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Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
da Universidade de São Paulo
Dissertação de Mestrado
A obra de Abelardo de Souza
Arq. Regina Adorno Constantino
Or. Prof. Dr. Lúcio Gomes Machado
Agosto de 2004
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Aos Fábios e Carolina
Agradeço pelo apoio e amizade:
A meu orientador Lúcio Gomes
Machado
Miranda Magnolli
Mª Esther de Souza
Renina Katz
Antonio Carlos Alves de
Carvalho
Amigos da Nave
Juliana Mammana
Carmen Silvia
Rosilene
Biblioteca da FAU/USP
CNPQ
Resumo
Abelardo Riedy de Souza, arquiteto formado pela E.N.B.A, no Rio de
Janeiro em 1932, pertence à geração que transformou os rumos da
moderna arquitetura brasileira.
Sua vinda à São Paulo na década de 1940, coincide com a acentuação
do crescimento da cidade e sua contribuição somada a de outros
pioneiros ajudou a provinciana capital paulistana a ingressar no
âmbito do modelo moderno e da metropolização.
Apresentar uma seleção de projetos, mais ou menos conhecidos,
inseridos nos eventos que marcaram cada período e o percurso do
arquiteto, de forma a constituir uma coleção representativa de sua
obra é o que se pretende no presente trabalho.
Abstract
Abelardo Riedy de Souza, architect graduated by E.N.B.A.,
at Rio
de Janeiro in 1932, was part of the generation that changed the
directions of the modern Brazilian architecture.
His arrival to São Paulo on 1940, matches with the city growth
emphasis and his contribution, added to the other pioneers, helped
the provincial capital of São Paulo to enter in the extent of the modern
and metropolitan model.
The present work objectives to present a selection of projects, more
or less known, inserted in the events that recorded each period and
the architects’s path, in order to stablish a representable collection
of his work.
Sumário
Sumário
11
Sumário
Introdução 17
1.
Rio de Janeiro – os anos de E.N.B.A. 25
A experiência da ENBA 26
Visita de FLW 32
Casa da Rua Toneleros 34
A visita de Le Corbusier 36
Salão Tropical 37
R
evista Base 40
Univ
ersidade do Distrito Federal 42
Edgar Vianna e Rafael Galvão 44
Os primeiros projetos 48
Ed. Cananéia - 1938
49
2. Vinda à São Paulo
A arquitetura paulista 53
Os primeiros anos em São Paulo 55
A verticalização em São Paulo 58
BHLB 59
Incorporações e o BNI 63
Edifício Nações Unidas
65
A maturidade do moderno 68
Revistas especializadas 70
As Bienais de Arquitetura 73
3. Grandes Estruturas
Elemento diferencial da arquitetur
a
moderna Brasileira: o concreto 81
Brasilia e Ronchamps 84
Plano de ação Carvalho Pinto 85
Hélio Duarte e o convênio escolar 87
LABELARDO DE SOUZA
12
Artigas, escola paulista e
brutalismo paulista 89
Projetos com Miranda Magnoli 91
O Mercado de Pirituba 93
4. Projetos residenciais
Fugindo dos Padrões 97
As primeiras casas e a linguagem carioca 98
O PCB e a crise de projetos 102
O Clubinho 105
5. Fichas:
5.1. Edifícios
1. Edifício Conceição 111
2. Edifíco Hecilda 114
3. Edifício Pedra Azul 117
4. Sede ABI em Salvador 120
5. Edifícios do Largo Ana Rosa 125
6. Dois edifícios em Santos 129
7. Plano Diretor para Conj.
Residencial de Perdizes: 131
Ed . Ministro Godói e Franco da Rocha 133
8. Ed. Nações Unidas 137
9. Ed. Três Marias 142
10.Ed. Bienal 147
11.Hotel e apartamentos em Goiás 150
12.Tropical palace SP 151
5.2. Projetos Institucionais
13. Cobertura de piscina –
Clube A
tlético Ourinhense 155
14. Estúdios Tupã Filmes 157
15. Igreja na Rod. Pres. Dutra 158
Sumário
13
16. Cruzeiro Futebol Clube 160
17. Mercado do Brás 162
18. Teatro Thalia 166
19. Escola em Pres. Venceslau 169
20. Capela em Pres. Venceslau 171
21. Estação Rodoviária Pres. Venceslau 173
22. Paço Municipal Prefeitura de Valinhos 176
23. Clube de Campo de Piracicaba 179
24. Aproveitamento Foz do Chopim 183
25. Mercado de Pirituba 184
5.3. Residências
26. Residência Oswaldo Young 189
27. Residência do Arquiteto 192
28. Casa de Campo 195
29. Residência Zoroastro Leme 197
30. Residência Waldomiro Delboni 199
31. Residência Aldo Bove/Carmen Arruda 201
32. Residência Chaim Goldenstein 204
33. Residência Francisco Mosetic 208
34. Residência Bernardo Blay 210
35. Residência José Ribeiro Sobrinho 211
36. Residência em São Paulo 215
37. Residência Mª Ricardina M. Gonçalves 218
38. Residência João de Scantimburgo 221
6. Conclusão 229
7. Bibliografia 237
8. Anexos 249
Introdução
Introdução
17
Introdução
O primeiro contato que tive com o trabalho de Abelardo de Souza foi
em 1992, quando estive no edifício Três Marias. As linhas precisas do Hall
com seu travertino romano forrando piso e paredes, as luminárias contínuas
com até 7 metros de comprimento num desenho decidido, o apartamento
com amplas janelas, estruturas recuadas, soluções de ventilação pelo uso
de venezianas fixas de madeira que compunham a fachada. A fachada em
cores e materiais numa transição equilibrada, os recuos e as sombras…
Tudo no espaço era agradável, a composição rica e ao mesmo tempo
serena. Foi tão grande a impressão que acabei vivendo por mais de 10
anos.
Pouco tempo depois conversando com o Prof. Paulo Bruna da
possibilidade de desenvolver uma pesquisa, comentei sobre a curiosidade
que o trabalho de Abelardo de Souza me despertara. O que ouvi a seguir foi
uma aula sobre como alguns nomes ficaram relegados a um segundo plano
e de como deveríamos rever alguns percursos na arquitetura brasileira
para procurar novos caminhos.
LABELARDO DE SOUZA
18
Visitei mais algumas obras, percebia a qualidade do discurso e estava
totalmente envolvida com o trabalho.
Mas os encontros emocionados continuaram. A professora Miranda,
aluna, amiga e sócia de Abelardo, falou da riqueza de seu trabalho e de sua
pessoa; a família de Abelardo me abriu seus arquivos.
O ex-aluno Antonio Carlos Alves de Carvalho empresta seu
depoimento:
“Preciso lhe relatar a ansiedade da turma no aguardo da aula. Ficávamos
no portão da Maranhão 88 aguardando Abelardo dobrar a esquina da Piauí
com Maranhão e nos dirigíamos então em grupo ao seu encontro 8 ou
10 jovens ansiosos de não perder um minuto da sua presença. Levavamos
10, 15 minutos depois de passar pelo “café da Célia” para chegar a sala,
parando no patamar sempre com notícias, com livros…”
Em 2001 o professor Lúcio Gomes Machado assumiu minha orientação
e já então como aluna da USP, iniciei oficialmente minha pesquisa.
Como reforço no interesse do estudo, veio de encontro a boa
disposição da família do arquiteto que gentilmente cedeu seu arquivo
particular e, a descoberta de um tesouro na biblioteca da FAU/USP: 300
projetos distribuídos em 600 tubos com toda obra de Abelardo de Souza,
provenientes de doação realizada em 1981 e inexplorados até então.
Era o próprio Abelardo conspirando a meu favor.
A necessidade da pesquisa passou então de um envolvimento
pessoal, a uma missão de preencher a lacuna existente a respeito de sua
obra.
Abelardo de Souza possui uma extensa obra, divulgada em diversas
publicações e eventualmente retomada ou citada em livros, textos sobre
arquitetura moderna brasileira, teses e dissertações, principalmente quando
se fala de edifícios da década de 50. Os edifícios de Souza para o período
Introdução
19
ilustram a reinterpretação do modo de vida brasileiro, associada a novos
procedimentos técnicos e ao modelo de urbanização proposto pelo urbanismo
moderno, do ponto de vista dos empreendimentos particulares.
Entretanto, como é citado na dissertação de Helio Herbst sobre as
primeiras bienais de arquitetura, Abelardo encontra-se entre os “nomes
quase sempres relegados a um segundo plano”.
Ao propor relacionar o legado de Souza, fornecendo um enfoque
geral sobre o conjunto da obra e uma visão analítica de alguns projetos, o
que se oferece é uma tentativa de fornecer subsídios para novos estudos
dentro da arquitetura brasileira com dados que ajudem a preencher lacunas
da historiografia conhecida.
Critérios e Seleção
Não existe nenhum estudo anterior sobre a obra deste arquiteto, o
único material exclusivo sobre seu trabalho resumia-se ao artigo de Geraldo
Ferraz, publicado em Habitat
1
e que serviu como orientador para algumas
escolhas da pesquisa. Foi também este artigo que somado aos relatos do
arquiteto em seu livro “Depoimentos”
2
, a entrevista concedida por Abelardo
a Lena Coelho Santos
3
, além de cartas e documentos obtidos que tornou
possível montar um painel biográfico sobre Abelardo de Souza.
Desta forma, a pesquisa possuia dois elementos a destrinchar: o
primeiro era inserir a obra de Abelardo dentro do contexto histórico e
de arquitetura no momento de sua ocorrência, buscando paradigmas e o
segundo selecionar um conjunto capaz de exemplificar seu percurso.
1
FERRAZ, Geraldo, Novos Valores
da Arquitetura Brasileira: Abelardo
Riedy de Souza,(1957) revista
Habitat, nº 39, pp.2-21
2
SOUZA, Abelardo Riedy de
(1978) Arquitetura no Brasil:
depoimentos. Diadorim/EDUSP,
São Paulo.
3
SANTOS, Lena Coelho (1985).
Arquitetura Paulista em torno
de 1930-40. Orientador Eduardo
Corona. Nível Mestrado. FAU/USP.
São Paulo.
LABELARDO DE SOUZA
20
Pesquisa Histórica
A pesquisa histórica procura localizar a obra de Abelardo de Souza
em confronto com o pensamento arquitetônico nacional dentro dos períodos
determinados. Trabalhando com fatos e fenômenos históricos a partir
dos processos de construção da realidade. Foram utilizados bibliografia
específica, entrevistas e pesquisa em periódicos.
Foram de extrema importância, no sentido de cobrir as falhas na
bibliografia disponível, os depoimentos de Miranda Magnoli e Renina Katz,
respectivamente sócia de Abelardo e sua assistente na FAU, ambas grandes
amigas dele.
O arquivo de recortes, gentilmente cedido pela família, reúne artigos
e críticas dispersos em diversos jornais e revistas, relacionados ao arquiteto
e sua obra. Memória de alguns dados por vezes não presentes nas revistas
especializadas, este arquivo, como foi organizado pelo próprio Abelardo,
representa um indício do percurso que ele gostaria de ver retratado.
Seleção de projetos
O recorte de projetos baseou-se nos critérios utillizados por Rosales
4
,
selecionando as obras que preenchessem os seguintes critérios:
Publicações em livros ou revistas especializadas
Citações, comentários ou análise em dissertações ou teses
Inovações técnicas
Inovações programáticas
Reflexão cultural ou estética
Premiações em exposições
Diversidade de abordagem sobre determinada tipologia
4
ROSALES, Mario Arturo Figueroa
(2002) Habitação coletiva em São
Paulo 1928>1972.
Orientador: Prof. Dr.Paulo J.V.
Bruna. Nível: Doutorado. FAU/USP,
São Paulo.
Introdução
21
A indisponibilidade de material - plantas no caso de projeto ou não
localização de obras – acabou se tornando ítem excludente.
Foi dada preferência para obras de autoria exclusiva de Abelardo de
Souza, desta forma os projetos com Zenon Lotufo e Hélio Duarte e com
a arquiteta Miranda Magnoli entraram na medida em apresentavam
relevância para compreensão de outras obras do arquiteto.
A obtenção de fichas de projetos foi resultante da sistematização
dos dados através de procedimentos de arquivamento, catalogação e
digitalização de todo material obtido e visa a análise da obra a partir de
parâmetros obtidos em torno das discussões da arquitetura moderna
brasileira.
Foi realizado levantamento do acervo e colhido material iconográfico
através de fotografia e scaner digital.
Os projetos publicados também foram levantados e digitalizados.
Os projetos à partir da década de 50 foram obtidos através do Índice de
Arquitetura Brasileira, os da década de 40 por pesquisa nas publicações.
O trabalho de coleta de material, mostrou-se imprescindível, uma
vez que grande parte dos projetos citados, em se tratando de obras de
caráter privado, encontra-se demolido ou descaracterizado em sua forma
original.
No levantamento do acervo de Abelardo de Souza na FAU e de
publicações foram registradas 302 obras; sendo que 60 projetos foram
publicados; 9 participaram de exposições e concursos; e 87 constavam no
currículo do arquiteto.
Foram montadas, para a pesquisa, 38 fichas individuais de projetos,
agrupados por categorias: edifícios, grandes estruturas e residências. Em
um anexo após a conclusão foi disposto o índice geral de projetos com as
informações disponíveis sobre datas e localização.
Rio de Janeiro - Os anos de E.N.B.A.
Rio de Janeiro - Os anos de E.N.B.A.
25
Abelardo Riedy de Souza nasceu no Rio de Janeiro em 15 de julho de
1908, filho de Absalão F. de Souza e Esther Riedy. Seu pai de ascendência
portuguesa e origem simples, trabalhava com Hipotecas para a Caixa
Econômica Federal e sua mãe era uma delicada mulher que vinha de uma
abastada família belga e Abelardo a perdeu prematuramente quando tinha
dezessete anos.
Passou a infância na Rua Marques de Abrantes 117 no bairro do
Flamengo, tendo realizado o curso primário no Lycée Français e completado
seus estudos na Escola José de Alencar e Colégio Pedro II.
Não se conhece em seu ambiente familiar nenhum fator que
determinasse seu estudo voltado para as artes. Resta a história relatada
pelo próprio Abelardo, que quando questionado sobre o que o levou a
estudar arquitetura, respondia que havia sido por acaso, pois seu desejo
era ingressar na aeronáutica e havia se preparado para a Escola Militar.
Porém, diante da objeção do pai que considerava perigosa tal atividade,
ele se viu forçado a se optar por outra profissão. Em depoimento colhido
por Lena Coelho Santos
1
em 1985, ele justifica através de um episódio
bizarro sua escolha pela arquitetura:
“Para começar, eu não queria ser Arquiteto. Eu, quando saí do Colégio
Pedro II, do ginásio (…) queria entrar para a Escola de Aviação, como
todo moleque tem mania de ser aviador, né? Então me preparei todo para
ser, para entrar para a Escola Militar, fazer Aviação. Meu pai não deixou,
porque subia um avião, caiam dois, subia um, caiam dois. Então eu disse:
o primeiro bonde, a primeira Escola que eu encontrar aberta, Superior,
eu entro. Por sorte minha, eu tomei um bonde em Botafogo. Em vez de
ir pelo Catete o bonde era um bonde do Leblon foi pelo Flamengo.
1
Depoimento de Abelardo de Souza
in SANTOS, Lena Coelho (1985)
Arquitetura Paulista em torno de
1930-40. Orientador : Eduardo
Corona.Nível: mestrado FAU/USP,
São Paulo.
Foto de família.
1916.
LABELARDO DE SOUZA
26
Então, se eu passasse pelo Catete, ia dar na Escola de Direito, o que seria
uma desgraça. Então eu cheguei na Escola de Belas Artes e perguntei: o
que se ensina aqui? E me disseram: “ensina pintura, escultura, gravura,
arquitetura”.
- Quantos anos são”
- “Seis anos”
-
bom! Então me matriculei. Sou Arquiteto por causa
do Bonde que passou pelo Flamengo!”
Em
um artigo para jornal de 1966
2
, ele ele havia contado o “caso”
do bonde, porém em sua declaração final ele afirmava: ”Arquitetura era
o meu destino mesmo” e voltando ao tom humorístico termina: Se eu
estivesse na aviação, provavelmente a estas horas estaria cassado”.
Era o ano de 1926, quando ingressou na Belas Artes e ocorriam
profundas transformações sociais econômicas e políticas em diversos
setores da sociedade brasileira. Se de início realmente não havia nenhuma
predisposição em Abelardo de Souza para Arquitetura, certamente ele não
passaria ileso pelos eventos que estavam por ocorrer no interior da Escola
Nacional de Belas Artes. Em 1930 dentro da ENBA ele encontrava-se no
olho do furacão na discussão sobre os rumos da arquitetura brasileira na
gênese do movimento moderno.
A experiência da E.N.B.A.
Na Escola Nacional de Belas Artes se fazia a formação das quatro
artes: pintura, arquitetura, escultura e gravura. Durante os três primeiros
anos as aulas eram em comum, o ensino de arquitetura se fazia à partir
do ano, como uma de suas especializações as outras eram gravura
2
Artigo obtido no acervo do
arquiteto, fonte não identificada
O menino Abelardo
Rio de Janeiro - Os anos de E.N.B.A.
27
e medalhística. Para arquitetura havia necessidade de matrícula e exame,
porque esta cadeira exigia conhecimentos teóricos.
Na introdução de Arquitetura no Brasil: Depoimentos, Abelardo de
Souza ressalta a importância desses primeiros anos: “Era um bom ambiente
para o estudo das artes. Criava o convívio direto entre os alunos e a arte,
convívio indispensável à sua cultura e formação artística, indispensável
para os arquitetos” e sobre o ensino em 1978 ele complementa “Este
convívio pouco existente hoje em dia nas nossas escolas de arquitetura,
está fazendo falta.”
3
Lauro Cavalcanti
4
quando comenta o ensino de arquitetura na Belas
Artes acredita que a ligação travada entre as artes e arquitetura era tão
estreita que poder-se-ia traçar um paralelo entre as transformações da
própria cidade com as pequenas revoluções rumo ao estilo moderno nas
artes plásticas, visto que Artistas e arquitetos frequentavam o mesmo
universo, tinham a mesma formação básica inicial e pensavam os dois
domínios de modo muito mais integrado que a historiografia estuda.”
A Escola Nacional de Belas artes foi instituida no governo republicano,
como continuidade da Real, depois Imperial Academia de Belas Artes,
criada pela missão Francesa de 1816.
Seus padrões academicistas sofrerão os primeiros abalos durante
os anos 20 pelos movimentos modernistas em São Paulo e no Rio de
Janeiro. De acordo com Bruand
5
, até 1930 a Capital Federal não contava
com adeptos da “arquitetura moderna” e no interior da Belas Artes, sob
a direção de José Mariano Filho, dominava o modismo do Neocolonial.
Será nos anos 30, que ocorrerão duas extraordinárias experiências, que
marcarão época na história da educação e da cultura no Brasil”
6
e Abelardo
de Souza estará presente em ambas. A primeira foi a reforma que Lúcio
Costa introduziu na Escola Nacional de Belas Artes, quando a dirigiu em
3
SOUZA, Abelardo Riedy de (1978)
Arquitetura no Brasil: depoimentos.
Diadorim/EDUSP, São Paulo.P.14
4
CAVALCANTI, Lauro
(2001)organizador. Quando o Brasil
era moderno: artes plásticas no Rio
de Janeiro 1905-1960. Rio de Janeiro,
Aeroplano. P.22
5
BRUAND, Yves (1981) Arquitetura
contemporânea no Brasil
Editora Perspectiva S.A., São Paulo.
3ª ed ição, 1997. p.71
6
FROTA, Lélia Coelho.Alcides da
Rocha Miranda caminho de um
arquiteto.Rio de Janeiro: Editora
UFRJ, 1993.232p; il
LABELARDO DE SOUZA
28
31. A segunda a criação da Universidade do Distrito Federal em 1935, sob
a orientação de Anísio Teixeira.
Quando Abelardo de Souza estava nos primeiros anos da ENBA,
havia um decompasso entre o que os alunos ansiavam aprender e seus
mestres insistiam em ensinar. Apesar de seguirem a orientação dentro
dos moldes tradicionais, os estudantes através de colegas mais informados
como Carlos Leão, Luiz Nunes e Affonso Reidy, familiarizavam-se com o
que estava sendo feito no exterior.
“Víamos, pelas poucas revistas de arquitetura que esses colegas
traziam,
que existia um franco-suíço chamado Charles Edouard Jeanneret,
mais conhecido por Le Corbusier, que abria os olhos do mundo, através
da sua arquitetura, para uma nova maneira de viver; que na Bauhaus se
ensinava a verdadeira arquitetura; que em São Paulo, por volta de 1925,
um jovem arquiteto russo, Gregori Warchavchik lançava um manifesto
“Acerca da Arquitetura Moderna”, que causou grande polêmica entre o
grupo
mais reacionário e a turma mais evoluída, componentes da Semana
de Arte de 22. Na Europa e nos Estados Unidos se falava em arquitetura
em termos de concreto armado ou estrutura metálica, enquanto nós ainda
pensávamos em paredes de tijolo ou de taipa.”
7
No ano de 1930 estourou a Revolução que levou Getúlio Vargas
ao poder. O novo governo, ainda que caracterizado pelo autoritarismo
e populismo iniciou um processo de modernização acarretando numa
industrialização e urbanização aceleradas induzidas pelo Estado. O
próprio Estado procurava se reestruturar para enfrentar os desafios da
transformação. Esta nova conjuntura terá forte impacto nas demandas
colocadas aos arquitetos.
Uma
das ações do novo governo foi a criação do Ministério da
Educação. Seu titular, o jurista Francisco Campos, escolhe como chefe de
7
SOUZA, Abelardo Riedy de (1978)
Arquitetura no Brasil: depoimentos.
Diadorim/EDUSP, São Paulo.
Abelardo entre os colegas da
E.N.B.A., no centro em baixo.
1929
Rio de Janeiro - Os anos de E.N.B.A.
29
gabinete Rodrigo Mello Franco de Andrade, “intelectual ativo e de espírito
aberto”
8
, que por indicação de Manuel Bandeira, propõe o nome de Lúcio
Costa para efetivar a renovação de ensino na Belas Artes. Em dezembro
de 1930 Costa, então com 29 anos, é nomeado diretor da Escola e chama
para o corpo docente um grupo escolhido de professores brasileiros e
estrangeiros.
Alexandre Buddeus, jovem arquiteto belga, com projetos na Europa
e Brasil e Gregori Warchavchik ficam com as cadeiras de arquitetura
Warchavchik , um arquiteto russo radicado em São Paulo foi pioneiro
da arquitetura moderna no Brasil e havia sido nomeado por Le Corbusier,
em sua passagem pelo Brasil em 1929, como representante do CIAM na
América do Sul. Costa o conhecera em São Paulo por intermédio de Mário
de Andrade.
Nas cadeiras de plástica, Celso Antonio, que estudara com Bourdelle
em Paris, fica com a de escultura e o alemão Leo Putz, que vinha de Neue
Sezessino de Munique, com a de Pintura.
Para as áreas técnicas: Emilio Baumgarten, “grande inovador do
processo do cálculo estrutural no Brasil”; Felipe dos Santos Reis, catedrático
da cadeira de Resistência dos Materiais, da Politécnica; Mello e Souza, para
cadeira de cálculo integral; Edson Passos, da Politécnica, para cadeira de
Materiais de Construção.
9
Affonso Eduardo Reidy, recém saído das salas da própria ENBA,
junta-se ao grupo como assistente de Gregori Warchavchik.
A nomeação de Costa não encontra de início oposição dos
tradicionalistas, visto que ele era adepto do “neocolonial”. Porém, logo após
seu ingresso no cargo, Lúcio deixa claras suas intenções: a introdução de
idéias racionalistas e funcionalistas e, através um conhecido processo de
renovação do ensino, instaura cursos com um claro espírito de modernidade
8
FROTA, Lélia Coelho.Alcides da Rocha
Miranda caminho de um arquiteto.Rio de
Janeiro: Editora UFRJ, 1993.232p; il
9
A lista de professores das áreas artísticas
foi obtida em FROTA, Lélia Coelho.
Alcides da Rocha Miranda caminho de
um arquiteto.Rio de Janeiro: Editora
UFRJ, 1993.232p; il. e os professores das
áreas técnicas foram obtidos em SOUSA,
Abelardo Riedy de (1978) Arquitetura no
Brasil: depoimentos. Diadorim/EDUSP, São
Paulo.
LABELARDO DE SOUZA
30
ao lado dos tradicionais de caráter academicista.
A reação acadêmica na ENBA não se fez esperar, José Mariano Filho
aproveita-se de uma brecha legal, resultante de uma das ações de Costa,
que foi a da integração da Escola de Belas Artes à Universidade e obtém
sua demissão automática, pois o estatuto universitário previa que o diretor
de uma faculdade devia ser um professor titular.
Costa deixa o cargo no dia 10 de setembro de 1931 juntamente
com Warchavchik. Reidy permaneceu como docente até 1933, na Cadeira
de Pequenas Composições. No mês seguinte, tem lugar o extraordinário
salão de 31, organizado por Costa, reunindo os principais representantes
da vanguarda artística do país, incluindo alguns jovens arquitetos.
A agitação e insatisfação dos alunos no interior da Escola acarretou
numa greve geral, liderada por Luís Nunes, que havia liderado a greve
pela remoção de José Mariano Filho da direção e pela mudança de ensino,
quando permaneceram sentados três meses à porta da Escola, noite e dia,
se revezando em três alunos para cada aula, o mínimo obrigatório para
que os professores fossem obrigados a comparecer em sala
10
.
Durante o período que dirigiu a escola, Costa cumpriu não o
objetivo de renovar seu ensino na Escola, como o de operar uma mudança
irreversível nas mentalidades”
11
. Através da imprensa o jovem arquiteto
recebe a solidariedade de Rodrigo de Mello Franco e de Manuel Bandeira.
Frota relata a posição de Bandeira, afirmando que Lúcio Costa deixava
um ponto luminoso na história daquela casa”
12
, reformando “em bases
decentes o ensino da arquitetura e dando o exemplo de uma verdadeira
exposição de artes plásticas”.
Para Abelardo de Souza as mudanças no programa de ensino durante o
período em que Costa e Warchavchik atuaram na ENBA foram fundamentais
não no ânimo dos alunos como na confiança que adquiriram para criar
10
SOUZA, Abelardo Riedy de (1978)
Arquitetura no Brasil: depoimentos.
Diadorim/EDUSP, São Paulo.
11
FROTA, Lélia Coelho.Alcides da Rocha
Miranda caminho de um arquiteto.Rio de
Janeiro: Editora UFRJ, 1993.232p; il.
