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Rovana Chaves
A SÉRIE “A MEDIADORA” E AS JOVENS LEITORAS
Passo Fundo
2010
UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS – MESTRADO EM LETRAS
Campus I – Prédio B3, sala 106 – Bairro São José – Cep. 99001-970 - Passo Fundo/RS
Fone (54) 3316-8341 – Fax (54) 3316-8330 – E-mail: mes[email protected]r
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Rovana Chaves
A SÉRIE “A MEDIADORA” E AS JOVENS LEITORAS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Letras, do Instituto de Filosofia e
Ciências Humanas da Universidade de Passo Fundo,
como requisito para obtenção do grau de mestre em
Letras, sob a orientação da Profª. Dr. Fabiane Verardi
Burlamaque.
Passo Fundo
2010
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CIP – Catalogação na Publicação
__________________________________________________________________
C512s Chaves, Rovana
A série “A mediadora” e as jovens leitoras / Rovana
Chaves. – 2010.
109 f. : il. ; 30 cm.
Orientação: Profª Dr. Fabiane Verardi Burlamaque.
Dissertação (Mestrado em Letras) – Universidade de
Passo Fundo, 2010.
1. Literatura – História e crítica. 2. Leitura - Prática. 3.
Leitura – Meios auxiliares. 4. Literatura – Estética. I.
Burlamaque, Fabiane Verardi, orientadora. II. Título.
CDU : 82.01
__________________________________________________________________
Catalogação: Bibliotecária Jucelei Rodrigues Domingues - CRB 10/1569
A todas as leitoras de “A mediadora”, razão de ser
deste trabalho.
Agradeço, em primeiro lugar, a Deus, pela vida;
Aos meus pais Osmar e Ceres Chaves, que sempre
me apoiaram muito em toda a minha jornada, dando-
me força nos momentos de desânimo. Agradeço,
também, por sempre terem acreditado em minha
capacidade, quando eu mesma a ignorava;
Ao meu irmão Rômulo e à minha cunhada Bruna,
que sempre me incentivaram com palavras de
otimismo e companheirismo;
À minha colega e amiga Nathalia Ribas, por ter me
estendido a mão nos momentos de angústia, pela
forte amizade e pelas muitas trocas de ideias;
E um agradecimento especial à minha orientadora
Fabiane Verardi Burlamaque, pelo aprendizado e
pela dedicação a mim empenhada.
RESUMO
Esta pesquisa traz como objeto de estudo a série “A mediadora”, de Meg Cabot. Nesta
investigação, que se vincula à linha de pesquisa “Leitura e formação do leitor”, são
observadas as experiências de leitura de vinte jovens com idade entre treze e vinte e sete anos,
as quais fazem parte de uma comunidade leitora, também denominada “A mediadora”,
hospedada na página de relacionamentos Orkut. Os dados coletados por meio de
questionário aplicado ao grupo através de correspondência eletrônica são analisados com
base em estudos da Estética da Recepção e da Teoria do Efeito, empreendidos,
respectivamente, por Hans Robert Jauss e Wolfgang Iser. O objetivo geral do estudo consiste
em apreender as experiências de vida e preferências de leitura que essas leitoras têm em
comum e que concorrem para a escolha da série em foco. os objetivos específicos são:
verificar se as participantes tiveram o mesmo tipo de formação leitora e quais foram os fatores
e mediadores envolvidos nesse processo; observar as razões que as levam a selecionar essa
coleção, relacionando sua experiência real com sua experiência literária; evidenciar a forma
como se processa a interação entre o texto, a leitora e a autora, bem como a forma como se dá
a recepção da série pelas jovens, destacando suas expectativas em relação à obra, e,
finalmente, analisar a forma pela qual se a socialização de leituras entre as pesquisadas. A
realização desta pesquisa de caráter qualitativo-interpretativo e bibliográfico justifica-se pela
escassez de estudos relativos à recepção de obras e textos pelo público feminino jovem.
Palavras-chave: Jovens Leitoras. Série A Mediadora”. Comunidade Leitora. Estética
da Recepção. Teoria do Efeito.
ABSTRACT
This research has as object of study the series The Mediator”, by Meg Cabot. In this
investigation, related to the line of research “Reading and reader formation”, are observed the
reading experiences of twenty young adults with ages between thirteen and twenty seven
years old, which make part of a reading community, also named The Mediator” hosted in
Orkut. The data collected by a questionnaire applied to the group by electronic mail are
analyzed based on the studies of Reception Aesthetics and the Theory of the Effect,
performed, respectively by Hans Robert Jauss e Wolfgang Iser. The overall objective of this
study is to understand the experiences and preferences that these readers have in common and
results in the choice of the series in focus. The specifics objectives are: Verifying if all the
participants had the same kind of reading formation and which were the factors and mediators
involved in this process; Observing the reasons that lead them to choose this collection,
related with their real experience and literally experience; Showing not only the way that the
text, the reading and the author interact, as the way the young readers receipt the series,
highlighting their expectations related to the book, and, finally, analyzing the way that occurs
the reading socialization between the researches. The writing of this study, by qualitative,
interpretive and bibliographic research, is justified by the fewer studies related with the
reading reception of the young female audience.
Key-words: Young Female Readers. The Series “The Mediator”. Reading Community.
Aesthetics Of Reception. Theory Of The Effect.
SUMÁRIO
ENTRE A TEORIA E OS FATOS: A PESQUISADORA COMO “MEDIADORA” ............. 8
1 ENTRE A REALIDADE E A FICÇÃO: A LEITORA COMO “MEDIADORA”.............. 13
1.1 Um olhar sobre quem lê.............................................................................................. 13
1.2. O leitor: um construtor de sentidos ............................................................................ 16
1.3 Entre leitoras e livros: da imposição à interação e à criação ........................................ 18
1.4 O efeito da leitura sobre a mulher: a fuga da vida real ou um outro modo de (vi)ver? . 23
3 ENTRE UMA LEITORA E OUTRA: A COMUNIDADE VIRTUAL COMO
“MEDIADORA” ................................................................................................................. 33
3.1 “A mediadora”: um fenômeno entre as leitoras........................................................... 33
3.2 As leitoras e seus mediadores ..................................................................................... 38
3.3 A série como “mediadora” na formação de leitoras..................................................... 43
3.4 As leitoras como “mediadoras”................................................................................... 49
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................... 59
REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 62
APÊNDICES ....................................................................................................................... 65
ENTRE A TEORIA E OS FATOS: A PESQUISADORA COMO
“MEDIADORA”
Pode-se afirmar que a leitura começou a fazer parte da vida feminina a partir do século
XIX, momento em que espaços culturais e de leitura tornaram-se públicos, levando a cultura a
assumir, em certa medida, forma de mercadoria.
Ao mesmo tempo, leituras de entretenimento passaram a ser associadas ao mundo
feminino e infantil. Destaca-se que essa modalidade de leitura poderia, segundo o pensamento
então vigente, “encantar” as mulheres por seu tom narrativo e pela ênfase dada às
personagens, ao ambiente e aos acontecimentos. O perfil de entretenimento das leituras
destinadas às mulheres parece ter se mantido com a passagem dos anos, apesar de terem
ocorrido significativas transformações com esse público: as mulheres, antes obrigadas a ficar
em casa, hoje estão em aparente condição de igualdade em relação aos homens na sociedade
no ponto de vista intelectual, fazendo parte do mercado de trabalho mesmo podendo haver,
em alguns casos, salários inferiores aos dos homens –, da política, enfim, desempenhando
diversos papéis de liderança.
Ao final do século XIX, a educação da mulher justificava-se de acordo com o seguinte
conceito: “para que a filha fosse obediente, a esposa fiel, a mulher exemplar, cumpre
desenvolver a sua inteligência para instrução e formar o espírito na educação” (MORAIS,
2002, p. 498). Com esse objetivo, instruíam-se as mulheres para que elas próprias pudessem
exercer, nos bastidores, o papel de colaboradoras para o progresso da humanidade. Atrelada a
tal intenção de “instruir” o público feminino, fez-se presente, nesse contexto, também a
leitura. A respeito desse tema específico, sabe-se que, entre as diferentes razões capazes de
levar alguém a ler, pode-se elencar o lazer, bem como o anseio de refugiar-se na ficção, numa
espécie de afastamento do mundo real. Ao lado de tais motivações, deve-se considerar, ainda,
a preferências das leitoras, cujas peculiaridades podem auxiliá-las na escolha do que ler e na
formulação de sentido sobre essa leitura.
Com base em tais premissas, esta pesquisa traz como objeto de estudo a rie “A
mediadora”, de Meg Cabot. Nesta investigação, o observadas as experiências de leitura de
vinte jovens com idade entre treze e vinte e sete anos, as quais fazem parte de uma
comunidade leitora, também denominada “A mediadora”, hospedada na página de
relacionamentos Orkut. A escolha de jovens leitoras como sujeitos desta pesquisa justifica-se,
9
em primeiro lugar, pelo fato de a série ter como personagem principal uma jovem, a fim de se
verificar, nesse caso, o que determina a preferência pela série. Já a justificativa para o
desenvolvimento deste estudo diz respeito à quantidade de investigações envolvendo o
público leitor jovem especialmente do gênero feminino –, a qual parece ter sido menor se
comparada ao número de estudos que abordam a leitura para crianças e adultos. Convém
ressaltar, ainda, que, de acordo com o que se pôde averiguar, não outra pesquisa, além
desta, que trate especificamente da leitora, e mediadora” da coleção A mediadora”, de
autoria de Meg Cabot, razão que justificou, também, a escolha do objeto deste estudo.
A presente investigação caracteriza-se como pesquisa de campo, qualitativa e com
abordagem descritiva, tendo como objetivo geral observar as experiências de leitura de vinte
jovens com idade entre treze e vinte e sete anos, as quais fazem parte de uma comunidade
leitora denominada “A mediadora”, hospedada na página de relacionamentos Orkut. Além
disso, busca-se verificar se as participantes tiveram o mesmo tipo de formação leitora e quais
foram os fatores e mediadores envolvidos nesse processo; observar as razões que as levaram a
selecionar essa coleção; evidenciar a forma como se processa a interação entre o texto, a
leitora e a autora, bem como a forma como se a recepção darie pelas jovens, destacando
suas expectativas em relação à obra; e, finalmente, analisar a forma pela qual se dá a
socialização de leituras entre as pesquisadas, a fim de averiguar se a comunidade virtual de
que fazem parte assume algum papel relevante na formação contínua de mais leitoras desta e
de outras narrativas.
A coleta de dados é realizada por meio do contato virtual da pesquisadora com um
grupo composto por vinte jovens de variadas regiões do Brasil oportunidade proporcionada
pelos avanços tecnológicos, neste caso, a internet –, com idades entre 13 a 27 anos, formado
por participantes de comunidades e fóruns virtuais acerca da série
1
. Foram encontrados, ao
todo, 10 comunidades leitoras e cerca de 15 fóruns, em diversas páginas na rede virtual. Mas,
para que os dados fossem mais precisos, foi adotada a comunidade “A mediadora”, tendo o
1
É válido mencionar que, na fase de estruturação do projeto de pesquisa, pensou-se na possibilidade de o estudo
ser desenvolvido com um grupo de leitoras da série em Palmeira das Missões/RS, cidade onde reside a
pesquisadora. Porém, como nem todas as jovens se dispuseram a participar – apenas três demonstraram interesse
–, optou-se por coletar dados onde houvesse participação espontânea das leitoras da série. Tal mudança de
abordagem foi feita, também, para garantir um número maior de material à coleta de dados, sendo estes extraídos
em um contexto especialmente criado em torno do assunto em foco. Faz-se necessário ressaltar que os dados
coletados em conversas informais orientadas pelo roteiro apresentado em APÊNDICE U com as leitoras de
Palmeira das Missões serviram como ponto de apoio e partida para a elaboração de um material mais preciso, ou
seja, de um questionário posteriormente remetido às participantes da já mencionada comunidade, o qual se
encontra nos APÊNDICES de A a T.
10
número de 8.980 membros no total. Sua escolha se justifica porque essa foi a maior
comunidade localizada, comparada, também, ao número de participantes dos fóruns.
O período de vigência da coleta de dados se deu a partir do mês de fevereiro de 2007
até julho de 2009. Os primeiros contatos com as leitoras deram-se na fase de estruturação do
projeto de pesquisa, a partir da comunidade virtual da página de relacionamentos Orkut citada
anteriormente. Por meio de um tópico lançado no fórum no dia 7 de novembro de 2007, a
pesquisadora apresentou-se, explanou sobre a natureza do trabalho que seria realizado,
perguntando se algum membro gostaria de colaborar com a pesquisa, por meio de suas
respostas a um questionário sobre a coleção. Sua solicitação obteve vinte respostas positivas,
constituindo, assim, o grupo de sujeitos participantes. Em seguida, a pesquisadora lançou a
questão que deu início às discussões:
Agradeço pela disponibilidade de vocês!
Gostaria de dizer que serão lançadas uma série de perguntas para que possamos
sempre estar discutindo sobre a Série, ok? A primeira curiosidade é saber como
vocês começaram a ter contato com esta série? De que forma, conheceram "A
mediadora"? (Pesquisadora, 20/02/08 – Comunidade "A mediadora")
Com base nessa primeira pergunta, o tema foi servindo como mote de discussão.
Desde o primeiro tópico até o presente momento, várias interações vêm sendo feitas, e, como
é possível se ter acesso ao meio virtual a qualquer hora e em qualquer lugar, não foram pré-
estabelecidos horários ou dias para as participações. Dessa forma, as postagens eram feitas
quando as leitoras abriam a página da comunidade, a fim de opinar sobre o ponto em questão.
As questões, lançadas individualmente, foram pré-elaboradas, com o enfoque centrado
nas leitoras, a fim de garantir uma observação sistemática. À medida que as questões eram
respondidas, verificou-se que a participação das leitoras estavam esporádica, pois as
participantes demoravam muito tempo para postarem algo referente ao assunto, estabilizando
o número de participações. Assim, pensou-se em utilizar, também, outros tópicos que foram
discutidos, mesmo os que haviam sido postados por outras leitoras e não propriamente pela
pesquisadora. Passado um tempo, solicitou-se às usuárias da comunidade seus endereços
eletrônicos para lhes enviar, um questionário, a fim de que a coleta dos dados se tornasse mais
consistente. Portanto, as perguntas que, num primeiro momento, eram lançadas pela
pesquisadora, no fórum de discussão da comunidade, foram enviadas, para o correio
eletrônico das leitoras que se dispuseram a respondê-lo e a reencaminhá-lo à investigadora.
11
Antônio Diehl e Denise Carvalho Tatim, em Pesquisa em ciências sociais aplicadas,
definem o questionário como sendo “um dos instrumentos utilizados para se fazer a coleta de
dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por
escrito e sem a presença do entrevistador(2004, p. 68). De modo geral, o pesquisador envia
o questionário ao informante.
Na presente investigação, o questionário adotado caracterizou-se por perguntas
abertas” (DIEHL; TATIM, 2004, p. 69), permitindo que as informantes respondessem
livremente às questões, por meio de uma linguagem própria para emitir suas opiniões
espontaneamente. O questionário teve por objetivo atingir, de modo mais direto, um público
específico, cujo comportamento referente à leitura se desejava conhecer.
Para obter-se maior eficácia no levantamento dos dados, conforme Diehl e Tatim, é
aconselhável utilizar-se, também, da pesquisa descritiva. O objetivo primordial desse método
consiste na exposição das características de determinada população, neste caso, de um
determinado grupo de leitoras de “A mediadora”, o que permite que se estabeleçam relações
entre os dados coletados e a teoria consultada.
Dessa forma, recorreu-se ao questionamento reconstrutivo” de Pedro Demo, em
Saber pensar (2005, p. 93), aplicando-o neste estudo. A expressão utilizada por Demo advém
de pelo menos dois fatores. Em primeiro lugar, é normal existir questionamento, que pode se
igualar a um comportamento crítico diante da realidade exposta, de tendência desconstrutiva,
às vezes; complementando-se com o caráter analítico e preocupado com o dever de apresentar
os fenômenos para além de sua superfície. O segundo fator trata da existência de uma
reconstrução baseada na elaboração individual ou coletiva, uma proposta dotada de certa
autonomia. Desse modo, verifica-se que a pesquisa ora desenvolvida tem um caráter mais
profundo do que uma breve consideração acerca das experiências e preferências que as
leitoras de “A mediadora” têm em comum e que concorrem para a escolha da série em foco,
pois, conforme Demo,
Muitas atividades que se querem pesquisa o o o porque permanecem ainda em
simples “considerações gerais”, reflexões mais ou menos dispersas”, descrições
externas dos fenômenos e problemas, fichamento estereotipado de livros ou textos,
amontoado de dados e assim por diante. Toda pesquisa implica atividade sistemática
e é, no fundo, sempre exercício acurado de argumentação própria. (2005, p. 93)
12
Tendo em vista os objetivos acima descritos, são adotadas como fundamentação
teórica algumas noções da Estética da Recepção, especialmente os conceitos formulados pelo
teórico Hans Robert Jauss, como a definição da figura do leitor e sua importância para o
sentido da obra, e também da Teoria do Efeito Estético, de Wolfgang Iser, que envolve a
maneira como é feita a construção de sentidos pelo leitor a partir do contato com dada obra.
Além disso, empreende-se uma breve pesquisa acerca da biografia da autora da série, Meg
Cabot, envolvendo suas produções e a vendagem de exemplares.
A fim de alcançar os objetivos propostos, a presente investigação é composta de três
capítulos. No primeiro capítulo, apresenta-se uma revisão das teorias de Jauss e Iser,
enfocando-se a figura do leitor e a sua relação com o texto para a construção de sentidos. O
segundo capítulo, dedica-se à análise do corpus, mediante a aplicação dos pressupostos
teóricos apresentados. Nesse tópico, são ressaltadas algumas respostas oferecidas pelas
leitoras, cujo conteúdo é considerado relevante para o alcance dos objetivos traçados.
1 ENTRE A REALIDADE E A FICÇÃO: A LEITORA COMO
“MEDIADORA”
1.1 Um olhar sobre quem lê
Ao se tratar de Estética da Recepção, que se mencionar, obrigatoriamente, Hans
Robert Jauss, o precursor de tal teoria, elaborada, no final da década de 1960, a partir do
trabalho A história da literatura como provocação à teoria da literatura (1994), no qual o
teórico e seus companheiros da Escola de Constança buscam recuperar a problemática da
história da literatura.
Jauss, por discordar da orientação da escola idealista ou da escola positivista, pontua a
elaboração de uma história literária, uma vez que ambas as correntes não realizam seus
estudos firmados na convergência entre o fator histórico e o estético, desenvolve, assim, uma
lacuna entre a literatura e a história. A ausência desse nexo traz como consequência estudos
focados somente nos autores e em suas respectivas obras, ignorando o terceiro elemento dessa
relação, o leitor.
Conforme Jauss, as teorias restringem-se a entender o fato literário no campo da
estética da representação e da produção, omitindo-se em relação à questão da leitura e do
leitor, o objeto principal da Estética da Recepção. Pode-se afirmar que tal corrente teórica tem
por objetivo mostrar um foco pautado na historicidade da obra literária, na medida em que ela
“não repousa em uma conexão de ‘fatos literários estabelecidos post festum, mas no
experienciar dinâmico da obra literária por parte de seus leitores” (JAUSS, 1994, p. 25, grifo
do autor). Por conseguinte, uma vez que a linha investigativa passa da representação e da
produção à recepção, o aspecto literário começa a ser descrito considerando-se a história das
sucessivas leituras por que passam as obras, as quais se realizam de modo diferente de acordo
com o período histórico, pois,
A obra literária não é um objeto que exista por si só, oferecendo a cada observador
em cada época um mesmo aspecto. o se trata de um momento a revelar
monologicamente seu Ser atemporal. Ela é, antes, como uma partícula voltada para a
ressonância sempre renovada da leitura, libertando o texto da matéria das palavras e
conferindo-lhe existência atual. (JAUSS, 1994, p. 25).
14
Desse modo, a Estética da Recepção tem como objeto investigativo o receptor, que
assume, então, “seu papel genuíno, imprescindível tanto para o conhecimento estético quanto
para o conhecimento histórico: o papel de destinatário a quem, primordialmente, a obra
literária visa” (JAUSS, 1994, p. 23).
Sob esse prisma, a obra literária parece estar condicionada pelo vínculo dialógico entre
literatura e leitor, trazendo consigo a interação entre ambos, cujo grau de continuidade
depende da base estético-ideológica. Em virtude da natureza dialógica dessa simetria, a obra
literária somente permanece em destaque enquanto conseguir interagir com o receptor. A
aceitação da obra por parte de quem a pode ser vista como a extensão de expectativas,
construída pelo sistema de referências, resultante do conhecimento prévio que o leitor possui
em relação ao gênero, ao assunto e à forma dos textos conhecidos e lidos, envolvendo,
ainda, a controvérsia entre as linguagens pragmática e poética.
Assim, ao se avaliar se o leitor achou a leitura de determinada obra agradável ou não,
todos esses aspectos devem ser considerados, pois um mesmo livro pode ser agradável a
determinado sujeito, mas desagradável a outro. Então, a partir da resposta positiva de deleite
ou de ampliação de horizontes, pode-se estabelecer a distância entre a expectativa do leitor e
sua realização, denominada por Jauss de “distância estética”, que indicará o caráter da obra.
No que se refere ao processo de leitura, torna-se interessante mencionar que a
experiência subjetiva do leitor é um fator preponderante para que a avaliação da obra ocorra.
Desse modo, tal exercício vai além da compreensão, exigindo do leitor não apenas
conhecimento filológico, mas também todo o seu conhecimento acumulado por sua própria
vivência. Para Regina Zilberman, em Estética da Recepção e História da Literatura (1989),
Jauss aproxima-se dos formalistas e estruturalistas, pois esse critério recupera o efeito de
estranhamento da obra de arte literária proposto por tais teóricos. Dessa maneira, a
reformulação do prisma de expectativa pode proporcionar às obras consideradas clássicas a
volta ao seu lugar emancipatório.
Ler, nessa perspectiva, pressupõe, também, um ato de conhecimento que pode ser
relacionado tanto com aspectos da realidade quanto com a familiaridade e uma determinada
ideologia, a qual, por sua vez, pode vir ao encontro do ou de encontro ao real. Tal
desenvolvimento da leitura -se conforme a organização da estrutura do texto, uma vez que
este pode se construir ou não de códigos vigentes, aproximando-se das ideias presentes ou
delas divergindo. Cabe ressaltar que esse é um posicionamento proporcionado pelo encontro
do leitor e sua relação com o mundo real e também com o mundo ficcional.
15
O receptor mostra seu próprio olhar diante do que e vivencia, para, então, evoluir
como leitor, ao mesmo tempo em que forma a sua posição crítica e emancipatória. É
importante ressaltar que o indivíduo está em constante e contínua formação, seja no que se
refere à personalidade, seja no que se refere à leitura. Fazer o convite à leitura de uma obra,
levando em consideração o processo de construção e recepção que esta sofre, poderia
equivaler ao encontro do leitor com questões para as quais o texto formula uma ou mais
respostas. O jogo de pergunta e resposta vem a ser observado como mecanismo responsável
pelo envolvimento do leitor com a obra, pelas interrogações para as quais o texto mostra uma
ou mais soluções, como também pelos inúmeros entendimentos, que parecem variar conforme
cada contexto. Desse modo, o sentido de um texto pode ser compreendido como a construção
que respeita a historicidade, descartando-se a ideia de sua atemporalidade.
O efeito de liberdade gerado pela literatura vem a ser resultado do seu papel social,
porque, para Jauss, a interação do receptor com o texto faz com que o sujeito reconheça o
outro, observando-se em situações que não vivenciou e promovendo uma nova percepção do
que o cerca, uma espécie de “transcendência”. Nas palavras do teórico,
A experiência da leitura logra libertá-lo das opressões e dos dilemas de sua práxis de
vida, na medida em que o obriga a uma nova percepção das coisas. O horizonte de
expectativas da literatura distingue-se daquele da práxis histórica pelo fato de não
apenas conservar as experiências vividas, mas também antecipar possibilidades o
concretizadas, expandir o espaço limitado do comportamento social rumo a novos
desejos, pretensões e objetivos, abrindo, assim, novos caminhos para a experiência
futura (JAUSS, 1994, p. 52).
Desse modo, o leitor é capaz de ver, diante de si mesmo, passagens de sua própria vida
ao ler uma trama, na medida em que uma dada narrativa pode trazer aspectos que se
assemelham àquilo que o receptor já experienciou ou está experienciando. Assim, ao se
deparar com uma história que lhe traz à memória situações análogas às da realidade, aquele
que lê pode imaginar-se de fora, reconhecendo-se como protagonista da sua própria história.
16
1.2. O leitor: um construtor de sentidos
A definição de leitor implícito, desenvolvida por Wolfgang Iser, é essencial nas teorias
de Estética da Recepção e de Teoria do Efeito. Segundo Iser, tanto o texto como o leitor são a
fonte de autoridade da compreensão, na medida em que esta se trata de uma construção. Logo,
o texto busca fixar instruções para a construção de um sentido, e o leitor produz o seu próprio
entendimento, haja vista que o significado do texto é um fator construído por meio da
interação entre essas duas partes – texto e leitor – independentes.
O papel do texto seria, então, a de orientar um caminho para a construção de um
sentido no âmbito da literatura, que: “Nesse sentido, a seleção, a partir da qual se constrói o
texto literário possui caráter de acontecimento e isso porque ele, ao intervir em uma
determinada organização, elimina sua referência” (ISER, 1996, p. 11). Por conseguinte, a
posição do leitor seria a de seguir tais apontamentos e construir o seu próprio significado.
Assim, sentido” pode estar relacionado a acontecimento: O caráter de acontecimento do
texto se intensifica pelo fato de que os elementos selecionados do ambiente do texto são por
sua vez combinados entre si” (ISER, 1996, p. 11), pois talvez a direção para observar o texto
seja a convivência de diversos pontos de vista. O leitor passa a perceber o texto de uma
maneira geral, uma vez que a experiência de leitura se pela união da subjetividade do
receptor com aquilo que ele lê, o que possibilita a formulação do significado.
