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Muitos teóricos, por caminhos diversos, fundamentam as relações entre as obras de
arte e os seus leitores, sejam crianças, adultos, leigos ou não, com estudos e pesquisas
interessantes. Alguns deles centram-se nos níveis de desenvolvimento estético dos leitores das
obras, como os americanos Michel Parsons e Abigail Housen, propondo que as pessoas se
relacionem e compreendam as imagens em diferentes estágios. Há outros teóricos que cercam
as diferentes ações em escolas e museus de arte, focalizando aspectos metodológicos, como
Ana Mae Barbosa, Analice Pillar, Robert William Ott, Edmund Burke Feldmann,
Marjorie/Robert Wilson e All Hurwitz, além de outros (MARTINS, 2005).
Muitas são as propostas, métodos e possibilidades de leitura. Entre as possibilidades
estão: a gestáltica, a iconológica, a iconográfica e a semiótica. Entre os métodos, podemos
observar os estudos de Edmund Feldmam com o “método comparativo para o ensino formal”
baseado em estágios, ou a proposta de Robert Ott,, mais utilizada no ensino não-formal:
galerias, museus, espaços de arte. Podemos citar outros meios de leitura de imagem, os que se
fundamentam na semiótica
16
, na gestalt
17
, na iconologia/iconografia
18
, entre outras, porém o
necessário é que possamos tornar significativo o processo para o leitor construir-se
criticamente.
O termo crítico, que merece destaque, encontra-se em consonância com a fala de
Hernandez (2000, p. 135):
[...] a noção de “compreensão crítica” não se fundamenta nas avaliações e
juízos individuais por si mesmos, mas sim na aplicação de diferentes
modelos de análise (semiótico, estruturalista, descontrucionista, intertextual,
hermenêutico, discursivo, etc.) aos “objetos” da cultura visual. É por isso
que, do ponto de vista educativo, a aprendizagem desses modelos de análise
ocupa um papel relevante.
Nesse sentido, Joly (1996, p. 135-6) relata que a leitura de imagem:
16
Abarca as noções de denotação e conotação. Denotação refere-se as significado objetico, o que se vê na
imagem, a descrição desta como um todo. A conotação refere-se a apreciação, aquilo que a imagem sugere do
apreciador.
17
A palavra Gestalt tem origem alemã e surgiu em 1523 de uma tradução da Bíblia, significando "o que é
colocado diante dos olhos, exposto aos olhares". Hoje adotada no mundo inteiro significa um processo de dar
forma ou configuração. Gestalt significa uma integração de partes em oposição à soma do "todo". Dizer que um
processo, ou o produto de um processo é uma gestalt, significa dizer que não pode ser explicado pelo mero caos,
a uma mera combinação cega de causas essencialmente desconexas, mas que sua essência é a razão de sua
existência. Retirado de http://www.igestalt.psc.br/gestalt.htm. Acesso em 26 de julho de 2009.
18
Iconologia e Iconografia - Iconografia é um ramo da história da arte cujo objeto de estudo é o tema e
significado das obras de arte em contraposição a sua forma. Iconologia é o estudo de ícones ou de simbolismo
em representação visual (
arte). Ou seja, a interpretação de um tema, através do estudo abrangente do contexto
cultural e histórico do objeto de estudo.Erwin Panofsky fazia distinção entre iconografia e iconologia. Em seu
Estudos em Iconologia (1939) ele definiu iconografia como o estudo do tema ou assunto e iconologia o estudo
do significado do objeto.