12
Bandeira, Manuel. O Salão dos
tenentes. Diário Nacional, São Paulo,
5/9/31 in FROTA, Lélia Coelho.Alcides da
Rocha Miranda caminho de um arquiteto.
Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1993.232p;
il.
Rio de Janeiro - Os anos de E.N.B.A.
31
novos modelos com bases funcionalistas e racionalistas:
“Passamos de uma longa fase de cópias de modelos e fórmulas
arquitetônicas, para a criação.
O Vignola foi solenemente queimado e suas cinzas espalhadas pelas
praias do Rio.
(…)os novos professores lecionavam apenas nos três primeiros
anos, nós seus alunos, com grande entusiasmo, passamos a estudar temas
mais práticos como “casa mínima”, postos de gasolina, grupos escolares,
equipamentos de cozinhas e banheiros. Esses temas eram estudados em
todos os seus mínimos detalhes, observando seu funcionamento com muito
cuidado. E esta era uma coisa que até então nós desconhecíamos: a
função das coisas que éramos chamados a projetar.
Era
a função de cada cômodo; era a utilidade de uma cozinha,
observando seu funcionamento e disposição de seu equipamento; era
a interligação desses cômodos, mais os quartos e salas, que davam a
funcionalidade da planta. Tínhamos uma planta livre, sem os cânones e a
simetria até então obrigatórios.
Podíamos criar uma fachada, uma cobertura e uma estrutura.”
13
Diz Alcides da Rocha Miranda, contemporâneo de Abelardo de
Souza, em depoimento a Cristina Burlamaqui
14
que estava desanimado
com o ecletismo vigente na ENBA, quando Lúcio Costa foi nomeado diretor.
Sobre o curso de Warchavchik:
“As aulas dele eram de crítica. Imediatamente ele nos fez abandonar
o
ecletismo. Dava temas e depois fazia críticas de como nós tínhamos
interpretado o tema; essas críticas/desenhos eram muito boas.”
Bruand credita os primeiros passos em direção à uma arquitetura
moderna brasileira a uma influência decisiva de Le Corbusier a partir de
1936, mas também não ignora o exemplo dado por Warchavchik:
13
SOUZA, Abelardo Riedy de (1978)
Arquitetura no Brasil: depoimentos.
Diadorim/EDUSP, São Paulo. P.27
14
entrevista em 23/8/1984Vieira, Lucia
Gouveia. Salão de 1931. Rio de Janeiro:
MEC/Secretaria de Cultura/Funarte,
1984 p.71-73 in FROTA, Lélia Coelho.
Alcides da Rocha Miranda caminho de
um arquiteto.Rio de Janeiro: Editora
UFRJ, 1993.232p; il.
LABELARDO DE SOUZA
32
“Com efeito é provável que o talento dos arquitetos cariocas tivesse
de qualquer forma se manifestado e que mais cedo ou mais tarde, a
influência de Le Corbusier assumisse papel decisivo, mas o exemplo dado
por Warchavchik não pode ser ignorado. (…) permanece o fato de que
ele guiou os primeiros passos dos pioneiros cariocas, que por um breve
instante, foram seus discípulos ou seus associados.”
15
Neste ambiente de inovação e discussão se forma uma das primeiras
gerações de arquitetos modernos como: Oscar Niemeyer, Carlos Leão,
Luis Nunes, Jorge Moreira , Alcides da Rocha Miranda, Abelardo de Souza
e tantos outros que, abrindo caminho, iriam dar um grande impulso à
arquitetura que nascia.
Visita de F.L.W.
No meio do confronto entre tradicionalistas e modernos é que chega
ao país o arquiteto americano Frank Loyd Wright.
Ele viera ao Rio convidado a fazer parte de um júri em um concurso
para um Farol em honra a Cristóvão Colombo, a ser construído em São
Domingos na República Dominicana
O concurso teve sua primeira etapa realizada em Madri, em
1929, onde haviam sido pré classificados dez trabalhos escolhidos entre
quatrocentos e cinquenta e cinco projetos participantes.
Além de Wright Integram o júri Albert Kelsey (delegado da União
Pan-Americana), Horacio Acosta y Lara (representante da América Latina),
Wright (América do Norte) e Eliel Saarinen (Europa). Também os brasileiros
Nestor E. Figueiredo (presidente do Instituto Central de Arquitetos), Adolfo
15
BRUAND, Yves (1981) Arquitetura
contemporânea no Brasil
Editora Perspectiva S.A., São Paulo.
3ª edição, 1997. p.74
Projeto de Flávio de Carvalho para o
concurso do Farol de Colombo
Rio de Janeiro - Os anos de E.N.B.A.
33
Morales de Los Rios, José Cortez, Cypriano Lopes, Edgard Vianna, Leonidas
Vargas Dantas e Archimedes Memória, diretor da ENBA que substitui Lucio
Costa e avesso aos “modernos”.
16
O vencedor do concurso é um projeto da Inglaterra de J.L.
Gleave.
Entre os finalistas não projetos brasileiros. Flavio de Carvalho
que havia enviado uma ousada proposta não ultrapassa a primeira etapa
do concurso.
Wright é procurado pelos alunos da ENBA e se posiciona em favor dos
jovens arquitetos brasileiros. Saarinen o aconselhara ser mais precavido,
mas Wright se entusiasmou e foi em frente, falando aos estudantes
numa série conferências na ENBA em greve, tendo Herbert Moses como
tradutor.
No dia 13 de outubro, a convite do Diretório Acadêmico, Wright fala
aos estudantes sobre os novos rumos da arquitetura moderna.
”O espírito que produziu as melhores formas é o mesmo que produz
as
formas de hoje; somente as formas de vida mudam, porque as condições
de vida mudam (…).Nós não podemos repetir sempre as formas antigas,
por qualquer processo que seja. Assim sendo, o resultado é a rebelião”
17
No dia 21 de outubro, Wright faz outra conferência nos salões da
ENBA, novamente apoiando a greve e retomando o ataque aos estilo
tradicionais. Ressalta que a arquitetura deve refletir o povo e o clima:
“No Brasil, onde o povo é sentimental, as edificações devem ter muita
sombra,
grandes aberturas e amplos espaços internos(…)A fachada, no
clima do Rio, deve possuir três dimensões, dominando em sua composição
a linha horizontal”
Ao finalizar sua segunda conferência:
16
IRIGOYEN, Adriana (2002), Wright
e Artigas duas viagens
Ateliê editorial, São Paulo.
17
O Correio da Manhã (1931), 14
de outubro,In IRIGOYEN, Adriana
(2002), Wright e Artigas duas
viagens
Ateliê editorial, São Paulo. P.28
F.L.W. entre os alunos da E.N.B.A.
LABELARDO DE SOUZA
34
”Não devemos transplantar uma arquitetura estranha e, sim, criar
uma arquitetura orgânica do solo para a luz. Isso é arquitetura moderna
18
O arquiteto americano se encontrava com os moços, falava a seu
favor nos jornais e em todas as recepções que comparecia. Chegou mesmo
e escrever artigos no Correio da Manhã e em O Globo
19
criticando o ensino
acadêmico das chamadas Belas Artes, vigente não no Brasil, mas no
mundo todo.
Segundo FROTA, Alcides da Rocha Miranda afirma em 93 que
”acredita que a influência de Wright sobre os arquitetos brasileiros não
tenha sido maior, na ocasião por uma questão de dialética: “as pessoas
querem a negação absoluta do que havia antes”. Assim , as propostas de
Le Corbusier, mais racionais por contraponto à organicidade de Wright, se
transformariam nas idéias-força que viriam a dinamizar a contribuição que
os brasileiros dariam dentro em breve à arquitetura internacional.”
20
A última conferência de Wright acontece dois dias antes de sua
partida , no Hotel Palace, sede da Associação de Artistas Brasileiros. Talvez
tenha sido este o cerne do I Salão de Arquitetura Tropical, organizado pela
Associação em 1933, “talvez uma das contribuições mais subestimadas do
processo de gestação da arquitetura moderna brasileira”
21
Casa da Rua Toneleros
Warchavchik em 1928 constrói a primeira casa modernista em São
Paulo e que será visitada no ano seguinte por Le Corbusier, em sua primeira
vinda ao Brasil. Sua casa modernista no Rio, na Rua Toneleros, em 1931
18
Correio da Manhã (1931), 22
out. In IRIGOYEN, Adriana (2002),
Wright e Artigas duas viagens
Ateliê editorial, São Paulo. P.30.
19
“Visionando a arte de amanhã”, O
Globo (1931), 17 out., p.1.
20
FROTA, Lélia Coelho.Alcides da
Rocha Miranda caminho de um
arquiteto.Rio de Janeiro: Editora
UFRJ, 1993.232p; il. P.16
21
IRIGOYEN, Adriana (2002), Wright
e Artigas duas viagens.
Ateliê editorial, São Paulo. P.30.
L. Costa, Warchavchik e F.L.W. na
casa da Rua Toneleros.
Rio de Janeiro - Os anos de E.N.B.A.
35
receberá Frank Loyd Wright. O intérprete entre os dois arquitetos o
russo e o americano- é Alcides da Rocha Miranda.
De acordo com Geraldo Ferraz, em seu livro Warchavchik e a
Introdução da Nova Arquitetura no Brasil: 1925 a 1940, a inauguração
da casa de Warchavchik abrigou durante duas semanas estudantes e
professores que se reuniam na Rua Toneleros, debatendo assuntos da
nova arquitetura, com a presença de Frank Loyd Wright. Diversos autores
22
incluindo o próprio testemunho de Warchavchik no livro de Abelardo de
Souza
23
citam tais encontros, criando uma atmosfera romanceada no
surgimento de nossa arquitetura moderna. Irigoyen contesta a probabilidade
de tais eventos ao confrontar as datas: a exposição é inaugurada dia 22
de outubro e Wright retorna aos Estados Unidos dia 24, tendo um almoço
em sua honra no Instituto dos Arquitetos dia 23, portanto, poderia ter
visitado a casa no dia de sua inauguração.
Os encontros podem não ter acontecido, mas o diálogo entre
Wright e Warchavchik se produzirá nas lições deixadas aos estudantes:
Warchavchik introduz o pensamento funcionalista, moldado ainda dentro
padrões e modelos europeus e Wright, alerta para atenção a ser dada
aos fatores naturais dentro da arquitetura. Para os alunos acostumados
a copiar os modelos importados, poder caminhar dirigindo seus próprios
pensamentos era algo antes imponderável.
Se não registros uma convivência mais estreita entre Abelardo
de Souza e Warchavchik durante a estada deste no Rio, ela ocorrerá com
certeza em 1949, quando em São Paulo Abelardo, juntamente com Hélio
Queiroz Duarte, Zenon Lotufo e H. Verona Cristófani irá colaborar no
projeto da sede do Clube Atlético Paulistano
24
.
Este clima fértil de renovação, oposição, estudo, luta, informação,
irá constituir uma nova mentalidade no meio carioca. Porém, faltava ainda
22
Paula Santos, Frota
23
SOUZA, Abelardo Riedy de (1978)
Arquitetura no Brasil: depoimentos.
Diadorim/EDUSP, São Paulo.
24
Acrópole 130, p.299-302. 1949.
LABELARDO DE SOUZA
36
o modelo, o paradigma.
Será a presença de Le Corbusier no Brasil, em 1929 e depois em 36,
que norteará de maneira definitiva a evolução de quase toda a arquitetura
moderna no país.
A visita de Le Corbusier
Em 1929, Le Corbusier vem de passagem ao Brasil, retornando de
uma visita a Buenos Aires. Suas palestras em São Paulo e Rio de Janeiro,
encontram uma audiência atenta, que na insatisfação com o ecletismo
reinante, passará a acompanhar seu trabalho e suas idéias.
Nas palavras de Paulo Santos
25
as conferências de Le Corbusier
“tiveram efeito equivalente ao de uma introdução à arquitetura de era
industrial”, formando “de 1931 a 1935 um reduto purista de jovens
arquitetos”.
Lúcio Costa presenciou uma palestra do arquiteto franco-suíço nos
salões da ENBA. As influência das idéias de Le Corbusier não se fez sentir
imediatamente mas o levariam a enxergar “possibilidades de expressão
e de renovação arquitetônicas até então insuspeitadas”
26
e, certamente,
esta foi a semente que levou a mudança de ensino que Costa propôs em
31, desligando-se do movimento neocolonial.
Quando Corbusier volta ao Rio em 36 para apreciar e orientar o
partido feito para o Ministério- as idéias modernas já haviam cristalizado,
mas o contato direto com o mestre franco-suíço durante o exercício de
projeto do Ministério acaba de colher os frutos que havia plantado.
25
Santos, Paulo. Quatro séculos de
Arquitetura. Rio de Janeiro: IAB, 1981,
p.105 in FROTA, Lélia Coelho.Alcides
da Rocha Miranda caminho de um
arquiteto.Rio de Janeiro: Editora UFRJ,
1993.232p; il) p.14-18)
26
BRUAND, Yves (1981) Arquitetura
contemporânea no Brasil
Editora Perspectiva S.A., São Paulo. 3ª
edição, 1997. p.72
Clube Atlético Paulistano, Projeto de
Warchavchik. Acrópole 130, 1949.
Rio de Janeiro - Os anos de E.N.B.A.
37
Salão Tropical
Em 1933, é realizado o I Salão de Arquitetura Tropical, organizado no
Palace Hotel do Rio por Alcides da Rocha Miranda, João Lourenço da Silva
e Ademar Portugal. A visita de Wright é lembrada em uma homenagem a
ele prestada nomeando-o como presidente de honra.
A exposição conta com um catálogo que abre com texto de
Alcides da Rocha Miranda: ”Este Salão de Arquitetura Tropical”, afirma ele,
“marca o início do movimento que a seção de arquitetura da Associação de
Artistas Brasileiros vai desenvolver pela racionalização da arte de construir
em nosso país”.
27
Segundo Celso Kelly, então presidente da Associação, a lista
completa dos participantes inclui: Abelardo de Souza, Ademar Marinho,
Ademar Portugal, Affonso Reidy, Alexandre Altberg, Alcides da Rocha
Miranda, Anibal de Mello Pinto, Anton Floderer, Ary Paes Leme, A. S.
Buddeus, Benedito de Barros, Daniel Valentim Garcia, Emílio Baumgart,
Fernando Valentim, George Bandeira de Mello, Gerson Pinheiro, Gregori
Warchavchik, Jacy Rosa, João Lourenço da Silva, José Afonso Soares,
José Teodulo da Silva, Jorge Mesiano, Jorge Moreira, Lauro Lessa, Lucio
Costa, Luis Nunes, Marcelo Roberto, Nelson Tinoco, Nestor de Figueiredo,
Raul Penafirme, Robert Prentice, Ruy Costa, Tomas de Souza e Vicente
Batista
28
.
Geraldo Ferraz, em Novos Valores na Arquitetura Moderna Brasileira:
Abelardo de Souza, eleva a participação de Abelardo de Souza a de
organizador “sob orientação de Warchavchik e em companhia de Oscar
Niemeyer e outros.”
29
No catálogo, de acordo com Frota, constam : Reproduções de obras
27
Catálogo. Salão de Arquitetura
Tropical. Associação de Artistas
Brasileiros, Rio de Janeiro, abril de 1933
in FROTA, Lélia Coelho.Alcides da Rocha
Miranda caminho de um arquiteto.Rio
de Janeiro: Editora UFRJ, 1993.232p; il.
P.22
28
IRIGOYEN, Adriana (2002), Wright e
Artigas duas viagens
Ateliê editorial, São Paulo. P.63.
29
FERRAZ, Geraldo, Novos Valores da
Arquitetura Brasileira: Abelardo Riedy
de Souza,(1957) revista Habitat, nº 39,
pp.2-21
LABELARDO DE SOUZA
38
de Lúcio Costa e Warchavchik, Emílio Baumgart, Affonso Eduardo Reidy e
Gerson Pinheiro, Anton Flodderer e Alexandre Buddeus, Marcelo Roberto,
Alexandre Altberg, Luis Nunes, Vicente Batista, Ademar Portugal, do próprio
Alcides e João Lourenço da Silva. também uma tradução de um texto
de Walter Gropius acompanhado por uma foto da Bauhaus Dessau, com a
seguinte legenda: “fechada pela situação política”, no próprio ano em que
a Bauhaus fora obrigada a fechar suas portas sob pressão do nazismo.
30
O catálogo inclui uma transcrição das recomendações dos CIAMS
Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna que se reuniram
pela primeira vez no Castelo de La Sarraz, Suíça, com a presença de
24 importantes arquitetos, incluindo Le Corbusier. Os CIAMs objetivam
coordenar esforços em todo mundo e divulgar a arquitetura moderna. Seus
esforços eram voltados para ações que iam desde o ensino arquitetônico
até “conduta Legislativa que impedia o desenvolvimento das construções
no sentido racional e moderno”. Os braços executivos dos CIAMs,
Comitês internacionais para Racionalização dos Problemas de Arquitetura
Contemporânea CIRPACs ficavam encarregados de educação da opinião
pública; relações entre arquitetura , Estado, estandartização.
Irigoyen destaca que o salão é um claro exemplo do espírito
antropofágico da modernidade brasileira, já propalado por Osvald de
Andrade. Wright, Gropius, os CIAMs juntos, numa ávida demonstração de
nossa necessidade de assimilar e incorporar todas as tendências.
31
Mas, como ressalta Frota, o grande mérito do Salão, foi o de agregar
pela primeira vez nomes e obras da geração formada por Lúcio Costa e
Warchavchik, os mestres ali se encontravam homenageados juntamente
com Frank Loyd Wright que dois anos antes apoiara a greve promovida
pelos alunos da ENBA, quando do afastamento de Lúcio Costa da direção
da entidade.
30
FROTA, Lélia Coelho.Alcides da
Rocha Miranda caminho de um
arquiteto.Rio de Janeiro: Editora UFRJ,
1993.232p; il. P.23.
31
IRIGOYEN, Adriana (2002), Wright
e Artigas duas viagens
Ateliê editorial, São Paulo. P.63.
Rio de Janeiro - Os anos de E.N.B.A.
39
A adjetivação da arquitetura como Tropical era, de acordo com
Irigoyen, uma forma de identificar a produção local, sendo o clima o
elemento que diferenciaria a produção brasileira da arquitetura moderna
internacional. O autor estabelece uma relação com o ideário que Wright
pregou em sua passagem pelo Rio nas referências à “arquitetura viva” e
destacando a importância do clima como fator determinante.
32
Frota cita depoimento Alcides da Rocha Miranda comentando como
veio a ser útil para ele a preocupação de Wright com o clima na arquitetura.
E acrescenta:”O Wright fazia um arquitetura para sombra. Ele tinha muita
preocupação com a sombra que chamava de quarta dimensão. Foi a
primeira pessoa que eu vi se interessar pela natureza.”
33
Para Alcides o “tropical representou ali mais uma representação
da nova arquitetura racional, utilizando recursos adequados ao clima e
vegetação: pelo uso de grandes panos de vidro integrando a paisagem,
brises que quando móveis ventilavam, e terraços-jardim nos edifícios,
”coerentes com o ideário de Le Corbusier”.
34
Sobre o salão, Geraldo Ferraz afirma: ”rumo das pesquisas que não
deveria jamais ter sido abandonado, foi uma experiência verdadeiramente
extraordinária para a época, e que teve um sucesso destacado”
O tema do Salão Tropical será retomado em 1961, durante o II
Congresso Nacional de Críticos de Arte quando Celso Kelly apresenta na
comissão sobre “a arquitetura moderna no Brasil e seus traços autóctones”,
um trabalho intitulado Uma contribuição histórica: o Salão de Arquitetura
Tropical.
Nos anais do congresso está a transcrição da sessão plenária reunida
com o fim de revisitar a arquitetura tropical. Diz o expositor:
O salão de arquitetura Tropical influiu(…) no equacionamento de
relações entre o projeto e o meio, especialmente na natureza e o clima,
32
IRIGOYEN, Adriana (2002), Wright e
Artigas duas viagens
Ateliê editorial, São Paulo. P.65.
33
FROTA, Lélia Coelho.Alcides da Rocha
Miranda caminho de um arquiteto.Rio
de Janeiro: Editora UFRJ, 1993.232p; il.
P.16.
34
FROTA, Lélia Coelho.Alcides da Rocha
Miranda caminho de um arquiteto.Rio de
Janeiro: Editora UFRJ, 1993.232p; il. P.22
Capa do catálogo do Salão
de Arquitetura Tropical.
LABELARDO DE SOUZA
40
acentuando o caráter tropical nas soluções brasileiras. A prova do alegado
está no pouco, ou quase nada, que nesse sentido se fizera anteriormente
a 1933, e no número elevado de ensaios e realizações, logo após aquela
data. Algumas dessas soluções se tornariam, com o tempo, traços próprios
da moderna arquitetura brasileira.”
35
Os integrantes da mesa, especialmente Artigas reagem à exposição,
que acaba se tornando um embate entre arquitetura carioca e paulista.
No encerramento das discussões Flexa Ribeiro falando sobre a
apresentação de Celso Kelly, confirma que o Salão “constitui apenas um
episódio de implantação no país de uma nova arquitetura”. A maior ou
menor importância outorgada a cada um deles não é outra coisa senão
uma questão de ponto de vista.
36
Revista Base
1933 também é o ano em que são lançados no Rio de Janeiro, dois
números da revista Base.
Como no catálogo do Salão de Arquitetura Tropical, assuntos
diversos e tendências apontam as preocupações estéticas e políticas dos
modernistas da época”.
37
O primeiro número de Base traz ampla informação sobre exposições:
Guignard organizando o salão da Pro Arte e Portinari na Associação dos
Artistas Brasileiros.
Notícias de São Paulo testemunham a proximidade com os
modernistas do Rio: Kathe Kollwitz expondo no CAM (Clube dos Artistas
Modernos). Uma homenagem a Lasar Segall, como precursor da pintura
35
IRIGOYEN p.66 –ver a opinião de
Artigas
36
IRIGOYEN p.67
37
FROTA, Lélia Coelho.Alcides da
Rocha Miranda caminho de um
arquiteto.Rio de Janeiro: Editora UFRJ,
1993.232p. P.25
Rio de Janeiro - Os anos de E.N.B.A.
41
moderna.
As vilas para operários projetadas por Warchavchik e Lúcio Costa
são mostradas em planta baixa e fachada de frente.
mais notícias sobre os CIAMS continuando as que haviam
sido veiculadas no I Salão de Arquitetura Tropical
38
. Base anuncia
o congresso de 33, cujo tema será o estudo das funções da cidade. O
congresso se realizaria a bordo no navio Patris, O congresso a bordo do
Pátris, em excursão turística, em viagem de Marselha a Atenas e volta, e
dele resultará na Carta de Atenas e os cinco pontos de Le Corbusier para a
arquitetura nova da casa que irão adquirir valor de mandamento. São eles
pilotis, planta livre, fachada livre, terraço-jardim e janela rasgada.
O segundo número sai em setembro de 1933
39
Aponta para a melhoria das artes gráficas, notícias de urbanismo
com o anteprojeto de Nestor de Figueiredo para a cidade de João Pessoa
na Paraíba.
Artes plásticas falam de Di Cavalcanti , Quirino da Silva critica o
Salão oficial. Uma resenha sobre Menino de Engenho de José Lins do Rego
e Cacau de Jorge Amado. mais notícias sobre as atividades do CAM em
São Paulo.
Alcides da Rocha Miranda critica a vinda do urbanista francês Alfred
Ganache para projetar um bairro particular em São Paulo.
Um artigo do primeiro número de Base, redigido por Mario de
Andrade indícios da proposta conceitual da revista: a arte penetrar
a vida, procurar a “integridade do ser”, localizando o homem em seu
tempo pelo contato com a arte, ciência, política e economia no Brasil e no
Mundo.
Base queria que atingir as mais diversas camadas da sociedade. Com
apenas dois números, dificilmente atingiu seu objetivo, mas certamente
38
Depois de sua fundação em 28, já
tendo organizado grupos nacionais na
Europa, na América e na Ásia, os CIAMs
reunidos em Bruxelas, 1929, discutiram a
questão do “lar para existência mínima”;
em Bruxelas, 1930, a divisão mais
favorável do terreno para construções;
em 31, em Berlim, fixaram-se as normas
para o congresso a realizar-se no ano de
1933
39
FROTA, Lélia Coelho.Alcides da Rocha
Miranda caminho de um arquiteto.Rio
de Janeiro: Editora UFRJ, 1993.232p; il.
P.25-28
Capa do 1º número da revista Base
LABELARDO DE SOUZA
42
circulou entre os meios mais informados e por seu conteúdo tomamos
conhecimento das idéias que circulavam e da existência de um intercâmbio
cultural entre Rio e São Paulo.
A Universidade do Distrito Federal
Abelardo de Souza, termina o curso de arquitetura em 1932 e,
depois continuará seus estudos no curso de Urbanismo da Universidade
do Distrito Federal. Segundo Geraldo Ferraz, Abelardo termina os estudos
na Universidade do Distrito Federal em 1935 quando a instituição é extinta
pelo governo Federal.
uma contradição nestas datas pois a Universidade do Distrito
Federal foi criada em 1935. Abelardo de Souza teria então ingressado na
UDF em 1935 e terminado seus estudos dois anos depois em 1937.
A Universidade surgiu por iniciativa do educador Anísio Teixeira,
então Secretário da Educação e Cultura do Distrito, um ano após a criação
da USP em São Paulo. Foi Pedro Ernesto Do Rego Batista, interventor
do Distrito Federal em 1931 quem convidou Teixeira, que representava
a corrente meis democrática da Escola Nova, para a Diretoria Geral da
Instrução no Rio de Janeiro. Anísio foi também o principal introdutor da
obra de John Dewey no Brasil, preconizando uma “educação integral”,
ou seja além do ensino de conhecimentos básicos a educação como um
processo de preparação para o exercício da cidadania.
Gustavo Capanema, do Ministério da Educação e Cultura, não apoiava
a criação da Universidade proposta por Anísio, afirmando que as suas idéias
contrariavam os padrões estabelecidos pela Reforma Francisco Campos.
Rio de Janeiro - Os anos de E.N.B.A.
43
40
Lista completa do corpo docente
em VICENZI, Letícia Josephina Braga
de. A fundação da Universidade do
Distrito Federal e seu signifi
cado para a
educação no Brasil. Forum Educacional.
Rio de Janeiro, v10, n.3. 1986. p.21
41
FROTA, Lélia Coelho.Alcides da Rocha
Miranda caminho de um arquiteto.Rio
de Janeiro: Editora UFRJ, 1993.232p; il.
P.18-19
Mesmo assim, Pedro Ernesto, eleito prefeito do Distrito com larga margem
de votos, recebeu o apoio de Getúlio Vargas que passando por cima do
Ministro da Educação autorizou o decreto de criação da Universidade do
Distrito Federal.