Para Iser (1996), os textos literários diferenciam-se dos não literários, especialmente
dos científicos, pela presença de “vazios” ou “intervalos” que passam a ser ocupados pela
“disposição individual” do leitor. Desse modo, a estrutura do texto abre caminho para as
diferentes formas de se chegar as suas potencialidades, de modo que o leitor precisa
desenvolver sínteses que individualizam o objeto estético. Assim, o autor valoriza a
imaginação do receptor, pois este precisa, no decorrer da leitura, preencher os espaços vazios,
interpretando-os e projetando formas variadas conforme o seu próprio repertório.
Como o texto pode ser considerado sob diferentes pontos de vista, a teoria de Iser
salienta que os leitores têm uma ação predominante, de modo que o texto não possuiria um
significado, e esse significado não seria uma entidade, mas sim um acontecimento dinâmico.
Sendo assim, existe a possibilidade de o texto vir a despertar, no leitor “implícito”, uma
compreensão a partir do repertório que este vai adquirindo com as experiências da vida
cultural, social e comunitária. Nessa perspectiva, como toda linguagem pode ser
eminentemente social, o leitor passa a ter uma posição interativa quando levado pelos
17
caminhos indicados pelo texto, que seria uma espécie de orientador, ou seja, algo que
instrumentaliza para propiciar o encontro do sentido.
De acordo com Iser, o é necessário optar entre o significado planejado e os
significados subjetivos elaborados pelo leitor, pois este receptor, a partir do instante em que
constrói sua própria estrutura de sentidos, está sendo fiel ao efeito que o texto pode exercer
sobre ele; ou seja, o significado da sua compreensão é indispensável para a existência da
interação com o que lê. O teórico considera válida a reflexão sobre as diferentes
interpretações do texto de um autor ao longo do tempo como um estudo da estética. Isso
porque “o texto é o processo integral, que abrange desde a reação do autor ao mundo asua
experiência pelo leitor. Nesse processo, no entanto, fases podem ser distinguidas, pois nelas
acontece uma mudança daquilo que as precede”. (ISER, 1996, p. 13).
A figura do leitor beneficia-se mais da experiência literária, ampliando a oportunidade
de olhar as “forças” que o orientam e que são vistas mais claramente quando se dá o
afastamento. Estas mesmas "forças" seriam comparadas a sistemas de pensamento que
refletem a realidade e formam a base para as relações humanas. O sentido do texto, pois, o
estaria marcado dentro dele, mas no fato de exteriorizar o que está “preso” dentro de cada
receptor. Cada novo texto constrói seu próprio leitor, fortalecendo a reciprocidade entre o
significado elaborado pelo leitor e o dado pelo autor e sua consciência no processo da leitura.
Essa ideia de interação direciona-se à atividade do leitor responsável pelo preenchimento dos
espaços de indeterminação contidos na obra. O texto prevê, implicitamente, um leitor que
seria mais adequado para definir as estruturas de sua pré-compreensão.
Ao salientar que a obra é comunicativa desde a sua estrutura, pois necessita do leitor
para a sua constituição, Iser firma um dos pontos teóricos básicos da Estética da Recepção.
Nesse sentido, a definição de leitor implícito, evocada por essa corrente, deixa nítido que não
se trata de trabalhar empiricamente a entidade receptora, mas de prever um ser virtual,
indispensável para dar significado à obra, a qual, isolada, não possui sentido algum, tornando-
se inerte. Portanto, tal conceito enfatiza a dimensão comunicativa inerente aos próprios textos.
Logo, o leitor implícito de Iser não se refere a um leitor individual, empírico, ou a um
leitor ideal do texto literário, mas sim a estratégias de comunicação do texto, que exercem
certo controle, por sugerir ou privilegiar determinadas respostas. O leitor implícito é, desse
modo, uma ação textual que, ativamente, confirma, modifica – ou rompe com um padrão de
comunicação de uma cultura que está, presumidamente, internalizada por seu receptor.
Iser preocupa-se com o aspecto interativo da leitura, em detrimento da tentativa de
compreender a ação de leitores individuais que nunca verificarão suas respostas em uma
18
situação face a face: “Pois é na leitura que os textos se tornam efetivos” (1996, p. 48).
Segundo o teórico, a interação texto e leitor refere-se a um leitor individual. O texto começa a
interação que somente será bem-sucedida se conseguir ativar certas disposições da
consciência do leitor, isto é, sua capacidade de apreensão e de processamento.
Desse modo, pode-se pensar que as estratégias narrativas e as estruturas de apelo do
texto constituem-se de normas e instruções predeterminadas que levam o leitor no processo de
interpretação do texto. Para ativar a leitura, essas estratégias e estruturas dispõem de
mecanismos de orientação que encaminham o receptor à interpretação, transformando o
destinatário em uma peça sica para constituir sentido sobre o que lê, resultado da
modalidade de comunicação.
1.3 Entre leitoras e livros: da imposição à interação e à criação
Faz-se necessário mencionar, já no começo dessa abordagem, que a leitura praticada
pela mulher a partir do surgimento da imprensa (Século XVIII) e do fortalecimento da escola
estava, inicialmente, condicionada à permissão e não à livre escolha. Nesse contexto, o
assunto das histórias lidas pelas mulheres, de acordo com Alberto Manguel, em Uma história
da leitura, era amor e aventura, sobre o herói e a heroína, sempre jovens belos e bem-
nascidos, a desgraça caía, ocasionando muito sofrimento, que mais tarde cederia espaço para
o clássico “final feliz”.
Uma vez que nesse período a leitura consistia em uma prática ainda recente para as
mulheres, o narrador a conduzia ao longo do romance, cumprindo o papel de mediador”
nessa interação entre leitora e texto:
Desde os romances mais antigos, o conteúdo era exposto com clareza ao leitor.
Tendo vivido por volta do começo da era cristã, o autor do mais antigo romance
grego que sobreviveu inteiro apresenta a si mesmo e ao seu tema nas duas primeiras
linhas: Meu nome é Cáriton, de Afrodísias [cidade da Ásia Menor], e sou
empregado do advogado Atenágoras. Vou contar uma história de amor que
aconteceu em Siracusa”. (MANGUEL, 2001, p. 256).
19
Como é possível verificar ao final do trecho acima citado, os livros destinados às
mulheres estiveram relacionados com o que, mais tarde, viria a ser sinônimo de amor
romântico, “alimento” para a emoção. No entanto, apesar da ausência de lacunas que o
precisassem preencher em suas leituras conformadoras, muitas leitoras podem ter encontrado
nessa literatura permitida motivações intelectuais para a busca de mais textos. Serve de
embasamento para tal hipótese o seguinte relato de Santa Tereza:
Acostumei-me a lê-las, e essa pequena falha arrefeceu em mim o desejo e a vontade
de fazer minhas outras tarefas. E eu não me importava em passar muitas horas do dia
e da noite nesse exercício vão, escondida de meu pai. Meu arrebatamento nisso era
tão grande que, se não tivesse um livro novo para ler, parecia-me que não poderia
me sentir feliz. (SANTA TEREZA apud MANGUEL, 2001, p. 258).
Dessa forma, pode-se perceber que a leitura de tais romances não ofertava à leitora
apenas um meio de, ocasionalmente, refugiar-se na passividade induzida pelo contexto da
ficção. Permitia-lhe firmar a particularidade, sem que para isso precisasse sentir-se sozinha.
Então, desde tempos remotos, as leitoras vieram a descobrir formas de subverter o material
que a sociedade colocava em suas prateleiras e cujo acesso lhes era negado.
Steven Roger Fischer (2006) menciona que, em toda a Europa, nos séculos XVI e
XVII, a leitura transformou-se “no próprio alimento – o prato mais completo para a mente e o
espírito”, de modo que “devorar a leitura como um alimento” era um jogo de palavras
bastante comum. Fazendo menção a essa metáfora, a rainha Elisabeth I da Inglaterra, também
escritora, assim descreveu a leitura religiosa:
Caminho diversas vezes pelos agradáveis campos das Sagradas Escrituras, onde
apanho um punhado de deliciosas ervas de sentenças, degusto-as pela leitura,
saboreio-as pela reflexão e as guardo por um longo tempo nos refúgios da
memória... assim amenizo a amargura desta vida infeliz. (ELIZABETH I apud
FISCHER, 2005, p. 215).
Fischer salienta que, aos poucos, as mulheres começaram a ter destaque no campo da
leitura e da escrita, até então dominado pelos homens. Louise Labé (1524-1566), de Lyon,
talvez tenha superado a todas, pois,
20
Sem pertencer ao grupo dos santos ou da realeza, ela conseguia exprimir a fonte da
paixão humana desimpedida, escrevendo com realismo mundano e sensível; suas
obras estão entre as mais inspiradoras da França. Cativante, espirituosa, dinâmica,
Louise havia aprendido todas as artes masculinas letras, armamentos, caça,
cavalgaria, canto e instrumentos como alaúde. (FISCHER, 2005, p. 215-216).
A paixão humana já mencionada, objeto a ser exteriorizado por meio da escrita, é
expressa também por Labé, ao mencionar em algumas de suas obras que:
Quando transferirmos nossos pensamentos para o papel, vemos como fica fácil,
depois de algum tempo, nossa mente percorrer uma infinidade de acontecimentos,
vivos como nunca, de modo que depois de muitos anos retomamos essas páginas
escritas e conseguimos retornar ao mesmo lugar, bem como reproduzir o mesmo
estado de espírito em que um dia nos encontramos (LABÉ apud MANGUEL, 2001,
297).
Fischer menciona que, para a escritora, aquele que sobre suas próprias paixões do
passado não apenas as recria, mas de fato as revive, triunfando sobre a frágil memória. Assim,
pode-se pensar que a leitora, de certa maneira, tinha um envolvimento com o texto que lia,
estabelecendo com ele uma relação interativa.
Mais adiante, na tentativa de reformar a sociedade, o Iluminismo estimulou os
professores a criar um novo número de leitores, no qual as mulheres fossem incluídas. Elas,
que até então estavam relegadas, em sua maioria, ao plano de ouvintes das leituras dos
homens e do clero, ganharam permissão para apreciar apenas os textos aprovados pelos
mesmos senhores. A ideologia das luzes esperava, além da reforma da sociedade por meio da
leitura, que a
vulgarização escolar transformasse os hábitos e costumes, que uma elite tivesse com
seus produtos [...] o poder de remodelar toda a nação. Este mito da educação
inscreveu uma teoria do consumo nas estruturas da política cultural. (CHARTIER,
1995, p. 261).
Altos níveis de alfabetização puderam ser encontrados nas grandes cidades europeias,
mas havia algumas peculiaridades. Não era grande a diferença entre o número de leitores e o
de leitoras no final da década de 1890, especialmente na parte mais alta da escala social, de
modo que algumas mulheres auxiliavam os maridos na contabilidade de seus ofícios, como
21
relata Martyn Lyons (2002). Segundo a autora, muitas sabiam ler, porém não eram capazes de
assinar o próprio nome, o que revelava o atraso da educação das meninas em relação à dos
meninos, a quem era estimulada, ainda, a prática da escrita:
Como conseqüência, a oferta de instrução formal para meninas parece seguir, e não
preceder, a crescente participação feminina no público leitor. A expansão de
oportunidades de empregos para as mulheres (por exemplo, como professoras,
vendedoras nas lojas e assistentes nos correios) e a modificação gradual das
expectativas das mulheres foram fatores adicionais no incremento do vel de
alfabetização feminina. (LYONS, 2002, p. 168).
Jürgen Habermas ressalta que o surgimento da burguesia pública estava intimamente
ligado à literatura, visto que definiu-se, num primeiro momento, como um grupo de pessoas
que liam. No século XIX, espaços culturais e de leitura tornaram-se públicos, levando a
cultura a assumir sua forma de mercadoria. A cidade “caracteriza, antes de tudo, uma primeira
linha pública literária que encontra suas instituições nos coffee-houses, nos salons e nas
comunidades dos comensais” (HABERMAS, 1984, p. 45). Segundo o autor, a mulher,
circunscrita à esfera da família, pertencente ao privado, posicionava-se, também, na esfera
pública à medida que se integrava ao discurso literário.
Mulheres e dependentes estão excluídos da esfera pública política tanto de fato
quanto de direito: enquanto o público leitor feminino, assim como alunos e
mensageiros, tem com freqüência uma participação mais forte na esfera pública
literária do que os proprietários privados e os próprios homens adultos.
(HABERMAS, 1984, p. 73).
Ana Cláudia Gomes chama a atenção para o fato de que, em sua fase literária, a esfera
pública presta-se à construção de vínculos ou de uma autoconsciência entre seus membros:
A atuação literária poderia servir, por exemplo, a uma reflexão sobre os temas e
estéticas mais atraentes para as mulheres, depois sobre o que propriamente significa
ser mulher para, a partir daí, passar a atividades de reivindicação ou a uma
organização especificamente política. (GOMES, 2002, p. 37).
22
Além disso, pode-se dizer que a literatura contribuiu, também, para endossar e difundir
o discurso sobre atributos considerados naturalmente femininos, que excluíam a criação
literária, um dom tido como essencialmente masculino.
A Igreja Católica dos séculos XVII e XVIII, por exemplo, incentivava a prática da
leitura pelas mulheres, mas as condenava a não escrever, acreditando que assim impediria sua
livre expressão. Afinal, o papel que lhes cabia na sociedade era de mantenedoras da moral e
dos bons costumes, e não de criadoras e difusoras de novas ideias. Agindo dessa maneira, os
católicos seguiram os passos dos luteranos, principalmente na Inglaterra, segundo Lígia Maria
Moreira Dumont (1998), o primeiro país a preocupar-se com a “alfabetização em massa”
como forma de catequizar e manter cativos seus seguidores.
Para Fischer (2006), o contato responsável por manter os leitores poderia ser
classificado pela forma de leitura do material escrito, seja visando à instrução (vinculada aos
livros técnicos e ao universo masculino), seja visando ao entretenimento (associado à
literatura e ao mundo das mulheres e crianças). O direcionamento desses livros para as
mulheres está vinculado ao tom de suas narrativas, sempre apresentadas com a função de
enfatizar as personagens, os ambientes e os momentos vivenciados.
De acordo com Marisa Lajolo e Regina Zilbermann, no século XVII, cresce o número
de obras em prosa, de consumo mais fácil que os textos em verso, sobretudo os de tendência
épica, como eram considerados os nobres na Renascença. Além disso,
Aparecem gêneros originais, de trama prolongada e de aventuras, herdeiros do
romancourtois, mas dissociados da religião; enfatiza-se a apreensão dos
comportamentos a partir de um ângulo interno, gerando a narrativa psicológica; e
valoriza-se a personagem feminina enquanto protagonista de grandes amores.
(LAJOLO; ZILBERMAN, 1996, p. 237).
Nesse período, o estudo é restrito a poucas mulheres, uma vez que o lugar destas é em
casa, e sua função, cuidar do lar. Entretanto, foi pensando exatamente na “saúde” desse lar
que alguns defenderam a instrução feminina: “Se por um lado a conquista da instrução surgiu
como uma das mais importantes reivindicações femininas, a educação representou, para a
maioria, a ênfase em sua função moralizadora.” (DUARTE, 2002, p. 278).
Maria Arisnete Câmara de Morais, em seu levantamento sobre a escalada da mulher
brasileira para a conquista da cidadania, comenta que, no final do século XIX, a educação da
mulher se justificava segundo o seguinte pensamento: para que a filha fosse obediente, a
23
esposa fiel, a mulher exemplar” (MORAIS, 2002, p. 498). Com esse mesmo objetivo,
converteu-se o magistério em extensão da tarefa doméstica e maternal. Instruíam-se as
mulheres para que elas próprias pudessem educar “melhor” a sociedade dos homens e ter um
trabalho qualificado aos seus próprios olhos. Poderiam, assim, ser reconhecidas como
colaboradoras para o progresso da humanidade.
1.4 O efeito da leitura sobre a mulher: a fuga da vida real ou um outro modo de (vi)ver?
Entre os objetivos que levam uma pessoa ao ato de ler estão, segundo Dumont (1998),
o lazer, a necessidade de atualizar os conhecimentos, de saber mais sobre determinado assunto
e posterior satisfação de matar a curiosidade, podendo-se chegar ao desejo de “liberar o
espírito”. No que diz respeito a este último fim, a leitura pode ser considerada como uma fuga
do mundo real.
Essa possibilidade de criar um mundo “paralelo” e “indomável”, por meio da leitura,
fez com que o poder patriarcal regulamentasse o acesso da mulher ao que era publicado, uma
vez que, ao mesmo tempo em que a educação das mulheres era vital para consolidar a
revolução burguesa – que também acarretava riscos, corporificados nos livros lidos, na cultura
adquirida e na igualdade que se esboçava.
Na França, segundo Lajolo e Zilberman (1996), encontra-se um teórico em Fénelon e
um crítico em Molière, que se divertem mostrando à plateia parisiense os perigos resultantes
da nova situação: “As sabichonas tomam conta da casa, dominam os maridos e largam as
tarefas domésticas”. Outro aspecto apresentado por Molière nesse sentido é o risco de as
jovens leitoras “mostrarem pendores intelectuais: sonham com casamentos idílicos, recusam
prosaicos noivos burgueses e enlouquecem pais outrora sensatos, sugerindo a popularidade da
questão já no século XVII” (LAJOLO; ZILBERMAN, 1996, p. 237-238).
A partir do século XVIII, pode-se dizer que o público feminino começa a procurar
mais a literatura, fazendo surgir grupos que passam a discutir os textos a serem destinados a
esse novo público leitor. Condenam-se, então, gêneros e preferências, por produzirem efeitos
supostamente deletérios; e acusa-se de vício o prazer de ler, por desviar a mulher das tarefas
domésticas: “A faca de dois gumes da educação começa a cortar, e a direção indesejada
choca-se com a desejada, já que, se não convém a pais e maridos que as mulheres leiam muito
24
ou leiam errado, editores e vendedores festejam os lucros advindos do novo comércio”.
(LAJOLO; ZILBERMAN, 1996, p. 238).
O século XIX foi o marco, após a separação de Portugal, para o surgimento de um
projeto educacional para a nova geração no Brasil que inseria, mesmo que marginalmente, a
instrução às mulheres (como já havia ocorrido na Europa). Assim, pode-se dizer que a
presença feminina teve consequências no aspecto produtivo aliado à circulação das obras dos
escritores brasileiros. Lajolo e Zilberman mencionam que, até então, pelo menos de forma
aparente, a situação da mulher brasileira em face da cultura escrita era precária demais.
Depoimentos do século XIX mencionam a falta de instrução, mostrando que
predominava entre as mulheres a ignorância, a aparência, a frivolidade e a violência sobre
os escravos. As autoras ainda citam que não é de se estranhar que as mulheres tenham
demorado tanto a integrar-se na cultura elevada, atraindo, assim, a crítica condescendente que
lamenta a baixa qualidade de suas leituras. Logo, são apontadas críticas sobre a tendência de
as moças lerem romances mais amenos e folhetins tidos como tolos:
As maneiras e os costumes das damas brasileiras são gentis, e o porte gracioso. É
verdade que o têm uma base de conhecimentos variados para tornar agradável e
instrutiva a sua palestra; mas tagarelam insignificâncias de modo sempre agradável,
exceto pelo alto tom de sua voz, que eu suponho lhes venha das ordens freqüentes
que dão aos congos e moçambiques. Suas reservas literárias consistem
principalmente em novelas de Balzac, Eugênio Sue, Dumas, pai e filho, George
Sand, em intrigas de pacotilhas e folhetins de jornais. Assim, elas se preparam para
esposas e mães. (KIDDER; FLETCHER apud LAJOLO; ZILBERMAN, 1996, p.
244).
Leitura e escrita sempre estiveram associadas ao poder, sendo usadas como forma de
dominação. Por isso, o romance do século XIX associou-se a leitura feminina às
características tidas como naturais à mulher, sendo sensibilidade, irracionalidade e emoção,
que impõem o amor como ingrediente constitutivo e essencial da identidade feminina. Porém,
mesmo ao se tratar de amor, era preciso ter cuidado. A leitura, principalmente a silenciosa, ao
remeter a mulher a si mesma, a seus próprios pensamentos e emoções, podia exaltar a
imaginação e excitar as paixões mundanas, levando-a a preferir o mundo da fantasia ao real.
Essa relação do texto romântico com a leitora, atinge sua subjetividade e, além disso,
possibilita que a leitora se veja na representação de uma personagem num dado livro
construído por exemplo, no século XIX, mas que mesmo com o passar do tempo, a
caracterização nele expressa, pode ir ao encontro das emoções de quem mesmo que seja
25
no século XX. De acordo com Morais, esse vínculo entre a história romântica e a leitora nela
representada pode se explicar
Nas representações determinando o modo de ser da linguagem, do indivíduo e das
práticas de leitura, num determinado período, numa dada sociedade. Essas leituras,
assim pensadas, não são senão as representações das práticas de leitura das mulheres
nos textos analisados. O objeto representado nos textos disponíveis evoca imagens
de coisas que indicam metáforas de vida com a força que possui o próprio texto,
impondo-se. (MORAIS, 2002, p. 25).
A prática da leitura poderia causar alguns prejuízos, não apenas de ordem moral, mas
também de ordem fisiológica, levando a uma excitação quase patológica. Logo, a instrução
exagerada poderia corromper a natureza feminina e suas fibras moles, fluidas e delicadas,
impedindo a menina de se tornar uma mulher perfeita. De acordo com o pensamento então
vigente, se a mocinha se entusiasmasse pelo estudo, sobraria pouca energia em seu corpo para
ser investida no amadurecimento de seus órgãos reprodutores, colocando em risco sua futura
função maternal,
Com isso, todas as energias que deveriam servir para o amadurecimento da
capacidade reprodutiva eram direcionadas para o cérebro. Como resultado, as jovens
que se dedicavam aos estudos jamais chegariam a se tornar mulheres capazes de
procriar um bom número de filhos saudáveis. (ROHDEN, 2004, p. 188).
Conforme o trecho transcrito acima, a medicina acreditava que a educação exigia um
grande esforço por parte das meninas, que não eram naturalmente” dotadas para o
desenvolvimento intelectual. Por isso, a elas deveriam ser dedicados apenas textos que
tratassem daquilo que dominavam”, a saber: o amor fraternal (jamais o carnal), a harmonia
da família e os textos bíblicos. Percebeu-se que as mulheres o eram depositárias passivas
das letras, uma vez que o livro é uma construção do leitor, o qual encontra nos textos outra
coisa que não necessariamente a suposta intenção do autor. Sobre isso, salienta Michel de
Certeau: “Toda leitura difere de outra menos pelo texto que pela maneira que é lido e [...] um
sistema de signos verbais e icônicos é uma reserva de formas que esperam do leitor o seu
sentido”. (2003, p. 265). Conforme Certeau, o poder patriarcal, além de ignorar essa
multiplicidade de leituras possíveis, não contava com o fato de que a leitura também era capaz
26
de auxiliar na socialização da mulher. Sobre isso, o autor revela que, em reuniões sociais,
enquanto os maridos discutiam os assuntos do dia publicados nos jornais, as mulheres teciam
considerações sobre as mocinhas e seus heróis dos enredos publicados, na maioria das vezes,
sob a forma de fascículos nos mesmos jornais.
A esse respeito, é importante mencionar que o enorme progresso industrial da época
levou à expansão do mercado editorial, resultando na fundação e circulação crescente de
jornais, revistas literárias, folhetins, edições populares, etc., materiais que conquistaram novas
camadas de leitores, principalmente entre o público feminino (COELHO, 2002). Porém,
textos como os manuais de moda e romances eram desprezados e criticados pelos intelectuais.
Os jornais do século XIX, principais veículos de publicação desses gêneros, de olho no novo
mercado consumidor, dividiam-se por temas correspondentes ao sexo de seus leitores. E é
também dentro desse universo que a
voz da mulher começa a se fazer ouvir com freqüência, seja na crônica, romances-
folhetins ou textos polêmicos, [...] sempre sob a censura explícita ou sob o olhar
complacente do mundo masculino, que via nessa extravagância o escrever –
apenas mais um capricho feminino ou uma ameaça aos bons costumes. (COELHO,
2002, p. 96).
Assim, mais bem instruídas que suas antecessoras, as mulheres do culo XIX tinham
acesso mais fácil à leitura; no entanto, havia diferença de conteúdo entre os textos destinados
aos dois sexos. A elas eram dedicados os romances da vida interior, uma leitura que
objetivava o divertimento e moralidade; aos homens, as notícias sobre eventos públicos, uma
leitura que objetivava a informação e o estudo:
Romances eram tidos como adequados para as mulheres por serem elas vistas como
criaturas em que prevalecia a imaginação, com capacidade intelectual limitada,
frívolas e emotivas [...] era a antítese da literatura prática e instrutiva. (LYONS,
2002, p. 172).
Outra diferença diz respeito à forma como a leitura era feita. Os homens tinham a
opção de ler em voz alta, para todo o grupo, enquanto as mulheres o faziam preferencialmente
27
em silêncio e individualmente; quando o faziam em voz alta, normalmente era para os outros
membros da família, em especial seus filhos, sendo sempre tuteladas pelos homens da casa. A
leitura em família reforçava, também, a intimidade entre seus membros.
As mulheres, dentro de suas casas, dispunham de tempo suficiente para se dedicarem
de fato aos suspiros e soluços das histórias de amor? De acordo com Lyons, em seu estudo
sobre a história da leitura, embora se acreditasse que sim, a imagem idealizada da boa dona de
casa era incompatível com a leitura, na medida em que os afazeres domésticos vinham em
primeiro lugar, e admitir que lia equivaleria a confessar que estava negligenciando suas
responsabilidades familiares de mulher” (LYONS, 2002, p. 174). Por isso, a possibilidade de
a mulher planejar melhor sua leitura, para realizá-la nos intervalos dos afazeres domésticos,
talvez tenha sido um dos motivos responsáveis pelo sucesso das histórias em fascículos.
Lyons relata alguns estudiosos que detectaram, até a década de 1940, as mulheres
lamentavam não terem reservado tempo para se dedicar à leitura, ao longo da vida, pois
estavam ocupadas em demasia com suas obrigações. Do mesmo modo, quando criança,
tinham “medo de serem castigadas se fossem apanhadas lendo.” (LYONS, 2002, p. 174).
