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interferir, dificultando com issso, o tratamento e controle. Dentre os agentes etiológicos, as
bactérias ocorrem com maior frequência, constituindo cerca de 80 a 90% dos casos, dentre as
quais as mais comuns são: Staphylococcus aureus, Staphylococcus ssp, Staphylococcus
agalactiae, Streptococcus dysgalactiae e Streptococcus uberis, Corynebacterium spp.,
Escherichia coli, Nocardis ssp, Protoheca zopfii, entre outras (COSTA et al.,1997;
COSTA,1998; COSTA et al. 2000). Dentre estas, destacam-se as espécies do gênero
Staphylococcus.
No Brasil, Brabes et al.(1999), caracterizaram as espécies bacterianas isoladas de
mastite. Foram estudadas estirpes provenientes de amostras de leite de animais com mastite
clínica e subclínica nos estados de São Paulo e Minas Gerais. Das 127 estirpes estudadas, as
espécies mais encontradas foram Staphylococcus aureus (39%), S. chromogenes (11%), S.
scuri (9%), S. simulans (7%), S. hyicus (6%), S. xylosus (5%), S. warneri (2%), S
.epidermidis (0,78%), S. hominis (0,78%), S. caprae (0,78%), S. saprophyticus (0,78%),
sendo que destas, 16 apresentaram produção de enterotoxinas. A capacidade destas de
sintetizar enterotoxinas representa na atualidade um sério problema à saúde coletiva.
Mc Ewen et al. (1991) obtiveram que a ocorrência de resíduo no leite, estava
associada com um aumento na frequência de tratamento de vacas em lactação, com
antimicrobianos por via intramamária, indicando que proprietários devem ter um cuidado
extra, quando tratar as vacas por esta via. Muitos proprietários, segundo os autores no estudo
referido, usavam antimicrobiano intramamário, quando achavam necessário, sem nenhuma
orientação direta do veterinário.
Raia & Costa (2001) avaliaram 60 amostras de tanques resfriadores de diferentes
propriedades leiteiras, as amostras que apresentaram alta percentagem de mastite clínica
foram relacionadas com a detecção de resíduo de antimicrobianos no leite,reforçando ser a
ocorrência de mastite clínica um fator predisponente importante para a presença de resíduos
no leite de tanques resfriadores das propriedades.
Se a mastite é um problema, o seu controle através do uso de antimicrobianos impõe
outro desafio para a manutenção da qualidade do leite: o resíduo de antimicrobianos
no produto. A contaminação do leite e, conseqüentemente, dos produtos lácteos por
antimicrobianos, deve-se principalmente ao tratamento de vacas em lactação com
problemas de mastite ou ao tratamento durante o período seco, para controlar a mastite
(GIGANTE, 2004).
A presença de resíduo do antimicrobiano no leite constitui um problema por duas
razões principais: primeiro, porque é um problema de saúde pública; segundo, porque
mesmo em baixos níveis pode afetar o comportamento e atividade das culturas
lácticas, causando perdas consideráveis para a qualidade dos produtos e para a indústria
laticinista (GIGANTE, 2004).
Uma vez que o leite contaminado com resíduo de antimicrobiano dê entrada na
indústria, praticamente nada pode ser feito para evitar sua presença no leite fluido ou nos
produtos lácteos. Os tratamentos usuais aos quais o leite é submetido, como filtração,
resfriamento e tratamento térmico na faixa de 72-75°C por 15 a 20 segundos, têm
pouca ou nenhuma influência sobre o conteúdo de antimicrobianos. Mesmo o tratamento
UHT a 130-140°C por 2 a 4 segundos não é suficiente para destruir 100% dos
antimicrobianos (GIGANTE, 2004).