De início fixaram-se na instauração dos cursos de preparação para
professores primários e secundários, pois Teixeira considerava a formação
de professores como um dos pilares da melhoria de ensino. Logo foram
criadas as outras unidades e Anísio Teixeira conseguiu reunir em seu
corpo docente o que havia de melhor para cada especialidade, “chamando
autênticas notoriedades de todo o Brasil, e a todos arrebatando com seu
ardente entusiasmo”
.40
Entre as unidades escolares e de pesquisa havia o Instituto de Arte,
que contava entre outros com: Mário de Andrade, que deu um curso de
filosofia e história da arte; Villa Lobos; Gilberto Freyre; Andrade Muricy;
Lúcio Costa; Carlos Leão; Lorenzo Fernandez; Celso Antonio; Guignard;
Portinari. Segundo Frota, No instituto coexistiam todas as artes, visando
uma criação unitária, abrangendo a arquitetura, o urbanismo, a escultura,
a música. Havia uma unidade de ensino voltada para as artes industriais,
em particular as gráficas e de indumentária. Música e arquitetura eram
lecionadas em nível de pós-graduação
41
.
Em novembro de 35, houve um período de conspiração que culminou
com a “Intentona Comunista”. O fantasma do comunismo levou a medidas
autoritárias por parte do governo, preparando os caminhos para o golpe do
Estado Novo, até a decretação do Estado de Sítio. Anísio Teixeira, que era
considerado comunista pelo clero, foi obrigado a refugiar-se no sertão da
Bahia. Na UDF iniciou-se censura aos meios de comunicação. Professores
simplesmente desapareciam, presos, obrigados a fugir ou simplemente
abandonavam o cargo descrentes na continuidade daquela instituição.
LABELARDO DE SOUZA
44
Segundo Vicenzi ”a UDF simbolizava o populismo de Pedro Ernesto e
o liberalismo democrático de AnísioTeixeira. Para os defensores da ditadura,
tudo aquilo foi encarado como um erro a ser eliminado.”
42
Desta forma, o
governo Federal fechou a instituição em dezembro de 1938, substituindo-a
pela nova Faculdade Nacional de Filosofia, que seria o padrão consentido e
modelo oficial para as outras instituições similares.
Foi no curso de Urbanismo que Abelardo de Souza encontrou-se
mais uma vez sob a influência do pensamento de Lúcio Costa e outros
mestre modernos.
Edgard Vianna e Rafael Galvão
Como vimos, os eventos que ajudaram a formar o pensamento
moderno dentro da arquitetura no Rio de Janeiro _ na conhecida escola
carioca _ cercaram a formação de Abelardo de Souza e o marcaram de tal
maneira que, durante toda sua carreira, o arquiteto prestará declarações e
escreverá sobre este período na forma de personagem/espectador, como
na introdução de seu Arquitetura no Brasil – Depoimentos.
Em sua fase de formação no Rio de Janeiro ainda deve-se mencionar
seu convívio com os arquitetos Edgar Vianna e Rafael Galvão, com quem
trabalhou.
Geraldo Ferraz em seu artigo “Novos valores da arquitetura moderna
Brasileira: Abelardo de Souza” comenta que Abelardo de Souza trabalhou
no escritório destes arquitetos, sem porém citar datas. Como logo após
formado ele passou a trabalhar na prefeitura do Distrito Federal e no Banco
Hipotecário Lar Brasileiro até sua vinda à São Paulo, fica a hipótese de que
Rio de Janeiro - Os anos de E.N.B.A.
45
este fato tenha ocorrido nos anos da ENBA ou pouco antes de vir a São
Paulo.
Raphael Galvão era juntamente com –Lúcio Costa, Attílio Correa
Lima, Paulo Antunes Ribeiro parte do grupo que abandonou o chamado
movimento neocolonial, tornando-se partidário da nova arquitetura.
Desde a implantação da República, em 1889, havia se iniciado uma
busca por valores que trouxessem uma “identidade nacional”:
uma forte corrente intelectual nacionalista que buscava, desde o
final do século XIX, uma expressão própria para a cultura brasileira”
43
Na arquitetura, esse pensamento gera duas linhas de
desenvolvimento: o movimento neocolonial, lançado pelo português
Ricardo Severo, que em 1914 profere na Sociedade de Cultura Artística uma
conferência “A Arte Tradicional do Brasil”, valorizando a arte tradicional
“como manifestação de nacionalidade e como elemento de constituição
de um arte brasileira”
44
, e o estilo Marajoara, de inspiração indigenista,
do qual Edgar Vianna
45
foi criador e que, identificando-se com a temática
decorativa Art Déco, irá tornar-se uma variante deste.
Mas o maior divulgador e inclusive responsável pela denominação
“neocolonial” foi o médico e historiador da arte José Mariano Filho.
Em 1922, no mesmo ano em que ocorre a Semana de Arte Moderna
em São Paulo, Mariano organiza a Exposição Internacional do Centenário
da Independência, onde os pavilhões brasileiros apresentavam-se, em sua
maioria no estilo “neocolonial”. Raphael Galvão e M. Brasil executam a
grande porta monumental da entrada norte, “tratada com uma sobriedade
que acentuava os elementos tomados de empréstimo à arquitetura
tradicional.”
46
O neocolonial foi o padrão obrigatório para exposições
42
VICENZI, Letícia Josephina Braga
de. A fundação da Universidade do
Distrito Federal e seu significado para a
educação no Brasil. Forum Educacional.
Rio de Janeiro, v10, n.3. 1986. p.29
43
CONDE, Luiz Paulo Fernandes/
ALMADA, Mauro in Guia da arquitetura
Art-déco no Rio de Janeiro
Editora Casa da Palavra/ Secretaria
Municipal de Urbanismo/ Centro de
Arquitetura e Urbanismo do Rio de
Janeiro/ Prefeitura da Cidade do Rio de
Janeiro. 2000.164 p.il.
44
SEGAWA p.35
45
Apesar de voltado para busca de
elementos autóctones dentro da
Arquitetura Brasileira, Edgar Vianna é
também apontado como o responsável
pela moda das casas “missão
espanhola”, trazida dos Estados Unidos.
Ver BRUAND,p.
46
BRUAND p.56
LABELARDO DE SOUZA
46
internacionais até a Feira Internacional de Nova–York, em 1930-40, quando
por determinação às nações estrangeiras que apresentassem projetos em
estilo Moderno foi executado o projeto de Costa e Niemeyer.
Em 1926, o Ministério da Agricultura institui um concurso para o
anteprojeto do pavilhão do Brasil na Exposição de Filadélfia e uma das
condições do programa era a adoção do estilo neocolonial. São apresentados
seis projetos, sendo o de Lúcio Costa vencedor. Raphael Galvão e Edgar
Vianna concorrem com projeto que segundo Bruand possui “equilíbrio
Edifício Solano. 1934.
Rio de Janeiro - Os anos de E.N.B.A.
47
monumental necessário, mas às custas das soluções funcionais”.
47
Ao aderir ao pensamento Corbusiano, Raphael Galvão realizará
algumas obras de caráter funcionalista numa linha purista ainda com
características Art -Déco, como é o caso do edifício Solano em Copacabana
(1930) e cine Roxy (1934)
Em agosto de 1933 vence o concurso para construção do cine
Ipanema
48
, mas sua obra mais conhecida será o Estádio Mário Filho
Maracanã- (1949-50) em conjunto com Pedro Paulo Bastos, Antônio Dias
Carneiro e Orlando Azevedo.
Quanto ao neocolonial, não se deve julgar sua importância pelos
seus conceitos, mas principalmente por sua contribuição no estudo e
aprofundamento do conhecimento que se tinha da arquitetura colonial.
Nas palavras de Segawa:
“Independente do referencial de “modernidade” que adotavam, o
principal aporte da postura neocolonial foi a introdução do contraponto
regionalista a busca de uma arquitetura identificadora da nacionalidade
– como fator de renovação.”
49
Alguns dos pioneiros da nova arquitetura brasileira _ Lucio Costa,
Attilio Correia Lima, Paulo Antunes Ribeiro, Raphael Galvão e outros _
passaram por uma fase neocolonial antes de aderirem às idéias de Le
Corbusier e certamente a geração de Abelardo, formada pela ENBA, teve
uma influência, mesmo que difusa, deste ambiente que os cercava.
Cine Roxy, projeto de Raphael Galvão. 1934.
47
BRUAND p.56
48
BRUAND p.77; Revista da Diretoria
da Engenharia nº7 nov 33,p3-6.
Arquitetura e Urbanismo nº 3 set 36
p140-44
49
SEGAWA p.39
LABELARDO DE SOUZA
48
Os Primeiros projetos
Após formar-se Abelardo de Souza permaneceu um ano Departamento
de Engenharia do Distrito Federal, e de 1936 a 1939 foi encarregado de
conduzir e inspecionar as obras do Banco Hipotecário Lar Brasileiro. Neste
cargo, Abelardo de Souza dirigiu a construção de diversos edifícios, entre
os quais o Pax Hotel e o ed. Itatiaia no Bairro da Glória, onde o Rio de
Janeiro começava a transformar sua edificação.
O edifício residencial constituiu um dos componentes fundamentais
da modernidade carioca. Até final da década de 1930, o edifício residencial
já havia alterado a feição urbanística da cidade.
Devido a geografia acidentada do território urbano a expansão da
casa unifamiliar encontrava-se dificultada, ao contrário do que ocorrera
em outras cidades do continente, como Buenos Aires e Cidade do México.
O setor residencial mais valorizado Flamengo, Copacabana, Ipanema e
Leblon possuía um espaço limitado e, a partir da década de 1920, as
mansões e chalés foram sendo substituídos por edifícios multifamiliares.
Lido em Copacabana com edifícios de 1933 a
1934.
Rio de Janeiro - Os anos de E.N.B.A.
49
Após o loteamento da área costeira de Copacabana e a construção
do Hotel Copacabana Palace , em 1922, começaram a aparecer edifícios
de dez a doze pavimentos, principalmente na área em torno do Hotel. De
acordo com Segre
50
, até os anos 1960, o bairro crescerá vertiginosamente,
com as quadras disponíveis sendo ocupadas por prédios de doze andares,
e Copacabana atingiu uma das maiores densidades urbanas do mundo:
cerca de mil habitantes por hectare.
Desse cenário é a primeira obra de maiores proporções de Abelardo
de Souza: o edifício Cananéia, em Copacabana
Edifício Cananéia - 1938
Edifício com 9 andares dividido em dois corpos na Av. N. Senhora de
Copacabana, em frente ao cine Metro.
O Terreno de proporções restritas sem necessidade de recuos laterais
foi ocupado em toda sua extensão. Balcões e amplas janelas garantiam
uma adequada iluminação e ventilação
Demonstra linhas nítidas da nova arquitetura, com volumes definidos,
linhas horizontais, térreo livre com jardins. Os serviços e circulações
verticais encontram-se no miolo do edifício.
Um artigo de jornal de 1972, faz menção ao projeto como sendo
“um dos primeiros edifícios do Rio que tinha pilotis como solução para o
andar térreo”
51
.
Mas os pilotis não duraram muito tempo. Resolveram construir mais
apartamentos no térreo, fechando parte da área comum.
50
SEGRE, Roberto. Introdução in Guia
da arquitetura Moderna no Rio de
Janeiro
Editora Casa da Palavra/ Secretaria
Municipal de Urbanismo/ Centro de
Arquitetura e Urbanismo do Rio de
Janeiro/ Prefeitura da Cidade do Rio de
Janeiro. 2000. 210 p.il. P.14
51
Arquivo pessoal do arquiteto, artigo
sem identificação de 1972
LABELARDO DE SOUZA
50
Edifício Cananéia, Rio de Janeiro. 1938.
Vinda a São Paulo
Vinda à São Paulo
53
A arquitetura paulista
A condição de capital Federal e centro emissor de cultura fazia com
que toda produção do Rio de Janeiro fosse absorvida como imagem da
arquitetura moderna no Brasil.
1
“A conquista de um mercado estatal era absolutamente fundamental
em um país no qual as elites e empresas privadas apenas adotavam
um estilo depois que tivesse sido experimentado e aprovado em obras
públicas”
2
.
Porém, no início década de 50 a produção da arquitetura moderna,
não trata somente de uma “arquitetura de exceção”
3
, patrocinada pelo
Estado, na medida que atrai também a iniciativa privada. A produção
paulista é bem o reflexo disto.
Em São Paulo, diversamente do que ocorreu em Minas e no Rio,
os governos locais não realizaram investimentos em grandes obras e a
sociedade paulista ainda provinciana também não abre espaço para
renovações. Esse quadro será alterado com a expansão da indústria e com
as investidas modernizadoras por parte da burguesia industrial, inclusive
na área cultural.
A partir da década de 40, arquitetos do Rio de Janeiro são chamados
a trabalhar em São Paulo e os arquitetos paulistas, assim como em outros
Estados, deixam transparecer em suas obras a influência marcante da
“arquitetura carioca. O resultado dessa produção arquitetônica será
bastante questionado, visto que estaria se configurando em um “novo
1
Xavier,Britto e Nobre, Arquitetura
Moderna no Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,
1991, p.24
2
CAVALCANTI, Lauro (2001) Quando o
Brasil era moderno – Guia de arquitetura
1928-1960. Rio de Janeiro, Aeroplano.
3
Glória Mª Bayeux, O debate da
arquitetura moderna brasileira nos anos
50, São Paulo, 1991,p.55
Abelardo de Souza em seu escritório.
LABELARDO DE SOUZA
54
academismo”
4
.
De acordo com depoimento da arq. Miranda Magnoli,”(…) em S.Paulo,
década de 40, as figuras paulistas eram realmente exíguas; Warchavchik,
estrangeiro e, além disso, ligado a Lúcio Costa; veja também que W é
muito “via” arquitetos cariocas e os Klabin que tinham estreita e intensa
relação com os artistas estrangeiros e nacionais. Assim acontece com o
que se divulgou como o primeiro edifício moderno em S.Paulo: o Esther (só
muito depois se achou” o de Julio de Abreu na Angélica), de fato pioneiro
nos aspectos principais e básicos do moderno, para o qual foi chamado um
arquiteto do “grupo carioca”; Rino Levi, estrangeiro; Pilon, estrangeiro; os
irmãos Roberto também são de origem do grupo carioca.”
5
Abelardo de Souza tem sua transferência para São Paulo em
1939. Ele muda-se para São Paulo, contratado pela Companhia Asteca
de combustíveis, para desenvolver alguns projetos de postos de gasolina.
Aqui permanecerá e virá a desenvolver a maior parte de sua obra.
Abelardo irá participar da disseminação da linguagem carioca de
arquitetura para além dos limites do Rio de Janeiro.
A produção paulista começará a adquirir novas características,
na medida que se encontra fortemente vinculada a iniciativa privada
e a arquitetura residencial, e portanto, sujeita a diferentes tipos de
enfrentamento. De acordo com Lourival Gomes Machado:
“Em São Paulo se desenvolveu uma arquitetura que, em linhas
gerais, não fica a dever ao exemplo carioca. Sua fisionomia topográfica
e a ausência de grandes palácios ministeriais talvez levem a cidade a se
tornar o centro arquitetônico destinado a resolver os problemas peculiares
à casa de moradia”
6
4
Glória Mª Bayeux, op cit, p.48
5
Depoimento prestado em 18/06/2004.
6
Lourival Gomes Machado, A Renovação
da Arquitetura Brasileira, in: Retrato de
Arte Moderna do Brasil. São Paulo, Depto.
De Cultura, 1947, p79-83.
Ed. sede do I.A.B. São Paulo.
Vinda à São Paulo
55
Primeiros anos em São Paulo
Após terminar seu contrato com a empresa petrolífera, Abelardo,
em 1945, casa-se com Maria Luiza, que havia prestado serviços como
desenhista no período de projetos da Companhia Asteca, fixando-se em
São Paulo. Neste momento, com Hélio Duarte, também formado pela ENBA
(1931), e Zenon Lotufo, engenheiro arquiteto formado pela Politécnica em
São Paulo (1936), mantém escritório à Rua Barão de Itapetininga, aonde
desenvolveram projetos em conjunto e individuais. Será nesta parceria
que participaram do concurso de projeto para a sede do IAB/SP (1946),
que posteriormente será realizado pela reunião de todas as equipes
concorrentes.
A partir de 1946 a revista Acrópole publica diversos projetos do
escritório de Abelardo, Zenon e Hélio. Entre as obras executadas, destacam-
se os edifícios Hecilda e Pedra Azul, e o edifício sede da Associação Bahiana
de Imprensa, todos projetos de 1948.
Associado com Hélio e Zenon, Abelardo ainda colabora com
Warchavchik
7
, participando do projeto da sede do Clube Atlético Paulistano
(1949). A convivência com Warchavchik é importante, não por ser o
elemento de ligação com os arquitetos cariocas, dada sua amizade com
Lúcio Costa, mas também por sua estreita relação com artistas, intelectuais
e a sociedade da época em São Paulo.
Neste momento Abelardo amplia seus relacionamentos em São
Paulo, assumindo o cargo de vice-presidente do IAB-SP, que ocupará de
47 a 49.
É também a partir de 1948 que ele ingressa como Professor
Assistente na FAU/USP, na cadeira de “Composição Arquitetônica de
7
Exemplo: Projeto da Sede do Clube
Atlético Paulistano in Acrópole 130, p.
299-302. 1949.
Anúncio do escritório com Hélio Duarte e
Zenon Lotufo. Revista Acrópole.
LABELARDO DE SOUZA
56
Pequenas dimensões”. Ele trabalha juntamente com Artigas que era
assistente de Anhaia em desenho arquitetônico.
Não se sabe com certeza que papel Abelardo de Souza desempenhou
nesse momento de formação da FAU, mas o fato de ser pregresso da
E.N.B.A. e da Universidade do Distrito Federal e ainda como participante
das mudanças promovidas por Lúcio Costa, certamente adquiriu relevância,
na medida que “implantação do moderno” no ensino de arquitetura no Rio
precedeu em 18 anos a São Paulo, que ainda tinha como base o curso
de engenharia da Poli. Presume-se que ele tenha atuado com razoável
autonomia, conforme depoimento do arquiteto a Lena Coelho Santos:
“Aqui em São Paulo, quando estávamos na fau lecionando, o
Anhaia pediu: “olha, você vai ao Rio, conversa com o Lúcio Costa, para
fazer uma nova programação na Faculdade de Arquitetura: nós estamos
muito técnicos demais. Eu fui ao Rio, o Lúcio me disse: “olha Abelardo,
faz como você aprendeu na Escola de Belas Artes: ligação Belas Artes com
arquitetura que, sem isso, não tem sentido.”
8
Podemos creditar-lhe, inclusive, autonomia na indicação de
professores, como foi o caso de Eduardo Corona que por seu intermédio
virá do rio de Janeiro em 1949, saído do escritório de Oscar Niemeyer, para
lecionar na FAUUSP, conforme depoimento prestado por Corona a Ricardo
Carranza
9
:
“E a uma determinada altura, em 49, o Abelardo de Souza, de São
Paulo, passou pelo Rio de Janeiro, procurando um assistente de Teoria de
Arquitetura para o professor Anhaia Mello, que era o diretor da FAU. o
Oscar chegou para mim e disse:_ Olha, quer ir prá São Paulo? Ele estava
8
Depoimento de Abelardo de Souza in
SANTOS, Lena Coelho (1985) Arquitetura
Paulista em torno de 1930-40. Orientador :
Eduardo Corona.Nível: mestrado FAU/USP,
São Paulo. P.79
9
Eduardo Corona in CARRANZA, Ricardo
(2000). Eduardo Corona: Arquitetura
Moderna em São Paulo.
Orientador: Lúcio Gomes Machado. Nível:
mestrado FAU/USP, São Paulo. P.104
Edifício Conceição. 1942.
Vinda à São Paulo
57
meio sem serviço também. eu disse: _ Eu topo. E acabei vindo para São
Paulo. Em 49, maio de 49.”
Abelardo também será responsável pelas indicações de Jon Maitre-
Jean, Miranda Magnoli,Renina Katz, entre outros, para Universidade. Ele
permaneceu como professor, até se aposentar em 1978.
Segawa comenta que dos arquitetos saídos da E.N.B.A., que
desfrutaram da curtíssima gestão de Lúcio Costa, pouquíssimos nomes
seguiram a carreira docente. Podemos incluir Abelardo de Souza entre
eles.
10
São Paulo na década de 40 passa por grande processo de crescimento
e a arquitetura moderna começa a sofrer grande influência da escola
carioca. Souza foi desde o início um adepto fervoroso dos ideais modernos,
seus projetos caracterizam-se pelo uso da linguagem carioca corbusiana,
prosseguindo as pesquisas formais iniciadas no Rio, num repertório
diferenciado da linguagem corrente em São Paulo no período. Segundo
Segawa em artigo para revista Projeto em 1987 “a prática arquitetônica
de Abelardo de Souza assinalava uma convicção pelo moderno que seus
colegas paulistas – como Eduardo Kneese de Mello ou Oswaldo Bratke, da
mesma geração – não sustentaram no início de suas carreiras”.
11
Seu primeiro projeto conhecido é de 1942, o edifício Conceição,
para o Banco Hipotecário Lar Brasileiro.
Abelardo havia trabalhado para o Banco Hipotecário Lar
Brasileiro, quando ainda recém-formado no Rio de Janeiro. Os projetos
de habitação coletiva realizados por Abelardo para o Banco Hipotecário e,
posteriormente, os realizados para a Companhia Nacional Imobiliária (CNI)
durante a década de 50 são a parte mais conhecida e divulgada de sua
obra. Ele consegue transpor para os edifícios o repertório carioca, repleto de
10
Assim como Hélio Queiroz Duarte.
SEGAWA, Hugo (1997) Arquiteturas no
Brasil 1900-1990. São Paulo, Editora da
Universidade de São Paulo, 2ª edição,
1999. p.131
11
Hugo Segawa, Disseminando a
linguagem arquitetônica carioca em São
Paulo, Projeto nº 105, São Paulo, 1987,
p.143
LABELARDO DE SOUZA
58
referências a Corbusier e Lúcio Costa, pelo uso dos cinco pontos do primeiro
e pela introdução de elementos típicos de nossa arquitetura tradicional do
segundo. O uso da policromia retirada do barroco em edifícios, os brises, a
integração das artes, cobogós e muxarabis são claramente referências da
arquitetura carioca e o diferenciam de seus colegas paulistanos.
Mas em seus projetos para edifícios residenciais passa a incorporar ao
repertório carioca soluções típicas da moradia paulistana e das exigências
do mercado imobiliário em expansão, o que torna seu trabalho um elemento
de conjunção da linguagem formal carioca com funcionalismo paulista.
Verticalização em São Paulo
O crescimento vertical de São Paulo nas décadas de 40 e 50, foi
um dos fatores que levou a um impulso na arquitetura moderna brasileira.
As cidades se expandiam e a necessidade de moradia levou a expansão a
partir do centro para novos bairros, levando a substituição de casas por
edifícios residenciais.
Diversos foram os fatores que levaram e esta expansão, sejam os de
ordem econômica gerados pelo processo de substituição de importações
iniciado na década de 30 e acentuado com a Segunda Guerra Mundial
que impulsionaram o setor de indústria da construção. Seja a política
econômica federal, com o plano de metas de Juscelino à partir de 1955;
sejam as intervenções municipais, quando a notícia da Lei 5.261 de
1957, que regulariza um coeficiente máximo de aproveitamento do terreno
para capital levará a um pico na verticalização em São Paulo no período
que antecede este processo. De acordo com Somekh:
Vinda à São Paulo
59
“A iminência da promulgação de uma lei que reduziria as
possibilidades de construção dos terrenos urbanos pode ter provocado
uma corrida de aprovação de projetos para escapar às novas sanções.”
12
As carteiras hipotecárias e o processo de incorporação também
aceleraram o processo de verticalização e não é possível falar da obra
de Abelardo de Souza sem se referir a dois grandes grupos financeiros,
responsáveis por diversas construções na na capital paulistana: o Banco
Hipotecário Lar Brasileiro e o Banco Nacional Imobiliário.
B.H.L.B.
Durante os anos 40 e 50 o Governo Federal incentivou a criação de
carteiras hipotecárias que representaram papel relevante no financiamento
de habitações, notadamente para as classes médias urbanas.
Inicialmente, as verbas destes fundos eram destinadas
exclusivamente ao fornecimento de moradia dos próprios associados,
porém foram introduzidas alterações nestas carteiras (inicialmente no IAPI,
e depois outros aderiram) que permitiam o uso dos fundos em operações
imobiliárias variadas, feitas com terceiros, com a finalidade exclusiva de
obtenção de bons rendimentos para as reservas acumuladas
13
:
“Liberadas as taxas de juros nas operações deste Plano, podia o
instituto
comportar-se como qualquer investidor, selecionando melhores
aplicações do ponto de vista do retorno do capital investido
14
.
12
SOMEKH, Nadia.(1987) A (des)
verticalização de São Paulo
Orientador: Profª Drª Maria Adélia A. de
Souza. Nível - Mestrado
FAU/USP, São Paulo.p.102
13
FARAH, Marta Ferreira Santos, Estado,
previdência social e habitação
Dissertação (mestrado) Depto de Ciências
Sociais da FFLCH/USP . São Paulo, 1983l,
p.48)
14
FARAH, obra citada, p.50
LABELARDO DE SOUZA
60
15
“tendo o capricho de escolher
criteriosamente os arquitetos aos quais
solicitava projetos”
F
AGGIN, Carlos Augusto Mattei, Carlos
Millan,
itinerário profissional de um
arquiteto paulista .Dissertação (mestrado)
FAU/USP. São Paulo, 1992.
São Paulo experimentará nestas décadas forte verticalização de
bairros como Jardins e Paraíso, e ocupação horizontal de outros como
Ibirapuera e Itaim.
O Banco Hipotecário Lar Brasileiro destinou grande parte de sua
captação de dinheiro à construção com fins imobiliários, realizando os
projetos com arquitetos de renome
15
, mais propriamente como um atrativo
de mercado que por uma preocupação com boa arquitetura.
Para o Banco Hipotecário, além do Edifício Conceição (1942),
Abelardo de Souza projetará, entre outros o Ed. Ana Rosa(1951) e o
plano para conjunto residencial em Perdizes, do qual serão construídos os
edifícios Franco da Rocha e Ministro Godoi (1954).
Na construção deste período será notável a influência da arquitetura
européia, especialmente pelas experiências de reconstrução das cidades
destruídas pela guerra. Serão comuns os projetos de prédios de
apartamentos ou escritórios, geralmente apoiados em andares comerciais,
ocupando toda projeção do terreno, como Van de Broeke e Bakema na
reconstrução do centro de Roterdam e outras cidades holandesas.
Plano geral do Jardim Ana Rosa do B.H.L.B.