Lajolo e Zilberman (1996) apresentam, em A formação da leitura no Brasil, o modo
como a mulher foi retratada nas obras de Machado de Assis, José de Alencar e Joaquim
Manuel de Macedo, revelando que a imagem transmitida por esses autores era diferente da
realidade percebida pelos viajantes e cronistas que vinham da Europa em visita ao Brasil. Os
romancistas brasileiros preocupavam-se em descrever a mulher como instruída, amante das
letras, apesar de submeterem-se aos caprichos masculinos. Nas obras, a mulher tinha suas
próprias ideias sobre as quais discutia em “pé de igualdadecom os homens. Visando evitar
denegrir a imagem da mulher, optavam em omitir a ignorância, o embrutecimento e a
opressão doméstica às quais ela estava submetida:
Os romancistas legitimam formas e regras vigentes, mas, simultaneamente,
arriscam-se a romper com certos padrões ao oferecer ao destinatário sobretudo
pertencente ao sexo feminino um horizonte mais largo de experiência cultural e
ética. Mesmo com tais ressalvas, no entanto, os escritores confirmam a ideologia
patriarcal. (LAJOLO; ZIBERMAN, 1996, p. 256).
Essa conduta é justificada, segundo as autoras, pelo fato de que os escritores viam as
mulheres como um grupo de consumidores que não podia ser ignorado, desrespeitado e muito
menos menosprezado. Bons romances, boas tramas tinham consumo garantido; davam retorno
28
financeiro e não exigiam um grande trabalho de convencimento. Afinal, desde que se seguisse
a “fórmula suspiros e sussurros, sentimentalismo e riso fácil”, era simples agradar as
mulheres.
O escritor, ao escrever para as mulheres, tinha de ter em mente duas intenções:
proporcionar lazer e educação, finalidades que afastam os textos dos pré-requisitos da boa
qualidade. “Para leitoras, escreve-se não muito a sério ou não muito aplicadamente porque se
sabe o correr o risco do julgamento mais exigente o julgamento que seria capaz o
público masculino” (WERNECK, 1985, p. 11). Ao compor romances, “textos para mulheres”,
os escritores viam-se “obrigados” a deixar de lado o rigor e a qualidade literária, visto que não
era esta a expectativa feminina, argumento utilizado para justificar a baixa” qualidade dos
romances. De acordo com Maria Helena Vicente Werneck, “na compreensão de alguns
estudiosos, [o público feminino foi] responsabilizado pela qualidade inferior da ficção
brasileira num período decisivo de sua formação”. (1985, p. 8).
Tal responsabilidade, cabe ressaltar, é hoje questionada, pois, ao elaborar seu leitor
ideal, o autor está “não apenas levando em conta a existência efetiva de um público leitor,
mas também configurando o tipo de relação que espera que esse público mantenha com sua
obra”, explica Maria Cecília Boechat (2002, p. 267). Assim, na visão da autora, os
romancistas foram os maiores responsáveis pelo que chama de “invenção da leitora
romântica, a qual teria sido alvo de uma constante doutrinação de autores e pedagogos,
inclusive no que se refere à escolha de suas leituras:
Empenhado em um projeto nacionalista tido como conservador e ingênuo e
comprometido com a inserção da arte no mercado consumidor, o romance brasileiro
se teria curvado, por um lado, às necessidades de divertimento e evasão de seu
público eminentemente feminino e, por outro, a um necessário empenho didático,
conservador e moralizante, a bem da família e da nação. (BOECHAT, 2002, p. 268).
“Por que a predileção pela imprensa do coração, pela literatura ‘água-com-açúcar’?”,
questiona Dumont, em sua obra O imaginário feminino e a opção pela leitura de romances
em rie. Ao estudar esse tema, a autora concluiu que a “apropriação do texto pelo leitor
implica a produção de sentido, onde se imprime a singularidade da leitura, baseada na
experiência individual de cada um” (1998, p. 65). Ainda conforme a autora, devido à
rudimentar educação que a maioria das mulheres adquirira até o século XIX, era-lhes cil
“degustar” a ficção em prosa. Sem instrução mais aprofundada, salvo uma pequena elite
29
ligada às famílias mais “cultas”, as mulheres dificilmente sentiam-se aptas a entender os
meandros da vida pública e a dela participarem, o que as desobrigava dos estudos. Nesse
círculo vicioso, restava-lhes, então, o mundo da fantasia.
Dumont (1998) ainda observa que os romances retratam determinismos morais
tradicionais, de maior aceitação, e apresentam o mundo equilibrado, livre de maiores
conflitos. Fatos que venham a modificar esse cenário partem sempre de algo vindo de fora e
que independe dos protagonistas. No imaginário social, não cabe à mulher mudar o curso de
sua própria história, pois essa já estaria determinada socialmente.
No século XIX, o estilo de vida das mulheres, possivelmente, foi uma das causas pelas
quais a sua leitura permanecera atrelada à “futilidade”. Isso porque seu dia a dia era apenas
voltado às obrigações domésticas, e, no caso de possuir filhos, estes também e, geralmente,
tais papéis estavam aliados a atividades profissionais que recortavam a vida da mulher em um
padrão análogo, dentro de todas as classes sociais e em todas as regiões.
Assim, a razão para essa rotulação da mulher como leitora fútil pode não se fundar
apenas na crença de que elas eram incapazes de se aprofundar em outros assuntos. A
instituição social determinava que a relação das leitoras com o texto fosse simplista. Porém,
segundo Certeau, a ficção o traz “tesouros” escondidos em suas palavras, pois as palavras
funcionam como instrumentos da relação de forças. Logo, fica subentendida a ideia de que as
palavras podem ter o papel de impulso para a reflexão e imaginação, bem como da abertura de
possibilidades de se relacionar o que se com a realidade que se vivencia.
Além disso, por meio do jogo de palavras que promove, o texto permite à leitora
refletir tanto sobre o passado, quanto a respeito do seu presente e do seu estado afetivo. Duas
pessoas, ao lerem a mesma história, no mesmo momento histórico, têm interpretações e visões
diferentes sobre o que em; assim como uma leitora, ao retornar em outro momento a um
texto lido, pode fazer uma nova interpretação. Sobre isso, é importante considerar que a
verdadeira leitura consiste em atribuir significado ao escrito, o que depende diretamente das
informações (e experiências) que a receptora já possui sobre o mundo.
Maria Teresa Santos Cunha menciona que a relação interativa estabelecida entre o
público feminino e o romance está muito presente no imaginário ocidental:
30
Como o imaginário, para se constituir, precisa dos fragmentos concretos tirados do
mundo, convém investigar de que modo, mais concretamente se processou essa
associação. Parece haver uma ligação com o fato de que, tradicionalmente, se
atribuía à mulher burguesa a dimensão do privado, da casa, da intimidade e, por
conseguinte, com mais disponibilidade de tempo para leitura de romances. É comum
também ligá-la ao mundo dos afetos, dos sentimentos e emoções e assim, os livros
romances, essencialmente- ao trabalharem com as emoções, com a intimidade,
encontravam nelas seu blico preferencial. [...] É, principalmente, pela via literária
que a leitura de romances sentimentais enquanto hábito feminino aparece como tema
constante; grandes leitoras são mostradas ao público pelo próprio romance uma vez
que “os romances sentimentais tendem a ser reservados às mulheres, os bons
sentimentos transformam-se em sentimentalismo”. (CUNHA, 1999, p. 25).
Contudo, é possível afirmar que, no século XIX, a leitura, em particular a das
mulheres, torna-se um assunto inquietante, passando a apresentar anseios humanos mais
profundos, pois, como menciona Cunha, a literatura preserva ou defende dimensões da vida,
principalmente feminina, reprimidas pelos poderes econômicos ou sociais.
Em estilo considerado romântico, M. Delly proporcionava, por meio de seus livros,
certo encantamento para o público feminino, das primeiras às últimas páginas. Esse
encantamento, conforme Cunha, propiciava um clima de conto de fadas, mesmo sem a
presença de tais seres. Cabe salientar, neste ponto, que os romances de M. Delly, de certa
forma, foram peça fundamental para nortear, em parte, a formação leitora da mulher
brasileira, de camada média urbana, em uma determinada época.
De uma maneira geral, os enredos do casal de irmãos pois M. Delly não é uma
madame, e sim de um casal de irmãos franceses que usavam tal pseudônimo seguiam uma
estrutura bem definida: o herói, nobre e rico, e a heroína, plebeia e pobre, vivem uma trama
criada por tias megeras e madrastas sinistras. Após um tormentoso caso de amor, finalmente,
tudo acaba sendo resolvido os que se amam unem-se pelos sagrados laços do matrimônio e
os malvados são punidos com justiça.
Representantes da alta aristocracia europeia realizavam feitos heroicos, viagens
exóticas, festas memoráveis nas obras, sempre envolvidas num ambiente de fantasia e
mistério:
Vislumbrava-se esse clima de conto de fadas a partir das capas dos livros e de seus
títulos. Prosseguia-se através das tramas das estórias que mostravam, sempre, um
jogo de tramóias e falsificações dos laços sangüíneos e das identidades narradas no
mais clássico estilo romântico/dramalhão. (CUNHA, 1999, p.107).
31
Dessa forma, em um mundo povoado de nobres, filhos desconheciam a identidade dos
seus pais, pais desconheciam o paradeiro dos filhos, e, de acordo com Cunha, apaixonados
ignoravam a razão da tristeza de suas amadas. No entanto, tudo se ajeitava no final feliz,
quando os ricos de sentimentos bons permaneciam, os pobres esforçados eram premiados com
promissores casamentos, e os mistérios eram todos revelados.
O que ocorre, no entanto, é que as mulheres iniciaram suas leituras com romances, e
tal gênero as estereotipou: “As mulheres lêem romances, poesias e livros de culinária
enquanto que os homens aprofundam seus conhecimentos profissionais e interessam-se mais
por leituras científicas e teóricas” (FISCHER, 2005, p. 4). Percebe-se, então, que permanece a
mulher no espaço privado, e, simultaneamente, excluída das importantes decisões pertinentes
à existência pública. No entanto, é revestida de novas funções, além do matrimônio, entre as
quais consumir artigos industrializados, ter profissões “delicadas” como o seu perfil e até ser
alegre e espirituosa com moderação. O predomínio de faculdades afetivas tornava-a menos
apta para o trabalho intelectual do que para a condução da família.
As histórias românticas, desse modo, passam a traçar um painel desse aspecto
regulador da existência social da mulher, transmitido de geração em geração, como imagens
cristalizadas, difundidas pelo romance romântico e agilizadas no cotidiano pela retórica do
amor, que define o casamento e o papel destinado ao gênero feminino na sociedade.
Dumont observa que a literatura de massa, atualmente denominada de best-seller, da
qual fazem parte os “romances água com açúcar”, está relacionada aos diferentes grupos
sociais, econômicos e culturais: “Os temas do cotidiano das pessoas perpassam sua produção
e agradam a todas as camadas sociais, certamente porque respondem a suas necessidades
individuais” (DUMONT, 1998, p. 127).
Com base nessa afirmação do autor, passa-se a refletir, sobre a situação dos best-
sellers, livros que, embora sejam alvo de muita procura, nem sempre oferecem qualidade.
Sobre isso, cabe mencionar que, talvez, tais obras não deixem de ser marginalizadas, como é o
caso da própria literatura proibida mencionada por Roger Chartier e Robert Darnton
1
.
1
Para Chartier e Darnton, os textos proibidos, cuja existência devia ficar secreta, a cópia manuscrita continuava
sendo a regra, pois, de modo geral, “persistia uma forte suspeita diante do impresso, que supostamente romperia
a familiaridade entre o autor e seus leitores e corromperia a correção dos textos, colocando-os em mãos
‘mecânicas’ e nas práticas do comércio. Manteve-se também a figura daquele que na Inglaterra do século XVIII
se chamava de gentleman-writer, aquele que escrevia sem entrar nas leis do mercado, à distância dos maus
modos dos livreiros-editores, e que preservava assim uma cumplicidade muito forte com os leitores”
(CHARTIER, 1999, p. 9).
32
Fábio Lucas (1987) apresenta, no Jornal Suplemento Literário, uma coerente
explicação para a boa aceitação de determinados títulos entre o público leitor, os quais
geralmente obtêm êxito comercial:
O best-seller contém soluções narrativas e conteudísticas que atraem o grande
público e auxiliam a vendagem. A própria publicidade, quer a externa, nos anúncios
diretos ou indiretos, quer a interna, nas orelhas do livro, na quarta capa ou nos
resumos dos catálogos, cuida de dar ênfase às virtudes míticas da obra. Promete um
entretenimento ou uma excitação da mente, acompanhada de uma solução. O ideal
do best-seller será o mundo não problemático e o fim feliz. (LUCAS, 1987, p. 22,
grifo nosso).
Por fim, é importante ressaltar que o fato de um livro vender muito não é suficiente
para que este ganhe um lugar de destaque na história literária, da mesma forma que o fato de
um dado livro ser classificado como best-seller não pode determinar sua falta de qualidade, na
medida em que as duas avaliações levariam a falsos conceitos e a rotulações.
Conforme o estudo até aqui realizado, observa-se que sobre as leitoras do século XX,
as obras ganham sentido a partir do instante em que elas sentem-se envolvidas com a
narrativa, seja ela um Best seller ou não. Não é necessariamente a sua vendagem que motiva a
leitora a procurar uma dada obra, mas a história em si, a sinopse, além de comentários feitos
por jovens que já tiveram contato com o livro em questão.
As leitoras do século XX (pelo que se observa através das entrevistadas) marcam sua
presença pelo gosto de histórias românticas, que se observa como esta modalidade é capaz
de mexer com sentimentos, emoções, pensamentos e a subjetividade de cada jovem em
particular. E após o contato singular com a obra, abre-se a possibilidade da formação de
comunidades que tenham como base o gosto pela mesma história lida entre os membros.
3 ENTRE UMA LEITORA E OUTRA: A COMUNIDADE VIRTUAL
COMO “MEDIADORA”
Na primeira seção deste capítulo, faz-se uma breve apresentação dos livros que
compõem a série A mediadora”, dando ênfase à descrição da protagonista e dos temas
desenvolvidos em cada narrativa. Nas seções seguintes, são apresentadas algumas respostas
oferecidas pelas leitoras ao questionário aplicado, as quais se mostram relevantes para orientar
a análise a ser empreendida. Cabe ressaltar que, na transcrição de tais respostas, opta-se por
manter a grafia utilizada pelas participantes, uma vez que tal forma de expressão é útil até
mesmo para ilustrar o contexto que o se faz sem elas e o próprio suporte em que esta
pesquisa se deu.
3.1 “A mediadora”: um fenômeno entre as leitoras
Na coleção “A mediadora”
3
, a autora utiliza-se do pseudônimo Jenny Carrol para
contar as aventuras vividas por Suze, a personagem principal. A escritora americana, nascida
na cidade de Bloomington, Indiana, em de fevereiro de 1967, tem sido fenômeno de venda
entre o público jovem com a série O diário da princesa - conforme a página virtual da autora
Meg Cabot e outros títulos importantes, como O garoto da casa ao lado, que foi, inclusive,
adaptado para o cinema, em 2001, pela Disney Pictures.
A trajetória leitora de Meg Cabot é marcada pelas obras de Jane Austen, Judy Blume e
Barbara Cartland. Cabot iniciou sua carreira como ilustradora, atividade à qual se dedicou
durante pouco tempo, pois logo passou a investir na escrita de novelas, publicadas,
inicialmente, sob o pseudônimo de Patrícia Cabot. Atualmente, é autora de cerca de 50 livros
3
A coleção é composta pelos seguintes volumes: A terra das sombras edição em 2004 - já solicitada a
edição - total de venda: 12.802 exemplares; O arcano nove - edição em 2005 - está na edição - total de
venda: 10.103 exemplares; A reunião - edição em 2005 - está na edição - total de venda: 8.469 exemplares;
A hora mais sombria - edição em 2005 - está na edição - total de venda: 7.461 exemplares; Assombrado
edição em 2006 - solicitada a 3ª edição - total de venda: 6.747 exemplares; Crepúsculo edição em 2007 -
está encaminhada a edição - total de venda: 5.762 exemplares. Disponível em:
<http://www.megcabot.com>. Acesso em: 22. jun. 2009.
34
para adultos e adolescentes, vendendo 15 milhões de cópias pelo mundo. Muitas delas, como
a série O diário da princesa, são publicadas em 38 países.
Atualmente, a série “A mediadora” é um fenômeno entre as jovens leitoras. No Brasil,
esta foi publicada pela Editora Record, com tradução de Alves Calado. A série mistura
aventura, ação, comédia e amor, sendo direcionada ao público jovem. O primeiro volume tem
por título A terra das sombras e foi lançado em 2000, já o sexto título é Crepúsculo,
publicado em dezembro de 2004.
A coleção centra-se na personagem Suzanahh Simon, adolescente de dezesseis anos de
idade, que prefere ser chamada de Suze. A protagonista anda às voltas com o que pensa ser o
maior problema de sua vida: a capacidade de falar com os mortos. A ideia da série surgiu para
Cabot após a morte de seu pai. Durante uma conversa com seu irmão, este lhe revelara que, se
tivesse a capacidade de ver mortos, poderia ver seu pai periodicamente. Logo, Cabot
perguntou: “E se você pudesse ver o fantasma de cada pessoa morta?” (NOTA
BLEBIOGRAPHIES, 2007). Assim, o perfil de Suze Simon nasceu.
Ao se tratar da rie “A mediadora”, faz-se importante descrever, em um primeiro
momento, a personagem principal, ou seja, A mediadora” de todos os acontecimentos que
envolvem o mundo dos vivos e dos mortos. Suzannah é uma adolescente aparentemente
comum, mas dotada da capacidade de ver e falar com fantasmas, com a missão de ajudá-los a
descansar em paz. A informação aqui referida é passada à leitora pela própria Suze Simon, no
primeiro volume da série, quando ela diz:
Vou ter de explicar. É que eu não sou exatamente como qualquer garota de 16 anos.
Quer dizer, acho que eu pareço bastante normal. [...] No final das contas, sou uma
adolescente americana perfeitamente normal e comum. que eu falo com os
mortos. Talvez não devesse dizer assim. Mas talvez devesse dizer que os mortos é
que falam comigo. Quer dizer, eu o ando por aí procurando esse tipo de conversa.
Na realidade, tento evitar essa coisa toda o mais que posso. Mas o negócio é que, às
vezes, eles não me largam. (CABOT, 2000, p. 29, grifo da autora)
É claro que esse dom pode lhe trazer alguns problemas. De fato, no primeiro volume
da coleção, A terra das sombras, nem a própria Suzannah poderia imaginar a gravidade do
que encontraria ao mudar-se para a Califórnia. Além de ir morar em uma casa assombrada por
um fantasma jovem, bondoso e bonito, a escola onde Suze estuda sofre com a presença
maligna de uma adolescente que se matou ao ser desprezada pelo namorado, e que, agora,
busca vingança.
35
No segundo volume, intitulado O arcano nove, a situação-chave continua sendo a troca
de cidade, que pode lhe causar um trauma. Embora a mudança tenha algo positivo para a
protagonista, uma vez que na nova cidade encontra dois garotos dispostos a conquistá-la, Suze
encontra um impasse: um deles é um fantasma e o outro é capaz de matá-la. A velha casa para
onde Suze se muda com a e e o padrasto é assombrada por Jesse, um jovem e gentil
fantasma, que mais tarde se tornaria o seu grande amor. Em dado momento da história, Jesse
visita Suze em seu quarto, local onde, em outra vida, havia sido morto por um tiro. A partir de
então, Suze passa a dividir seu quarto com “alguém do sexo masculino”:
- Então boa noite, Suzannah – disse Jesse naquela voz profunda e sedosa.
- Boa noite. Minha voz não é profunda e nem sedosa. Naquele momento, de fato,
ela saiu meio esganiçada. Geralmente é assim quando estou falando com Jesse. Com
mais ninguém. Só com o Jesse. O que é fantástico. No único momento em que eu
quero parecer sensual e sofisticada, fico esganiçada. Fantástico. Rolei, puxando as
cobertas sobre o rosto, que dava para perceber que estava ruborizado. Quando espiei
por baixo delas um instante depois, vi que ele tinha sumido. Esse é o estilo do Jesse.
Ele aparece quando eu menos espero e desaparece quando menos quero. É assim que
os fantasmas agem. (CABOT, 2005b, p. 30).
Como Jesse, além de estar morto, não demonstra, a princípio, interesse pela
protagonista, esta se entusiasma com Tad Beaumont, o garoto mais cobiçado da cidade.
Porém, o fantasma de uma mulher, cujo assassinato pode ter relação com um mistério no
passado do rapaz, a atormenta e a ameaça.
Se o simples fato de ser adolescente pode trazer para a vida do indivíduo alguns
conflitos e perturbações de ordem existencial, o que dizer de uma garota que precisa dividir
sua atenção entre a própria vida e a morte dos outros? Em A reunião, terceiro volume da série,
Meg Cabot volta a juntar ação, romance e suspense sobrenatural a esta conturbada fase da
vida. Suze tenta esconder de todos o seu segredo, mas uma pessoa em particular à qual ela
não conseguirá enganar. Trata-se de Gina, sua melhor amiga, que mora em Nova York e
resolve passar uns dias em sua casa na Califórnia. Durante sua estada, quatro adolescentes
morrem em um acidente de carro, e Suze vê-se obrigada a abrir mão de seis dias tranquilos
com a amiga para ajudar as almas penadas a encontrarem seus caminhos. E para isso, ela
precisa contar com a ajuda da visitante:
36
- Certo. Gina fechou a torneira da pia e enxugou as os num pano de prato. O
que quer que eu faça?
Pisquei para ela.
- Fazer? Você? Nada.
- Qual é. Eu conheço você, Simon. Você não perdeu o horário da escola 79 vezes no
ano passado porque estava curtindo um cada manhã demorado no McDonald’s.
Sei perfeitamente bem que estava lutando contra os mortos-vivos, tornando este
mundo um local mais seguro para as crianças e coisa e tal. Então, o que quer que eu
faça? Que lhe dê cobertura?
Mordi o lábio. (2005c, p. 137)
Contudo, além dos fantasmas, outra pessoa precisa da ajuda da mediadora “A
mediadora”. Michael Meducci, que também está envolvido no acidente com os quatro
fantasmas de A reunião, passa a ser perseguido e a correr perigo, uma vez que os fantasmas
acreditam ser ele o responsável por sua morte.
No quarto volume, A hora mais sombria, Suze está trabalhando como babá em um
hotel de Nova York durante o verão. É lá que vai conhecer Jack, um garoto de nove anos que,
como ela, é mediador. No primeiro contato entre os dois, a protagonista não tem uma boa
impressão do menino:
Não que eu não goste do Jack, se bem que ele é de longe o menininho mais chorão
que conheci. Puxa, dá pra ver por quê é só olhar os pais, dois médicos
obcecados pela carreira, que acham que largar o filho com uma babá de hotel
durante dias sem fim enquanto vão velejar e jogar golfe é um ótimo programa de
férias de família. (2005a, p. 16)
Até esse momento, Jack sofre em silêncio, pois entende que os fantasmas querem
matá-lo, sem imaginar que, na realidade, apenas precisam de sua ajuda. O volume termina
quando o padrasto de Suze decide instalar uma piscina no quintal dos fundos, e Maria da Silva
ex-noiva de Jesse –, com medo de ter seus segredos revelados pois é suspeita de tê-lo
matado –, exige que “A mediadora” pare a obra. Suze fica dividida entre o dever de revelar a
verdade e o medo de que o fantasma de Jesse vá embora para sempre.
No quinto volume, Assombrado, Suze está de volta às aulas, e parece que seus piores
pesadelos resolvem tornar-se realidade. Paul Slater, o garoto que conhecera no último verão e
de quem tem medo, acaba de se matricular na Academia da Missão Junipero Serra escola
onde Suze estuda. Embora o padre Dominic acredite que o interesse do rapaz seja puramente
acadêmico, Suze não pode confiar nele, porque, assim como ela, ele também é capaz de
37
mediar fantasmas. No entanto, uma única diferença entre ambos: Paul não é um mediador
de boas intenções e possui conhecimentos que Suze não tem acerca da mediação. No
desenrolar da história, vai ficando claro que ela o está enganada a respeito do rapaz, pois
este vai perturbá-la, prometendo esclarecer-lhe muito sobre o que é ser um mediador. Tal
possibilidade desperta, em alguns momentos, o interesse da protagonista, que enfrenta alguns
contratempos devido à curiosidade:
Mesmo assim, mesmo não querendo, ouvi-me perguntando, como se as palavras
fossem arrancadas involuntariamente dos lábios:
- Não vou achar o que aqui?
- As respostas que você está procurando. A expressão nos olhos azuis de Paul era
intensa. O motivo pelo qual você, logo você, foi a escolhida. E o que, exatamente,
você é.
Dessa vez eu não tinha de perguntar o que ele queria dizer. Sabia. Sabia como se ele
tivesse dito as palavras em voz alta. Paul estava falando do dom que nós dois
compartilhávamos, do qual ele parecia ter um controle o melhor do que eu e do
qual parecia ter um conhecimento tão superior. (2006, p. 20)
Se em outros momentos Suze pôde contar com a ajuda de Jesse, o mesmo não ocorre
nessa situação, na medida em que eles são praticamente namorados, já que a protagonista está
ciente de que, se souber de Paul, e principalmente que ele a está importunando, Jesse é capaz
de cometer alguma loucura até porque Paul tentou exorcizá-lo, quase matando Suze no
último verão.
No sexto volume, Crepúsculo, pode-se dizer que a personagem principal se
acostumou com os fantasmas em sua vida. Eles a acordam no meio da noite, reviram seu
armário e a envolvem em situações bastante inusitadas. Essa fase da história, porém, coloca
Suze diante de uma difícil decisão: Permitir que Jesse volte para sua antiga vida, no século
XIX, perdendo para sempre o seu amor; ou ser egoísta para mantê-lo para sempre ao seu lado:
– O quê? – Enrolei o fio do telefone no dedo. – Voltar no tempo e impedir que Jesse
morra?
