157
arquiteto-engenheiro, e era muito importante o conhecimento científico e tecnológico na
produção de arquitetura. Naquela época eu já projetava casas pré-fabricadas e já
visualizava a importância de se passar de uma produção artesanal com mão-de-obra
desqualificada para a produção industrializada.
Isso foi um ponto muito importante em toda minha produção e todos os meus projetos,
independente dos materiais que foram usados ou dos sistemas construtivos escolhidos.
Sempre incentivei que se transferisse a forma de produção do canteiro de obras
improvisado com um controle de qualidade muito maior dentro da indústria para a produção
de materiais, de sistemas, elementos e componentes.
Então essa visão de dar uma qualidade no período da construção estava muito ligada a
uma crítica que se fazia ainda na década de 70 à arquitetura moderna. Era concomitante
Venturi falando lá e eu aqui, e eu participava desse processo de mudança. Mas algo me
incomodava, e chegando ao final da década de 70 a arquitetura moderna deixou de ser
causa para ser um estilo.
Começamos a fazer várias experiências com madeiras e aço, e comecei a experimentar,
mesmo sem indústrias, tecnologia, professores, alunos, sem fabricantes, sem mão-de-obra,
mas sempre estive muito informado sobre a produção mundial.
Mies van der Rohe já utilizava a tecnologia do aço em Chicago em 1930 e sempre vi que o
Brasil estava muito atrasado no tempo, e realmente estamos mais de 40 anos atrasados!
§ A delicadeza dos encaixes, encontros e junções de um trabalho em madeira é próxima à do
aço. Deve haver sensibilidade de se perceber uma tecnologia mais refinada nos encaixes.
Nesse contexto, eu já fazia algumas críticas aqui no Brasil, e fui visitar nessa época, na
década de 70, um projeto de Richard Rogers e Renzo Piano, o Pompidou em Paris, e lá eu
percebi que a arquitetura moderna estava dando lugar à arquitetura contemporânea.
Essa visão da arquitetura chamada unidimensional, onde a estética predominava, ficou
fortemente marcada em todos os séculos, e na arquitetura brasileira fez-se com o espaço
de Niemeyer, que para mim faz grandes esculturas e não arquitetura. Isso tudo é parte de
um período histórico importantíssimo, mas que já passou, estamos no século 21, o século
do intelecto! Então comecei a exercitar o aço e ver as vantagens do seu uso. Tudo que é
projetado se encaixa na obra: chapas, fechamentos, coberturas, vedações, ligações, tudo
montado sem sobrar nenhum parafuso! Era um outro caminho que fomos nos distanciamos
em relação ao mundo todo! E eu insisti! Com tudo isso em pauta, resolvi fazer um novo
livro: “A obra em aço de Zanettini”, onde cito cada experiência com o aço e todos os
aspectos tecnológicos, cálculos, patologias, momento fletor, força cortante, etc., e assim