Vinda à São Paulo
61
Planta Ed.Nova Cintra, Parque Guinle, RJ
Planta Ed.Ministro Godoy
Edifício No
va Cintra e Ed. Ministro Godoy
LABELARDO DE SOUZA
62
Nos blocos em Perdizes, de Abelardo de Souza, fica clara a referência
aos edifícios do parque Guinle de Lúcio Costa tanto na solução de plantas,
como para o tratamento de fachadas e cores. Estes edifícios lamelares,
com treze pavimentos sobre pilotis, serão comparados por Paulo Bruna
às experiências racionalistas da época, como os blocos construídos em
Londres para Westminster City Council
16
, em 1946/47 pelos arquitetos
Philip Powell e Hidalgo Moya, devido a clareza compositiva, “em que as
funções internas dos apartamentos e as circulações horizontais e verticais
são claramente legíveis na articulação da fachada.
17
Grande parte dos primeiros edifícios residenciais financiados pelos
Institutos de previdência durante o Estado Novo surgiu para fins de locação.
Entretanto, com o congelamento dos aluguéis pela lei do inquilinato de 1942
e sendo a inflação do período (até 1950) bastante acentuada, os institutos
relocarão seus investimentos para setores de infraestrutura (usinas e
hidroelétricas). As unidades de moradia de aluguel serão postas a venda,
parceladamente. Os edifícios, antes de um proprietário, disseminam-se
em condomínios.
Essa medida irá afetar a verticalização no sentido de alterar o seu
uso e programas.
16
Churchill Gardens em Pimlico
17
BRUNA, Paulo J. V., Abelardo de Sousa,
in Catálogo de desenhos de arquitetura
da biblioteca FAU/USP, p.161
Abaixo, edifícios em Pimlico, arquitetos Hidalgo
e Moya. Ao lado, maquete do conjunto residen-
cial em P
erdizes de Abelardo de Souza.
Vinda à São Paulo
63
18
Carlos Lemos, in SOUZA, Maria Adélia
Aparecida de (1994) A identidade da
metrópole: a verticalização em São Paulo.
Ed. HUCITEC/ EDUSP, São Paulo. P.109-
110
19
Maria Adélia Aparecida de Souza, obra
citada, p.111
Abre-se espaço para um novo agente do processo de verticalização:
o incorporador.
Segundo Carlos Lemos
18
, o engenheiro Cipriano Marques Filho foi o
precursor e idealizador da incorporação na produção de edifícios criando o
“condomínio pelo preço de custo”. Cabia-lhe escolher o terreno e encontrar
os compradores dos apartamentos que se cotizavam para pagar o terreno,
o projeto e a construção, e ele como engenheiro e líder da operação
recebia uma taxa de administração. Cipriano Marques Filho irá realizar
essa experiência com sucesso em São Vicente.
Conta Lemos que um primo de Cipriano, Carlos Caldeira Filho,
interessou-se pelo sistema incorporações em São Vicente e percebendo
que se tratava de uma mina de ouro achou que poderia desenvolvê-lo
em São Paulo. Então Caldeira Filho registrou como propriedade sua a
expressão “condomínio pelo preço de custo” e se apresentou a Octavio
Frias, proprietário da Folha de São Paulo, que era diretor do BNI Banco
Nacional Imobiliário, a quem vai propor sociedade, para fazer esses
condomínios. Feita a sociedade, ambos começaram a incorporar prédios.
O negócio prosperou e eles foram percebendo que valia a pena fazer
edifícios com bons projetos, bons arquitetos, para vendê-los melhor.
Arquitetos e artistas famosos são convidados a trabalhar em São
Paulo, numa perspectiva de valorização da atividade imobiliária. É assim que
Portinari, por exemplo, vai executar uma série de painéis em edifícios”
19
Incorporações e o B.N.I.
Anúncio com Edifício Nações Unidas e Copan.
LABELARDO DE SOUZA
64
No início dos anos 50 o BNI será o responsável pela vinda de Oscar
Niemeyer a São Paulo. O ano de 52 marca o primeiro projeto de Oscar
na cidade. Para o BNI, Abelardo de Souza projetará, entre outros, o Ed.
Nações Unidas e Edifício Três Marias.
Nessa época o BNI havia criado uma empresa paralela somente
para realizar as incorporações, chamada CNI Companhia Nacional de
Investimentos.
Octavio Frias e Roxo Loureiro, acionista majoritário do BNI, chegaram
a constituir uma comissão com engenheiros e arquitetos da Prefeitura de
São Paulo que, além de ajudá-los na realização da incorporação dentro da
Lei, iria sugerir alterações no Código de Obras para favorecer esse tipo de
empreendimento.
Era usual, que um edifício fosse projetado como Hotel _ onde era
permitido o uso de banheiros internos com ventilação tubulada e maior
coeficiente de aproveitamento _ para depois ser vendido como condomínio.
Essa prática será denunciada, mas reverterá numa alteração no código de
obras permitindo uso de banheiros internos também em apartamentos
particulares. O edifício Copan de 1952 é projetado com base nesse novo
código.
Em 1954, o BNI sofre uma intervenção e será comprado pelo
Bradesco. O CNI continuará com as obras em andamento. Na década de
1960, Abelardo ainda fará alguns projetos de hotéis e loteamentos para o
banco Bradesco e para Roxo Loureiro, porém nenhum se realiza.
As primeiras incorporações eram para apartamentos tradicionais
de dois ou três dormitórios para atender à classe média e alta em suas
necessidades: dois ou três quartos, entrada social e de serviços separadas,
banheiro, cozinha e os edifícios eram verdadeiros “palacetes superpostos
20
”.
Mas elas notabilizaram-se pelos prédios de um quarto, os JK (janela e
20
Carlos Lemos, in Maria Adélia Aparecida
de Souza, ibiden
Vinda à São Paulo
65
cozinha), ou kitchenettes.
As incorporações dos anos 50 farão, inconscientemente, uma
“revolução do programa da casa mínima para classe média brasileira, e
que não havia, até então, sido criado através da habitação coletiva
21
.
A carência dentro da classe média baixa das grandes cidades pelo
apartamento mínimo havia sido mascarada pela guerra, lei do inquilinato
e dificuldade da classe média em ter onde morar.
Edifício Nações Unidas
A grande obra e também a mais conhecida de Abelardo de Souza
para o BNI será o edifício Nações Unidas - conjunto habitacional em dois
blocos na Av. Paulista esquina com Brigadeiro Luís Antonio, dotado de
galeria de lojas no térreo que servia de acesso aos moradores. As fachadas
tratadas com jogo de cores em pastilhas e brise-soleil em concreto são
resultado de sua pesquisa formal levada ao extremo.
Localizado na esquina das avenidas Brigadeiro Luís Antonio e Paulista,
é fruto de uma incorporação do CNI. Seu programa de uso misto - com
térreo ocupado por lojas e galerias de passagem obrigatória para acessar
os apartamentos - baseou-se no êxito do edifício Califórnia no centro, que
de acordo com Corona “levou seus incorporadores a cogitarem de programa
semelhante para terreno à Avenida Paulista, então exclusivamente
residencial. Foi este escolhido com critério, pois já se antevia para o local
a valorização de atividades comerciais, função tradicional da Brigadeiro,
com que fazia esquina.”
22
Abelardo realizou uma série de estudos para o terreno, prevendo
21
Maria Adélia Aparecida de Souza, obra
citada, p.112
22
XAVIER, Alberto/LEMOS, Carlos A.C./
CORONA, Eduardo(1983) Arquitetura
moderna paulistana. Editora Pini, São
Paulo, p.35
Artigo de jornal informando sobre ex-
posição de painéis e maquetes do Na-
ções Unidas no MA
SP.
Julho/1953.
LABELARDO DE SOUZA
66
a base comercial e um grande bloco curvo paralelo à Avenida Brigadeiro,
porém o custo do terreno fez com que os incorporadores optassem por
tirar o máximo proveito da área a construir: 63.000 m2 de construção
distribuídos em 3 blocos com 430 apartamentos, 25 lojas, garagem
para 300 carros, galeria com 6 m. de largura, playground, salão de chá
etc. Apresenta como inovações elevadores em cilindros independentes,
eliminação dos corredores com valorização das áreas úteis, blocos distintos
reforçados pelo uso de cores contrastantes na fachada.
A crítica arquitetônica da época, reconhecia que havia um abuso
por parte dos incorporadores que para incrementar seus lucros tiravam
o maior proveito área a construir, mas a idéia de que a verticalização da
Paulista mostrasse os desmandos das incorporadoras e a ausência de uma
legislação urbanística efetiva eram desfocadas pelo fascínio provocado no
ingresso no âmbito internacional pela metropolização, fato que a arquitetura
moderna só vinha a reforçar.
“Mas, fiquemos no plano de nossa atualidade… Sob certos aspectos
o “Nações Unidas” acrescenta ao prestígio de sua monumentalidade alguns
dados
de conjunto residencial organizado, e como unidade residencial
embora sujeito aos azares da exploração mercantilista um tanto atrabiliária
e arbitrária, emerge no quadro de nossa arquitetura moderna, assim
considerada, como uma consequência de categorizada concepção.”
23
O projeto de Abelardo foi extensamente comentado, artigos que
traziam notícias sobre a “Unidade de Habitação de Marselha”, de Le
Corbusier faziam-lhe comparações; a escolha do nome para o edifício_
Nações Unidas_ vinha justificada como uma homenagem da cidade a ONU,
conforme frisavam seus idealizadores em diversos artigos de jornal; a
maquete do edifício e seus projetos ficaram, por decisão de Pietro Maria
23
Geraldo Ferraz, Edifício Nações Unidas,
Habitat nº 57,São Paulo, 1959, p.20
Galeria Ed. Marques de Herval, dos Irmãos
Roberto (1952), e galeria do Edifício Nações
Unidas (1953).
Vinda à São Paulo
67
Edifício do MOMA-NY, arquiteto
Philip Johnson.
Edifício ABC de Osv
aldo Bratke,
1951.
Edifício
Nações Unidas de Abelar-
do de Souza, 1953.
Bardi, expostos por um mês na Galeria Prestes Maia, sede do MASP
“Aprovei-o antes de exibi-lo. Logo acho que o projeto do arquiteto
Abelardo
de Sousa para o edifício Nações Unidas é felicíssimo e reune
tudo o que se pode esperar e que nos pode dar o progresso da arquitetura
brasileira.”
24
Apesar de ter como principal fonte a arquitetura carioca, com
referências à Lucio Costa e Irmãos Roberto
25
, o edifício é destacado por
seu caráter internacional e chega a ter referências neste sentido: o motivo
usado na laje perfurada no coroamento do bloco da Avenida Brigadeiro
sugere uma citação ao prédio do MOMA de Nova York, projeto de Philip
Johnson – note-se que o tema foi recorrente no Ed. ABC de Bratke.
O edifício Nações Unidas foi o grande marco da obra de Abelardo,
num momento em que a arquitetura do Brasil também passava por seu
grande momento.
24
Pietro Maria Bardi, Diário de São Paulo,
julho/1954
25
Os brises e pilares da galeria remetem
aos irmãos Roberto, os pilares da entrada
em forma e proporção citam Oscar
Niemeyer e a cor remete à Lucio Costa.
LABELARDO DE SOUZA
68
A maturidade do moderno
“A boa condição econômica do Brasil, o desejo de o governo buscar
uma nova face para capital federal e uma brilhante geração de intelectuais
e arquitetos com penetração nas brechas do aparelho cultural do estado,
que transformaram o estilo em uma nova linguagem, inconfundivelmente
brasileira e universal
26
É na década de 1950 que Abelardo de Souza realizará seus principais
e mais conhecidos projetos, além da importância dos fatores econômicos
é importante avaliar a situação da arquitetura moderna brasileira no
período.
A partir dos anos 50, o modernismo que o Brasil havia importado da
Europa nos anos 20 retorna na direção de sua origem. O livro e exposição
”Brazil Builds” e o pavilhão da feira de Nova York deram consagração
e reconhecimento mundial aos arquitetos modernistas brasileiros,
“encorajando-os a manter distância dos cânones europeus e criar os seus
próprios padrões”.
27
Algumas revistas Européias do pós-guerra, como Architecture
d’Aujourdhui e Techniques et Architecture
28
, dedicam longas reportagens a
arquitetura brasileira.
O desenvolvimento de nossa identidade na arquitetura nos anos
cinqüenta, além de conseqüência da situação econômica e fortalecimento
de nossa imagem internacional, é um reflexo do fechamento do ciclo da
identidade brasileira nas artes.
A identidade nacional que em um primeiro momento se insurge através
das artes plásticas, torna-se contraditória na medida em que a realidade do
26
Lauro Cavalcanti, Quando o Brasil era
moderno – Guia de arquitetura 1928-
1960, Rio de Janeiro, 2001, p.13
27
Lauro Cavalcanti, obra citada, p.21
28
Abelardo de Souza inclui em seu
currículo de projetos publicados o nº 3 e
4 da Revista Techniques et Architecture,
porém a falta de datas não permitiu a
localização de exemplar com publicação
sobre seu trabalho.
Vinda à São Paulo
69
moderno no Brasil impõe que se reconhecesse que este moderno era “antes
de tudo, um horizonte possível, e não uma realidade acabada; daí que a
identidade nacional passa a incorporar a idéia de desenvolvimento
29
”. A
arquitetura, era o campo mais propício a demonstração de força, prestígio
e capacidade prática destas ideologias que tem sua maior expressão na
figura de Oscar Niemeyer.
O Serviço de Patrimônio criado pelos modernos constitui um “capital
simbólico nacional
30
, através da seleção e guarda das obras consideradas
monumentos nacionais (especialmente do nosso passado colonial).
O SPHAN cria subsídios e direciona as novas propostas, fortalecendo o
nacionalismo como elemento progressista, como diz o próprio Abelardo
em artigo da Revista Habitat:
“O serviço do Patrimônio Histórico tem contribuído, graças à
boa orientação de Lúcio Costa, de forma decisiva para nossa completa
emancipação arquitetônica.(…) conduzindo nossa arquitetura para um
caminho certo.”
31
Além disso, o estilo moderno traria, com a simplificação ou
massificação das construções, a solução para um problema novo: a criação
de casas para abrigar as pessoas pobres que acorriam para as cidades
naquele começo de processo de industrialização.
Surgiria um interesse dos arquitetos brasileiros, pelos projetos
sociais da arquitetura moderna, assumindo nestas condições o papel de
uma envergadura política inédita até então.
29
M.M.M. AZEVEDO, A experiência de
Lina Bo Bardi no Brasil (1947-1992), São
Paulo, 1995, p.40.
30
Lauro Cavalcanti, obra citada, p.13
31
Abelardo de Souza, Nossa Arquitetura,
Habitat nº2, São Paulo, 1951, p.4
LABELARDO DE SOUZA
70
Revistas especializadas
As revistas e publicações especializadas em arquitetura serão
em grande parte responsáveis por disseminar os valores da arquitetura
moderna no país. A arquitetura moderna ampliará seus domínios pela
divulgação no mercado editorial especializado que começa a surgir. Lina
e Pietro Maria Bardi, agitadores culturais responsáveis pela criação do
MASP e seus cursos de arte que marcaram o período, se lançam numa
empreitada editorial e em 1951 lançam Habitat, onde divulgavam a nova
arquitetura e enfocavam também as artes plásticas e artes gráficas numa
crítica especializada que neste momento busca elementos autóctones,
revendo as manifestações populares de nossa cultura.
Abelardo de Souza que convivia com Lina e Pietro terá suas opiniões
divulgadas em alguns artigos nos primeiros números, além diversos projetos
publicados e em 1954 passa a colaborar com freqüência nas edições de
número 14 a 20, sendo que no exemplar 18 assina um editorial sobre
ensino de arquitetura e no vinte é oficialmente o Diretor e Orientador
da seção de arquitetura da revista. Segundo Ferraz, não permanecerá no
cargo devido ao acúmulo de funções junto à Universidade.
Nos textos não encontraremos muitas declarações de Abelardo de
Souza que reflitam diretamente sobre sua própria obra. É contudo um
notável entusiasta da arquitetura moderna brasileira, sempre se referindo
com admiração a seus criadores, especialmente na figura de Lúcio Costa
e citando a obra de Niemeyer como a representação da “verdadeira”
arquitetura brasileira e do caminho a ser buscado por ela. Outro aspecto
que pode ser detectado através de suas declarações foi a estrutura
funcionalista que norteou seus trabalhos, numa viva mostra da influência
Vinda à São Paulo
71
de Warchavchik.
Sobre a academia, sua posição demonstra uma insatisfação com os
métodos de ensino adotados, acreditando juntamente com seus colegas que
o ensino de “arquitetura moderna”, especialmente visando um arquitetura
brasileira, deveria fugir dos padrões convencionais, reforçando a base de
composição, dando uma formação mais “universal” ao arquiteto deixando
o lado técnico mais próximo da engenharia. Sua proposta é de que, não
tendo uma tradição quanto aos métodos de ensino, o ensino de arquitetura
no Brasil poderia mais facilmente romper com os moldes tradicionais e
apresentar um novo modelo.
Mesmo tendo vivido e realizado a maior parte de sua obra em São
Paulo, Abelardo de Souza em seus artigos sempre promulgou e exaltou o
pensamento – que aliás era o de sua formação- da “escola carioca”.
Porém, a grande importância de Habitat diretamente para Abelardo
Capa da revista Habitat e artigo de Geraldo Ferraz sobre Abelardo de Souza.
LABELARDO DE SOUZA
72
de Souza será na divulgação de seu trabalho pela publicação de diversos
projetos e quando em 1957, o crítico Geraldo Ferraz dedica um artigo
exclusivo à sua obra.
Em 1956, Ferraz, responsável pela seção de arquitetura da revista,
havia iniciado em Habitat uma série intitulada “Individualidades na história
da atual arquitetura no Brasil
32
. Warchavchik, Affonso Eduardo Reidy, Rino
Levi, M.M.M. Roberto, Lúcio Costa e Roberto Burle Marx são os escolhidos
sobre os quais o crítico apresentará , além de uma breve biografia, os
conceitos e projetos.
Esta seleção possuía caráter totalmente arbitrário, justificado
pelo crítico pela necessidade de fazer um balanço ”estético, histórico,
informativo, das origens e linhas evolutivas de nossa arquitetura”, 30 anos
após seu primeiro manifesto, assinado por Warchavchik.
Ferraz explica a ausência de nomes de relêvo como Niemeyer, Vital
Brasil e Jorge Machado Moreira, pela “impossibilidade” de exemplificá-los.
Na sequência da série, publica então “Novos valores na arquitetura
brasileira” cujo teor é apresentar “nomes que em decorrência dos caminhos
abertos pelos mais velhos, vieram prosseguir sua obra e seus esforços, no
mesmo plano de autenticidade, de pesquisa, de concepção(…)”. A nova
série contaria com apenas dois arquitetos: Abelardo de Souza e Osvaldo
Bratke.
O texto de Ferraz é o único ensaio crítico, existente até hoje, sobre a
obra de Abelardo, tornando-o a principal fonte de referência especialmente
biográficas – para execução do presente trabalho.
O artigo apresenta-se mais como uma compilação do que
propriamente uma crítica.
Ferraz, em seus artigos indica o que é exemplar, tratatando da
arquitetura dentro do debate puramente estético numa visão historicista,
32
Warchavchik(hab28,p.40-1956),
Affonso Eduardo Reidy(hab29,p.38-
1956), Rino Levi(hab 30,p.34-1956),
M.M.M. Roberto(hab31,p.49-1956), Lúcio
Costa(Habitat 35,p.28,1956) e Roberto
Burle Marx(habitat 36,p.12,1956).
Vinda à São Paulo
73
ele visa mais educar e referenciar do que questionar.
Tal falta de objetividade revela uma tendência apontada pela
professora Clara Luiza Miranda
33
, da UFES, de que “A crítica de arquitetura
dos anos 50, é acusada de não contribuir para o desenvolvimento do
pensamento arquitetônico brasileiro”. uma predominância de discussões
em torno da expressão plástica e da síntese das artes que dominavam o
cenário.
A polêmica que se insere nos artigos de Ferraz publicados em Habitat
versa mais sobre o porquê das escolhas, preterimentos e apostas do que
a respeito do objeto de estudo que é a arquitetura.
As Bienais de arquitetura
O
incentivo da iniciativa privada no desenvolvimento da nova
arquitetura não se restringe às construções para moradia e indústria. Na
década de 40, dois museus surgem por iniciativa de particulares, totalmente
desvinculados do poder público. Pietro Bardi e Assis Chateaubriand
fundam o MASP e Francisco Matarazzo Sobrinho o MAM. Com propostas
33
V seminário de História da cidade e do
Urbanismo. Cidades: temporalidades em
confronto.
Caderno de resumos, programa de pós-
graduação em arquitetura e urbanismo.
PUC-Campinas. 1998
LABELARDO DE SOUZA
74
diversas, o primeiro queria constituir um acervo histórico enquanto o MAM
visava integrar-se aos movimentos contemporâneos e o circuito artístico
internacional. Dentro desta visão, estabelece então intercâmbio com o
MOMA de Nova York e organiza uma representação brasileira na Bienal
de Veneza. O grupo de críticos, artistas e arquitetos responsáveis por
esta representação, vê na Bienal de Arte uma oportunidade de constante
intercâmbio entre artistas e obras contemporâneas. Desta maneira a
“Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo” entraria no calendário
artístico internacional.
A primeira mostra tem seu projeto lançado em 1949 com exposições
e premiações em pintura, escultura, gravura, desenho, cerâmica e
arquitetura. É prevista também uma mostra de filmes de arte.
O entusiasmo pela arquitetura brasileira no momento é tão grande,
em virtude da divulgação obtida pelo livro e exposição “Brazil Builds”,
pelas publicações internacionais, Edifício do MES, etc, que a arquitetura
assume o mesmo reconhecimento que as artes plásticas e organiza-se
a “I exposição Internacional de arquitetura” com participação aberta a
arquitetos e estudantes e alguns convidados especiais. Contabilizou-se
cerca de 150 arquitetos de 25 países que enviam aproximadamente 400
projetos, em fotografias preto e branco padronizadas no formato 25x30
cm.
O Grande Prêmio Internacional vai para Le Corbusier, e tem-se a
oportunidade de ver pela primeira vez a Capela de Ronchamps e a Unidade
de Habitação de Marselha_ daí provavelmente a argumentação para
divulgação comparativa com o edifício Nações Unidas.
Abelardo de Souza participa da Mostra em duas categorias:
residencial com projeto da residência S.L. (1951) e edifícios de uso público
com o projeto de Piscina em Ourinhos (1951), ambos não construídos. Os
Vinda à São Paulo
75
Convite para salão de arte onde Abelardo de Souza faz parte da
comissão organizadora com Francisco Matarazzo Sobrinho e outros.
Abelardo de Souza no auditório da Rádio Guarany ao lado de Assis Chateau-
briand.
LABELARDO DE SOUZA
76
Unidade de Habitação de Marselha, apre-
sentado na 1ª Bienal de São P
aulo.
Julho/1953.
projetos são apresentados em desenhos e maquete.
A Exposição Internacional de Arquitetura realizada dentro da II
Bienal já se realiza nos novos pavilhões do Ibirapuera, recém construídos
para os festejos do IV centenário.
O evento conta com a participação de 170 arquitetos estrangeiros e
júri de premiação composto grandes nomes: Gropius, José Luis Sert, Alvar
Aalto, Ernst Rogers, Oswaldo Bratke, Affonso Eduardo reidy e Lourival
Gomes Machado. Palestras e conferências coincidindo com o IV Congresso
de Arquitetos Brasileiros.
Nesta Bienal foi instaurado o I Concurso Internacional de Escolas de
Arquitetura, que se tornaria uma das marcas do evento.
A revista Habitat assume posição extremamente negativa em relação
ao evento: criticam o local e criticam os critérios de seleção e premiação,
considerados obsoletos
Para a Exposição Internacional de Arquitetura, Abelardo envia na
categoria Habitação Coletiva o projeto do conjunto residencial em Perdizes
(1952).
À partir daí, exposição Internacional torna-se inconstante, o que
acontece, segundo os organizadores, pela curto intervalo entre elas para
que ocorressem obras consideráveis.
A Exposição Internacional de Arquitetura volta a contar com
a presença nomes destacados da arquitetura: Mies Van de Rohe, Kenzo
Tange, Marcel Breuer e Philip Johnson, porém o nível médio dos trabalhos
é considerado inferior ao das duas primeiras mostras.
Nesta exposição Abelardo apresentará o projeto do Conjunto
residencial Três Marias (1952)
A exposição volta a ocorrer em 1961, 65,69.
Em 1971 Abelardo de Souza participa da Bienal com o projeto do
Vinda à São Paulo
77
Mercado de Pirituba.
Em 1973, a mostra reivindica sua autonomia, com a realização de
um evento específico.
Apesar da independência temática, o momento da arquitetura (e
do país) era dominado por questões de democracia e justiça social, desta
forma, a arquitetura se envolveu em matérias multidisciplinares fora de
seu alcance e paradoxalmente a mostra acabou perdendo seu foco
34
.
Após isto, a mostra fica restrita a algumas salas especiais como a
de Nervi em 1975, Niemeyer em 1979, Tradição e Ruptura (1984) e Paulo
Mendes da Rocha e Artigas em 1989, até voltar a sua periodicidade e
independência em 1993 sob o nome de BIA.
34
www.luxalon.com.br/htmls/213lux.html
Consultado em 30/4/2004
Diploma de participação da Bienal de 1971,
com projeto do Mercado de Pirituba.
Grandes Estruturas
Grandes estruturas
81
Elemento diferencial da arquitetura moderna Brasileira: o
concreto
Nas décadas de 40 e 50, diversos fatores fizeram com que a arquitetura
brasileira obtivesse destaque e divulgação internacional: a construção do
edifício do Ministério da Educação e Saúde(1937-42), Pavilhão na feira
internacional (1939-40), publicação e exposição Brazil Builds (1943),
culminando com a construção da nova capital.
Discutiam-se nesse período os fatores que caracterizavam esta arquitetura
sejam elementos de construção, linhas estéticas ou de projeto.Entretanto,
era claro que o desenvolvimento de uma tecnologia no uso do concreto
armado era um fator determinante.
Giedion, em seu texto O Brasil e a arquitetura contemporânea
1
, cita o
emprego de concreto em grandes estruturas como elemento característico
da arquitetura moderna brasileira, salientando que na América do Norte
predominavam as estruturas metálicas.
2
Na introdução de seu livro Arquitetura Moderna no Brasil, Mindlin enumera
os elementos que pesaram no desenvolvimento de nossa arquitetura
moderna e distingue os estudos de insolação e a existência de uma
avançada tecnologia do concreto
3
. Para ele foi a partir do desenvolvimento
destas bases que tornou-se possível a execução de estruturas mais leves,
permitindo a ampla aplicação de pilotis, térreo aberto, brise-soleil, e assim
utilizando os postulados de Le Corbusier
4
.