- Exato. Talvez essa seja a razão para ele ainda estar aqui na terra. Porque ele não
deveria ter morrido, para começo de conversa.
Fiquei tão pasma que por um instante não consegui falar nada. Solta, minha mente
pulou para aquele cartaz que minha professora da nona rie havia pendurado em
sua sala, com duas gaivotas voando sobre uma praia... um cartaz de que eu sempre
parecia lembrar nos momentos mais inconvenientes. SE VOCÊ AMA ALGUMA
COISA, DEIXE-A LIVRE, diziam as palavras sob as gaivotas. SE TIVER DE SER,
ELA VOLTARÁ PARA VOCÊ. (2007, p. 93, grifo da autora)
38
Vê-se, então, que a série abrange, além do amor entre a personagem principal e seu par
romântico, aventura, medo e ansiedade, emoções que fazem parte da vida do público leitor
aqui envolvido, facilitando, aparentemente, sua interação com a coleção.
3.2 As leitoras e seus mediadores
Antes de dar início à análise do material coletado, apresenta-se o grupo de leitoras que
participou do presente estudo. De acordo com as respostas das participantes, o público leitor
da coleção “A mediadora” não é formado apenas por adolescentes com a idade da
personagem Suze (16 anos), mas atinge também leitoras de outras faixas etárias, indo dos 13
aos 27 anos, com predominância entre 16 e 19 anos. o nível de escolaridade das jovens
varia dos últimos anos do ensino fundamental até o ensino superior.
De acordo com as informações coletadas por meio do questionário, foi possível
verificar que as leitoras participantes estiveram em contato com diferentes leituras. Isso se
deve ao fato de, em suas residências, sempre ter havido material impresso, como livros,
jornais e revistas à sua disposição e à de seus pais. Algumas mencionaram, inclusive, que, se
não havia muita variedade de volumes, não era problema algum reler o que havia sido lido
anteriormente. Desse modo, é possível perceber que a motivação para a leitura não está,
necessariamente, relacionada ao fator socioeconômico, nem é uma regra a ideia de que
somente lê aquele que tem mais posses.
Fabiane Verardi Burlamaque (2003), em sua tese intitulada Mulheres em três
gerações: histórias de vida, itinerários de leitura, evidencia que a quantidade de livros à
disposição o implica necessariamente no gosto pela leitura. Segundo a autora, a qualidade
do encontro que se estabelece entre o leitor e o texto influencia mais na sua formação do que a
quantidade de livros que ele tem ao seu redor. Assim, ter a casa repleta de livros, ou, ainda, a
possibilidade de conversar sobre obras lidas o consiste na única possibilidade de formação
leitora, pois tal processo depende mais das aberturas proporcionadas ao leitor para novas
inferências, para novas construções de sentido.
Conforme relatos das entrevistadas, suas primeiras experiências de leitura, de um
modo geral, deram-se por meio da motivação dos pais, que lhe contavam histórias antes de
dormir. Enquanto ainda o conheciam as letras, “liam” as imagens impressas em jornais,
39
revistas ou livros. À medida que começaram a conhecer as palavras, o contato com a leitura
deu-se por meio de histórias em quadrinhos. Como exemplo de tais abordagens, tem-se a
seguinte resposta: “Minha mãe sempre me influenciou muito a ler, então sempre foi algo
presente na minha vida. [...] Eu gostava de ler livros repletos de imagens para poder ler e
olhar ao mesmo tempo a imagem, livros ilustrativos [sic]”. (Leitora G)
Para seis leitoras, a motivação para a leitura veio das mães e, ainda nesse grupo, duas
contaram que, além de as ouvirem narrando histórias, viam a irmã lendo – observação a partir
da qual surgiu a curiosidade pelo mundo das letras: Minha e sempre me incentivou a ler,
mas acho que meu hábito de leitura veio através da minha irmã, que sempre gostou de ler”
(Leitora L). Assim, verifica-se, com base nesse relato, que a relação entre a mulher leitora,
seja ela mãe ou irmã mais velha, e a criança pequena vem a motivá-la para a leitura. Bárbara
Heller (2008), em Tuteladas ou letradas? Imagens de mulheres em textos escolares e
literários de 1800 a 1930, menciona que a ligação entre a mulher e a criança pequena
começou a estreitar-se, no interior do próprio lar, graças à prática de ensinar os filhos nos
primeiros cálculos, nas primeiras letras e até no catecismo. Esse procedimento denominou-se,
então, de educação doméstica.
No caso deste estudo, percebe-se que, como consequência do fato de terem estado em
contato com a leitura desde a mais tenra idade, as jovens mantêm o interesse por outras obras,
como Crepúsculo, principalmente as que trazem histórias de amor, além das leituras indicadas
por suas escolas ou seus estudos. A respeito das narrativas de tema romântico, as leitoras
observam que, embora tais tramas sejam “fracas” em termos de conteúdo, possuem aspectos
que as cativam, sendo difícil deixar de lê-las, como afirmam as Leitoras A e D. A trama, o
contexto, a história, os personagens, todos esses aspectos, ao somarem-se, formam um público
fiel, que sempre encontrará tempo para esse tipo de leitura romântica, pois o “romance
fantasioso”, como relata a Leitora T, faz parte do rol de obras lidas em todas as épocas e em
todos os lugares. Seguindo esse pensamento, Michèle Petit, ao refletir sobre a aproximação do
leitor com aquilo que lê, menciona que, “nas sociedades ocidentais contemporâneas, o leitor é
muitas vezes uma leitora: todas as sondagens confirmam que as mulheres têm uma relação
mais estreita com a palavra escrita e em particular com a leitura de ficção, em todas as áreas
da sociedade” (2006, p. 104, tradução livre da autora).
4
4
“[...] en estas sociedades, el lector es a menudo una lectora: todas las encuestas confirman que las mujeres
mantienen una relación más estrecha con lo escrito, y en particular con la lectura de ficción, en todos los ámbitos
sociales”.
40
Ao tratar da leitora que figura no romance urbano, Marisa Lajolo e Regina Zilberman
(1996, p. 256) revelam, em A formação da leitura no Brasil, que o domínio da leitura e o
gosto pela literatura – fatores responsáveis por dar à mulher capacidade de expressar opiniões
acerca do que concretizam-se por intermédio do recurso denominado ficção”. Por meio
das leituras, o público feminino passa a “cumprir função de consumir um certo tipo de
linguagem simbólica, naqueles idos representado pela ficção romântica” (ZILBERMAN;
LAJOLO, 1996, p. 257). Percebe-se, assim, que a menção feita pelas leitoras ao fato de as
histórias contadas pelos pais terem sido grandes motivadoras para a leitura em fase adulta vai
ao encontro do que afirmam Lajolo e Zilberman (1996), pois sua formação está relacionada à
ficção, ou seja, às histórias infantis, aos contos de fadas e às fábulas, textos que se utilizam de
linguagem simbólica para envolver o leitor. Logo, percebe-se que a formação das jovens
iniciou-se na infância e continua a ocorrer, pois se trata de um processo crescente e contínuo,
no qual, muitas vezes, ocorre a valorização da leitura como lazer e a mediação de outras
pessoas, seja por meio das comunidades leitoras, do círculo de amizade ou, ainda, do convívio
familiar.
Acerca das instâncias mediadoras, Burlamaque (2003) cita, em sua tese, Arnold
Hauser, teórico que defende a ideia de que a vivência artística pressupõe uma reação
espontânea e individual, ou seja, sem inferências, podendo ocorrer, sem estímulos externos
embora a satisfação artística livre de qualquer mediação seja rara. Desse modo, para que a
relação do leitor com a obra se torne próxima, não é necessário que seja constantemente
incentivada, realimentada para a minoria dos leitores, já que, para a maioria, o estímulo é peça
fundamental para a continuidade da formação leitora.
A realimentação, ainda de acordo com Burlamaque, acontece tanto na escola quanto na
família, pois em ambas a possibilidade de influência na formação do leitor, alicerçando
suas preferências. A falia ocupa, nesse quadro, o papel principal de mediação, sobretudo na
infância do leitor, podendo influenciá-lo ou não em sua trajetória leitora. É, muitas vezes, na
família que se encontram modelos de leitor e estímulos para o crescimento do gosto literário.
Em algumas situações, a escola assume para si a mediação inicial do sujeito com a leitura,
embora seu papel primordial seja a de dar a continuidade dessa formação, a qual, via de regra,
deve começar em casa. No que diz respeito a esse aspecto, Zilbermann e Rösing, em Escola e
Leitura velha crise, novas alternativas, evidenciam que o papel da escola como formadora
de novos leitores funda-se no fato de tal instituição “ter adotado a alfabetização como sua
primeira tarefa, tornada um direito constitucional nas nações modernas” (2009, p. 25).
41
De acordo com os dados coletados, quatro participantes da pesquisa salientam que a
primeira mediação no mundo das letras veio das professoras, que as incentivaram a ler a fim
de que escrevessem melhor, ou ampliassem seu vocabulário: “Minhas professoras do ensino
primário e minha mãe. Eu tinha muita dificuldade ao me expressar, e também por ser meio
quieta, me motivaram a ler ainda mais, porque assim eu poderia viver em mundos diferentes,
usar a imaginação e melhorar a escrita” (Leitora O); “Minha professora de português, dizendo
o quanto a leitura era importante para desenvolver minha escrita”. (Leitora D)
Nota-se, assim, que a professora constituiu peça decisiva na motivação pela leitura,
tendo sido mencionada pelas leitoras "O" e "D". Segundo Michèle Petit, “todos os dias, as
crianças tornam-se leitores, porque um professor, apesar da rigidez de certos programas, ou
através da sutileza dos outros, faz com que seja desejável a apropriação dos textos estudados,
e inclusive de obras difíceis, exigentes” (2006, p. 111, tradução livre da autora)
5
. Desse modo,
observa-se que a figura da professora assume um papel ativo na formação dos leitores, pois,
ao mesmo tempo em que valoriza a leitura, sem deixar de lado o lúdico, media-lhes novos
conhecimentos, evidenciando, assim, que esse é um importantíssimo veículo, tanto para seu
aprimoramento quanto para seu deleite. Como menciona Regina Zilberman, a ideia de que a
professora e por que não dizer de a escola deve motivar o aprimoramento do aluno está
presente na história da leitura, e consiste na história das possibilidades de ler.
Em relação ao tratamento dado à leitura pelas escolas, percebe-se que, embora as vinte
leitoras participantes tenham estudado em níveis e locais diferentes, os textos indicados para
leitura não variavam. De acordo com os dados coletados, nota-se que as instituições escolares
costumam solicitar obras específicas para as disciplinas desenvolvidas, e, particularmente
para aquelas que estão cursando o vel médio, a maior preocupação escentrada no que é
pertinente à prova do vestibular:
Infelizmente minha escola não motiva muito a leitura. Fica estacionada no que cai
no vestibular. Talvez por isso boa parte dos meus colegas o gostem de ler o que é
pedido. Mas, acabamos lendo coisas que até nem o comentadas pelos professores,
como A Mediadora, Crepúsculo. Harry Potter... (Leitora K).
5
“Todos los días, niños y niñas se convierten em lectores porque um docente, a pesar de la rigidez de ciertos
programas, o gracias a la sutileza de otros, hace deseable la apropriación de textos estudiados, e inclusive de
obras difíceles, exigentes”.
42
Para as demais, que já estão em nível superior, as leituras dividem-se entre obrigatórias
e complementares. A esse respeito, é importante ressaltar que as leitoras entrevistadas
afirmam não deixar de fazer as leituras que lhes dão prazer, aquelas que podem escolher
conforme suas preferências, em detrimento das obras indicadas. A leitura que lhes agrada é,
inclusive, alvo de troca de ideias e de indicações entre amigos (as) e colegas. A esse respeito,
a Leitora A afirma que, quando tem tempo, foge “pros livros de verdade, aqueles de histórias
e aventuras, aqueles que as pessoas dizem que dão ‘asas’ à imaginação”.
Chartier assim avalia as diferenças entre as leituras realizadas dentro e fora da escola:
Portanto, temos, de um lado, os ensinamentos da escola e, de outro, todas as
aprendizagens fora da escola, seja a partir de uma cultura escrita dominada pelo
grupo social, seja por uma conquista individual, que é sempre vivida como um
distanciamento frente ao meio familiar e social e, ao mesmo tempo, como uma
entrada em um mundo diferente (1998, p. 105).
Com base na afirmação do teórico, percebe-se que, quando o leitor escolhe
determinado livro que vai ao encontro de suas expectativas particulares, geralmente, o está
preocupado em aprender alguma coisa com sua leitura, e sim em obter prazer, satisfação e
uma forma de lazer.
Finalmente, outras três leitoras afirmam que o desejo pela leitura veio sozinho: “Ah!
Acho que isso veio sozinho, ninguém me disse que eu tinha que aprender a ler um dia, eu
simplesmente quis aprender e minha mãe me ensinou” (Leitora A); “Prazer. Amo ler, isso me
estimula sempre a buscar vários e vários livros” (Leitora B). A seguir, tem-se o depoimento
de Leitora R:
Acho que eu mesma me estimulei. Eu tinha muito tempo livre, e a única coisa que
me restava era ler. Minha afoi professora de português e tinha todos os clássicos
de Machado de Assis, então, de vez em quando eu os lia. Sem falar que sempre
gostei de escrever, e o escritor é um leitor.
Por meio dessa resposta, verifica-se que, embora afirme não ter sido estimulada por
outra pessoa para a leitura, a leitora aponta uma possível mediadora em sua relação com os
livros. Isso demonstra que o papel da avó, estimulou sua formação como leitora. Com base
nas respostas de Leitora A e R, pode-se afirmar que, quando se pensa em mediador, pensa-se
43
em alguém cuja função é convencer a criança a ler, argumentando sobre a importância da
leitura para o seu futuro, para a sua boa expressão escrita e outras finalidades. No entanto, tal
abordagem acaba, normalmente, surtindo efeito contrário, na medida em que, apresentada
nesses termos, a leitura passa a ser mais uma atividade a ser cumprida por obrigação.
Por meio das respostas analisadas, verifica-se que o primeiro contato com os livros
ocorreu de diferentes maneiras na vida de cada uma das jovens que compõem o corpus da
presente investigação, havendo, no entanto, algo em comum entre todas elas: o gosto pela
série A mediadora”. Assim, passa-se a examinar, por meio de suas respostas, os fatores
responsáveis por tal preferência.
3.3 A série como “mediadora” na formação de leitoras
Em estudos realizados sobre a França dos séculos XVIII e XIX, Chartier enumera
várias pinturas que retratam o ato da leitura feminina. Nesses textos pictóricos, o
evidenciados detalhes como o cão de família, os móveis do cotidiano, o sofá confortável e a
atitude solitária da mulher em contato com as páginas do livro aberto sobre os joelhos. Enfim,
na representação, há, geralmente, a expressão de uma relação de cumplicidade entre a leitora e
o livro. Em inúmeras representações, conclui o autor, o livro aparece, frequentemente, como
“companheiro de intimidade que suscita o sonho romanesco e fortifica a alma nas horas das
diversidades”. (1998, p. 107).
O livro, na condição de companheiro descrita por Chartier, pode ser comparado àquele
amigo do qual se aproxima o leitor na vida real. Assim, uma das questões lançadas para a
comunidade de leitoras da série “A mediadora” relacionava-se a o que aguçou a curiosidade a
respeito da série: “O que as instigou a ler a série “A mediadora”?”. Nas respostas, foram
mencionados como fatores determinantes o contexto misterioso e as características comuns
entre a personagem e suas leitoras:
Eu sempre gostei dos livros da Meg Cabot. E quando “A mediadora” me foi
apresentada, eu me identifiquei com a personalidade de Suze, além de sempre ter
gostado de histórias de ficção nesse estilo. E quanto mais eu me aprofundava na
história, mais eu me identificava com ela. Tanto que os últimos quatro livros, li em
quatro dias! (um livro por dia) (J.C. – Comunidade de “A mediadora” – Orkut).
44
Eu sempre fui muito de livros de, como posso dizer, situações que os jovens,
principalmente adolescentes, tem que resolver, entende? Ou melhor dizendo,
investigação com a aventura. Quando comprei o livro Reunião na livraria e li a
sinopse, eu achei mto interessante, pois é uma menina que tem praticamente a minha
idade e resolve problemas mto sérios, e ainda investiga o que causou o acidente dos
Anjos RLS e tal. Depois de ler Reunião, eu simplesmente GAMEI nesse livro, pq eu
me identifiquei totalmente com ele fiquei sabendo que tinha mais 5 livros da série
e fui tratando de comprar todos (ORKUT, Comunidade “A mediadora”, 2009)
Com base nas respostas acima transcritas, percebe-se a possibilidade que o leitor tem
de deixar de lado o mundo real, mesmo que por alguns instantes, para viver uma história
diferente, com emoções de um amor praticamente impossível de ser concretizado. Ainda a
partir dos comentários oferecidos pelas participantes, cabe ressaltar a importância da
identificação entre o enredo e a leitora para que haja aproximação entre ambos e apropriação
do que é lido. Conforme Morais, “a relação do leitor com o texto é viva e tensa, um diálogo
entre sujeitos que confrontam experiências, por meio da prática da leitura”. (2002, p. 48).
Desse modo, evidencia-se a possibilidade de a narrativa particularizar-se e singularizar-se a
partir do momento em que o receptor a interpreta, ou seja, que a reescreve, pois este se
apropria, por meio da leitura, daquilo que lhe algum sentido, de acordo com as vivências
reais e ficcionais presentes nessa relação.
Para Maria Arisnete Câmara de Morais, em Leituras de mulheres no século XIX, “falar
de leitora implica falar de como essa vai se constituindo nas redes interdependentes que ligam
escritor, texto, leitor, leitura” (2002, p. 47). Assim, as leitoras, de acordo com seus
depoimentos, sugerem haver um diálogo entre a personagem e quem acompanha cada um dos
volumes da rie. Pode-se afirmar, ao menos com base no que é revelado pelas duas leitoras,
que sua identificação com a protagonista e/ou com a temática da série é um fator relevante na
escolha dessa obra para leitura.
A esse respeito, revela a Leitora A: “Eu sou totalmente Suze Simon, tipo
esquentadinha, pela primeira vez me identifiquei com uma personagem de um livro”. Outras
leitoras, por sua vez, assinalam diferentes características: “Olha, eu diria que sou parecida
com Suze porque eu sou meio briguenta, eu acho que não me importaria em dar umas
‘porradas’ em um fantasma do tipo Maria da Silva!” (Leitora Z); “Tipo, é perfeita a série.
Nunca me identifiquei com uma personagem assim... minha irmã começou a ler primeiro,
disse que a ‘menina’ era todinha eu e disse que eu ia adorar o tal fantasma latino. Bom, ela
estava completamente certa” (Leitora B. L.).
45
Através dessa interação com a personagem, aspectos como a empatia com Suze ou
com outros personagens acabam auxiliando, implicitamente, na possível formação do público
leitor contemplado pela presente investigação, que prefere “A mediadora” a outras coleções e
a outros livros de Meg Cabot. A qualidade dessa “conversa” com as leitoras deve-se, ao
menos de acordo com as respostas obtidas, à maneira como a escritora se dirige ao público
leitor, conseguindo falar como uma jovem para jovens. Segundo as leitoras, a “linguagem
[empregada pela autora] aproxima quem da história” (Leitora K), por ser uma “linguagem
fácil” (Leitora M). Nesse sentido, pelo menos 14 participantes mencionaram que um dos
fatores que as motivaram a ler a série analisada consiste na forma como Cabot emprega as
palavras: “Meg escreveu esses livros como os jovens realmente falam, e isso foi muito legal”
(Leitora A). De acordo com essa leitora, além do seu tipo de escrita, o que agrada as jovens é
o fato de seus livros serem “descontraídos e seus personagens, mais próximos da realidade
que outros”. A Leitora M complementa essa ideia, afirmando que “Meg Cabot sabe como
divertir as pessoas, conseguindo ao mesmo tempo, colocar aventuras, paixões, que acredito
que toda garota teve um dia: amor platônico”. Além disso, o conteúdo das obras demonstra às
jovens que, também na ficção, pode existir uma personagem que, assim como algumas
pessoas, “aparenta ser forte, mas, quando se trata de amor, é manteiga derretida” (Leitora K
ao falar sobre Suze).
Questionadas quanto ao gênero de sua preferência, as vinte entrevistadas afirmaram
que apreciam romances, gosto que teve início na infância com os contos de fadas, como relata
a Leitora A: “adorava histórias de princesas e aventuras com final feliz”. A respeito dos
autores responsáveis pelos seus primeiros contatos com as histórias, uma das participantes
menciona os Irmãos Grimm, cujos contos aprecia desde pequena. A esse respeito, é
importante considerar que os contos de fadas, além de fascinar crianças e adultos ao longo dos
séculos, possuem um papel importante na formação moral e psicológica do leitor.
Bruno Bettelheim, em seu livro A psicanálise dos contos de fadas, menciona o poder
que tais textos exercem na psique infantil, na medida em que, por seu intermédio, a criança
pode trabalhar conteúdos inconscientes que, muitas vezes, não encontram vazão por meio da
linguagem. Segundo Bettelheim,
46
Aplicando o modelo psicanalítico da personalidade humana, os contos de fadas
transmitem importantes mensagens à mente consciente, à pré-consciente, e à
inconsciente, em qualquer nível que esteja funcionando no momento. Lidando com
problemas humanos universais, particularmente os que preocupam o pensamento da
criança, estas estórias falam ao ego em germinação e encorajam seu
desenvolvimento, enquanto ao mesmo tempo aliviam pressões pré-conscientes e
inconscientes. À medida que as estórias se desenrolam, o validade e corpo às
pressões do id, mostrando caminhos para satisfazê-las, que estão de acordo com as
requisições do ego e do superego (1980, p. 14).
Celso Gutfreind, em pesquisa realizada em Paris sobre o tema, observou a evolução da
psique de crianças separadas de seus pais e que vivem em abrigos públicos, por meio de
práticas leitoras envolvendo contos de fadas. Segundo o estudioso, “as crianças apresentaram
melhora evidente em seus transtornos de conduta, mostrando-se, após a intervenção, mais
capazes de expressar, de diferentes formas, o intenso sofrimento resultante da separação”
(2004, p. 25). Somada a essa função que a leitura é capaz de assumir, está, como ressalta a
Leitora B, a possibilidade de prazer e fruição, o que se refere mais a leituras “água com
açúcar”, que “nunca são demais e podem servir para descontrair”.
Livros escolhidos como distração, lazer ou fuga da realidade atraem o público leitor
com maior facilidade por proporcionarem prazer, instigando e logo após satisfazendo sua
curiosidade, sem demandar grande esforço intelectual. Tal concepção é bastante próxima à do
século XX, quando obras que tivessem relação com histórias românticas eram consideradas
algo sem tanta importância, que “o romance era a antítese da literatura prática e instrutiva.
Exigia pouco do leitor e sua única razão de ser era divertir pessoas com tempo sobrando.
Acima de tudo, o romance pertencia ao domínio da imaginação”. (CAVALLO; CHARTIER,
1999, p. 171).
No que se refere à questão da ficção pautada na imaginação, algumas participantes
buscaram outras obras a partir de Harry Potter, uma vez que o seu caráter de aventura e
mistério foi capaz de despertar “a paixão pela leitura”, como afirma a Leitora A. para a
Leitora B, Harry Potter fez parte de suas leituras de infância, abrindo caminho para outros
livros do mesmo gênero, inclusive para a série “A mediadora”, que também possui teor de
aventura e mistério, além de situações sobrenaturais. Ainda que a série apresente o final feliz,
respeitando à fórmula das histórias românticas, pode-se dizer seu diferencial é o fato de
oferecer uma narrativa com aspectos sobrenaturais, o que é citado pelas próprias leitoras. Não
obstante esse aspecto insólito, Suze representa
47
todos os problemas que nós temos que enfrentar, claro, um pouco mais complexos,
mas ao mesmo tempo ela é uma adolescente como qualquer uma [...]. Sou
apaixonada pela história e pelo modo como Meg escreve. Meg Cabot consegue
prender os leitores com as suas histórias ao mesmo tempo fantasiosas mas que para
nós tem tanta coisa em comum. [...] é bom saber que ela é uma garota normal, com
problema que qualquer adolescente teria. A melhor coisa é se identificar com o
personagem. (Leitora G)
Ao falar sobre suas preferências de leitura, a Leitora K afirma optar por romances por
haver nesse tipo de texto “coisas” com as quais se identifica, retomando, assim, a importância
da simpatia com a narrativa para que haja a construção de sentidos por parte de quem lê.
Aqui, faz-se pertinente uma observação de Tânia Pellegrini sobre o assunto:
[...] um produto só se torna de fato produto quando consumido; assim, um livro só
completa esse caminho nas mãos do leitor. Este sempre é um elemento que, de uma
forma ou de outra, envolve-se na (re) construção do texto contido no livro, sem o
que esse texto permanece incompleto. Dessa maneira, a recepção tem um papel
relevante e se torna mais um traço da história, assim como da sociologia da leitura:
se o país é desigual na distribuição de riqueza, também o é na distribuição da cultura
letrada (ou normatizada; nesse ponto, com certeza, os meios importam menos do que
se apregoa) (2005, p. 01).
Salienta-se, nesse sentido, que o autor, ao escrever sua obra, o faz tendo em vista um
possível leitor. Assim, Meg Cabot constrói “A mediadora” considerando um leitor virtual, ou,
na nomenclatura de Iser
6
, um leitor implícito. No caso deste estudo, a leitora à qual Cabot
parece dirigir-se pode ser reconhecida por meio de estruturas próprias da série, que possibilita
a interação, exemplificada a seguir:
Puxa vida, eutinha 2 anos, tá? Na época, eu ainda não sabia que a gente devia ter
medo de ratos. [...] Mas, como você , era que todas aquelas pessoas do meu
quarteirão se enganavam. Meu pai estava morto, é verdade. Mas eu realmente voltei
a vê-lo (Volume 1, 2006, p. 30-34).
