronco, enquanto o peito esta de frente para os cones.
2. Um passo a frente com o pé oposto à mão preferencial em direção aos cones.
3.Flexiona joelhos para abaixar o corpo
4. Solta a bola perto do chão de forma que a bola não quique mais do que 10,16 cm
de altura
Escore da Habilidade
Resultado bruto do subteste de controle de objeto
191
Idade:________ Escore
Bruto
Escore
Padrão
Percentil Idade
Equivalente
Locomoção
Controle de objeto
Soma dos Escores padrão
Coeficiente Motor Amplo
192
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