O emprego do concreto em larga escala, de acordo com Pedrosa, deveu-se
em grande parte à política econômica adotada no entre-guerras, quando o
1
GIEDION, S in MINDLIN, Henrique
E.(1956). Arquitetura Moderna no Brasil.
Aeroplano Editora, Rio de Janeiro.1999.
P.17
2
“(…)no Brasil, desde muito cedo se
havia começado a empregar o concreto
armado nas estruturas de grandes obras,
em contraste com a tendência reinante
nos Estados Unidos, onde a arquitetura
de grande envergadura era baseada
no emprego de estruturas metálicas.”
GIEDION, S.idem
3
“Antes de examinar mais de perto as
características da arquitetura brasileira
dos dias de hoje, convém assinalar dois
fatores que contribuíram decisivamente
para a sua formação. O primeiro foi a
pesquisa sobre os problemas de insolação.
(…)
O segundo fator foi o desenvolvimento
de uma técnica avançada de uso do
concreto armado, que resultou não só em
estruturas mais leves e elegantes, mas
também em uma economia significativa,
em comparação com o custo da
construção em outros países.”
MINDLIN, Henrique E.(1956). Arquitetura
Moderna no Brasil. Aeroplano Editora, Rio
de Janeiro. 1999.P.32-3
4
“Esses dois fatores estão associados
diretamente às duas características mais
salientes da arquitetura moderna no
Brasil: o emprego de grandes superfícies
de vidro , protegidas, quando necessário,
por brise-soleil, e o uso de estruturas
livres apoiadas sobre pilotis, com térreo
aberto quando possível. Essas duas
características mostram também a
marcante influência de Le Corbusier.”
MINDLIN, idem
LABELARDO DE SOUZA
82
“aço se tornou quase inacessível pelo alto preço e, quando a industrialização
retomou o seu impulso, desenvolveu-se a indústria do cimento.
A indústria de construção civil conheceu então desenvolvimento sem igual.
As
técnicas artesanais, então insuficientes para as necessidades da
produção em massa, foram substituídas por novas técnicas de construção,
com materiais novos.”
5
Foi porém, através do desenvolvimento da engenharia do concreto em
estruturas inovadoras, que os arquitetos perceberam as possibilidades
que lhes apresentava o material, fazendo das estruturas integradas uma
característica intrínseca do projeto.
E quando os jovens arquitetos revolucionários entraram em cena não lhes
foi difícil encontrar no cimento armado não só as
virtualidades reclamadas
pela sua imaginação plástica mas também a possibilidade de integrar seus
projetos
com as estruturas livres que o próprio concreto permitia e que
os cálculos dos engenheiros tornavam exequíveis. Esta integração deu à
técnica do cimento armado no Brasil tal grau de desenvolvimento e de
virtuosidade que essa técnica hoje constitui quase uma “escola brasileira”
autônoma de construção civil, e que é objeto
de estudo dos engenheiros
de todos países, e seus processos utilizados pelo mundo afora.”
6
Neste primeiro momento a maioria dos projetos são instituidos sob uma
ótica racionalista
7
, apesar das curvas “barrocas” de Niemeyer serem
uma referência.
Abelardo de Souza, imbuído dos princípios de Le Corbusier e da formação
no ambiente cultural do Rio de Janeiro, lança mão desses recursos na
produção de projetos de Clubes, instituições, Igrejas e fábricas. Neles
faz uso do repertório da arquitetura moderna brasileira: o pilotis, o
telhado borboleta, o elemento vazado, o muxarabi, o jardim interno, mas,
principalmente projeta edificações cuja unidade baseia-se na composição
5
.PEDROSA, Mario. Dos murais de
Portinari aos espaços de Brasília, org.
Aracy A. Amaral. Ed. Perspectiva, São
Paulo. 2002. P.325
6
PEDROSA,obra citada p.326
7
de acordo com Mindlin: “A estrutura livre
ou, quando esta não é a solução natural,
a estrutura franca e claramente integrada
ao projeto é uma outra característica
importante.” MINDLIN, obra citada, p.34
Grandes estruturas
83
de seus volumes componentes. A concepção geométrica de projetos como
o do mercado do Brás e Clube Cruzeiro apresenta uma dinâmica em que
volumes prismáticos regulares e oblíquos se articulam a cúpulas em concreto
e grandes panos com caixilhos dispostos horizontalmente, integrando-os
por meio de passeios cobertos e rampas que interligam as edificações.
Diferenciam-se dos seus edifícios em que prevalece uma estética baseada
na composição de materais, texturas e sombras, ele busca na tecnologia
do concreto uma relação de formas, revelando sua clara admiração pelo
trabalho de Oscar Niemeyer.
A arquiteta Miranda Magnoli confirma esta relação:
“Fábrica Duchen, infelizmente perdida, foi um marco por anos para todos os
arquitetos – A solução curva que explora o concreto foi muito significativa
para Abelardo; assim foi com o Copan. Ele exemplificava muito para os
alunos.”
8
Mercado do Brás de 1954 e Clube Cruzeiro
de 1953.
8
Depoimento em 18/06/2004.
Fábrica da Duchen de Oscar Niemeyer.
LABELARDO DE SOUZA
84
Brasilia e Ronchamps
Com o projeto de Ronchamps(1950-1954) e a arquitetura de Oscar Niemeyer
para Brasília (1955-1960), a discussão sobre estrutura, formalismo e
funcionalismo adquire uma nova dimensão entre os arquitetos brasileiros.
Sobre Ronchamps, Montaner fala da inversão de influência: Ronchamp
não seria possível sem as curvas de Niemeyer ou as ondulações de Aalto
9
,
mas em seu artigo para revista Acrópole intitulado Uma falsa crise
10
,
Artigas comenta a polêmica gerada pela não racionalidade de Ronchamp
tratando o arquiteto franco-suíço como mestre e tomando por referência
um texto de Niemeyer, reforça suas idéias sobre a relação entre estrutura e
arquitetura
11
que caracterizará a arquitetura que irá se desenvolver como
sequência da escola carioca.
Entre as idéias de Niemeyer, citadas por Artigas, ele destaca o uso da
estrutura como elemento integrante da solução plástica:
“as soluções compactas, simples e geométricas; os problemas de
hierarquia e de caráter arquitetônico; as conveniências de unidade e de
Congresso Nacional
em Brasíllia, Oscar
Niemeyer. 1957-
1960.
Notre
Dame du Haut, Ronchamps - Fran-
ça. Le Corbusier 1950-1954.
9
MONTANER, Josep Maria, Depois do
movimento moderno. Arquitetura da
segunda metade do séc XX. Editorial
Gustavo Gili, Barcelona. 2001 p.46
10
ARTIGAS, Vilanova, Uma falsa crise,
Acrópole nº 319, p.21-2
Grandes estruturas
85
harmonia entre edifícios e, ainda, que estes não mais se exprimam por seus
elementos secundários, mas pela própria estrutura devidamente integrada
na concepção plástica original.”
12
Niemeyer aponta a possibilidade de encontrar novas soluções dentro
do sistema estático não necessariamente funcionalistas, de forma que
arquitetura não se reduza a uma questão de engenharia, mas seja uma
manifestação do espírito, da imaginação e da poesia.
13
Os prédios de Niemeyer em Brasília, sobre o plano piloto de Lucio Costa
terão uma monumentalidade escultórica, e estabelecerão, além de uma
mudança dentro da visão da estética e do racionalismo, uma participação
social da arquitetura.
“O equilíbrio entre o social e o profissional se restabelece quando,
enfim, uma formidável e nobre missão se oferece ao arquiteto a construção
da utopia Brasília, a Cidade Nova, síntese do político e do social com o
estético-profissional.
14
Plano de ação Carvalho Pinto
Brasília, será exemplo de desenvolvimento social e no padrão moderno de
arquitetura para as obras governamentais.
No estado de São Paulo, seguindo a proposta instituída por Juscelino
Kubtischek com o plano de metas e Brasília que visava impulsionar o
desenvolvimento da área central do país, o governador Carvalho Pinto irá
criar o seu plano de ação voltado para o desenvolvimento do interior do
Estado.
11
SEGAWA, Hugo (1997) Arquiteturas
no Brasil 1900-1990. São Paulo, Editora
da Universidade de São Paulo, 2ª edição,
1999. 224p.il. p.147-8
12
NIEMEYER, Oscar 1958 “autocrítica”
in ARTIGAS, Vilanova, Uma falsa crise,
Acrópole nº 319, p.21-2
13
NiEMEYER, Oscar idem
14
PEDROSA, obra citada p.293.
LABELARDO DE SOUZA
86
“Carvalho Pinto contratou mais de 400 obras, entre fóruns, escolas,
hospitais, presídios, também valorizando a arquitetura moderna e abrindo
campo
para consagrados e recém formados arquitetos, na sua maioria
paulista. Concebidas como casos isolados, porém, essas obras não
conseguiram deflagrar ações que alcançassem uma ação econômica mais
duradoura, com vistas a um progresso social mais amplo.”
15
Os projetos eram desenvolvidos de forma indepente, dentro dos escritórios
de arquitetura contratados.
No início da década de 60, Abelardo de Souza fará seis projetos para
escolas no interior para o Governo do estado: Pres. Venceslau (1960),
Jundiaí(1962), Bauru (1962), Suzano (1961), Águas de S. Pedro (1961) e
Mogi das Cruzes (1967).
Fica claro nestes projetos para escolas, o conhecimento por parte de Abelardo
de Souza, de princípios deflagrados pelo Convênio Escolar desenvolvido
pela equipe de Hélio Duarte nas décadas de 40 e 50 e principalmente das
teses do educador Anísio Teixeira, com as quais havia tido contato nos
tempos da Univ
ersidade do Distrito Federal.
Grupo Escolar em Presidente Venceslau.
Abelardo de Souza, 1960.
15
CAMARGO, Monica Junqueira de, 2000.
Princípios da arquitetura moderna na obra
de Oswaldo Arthur Bratke. P65
Grandes estruturas
87
Hélio Duarte e o convênio escolar
O convênio escolar, teve o início de suas atividades no final de 1948. Nenhuma
criança sem escola era meta do Convênio para as comemorações do IV
centenário da cidade em 1954. Sua preocupação fundamental era com
espaços concebidos dentro da orientação doutrinária do educador Anísio
Teixeira, buscando a criação de espaços democráticos e uma escola pública
que fosse voltada para a formação integral do cidadão”
16
Cerca de cem escolas foram criadas pelo convênio escolar, sob a coordenação
de arquitetos Hélio Duarte e uma equipe de arquitetos
17
.
Sua estruturação utilizava um critério de divisão das atividades em zonas:
zona de “ensino” com salas de aulas, o museu, a biblioteca e a ginástica;
zona recreação” prevendos o galpão para recreio coberto, com palco para
dramatizações e a “administração” dividida em:
a) administração, propriamente dita, com salas para diretoria,
secretaria, arquivo, material escolar, sala de professores, biblioteca
didática, almoxarifado, e cômodos dos serventes.
b) assistência escolar, abrangendo as assistências: médico, dentária,
social e de nutrição.
c) Zeladoria com apartamento próprio.
Os critérios do programa visavam englobar em um mesmo âmbito escolar
as atividades normais do aprendizado primário com outras atividades
completivas consideradas “socializantes”.
Com base nesse critério onde a arquitetura deveria compor uma unidade
com o ensino, foram concebidos dois tipos de edifícios escolares: as
“escola-classe” e as “escola-parque” As primeiras constituíam-se de
edifícios econômicos de 12 salas aula, em terrenos relativamente pequenos
16
www.vitruvius.com.br/arquitextos/
arq031/bases/02tex.asp (4/6/2004)
17
Zenon Lotufo, Eduardo Kneese de
Mello, Eduardo Corona, Ernst Mange,
entre outros ligaram-se ao programa do
convênio escolar. www.aprenda450anos.
com.br (4/6/2004)
A filosofia de trabalho de Hélio Duarte
vinculava-se sempre ao trabalho em
equipe.
LABELARDO DE SOUZA
88
e destinadas a instrução propriamente dita. O segundo tipo ocuparia
terrenos maiores e traria atividades complementares a atividade escolar
da criança.
O convênio priorizava a construção das escolas em si, dentro de um
planejamento econômico, visando essencialmente a questão social, e
neste ponto houveram divergências entre os arquitetos sobre a qualidade
final dos edifícios a ser construídos, como declara Corona em depoimento
a Ricardo Carranza:
“… a gente propunha alterações, melhores acabamentos, porque a gente
defendia um aposição muito correta da União Internacional de Arquitetos.
Um prédio escolar deve ser um prédio nobre. De acabamento nobre.
Portanto de mateirais de primeira. Por que? Porquê deve atender a muitas
gerações de crianças.”
18
Abelardo de Souza também acreditava na missão da síntese das artes
para educação e apostava na qualidade de materiais, por isso veremos em
suas escolas largo emprego de elementos vazados, telhas em concreto,
pastilhas cerâmicas e forros em madeira e a inserção de murais realizados
por artistas como Renina Katz. As escolas basicamente compõe-se de
grandes estruturas com vãos livres em concreto, sob as quais são facilmente
observáveis os volumes de salas de aula e de recreação. A prioridade é para
as áreas destinadas aos alunos e é dado grande enfoque à interligação com
as áreas abertas, através de rampas e pátios ajardinados. O paisagismo é
parte integrante do projeto e suas visuais.
Apresenta neste momento uma forte marcação do esquema estrutural,
porém, será a partir de 1964 com o projeto para o Clube de Piracicaba e
demais projetos realizados em parceria com a arquiteta Miranda Martinelli
Magnolli, que se aproxima da linguagem adotada pelos arquitetos paulistas
onde a solução estrutural é definidora da composição plástica do edifício.
18
Corona in CARRANZA, Ricardo (2000).
Eduardo Corona: Arquitetura Moderna em
São Paulo.
Orientador: Lúcio Gomes Machado. Nível:
mestrado FAU/USP, São Paulo. P.118
Grandes estruturas
89
Artigas, escola paulista e brutalismo paulista
O período de 60-70, especialmente na arquitetura desenvolvida em São
Paulo, será caracterizado pelo farto uso do concreto de forma aparente em
estruturas integradas às resoluções estéticas. Esta arquitetura tornou-se
conhecida como escola paulista
19
.
De acordo com Segawa, esta tendência, inicialmente calcada nas declarações
de Niemeyer, atingiu em São Paulo uma grande influência devido a uma
série de fatores, entre os quais destaca:
“1. as condições políticas de discussão e ação das esquerdas, possíveis
nessa passagem de década para os anos de 1960, até o golpe militar de
1964; 2. a arquitetura era um tema presente no debate público cotidiano
em
função sobretudo da construção de Brasília; 3. o domínio de uma
tecnologia
própria constituía uma das questões programáticas do nacional-
desenvolvimentismo da época, e São Paulo, como maior pólo industrial do
país, enquadrava-se adequadamente ao figurino de centro de pesquisa de
soluções técnológicas e industrialização da construção(…); 4. o curso de
arquitetura
em São Paulo, diferentemente das demais regiões, tinha suas
origens não nas belas-artes, mas na engenharia, o que lhe configurava uma
maior familiaridade com a arquitetura enquanto questão tecnológica.
Mas
o fator mais palpável para a materialização de uma arquitetura
formalmente identificável como “paulista” deveu-se ao seu caráter de
continuidade à linha carioca.”
20
João Batista Vilanova Artigas foi o elemento aglutinador desta tendência.
Artigas, em seu artigo Uma Falsa crise dizia que a arquitetura reivindicava
para si uma liberdade sem limites no que tange ao uso formal. Ou melhor,
uma liberdade que respeite sua lógica interna enquanto arte.”
21
Garagem de barcos Santa Paula Iate Clube.
Represa de Guarapiranga, São Paulo.
Artigas, 1961.
19
“Com a deferência de Oscar Niemeyer
e sua apologia do material como suporte
ideal para suas
arquitetos alinhados com o
pensamento da “escola”. Enfim, o
concreto transformou-se na expressão
contemporânea da técnica construtiva
brasileira.” SEGAWA, obra citada, p.149
20
SEGAWA, obra citada p.147
21
ARTIGAS, ibidem
LABELARDO DE SOUZA
90
Além disso ele acreditava que a ação individual traduzida em termos
utilitários, deveria refletir uma posição filosófica e que não poderia haver
uma separação entre arte e sociedade
22
. Desta forma, num momento de
forte repressão como a década de 60, adquirem um peso muito maior as
figuras de linguagem que podem ser encontradas em seus projetos e de
seus “seguidores”
23
.
O uso de uma hipérbole nos elementos estruturais reforçava o esforço e
as tensões das estruturas e peso do material
24
; as casas voltavam-se para
dentro em empenas cegas, negando o entorno e apresentando interiores
totalmente abertos e fluentes muitas vezes abolindo hierarquizações de
uso e convivência tradicionais. Os espaços comunitários eram valorizados;
os recantos privados compactados”
25
. Os edifícios não possuiam
fechamento e por vezes vedação, visando ser amplos espaços de reunião
e convivência
26
.
Reelaborando o legado de Vilanova Artigas, um grupo de arquitetos se
tornará seu interlocutor, propondo na austeridade e no respeito do uso de
materiais e instalações à vista (tidos como acabamento em si), uma forma
de denunciar os processos que se escondem por detrás da produção da
arquitetura. Esta arquitetura será denominada brutalismo paulista.
“As soluções construtivas pesquisadas pela Arquitetura Nova são muito
sofisticadas
como elaborações de engenharia e arquitetura, mas muito
rudes
em sua aparência muitas vezes “mal acabada”, são soluções, cujo
sentido está em repropor a técnica como valor efetivo do homem que usa
e que produz esta arquitetura.”
27 e 28
Segawa irá tomar como marco do encerramento desta vanguarda o
Pavilhão Brasil em Osaka, em 1970, projeto de Paulo Mendes da Rocha.
Na sua descrição:
22
BRUAND, Yves (1981) Arquitetura
contemporânea no Brasil . Editora
Perspectiva S.A., São Paulo. 3ª edição,
1997. p.295)
23
“Se antes o uso do concreto aparente,
na sua rusticidade, colaborava para uma
construção mais franca e econômica,
hoje comanda, por razões que ninguém
examina, as mais rebuscadas filigranas.
A organização diferente de plantas e
espaços, fruto de um pensamento atento,
desemboca no exotismo inconseqüente
dos arranjos hiperbólicos. E tudo explicado
em função de cuidadosa observação de
significação imanente de técnicas ou
materiais, sob a proteção da racionalidade
própria de sua evolução. A técnica
cristalizada assume o papel ativo – ela
contém a verdade. De instrumento passa
a motivação.” Sérgio Ferro in SEGAWA,
obra citada, p.154
24
KOURY, Ana Paula, Grupo arquitetura
nova. Tese de Mestrado E.E.S.C.,
orientador: Prof.Dr. Carlos A. Ferreira
Martins. São Carlos. 1999. P.32
25
SEGAWA, obra citada p.151
26
“(…) mesmo distante de qualquer
transformação redentora da sociedade
brasileira, a arquitetura deveria ensaiar
modelos de espaços para uma sociedade
democratica, atendendo aos anseios
da maioria da população. Para esses
arquitetos, a cidade era concebida como
um espaço democrático, espaço de
convivência, de encontro.” SEGAWA, idem
27
KOURY, obra citada P.29
Grandes estruturas
91
Pavilhão de Osaka. Paulo Mendes da Rocha, 1970.
28
“O papel da arquitetura como agente
de tranformação da realidade é levado
ao extremo pelos jovens arquitetos.
A intenção didática de caracterizar os
esforços presentes na sustentação do
espaço construído é radicalizada para
a caracterização dos esforços sociais e
econômicos, presentes no processo da
construção civil. A crítica ao canteiro de
obras e a valorização do trabalho nele
envolvido são os desdobramentos da
concepção de moral construtiva, presente
na obra de Vilanova Artigas.” K
OURY, obra
citada p.34
29
SEGAWA, obra citada, p.157
“Síntese dos aspectos morfológicos mais caros à linha paulista: uma
grande cobertura regular, com iluminação zenital em toda sua extensão,
apoiada
em apenas quatro postos. Espaço coberto, livre; pavilhão que não
tem
portas, barreiras físicas, o piso “interno” era continuidade do chão
comum de toda a Feira; local de encontro, recinto de confraternização.”
29
Projetos com Miranda Magnoli
Em
1963, Abelardo de Souza associa-se a arquiteta Miranda Magnoli, no
escritório da Rua Silvia, continuando com ela até 66, em um sobrado da
13 de maio.
Miranda havia sido estagiária de Abelardo em 1951, quando estava no
ano da FAU USP e era sua aluna e de Artigas na cadeira de composição. Daí
surgiu uma grande amizade. No ano seguinte ela passou pelo escritório do
paisagista Roberto Coelho Cardozo e depois no atelier de Joaquim Tenreiro,
ambos amigos de Abelardo.
Abelardo era grande incentivador de seus colaboradores, dessa forma,
impulsionou o trabalho de Miranda, Maitrejean, Caron, Rosa Kliass, entre
outros.
Deste
período pudemos relacionar os projetos: escola em Presidente
LABELARDO DE SOUZA
92
À esquerda, aproveitamento foz do Chopim.
Acima: Lince Estância Clube e CLube de Campo
de Piracicaba.
30
Ver projeto em BRUAND,obra citada,
p.220
31
O projeto de Fonyat possui uma solução
engenhosa para a caixa d’água – a
cobertura em forma corte possui formato
de losango, aonde era possível prever
um reservatório em um lugar onde o
fornecimento de água não era constante.
No projeto de Abelardo a caixa d’água
encontra-se na coluna central, o que lhe
permitiu maior amplitude na cobertura.
32
Restaurante Los Manantiales.
MONTANER, Josep Maria, Depois do
movimento moderno. Arquitetura da
segunda metade do séc XX. Editorial
Gustavo Gili, Barcelona. 2001 p.46p.53
Venceslau (1961); Clube da Cidade de São Paulo (1963); Clube de Campo
em Piracicaba(1964); Internacional Golf Club (1964) ; Lynce Estância
Clube, Atibaia (1964); Residência João de Scantimburgo (1963/64);
Aproveitamento da Foz do Chopim, SP(1965); reforma e decoração no
hotel da Bahia (1966).
Foi possível detectar uma mudança nas características de projeto do
escritório, tanto no desenho como na forma de apresentação dos projetos.
Abelardo inicia uma pesquisa formal utilizando cascas de concreto pré
moldadas suspensas por tirantes de aço; como podemos verificar nos
projetos de Piracicaba e Atibaia. Miranda afirma que a pesquisa partiu
dele, empolgado com os projetos de Frei Otto na Alemanha e que sua
associação era pura generosidade de sua parte.
Grandes estruturas
93
Posto J. Bina Fonyat. 1959-60
Felix Candela, Rest. los Manantiales. 1957.
Abelardo de Souza, Merc. Pirituba. 1969-70.
Dessas obras apenas o Clube da Cidade foi concluído, o hotel da Bahia e o
Clube de Piracicaba parcialmente..
No final de sessenta Abelardo fica no escritório novamente e é quando
finalmente consegue executar um projeto com estrutura atirantada: o
mercado de Pirituba.
O Mercado de Pirituba
Projeto concebido dentro dos ideais da modernos democrático, um centro
de convivência. Sob uma estrutura aparente se desenvolve um ambiente
fluído, no qual, de qualquer ponto se tem domínio espacial.
Formalmente, assemelha-se ao Posto de Serviços da Petrobrás em Brasília,
de José Bina Fonyat
30
(1959-1960), porém a cobertura do Mercado de maiores
dimensões
31
e com o movimento das calhas possui maior “tensão”.
Em sua expressividade faz supor o conhecimento das formas expressionistas
de Felix Candela
32
e uso de uma arquitetura simbólica: o guarda chuva que
acolhe.
Nos materiais utilizados e a ausência de vedação demonstra- se alinhado
com as correntes presentes em São Paulo.
Abelardo presta o seguinte depoimento a um jornal em 1972:
”Hoje em dia o concreto aparente está sendo
muito usado pelos arquitetos.
Eu gosto de jogar com cores, criando um contraste com o cinza do
concreto.”
”A
grande área aberta, entre as paredes dos boxes e a cobertura, não será
fechada com caixilhos. Assim haverá muita ventilação. Fazer compras no
mercado será quase como numa feira-livre.”
LABELARDO DE SOUZA
94
Infelizmente o mercado encontra-se hoje desvirtuado em seu uso e
arquitetura, necessitando urgentemente de reparos.
Projetos Residenciais
Projetos residenciais
97
Fugindo dos padrões
Foram os edifícios residenciais e comerciais que tornaram conhecida
a obra de Abelardo de Souza. Porém, ao longo de sua carreira encontramos
por volta de 100 projetos residenciais. São residências para as classes
média e alta, em sua maioria na cidade de São Paulo e litorâneas.
Os primeiros projetos localizados datam de 1944. Trata-se de um
grupo de casas projetadas para o Banco Hipotecário Lar Brasileiro no Bairro
do Paraíso.
Abelardo de Souza, nas residências trabalha com estrutura livre,
destacando-se pelo jogo de volumes, fluência espacial, integração interior
e exterior, uso de cores e materiais. Procurou sempre optar por elementos
padronizados industrializados como janelas, placas de fibrocimento,
pastilhas. O pátio interno também é um elemento de seu repertório, numa
tentativa de driblar a exigüidade dos lotes urbanos.
Desde o início de sua carreira demonstrou-se um fervoroso adepto
modernismo, mesmo quando ainda eram freqüentes os projetos nos
padrões dos anos 30, 40.
Neste período, de acordo com Camargo:
“O padrão residencial para as classes média e alta nas décadas de
30 e 40 na cidade de São Paulo era, via de regra, sobrados com edícula
e garagem nos fundos. O espaço era fragmentado, constituído de vários
cômodos para funções específicas, mas, um único e grande banheiro. Um
corredor central distribuía pequenos cômodos pelas laterais, resultando num
grande desperdício de área útil. Sacrificavam-se os cômodos em função da
ABELARDO DE SOUZA
98
circulação. A área social voltava-se para frente e por isso era protegida dos
olhares dos transeuntes através de pequenas aberturas. Uma edícula nos
fundos abrigava a garagem , as dependências de criados e lavanderia, que
naquela época resumia-se a um tanque, quase sempre em local aberto,
uma vez que não existia a máquina de lavar. As aberturas limitavam-
se a cumprir a função de ventilação e insolação, sem a preocupação de
promover a integração dos espaços
1
Nestor Goulart dos Reis Filho relaciona as soluções de planta desse
período - com seus múltiplos cômodos e discriminação das áreas de trabalho-
à influência ainda presente do passado colonial, visto que o lote urbano
não havia sofrido as transformações compatíveis com o desenvolvimento
da cidade e, claro, as mentalidades anacrônicas.