Ao dirigir-se ao narratário, Meg Cabot realiza uma relação entre a instância ficcional –
personagem e a instância real – aquele que lê. Cabe salientar, aqui, que ao leitor real
6
A Teoria do Efeito o texto como um local de produção e proliferação de significados. Iser privilegia a
experiência da leitura de textos literários como uma maneira de elevar a consciência ativamente, realçando o
centro da mesma na investigação de significados.
48
corresponde, na fase de composição do diálogo, o narratário, que serve como uma espécie de
“ouvinte” para a protagonista. No ato de leitura, esse diálogo acaba sendo realizado com o
leitor e apropriado de acordo com suas experiências e expectativas individuais, podendo
evidenciar conflitos presentes na vida de alguns receptores, como é o caso, por exemplo, do
amor não correspondido:
Sério mesmo. Jesse é lindo demais para a minha paz de espírito. Eu posso ser
mediadora, mas ainda sou humana, caramba. [...] todo masculino, gato, e coisa e tal
na roupa de fora-da-lei do século XIX que ele sempre usa. Você conhece o tipo: com
aquelas calças pretas e justas e a camisa branca aberta até o... (Volume 4, p. 31-32,
2005).
Segundo as respostas oferecidas pelas participantes do estudo, a forma pela qual a
personagem se dirige às leitoras lhes proporciona a sensação de estarem sendo convidadas
para a história. Assim, sentindo-se parte da série, as leitoras acabam construindo ou
reconstruindo a sua própria fase de vida por meio de reflexões que relacionam o mundo real e
o mundo da ficção presente em “A mediadora”. Para complementar este ponto, menciona-se
que conforme Michèle Petit, tal fenômeno ocorre porque o leitor “[...] constrói sua história se
apoiando em fragmentos de relatos, em imagens, frases escritas por outros, das que tira força
às vezes para seguir outro caminho diferente de tudo que lhe parecia destinado” (2006, p.
108)
7
. O leitor é, portanto, convidado a se inscrever no espaço desse texto, sendo ele mesmo,
o leitor ou a leitora, um espaço no qual o texto também se inscreve (MORAIS, 2002, p. 49).
Por conseguinte, a interação que ocorre em contato com a obra, de modo particular da
série “A mediadora”, possibilita que suas receptoras saiam buscando mais leituras a partir
dessa relação, na medida em que se colocam diante do comportamento e das sensações da
Suze e dos demais personagens da trama. Por sua vez, a escritora somente seu texto
adquirir vida como mencionou Morais anteriormente ao ser visado pelas leitoras,
revelando-lhes pontos ainda não observados. Por esse motivo, nem as leitoras nem a série em
si são as mesmas após a mediação da leitura.
7
“[...] construye su historia apoyándose em fragmentos de relatos, em imágenes, frases escritas por otros, de lãs
que saca fuerza, a veces para seguir outro camino distinto Del que todo parecia destinarle”.
49
3.4 As leitoras como “mediadoras”
Uma comunidade de leitores é constituída por membros que têm os mesmos interesses
de leituras, podendo trocar opiniões e ideias sobre textos de suas preferências. Esses espaços
são destinados ao intercâmbio de informações entre pessoas com diferentes histórias de vida,
mas que possuem algo em comum, neste caso em particular, o interesse pela série “A
mediadora”.
As leitoras analisadas costumam trocar ideias acerca de suas leituras no meio virtual,
com participações em fóruns de discussão, ou, ainda, em comunidades que tratem de outros
livros que as interessam de alguma forma. Mesmo que as leitoras aqui abordadas estejam
fisicamente distantes umas das outras, o que as une vem a ser o espaço virtual, graças ao qual
podem comunicar-se com pessoas de locais diferentes sobre as leituras que fazem, recebendo
e oferecendo sugestões de novas narrativas. Segundo as participantes, outra vantagem
proporcionada pelo mundo virtual é o fato de disporem de informações atualizadas o tempo
todo, além da possibilidade de conhecerem autores como Meg Cabot.
Lúcia Santaella, em Compromisso com a equidade, afirma que o âmbito digital
consiste em uma “inteligência coletiva”, uma vez que as redes não são isoladas, interagindo e,
mais do que isso, representando um cérebro vivo e coletivo utilizado nesse caso pelas
jovens para postar opiniões sobre A mediadora”, responder tópicos, ou, ainda, deixar suas
próprias perguntas para dar início a novas discussões, entre outras finalidades. Conforme suas
respostas, a Leitora N entra em contato com o mundo virtual para “buscar sugestões de novas
leituras”. Já Leitora O afirma “buscar atualização sobre o que acontece no mundo”. Todas
elas acessam o sistema de qualquer parte do mundo, podendo interagir com pessoas de
diferentes culturas, dentro dos limites linguísticos individuais.
A "Leitora O" assim reflete sobre a interação de leitores pelo meio virtual:
Quando ligado às redes digitais, o computador permite que as pessoas troquem todo
tipo de mensagens entre indivíduos ou no interior de grupos, participem de
conferências eletrônicas sobre milhares de temas diferentes, tenham acesso às
informações públicas contidas nos computadores que participam da rede, disponham
da força de cálculo de máquinas situadas a milhares de quilômetros, construam
juntos mundos virtuais puramente lúdicos.
50
Contudo, a interação entre leitores pode ocorrer também de forma presencial, como é
o caso a seguir:
[...] Meus amigos costumam ler romances, com vampiros e livros de drama, ou meio
que "estratégicos" como os de Down Brown. Eu compartilho com amigas. Comento
na escola e internet, sobre a história e estimulo eles a lerem se gostarem da minha
"sinopse" (Leitora K).
Chama a atenção no relato acima o fato de a leitora fazer sua própria sinopse daquilo
que leu, evidenciando não apenas sua capacidade de apropriar sentidos, mas também de
reconstruí-los, dando-lhes expressão individual.
Percebe-se, por meio das respostas obtidas, que a afinidade é ingrediente indispensável
para que ocorra nesse caso a interação, como afirma a Leitora L: “minhas amigas têm o gosto
bem parecido com o meu”. Conforme Chartier, em A aventura do livro: do leitor ao
navegador, “as experiências individuais são sempre inscritas no interior de modelos e de
normas compartilhadas” (1998, p. 91). Por isso, para cada leitor, para cada leitura sua, em
cada momento específico, existirá uma singularidade. Entretanto, tal aspecto único é
atravessado por aquilo que faz com que este leitor no caso, esta leitora seja semelhante a
todos aqueles que pertencem à mesma comunidade. Logo, o interesse comum da comunidade
leitora aqui trabalhada é o gosto por romances, somado ao interesse pela trama, à preferência
de histórias com aspectos sobrenaturais, aventura, comédia e suspense.
O ato de compartilhar a leitura também é analisado por Maria Arisnete Câmara de
Morais, que expõe um exemplo de troca de ideias sobre leituras entre mulheres, embora em
outro contexto:
Se quatro leitoras reunirem-se para uma sessão de leitura em voz alta, formam
também uma configuração. A leitora que em voz alta depende do auditório e o
auditório da leitora que pratica essa leitura [...]. A interdependência, portanto, é
condição para que se forme uma configuração (2002, p. 67).
No caso da leitura compartilhada em “A mediadora”, as leitoras não estão fisicamente
próximas, muito menos fazendo a leitura em voz alta. Porém, sua aproximação ocorre através
do meio virtual, onde elas podem discutir a respeito do que leem mesmo sem residirem no
51
mesmo Estado do Brasil. Logo, o ato de compartilhar leituras é capaz de unir pessoas em
torno de uma mesma preferência, de um mesmo interesse, podendo ser realizado por meio de
distintas configurações, no caso destas leitoras, pela internet.
A despeito das particularidades sobre as leitoras, ficou evidenciado o cuidado que
dispensam ao material livro, bem como o prazer que sentem por ter seu acervo: “Na maioria
das vezes eu compro, pois adoro ter meus livros favoritos em casa, para quando eu quiser, eles
estarem lá” (Leitora A); “é muito boa a série! Daquele tipo que você precisa ter em casa”.
Percebe-se, assim, que as jovens gostam de ter sempre a mão aqueles livros que mais as
atraem, pois dessa forma é possível relê-los a qualquer momento.
Tais relatos evidenciam que as leitoras formam uma espécie de biblioteca particular,
tornando-se, então, colecionadoras da rie. Chartier menciona a esse respeito que “a
separação dos livros que são imprescindíveis de se possuir dos que podem (ou devem) ser
negligenciados é um dos meios de disfarçar a impossível universalidade de uma biblioteca”
(1994, p. 70). Visando à formação de seu próprio acervo (do qual fazem parte apenas os livros
indispensáveis), os volumes da coleção, quando não são comprados pelas leitoras, são ganhos
(pedidos) de presente.
Assim como a troca de sugestões entre as leitoras, comum também é o empréstimo
de volumes, a fim de que todas tenham a oportunidade de lê-los, independentemente de terem
ou não condições de adquiri-los ou ganhá-los. Algumas preferem, num primeiro momento,
“baixar da internet o e-book para ver se interesse em comprar o livro. Sempre baixo os
livros que me interessam antes de comprá-los. Leio um pedaço, se gostar, vou lá, compro e
leio o resto. Senão, esquece. Não compro, pronto e acabou”. Para a Leitora D, a compra de
livros somente é feita quando ela acredita que irá gostar: “os que tenho certeza que vou gostar
(dos meus autores favoritos) ou que já li e gostei, eu compro”.
Outra questão respondida pelas jovens diz respeito ao tempo que estas dedicam à
leitura. Algumas leitoras dispensam de uma a duas horas por dia; outras afirmam não
determinar um tempo cronometrado no relógio, o que sugere que o tempo de leitura pode
durar enquanto esta for envolvente: “Meu tempo livre (que varia)” (Leitora D); “Muito. Estou
quase sempre lendo, pois gosto muito de escrever e pretendo ser escritora um dia” (Leitora E);
“Leio sempre que posso. Para ler o que gosto, reservo pelo menos uma hora por dia” (Leitora
K). Apresentam-se, a seguir, algumas observações relevantes nesse sentido:
52
Li o Arcano Nove em um dia... hehehe... comecei de manhã e à noitinha tinha
terminado... parava pra ir no banheiro e almoçar! A maioria dos livros da
mediadora acho que acabei dentro de uns 3,4 dias. É muito viciante mesmo!!!
(Leitora M.N.)
Todos nós sabemos a série "A mediadora" é totalmente viciante... você começa a ler
e simplesmente não consegue parar e quando se conta, já está quase acabando o
livro! Li em média 140 páginas por dia (Leitora R. A.)
A familiaridade com a personagem, aliada à curiosidade em relação à narrativa, é um
dos fatores determinantes para que as participantes leiam em média um livro em um único
dia, como se pode observar: “Oi, beleza? Conheço a série só há três semanas, mas já me viciei
a ponto de nunca ter gostado de ler um livro e ler em três semanas todos os cinco primeiros
livros da coleção” (Leitora M.).
Essa experiência de abrir o livro e ficar por um tempo que não se passar” (Leitora
C) refere-se a um momento particular que cada leitor tem com o texto, num diálogo que pode
divertir e emocionar. Segundo suas respostas, verifica-se que todas as participantes
encontram, durante o dia, minutos ou horas para se dedicarem à leitura da série, mesmo que
seu cotidiano seja ocupado por várias outras tarefas e até mesmo por outras leituras.
Certamente, as jovens exploram o pensamento e a criticidade durante as leituras que fazem.
Em grau menor ou maior, cada uma das leitoras reconhece e amplia o mundo ficcional de “A
mediadora” a cada volume que lê, encontrando neles aspectos que podem se revelar em sua
própria personalidade, como ocorre com a Leitora L, que se considera “invocadinha como a
Suze”.
Os textos apreciados pelo público pesquisado podem ser classificados como uma
leitura mais amena, de entretenimento, categoria da qual faz parte a coleção de Meg Cabot,
bem como os livros de outras autoras mencionados pelas próprias leitoras: “Marian Keves,
Meg Cabot... e escritoras que escrevam o gênero delas. Romance água com açúcar nunca é
demais” (Leitora B).
Conforme se verificou anteriormente, as histórias românticas ainda possuem grande
apelo entre as jovens, a exemplo da aceitação que as obras de M. Delly tinham entre as moças
das décadas de 1940 a 1960. Assim como Meg Cabot que utiliza o codinome de Jenny
Carrol na série em questão M. Delly era o codinome de um casal de irmãos franceses
Frédéric e Jeanne Marie Petitjean de La Rpsoére que fez enorme sucesso entre o público
feminino daquele tempo.
Em se tratando desse assunto específico, torna-se indispensável mencionar que os
enredos românticos que tiveram grande repercussão no Brasil nas décadas de 1940 a 1960
53
consistiam em traduções sobretudo francesas. As obras mais lidas e divulgadas foram as de
M. Delly, conhecida e nomeada no Brasil como Madame Delly. Suas histórias baseavam-se
no amor entre o herói e a heroína:
Assim, as heroínas dos romances podiam ser consideradas como cinderelas:
mulheres puras e singelas confinadas ao espaço da casa e do castelo, onde iam pouco
a pouco, se abrindo para o mundo externo, revelando sua beleza física e seu
caráter bem formado. [...] Povoadas de príncipes, duques, condes, barões, as estórias
também tinham embora em menor escala, heróis que não eram procedentes da
aristocracia. Mas, por serem generosos, leais e honrados tinham a “nobreza de
coração” tão valorizada [...] não eram nobres “pelo sangue”, mas eram “doutores e
honrados”. E era a honra que escorava a superioridade da nobreza (CUNHA, 1999,
p. 109-110).
Boa parte dos livros de M. Delly fez parte de uma coleção denominada “Biblioteca das
moças”, a qual conforme Cunha (1999, p. 36), passou a ser editada, no Brasil
ininterruptamente, entre 1935 e 1963. Assim, é justamente M. Delly quem tem a maior venda
de títulos da coleção, bem como o maior número de edições. Tal biblioteca” contou com o
incentivo de Monteiro Lobato para ser publicada no Brasil, tendo como veículo a Companhia
Editora Nacional.
Maria Teresa Cunha, através de entrevistas feitas com leitoras de M. Delly, entre as
décadas de 1930 e 1960, apresenta as regras, os comportamentos e os valores que envolveram
a educação da jovem mulher brasileira. Segundo a pesquisadora, tais obras eram escritas
dentro dos seguintes moldes:
Em estilo romântico e abusando do didatismo, os romances de M. Delly
anunciavam, desde as primeiras ginas, um tom de encantamento, um clima de
conto de fadas, mesmo sem fadas. Representantes da alta aristocracia européia
realizavam feitos heróicos, viagens exóticas, festas memoráveis sempre envoltos
num clima de fantasia e mistério (CUNHA, 1999. p. 107).
Enredos como os descritos acima representam a marca do ideal romântico difundido e
incentivado ao gênero feminino. Porém, é salutar considerar que histórias românticas
continuam sendo constantemente procuradas pelo público atual de leitoras, o que ocorre
inclusive no caso de “A mediadora”. Leituras assim, que não fazem parte daquelas solicitadas
por professores, podem ser consideradas como opção de entretenimento.
54
Ao se comparar os romances da Biblioteca das moças” com os volumes da série “A
mediadora”, percebe-se que o perfil das leitoras pode ter se modificado, permanece, no
entanto, a leitura de evasão:
Lidos por donzelas, casadoiras e heroínas no século passado, neste século por jovens
de classe dia nos anos 50 e 60 por operárias, nos anos 70 colocados à disposição
de leitoras adolescentes nos anos 80, os romances de folhetim atravessavam classes
sociais, tempos históricos e lugares físicos. Estendidos diante dos olhos da leitora,
favoreceram a imaginação, provocaram reações de desagrado, normatizaram
condutas, educaram/deseducaram sensibilidades: encantando, fazendo chorar, rir,
desejar, temer, sonhar, amar, odiar. E agora, nos anos 90 continuam aí, com novos
nomes e, ao que parece, provocando novas languidezas (CUNHA, 1999, p. 41).
Esse desejo de fugir do mundo real para vivenciar situações inusitadas e diferentes
propicia à leitora um momento em que ela pode, inclusive, sentir-se parte da história, casos
em que a trama assume uma função auxiliar na resolução de seus próprios conflitos. Embora
se trate de um texto de ficção, A mediadora” não deixa de ter traços relacionados à vida das
adolescentes de hoje. Um aspecto relevante nesse sentido é o fato de Suze não ser uma garota
popular, ou seja, aquele tipo de menina cercada de amizades, tampouco uma seguidora das
últimas tendências da moda. Possivelmente, essas características consistem em um importante
fator de identificação entre a personagem e muitas leitoras:
Quando eu fiz quatorze anos, ela me deu minha própria linha telefônica, achando
que tantos garotos iriam ligar para mim que seus amigos nunca poderiam fazer
contato. para imaginar como ficou frustrada quando ninguém, a não ser minha
melhor amiga Gina, ligava para a linha particular, e geralmente para me contar
sobre os encontros que ela vinha tendo. Os garotos do meu antigo bairro nunca se
interessavam muito em me convidar para sair (2000, Volume 1 – p. 61).
O trecho descrito acima se refere ao momento em que Suze relembra o fato de sua mãe
ter lhe dado uma linha particular, que pode ser comparada a um telefone celular, para que ela
recebesse e fizesse ligações com privacidade. No entanto, de acordo com a jovem, a linha não
seria muito necessária, uma vez que ela o costumava receber muitas ligações. Portanto, ser
uma garota popular, como o próprio trecho confirma, parece o fazer parte de sua realidade,
nem de muitas leitoras da série.
55
Na atualidade, não se pode afirmar, com precisão, que a curiosidade seja capaz de
envolver a leitora na coleção apenas pelo desejo de saber o desfecho das aventuras de Suze
Simon. Além disso, verifica-se que, embora a série envolva elementos do contexto atual, os
livros mostram o “final feliz” originalmente presente nos contos de fadas, primeira
modalidade de leitura com a qual as participantes do estudo tiveram contato. Logo, nota-se
que, mesmo sem haver fadas em “A mediadora”, a sensação de que a história iterminar
bem, de que o casal que tanto sofre estará junto no final precisa, de fato, aparecer na trama,
para que, desse modo, o público sinta-se realizado, tendo suas expectativas atendidas. Tais
expectativas estariam relacionadas, segundo elas mesmas afirmam, à concretização do “amor
impossível [do ponto de vista da realidade] entre Jesse e Suze” (Leitora K), que faz com que
as jovens, como a Leitora M, afirmem adorar “romance que faz a gente suspirar lendo, e que
faz a gente pensar no amor da nossa vida”.
O envolvimento das leitoras com a coleção faz com que a sua expectativa por mais um
volume torne-se algo óbvio, para que elas o fiquem “órfãs de leitura da série, sentindo um
vazio ao terminar [...]” (Leitora A). A comunidade poderá servir, também, para dar
continuidade às histórias, exercitando a imaginação das leitoras, que podem criar novos
enredos com base nos que já conhecem:
A série o precisa acabar... nós podemos dar continuidade a ela aqui mesmo na
comunidade, qualquer um pode continuar a história. É criar um tópuco e postar
aqui. Assim, não deixaremos a série A mediadora chegar ao fim... (Leitora L.L).
Vou ganhar de aniversário o Crepúsculo, mas antes de lê-lo estou triste porque a
série acabou. Acho que até que seria uma boa ideia alguém aqui da comunidade com
uma imaginação fantástica fazer uma continuação da série pelo menos pra gente
imaginar como seria uma suposta continuação dos livros (Leitora A.M.).
Em “A mediadora”, a cada volume, está presente o romance, a aventura, a comédia e o
suspense, fórmula que seduzi o público, trazendo para a ficção uma história de amor platônico
sonhado por toda e qualquer jovem.
Em relação ao par romântico da série, destaca-se a maneira como Suze descreve Jesse
no decorrer da trama:
56
Naturalmente eu não sabia como me sentia ante a possibilidade de que meu primeiro
beijo fosse dado por alguém do outro mundo, mas sabe como é, quem está em
petição de miséria não pode ficar escolhendo, e posso garantir uma coisa, o Jesse era
muito mais gracinha do que qualquer cara vivo que eu tinha conhecido ultimamente.
Eu nunca tinha visto um fantasma tão bonitão. Parecia que ele não podia ter mais do
que vinte anos quando morreu (Volume 1, p. 158-159).
Sem dúvida, tal descrição remete à imagem de alguém perfeito, que possui todas as
qualidades que uma jovem gostaria de encontrar em seu futuro namorado.
Até este ponto, tratou-se sobre a trama de “A mediadora”, ênfase aos aspectos que
mais agradam às leitoras pesquisadas. Assim, passa-se, agora, a analisar o efeito estético das
capas dos livros da coleção de Cabot. Observando-se a linguagem visual, percebe-se que a
combinação do formato das letras e das imagens é feita de tal forma que suscita a sensação de
suspense, despertando a curiosidade do receptor, adiantando o teor “paranormal” da trama.
As ilustrações de cada um dos livros não são iguais, pois cada capa apresenta um
desenho diferente – somente a personagem principal, Suzanahh figura em todas elas –,
ilustrando uma determinada situação para sugerir o que se passa ao longo da história. Apenas
no decorrer da leitura é que se torna possível, no entanto, associar a capa com uma situação
importante da narrativa. Nesse sentido, leitoras, na comunidade, como é o caso de F.V.,
que mencionam a relação das capas com as passagens de cada um dos volumes: “Todas tem
tudo a ver: a 1 tem a Suze com a Heather e o Jesse; a 2 tem a Suze e o Tad; a 3 tem a cena do
afogamento; a 4 tem a cena da faca da Maria; a 5 tem os corredores e a 6 tem a cena do fogo...
tem tudo a ver”.
De acordo com Cunha, “a primeira imagem que se tem de um livro é, quase sempre,
sua apresentação externa” (1999, p. 55). No caso de A mediadora”, este parece ser um
recurso importante na identificação do público leitor com as histórias, como demonstra a
Leitora G ao referir-se ao primeiro volume da série: descobri que ela [Cabot] escrevia uma
série de livros chamado ‘A mediadora’ e de cara me encantei com aquela capa toda preta e
misteriosa”. Abaixo, apresenta-se a capa mencionada pela leitora:
57
Ilustração 1 - Capa do Volume 1 da série.
Fonte: CABOT, 2000.
Como é possível conferir acima, na capa de A Terra das Sombras, as letras são
desalinhadas estilo que permanece em todos os volumes seguintes e essa visualização
desperta a sensação de mistério, destacando Suze, a mediadora, que aparece em primeiro
plano. Atrás dela, estão, um de cada lado, dois personagens, Jesse e Heather, menina que, no
decorrer da trama, é exorcizada. Assim, a capa – juntamente com a narrativa, que fica
inacabada, prendendo a leitora conferir o segundo livro –, ao dirigir-se para um determinado
público leitor, confirma o que aponta Cunha, que a apresentação externa é extremamente
relevante na escolha de um livro.
Na comunidade “A mediadora”, as leitoras assim comentam sobre as capas: “Eu adoro
as capas brasileiras, são boas de verdade, acho muito massa o preto, as cores, cada livro com
uma cor diferente, dão um ar muito mais sombrio...” (Leitora L. I.). Outro aspecto é pontuado
pela Leitora T.H.:
Arcano Nove, sem dúvidas, sempre me um aperto quando vejo o Jesse ao fundo.
Eu gosto da capa, o pela semelhança com a personagem, mas pela ideia. É triste e
me comove, sinceramente. Juro que sempre faz meu coração apertar, já que eu
realmente adoro o Jesse...
58
As variadas formas por meio das quais um texto chega até seu leitor constituem, como
se pode observar, suportes que lhe conferem legibilidade. Corrobora tal ideia Roger Chartier,
segundo o qual “qualquer compreensão de um texto, não importa de que tipo, depende das
formas com as quais ele se apresenta à leitura” (1990, p. 127). A imagem da capa apresentada
transmite a ideia de independência e autoconfiança, isto é, por mais que Suze seja uma
adolescente, a leitora tem a impressão de estar diante de alguém que, no decorrer dos
volumes, vive histórias que requerem coragem. Além disso, a figura ali estampada convida a
leitora a olhar para um mundo diferente do seu, e, em alguns aspectos, misturando o mistério
e a ficção com os conflitos existenciais experimentados no seu mundo real.
A contracapa do livro, por sua vez, apresenta um breve comentário sobre Suze e seus
dilemas, que, conforme se verificou anteriormente, se assemelham aos vividos pelas leitoras,
às vezes, amesmo no que se refere à sua mediunidade: “Descobri ‘A mediadora’ quando
uma amiga, que sabe que sou ‘médium’, leu a sinopse do livro na biblioteca e me chamou,
dizendo que havia achado um livro que parecia comigo, pelo fato de nós duas podermos ver
espíritos” (Leitora S).
De acordo com Roger Chartier, em A aventura do livro do leitor ao navegador, a
leitura é sempre uma oportunidade de apropriação, invenção e produção de significados.
Nessa perspectiva, Michael de Certeau complementa, na mesma obra, que “o leitor é um
caçador que percorre terras alheias” na busca de uma boa leitura, ou seja, na busca da
compreensão daquilo que (1999, p. 77). Toda leitura pressupõe a liberdade do leitor, que
desloca aquilo que o livro pretende lhe apresentar.
Por fim, apresenta-se uma afirmação de Chartier pertinente a este estudo, que visou a
observar os traços comuns das leitoras de “A mediadora”, sem, no entanto, desconsiderar suas
particularidades: cada leitor, para cada uma de suas leituras, em cada circunstância, é
singular” (1998, p. 91). Essa ideia do autor é confirmada a todo instante pelas respostas das
leitoras participantes, que, embora compartilhem interesses e preferências semelhantes,
possuem liberdade suficiente para conferirem às imagens e aos textos diversos sentidos,
graças ao caráter “polissêmico” que a leitura possui.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As mulheres, em seus primeiros contatos com as letras, viviam uma realidade baseada
apenas nos afazeres domésticos, na família e na escola, tendo sua leitura controlada, devido à
preocupação da sociedade patriarcal com o conteúdo que continham determinados livros.
Desse modo, algumas obras poderiam ser consideradas perigosas, que levariam a mulher a
adotar comportamentos inadequados aos olhos desse sistema social.
