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Além do já citados Gregory Bateson e Stafford Beer e Karl Deutsch, merecem ser
mencionados J. E. Lovelock, Niklas Luhmann e Jean-François Lyotard, entre muitos outros,
para quem a Cibernética é instrumento indispensável para a compreensão da natureza e da
estrutura dos fenômenos sociais e até mesmo para o adequado desenho de uma estrutura
política viável
51
.
É interessante ressaltar que a Teoria dos Jogos, com seus numerosos desdobramentos,
acabou por constituir-se num importante elemento de interface entre a Cibernética e a
Sociologia. Destinada a ter uma importância comparável à da “mão invisível” de Adam Smith,
a sua lógica dos “jogos de soma positiva” (ou de “soma zero”) e a das “estratégias de
cooperação” parecem ser uma das leis que regem a dinâmica dos processos de decisão, tanto
em situações normais como no caso — importante — de conflitos em pequena ou larga
escala
52
. Por outro lado, é notório que a Sociologia contemporânea reconhece a enorme
importância dos “vínculos de informação” como conectivos sociais.
3. O conhecimento humano e a Epistemologia
Por que a mente se comporta dessa ou daquela maneira? Como entender a própria
atividade mental como adequação adaptativa entre o sujeito pensante e o "mundo" que o cerca
51
Um exemplo contundente deste último ponto é o texto de Musès (1995), no qual afirma — num tom dramático
— que a Cibernética é a última esperança de fazer retornar a racionalidade ao jogo político internacional.
52
Cfr. Pinto Filho (1976-1990), especialmente os seguintes ensaios: “Cibernética da guerra fria”, Dados & Idéias
n. 13, pp. 62-67, out/nov-1977; “Teoria dos jogos: o dilema político quantificado”, Dados & Idéias n. 19, pp.
66-72, abr/mai-1979; “Terrorismo e Teoria dos jogos - ‘Ameaças’”, Dados & Idéias n. 29, pp. 62-66, out-
1980; “Combates, embates, jogos e barganha”, Dados & Idéias n. 39, pp. 45-50, ago-1981; “Um sistema
chamado guerra”, Dados & Idéias n. 43, pp. 45-50, dez-1981; “Espiões e armas no espaço”, Dados & Idéias n.
47, pp. 62-66, abr-1982. “A estratégia eleitoral do maximin”, Dados & Idéias n. 52, pp. 46-50, set-1982; “O
mais sinistro jogo de armar”, Dados & Idéias n. 59, pp. 60-64, abr-1983; “As bases cibernéticas da política”,
Dados & Idéias n. 64, pp. 60-66, set-1983; “Três maus debatedores: Kruschev, Reagan e o PDS”, Dados &
Idéias n. 68, pp. 62-66, jan-1984. “O jogo das coalizões”, Dados & Idéias n. 79, pp. 70-74, dez-1984. “Uma
teoria dos jogos com juiz”, Dados & Idéias n. 83, pp. 78-82, abr-1985; “Estratégias e táticas nas greves”,
Dados & Idéias n. 88, pp. 128-131, set-1985; “Decisão sob premência de tempo” Dados & Idéias n. 101, pp.
76-79, out-1986; Idem. A arte da não-guerra. Dados & Idéias n. 102, pp. 84-88, nov-1986; “O jogo do
seqüestro de avião”, Dados & Idéias n. 103, pp. 76-79, dez-1986; “Seqüestro”, Dados & Idéias n. 118, pp.
48-50, mar-1988; “A esquerda e a direita segundo a cibernética”, Dados & Idéias n. 128, pp. 48-50, jan-1989.