2
As primeiras casas e a linguagem carioca
Em sua primeiras casas paulistanas na década de 40, o arquiteto
ainda faz o uso de telhados aparentes, ao invés de laje plana ou telhas
encobertas por platibandas. Utiliza os volumes puros em sequência, numa
linha funcionalista dentro de uma certa organicidade, como ressalta Geraldo
Ferraz sobre a casa Oswaldo Young. Isto parece natural, visto que segundo
Acayaba :”Nesse tempo era significativo o prestígio do arquiteto americano
Frank Loyd Wright entre os arquitetos de São Paulo”
3
. Já neste momento
observa-se uma fluidez espacial, limpeza de ornamentos e valorização
de todas as fachadas. Alguns brises e terraços em balanço pontuam as
aberturas.
A partir da década de 1950, suas residências apresentam padrões
Residência Osvaldo Young. 1944.
Projetos residenciais
99
claramente racionalistas, ligados a Le Corbusier e a exuberância da
arquitetura carioca.
O projeto para Casa de Campo, ainda que repleto de um repertório
típico do momento da Arquitetura carioca com seus volumes trapezoidais,
telhado “asa de borboleta”, demonstra uma inventividade estrutural,
quando utiliza pilares em madeira não aparelhada. O mesmo material
também será utilizado em série, dispostos paralelamente como forma de
vedação, numa solução perfeitamente integrada, havendo uma dialética
entre tecnologia e materiais naturais, entre o moderno e o tradicional.
Posteriormente, Abelardo começará a repetir soluções para projetos,
como se estivesse preso dentro de um estereótipo, contrariando a crença
que Na prática, a casa é muitas vezes a única, a melhor ocasião para
o profissional experimentar. Esse projeto, como outro qualquer, o leva
a pensar na cidade, na expressão dos espaços e na dinâmica da vida. A
casa, dizia Le Corbusier, é o palácio do séculoXX”
4
. Portanto, o rótulo
“carioca”, que o levou a uma inventividade e diferenciação em seus projetos
de edifícios multifamiliares e comerciais, o deixará preso quando se trata
de projetos residenciais.
Plantas compactas com estruturas livres, a estrutura do volume
superior destacada do térreo, uso de pátio interno voltado para o fundo
do terreno, janelas guilhotinas com molduras coloridas, serão repetidos a
exaustão. Talvez como creditou Reis à repetição de um passado colonial,
tenha sido a exigüidade dos lotes que o levou a prescindir de uma
fórmula.
Abelardo, diferentemente de seus colegas paulistanos como Levi,
Bratke e Artigas, não parecia interessado na busca de novas soluções e
parecia fazer aquilo que dele esperavam.
Mesmo fazendo uso do repertório moderno “oficial”, Abelardo possuia
Projeto para Casa de Campo. 1945.
1
CAMARGO, Monica Junqueira de, 2000
.Princípios da arquitetura moderna na
obra de Oswaldo Arthur Bratke p.81
2
REIS, Nestor Goulart do. Quadro da
Arquitetura no Brasil.
Editora Perspectiva, São Paulo. 10ª
edição 2004.
3
ACAYABA, Marlene Milan (1986)
Residências em São Paulo
Projeto Editores Associados, São Paulo.
4
ACAYABA, Marlene Milan (1986) op cit,
p.
ABELARDO DE SOUZA
100
grande preocupação com as condições climáticas, haja vista que ele havia
sido um dos integrantes do salão tropical. De tal maneira que as soluções
para o Rio de Janeiro nem sempre cabiam de forma direta em São Paulo,
sofrendo assim uma adaptação. Assim, podemos ver as composições em
madeira, englobando os caixilhos das janelas fazendo-os parecer contínuos,
como uma fidelização aos postulados corbusianos.
Os pátios internos, além de garantir a presença da natureza,
auxiliavam na procura de melhor climatização e ventilação. Brises,
venezianas tratavam do controle de luz.
Na organização das plantas havia uma procupação com os aspectos
funcionais e busca de integração espacial.
Para construção das casas, empregou materiais fornecidos
pela indústria, tais como: elementos vazados nas varandas, tijolos nas
alvenarias, cerâmicas vitrificadas e madeiras nos pisos e fachadas, além
de coberturas planas.
Não falta proporção e qualidade aos projetos e a inventividade
acabava ficando por conta da composição no uso de materiais e cores.
Assim veremos aplicados pedra, madeira, “muxarabis” e cobogós, que
aparecem sobrepostos ao projeto reforçando a composição. Há uma
certa ousadia entre materiais naturais e elementos industrializados e pré-
moldados. As janelas contrapeso “tipo Ideal” são comuns em seu trabalho
e de acordo com Miranda Magnoli: as janelas contrapeso “tipo Ideal” eu
havia conhecido no escritório do Abelardo e do que recordo houve muito
de vários croquís do próprio Abelardo para melhorar, corrigir, aperfeiçoar
as primeiras janelas que foram executadas pela fábrica “
5
.
Os projetos eram razoalvelmente detalhados, mas ele fazia questão
de acompanhar as obras: “nas residências ele resolvia muitos problemas
na obra com os mestres da época que, em serviços de orçamento bastante
Casa do Arquiteto. 1945
Projetos residenciais
101
limitado, eram pessoas muito simples em que ele ensinava muito do que
deviam fazer. Recordo Ribeiro e Bernardo Blay rua Plínio de Morais.
Outro aspecto marcante eram os clientes de residências dele: em geral
profissionais liberais com a nossa mesma condição para construirem sua
moradia”
6
Quanto às cores, Abelardo fazia uso da policromia em caixilhos,
escadas e pisos sem temor e ainda complementava com a decoração.
Conforme depoimento de Maria Esther de Souza, filha do arquiteto,
sua casa na Av. Anhangabaú possuia uma incomum paleta de cores,
definida por Abelardo e Rebolo:
“No começo a porta era amarela da entrada, depois ele pintou de
vermelho. E por dentro o Rebolo fez uma bagunça! Foi ele que inventou
o jeito de pintar a casa. Indescritível, para o meu gosto indescritível: a
parede era ferrugem, onde tinha a lareira o sofá era roxo, foi o Zanine
quem fez. tinha uma bergere que era verde preto, tinha duas cadeiras
redondas que estão na casa da minha filha, uma era vermelho sujo, um
tapete redondo cinza e uma cortina em amarelo, preto e ocre.”
7
Móveis de Zanine e do português Joaquim Tenreiro, de quem ele era
grande amigo, serão presenças constantes em seus projetos. Na década
de 1950 surgiram diversas lojas de móveis e decoração, várias delas de
arquitetos, num esforço de criar o móvel brasileiro aquele que melhor
condizia com as condições locais de clima e de uso”.
8
Podemos destacar:
Studio D’Arte Palma, fundado por Lina Bo e Gian Carlo Palanti, Branco&Preto,
fundado por Miguel Forte, Carlos Millan, Roberto Aflalo, Plinio Croce, Jacob
Rutchi, Galiano Ciampaglia e Chen y Hua.
A casa José Ribeiro Sobrinho, no bairro do Morumbi, foi decorada
com móveis de Tenreiro e prima na composição com materiais.
Em 1965, Souza faz um maravilhoso projeto no Morumbi, com a
5
A arquiteta Miranda Magnoli em
depoimento de 18/06/94
6
idem
7
Depoimento Maria Esther de Souza,
colhido em 23/01/2004
8
ACAYABA, obra citada, p.25
ABELARDO DE SOUZA
102
arquiteta Miranda Martinelli Magnoli, para a residência João Scantimburgo,
aonde fica clara a preocupação com “o entendimento da vida do cliente”
9
.
A casa em quatro níveis desenvolvia-se em torno de um salão principal
que abrigava uma imensa biblioteca. Passarelas metálicas, farto uso de
concreto aparente, aberturas estrategicamente posicionadas marcavam o
projeto, infelizmente não executado. Os planos na fachada lembram os
volumes da casa Kauffman de Frank Loyd Wright.
Residência Scantimburgo.1966.
O PCB e a crise de projetos
Em 1958, o mea culpa de Niemeyer, quando aborda seu trabalho
para o setor imobiliário em São Paulo, leva a identificar imediatamente
Abelardo de Souza, que teve a maior parcela de sua obra vinculada a este
setor, especificamente para o mesmo contratante de Niemeyer, o Banco
Nacional Imobiliario.
Neste momento, como afirma Acayaba
10
, convivia-se com a
9
Miranda Magnoli, depoimento em
18/06/2004.
10
ACAYABA,op cit, p.19
Residência Kauffman, Frank Loyd
Wright.1936.
Projetos residenciais
103
Abelardo em sua casa na 13 de maio. Artigo de 1966, não identificado.
ABELARDO DE SOUZA
104
expectativa da mudança de capital para Brasília e o Rio de Janeiro perdia
sua posição de difusor cultural. Paralelamente, São Paulo crescia com novos
museus e a Bienal e seus arquitetos, encabeçados por Artigas, passaram
a combater o dogmatismo carioca, “como uma adaptação da arquitetura
corbusiana aos trópicos”.
11
O escritório de Abelardo entra em crise, coincidindo com um
desentendimento entre ele e o partido comunista, que o afastará de suas
atividades no PCB e, consequentemente, dos membros e amigos que
acabavam por constituir seu círculo de clientes.
Abelardo era membro ativo do partido comunista, não era da linha
de batalha, mas trabalhava na administração recolhendo fundos para o
partido. Na casa da Av. Anhangabaú sempre se realizavam reuniões, a filha
Mª Esther lembra que ela e a avó ficavam isoladas no quarto, mas sabiam
que estavam presentes inclusive perseguidos como Marighela e que havia
perigo naqueles encontros.
Apesar de afastado do partido desde o início da década de 60,
em 1965 Abelardo será acusado em inquérito como responsável pelas
atividades comunistas na Faculdade de Arquitetura juntamente com os
professores: Artigas, Renina Katz e Candido Lima Dias Silva.
Abelardo sofre considerável queda no número de projetos.
Em 1963 acaba por separar-se de sua esposa, mudando-se para
um sobrado na Bela Vista, à Rua 13 de maio. Era um antigo cortiço que
ele recupera de forma descomprometida. A frente será ocupada por seu
escritório, com um sala de projetos e uma de reuniões para receber clientes
e nos fundos ficava sua residência. Uma atmosfera displicente, aonde
materiais diversos são aplicados tanto como motivo de decoração como
para servir de mostruário. Uma antiga banheira faz as vezes de aquário,
com tijolos vazados construiu seu bar. Poucos móveis e almofadas no chão
11
ACAYABA, ibiden
Projetos residenciais
105
misturam-se a antiguidades e cerâmicas brasileiras. Nas paredes obras
de artistas consagrados, amigos de seu convívio: Rebolo, Di Cavalcanti,
Aldemir Martins, Belloni, Clovis Graciano, Heitor dos Prazeres, gravuras de
Renina e de Lamonica. Abelardo apreciava arte e era presença constante
como júri em salões.
Rapidamente o local tornou-se um ponto de encontro para amigos
e boêmios e de acordo com artigo publicado em 1970, a “casa Hippie” era
um dos recantos prediletos de Rubem Braga quando em São Paulo.
Esta nova fase será marcada principalmente pela intensa atividade
que passa a desenvolver no chamado “Clubinho”.
O Clubinho
Fundado em 1945, o “Clubinho” fez parte da crônica da cidade de
São Paulo e da vida de Abelardo de Souza.
Durante o período das festas carnavalescas de 1945, achando-
se
reunidos os artistas Paulo Rossi Osir, Alfredo Volpi, Francisco Rebolo
Gonçalvez, Nelson Nóbrega, Quirino da Silva, Mário Zanini, por proposta
de Paulo Rossi Osir, resolveu-se fundar o “Clube dos Artistas e Amigos da
Arte”.
Assim se inicia o primeiro livro de atas, que conta como surgiu a
entidade que logo passou a ser chamada de “Clubinho”.
P
ara obter os recursos necessários às primeiras despesas, os
associados fundadores cotizaram-se com os lucros obtidos na decoração
de uma sala, próxima ao antigo Cine Ipiranga para um baile carnavalesco.
ABELARDO DE SOUZA
106
Foram muitas as adesões: Sérgio Milliet, Arnaldo Pedroso D’Horta, John
Graz e outros, organizando-se uma lista de subscrições que logo atingiu
120 filiados.
A assembléia para a eleição do primeiro conselho diretor, que
formaria uma diretoria e um conselho deliberativo, aconteceu na noite
de 16 de outubro de 1945, na sede do IAB (então localizado na Praça da
República), elegendo-se o seguinte conselho diretor: presidente, Tarsila
do Amaral; secretários, Waldemar da Costa e Berco Udler; tesoureiros,
Gregori Warchavchik e Paulo Rossi Osir; conselheiros, Pola Rezende, Sérgio
Milliet, Clóvis Graciano, Aldo Bonadei e Arnaldo Pedroso D’Horta.
O pós-guerra foi um período de inércia e as atividades do “Clubinho”
que apenas se reativaram em meados de 1947, com uma assembléia geral
realizada na Biblioteca Municipal, em sala cedida por Sérgio Milliet (então
seu diretor). Foi eleito novo conselho e aprovados os estatutos do Clube
12
que, segundo o art “tem por objetivo o desenvolvimento das artes em
geral e a defesa do patrimônio artístico brasileiro”.
Em 1952, o “Clubinho” tranferiu-se para a sede própria, no subsolo
do prédio do IAB, na rua Bento Freitas 306. Era então seu presidente o
arquiteto Rino Levi. O ano de 1957 foi dos mais brilhantes, animado pela
intensa atividade de sua presidenta, a pintora e escultora Pola Rezende, à
qual sucedeu o pintor Clóvis Graciano. Atravessa época de pleno apogeu,
renovando-se as exposições individuais e coletivas, promovendo-se a Feira
Nacional dos Artistas e um Festival de Música Popular Brasileira. O baile
das quatro artes era o maior acontecimento carnavalesco da cidade, com
salões decorados pelos próprios artistas associados.
Segundo João Leite, presidente em 1965, a idéia padrão de sua
origem era:
12
De acordo com o artigo do Shopping
News de 22/05/1966, o estatuto foi
aprovado “após acalorados debates
recompensados depois por generosos
copos de uísque”
Evento no Clubinho home-
nageando Flavio de Carvalho.
Outubro de 1967.
Projetos residenciais
107
“A de um clube pequeno, intimista , fechado, decente, de gosto,
onde intelectuais e pessoas de sensibilidade às coisas do espírito possam
se encontrar, discutir, se informar, beber, comer, namorar e se divertir em
ambiente indiferente à vida comum”.
13
Abelardo de Souza exerceu o cargo de diretor geral durante o
mandato de João Leite que, tendo encontrado o clube em declínio devido à
saída de diversos membros, trabalhou para recuperar suas finanças. Após
isto, os sócios então, na tentativa de devolver o prestígio da entidade,
congregaram-se em torno de uma chapa única, cuja formação era:
presidente, Abelardo de Souza; vice, Mauríco Goulart; conselheiros, Clóvis
Graciano; Gerda Brentani, Giancarlo Palanti, Francisco Fanuelli, Myriam
Magda Nogueira, Ignacio de Loyola, Francisco Luis de Almeida Salles, e
outros.
A eleição da nova diretoria obteve grande divulgação. Entre suas
metas estavam a reforma da sede prevendo um bar, restaurante, biblioteca,
sala de reuniões e sala de espera. As obras seriam financiadas pelos próprios
associados através da venda de 200 quotas de sócios proprietários. Outra
forma de arrecadação seria reviver o “Baile das Quatro Artes”, com baile a
fantasia nos jardins do Ibirapuera.
Abelardo foi presidente do Clubinho por três mandatos tendo, neste
período, realizado atividades dos mais diversos gêneros: jantares
14
, Festa
da música popular brasileira (apoiado por emissora de tv), Debates sobre
filmes
15
, palestras, homenagens a artistas
16
, Shows, lançamentos de livros,
etc. Foi ele quem realizou o projeto de reforma do imóvel em 1965.
Amplamente divulgado pela mídia por sua atividade frente ao
“Clubinho”, Abelardo frequentava círculos políticos, artísticos e da sociedade
paulistana, sendo convidado entre outras coisas a participar da comissão
de Carnaval da Prefeitura de São Paulo (1968).
13
artigo de Quirino da Siva, retirado do
arquivo pessoal do arquiteto, jornal não
identificado, setembro de 1966.
14
Em junho de1966, Giancarlo Palanti
preparou um risoto a milanesa para os
associados
15
“O desafio “ de Paulo Cesar Sarraceni
maio 66 e “Viridiana”, entre outros
16
Entre os que foram homenageados no
“Clubinho” estavam: Flavio de Carvalho,
Ungaretti e Procópio Ferreira.
ABELARDO DE SOUZA
108
Em 1973 planeja sua reeleição e a mudança da sede, pois o centro
não era mais um ponto de encontro para os artistas e boêmios. Infelizmente,
não teve seus planos concretizados, pois de acordo com artigo do Estado
de São Paulo de 2002, o “Clubinho” acabou terminando melancolicamente,
devendo aluguéis para o IAB.
Fichas
Edifícios
111
DADOS DO PROJETO:
Execução: S.A.C.I.L. Soc.
Americana Construtora
Imobiliária Ltda
Incorporação: Banco
Hipotecário Lar Brasileira S.A.
Entrega da Obra: 1946
Local: Rua da Conceição
esquina com Rua Washington
Luiz
DESCRIÇÃO DO
PROJETO:
Situado a cinquenta metros
da Avenida Ipiranga, trata-se
de edifício de 20 pavimentos
para uso misto ocupando todo
o lote. É composto de dois
blocos distintos com entradas
separadas sendo: um bloco
para escritório e o outro para
residência, cada qual dotado de
dois elevadores.
Área do Lote:
Área Construída:
Nº de pavimentos: 20
Edifício Conceição
1942
Publicações:
Acrópole 126, p
.187-9.
1946.
SUBSOL
O: localizam-se:
depósito das 4 lojas com
acesso individual por escadas
internas, reservatório d’água,
casa
de bombas e inspeção dos
elevadores.
PAVIMENTO TÉRREO: Três
lojas com entrada direto pela
rua sendo: duas voltadas para
Rua Washington Luiz e uma
para Rua Conceição. O hall
de entrada para os escritórios
para a rua Conceição e
através dele se tem acesso à
unidade comercial. A entrada
do bloco residencial se faz pela
Rua Washington Luiz, havendo
distinção para a entrada de
serviço.
PAVIMENTO TIPO: As unidades
residenciais são voltadas
para face norte e leste. Cada
pavimento tipo possui duas
unidades residenciais e duas
comerciais, com áreas variando
ABELARDO DE SOUZA
112
Planta do subsolo.
Planta do 1º ao 13º.
Planta do 13º ao 20º.Planta do térreo.
Edifícios
113
entre 50 e 100 m2 nas
residências e 80 e 45 m2 nos
conjuntos.
Os apartamentos voltados para
rua Conceição são dotados de
terraços. As áreas de serviço e
banheiros concentram-se em
um pátio interno
um recuo no corpo do edifício
à partir do 13º pavimento.
TRATAMENTO DE FACHADAS:
A entrada dos apartamentos e
escritórios receberam destaque
pelo revestimento em mármore
travertino romano. O corpo do
edifício é em argamassa com
cor.
O arquiteto realiza um jogo
compositivo onde os terraços
em balanço formam uma
constante horizontal em direção
ao ângulo agudo da esquina,
contrapondo-se a empena cega
que acentua a verticalidade
da composição. Na fachada
da Rua Washington Luiz, um
requadro na estrutura compõe
uma moldura para as janelas
de diferentes ambientes.
Verifica-se nesta obra a
busca de Abelardo de Souza
por rítmos variados em suas
composições, à qual irá agregar
elementos novos, culminando
com a variação obtida no Ed.
Três Marias.
ESTADO ATUAL DO CONJUNTO:
O edifício encontra-se em uma
área degradada do centro e não
se diferencia do aspecto geral
da região.
Diversos terraços foram
fechados com caixilharias de
alumínio, eliminando o jogo
de sombras que produziam. As
lojas do térreo não possuem
padronização na sinalização
visual, o que aumenta o ar de
descaso. Sobram as entradas
revestidas com o mármore
importado que ainda mantém a
dignidade de outro tempo.
Imagens de 2003.
ABELARDO DE SOUZA
114
Edifício Hecilda
1948
Publicações:
Acrópole 120, p
.321-3.
1948.
DADOS DO PROJETO:
Arquitetos: Abelardo de
Souza, Hélio Queiroz Duarte e
Zenon Lotufo
Incorporação: Sr. Thimoteo
José Cezário de Campos e Dr.
Armando Moura Bitencourt
Entrega da Obra
Local: Rua Cezário Motta
esquina Rua Major Sertório
475.
DESCRIÇÃO DO
PROJETO:
Bloco em L com 10 pavimentos,
ocupando praticamente todo o
lote, com o térreo destinado a
lojas e os demais pavimentos
para moradia. Um recuo na
base em relação ao alinhamento
da rua forma pequeno jardim
e destaca térreo do corpo do
edifício. O uso de materais
diversificados reforça a
composição.
Área do Lote: 439,50 m2
Área Construída: 2.345 m2
de pavimentos: 10
pavimentos
Edifícios
115
Planta do térreo.
Planta 8º pav.
Planta do tipo.
Planta cobertur
a.
ABELARDO DE SOUZA
116
PAVIMENTO TÉRREO: Três lojas
com entradas independentes
pela rua. A marquize voltada
para Rua Major Sertório pontua
o acesso ao bloco residêncial.
PAVIMENTO TIPO: Duas
unidades com 2 dormitórios
voltadas para Rua Major
Sertório e uma unidade de três
para Rua Cezário Mota, com
áreas variando de 80 e 108 m2
respectivamente.
TRATAMENTO DE FACHADAS:
A estrutura do edifício é
claramente marcada na
fachada, fazendo parte de sua
composição. Os elementos
vazados são uma boa solução
para as aberturas da áreas de
serviço na fachada, ao mesmo
tempo que reiteram o interesse
pelo uso componentes de
uma arquitetura tradicional
preconizado pelo movimento
carioca. A planta livre no
térreo permitiu um recuo nas
alvenarias que se destaca pelo
uso de materiais naturais e
janelas contínuas.
ESTADO ATUAL DO CONJUNTO:
O térreo do edifício foi ocupado
por agência bancária que
alterou todos os acabamentos.
Os andares, apesar de
necessitarem limpeza e reparos
mantém seu aspecto original.
Apenas a cobertura com alguns
acréscimos ganhou um ar de
“favela”.
Imagens de 2003.
Edifícios
117
DADOS DO PROJETO:
Arquitetos: Abelardo de
Souza, Hélio Queiroz Duarte e
Zenon Lotufo
Incorporação: Sociedade
Imobiliária América Ltda.
Local: Alameda Jaú 1708-
1720
DESCRIÇÃO DO
PROJETO:
O edifício de tipo lamelar foi
implantado em uma diagonal
cortando o terreno. Desta forma
o lote não tem aproveitamento
total, mas como situação torna-
se extremamente agradável,
propiciando a todos os
apartamentos uma visão da rua
e do jardim de ingresso.
Área do Lote:
Área Construída:
aproximadamente 5900 m2.
Laje tipo: 490,40m2.
Nº de pavimentos: 9
SUBSOLO: Área livre com pilotis
sob a projeção do edifício.
Edifício Pedra Azul
1947
Publicações:
Acrópole 114 p
.165-7.
1947.
Planta situação e planta subsolo.
Fachada Leste.
ABELARDO DE SOUZA
118
Edifícios
119
PAVIMENTO TÉRREO: O
conjunto constituí-se de 2 blocos
espelhados possuindo entradas
separadas e 2 apartamentos
por bloco. O acesso aos halls se
faz pelo térreo através de um
passeio coberto. Uma marquise
compõe a entrada e abriga o
salão de festas.
PAVIMENTO TIPO: São
4 apartamentos de dois
dormitórios por andar. Os
quartos e estar ficam voltados
para fachada leste. No lado
oposto cozinha, dependências
de serviço e a sala de jantar,
estranhamente mais próxima
dos quartos que da área social.
COBERTURA: Terraço com ampla
cobertura em linhas orgânicas
sobre pilotis, clara menção
aos terraços-jardim propostos
por Le Corbusier. Neste piso
encontra-se o apartamento do
zelador.
TRATAMENTO DE FACHADAS:
As parede receberam aplicação
de pastilhas mescladas em bege
e branco. A composição regular
alternando terraços e janelas
evidencia a estrutura.
ESTADO ATUAL DO CONJUNTO:
O edifício encontra-se em uma
região extremamente valorizada
da cidade e a qualidade dos
apartamentos fez com que
se mantivesse um público de
bom poder aquisitivo estando o
conjunto no seu aspecto geral
bem conservado. Alguns dos
terraços foram fechados, e
as janelas dos apartamentos
baixos ganharam grades,
descaracterizando a fachada.
A marquize do salão de festas
recebeu uma cobertura em telha
de fibrocimento, em virtude de
vazamentos.
Imagens de 2003.
ABELARDO DE SOUZA
120
DADOS DO PROJETO:
Arquitetos: Abelardo de
Souza, Hélio Queiroz Duarte e
Zenon Lotufo
Projeto: 1948
Execução: Cia. Comércio,
Imóveis e Construção
Engenheiro: E.R. Carvalho
Mange
Incorporação
Entrega da Obra: 1960
Local: Rua Guedes de Brito
1 Praça da Sé, Salvador
Bahia
Premiações: Projeto Vencedor
do Concurso para sede
da Associação Bahiana de
Imprensa
DESCRIÇÃO DO
PROJETO:
Em 1941 foi instituido concurso
de projetos para construção da
casa do jornalista, sede da ABI,
Sede da ABI Salvador
1948
Publicações:
Acrópole 98, p
.52-4.
1946.
Acrópole 117, p
.249-51.
1948.
Acrópole 259, p
.176-7.
1960
DOCOMOMO-Br
asil/UFBA.1966
em terreno as Ruas Visconde
de Rio Branco e Rui Barbosa.
A equipe de Abelardo de Souza,
Hélio Queiroz Duarte e Zenon
Lotufo saiu vencedora, porém,
posteriormente, o local de sede
foi transferido para as Ruas
Guedes Brito e José Gonçalves.
Manteve-se o programa previsto
para o primeiro edital, mas o
projeto deveria adequar-se ao
plano de urbanização da Praça
da Sé, seguindo a ”indicação
dos
eixos, largura, grade dos
logradouros; a da altura, tipo
e condições outras de ordem
construtiva e arquitetônica dos
edifícios bem como as demais
limitações que um ambiente
histórico e artístico a preservar
possam impor as construções”.