Nessa perspectiva, os livros destinados a mulheres e crianças eram voltados apenas à
distração, sendo constituídas por enredos simples, de fácil compreensão. Além disso, tais
narrativas deveriam servir para sua instrução, uma vez que delas dependia a manutenção da
moral e dos bons costumes do lar. Dentro desse contexto, surgiu a coleção Biblioteca das
Moças”, que formou um grande público de jovens leitoras nas cinco primeiras décadas do
século XX. As narrativas dessa coleção apresentavam a mulher pura, discreta e de
comportamento bondoso, como um modelo ideal para a época. A escola e a Igreja Católica
ajudavam a regular as leituras, eram contra a expressão escrita do público feminino, esta
última instituição queria evitar que as mulheres se tornassem criadoras e propagadoras de
novas ideias.
Ao longo dos séculos, no entanto, a mulher foi conquistando maior liberdade para ler e
escrever em vel de igualdade em relação aos homens. Porém, de acordo com a pesquisa
teórica empreendida, o seu interesse por leituras de teor romântico e fantasioso permaneceu
até os dias atuais.
Pode-se afirmar que a leitura acabou sendo utilizada pelas jovens para ativar o
imaginário, levando as leitoras a experimentarem outras realidades sem saírem do lugar. A
respeito dessa possibilidade de “viagem”, salienta-se que “A mediadora” foi, primeiramente,
objeto de leitura íntima e individual para as leitoras analisadas, tornando-se logo um alvo para
a formação de comunidades, tanto virtuais quanto presenciais.
As jovens possuem como base de leitura os contos de fadas, tendo contado com a
presença constante dos pais na sua fase de iniciação à leitura e com uma razoável quantidade
de materiais para ler em casa. A despeito de suas particularidades, o ponto que as une é a
grande receptividade que a coleção exerce sobre elas.
Algumas começaram a apreciar a série por indicação de amigas; outras, pelo contato
com outros livros da autora; outras, ainda, pela curiosidade despertada por algum comentário
60
que leram na internet sobre Meg Cabot e/ou sobre "A mediadora". Independentemente da
maneira como começou o contato com a série, o público se manteve interessado, a ponto de
reler os livros, mesmo após concluir a leitura de todos os volumes. É esse interesse que leva
as jovens a desejarem que novos volumes sejam lançados para que a trama tenha
continuidade.
Com base na análise, foi possível verificar que o gosto por essa trama surgiu, na
maioria das vezes, pelo fato de o público leitor apreciar o gênero romance. A questão da
identificação entre as leitoras e a protagonista da série foi outro fator fortemente apontado em
suas respostas, explicando, em certa medida, a sua simpatia com a obra. A interlocução que
a narrativa mantém com o narratário, trazendo-a para o universo ficcional, valoriza o público
leitor, evidenciando, a todo momento, que dele depende a construção dos sentidos sugeridos
pela autora na composição do texto.
As jovens leitoras da série "A mediadora", por meio de sua leitura, estão em busca de
respostas para seus conflitos e expectativas, percebendo-se, em alguns momentos, como
protagonistas de suas próprias histórias ao se verem retratadas” na ficção. “A mediadora”,
mesmo sem apresentar uma estrutura básica de contos de fadas, ou ainda de leituras clássicas
como as obras de M. Delly, possui em sua organização íntima a mesma sequência de
acontecimentos ou a mesma caracterização das personagens: jovem que não é popular, que
possui alguns desafios em sua vida como a perda do pai quando criança, a adaptação em
uma nova cidade, o fato de ter uma característica diferente dos demais (no caso desta série,
falar com mortos); o amor até então platônico, que somente ao final da narrativa se torna
possível, propiciando o “felizes para sempre” e preenchendo as expectativas do público leitor
feminino. Verificou-se, assim, que a linguagem empregada pela autora, bem como o tema e o
tom da narrativa, é o fator responsável por manter o interesse das leitoras, até que todos os
conflitos e mistérios possam ser resolvidos e revelados.
Diante do que foi exposto na presente pesquisa, constata-se que “A mediadora”
acompanha o processo de formação da leitora, na medida em que apresenta, em sua trama,
emoções familiares ao público, graças à possibilidade de se relacionar a narrativa com o
mundo real. Como evidenciou Chartier, cada leitora possui um mundo interior particular e
singular. No entanto, existem pontos que se entrecruzam, fazendo com que as leitoras sintam
necessidade de exteriorizar suas experiências de apropriação do texto, socializando suas
ideias, impressões e sugestões por meio de fóruns e outros tipos de intervenções. Meg Cabot,
por intermédio de “A mediadora”, possibilita às jovens exteriorizar seus sentimentos,
61
questionamentos e expectativas, sem deixar de nutrir seus sonhos e sua imaginação. Assim, as
leitoras dão continuidade à sua formação humana e leitora simultaneamente.
Por fim, conclui-se que, assim como Meg Cabot acaba inserindo mais jovens no
mundo da leitura, as próprias receptoras da série cumprem o papel de “mediadoras” na
formação de novas leitoras, na medida em que compartilham, indicam e trocam os livros que
leem, promovendo, inclusive, debates sobre essas e outras narrativas.
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APÊNDICES
66
APÊNDICE A – Leitora A
1
1. Nome ou Nickname: Aline da Silva Passos (Line)
2. Idade: 20 anos
3. Situação socioeconômica: classe média (baixa)
4. Escolaridade: Ensino Superior Incompleto
5. Grau de escolaridade dos pais: Pós graduados (ambos)
6. Quando você aprendeu a ler? Como foi?
Foi precocemente, segundo minha e. Ela é pedagoga e antes de atuar como tal,
trabalhou como professora de ensino fundamental (1ª série). Achava muito interessante as
atividades que ela fazia aos seus alunos, os livros (naquela época, cartilhas) coloridos, mas
eu ficava constantemente frustrada por não saber ler o que havia escrito neles e também
adorava ouvir histórias sobre princesas rsrs, mas ela tinha pouco tempo pra ler, então um
dia, farta de ter que esperar por ela ou meu pai, decidi que eu ia aprender a ler de um jeito
ou de outro. Aprendi as primeiras sílabas sozinha, vendo os materiais dela, aos 3 anos.
Percebendo meu interesse, minha mãe me ensinou a ler, aos 4 anos, eu sabia ler qualquer
palavra, foi o máximo rsrs.
7. Quais as suas experiências de leitura na infância?
Eu comecei lendo aqueles livros dos Irmãos Grimm. Como eu disse, adorava histórias de
princesas e aventuras, com final feliz. Para crianças da minha idade (4 a 5 anos) os Irmãos
Grimm eram uma leitura um tanto quanto extensa, isso para aqueles que já tinham alguma
noção, a maioria não sabia nada no jardim de infância. Foi assim lendo livros de literatura
infantil e infanto-juvenil a mais ou menos a 5ª série (eu tinha 10/11 anos). Depois
comecei aos clássicos da literatura brasileira, como Lucíola de José de Alencar, Dom
Casmurro – Machado de Assis, Lira dos 20 anos Álvares de Azevedo, Espumas
Flutuantes de Castro Alves e por vai. Confesso que apesar do meu gosto pela leitura, a
literatura brasileira nunca me atraiu muito, foi que comecei a ler livros de literatura
norte-americana e inglesa, tipo O Morro dos Ventos Uivantes, Razão e Sensibilidade,
Orgulho e Preconceito, Assassinato no Expresso do Oriente, A Pousada no Fim do Rio, O
Amanhã Nunca Morre, ah, e por vai. Mas quem me despertou a paixão pela leitura
mesmo foi Harry Potter, isso eu tinha 15 anos, daí em diante, eu passei a amar a leitura
e não apenas gostar dela. Desde então adoro séries literárias.
8. Na sua casa havia material escrito como livros, jornais, revistas, etc. à disposição?
1
A fim de preservar o modo de expressão das entrevistadas, suas respostas o foram submetidas a revisão
linguística.
67
Ah! Com certeza, minha mãe fazia questão de assinar pelo menos uma revista de
atualidades e havia muitos livros que meu pai comprava, ele também gosta muito de ler.
9. O que você lia? O que você lê hoje em dia?
Bom, acho que respondi essa pergunta numa das anteriores rs... Hoje em dia leio tudo que
me recomendam. Mas adoro principalmente séries literárias, são mais descontraídas (acho
que tenho um espírito meio infantil apesar da idade), mas uma das minhas leituras atuais
que tenho como livro de cabeceira também e recomendo a todos, pois é uma história
fantástica é A Cabana - Willian Young. Leito também jornais e revistas, tipo Veja, Época,
Galileu, ah! Vai, também leio as de fofocas, não sou de ferro né?
10. Quem estimulou você a ler? De que formas?
Ah! Acho que isso veio sozinho, ninguém me disse que eu tinha que aprender a ler um
dia, eu simplesmente quis aprender e minha mãe me ensinou.
11. Fale-me de sua escola, como são as suas leituras? O que você e seus colegas/amigos
costumam ler?
estou na faculdade, curso o ano de Administração, eu queria ter feito letras, mas
meus pais me convenceram a não fazer, na realidade ser professor é muito duro e seguir
outras áreas no ramo de Letras é muito difícil, mas admiro muito quem tem coragem de
dar a cara a tapa e fazer, porque é uma bela profissão a de professor e pra seguir outras
vertentes também e é também muito difícil e não sei em outros lugares, mas na região que
moro é pessimamente reconhecida. Então segui pelo caminho da ADM. É um curso legal,
mas as leituras são muito técnicas, maçantes. São interessantes, mas ao mesmo tempo são
chatas, pela linguagem muito formal. Mas claro que sempre que tenho tempo fujo pros
livros de verdade, aqueles de histórias e aventuras, aqueles que as pessoas dizem que dão
“asas” a imaginação. Meus amigos da faculdade não são muito de ler, na verdade a
maioria deles não sabe nem um nome de um autor brasileiro, quanto mais estrangeiro,
alienados literários. Mas tenho uma amiga que fez letras e ama ler, ela ta na minha sala
também, vivemos “trocando figurinhas”. Nossa ultima leitura foi “O Guardião de
Memórias” (minha) e “O Caçador de Pipas” (dela). Nós trocamos os livros rsrs.
12. Qual foi o livro que leu e de que mais gostou?
Nossa, nessa você me pegou, porque não tenho um livro favorito. Tenho um carinho
especial por um aspecto de cada livro que li. Mas vamos ao que mais me fez chorar então,
foi o que mais me trouxe a tona meus sentimentos Lua Nova – Stephenie Meyer.
13. Atualmente, tem algum autor preferido? Por quê?
Meg Cabot é claro, porque ela escreve livros descontraídos e seus personagens, pelo
menos eu penso assim, são mais próximos da realidade que outros.
14. Qual a influência do computador em sua vida?Você utiliza a Internet? De que forma?
Por quê?
Nossa, o computador é praticamente a minha vida. Não, não sou nerd, eu saio, namoro,
vou pra balada, trabalho, rsrs, mas é que praticamente tudo eu procuro no PC. Onde vai ter
68
balada hoje, que filme está passando no cinema, falo com os amigos, leio as novidades
sobre aquele livro novo que tal autor está lançando, leio notícias, ah, leio os livros é claro.
Pode-se dizer que eu sou um tanto quanto contribuinte da pirataria, embora essa não seja
minha intenção. Mas eu sempre baixo os livros que me interessam antes de compra-los,
leio um pedaço, se gostar, vou compro e leio o resto, se não, esquece, não compro,
pronto e acabou. Também baixo músicas. É também é errado, visto que não compro os
CDs, mas você sabe, hoje em dia um CD ainda é um absurdo de caro, e as vezes a gente
compra um por causa de uma única musica, então prefiro baixar as musicas que eu gosto,
ta podem me crucificar, isso é muito errado, mas não vou mudar.
15. Como conheceu Meg Cabot?
Foi uma amiga que me disse que ela era a autora do livro no qual basearam os filmes O
Diário da Princesa. Fiquei interessadíssima, visto que prefiro muito mais a leitura do que
os filmes, não que não goste dos filmes, são o máximo e ver dar vida aos personagens que
gostamos é muito melhor, mas é claro que o livro é mais cheio de detalhes, mexe mais
com a imaginação e criatividade. Então comecei a ler os livros O Diário da Princesa, me
apaixonei pela Meg.
16. E a série “A Mediadora”, como você a descobriu?
Eu a conheci logo depois dos livros O Diário da Princesa, mas não li os livros. Fiquei
algum tempo sem ler nada da Meg e me apeguei a ler os livros de Harry Potter, depois
deles li Crepúsculo, Lua Nova, Eclipse e Amanhecer de Stephenie Meyer, são lindos,
assim como A Mediadora, livros perfeitos. Depois senti aquele vazio quando terminei e
fiquei órfã de séries e comecei a ler a mediadora. Eu estava perdidamente apaixonada por
Edward Cullen, mas agora divido esse amor com Jesse rsrs (você vai me achar uma idiota
de 20 anos apaixonada por personagens, mas é eu acho que sou isso). Apesar dos livros da
Steph serem perfeitos e como eu disse estar apaixonada pelo Ed, quando li A Mediadora
me encontrei. Eu sou totalmente Suze Simon, tipo esquentadinha, pela primeira vez me
identifiquei com uma personagem de um livro.
17. O que a motiva ler a série “A Mediadora”?
É que eu me identifico com a protagonista Suzannah Simon e porque é uma linguagem
fácil de entender, Meg escreveu esses livros como os adolescentes realmente falam, isso
foi muito legal.
18. Você conhece outros leitores desta série?
Pessoalmente, infelizmente não... Mas estou emprestando meus livros para minha amiga,
aquela que fez letras ler, em breve seremos duas rsrs... Aqui onde moro as pessoas
conhecem Harry Potter pelos filmes, nunca saberiam que existia um livro se eu não
falasse, não há muito incentivo a cultura ou coisas do gênero aqui.
19. Você costuma compartilhar suas leituras? Onde? Como?
Sim, mas só com a minha amiga ou indicando a amigos virtuais.
69
20. Como consegue os livros? Compra? Ganha? Troca com amigos? Freqüenta alguma
biblioteca?
Compro, troco, ganho, mas com certeza o é na biblioteca. A biblioteca aqui é defasada,
quase não tem livros e os que tem estão apodrecendo de tão velhos.
21. Que tempo você dedica a esta leitura?
Bom se você está falando da série, eu dediquei uma semana para ler, li todos os livros... De
vez em quando eu leio um ou outro livro pra matar a saudade. A Hora Mais Sombria é o que
mais gosto. Mas depois que começou a faculdade leio quando tempo entre as provas,
trabalho e é claro, meu emprego. Mas todo fim de semana eu procuro ler, nem que seja uma
leitura repetida, pois acho que isso enriquece o vocabulário.
22. Você pode citar os livros que leu ultimamente?
Bem desde que começaram as aulas não li muito. Acho que li uns 3 livros só A Cidade do Sol,
esqueci como se escreve o nome do autor, mas é o mesmo do livro O Caçador de Pipas,
Marley & Eu – John Grogan e Ponto de Impacto – Dan Brown. Que eu me lembre são esses.
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APÊNDICE B – Leitora B
1. Nome ou Nickname: Maria Eduarda
2. Idade: 18
3. Situação socioeconômica: Média.
4. Escolaridade: 2º Grau completo.
5. Grau de escolaridade dos pais: Ensino superior, ambos
6. Quando você aprendeu a ler? Como foi? Quando eu era muito pequena .
7. Quais as suas experiências de leitura na infância? Harry Potter, principalmente.
Comecei a me interessar por leitura por causa dele.
8. Na sua casa havia material escrito como livros, jornais, revistas, etc. à disposição?
Sim, muitos.
9. O que você lia? O que você hoje em dia? Lia os paradidáticos do colégio e Harry
Potter. Hoje, leio de tudo que é ficção a não-ficção. Gosto mais de ler uma ficção de
romancezinho, bem de leve pra descontrair.
10. Quem estimulou você a ler? De que formas? Prazer. Amo ler, isso que me estimula
sempre a buscar vários e vários livros.
11. Fale-me de sua escola, como são as suas leituras? O que você e seus colegas/amigos
costumam ler? Minha escola tinha um relacionamento próximo com os alunos, e os
responsáveis dela sempre estavam nos estimulando a ler. Tenho alguns amigos que
gostam de ler como eu, mas não são todos.
12. Qual foi o livro que leu e de que mais gostou? A Sombra do Vento, de Carlos Ruiz
Zafon.
13. Atualmente, tem algum autor preferido? Por quê? o, são vários... Marian Keyes,
Meg Cabote escritoras que escrevam o genero delas. Romance água com ucar
nunca é demais.
14. Qual a influência do computador em sua vida?Você utiliza a Internet? De que forma?
Por quê? Bem, o computador tem uma grande influencia na minha vida, eu o utilizo
71
para pesquisa, leitura, informação sobre o mundo, para divertimento e contato com
pessoas distantes.
15. Como conheceu Meg Cabot? Pelo Diário da Princesa”, quando eu era mais nova as
meninas do meu colégio liam muito essa série, apesar de que eu não li, vim me
interessar mais tarde.
16. E a série “A Mediadora”, como você a descobriu? Amigas que leram a série, e que me
indicaram.
17. O que a motiva ler a série “A Mediadora”? Entreterimento.
18. Você conhece outros leitores desta série? As amigas que me indicaram, e pessoas que
eu indiquei.
19. Você costuma compartilhar suas leituras? Onde? Como? Sim! Com minhas amigas e
amigos, gosto de ter interesses em comum com as pessoas a minha volta.
20. Como consegue os livros? Compra? Ganha? Troca com amigos? Freqüenta alguma
biblioteca? Frequento livrarias, leio na internet e por troca de amigos.
21. Que tempo você dedica a esta leitura? Quando eu estou lendo, se o livro for muito
interessante, não consigo parar de ler. Mas geralmente é 2 a 3 horas.
22. Você pode citar os livros que leu ultimamente? Tenho parado mais de ler por causa do
vestibular, mas o ultimo que eu li foi “Avalon High” de Meg Cabot, e pretendo ler “As
Brumas de Avalon”, que é a história inspiradora de Avalon High.
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APÊNDICE C – Leitora C
1. Nome ou Nickname: Thayssa Martins
2. Idade: 16 anos
3. Situação socioeconômica: Classe média
4. Escolaridade: Cursando o Ensino Médio
5. Grau de escolaridade dos pais: Ensino superior
6. Quando você aprendeu a ler? Como foi?
Aos seis anos, na Classe de Alfabetização (atual Primeiro Ano do Ensino
Fundamental).
7. Quais as suas experiências de leitura na infância?
Da idade de dois anos aque eu aprendesse a ler, minha mãe leu para mim histórias
em quadrinhos da Turma da Mônica e diversos livretos ilustrados. A partir da Primeira
Série Fundamental (atual Segundo Ano Fundamental), criei o hábito de pegar livros
emprestados na biblioteca da escola. Dos diversos que peguei, alguns dos mais
marcantes faziam parte da coleção Salve-se quem puder, da Editora Scipione.
8. Na sua casa havia material escrito como livros, jornais, revistas, etc. à disposição?
Sim.
9. O que você lia? O que você lê hoje em dia?
Comecei lendo gibis de Turma da Mônica. Logo, descobri ter um gosto bastante
eclético. Lia tanto clássicos infantis, como O pequeno príncipe, Tistu, o menino do
dedo verde e a coleção O sítio do Pica-pau Amarelo, como suspenses e policiais,
também infantis. Aos 9 anos, descobri a literatura adolescente e feminina. Nos últimos
quatro anos, passei por momentos em que lia mais este ou aquele gênero, mas sempre
lendo um pouco, pelo menos, de tudo.
10. Quem estimulou você a ler? De que formas?
Minha mãe, ao ler para mim.
11. Fale-me de sua escola, como são as suas leituras? O que você e seus colegas/amigos
costumam ler?
Literatura adolescente, além dos obrigatórios.
73
12. Qual foi o livro que leu e de que mais gostou?
Coleção Os senhores de Roma, de Colleen McCullough.
13. Atualmente, tem algum autor preferido? Por quê?
Colleen McCullough, por seus romances históricos incrivelmente bem pesquisados e
suas personagens complexas e reais; Meg Cabot, por ter a capacidade de escrever para
adolescentes como uma adolescente, sem parecer condescendente; Dean Koontz, pela
criatividade das tramas, com destaque para as personagens doentias.
14. Qual a influência do computador em sua vida? Você utiliza a Internet? De que forma?
Por quê?
Passo bastante tempo utilizando a internet, para contatar amigos e me aprofundar e me
manter informada sobre assuntos de meu interesse.
15. Como conheceu Meg Cabot?
Reconheci o título O diário da princesa em uma livraria, pois tinha visto a adaptação
para os cinemas. E uma vez que tinha gostado desta, comprei o livro.
16. E a série “A Mediadora”, como você a descobriu?
Procurando ler todas as obras de Meg Cabot.
17. O que a motiva ler a série “A Mediadora”?
A protagonista extremamente cativante, seu par romântico sensual e o teor cômico do
texto.
18. Você conhece outros leitores desta série?
Influenciei duas amigas a ler.
19. Você costuma compartilhar suas leituras? Onde? Como?
Sim, com amigos do colégio e em comunidades do Orkut.
20. Como consegue os livros? Compra? Ganha? Troca com amigos? Freqüenta alguma
biblioteca?
Compro e ganho.
21. Que tempo você dedica a esta leitura?
Leio diariamente, durante horas.
22. Você pode citar os livros que leu ultimamente?
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No últimos mês, li: Brisingr, de Christopher Paolini; A senhora da magia, de Marion
Zimmer Bradley; O dia do coringa, de Jostein Gaarder; As aventuras de Tom Bombadil,
de J.R.R. Tolkien; O doutor Jivago, de Boris Pasternak; A lista de Schindler, de Thomas
Keneally; O leitor, de Bernhard Schlink; O corcunda de Notre Dame, de Victor Hugo; O
paciente inglês, de Michael Ondaatje; O conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas;
Seis contos da Era do Jazz e outras histórias, de F. Scott Fitzgerald; O médico e o
monstro, de Robert Louis Stevenson.
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APÊNDICE D – Leitora D
1. Nome ou Nickname: Tamiê De Gennaro
2. Idade: 18
3. Situação socioeconômica: classe média
4. Escolaridade: cursando curso superior
5. Grau de escolaridade dos pais: pai (supletivo), mãe (curso superior)
6. Quando você aprendeu a ler? Como foi? Aprendi a ler na escola (com ajuda também
em casa) com cerca de 6 anos.
7. Quais as suas experiências de leitura na infância? Fábulas e historinhas infantis em
casa; livrinhos escolares.
8. Na sua casa havia material escrito como livros, jornais, revistas, etc. à disposição?
Sim.
9. O que você lia? O que você hoje em dia? Até uns 8 anos lia contos infantis, depois
até os 14 anos apenas os livros pedidos na escola. Hoje leio livros (da faculdade e
ficção/romance de minha escolha) e revistas.
10. Quem estimulou você a ler? De que formas? Minha professora de português dizendo o
quanto a leitura era importante para desenvolver a escrita.
11. Fale-me de sua escola, como são as suas leituras? O que você e seus colegas/amigos
costumam ler? Na faculdade temos todo tipo de material relacionado com determinado
assunto indicado pelos professores. Entre os amigos prevalece leitura de livros de
romance/ficção e revistas.
12. Qual foi o livro que leu e de que mais gostou? “A menina que roubava livros”.
13. Atualmente, tem algum autor preferido? Por quê? Marcus Zusak, embora só tenha
lidos dois de seus livros gostei bastante da forma como ele escreve. Gosto também do
estilo de Nora Roberts (principalmente na serie “mortal”).
14. Qual a influência do computador em sua vida?Você utiliza a Internet? De que forma?
Por quê? Influência muito grande, gasto um tempo considerável no
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computador/internet. Uso para pesquisa e lazer. È a melhor maneira de se atualizar e
estar em contato com o resto do mundo.
15. Como conheceu Meg Cabot? Através de uma amiga que me emprestou um de seus
livros (“o garoto da casa ao lado”).
16. E a série A Mediadora”, como você a descobriu? Descobri na internet, pesquisando
sobre os livros da Meg.
17. O que a motiva ler a série “A Mediadora”? Gostei da história, achei que fugiu dos
clichês.
18. Você conhece outros leitores desta série? Sim, algumas amigas.
19. Você costuma compartilhar suas leituras? Onde? Como? Não é um costume.
20. Como consegue os livros? Compra? Ganha? Troca com amigos? Freqüenta alguma
biblioteca? Os que tenho certeza que vou gostar (dos meus autores favoritos) ou que já
li e gostei, eu compro. Outros pego emprestados de amigos. Já peguei alguns na
biblioteca mas não é frequente,
21. Que tempo você dedica a esta leitura? Meu tempo livre (que varia).
22. Você pode citar os livros que leu ultimamente?
- 3 volumes da Série Mortal da Nora Roberts.
- Quem tem medo do escuro?, Nada dura para sempre e Juízo Final de Sidney
Sheldon.
- O cemitério - Stephen King
- Jogo do Anjo - Carlos Ruiz Zafon
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APÊNDICE E – Leitora E
1. Nome ou Nickname: Amanda Almeida
2. Idade: 19 anos
3. Situação socioeconômica: Classe média.
4. Escolaridade: Ensino Superior Incompleto
5. Grau de escolaridade dos pais: Ensino Médio
6. Quando você aprendeu a ler? Como foi? Na escola.
7. Quais as suas experiências de leitura na infância? Sempre tive um bom contato com
livros.Meu interesse por leitura se desenvolveu bem cedo.
8. Na sua casa havia material escrito como livros, jornais, revistas, etc. à disposição? Não
muitos, mas eu sempre os pegava na biblioteca.
9. O que você lia? O que você hoje em dia? Livros de literatura em geral. Sempre tive
um apreço por livros assim. Hoje ainda o meio maior foco ainda são os livros de
literatura. Mas leio jornais e algumas e algumas revistas.
10. Quem estimulou você a ler? De que formas? Minhas professoras. Tive um pouco de
dificuldade na alfabetização, então sempre lia pra tentar melhorar.