De
acordo com DOCOMOMO,
relatos de jornais da época dão
conta que a sede da ABI bahiana
Edifícios
121
era bastante aguardada, e
que isto estaria refletido na
aceitação por parte do público,
de uma obra de tendências
tão modernas em um local de
caráter hitórico, chegando a
ser exaltada pela crítica como:
“imponente edifício da Praça da
Sé” ou ainda o “belo edifício de
linhas modernas”.
O edifício segue as linhas
canônicas de Le Corbusier na
volumetria simples e rítmo
das janelas, mas apresenta
elementos da arquitetura
moderna brasileira como parede
curva confrontando os volumes
regulares, azulejos, integração
exterior-interior.
O prédio da ABI da Bahia
apresenta alguma influência do
prédio da sede da ABI no Rio de
Janeiro, projeto de M.M.Roberto,
um dos primeiro a seguir
os princípios da arquitetura
moderna ressaltando o uso de
quebra-sol vertical, pilotis e
terraço jardim.
O artista baiano Mário Cravo
Junior, realizou painel em
mosaico com características
locais.
Área do Lote:
Área Construída:
Nº de pavimentos: 8
SUBSOLO: Na planta do
subsolo são apresentados casa
de bombas, depósito e depósito
de lixo, sendo a entrada de
serviços através da galeria no
andar térreo.
PAVIMENTO TÉRREO O
pavimento térreo possui hoje
a mesma estrutura do projeto,
ou seja, galeria com pilotis,
duas lojas com instalações
sanitárias. Do lay-out original
apenas a portaria foi deslocada
para o lado esquerdo junto ao
pilar. Os dois elevadores e a
escada imponente continuam
os mesmos e servem a todos
os andares. Onde seriam
colocados tubos, hoje encontra-
se uma meia parede curva
em blocos de vidro ocultando
parte da escada, o que vai de
encontro a proposta inicial de
ser uma escada monumental e
aparente.
SEGUNDO AO QUARTO
PAVIMENTOS: Planta livre com
a presença de quatro pilares
apenas, com núcleo central
formado pelo hall de elevadores,
projeto, vence-
dor do concurso.
ABELARDO DE SOUZA
122
as dependências sanitárias.
Possuía ainda varanda e amplo
terraço descoberto com parte
coberta com pérgola. Com a
transferência do auditório para
este andar, parte da estrutura
foi modificada, mantendo
apenas varanda e terraço.
TRATAMENTO DE FACHADAS:
O edifício possui estrutura em
concreto armado com pilotis.
Os elementos vazados, cobogós
de concreto estão presentes na
fachada e internamente em
louça, no hall de entrada.
Na época da construção foram
removidas as grades de ferro
deo e 7º pavimentos que
constam do projeto, sendo
substituídas por elementos
vazados. A fachada da rua José
Gonçalves sofreu mudanças
significativas em relação ao
projeto inicial pois não foram
colocados os brises do ao
5º andar.
Muitas da modificações que
descaracterizaram alguns
aspectos do projeto original
do edifício são provavelmente
decorrência da longa duração
da obra.
escada e sanitários.
QUINTO PAVIMENTO: O quinto
pavimento previa estrutura
para o atendimento médico
dos associados. Hoje a planta
encontra-se modificada pela
colocação de divisórias inclusive
ocupando parte do hall.
SEXTO E SÉTIMO PAVIMENTOS
No sexto andar localizava-se
auditório com foyer integrado ao
hall, chapelaria, dependências
sanitárias; além de terraço com
direito duplo de traçado curvo
que mais tarde seria decorado
com um painel mosaico de
pastilhas coloridas de autoria
do artista plástico Mario Cravo
Junior.
O sexto e sétimo pavimentos
tem estruturas diferentes dos
demais, pois tanto o auditório
como o terraço tem direito
duplo.
OITAVO PAVIMENTO: Era
proposto um restaurante
com cozinha, vestiários
adjacentes e bar. Podia contar
inclusive com serviços de
barbearia com acesso pelo
hall de elevadores bem como
Fachadas do 2º projeto.
Edifícios
123
ESTADO ATUAL DO CONJUNTO:
Atualmente o edifício é ocupado
pela empresa Correios e
Telégrafos em uma de suas
lojas e a outra pela Secretaria
de Transportes da Prefeitura. O
primeiro andar corresponde às
sobrelojas, sendo que o hall de
entrada tem direito duplo.
A ABI ocupa todo o segundo
pavimento mantendo auditório
no oitavo andar. Os demais
pisos estão alugados para
Secretaria de Transportes da
Prefeitura, com uma cantina no
sexto andar.
O edifício não passou por
reformas significativas
na estrutura e elementos
decorativos no decorrer dos anos
desde sua inauguração e pode-
se dizer que se encontra em
bom estado de conservação. Em
1966 o prédio sofreu reformas
para solucionar problemas de
infiltrações. As esquadrias de
ferro foram substituídas por
alumínio. A pintura e pastilhas
externas necessitam reparos.
Projeto da sede para
o novo terreno.
ABELARDO DE SOUZA
124
Imagens de 2004.
Edifícios
125
O Jardim Ana Rosa foi construído
em terreno com mais de dois
alqueires que abrigava o
Instituto Ana Rosa, em Vila
Mariana.
Em junho de 1951, a revista
Acrópole
1
dedica capa e artigo a
este empreendimento do Banco
Hipotecário Lar Brasileiro.
Outras duas áreas urbanizadas
pelo banco
2
também foram
mencionadas.
O programa de base, de
acordo com a revista, previa
a construção de 558 metros
de galeria de águas pluviais,
de 1040 metros de rêde de
esgotos, e 971,80 metros
para o prolongamento da de
água potável, prevê também
a pavimentação de 9200
metros quadrados a asfalto e a
paralelepípedos. “
3
Foram traçadas ruas e uma
avenida (Lar Brasileiro)
que ligaria Vila Mariana à
Aclimação, e prevista para
Ed. Largo Ana Rosa
1951
Publicações:
Acrópole 158, p.58.
1951.
toda a gleba a construção de
“300 apartamentos residenciais
e
lojas, nas proximidades
do Largo Ana Rosa, de 55
residencias unifamiliares na
Av. Lar Brasileiro e 80 casas
geminadas em grupos de 3, 5 e
6, prédios nas demais vias.”
4
Para os edifícios eram previstos
inicialmente seis blocos de uso
misto, com projeto de Abelardo
de Souza
Em 1953 Plinio Croce e Roberto
Aflalo, através de concurso
5
,
projetarão uma unidade de uso
exclusivo para habitação e no
mesmo ano Eduardo Kneese
de Mello projetará um conjunto
com seis edifícios, ocupando
uma das quadras residenciais
(apenas dois serão realizados).
Outros três conjuntos de
edifícios serão construídos
também nas áreas inicialmente
previstas para residências
unifamiliares.
6
1
Acrópole 158, p.56-67 (1951)
2
Uma localizada próximo ao Rio
Pinheiros, à Rua Tucuman, e outra
no jardim paulistano.
3
Acrópole 158, p.56 (1951)
4
Acrópole 158, p.56 (1951)
5
“Os arquitetos foram escolhidos
pelo dono do empreendimento,
um grande banco de crédito
imobiliário, através de um
concurso.”(MINDLIN)
MINDLIN, Henrique E.(1956).
Arquitetura Moderna no Brasil.
Aeroplano Editora, Rio de Janeiro.
1999. P.124
6
Não conseguimos identificar sua
autoria.
Acima: maquete do bairro.
Ao lado: Ed. Biaçá de Croce e Afla-
lo
.
Em baixo ed. de Kneese de Mello.
ABELARDO DE SOUZA
126
DADOS DO PROJETO
Incorporação: Banco
Hipotecário Lar Brasileiro
Local: Largo Ana Rosa
DESCRIÇÃO DO PROJETO:
São oito blocos, com térreo e
dois pavimentos, distribuidos
em três quadras voltadas para
o largo Ana Rosa. Edifícios
compactos e sem recuo,
ocupando grande porção do
terreno.
Área do Lote:
Área Construída:
Nº de pavimentos: 2
PAVIMENTO TÉRREO: Foram
previstas lojas para térreo, por
serem as edificações próximas
zona de grande movimentação.
Com 40 lojas direcionadas para
rua formaram-se no interior
do edifício pátios internos com
jardins e play-ground.
PAVIMENTO TIPO:
Nos pavimentos, cinco
apartamentos por laje, com
plantas diferentes. São no total
cerca de 80 apartamentos. O
programa para classe média
contemplava: sala, dois
dormitórios, um banho, cozinha
e dependências de empregada,
com áreas de serviço. O setor
de serviço fica voltado para o
pátio interno .
A
circulação vertical é feita por
escadas que servem grupos de
três ou quatro apartamentos.
TRATAMENTO DE FACHADAS: O
prédio é revestido em pastilhas
vitrificadas tons de cinza,
rosa e amarelo. As águas do
telhado foram usadas como
elemento da fachada. Janelas
em madeira com venezianas
em cima foram dispostas
alternadamente na fachada
ritmando a composição.
ESTADO ATUAL DO
CONJUNTO: O conjunto não
se encontra bem conservado,
com exceção do bloco voltado
para Rua Dr. José de Queiroz
Aranha.
Imagens de 2002.
Maquete publicada na revista Acrópole.
1951.
Edifícios
127
ABELARDO DE SOUZA
128
Imagens de 2002.
Edifícios
129
DADOS DO PROJETO:
Local: local da antiga Casa de
Misericórdia e a cavaleiro da
Praça dos Andradas em Santos
DESCRIÇÃO DO PROJETO:
Dois grandes blocos, um com
15 e outro com 20 pavimentos
seriam localizados ao do
morro, dando vista sobre a
Praça dos Andradas. Um bom
aproveitamento do terreno
com a interligação em rampas,
solucionando a exiguidade
de espaço e aproveitando
a declividade topográfica
acentuada.
Os acessos, à meia altura do
bloco frontal curvo e ao
do segundo, seriam atingidos
através de uma rampa muito
bem articulada em relação ao
terreno exíguo e de acentuada
declividade. O movimento
Dois Edifícios em
Santos
1952
Publicações:
Acrópole 184, p
.172.
1953.
Habitat 39, p
.10.
1957.
ABELARDO DE SOUZA
130
curvo dialogando com a
encosta fazendo amplo uso
das possibilidades do concreto
lembram as pesquisas cariocas
para conjuntos habitacionais.
Nº de pavimentos: 15 e 18
PAVIMENTO TIPO: Os
apartamentos previstos eram
tipo duplex com área social e
cozinha no primeiro piso e 3
dormitórios e um banheiro no
nível superior. Era comum o
uso de dois pisos neste tipo de
habitação para o período, sendo
inclusive recomendadas por
Sérgio Porto para os projetos
dos IAPs.
1
1
“Entre os tipos de apartamentos,
adotamos o do sistema ‘duplex’ pelas reais
vantagens que apresenta (…). Oferece
uma economia de 15% de espaço e 20%
nas despesas com corredores, móveis,
iluminação, etc. A grande vantagem, no
entretanto, é a decorrente da instalação
em dois pisos, que traz a real separação
da parte de uso diário da outra, havendo
assim mais tranqüilidade e intimidade”
(PORTO 1938:43) in FIGUEROA p.109.
Plantas apartamento duplex
Implantação Corte
Edifícios
131
Em 1953 o BHLB lança o Plano
diretor para o grande Conjunto
Residencial de Perdizes, com
projeto de Abelardo de Souza.
Desse conjunto, apenas dois
blocos foram realizados por
Abelardo.
O terreno, adquirido pelo Banco
Hipotecário Lar Brasileiro com
cerca de 14000 m2, abrigava a
Clínica Psiquiátrica Dr. Homem
de Mello.
“O surto imobiliário em São
Paulo, iniciado após a II Guerra,
favoreceu a grande especulação.
Aproveitaram-se para tais
terrenos estrategicamente
situados em esquinas de ruas
comerciais, sempre prevendo
edifícios mistos. Somente no
começo da década de 50 é
que se cogitou da execução de
grandes conjuntos residenciais
instalados em quarteirões
inteiros”
1
Este foi o caso deste conjunto
Plano Diretor para
Conj. Residencial
de Perdizes
1953
de Perdizes. O projeto de
Abelardo de Souza previa
quatro edifícios, lamelares,
sobre pilotis, com garagem,
área livre e equipamentos
em comum. Este projeto foi
amplamente divulgado nas
revistas da época.
Geraldo Ferraz, em artigo
dedicado à obra do arquiteto,
destaca o projeto:
“Mas o grande projeto de
um conjunto residêncial em
Perdizes, cuja construção
parcial terminou, marca o
melhor acontecimento na vida
do arquiteto, e uma inteligente
possibilidade aproveitada pelo
empreendimento imobiliário
trabalhando uma área ampla
e reservando seus espaços a
proporcionar uma elasticidade
à posição dos blocos, abrindo-
lhes, dentro do valor do terreno,
pleno uso sem o exclusivo fim
do “empilhamento humano”,
tão condenado. Esse conjunto,
verdadeiramente admirável,
foi teóricamente encarado e
concluida em parte na sua
execução, teve-se um exemplo
efetivo de que é possível
conciliar os interesses da
arquitetura com os de habitação
e lucros imobiliários.”
2
Foram construídos apenas os
blocos da Rua Ministro Godoy e
Franco da Rocha.
Em 1958, Plínio Croce, Roberto
Aflalo e Salvador Candia a
pedido dos incorporadores
realizaram novo projeto para a
área, acrescentando 3 edifícios
lamelares. O programa se
assemelhava ao primeiro,
porém com maior ocupação
do terreno e maior densidade
3
.
Como solução para as áreas de
estacionamento e comerciais,
aproveitando o desnível
existente, foi prevista uma
laje que nivelava o terreno,
ampliando a área comum de
lazer.
Deste novo projeto um edifício
foi construído à Rua Ministro
Godoy, o Edifício João Ramalho.
Os arquitetos receberam por
esta obra o prêmio internacional
da categoria habitações
1
XAVIER, Alberto/LEMOS, Carlos A.C./
CORONA, Eduardo.(1983) Arquitetura
moderna paulistana. Editora Pini, São Paulo.
1ª edição, 1983
2
FERRAZ, Geraldo, Novos Valores da
Arquitetura Brasileira: Abelardo Riedy de
Souza,(1957) revista Habitat, nº 39, p.7
3
Os blocos eram mais longos e altos.
Situação
ABELARDO DE SOUZA
132
coletivas na IV bienal de S.
Paulo.
Na década de 60, Aflalo e
Croce, desta vez associados a
Giancarlo Gasperini realizarão
para o banco mais dois blocos,
voltados para Rua Dr. Homem
de Mello, em forma de torres.
4
Note-se que em nenhum
momento o projeto de quadra
aberta se realizou, desde o início
os terrenos foram mantidos
separados.
Por fim foram construídas mais
três torres, desta vez com
incorporação da Zarzur, que
comprou o lote voltado para Rua
João Ramalho. A laje idealizada
por Croce e Aflalo foi realizada
para uma área comercial.
Apesar das alterações do
conceito inicial e de arquitetos,
a quadra regular delimitada
pelas ruas Ministro Godoy,
João Ramalho, Franco da
Rocha e Dr Homem de Mello,
com suas amplas áreas verdes
tornou-se um modelo de
referência e vem servindo de
residência a diversos arquitetos
e artistas
5
, tendo se tornado
conhecida como “Superquadra
de Perdizes”, numa alusão às
quadras de uso misto do plano
piloto de Brasília.
4
Uma tendência que vinha crescendo,
visto que nas torres havia uma entrada
única e nos edifícios lamelares uma para
cada bloco
5
Carlos Millan, Hélio Duarte e Tom Zé,
moraram na superquadra, Décio Tozzi
ainda vive lá.
Edifícios
133
DADOS DO PROJETO:
Execução: Construtécnica
Ltda.
Incorporação: Banco
Hipotecário Lar Brasileiro
Entrega da Obra
Local: Rua Ministro Godoy e
Franco da Rocha, Perdizes
Exposições: Selecionado
para a Exp.Internacional de
Arquitetura em 1953/54.
DESCRIÇÃO DO
PROJETO:
Nos edifícios de Perdizes,
Abelardo tem clara influência
dos padrões urbanísticos
estabelecidos pelo CIAM e
pela “Carta de Atenas”, porém
sempre sob uma ótica do
moderno carioca, utiliza-se de
elementos comuns a tradição
construtiva no Brasil: espaços
generosos, varandas e áreas
abertas e emprego de cores.
Podemos ainda notar uma
semelhança com os edifícios
de Lúcio Costa para o Parque
Guinle, quanto ao uso de
cores, a distribuição de áreas
dos apartamentos e escadas
destacadas do bloco, revestidas
em estrutura de metal e vidro.
1
Edifícios Ministro Godoy
e Franco da Rocha
Publicações:
Acrópole 184, p
.174.
1953.
Habitat 39, p
.12-3.
1957.
Acrópole 200, p
.366-7.
1955.
Arq. e Engenharia 31, p
.52-3.
1954.
Arq. e Decoração 4, p
.
1954.
Ed.
não identificada no acervo
do arquiteto
1954
1
Ver edifícios deLúcio Costa para o
Parque Guinle de 1948 em: Lauro
Cavalcanti, Quando o Brasil era moderno
Guia de arquitetura 1928-1960.,
p.196; e em Xavier,Britto e Nobre,
Arquitetura Moderna no Rio de Janeiro,
Rio de Janeiro, 1991, p.67
Planta térreo Ed. Min. Godoy
Ed.
Min. Godoy, foto
de 1954.
ABELARDO DE SOUZA
134
Área do Lote:
Aproximadamente 2250 m2
por edifício
Área Construída: Franco da
Rocha : 5.887 m2
Nº de pavimentos:
Edifício Ministro Godoy – 14
pav. – 56 aptos.
Edifício Franco da Rocha – 13
pav. – 52 aptos.
PAVIMENTO TÉRREO No
terreno comum aos edifícios, o
térreo livre sob pilotis, visava
a integração entre os lotes.
PAVIMENTO TIPO São 4
apartamentos por andar,
divididos em dois blocos
espelhados, com plantas de 2
e 3 dormitórios.
TRATAMENTO DE FACHADAS:
As fachadas revestidas em
pastilha rosa e azul para o
Ministro Godói e em Terracota
para o Ed. Franco da Rocha
fazem pleno uso da policromia
do barroco, invocada por Lúcio
Costa nos Edifícios do Parque
Guinle.
TRATAMENTO PAISAGÍSTICO:
Os edifícios, previstos para
ocorrer em quadra aberta,
foram implantados sobre pilotis,
sem sub-solo e haveria um
bloco de forma circular apenas
para garagem, de forma que
no térreo ocorressem grandes
áreas ajardinadas, comuns à
todos os blocos. Com a divisão
dos lotes e não construção da
garagem, as áreas destinadas a
jardim dividem seu espaço com
os veículos
Ed. Min. Godoy, ao
lado em 1954. Abaixo
e abaixo à direita em
2002.
.
Edifícios
135
Planta andar tipo Ed. Ministro Godoy. Fotos de 2002.
ESTADO ATUAL DO CONJUNTO:
Os edifícios encontram-se em
bom estado de conservação.
ABELARDO DE SOUZA
136
Edifídio Franco da Rocha, 1954 e hoje.
Edifícios
137
DADOS DO PROJETO:
Projeto: 1952
Execução:Soc. De Eng. Cyro
Ribeiro Pereira Ltda
Const. São Paulo S.A.
Construtécnica Ltda.
Incorporação: CNI
Entrega da Obra:1959
Local: Av. Paulista 620-648
DESCRIÇÃO DO
PROJETO:
O Edifício Nações Unidas é um
conjunto habitacional em dois
blocos na Av. Paulista esquina
com Brigadeiro Luís Antonio.
Suas fachadas tratadas com
jogo de cores em pastilhas e
brise-soleil em concreto são
Edifício Nações Unidas
Publicações:
Acrópole 184, p
.171.
1953.
Habitat 39, p
.15-6.
1957.
Habitat 12,p
.10-11.
1953.
Habitat 57, p
.20-4.
1959.
Acrópole 262, p
.270-2.
1960.
Arq. E dec. 1.
1953.
X
avier, Lemos e Toledo, p.35
.1983.
1954
resultado da pesquisa formal
de Abelardo de Souza levada
ao extremo.
O projeto é fruto de uma
incorporação do CNI e seu
programa de uso misto - com
térreo ocupado por lojas e
galerias de passagem obrigatória
para acessar os apartamentos -
baseou-se no êxito do edifício
Califórnia no centro, que de
acordo com Corona “levou seus
incorporadores a cogitarem
de programa semelhante
para terreno à Avenida
Paulista, então exclusivamente
residêncial. Foi este escolhido
com critério, pois se antevia
para o local a valorização de
atividades comerciais, função
tradicional da Brigadeiro, com
que fazia esquina.
1
O custo do terreno fez com
que os incorporadores tirassem
o máximo proveito da área
a construir: 63.000 m2 de
construção distribuidos em 3
blocos com 430 apartamentos,
25 lojas, garagem para 300
carros, galeria com 6 m. de
largura, playground, salão
de chá etc. Apresenta como
inovações elevadores em
cilindros independentes,
eliminação dos corredores com
valorização das áreas úteis,
blocos distintos reforçados pelo
uso de cores contrastantes na
fachada.
O
projeto efetivamente possui
uma arquitetura de linhas
marcantes e plantas com uma
boa distribuição de áreas. Uma
peculiaridade deste edifício, é o
grande número de elevadores:
o Nações Unidas para cada dois
apartamentos de dois quartos,
conta com dois elevadores
sociais e um de serviço. Isso
se justifica não somente pelo
baixo custo dos elevadores
na época, mas como uma
forma de minimizar o caráter,
ainda novo, de habitação
coletiva, prevalecendo “a noção
paulista da intimidade, na
individualização do abrigo, que
requer que a casa, a moradia,
não seja “devassada.”
2
Importante ressaltar o uso
de materiais padronizados da
indústria da construção que
vem se desenvolvendo.
3
1
LEMOS, Carlos, CORONA, Eduardo,
Arquitetura Moderna Paulistana, Editora
Pini, São Paulo. 1ª edição, 1983, p.35.
2
Geraldo Ferraz, Habitat, 57.
3
Geraldo Ferraz, Habitat, 57 p.21
”sublinhando a imponência do
cimento armado, do vidro, dos
elementos padronizados, das inúmeras
possibilidades que se apresentam à
intenção do harmonizador”
Maquete da 1ª versão do Nações Unidas.
ABELARDO DE SOUZA
138
Área do Lote: 4.940 m2
Área Construída: 48.664 m2
de pavimentos: Bloco
Paulista 18
Bloco Brigadeiro 21
SUBSOLO: Dois subsolos com
garagem para 300 carros
PAVIMENTO TÉRREO:
Galeria com 6 m. de largura
e 25 lojas com segundo
piso para depósito, sendo 9
com acesso apenas pela Av.
Brigadeiro e 4 com frente para
galeria e para rua.
A entrada dos apartamentos
com os elevadores dando
diretamente para galeria gera
um problema de segurança,
pequenas cabines de vidro
cercam os elevadores, numa
tentativa de minimizar o
fato. Diversamente, seu
contemporâneo o Conjunto
Nacional
4
, que previa de início
halls privativos na galeria
para as entradas dos blocos
comerciais e o bloco residencial
tem seu acesso separado feito
pela Rua Augusta.
5
A galeria é marcada pelos
pilares revestidos em granilite
cinza, que afunilam na base, em
estrutura muito semelhante a
usada pelos irmãos Roberto na
galeria do edifício Marquês do
Herval (1952)
6
, e é enriquecida
pelos detalhes de iluminação e
forro.
PAVIMENTO TIPO:Na laje sobre
a galeria foi destinada área de
jardim e play-ground.
São apresentadas três soluções
de plantas por andar com:
4 apartamentos tipo A com
dois dormitórios, voltados para
Paulista
5 apartamentos tipo B, com um
dormitório sendo 4 voltados
para São Carlos do Pinhal e um
para Paulista
12 apartamentos tipo C,
com dois dormitórios face
Brigadeiro.
ainda opções de plantas com
junção de Apartamentos tipo A-
B e CC, resultando em unidades
com três dormitórios.
COBERTURA: Na cobertura havia
salão com terraço ajardinado.
TRATAMENTO DE FACHADAS:
Solução original para uma
questão apresentada pela
arquitetura carioca foram os
brises fixos em concreto. De
forma quadrada, dispostos
com as lâminas alternadas,
4
Impossível não fazer comparações
com este conjunto da mesma época,
Segawa faz o seguinte comentário”num
programa que encontraria similar e
numa escala pouco maior no Conjunto
Nacional, na mesma Av. Projetado por
David Libeskind em 1955. Edifícios que
assinalavam uma transição para a nova
vocação da Paulista: do original retiro
da alta burguesia paulistana com seus
palacetes alinhados ao longo de seus
3 km, Edificios como o Nações unidas
introduziram nos anos 50 a verticalização
da artéria com o uso do solo tendendo
para o comércio e serviços.” Hugo
Sega
wa, Disseminando a linguagem
arquitetônica carioca em São Paulo,
Projeto nº 105, São P
aulo, 1987, p.143
5
Inclusive as garagens do bloco
residencial e comercial possuem entradas
distintas pela Al.Santos e R. Pe. João
Manuel respectivamente.
6
Ver Xavier,Britto e Nobre, Arquitetura
Moderna no Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, 1991, p.81.
Edifícios
139
Pavimento tipo do 1º ao 19º andar
Pavimento térreo
Tipo A
Tipo C
Tipo B
ABELARDO DE SOUZA
140
Fotos da construção e com os brises na fachada.
Edifícios
141
reforçavam os eixos horizontais
criando um interessante jogo
de sombras. Foram removidos
posteriormente.
TRATAMENTO PAISAGÍSTICO
No térreo, voltado para Avenida
7
Após o alargamento
da Paulista, o mural que
ficava ao fundo do jardim,
encontra-se diretamente
na calçada, protegido por
um gradil. Maiores detalhes
consultar: Cristina André
Campos, O Mural Moderno
em São Paulo,
Paulista, havia jardim com
palmeiras e parada rápida para
veículos. Com o alargamento da
via em 71 o jardim foi removido
restando apenas um pequeno
canteiro cercado, aonde
encontraremos um mural em
cerâmica de Clóvis Graciano
7
,
dentro da aplicação do conceito
moderno de integração das
artes.
No piso de mezzanino e
cobertura também havia
canteiros e áreas ajardinadas.
ESTADO ATUAL DO CONJUNTO
O edifício está de forma geral
preservado, ocupado e mantido
em suas funções. As lojas da Av.
Brigadeiro, sem padronização e
o gradil na laje sobre elas dão
um aspecto de descuido.
Imagens de 2004.
ABELARDO DE SOUZA
142
DADOS DO PROJETO:
Execução:1952
Incorporação: CNI
Entrega da Obra: 1956
Local: Av. Paulista 2.239
Exposições: Participou da
Exposição Internacional de
Arquitetura, 1957.