11. Fale-me de sua escola, como são as suas leituras? O que você e seus colegas/amigos
costumam ler? Na faculdade temos um tipo de leitura diferenciado. Geralmente coisas
que possamos dizer ser mais cultas. Mas mantenho meu costume de ler romances. Não
consegui deixa-los.
12. Qual foi o livro que leu e de que mais gostou? Não lembro. Na verdade foram muitos.
Mas um dos livros que mais gostei, cujo já o li mais de cinco vezes, se chama mais
cedo ou mais tarde.
13. Atualmente, tem algum autor preferido? Por quê? Nossa. Essa também é complicada.
Não tenho um. Tenho vários. Meg Cabot é um dos meus autores favoritos. Gosto
muito das obras dela. Markos Suzak também é um escritor impressionante.
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14. Qual a influência do computador em sua vida?Você utiliza a Internet? De que forma?
Por quê? Uso muito. Acho que não consigo viver sem esse instrumento. Me ajuda na
área de pesquisa e também, na hora de encontrar bons conteúdos para ler.
15. Como conheceu Meg Cabot? Conheci através de um livro chamado “O diário da
princesa”. Esse foi o primeiro livro dela que li. Depois fui lendo cada vez mais livros
escritos por ela. Por isso hoje ela é uma das minhas escritoras favoritas.
16. E a série “A Mediadora”, como você a descobriu? No próprio site da Meg. Li a
sinopse e gostei da historia.
17. O que a motiva ler a série “A Mediadora”? Foi a historia em si. E em partes a Meg.
Como conhecia esse trabalho dela, o diario da princesa no caso, fiquei curiosa com
relação aos outros livros publicados por ela, e então decidi ler.
18. Você conhece outros leitores desta série? Não pessoalmente. So pelo orkut mesmo.
19. Você costuma compartilhar suas leituras? Onde? Como? Sim, com alguns amigos.
Pessoas que tenho certa intimidade.
20. Como consegue os livros? Compra? Ganha? Troca com amigos? Freqüenta alguma
biblioteca? Alguns comprei, outros peguei na biblioteca, e outros baixei os e-books.
21. Que tempo você dedica a esta leitura? Muito. Estou quase sempre lendo. Pois gosto
muito de escrever e pretendo ser escritora um dia.
22. Você pode citar os livros que leu ultimamente? A série Crepúsculo (twilight), a
menina que roubava livros e a Cabana. Foram os últimos que li.
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APÊNDICE F – Leitora F
1. Nome ou Nickname: RENATA PEREIRA FERRO GIL
2. Idade: 27 ANOS
3. Situação socioeconômica: ESTÁVEL
4. Escolaridade: MEDIO COMPLETO
5. Grau de escolaridade dos pais: FUNDAMENTO INCOMPLETO
6. Quando você aprendeu a ler? Como foi? PRIMEIRA SERIE. COMO A MAIORIA
DAS PESSOAS, DURANTE AS AULAS
7. Quais as suas experiências de leitura na infância? VÁRIAS. LEMBRO DE RASGAR,
RISCAR SOBRE LIVROS, FAZER “CASINHAS” COM VARIOS LIVROS PRA
PULAR SOBRE ELES. CENTENAS DE GIBIS DA TURMA DA MONICA. NOS
PRIMEIROS ANOS DO FUNDAMENTAL, ACHO MESMO QUE NO PRIMEIRO
ANO, A PROFESSORA NOS PEDIU PARA COMPRAR 3 LIVROS. CAÇADAS
DE PEDRINHO, A ILHA PERDIDA, DA COLEÇÃO VAGA LUME, E
MEMORIAS DE UM CACHORRO VIRA LATA (acho q esse era o nome) da
EDIOURO. SEMPRE ADOREI BIBLIOTECAS E NA MINHA ESCOLA
MUNICIPAL, UMA VEZ POR SEMANA A TURMA SEMPRE IA NA
BIBLIOTECA. A PARTIR DA QUARTA SERIE, A LEITURA SE TORNOU
PRATICAMENTE UMA OBSESSÃO. TODOS OS DIAS EU RETIRAVA UM
LIVRO NOVO NA BIBLIOTECA, E ESSE VICIO, DEVIDAMENTE AJUSTADO,
LOGICAMENTE, PERDURA ATÉ HOJE.
8. Na sua casa havia material escrito como livros, jornais, revistas, etc. à disposição?
NÃO MUITOS, MAS MEUS PAIS COMPRAVAM GIBIS, E SEMPRE TINHA UM
OU OUTRO LIVRO Q EU RELIA.
9. O que você lia? O que você hoje em dia? NÃO MUDEI MUITO MEUS HABITOS
DE LEITURA. CONTINUO LENDO LIVROS INFANTO-JUVENIS, MAS TENTO
INTERCALAR COM ALGUNS LIVROS MAIS ADULTOS. BASICAMENTE,
ROMANCES, AVENTURAS, POLICIAIS.
10. Quem estimulou você a ler? De que formas? MEUS PAIS, A ESCOLA. DAS
FORMAS DESCRITA NA PERGUNTA 7
11. Fale-me de sua escola, como são as suas leituras? O que você e seus colegas/amigos
costumam ler? NÃO ESTUDO.
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12. Qual foi o livro que leu e de que mais gostou? BELEZA NEGRA. TODOS OS
ANOS, DA QUINTA A OITAVA SERIE, EU RETIRAVA ELE NOVAMENTE NA
BIBLIOTECA E RELIA.... A ALGUNS ANOS EU O COMPREI MAS NÃO
CHEGUEI A RELER COMPLETAMENTE.
13. Atualmente, tem algum autor preferido? Por quê? NENHUM EM PARTICULAR.
GOSTO DO ESTILO DE VARIOS, COMO MEG CABOT, PAULO COELHO,
DANIELE STELL.
14. Qual a influência do computador em sua vida?Você utiliza a Internet? De que forma?
Por quê? ATUALMENTE PARA LER FANFICS, VER ORKUT, EMAILS E
NOTICIAS EM GERAL.
15. Como conheceu Meg Cabot? ATRAVES DO LIVRO DIARIO DA PRINCESA
16. E a série “A Mediadora”, como você a descobriu? ME INTERESSEI PELA CAPA,
DEPOIS PELA SINOPSE. MINHAS EXPERIENCIAS NOVAS GERALMENTE
SÃO ASSIM.
17. O que a motiva ler a série “A Mediadora”? A TRAMA CRIADA PELA AUTORA
18. Você conhece outros leitores desta rie? ALGUNS COLEGAS DE TRABALHO.
ATUALMENTE MINHA SERIE COMPLETA ESTA EMPRESTADA PARA UMA
DELAS.
19. Você costuma compartilhar suas leituras? Onde? Como? NO TRABALHO, COM OS
AMIGOS, ATRAVES DE EMPRESTIMOS DOS LIVROS.
20. Como consegue os livros? Compra? Ganha? Troca com amigos? Freqüenta alguma
biblioteca? ATUALMENTE COMPRO... JA TEVE EPOCAS Q PREENCHIA
UMAS 2 OU 3 FICHAS DE BIBLIOTECA...
21. Que tempo você dedica a esta leitura? O QUE TIVER DISPONIVEL
22. Você pode citar os livros que leu ultimamente? O ENIGMA DE ENDIMYON
SPRING, ADMIRAVEL MUNDO NOVO, ROMANCES NOVA CULTURAL,
SERIE CREPUSCULO, SERIE SOCIEDADE SECRETA, AVALON HIGH, SORTE
OU AZAR; RELI ALGUNS DA MEDIADORA, CLEO E LEVESQUE, HARRY
POTTER E AS RELIQUIAS DA MORTE.
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APÊNDICE G – Leitora G
1. Nome ou Nickname: Alexandra
2. Idade: 17 anos
3. Situação socioeconômica:
4. Escolaridade: ensino médio
5. Grau de escolaridade dos pais: ensino superior
6. Quando você aprendeu a ler? Como foi? Eu lembro de começar a observar as
imagens de revistas e jornais, e estava tendo umas idéias sobre leitura com alguns
colegas, e um dia, consegui começar a formar algumas palavras destas revistas.
7. Quais as suas experiências de leitura na infância? Minha mãe sempre me influenciou
muito a ler, então sempre foi algo presente na minha vida.
8. Na sua casa havia material escrito como livros, jornais, revistas, etc. à disposição?
Sempre, livros, revistas, nunca faltavam dentro de casa.
9. O que você lia? O que você lê hoje em dia? Eu gostava de ler livros repletos de
imagens para poder ler e olhar ao mesmo tempo a imagem, livros ilustrativos. Hoje
em dia gosto de leituras que eu me identifique, que me acrescentar algo, amo ler
também histórias reais e históricas.
10. Quem estimulou você a ler? De que formas? Minha mãe. Sempre vi ela lendo muito
então sempre vi a leitura como algo bom de se fazer.
11. Fale-me de sua escola, como são as suas leituras? O que você e seus colegas/amigos
costumam ler? Muitos colegas meus nunca tiveram praticamente nenhum contato com
livros, e isto vinha desde a infância. Eu sinceramente não gostava das leituras do
colégio pois eram leituras impostas, ou seja, eu não podia ESCOLHER o que eu
queria ler.
12. Qual foi o livro que leu e de que mais gostou? A WALK TO REMEMBER.
13. Atualmente, tem algum autor preferido? Por quê? Gosto muito da Meg Cabot e da
Stephenye Meyer do livro Twilight. Acho que as duas são ótimas escritoras e
conseguem prender os leitores com as suas histórias ao mesmo tempo fantasiosas mas
que para nós tem tanta coisa em comum. Me identifico muito com as duas
82
personagens principais, é bom saber que elas são garotas normais, com os problemas
que qualquer adolescente teria. A melhor coisa é se identificar com o personagem.
14. Qual a influência do computador em sua vida?Você utiliza a Internet? De que forma?
Por quê? O computador tem grande influência em minha vida. Uso todo o dia se
possível, seja para manter contato com os meus amigos, ou para fazer pesquisas.
Acredito que hoje em dia o computador é algo essencial na vida das pessoas.
15. Como conheceu Meg Cabot? Comecei a ouvir algumas amigas falando sobre o livro
Diário de Princesa, que eu tinha visto o filme. E fui pesquisar sobre ela, e nesse
meio tempo havia conversado com a minha mãe. Descobri que ela escrevia uma
série de livros chamado A MEDIADORA e de cara me encantei com aquela capa
toda preta e misteriosa.
16. E a rie “A Mediadora”, como você a descobriu? Ao mesmo tempo que fui pesquisar
sobre Meg Cabot.
17. O que a motiva ler a série “A Mediadora”? Pois eu sou completamente apaixonada
pela história e pelo modo que ela escreve. Ela realmente parece uma adolescente com
todos os problemas que nós temos que enfrentar, claro, um pouco mais complexos,
mas ao mesmo tempo ela é uma adolescente como qualquer uma.
18. Você conhece outros leitores desta série? Não conheço.
19. Você costuma compartilhar suas leituras? Onde? Como? Eu falo muito de minhas
leituras com a minha prima, que adora ler. Mas temos estilos de livros diferentes.
20. Como consegue os livros? Compra? Ganha? Troca com amigos? Freqüenta alguma
biblioteca? Na maioria das vezes eu compro, pois adoro ter meus livros favoritos em
casa para quando eu quizer eles estarem lá.
21. Que tempo você dedica a esta leitura? O tempo necessário, as vezes nunca é o
bastante.
22. Você pode citar os livros que leu ultimamente? Toda a série Crepúsculo de Stephenye
Meyer, A Walk to Remember de Nicholas Sparks, acredito que pela terceira vez.
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APÊNDICE H – Leitora H
Questões a serem discutidas com o grupo de leitoras de Palmeira das Missões:
1. Idade: 16 anos
2. Situação socioeconômica: Classe média
3. Escolaridade: Magistério incompleto
4. Grau de escolaridade dos pais: Ensino médio
5. Quando você aprendeu a ler? Como foi? Aprendi a ler na escola, passei por todo o
processo de alfabetização.
6. Quais as suas experiências de leitura na infância? Na infância não tive muito contato
com a leitura.
7. O que você lia? O que você hoje em dia? Sempre li todos os tipos de livros, e hoje
continuo assim, pois cada leitura é um aprendizado diferente.
8. Quem estimulou você a ler? De que formas? Minha professora de português da oitava
série, pois tinhamos que ler um livro por semana e realizar um trabalho sobre este.
9. Você utiliza a Internet? De que forma? Por quê? Utilizo a Internet como uma forma de
lazer e também de aprendizado.
10. Como conheceu a produção de Meg Cabot? Através da série Diário de princesa.
11. E a série “A Mediadora”, como você a descobriu? Através de uma amiga que estava
lendo a série.
12. O que a motiva a ler? A descoberta de um mundo mágico em cada livro diferente.
13. Você conhece outros leitores desta série? Sim
14. Você costuma compartilhar suas leituras? Onde? Como? Compartilho com amigos e
familiares indicando livros bons que li ou comento sobre algum livro que ambos
tenham lido
15. Onde consegue os livros? Em bibliotecas, em livrarias e com amigos
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16. Que tempo você dedica a esta leitura? Depende da motivação que encontro em cada
livro
17. Você pode citar os livros que leu ultimamente? Ou um tempo atrás? Violetas na
Janela, Ninguém é de ninguém, Antes do pôr - do –Sol, Caçador de pipas, A menina
que roubava livros, Código da Vinci, Anjos e demônios, Poliana.
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APÊNDICE I – Leitora I
1. Idade: 18 anos
2. Situação socioeconômica: Classe média
3. Escolaridade: Ensino médio completo.
4. Grau de escolaridade dos pais: Mãe: Magistério, e superior em pedagogia incompleto.
Pai: Ensino médio completo e Técnico em contabilidade completo
5. Quando você aprendeu a ler? Como foi? Na escola na primeira série. No inicio foi
muito difícil e um pouco frustrante pois todos os meus colegas já sabiam ler, e eu não,
pois tive uma base muito fraca na primeira escola.
6. Quais as suas experiências de leitura na infância? Quando criança não gostava muito
de ler não, li apenas os básicos.
7. O que você lia? O que você hoje em dia? Lia clássicos, como: Pinóquio, Cinderela,
Branca de neve e os Sete anões. Mas o que mais gostava era A Bela e a Fera. Hoje em
dia leio um pouco de tudo ; Martha Medeiros (minha predileta), Paulo Coelho,livros
de auto ajuda, fictícios entre outros.
8. Quem estimulou você a ler? De que formas? Quando criança minha mãe sempre
comprava muitas coleções pra mim, mas não gostava de ler.Só peguei gosto pela
leitura anos mais tarde quando comecei a ler colunas no jornal.
9. Você utiliza a Internet? De que forma? Por quê? Sim. Para entretenimento, pesquisas,
leitura etc. É o meio mais rápido, fácil e acessível que se tem de encontrar algo .
10. Como conheceu a produção de Meg Cabot? Através da Coleção O diário da princesa
11. E a série “A Mediadora”, como você a descobriu? Através de uma amiga
12. O que a motiva a ler? Relaxar a mente, descobrir coisas novas, aperfeiçoar a
linguagem e adquirir conhecimento.
13. Você conhece outros leitores desta série? Sim.
14. Você costuma compartilhar suas leituras? Onde? Como? Sim, sempre que leio algum
livro novo, se gosto indico, faço propaganda e empresto.
86
15. Onde consegue os livros? Geralmente emprestados e quando não consigo compro-os
16. Que tempo você dedica a esta leitura? Geralmente antes de dormir leio algo. Gostaria
de me dedicar mais.
17. Você pode citar os livros que leu ultimamente? Ou um tempo atrás? 11 minutos, O
alquimista, Os sete, Trem-Bala, Non-Stop,As crianças aprendem o que vivenciam, 100
segredos das pessoas felizes, Quem mexeu no meu Queijo, Porque os homens fazem
sexo e as mulheres fazem amor, É agora ou nunca, The Secret,Comédias da Vida
Privada,Coisas da Vida, A Terra das Sombras,O Arcano Nove,O Analista de
Bagé,Melancia. E atualmente: NA MARGEM DO RIO PIEDRA EU SENTEI E
CHOREI (Paulo Coelho)
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APÊNDICE J – Leitora J
1. Idade: 17 anos.
2. Situação socioeconômica: Classe média.
3. Escolaridade: Segundo grau completo/ magistério.
4. Grau de escolaridade dos pais: Segundo grau completo.
5. Quando você aprendeu a ler? Como foi? Com 5 ou 6 anos. Minha mãe foi minha
grande ajuda para aprender a ler.
6. Quais as suas experiências de leitura na infância? Clássicos infantis faziam parte das
minhas leituras.
7. O que você lia? O que você lê hoje em dia? Antigamente lia clássicos, adorava
histórias com gravuras coloridas que me chamassem bastante atenção. Atualmente
gosto de histórias de suspense, que prendam e aguçam a curiosidade do leitor.
8. Quem estimulou você a ler? De que formas? Minha avó, mãe e pai. Minha avó mesmo
não sabendo ler, sempre pegava um livro de gravuras e “lia” pra mim, adivinhando
as palavras. Minha mãe fazia ao contrário, eu “lia” pra ela de acordo com as
gravuras que apareciam. Meu pai sempre adorou ler, vendo ele sempre com um livro
na mão me estimulou a ter interesse pelo hábito da leitura.
9. Você utiliza a Internet? De que forma? Por quê? Sim. Utilizo como um passa tempo
onde eu posso ficar informada com as noticias atuais, fazer pesquisas e além de tudo
um divertimento onde posso conversar e reencontrar amigos.
10. Como conheceu a produção de Meg Cabot? Através da leitura da série “A
Mediadora”.
11. E a série “A Mediadora”, como você a descobriu? Através de amigos.
12. O que a motiva a ler? A curiosidade e através da leitura posso aprimorar meu
vocabulário.
13. Você conhece outros leitores desta série? Sim, várias amigas minhas leram a série e
gostaram.
88
14. Você costuma compartilhar suas leituras? Onde? Como? Sim. Através de conversas
com os amigos.
15. Onde consegue os livros? A maioria ganhei de presente, alguns emprestados ou
através da biblioteca.
16. Que tempo você dedica a esta leitura? Maior parte do tempo durante à noite, e
algumas vezes à tarde.
17. Você pode citar os livros que leu ultimamente? Ou há um tempo atrás? O vendedor de
sonhos, pais brilhantes filhos fascinantes, comédias para se ler na escola, medo de
amar e ultimamente nunca desista de seus sonhos.
89
APÊNDICE K – Leitora K
1. Nome ou Nickname: Nádia Castro (Náh)
2. Idade: 16 anos
3. Situação socioeconômica: Boa
4. Escolaridade: 2° EM
5. Grau de escolaridade dos pais: Ensino Médio Completo
6. Quando você aprendeu a ler? Como foi?
Aprendi a Ler aos 7 anos quando cursava a 1° serie. Foi algo mágico, minha mãe
comenta que eu ficava lendo as placas na rua, pra mostrar que eu sabia ler.
7. Quais as suas experiências de leitura na infância?
Lembro que o meu 1° livro foi o “Peter Pan”, tanto que hoje ele é meu conto de fadas
preferido. Eu costuma ler os contos dos irmãos Green.
8. Na sua casa havia material escrito como livros, jornais, revistas, etc. à disposição?
Sim, sempre houve revistas e alguns livros da minha mãe.
9. O que você lia? O que você lê hoje em dia?
Eu lia contos de fadas. Hoje gosto de ler esses romances adolescentes, comédias românticas, e
livros que tenha uma ficção, algo haver com magia, vampiros e coisas “sobrenaturais”.
10. Quem estimulou você a ler? De que formas?
Minha mãe. Ela ficava lendo, e comentando que um dia eu poderia ler como ela, e ela
compraria vários livros pra mim.(E ela ta comprindo)
11. Fale-me de sua escola, como são as suas leituras? O que você e seus colegas/amigos
costumam ler?
Na minha escola, todos os trimestres fazemos provas de 3 livros do momento literário que
estamos estudando, Machado de Assis, Alvares de Azevedo, Castro Alves e coisas dos
Genero. E para fora da escola meus amigos costumam ler Romances Vampiros e livros de
drama, ou meio que “estratégicos” como os de Down Brown
12. Qual foi o livro que leu e de que mais gostou?
Nossa! Não tenho um livro só, que eu gostei especialmente de ler, tenho meu top 6
90
Que é Harry Potter e as Relíquias da Morte da J.K. Rolling, Avalon High, A mediadora e
o Arcano Nove , A mediadora e o Crepusculo, Todo Garoto tem , os quatro da Meg [diva]
Cabot e por fim Breaking Dawn (Ou o Amanhecer) da Stephanie Meyer.
13. Atualmente, tem algum autor preferido? Por quê?
Meg Cabot sempre. Ela sabe como divertir as pessoas com seus livros e isso é muito
importante e marcante em um autor pra mim.
14. Qual a influência do computador em sua vida?Você utiliza a Internet? De que forma?
Por quê?
Ele influencia muito na minha vida. Eu utilizo a internet diariamente, uso ela como meio de
comunicação e pesquisa, uso assim porque ela facilita as coisas, tudo fica mais ‘rapido’.
15. Como conheceu Meg Cabot?
Eu a conheci através da internet, quando vi o Raquin (? Dos melhores escritores de
2006, e a Meg estava na lista. Comecei a pesquisar sobre ela, e me apaixonei pelo seu
jeito de escrita.
16. E a série “A Mediadora”, como você a descobriu?
Fui a livraria pra comprar o “Diario de princesa” e vi na pratileira ao lado essa serie, resolvi
trocar, comprei “A Mediadora” e não me arrempendo disso.
17. O que a motiva ler a série “A Mediadora”?
O contexto da história, me apaixonei pelos personagens, o amor quase impossível entre Jesse
e Suze, os irmãos Arckeman, o lado mal do Paul Slater que da mais emoção aos dois últimos
livros da serie.
18. Você conhece outros leitores desta série?
Sim. Tenho 3 amigas que tem a serie completa em casa.
19. Você costuma compartilhar suas leituras? Onde? Como?
Eu compartilho com amigas. Comento na escola e internet, sobre a história e estimulo eles a
lerem se gostarem da minha ‘snopse’.
20. Como consegue os livros? Compra? Ganha? Troca com amigos? Freqüenta alguma
biblioteca?
Eu pesquiso suas snopses na internet, se gosto da história, tento comprá-los e se conhecer
alguém que o tenha eu pego emprestado.
21. Que tempo você dedica a esta leitura?
Leio bastante. No mínimo 2hs por dia. [se contar noticias e entrevista de famosos]
91
22. Você pode citar os livros que leu ultimamente?
Ultimamente li Memórias de um sargento de mélicas de Manuel Antônio de Almeida,
Pegando Fogo e Sorte ou azar da Meg Cabot e o ultimo Contos de Beedle- O bardo da J.K.
Rolling.
Espero ter ajudado.
Qualquer problema, pode mandar outro email ou scrap no Orkut.
92
APÊNDICE L – Leitora L
1. Nome ou Nickname:
Francine Moreira.
2. Idade:
19 anos.
3. Situação socioeconômica:
Média
4. Escolaridade:
Ensino médio (2º grau)
5. Grau de escolaridade dos pais:
Ensino médio
6. Quando você aprendeu a ler? Como foi?
Para falar a verdade, não me lembro como foi. Mas deve ter sido legal.
7. Quais as suas experiências de leitura na infância?
Poucas. Gostava mais de desenhar.
8. Na sua casa havia material escrito como livros, jornais, revistas, etc. à disposição?
Sempre.
9. O que você lia? O que você lê hoje em dia?
Eu costumava ler livros infantis e pequenos. Atualmente gosto de romance, ficção,
suspense e aventura.
10. Quem estimulou você a ler? De que formas?
Minha mãe sempre me incentivou a ler. Mas acho que meu hábito de leitura veio através
da minha irmã, que sempre gostou de ler.
11. Fale-me de sua escola, como são as suas leituras? O que você e seus colegas/amigos
costumam ler?
Faço pré-vestibular. Não temos muito tempo para ler no pré, mas os professores sempre
indicam bons livros. Minhas amigas têm o gosto bem parecido com o meu.
93
12. Qual foi o livro que leu e de que mais gostou?
É difícil escolher um só. Mas gostei muito de “Vida de Droga”.
13. Atualmente, tem algum autor preferido? Por quê?
Stephenie Meyer. As histórias dela são fascinantes e envolventes.
14. Qual a influência do computador em sua vida?Você utiliza a Internet? De que forma?
Por quê?
Utilizo para lazer, diversão e estudo. Também é uma forma de distração.
15. Como conheceu Meg Cabot?
Através da série “A Mediadora”.
16. E a série “A Mediadora”, como você a descobriu?
Por uma amiga. Ela sempre me falava da história, e eu me interessei.
17. O que a motiva ler a série “A Mediadora”?
A determinação e coragem da Suze. A dedicação, carisma e também coragem do Jesse. O
enredo de um “amor impossível”. E é claro que o lindo amor de Suze e Jesse.
18. Você conhece outros leitores desta série?
Além dos membros da comunidade do orkut, conheço 4 meninas.
19. Você costuma compartilhar suas leituras? Onde? Como?
Sim. Em casa mesmo, com minhas amigas. Sempre comento sobre o livro, leio para elas
as partes que mais gostei e incentivo elas a lerem o livro.
20. Como consegue os livros? Compra? Ganha? Troca com amigos? Freqüenta alguma
biblioteca?
Geralmente eu compro. Mas alguns livros que li, foram emprestados.
21. Que tempo você dedica a esta leitura?
Todo dia à noite, menos no fim de semana.
22. Você pode citar os livros que leu ultimamente?
Vou citar a partir do ano passado. Todos da série “A Mediadora”, também a saga de
“Crepúsculo”, “Dom Casmurro”, “Harry Potter e as Relíquias da Morte”, “Marley e Eu” e
estou começando a ler “O mundo de Sofia”.
94
APÊNDICE M – Leitora M
1. Nome ou Nickname: Duda
2. Idade: 16 anos
3. Situação socioeconômica: Classe média
4. Escolaridade: Ensino Médio
5. Grau de escolaridade dos pais: Ensino Superior: (mãe = História) (pai = Direito)
6. Quando você aprendeu a ler? Como foi? Aprendi a ler no pré B, mas a motivação já
vinha da minha mãe e do meu pai, que contavam historinhas pra mim dormir. E
também por me darem sempre livros, coloridos e bonitos, mesmo que eu só “lesse” as
figuras.
7. Quais as suas experiências de leitura na infância? Eram os contos de fadas, e depois
vieram os gibis... e assim por diante.
8. Na sua casa havia material escrito como livros, jornais, revistas, etc. à disposição?
Sim.
9. O que você lia? O que você hoje em dia? Como disse, tudo começou com contos de
fadas. Mas hoje gosto de ler romances, comédias românticas e também que tenham
algo a ver com coisas “sobrenaturais”.
10. Quem estimulou você a ler? De que formas? Minha mãe e meu pai. Eles liam pra
mim, além de me perguntar como eu achava que a história se desenvolvia aos poucos.
Usando a imaginação também.
11. Fale-me de sua escola, como são as suas leituras? O que você e seus colegas/amigos
costumam ler? Infelizmente minha escola não motiva muito a leitura. Fica
estacionada no que cai no vestibular. Talvez por isso, boa parte dos meus colegas não
gostem de ler o que é pedido. Mas, acabamos lendo coisas que até nem são
comentadas pelos professores, como A Mediadora, Crepúsculo, Harry Potter...
12. Qual foi o livro que leu e de que mais gostou? Sem vidas A Mediadora de Meg
Cabot, depois, Crepúsculo de Stephanie Meyer.
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13. Atualmente, tem algum autor preferido? Por quê? Meg Cabot. Ela consegue divertir e
ao mesmo tempo consegue colocar aventuras, paixões que acredito que toda
adolescente teve um dia: amor platônico.
14. Qual a influência do computador em sua vida?Você utiliza a Internet? De que forma?
Por quê? Uso a internet todos os dias, como meio de comunicação com os amigos, e
também para pesquisar. Ela é rápida, e também deixa a abertura para se ler várias
coisas ao mesmo tempo. Além de poder se expressar sobre o que você realmente
gosta. No meu caso, sobre a minha paixão pela série A Mediadora.
15. Como conheceu Meg Cabot? Conheci justamente pela comunidade do Orkut, fiquei
curiosa ao ver os comentários das meninas, achei que pudesse ser mesmo muito boa a
coleção. Fui pesquisar mais e acabei querendo ler a série A Mediadora.
16. E a rie “A Mediadora”, como você a descobriu? Mexendo no Orkut, vi a
comunidade da Mediadora, então, por curiosidade resolvi ler.
17. O que a motiva ler a série “A Mediadora”? Fiquei apaixonada pelo amor quase
impossível entre Suze e Jesse, acho tudo muito lindo. Sem falar no fato de a Suze ser
engraçada.
18. Você conhece outros leitores desta série? Sim. Minhas colegas e amigas.
19. Você costuma compartilhar suas leituras? Onde? Como? Compartilho com amigas.
Comento onde estudo, e também uso a internet para escrever sobre a coleção e trocar
idéias.
20. Como consegue os livros? Compra? Ganha? Troca com amigos? Freqüenta alguma
biblioteca? Troco com minhas amigas, empresto um volume, e elas me emprestam
outro, e assim vamos.
21. Que tempo você dedica a esta leitura? Leio sempre que posso. Pra ler o que gosto,
reservo pelo menos uma hora por dia.
22. Você pode citar os livros que leu ultimamente? Crepúsculo de Stephanie Meyer,
Eclipse de Stephanie Meyer.
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APÊNDICE N – Leitora N
1. Nome ou Nickname: Fabi
2. Idade: 16
3. Situação socioeconômica: Média
4. Escolaridade: ano ensino médio
5. Grau de escolaridade dos pais: Os dois com ensino superior
6. Quando você aprendeu a ler? Como foi? No pré b. Aprendi a ler pela própria ordem
do alfabeto, separando primeiro vogais depois consoantes.
7. Quais as suas experiências de leitura na infância? Não era muito de ler livros grossos.
Geralmente procurava os mais curtos.
8. Na sua casa havia material escrito como livros, jornais, revistas, etc. à disposição?
Sim.
9. O que você lia? O que você hoje em dia? Contos de fadas e fábulas. Hoje leio de
tudo, desde jornais até livros – hoje mais grossos porcausa da Mediadora.
10. Quem estimulou você a ler? De que formas? Minha mãe, mas, ela estimulou de leve,
porque não tinha muito tempo pra ficar comigo, chegava cansada do trabalho.
11. Fale-me de sua escola, como são as suas leituras? O que você e seus colegas/amigos
costumam ler? As leituras não fogem muito dos clássicos, e textos obrigatórios na
escola. Geralmente o que cobram no vestibular. Os amigos que gostam de ler como
eu, lêem mais ficção. E as meninas, romance.
12. Qual foi o livro que leu e de que mais gostou? Os do Harry Potter (tirando a
Mediadora)
13. Atualmente, tem algum autor preferido? Por quê? Meg Cabot. Adoro romance que faz
a gente suspirar lendo, e que faz a gente pensar no amor da nossa vida.
14. Qual a influência do computador em sua vida?Você utiliza a Internet? De que forma?
Por quê? Uso para conversar com amigos, pesquisa, leitura e informação, além de
fazer trabalhos da escola.
97
15. Como conheceu Meg Cabot? Pelo Diário da Princesa, porque vi umas meninas na
escola lendo esta série (mas eu não li). Então fui na livraria ver se eu encontraria A
Mediadora, já que na escola as meninas falaram que era “meio diferente” do Diário
da Princesa.
16. E a série “A Mediadora”, como você a descobriu? respondi na questão de cima.
17. O que a motiva ler a série “A Mediadora”? Curiosidade
18. Você conhece outros leitores desta série? Amigas e colegas que eu indiquei a série.
19. Você costuma compartilhar suas leituras? Onde? Como? Na escola, biblioteca,
internet e em contato com amigos.
20. Como consegue os livros? Compra? Ganha? Troca com amigos? Freqüenta alguma
biblioteca? Geralmente compro.
21. Que tempo você dedica a esta leitura? Pelo menos duas horas por dia, e se o livro for
muito bom, fico até mais.
22. Você pode citar os livros que leu ultimamente? Ultimamente tenho lido mais o que me
prepara para o vestibular, mas, li Crepúsculo de Sthepanie Meyer.
98
APÊNDICE O – Leitora O
1. Nome ou Nickname: Micheline
2. Idade: 16
3. Situação socioeconômica: Média
4. Escolaridade: ano
5. Grau de escolaridade dos pais: Ensino superior
6. Quando você aprendeu a ler? Como foi? Na primeira série.
7. Quais as suas experiências de leitura na infância? Até eu identificar as palavras, eu
ouvia a leitura que meu pai ou minha mãe faziam pra mim, de fábulas, histórias em
quadrinhos, conto de fadas.
8. Na sua casa havia material escrito como livros, jornais, revistas, etc. à disposição? Sim
9. O que você lia? O que você hoje em dia? Comecei por gibis da turma da Mônica,
depois por histórias maiores como “A Bolsa Amarela”. Procurei variar nas leituras.
Hoje em dia, leio jornal, revista, e livros. Prefiro romance.
10. Quem estimulou você a ler? De que formas? Meus pais, ao lerem pra mim e me
presentear com livros.
11. Fale-me de sua escola, como são as suas leituras? O que você e seus colegas/amigos
costumam ler? Fica centrada na leitura obrigatória. Mas, lemos também livros
adolescentes, que nos motivam e são de nosso interesse.
12. Qual foi o livro que leu e de que mais gostou? A coleção de Harry Potter.
13. Atualmente, tem algum autor preferido? Por quê? Meg Cabot, por conseguir escrever
como uma adolescente e para adolescentes.
14. Qual a influência do computador em sua vida?Você utiliza a Internet? De que forma?
Por quê? Falar com amigos, ler, pesquisar, fazer atividades para a escola e trocar
idéias sobre o que eu gosto, como por exemplo, a série.
15. Como conheceu Meg Cabot? Pelas amigas que estavam lendo A Mediadora.
99
16. E a série “A Mediadora”, como você a descobriu? Por amigas.
17. O que a motiva ler a série A Mediadora”? O romance entre Jesse e Suze, e por Suze
ser cômica.
18. Você conhece outros leitores desta série? Sim, amigas e colegas.
19. Você costuma compartilhar suas leituras? Onde? Como? Sim, com amigas, colegas e
leitoras que se expressam na internet.
20. Como consegue os livros? Compra? Ganha? Troca com amigos? Freqüenta alguma
biblioteca? Ganho, porque o pessoal já sabe que meu presente favorito é livro. Alguns
eu compro.
21. Que tempo você dedica a esta leitura? Não tenho um tempo fixo. Depende se a leitura
está sendo boa ou não tanto.
22 . Você pode citar os livros que leu ultimamente? O médico e o monstro, de Robert
Louis Stevenson e também leitura obrigatória para o vestibular.
100
APÊNDICE P – Leitora P
1. Nome ou Nickname: Luiza
2. Idade: 17
3. Situação socioeconômica: Média
4. Escolaridade: Cursando nível superior
5. Grau de escolaridade dos pais: Mãe(supletivo) Pai (nível superior)
6. Quando você aprendeu a ler? Como foi? Na escola, pelo alfabeto e por junção de
consoantes com vogais. Era um livro que tinha que seguir ele, conforme as lições
fossem aparecendo. Ex: A = Abelha / B = Barriga...
7. Quais as suas experiências de leitura na infância? Contos de fada que eu tinha contato
em casa, e na escola.
8. Na sua casa havia material escrito como livros, jornais, revistas, etc. à disposição?
Sim.
9. O que você lia? O que você hoje em dia? Até uns 9 anos eram contos infantis,
depois até ali por uns 13 anos, eram livros de histórias variadas, que eu retirava na
biblioteca da escola. Hoje leio livros direcionados na faculdade, e não dispenso um
bom romance de água com açúcar.
10. Quem estimulou você a ler? De que formas? Meu pai, dizendo que a leitura poderia
me ajudar a chegar mais longe. E minha mãe, que ao fazer supletivo, me pedia ajuda
também, e dizia que quanto mais eu lesse, mais poderia ajudá-la também.
11. Fale-me de sua escola, como são as suas leituras? O que você e seus colegas/amigos
costumam ler? Na universidade os mais variados assuntos para serem lidos, além
dos indicados pelos professores como bibliografia obrigatória e complementar. Mas
entre os amigos, existe também a leitura de ficção e romance.
12. Qual foi o livro que leu e de que mais gostou? Quando Nietzsche Chorou
13. Atualmente, tem algum autor preferido? Por quê? Meg Cabot pela sua forma de
escrever para adolescentes, com uma linguagem que aproxima quem lê da história.
101
14. Qual a influência do computador em sua vida?Você utiliza a Internet? De que forma?
Por quê? Basicamente para pesquisar e conversar com amigos. Leio também pelo
computador, e também me mantenho atualizada.
15. Como conheceu Meg Cabot? Pelo livro “O garoto da casa ao lado”.
16. E a rie “A Mediadora”, como você a descobriu? Depois de ler o livro falado acima,
pesquisei outros dela e encontrei A Mediadora. Gostei da Sinopse e resolvi ler.
17. O que a motiva ler a série “A Mediadora”? O romance com uma garota quase da
minha idade, que aparenta ser forte mas quando se trata de amor, é “manteiga
derretida”.
18. Você conhece outros leitores desta série? Sim, minhas amigas.
19. Você costuma compartilhar suas leituras? Onde? Como? Geralmente pelas
comunidades no Orkut e em conversas com amigas.
20. Como consegue os livros? Compra? Ganha? Troca com amigos? Freqüenta alguma
biblioteca? Geralmente compro, ou pego emprestado de amigos. Pego na biblioteca
raramente.
21. Que tempo você dedica a esta leitura? Não tenho um tempo marcado no relógio. Vai
do meu envolvimento com o que leio.
22. Você pode citar os livros que leu ultimamente? Danielle SteelUma só vez na vida e
leituras obrigatórias e complementares indicadas pelos professores.
102
APÊNDICE Q – Leitora Q
1. Nome ou Nickname: Juliana
2. Idade: 17
3. Situação socioeconômica: Média
4. Escolaridade: Ensino Superior em andamento
5. Grau de escolaridade dos pais: (Mãe) Magistério (Pai) Técnico em Contabilidade
6. Quando você aprendeu a ler? Como foi? Na escola e com a ajuda de meus pais em
casa.
7. Quais as suas experiências de leitura na infância? Sempre gostei de livros. Comecei a
ter contato com os materiais que minha mãe preparava para trabalhar com os alunos
dela, e também, com livros que eu ganhava. Meus pais me contavam histórias ou
antes de dormir, ou quando chegavam do trabalho, ao invés de brincar as vezes era
uma história.
8. Na sua casa havia material escrito como livros, jornais, revistas, etc. à disposição? o
tanto, e por isso eu sou grande freqüentadora da biblioteca desde pequena.
9. O que você lia? O que você hoje em dia? Contos de fadas eu lia. Hoje leio livros
em geral, jornais, revistas...
10. Quem estimulou você a ler? De que formas? Minhas professoras do ensino primário e
minha mãe. Eu tinha muita dificuldade ao me expressar, e também por ser meio
quieta, me motivaram a ler ainda mais, porque assim, eu poderia viver em mundos
diferentes, usar a imaginação e melhorar a escrita.
11. Fale-me de sua escola, como são as suas leituras? O que você e seus colegas/amigos
costumam ler? Na Faculdade vários e vários tipos de livros. Livros de nível maior
de conhecimento por assim dizer. Mas, eu não deixo de lado os romances, parece que
há coisas neles as quais eu me identifico.
12. Qual foi o livro que leu e de que mais gostou? Na Terra das Sombras
13. Atualmente, tem algum autor preferido? Por quê? Meg Cabot, por conseguir se
aproximar do leitor (pelo menos de mim).
103
14. Qual a influência do computador em sua vida?Você utiliza a Internet? De que forma?
Por quê? Uso para me manter informada, para ter contato com amigos distantes e
para pesquisar. E eu uso a internet por ser um meio ágil e que contém muitas
informações e assuntos para se ler e pesquisar.
15. Como conheceu Meg Cabot? Pela série “Diário da Princesa”, que virou filme.
Depois de ver o filme, li toda a série, depois fui lendo os outros... me apaixonei
mesmo por Meg (porque eu já gostava pelos outros que tinha lido) com A
Mediadora.
16. E a série “A Mediadora”, como você a descobriu? Na própria página da Meg Cabot
na internet. Li a sinopse e fiquei curiosa.
17. O que a motiva ler a série A Mediadora”? A própria autora, porque eu havia
gostado do que eu tinha lido de livros escritos por ela.
18. Você conhece outros leitores desta série? Minha prima e pelo Orkut.
19. Você costuma compartilhar suas leituras? Onde? Como? Sim. Com colegas, amigos,
minha prima, e em fóruns sobre leitura.
20. Como consegue os livros? Compra? Ganha? Troca com amigos? Freqüenta alguma
biblioteca? Baixei e-books e outros eu comprei, e ganhei.
21. Que tempo você dedica a esta leitura? Gosto muito de ler, sempre ando com um livro
comigo, por quando houver uma horinha livre, estou lendo.
22. Você pode citar os livros que leu ultimamente? A Série Crepúsculo e a Cabana.
104
APÊNDICE R – Leitora R
1. Nome ou Nickname: Letícia
2. Idade: 20
3. Situação socioeconômica: classe média
4. Escolaridade: Ensino Superior (incompleto)
5. Grau de escolaridade dos pais: Ensino médio – os dois.
6. Quando você aprendeu a ler? Como foi? Na primeira série, nas aulas, e tendo
motivação em casa, com meus pais.
7. Quais as suas experiências de leitura na infância? Eram os contos de fadas, e também
histórias que meus pais contavam, que eram contadas a eles por seus pais quando
pequenos...
8. Na sua casa havia material escrito como livros, jornais, revistas, etc. à disposição?
Poucos. Mas, meus pais sempre que podiam compravam gibis, livros de conto de
fadas...
9. O que você lia? O que você hoje em dia? Lia gibis, livros variados da biblioteca, e
hoje leio sugestões dos professores na faculdade, algo da bibliografia complementar
também. Mas não deixei de lado os romances.
10. Quem estimulou você a ler? De que formas? Meus pais e a empolgação que tinham a
cada avanço meu na fase de alfabetização. Isso se estendeu em todas as conquistas
que fui fazendo na vida escolar. São meus motivadores para tudo.
11. Fale-me de sua escola, como são as suas leituras? O que você e seus colegas/amigos
costumam ler? Leituras direcionadas na universidade. E eu com minhas colegas
lemos romances, já que adoramos.
12. Qual foi o livro que leu e de que mais gostou? O Pequeno Príncipe.
13. Atualmente, tem algum autor preferido? Por quê? Gosto de Meg Cabot por sua
linguagem fácil e por sua maneira de explorar as situações.
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14. Qual a influência do computador em sua vida?Você utiliza a Internet? De que forma?
Por quê? Para participar de fóruns, pesquisar, conversar com amigos distantes, e ler
fanfics.
15. Como conheceu Meg Cabot? Por meio do filme “O Diário da Princesa”, e depois da
série com o mesmo nome.
16. E a série “A Mediadora”, como você a descobriu? Me interessei pela sinopse do livro.
E fiz a associação com “O Diário da Princesa”.
17. O que a motiva ler a série “A Mediadora”? O romance de Suze e Jesse e o tom
sobrenatural.
18. Você conhece outros leitores desta série? Duas vizinhas e algumas colegas de
faculdade.
19. Você costuma compartilhar suas leituras? Onde? Como? Sim, inclusive trocar livros.
Com as minhas vizinhas, colegas e amigos.
20. Como consegue os livros? Compra? Ganha? Troca com amigos? Freqüenta alguma
biblioteca? Compro, ganho, troco. Frequento a biblioteca sim para retirar geralmente
livros obrigatórios.
21. Que tempo você dedica a esta leitura? As horas vagas.
22. Você pode citar os livros que leu ultimamente? A Série Crepúsculo de Sthepanie
Meyer.
106
APÊNDICE S – Leitora S
1. Nome ou Nickname: Elis
2. Idade: 17
3. Situação socioeconômica: mediana
4. Escolaridade: Nível superior (cursando)
5. Grau de escolaridade dos pais: Nível Superior
6. Quando você aprendeu a ler? Como foi? Na série, na escola. E depois, lia tudo que
via pela frente, afinal, estava descobrindo um mundo diferente.
7. Quais as suas experiências de leitura na infância? Meu primeiro livro foi Cinderela,
depois seguindo de contos de fadas. Meus pais liam para mim, e eu lia os livros
também pelas imagens quando ainda não sabia identificar as palavras.
8. Na sua casa havia material escrito como livros, jornais, revistas, etc. à disposição?
Sim.
9. O que você lia? O que você hoje em dia? Lia contos de fadas. Hoje gosto de
romances, e tudo que tiver algo de sobrenatural.
10. Quem estimulou você a ler? De que formas? Meus pais, pois liam para mim, e às
vezes inventavam histórias junto comigo.
11. Fale-me de sua escola, como são as suas leituras? O que você e seus colegas/amigos
costumam ler? livros para todos os gostos. Fora os necessários para o andamento
das aulas, cada um o que prefere e alguns não lêem nada além do necessário.
Mas minhas amigas e eu lemos muitos romances, inclusive trocamos entre nós os
livros.
12. Qual foi o livro que leu e de que mais gostou? Arcano Nove.
13. Atualmente, tem algum autor preferido? Por quê? Meg Cabot, pois ela sabe como
chegar no leitor.
14. Qual a influência do computador em sua vida?Você utiliza a Internet? De que forma?
Por quê? Uso para ler, pesquisar, participar de fóruns, conversar com amigos... e
gosto da internet por ser atualizada sempre e rápida.
107
15. Como conheceu Meg Cabot? Pela própria série A Mediadora
16. E a série “A Mediadora”, como você a descobriu? Com minhas colegas.
17. O que a motiva ler a rie “A Mediadora”? O romance simplesmente maravilhoso de
Suze e Jesse.
18. Você conhece outros leitores desta série? Sim, quem me indicou e pessoas que eu
indiquei.
19. Você costuma compartilhar suas leituras? Onde? Como? Com amigas, e com toda
pessoa que estiver disposta a trocar idéias sobre leitura.
20. Como consegue os livros? Compra? Ganha? Troca com amigos? Freqüenta alguma
biblioteca? Ganho, compro... baixo e-books... e retiro na biblioteca. Além de trocar
com amigas também.
21. Que tempo você dedica a esta leitura? Cerca de uma hora e meia, duas horas por dia.
22. Você pode citar os livros que leu ultimamente? A série Crepúsculo de Sthepanie
Meyer.
108
APÊNDICE T – Leitora T
1. Nome ou Nickname: Renata ou Nat
2. Idade: 13 anos
3. Situação socioeconômica: Média-alta
4. Escolaridade: 7ª série
5. Grau de escolaridade dos pais: Superior completo
6. Quando você aprendeu a ler? Como foi?
Aprendi a ler mais cedo que qualquer um da minha classe. Com cinco para seis anos já
sabia ler um livro e escrever um. Todos se encantavam com esse fato, e acho que foi por
aí que minha paixão por leitura começou.
7. Quais as suas experiências de leitura na infância?
Para falar a verdade, eu não lembro muito bem. Sei que tentava ler a bíblia e li O
Seminarista com oito anos (creio que entendi tudo, embora fosse nova demais). Fora isso,
escrevia meus próprios pequenos textos e também poesias.
8. Na sua casa havia material escrito como livros, jornais, revistas, etc. à disposição?
Jornais, não. Havia revistas, mas todas estas eram de arquitetura, já que moro com minha
mãe, uma arquiteta. Os livros que eu tinha eram todos infantis demais e eu não gostava
(sempre fui madura demais para minha idade), preferia os mais adultos. Como minha mãe
sempre foi ocupada demais para lê-los, lembro que os pegava da gaveta e tentava ler. Fora
os que eu alugava da biblioteca da escola.
9. O que você lia? O que você lê hoje em dia?
Lembro que lia clássicos da Disney. Era um livro enorme que eu levava para todos os
lugares. Hoje em dia, prefiro livros da Meg Cabot ou Stephen King. Também gosto muito
de ler crônicas e clássicos brasileiros.
10. Quem estimulou você a ler? De que formas?
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Acho que eu mesma me estimulei. Eu tinha muito tempo livre, e a única coisa que me
restava era ler. Minha avó foi professora de português e tinha todos os clássicos de
Machado de Assis, então de vez em quando eu os lia. Sem falar que sempre gostei de
escrever, e o escritor é um leitor.
11. Fale-me de sua escola, como são as suas leituras? O que você e seus colegas/amigos
costumam ler?
Na escola, minhas amigas preferem livros curtos e fáceis de ler. Alguns sobre romances
bobos adolescentes ou O Diário da Princesa. Eu realmente prefiro ler livros mais sérios,
de terror ou de fantasia, ou o próprio romance fantasioso. Talvez ficção científica. Mas
sempre prefiro os livros de autores confiáveis e bons.
12. Qual foi o livro que leu e de que mais gostou?
Os livros da série Crepúsculo. Li antes de virar filme, então posso dizer que realmente
aprecio a história pelo que ela é, e não por sua fama.
13. Atualmente, tem algum autor preferido? Por quê?
Sim, Meg Cabot. Eu acho os livros dela, em especial a série A Mediadora, fantásticos.
Fora as comédias românticas que ela escreve... são livros divertidos.
14. Qual a influência do computador em sua vida?Você utiliza a Internet? De que forma?
Por quê?
Uso frequentemente a Internet. Às vezes para fazer trabalhos de escola, às vezes para
escrever meus próprios textos ou simplesmente falar com as minhas amigas. Creio que é
algo muito divertido.
15. Como conheceu Meg Cabot?
Conheci Meg Cabot quando todas as minhas amigas liam O Diário da Princesa. Não me
interessei nem um pouco pelo livro, porque princesas não são meu tema favorito. Só
comecei a ler quando uma amiga disse que um livro dela combinava comigo.
16. E a série “A Mediadora”, como você a descobriu?
Descobri A Mediadora quando uma amiga minha, que sabe que sou “médium”, leu a
sinopse do livro na biblioteca e me chamou, dizendo que havia achado um livro que
parecia comigo, pelo fato de nós duas podermos ver espíritos.
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17. O que a motiva ler a série “A Mediadora”?
Fora o fato de que eu e Suzannah compartilhamos o mesmo dom (com algumas
diferenças, é claro) e o mesmo desgosto por tê-lo, também gosto do jeito que Meg Cabot
escreve e como Suze lida com seu problema – no caso, ver fantasmas. É um jeito
completamente diferente do meu, que sempre fui espírita e todos me diziam o que fazer.
Também me identifico com Suzannah por sermos as duas impacientes e um pouquinho
agressivas.
18. Você conhece outros leitores desta série?
Só minha amiga que me indicou da primeira vez. Ela não tinha lido, mas depois que eu
comecei a ler, ela deu uma olhada também e viciou.
19. Você costuma compartilhar suas leituras? Onde? Como?
Só para minhas amigas mais íntimas. Mas geralmente elas preferem livros mais fáceis de
ler, então falo com outras com gostos parecidos com os meus. Às vezes recomendo livros
à minhas amigas da internet, aquelas que não são da minha escola.
20. Como consegue os livros? Compra? Ganha? Troca com amigos? Freqüenta alguma
biblioteca?
Freqüento a biblioteca da escola e a da frente do meu prédio. Às vezes compro, se for
muito especial para mim e eu não puder esperar até uma data comemorativa, quando
sempre peço livros aos meus familiares. Também troco com minhas amigas, se me
interessar por algum livro, mas isso não é muito freqüente porque todas elas tem gostos
completamente diferentes dos meus.
21. Que tempo você dedica a esta leitura?
Leio oito horas por dia, mais ou menos.
22. Você pode citar os livros que leu ultimamente?
Nos útimos dois meses: O Iluminado, A Pata da Gazela, Marley&Eu, Nick&Norah,
Grimpow, A Menina que Roubava Livros, reli a série A Mediadora e reli a série
Crepúsculo.
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