DESCRIÇÃO DO
PROJETO:
Localizado na esquina da
avenida Paulista com rua
Haddock Lobo, considerado
”Modelo de bom-gosto”
segundo o crítico Yves-Bruand
1
.
O bloco em L que visto da rua
parece um cubo é rompido
no 12 º andar por uma faixa
contínua em madeira e parece
rotacionado pela disposição dos
balcões em balanço pelo uso de
faixas alternadas de pastilhas
nas cores rosa e azul.
Apesar de não ser tão celebrado
quanto o polêmico Nações
Unidas, o edifício Três Marias,
de 1954, é um dos mais belos
exemplares dessa fase da
arquitetura brasileira em São
Paulo.
A obra é imponente mas respira
um ar de serenidade.
São três blocos de apartamentos
com entradas separadas num
total de 95 apartamentos,
distribuídos em 18 andares,
com metragens de a 140 a 270
m2.
Neste
edifício, a incorporadora
CNI optou por apartamentos
de alto padrão, provavelmente
devido a localização em trecho
mais nobre da avenida, por
isso não uma ocupação tão
ostensiva do terreno quanto no
Nações Unidas.
“A estruturação do edifício Três
Marias se fez dentro de um
risco bastante simples; o que
a enriqueceu foi a distribuição
dos espaços,(…), aproveitando
tôdas as oportunidades de luz
e de ventilação, favorecendo
a insolação, protegendo as
funções.”
2
Área do Lote: 2.580 m2
Área Construída: 20.785 m2
Nº de pavimentos: 18
SUBSOLO: Garagem para 100
carros com acesso aos blocos
pelo elevador de serviço. Uso
de laje tipo cogumelo.
PAVIMENTO TÉRREO
Nas portarias dos três edifícios
foi usado travertino romano
Edifício Três Marias
1952
Publicações:
Acrópole 184, p
.172-3.
1953.
Habitat 7, p
.18-20.
1952.
Habitat 39, p
.15.
1957.
Habitat 30, p
.62-4.
1956.
1
BRUAND, Yves (1981) Arquitetura
contemporânea no Brasil Editora
Perspectiva S.A., São Paulo. edição,
1997, pp.265-266.
2
Geraldo Ferraz, Conjunto residencial
“Três Marias”, Habitat nº30, São Paulo,
1956, p.62
Edifícios
143
paginado no piso e paredes, e as
luminárias para luz fluorescente
de linhas horizontais desenhadas
pelo arquiteto criam uma
atmosfera “miesiana”. As caixas
de elevador em mogno com
parede do fundo em réguas
como venezianas também foram
especialmente desenhadas pelo
escritório de Abelardo.
3
Pelas perspectivas originais,
vê-se que inicialmente no térreo
eram previstas lojas dando para
rua. No projeto executado, ao
invés das lojas foram realizados
apartamentos: os da Paulista
com área ajardinadas muradas
e nas unidades da Haddock Lobo
com elementos vazados até o
chão e jardim “interno”. Como
estes apartamentos ficaram
extremamente devassados,
os elementos vazados foram
posteriormente removidos
e substituídos por gradis
semelhantes aos utilizados nas
portarias.
A entrada do bloco da Paulista
(onde ficam os apartamentos
com maior metragem) se
fazia através de marquize
em concreto revestida de
pastilhas
4
, com o alargamento
da Paulista, a marquize e
3
Por imposição da cia. Vilares de
elevadores estas cabines foram
removidas, caso contrário não efetuariam
a troca do maquinário.
4
projeto original previa marquize em
alumínio conforme desenhos publicados
na revista Habitat nº7, 1952, p.20
ABELARDO DE SOUZA
144
Edifícios
145
dormitórios com elevador
comum. Áreas a 140 e 160 m2
Bloco Haddock Lobo 2 – Um
apartamento com sala, três
quartos, dois banheiros,
cozinha, área de serviço quarto
e banheiro de empregada. Área
200m2
Os dormitórios e living
possuem vista para rua e
ampla iluminação pelo uso de
caixilhos contínuos em madeira.
Voltadas para o pátio interno
concentram-se as áreas de
serviço, hall dos apartamentos
e banheiros. Neste pátio,
Abelardo de Souza conseguiu
harmoniosa composição pelo
uso de diversos elementos
vazados, amenizando os
diferentes formatos de janelas
e novamente lembrando os
edifícios do Parque Guinle.
TRATAMENTO DE FACHADAS
este projeto de características
marcadamente brasileiras,
constitui-se de dois volumes em
L, formando um volume único
que é rompido na altura do 12º
andar pela rotação dos balcões
em balanço que passam da
fachada da Av. Paulista para a
fachada da Rua Haddock Lobo.
Essa ruptura da composição é
o jardim foram removidos,
e hoje os apartamentos do
térreo tornaram-se imóveis
comerciais.
PAVIMENTO TIPO
Bloco Paulista Dois
apartamentos com elevadores
independentes. O primeiro
com três dormitórios e dois
banheiros, sala, cozinha, área
de serviço, quarto e banheiro de
empregada. O outro com três
dormitórios, sala, escritório,
cozinha, área de serviço,
dois quartos de empregada e
banheiro. Áreas 200 e 270m2
Bloco Haddock Lobo 1
Dois apartamentos de dois
Planta e imagens do Jardim inter-
no, projeto de MIranda Magnoli.
ABELARDO DE SOUZA
146
reforçada pelo uso alternado de
pastilhas nas cores azul e rosa,
repetindo as cores dos edifícios
do Parque Guinle, de Lúcio
Costa.
Foram utilizados materiais
sofisticados na construção,
que também possui soluções
interessantes na estrutura,
permitindo as grandes janelas
de correr com caixas de
venezianas em ipê em forma
contínua, marcando faixas
horizontais.
TRATAMENTO PAISAGÍSTICO
No pátio formado pelos dois
blocos, havia área comum de
churrasqueira, jardim e play-
ground, com projeto paisagístico
das Arquitetas Miranda
Martinelli Magnoli e Rosa Grena
Kliass, então colaboradoras de
Abelardo. A churrasqueira hoje
se tranformou em guarita e o
jardim deu lugar a uma área de
estacionamento.
Na cobertura, comum aos três
blocos, devido a vista magnífica
foi realizado também tratamento
paisagístico, o jardim suspenso
de Le Corbusier elevado às
alturas.
ESTADO ATUAL DO CONJUNTO:
O conjunto encontra-se mal
preservado, com as esquadrias e
as venezianas de ipê em estado
bastante deteriorado e inclusive
perigosas. O condomínio estuda
sua substituição por outro
material.
Algumas obras de segurança
foram feitas, mas algumas de
caráter “estético” vem sendo
realizadas pelos condôminos sem
critério. Precisa urgentemente
de apoio ou incentivo para sua
preservação.
Imagens de 2004.
Edifícios
147
DADOS DO PROJETO:
Incorporação: Proprietário
Sérgio Page
Entrega da Obra:1955
Local:Rua João Lourenço
797/ Av. Santo Amaro. V. N.
Conceição – São Paulo
DESCRIÇÃO DO
PROJETO:
Prédio de 3 pavimentos para
uso misto: loja, escritórios
e moradia. Localizado em
terreno de esquina, ocupa toda
extensão do terreno.
Área do Lote: 240 m2
Área Construída: 987m2
Nº de pavimentos: 3
PAVIMENTO TÉRREO: Grande
loja voltada para Av. Santo
Amaro com salão, copa e
dois banheiros. Na sua lateral
direita fica escada de acesso
independente para conjuntos
comerciais no 1º pavimento.
A parte residencial do edifício
possui entrada pela R. João
Lourenço. No hall fica a
escada de acesso para os
demais anadares e entrada
do apartamento no térreo,
que possui: dois dormitórios
voltados para Rua, cozinha e
banheiros com ventilação para
pátio interno.
PAVIMENTO: Projeta-se em
balanço fazendo proteção sobre
Edifício Bienal
1955
Publicações:
Arquitetura e Decoração 11, p
8-10.
1955.
Habitat 39, p19.
1957.
CAMPOS
, Maria Cristina André
O Mural Moderno em São Paulo,
mestr
ado FAU/USP, São Paulo.
V2p.20.2001.
ABELARDO DE SOUZA
148
a entrada da Rua João Lourenço
e o painel mural do térreo.
Na área comercial apresenta 5
salas e dois banheiros de uso
comum no corredor.
Na zona de moradia repete-se
planta do apartamento térreo.
PAVIMENTO TIPO: Três
apartamentos sendo um deles
repetição da planta do piso
térreo; um dois dormitórios
voltado para Av. Sto. Amaro
e um apartamento de um
dormitório na esquina.
TRATAMENTO DE FACHADAS:
Repete o padrão usado pelo
arquiteto de pastilhas nas cores
rosa e azul.
O primeiro e demais pavimentos
em leve balanço destacam-se do
térreo, numa composição que
evidencia a estrutura. Caixilhos
de madeira com composição
de cores. Fachada da Rua João
Lourenço apresenta mural em
mosaico de pastilhas, autoria
de Clóvis Graciano abordando a
vida no campo.
Edifícios
149
TRATAMENTO PAISAGÍSTICO:
Consiste apenas em algumas
jardineiras no alinhamento da
calçada na fachada da Rua João
Lourenço.
ESTADO ATUAL DO CONJUNTO:
O conjunto encontra-se bastante
deteriorado, especialmente
na face voltada para Av. Sto.
Amaro e coberto por pichações,
inclusive no painel.
Imagens de 2003.
ABELARDO DE SOUZA
150
SUBSOLO: dois andares para
garagens
PAVIMENTO TÉRREO: Neste
piso localizam-se a entrada
e hall do hotel, hall dos
apartamentos e uma galeria
com lojas comerciais.
PRIMEIRO PAVIMENTO:
Ocupado pela parte
propriamente hoteleira;
encontram-se os salões
abertos para o jardim, bar,
terraços, serviços e alojamentos
para empregados,
ao PAVIMENTO: 14 suítes
de hotel e 3 apartamentos
de dois dormitórios, 2
apartamentos de um dormitório
e um com 3 dormitórios.
10º ao 14º PAVIMENTO À
partir deste piso, o bloco
do hotel é interrompido e
prossegue apenas o andar tipo
de apartamentos.
DADOS DO PROJETO:
Incorporação: Salim Caed
Local: Anápolis- Goiás
DESCRIÇÃO DO
PROJETO:
O projeto lembra muito
as linhas do Nações
Unidas, principalmente na
volumetria e em alguns
pontos do programa, como a
adoção de bloco para galeria
comercial no térreo. Cabe
notar que algumas questões
foram melhor resolvidas
neste projeto como a
independência da entrada
do hotel e apartamentos em
relação à galeria.
Área do Lote:
Área Construída: 14.2000m2
Nº de pavimentos: 14
Hotel e aptos.
em Goias
1960
Publicações:
Habitat61, p.3-6.
1960.
TRATAMENTO DE FACHADAS
O
edifício adquire leveza
pelo volume do o bloco de
apartamentos encontrar-se
pousado sobre um pavimento
todo de vidro e ainda afastado
em relação ao alinhamento
da rua. O arquiteto seguiu
sua tendência na composição
de cores prevendo o uso de
pastilhas coloridas. Para o
bloco de apartamentos de
pastilhas esmaltadas, “siena”,
com lâminas curvas de fibro-
cimento, azul claro e janelas
brancas; no bloco do Hotel,
pastilhas verde claras, janelas
brancas e montantes cinza. A
parte térrea foi toda trabalhada
em caixilhos de alumínio,
vidros azulados e uma faixa de
venezianas vermelhas.
A fachada do bloco de
apartamentos foi protegida com
brises verticais de concreto.
Edifícios
151
DADOS DO PROJETO:
Incorporação: Imobiliária
Deville
Local: Rua da Consolação
DESCRIÇÃO DO
PROJETO:
Este projeto de Hotel, com
programa complexo, seria
realizado em terreno no
centro de São Paulo, aonde
localizava-se o antigo cine
Odeon, em frente ao edifício
Copan. O empreendimento
visava aproveitar lei que
favorecia a construção deste
tipo de empreendimento,
na época. Apesar da ampla
divulgação em jornais, o
projeto não saiu do papel.
Área do Lote: 4.450m2
Área Construída: 96.000m2
Nº de pavimentos:
SUBSOLO: Com 4 pisos, sendo os
três primeiros para automóveis
e, no sub-solo localizam-
se os serviços gerais do hotel:
lavanderia, confeitaria, adega,
despensa, cozinha e refeitório
para empregados, garagem
para carro dos hóspedes, central
telefônica, cabine de força.
PAVIMENTO TÉRREO : Previa
uma galeria de 10 m de largura
e 150 m de comprimento
para onde dão 44 lojas com
mezzaninos; o grande hall
do hotel com cerca de 650
m2; 4 escadas rolantes que
comunicam com os dois andares
de sobre-lojas e mezzaninos
num total de 192 unidades.
PAVIMENTO: No
pavimento concentrava-se
a parte social do hotel com
um salão para refeições, uma
galeria com lojas, uma piscina
com vestiários, um restaurante
com cozinha privativa, 2 amplos
salões de festas e convenções,
etc., com serviço separado e
um salão de chá ou “boite”,
com elevador privativo.
PAVIMENTO: O
pavimento com cerca de
4.450 m2 compunha-se de um
grande jardim, um instituto de
fisioterapia, um restaurante,
uma creche e jardim de infância
para filhos dos hóspedes.
Hotel Tropical Palace
São Paulo
1960
Publicações:
Habitat62, p.7-18.
1960.
ABELARDO DE SOUZA
152
PAVIMENTO TIPO: Foram
previstos 30 andares com 1230
apartamentos, sendo todos
dispostos de frente
26º e 28º PAVIMENTOS:Ai
localizava-se o heliporto, para
embarque e desembarque de
passageiros, e uma ampla
galeria com as 7 lojas de
serviços como: agência de
turismo, banco, restaurante,
etc, a 115 m acima da rua,
COBER
TURA: A cobertura
loca
va uma pista de pouso com
20 m por 80.
TRA
TAMENTO DE FACHADAS:
Para Todas as fachadas foi
previsto revestimento com
pastilhas esmaltadas coloridas.
A fachada da Consolação no
térreo, seria revestida com
granito verde Ubatuba polido,
e na primeira sobreloja com
mezzanino havia caixilharia de
alumínio.
TRATAMENTO PAISAGÍSTICO:
Um andar ajardinado com
4.450 m2
Edifícios
153
ABELARDO DE SOUZA
154
Obras Institucionais
155
DADOS DO PROJETO:
Projeto: 1945
Execução: NE
Local: Ourinhos SP
Exposições: Projeto
selecionado para Exposição
Internacional de Arquitetura
(Bienal 1951)
DESCRIÇÃO DO
PROJETO:
Conjunto esportivo
compreendendo piscina,
arquibancada, vestiários e
um bar. A irregularidade do
terreno levou à solução da
arquibancada: os degraus
foram cobertos com uma forma
continuada, dobrada em sentido
oblíquo, obtendo assim um
relevo diferente. A arquibancada
é alcançada por meio de duas
rampas convergentes que
sobem do lado de trás.
Área do Lote: 20.5560m2
Área Construída:
aproximadamente 1.000m2
TRATAMENTO DE FACHADAS: O
projeto aposta na plasticidade
do concreto armado, pelo uso
de curvas e balanços, dentro de
uma geometria simples e bem
elaborada.
Cobertura de piscina
Clube Atlético Ourinhense
1945
Publicações:
Habitat 2, p
.12-13.
1951.
Acrópole 184, p
.172.
1953.
Habitat 39, p
.7.
1957.
Planta geral do complexo esportivo de Ourinhos
LABELARDO DE SOUZA
156
Projeto da piscina, arquibancada e
vestiários.
Obras Institucionais
157
DADOS DO PROJETO:
Execução: NE
DESCRIÇÃO DO
PROJETO:
O projeto para os estúdios
da Tupã filmes foi um estudo
de 1948. De acordo com
Geraldo Ferraz: “Resultou
esse aglomerado de massas
levemente onduladas,
judiciosamente distribuídas
numa larga combinação
de linhas em que as retas
horizontais não se chocam,
antes se entrosam na interação
orgânica do funcionamento.”
(FERRAZ in Habitat 39, 1957)
Estúdios Tupã Filmes
1948
Publicações:
Habitat 39,p.9.
1957.
LABELARDO DE SOUZA
158
DADOS DO PROJETO:
Execução:NE
Incorporação: Roxo Loureiro
Local: Rod. Pres. Dutra. Mun.
de Guaratinguetá- SP
Igreja na Rod. Pres. Dutra
1953
Publicações:
Habitat 17, p.18/9.
1953.
DESCRIÇÃO DO
PROJETO:
Igreja a ser construída no núcleo
residencial, também projetado
por Abelardo de Souza, na
Via Presidente Dutra (Clube
dos 500), entre as cidades de
Guaratinguetá e Lorena.
Esta pequena igreja foi planejada
para uma comunidade com
população de aproximadamente
de 5.000 pessoas.
Área do Lote:
Área Construída:
PAVIMENTO TÉRREO: O
projeto apresenta um
acerta tranparência pelo
uso de elementos vazados e
venezianas, visando integrar
exterior e interior. A planta tem
formato de polígono irregular.
Estruturalmente a cobertura se
apoia em pilares distribuidos
regularmente e alvenarias
estruturais.
A área de serviço tem bom
isolamento das áreas públicas.
TRATAMENTO DE FACHADAS
Com relação à parte construtiva
foi previsto o uso de materiais
locais como tijolo, pedra,
madeira, etc.
Uma vedação móvel em
veneziana de madeira na
fachada
principal permite
sua completa abertura para
o exterior. Era prevista uma
cobertura feita em treliça de
ferro redondo soldado com
placas de material isolante.
TRATAMENTO PAISAGÍSTICO A
igreja encontrava-se inserida
no loteamento do clube dos
500, dentro de uma das áreas
destinadas `a praça pública e
atividade de lazer. Não existia
ainda um projeto definido
de paisagismo, mas eram
previstas, além das atividades
no interior da igreja, solenidades
e festas ao ar livre integrando
a praça fronteira, onde seriam
realizadas.
Obras Institucionais
159
LABELARDO DE SOUZA
160
DADOS DO PROJETO:
Execução:NE
Incorporação: Cruzeiro
Futebol Clube
Local: Rua Major Hermógenes
com Rua Cap. Avelino Bastos.
Cruzeiro
DESCRIÇÃO DO
PROJETO:
Este projeto com um denso
aproveitamento do terreno
constitui-se basicamente de
dois blocos, um do tipo lamelar
com 2 pavimentos e o outro
uma ampla cúpula, que são
interligados por rampas e
com um sistema de circulação
interna bem definido. Trata-
se do projeto estudado para
o Cruzeiro Futebol Clube, da
cidade de Cruzeiro, norte do
estado de São Paulo. O arquiteo
faz neste projeto a aplicação
formal de diversos índices
de modernismo: disposição
funcional da planta, estrutura
livre marcada na fachada,
grandes panos de vidro, uso
do concreto em toda sua
plasticidade.
Área do Lote:
Área Construída: 2181,71m2
Nº de pavimentos: 2
Cruzeiro Futebol Clube
1953
Publicações:
Habitat 12, p
.28.
1953.
Acrópole 184, p
.173.
1953.
Arquitetura
e Engenharia 32,
p
.26-7.
1954.
Habitat 39, p
.11.
1957.
Obras Institucionais
161
PAVIMENTO TÉRREO: Toda
parte social para os associados
com: portaria, salão de festas,
restaurante, sanitários o grande
bloco abrigava o salão de baile,
com dois acessos pelo clube
através de braços circulares
que ligam os dois prédios e uma
entrada diretamente pela rua
realizada através de marquise
em que a estrutura curva de
cobertura apóia-se diretamente
no solo. A iluminação deste
bloco é feita através de domo
em concreto “vazado”, coberto
com elemento translúcido e a
ventilação pelas laterais deste
domo.
PAVIMENTO Abriga hall,
balcão de atendimento sala de
jogos e 2 sanitários.
PAVIMENTO: Destinado à
administração do clube
TRATAMENTO DE FACHADAS:
O arquiteto brinca com os
contrastes de forma e de
materiais contrapondo o volume
cerrado que compõe o salão
com a transparência do bloco
administrativo, que possui
vedação em vidro, ao fundo.
Joga com os pesos de forma
equilibrada obtendo assim uma
composição harmônica.
Plantas térreo e pavimento superior.
LABELARDO DE SOUZA
162
DADOS DO PROJETO:
Execução: NE
Local: Rua do Gasômetro e
largo da Concórdia. São Paulo.
SP
DESCRIÇÃO DO
PROJETO:
Este projeto de 1956, não
construído, localizava-se em
terreno na Rua do Gasômetro,
próximo ao largo da Concórdia
no Bairro do Brás, o arquiteto
visava resolver um problema
de abastecimento em grande
escala devido a alta densidade
populacional do Bairro
1
.
Centrou-se na resolução dos
problemas de circulação-
fornecedores e público, sendo
que o terreno com duas frentes
facilitou a solução para os dois
tipos de tráfego: duas entradas
em dois níveis. A solução
claramente racionalista, com
funções distintas reveladas
pelos volumes interligados,
não acarretou em tensões nas
estruturas, que apresentam-se
leves, utilizando formas puras.
O projeto incluia também uma
Mercado do Brás
1954
Publicações:
Habitat 33,p
.50-3.
1956.
Habitat 39, p
.17.1957.
MINDLIN, The
Architecture
in Brazil .p.41
área
de lojas no quarteirão
entre as Ruas Barão de Ladário,
Muller e o Largo da Concórdia.
Área do Lote: 9.406,50m2
Área Construída:~ 28.000m2
Nº de pavimentos: 2
SUBSOL
O: Destinado
a estacionamento com
aproximadamente 388 vagas
sendo 318 para visitantes e 70
para abastecimento. O acesso
de usuários do mercado é feito
sob o Viaduto pela Rua do
Gasômetro e o de fornecedores
pela Rua da Juta na parte de
trás do terreno.
PAVIMENTO TÉRREO E
MEZZANINO: Ingresso para
pedestres através de rampa
pelo viaduto sobre a rua do
Gasômetro e também pela
Rua da Juta. As grandes áreas
destinadas aos boxes não
possuem divisão. O mezzanino
é sustentado pelas colunas que
compõem os boxes e sua área
central é vazada, permitindo
entrada de luz natural no piso
inferior.
Situação
Fotomontagem com maquete
Obras Institucionais
163
TRATAMENTO DE FACHADAS:
Para o grande entreposto
comercial o arquiteto aproveitou
toda extensão do terreno, mas
escapou à formação das caixas.
A estrutura em “casca”, que
lembra os volumes de Niemeyer
para o Museu da Aeronáutica
no Ibirapuera, visava melhor
aproveitamento interno com
redução do número de colunas,
obtendo um vão livre de 75 m,
com altura de 18 m e também
uma plasticidade original que
permitia uma fácil leitura do
projeto.
A ventilação e iluminação
seriam feitas através de óculos
Laterais e pela abertura na
parte superior.
Não maiores informações
sobre acabamentos.
O projeto arrojado obteve
ampla divulgação em revistas e
em Mindlin, no seu Arquitetura
Moderna no Brasil.
Planta subsolo.
Nível térreo.
Mezzanino.
LABELARDO DE SOUZA
164
Fachada Gasômetro e corte transversal.
Fachada lateral e corte longitudinal.
Obras Institucionais
165
Boxes para lojas no largo da Concórdia.
LABELARDO DE SOUZA
166
DADOS DO PROJETO:
Colaborador: Jorge Caron
Estrutura: J.C. Figueiredo
Ferraz
Acústica: Igor Sresnewsky
Assessor técnico: Aldo Calvo.
Execução: NE
Incorporação: proprietário:
Mario Bartholo; incorporação:
Mario de Miranda Valverde e
Alcides Procópio; presidente:
dr. Edmundo Monteiro; vice-
presidente: Francisco Matarazzo
Sobrinho.
Local: Pça.Mal.Deodoro 340-
Sta.Cecília. São Paulo-SP.
Publicações:
DESCRIÇÃO DO
PROJETO:
Edifício destinado a ser um centro
de arte, mas principalmente um
centro teatral: o teatro Thalia,
que compreendia no mesmo
edifício uma Galeria de Arte,
Bar e Boite.
Com uma platéia côncava,
proporcionava uma visão ampla
de seus 828 lugares. O palco,
proporcional ao número de
lugares era, segundo matéria
publicada em Habitat “o terceiro
em dimensões no mundo,
possibilitando dessa maneira
Teatro Thalia
1959
Publicações:
Habitat 54, p
.8-12.
1959.
a
apresentação de grandes
montagens, sem qualquer
dificuldade de ordem técnica.
Localizado no imóvel
pertencente ao cine Plaza, o
plano para execução do projeto
era “vender o teatro (imóvel
inclusive)
em condomínio para
cerca de oitocentos quotistas,
que teriam lugares privativos,
cadeiras cativas, para todas
as estréias. Seriam donos do
teatro, do edifício, com direito
também ao lucro proveniente
da sua exploração.” (Fonte:
arquivo pessoal do arquiteto,
artigo sem indicação e sem
data)
Área do Lote:
Área Construída:
Nº de pavimentos:6
FOYER: Grande Hall de entrada
que conduz à platéia e acessos
ao balcão. Num prédio anexo,
ligado ao teatro por paredes e
portas de vidro, projetou um
pequeno bar, uma galeria de
arte e uma “boite”, com palco
independente e pista de dança,
com capacidade para duzentas
pessoas.
A decoração ficaria à cargo
Obras Institucionais
167
dos artistas: Noemia, Renina
Katz, Arnaldo Pedroso D’Horta
e Caetano Fracarolli. Para uma
das paredes da sala de espera
da platéia era previsto um
grande painel de Di Cavalcanti.
PLATÉIA E PALCO: O teatro
previa um palco dentro das
exigências das companhias.
Além de “passarela”
desmontável (para revistas),
fosso de orquestra, um palco
com doze metros de boca de
cena, com fugas laterais de
três metros e meio para cada
lado. A altura da boca era de
nove metros, com urdimento
na altura de quinze metros.
Três elevadores no palco, além
de giratório. A platéia do teatro
comportaria 481 espectadores.
BALCÕES: Amplo hall e uma sala
de espera no andar superior.
Lotação de 347 nos lugares no
balcão.
TRATAMENTO DE FACHADAS: O
espaço escolhido para o teatro
abrigava o antigo Cine Plaza,
mas a reforma não se constituía
apenas a uma adaptação
superficial. Praticamente
Planta platéia e anexos.
Planta balcão
LABELARDO DE SOUZA
168
somente as paredes exteriores
do “Plaza” continuariam de pé.
Do antigo cinema nada seria
aproveitado. A fachada ganhou
linhas moderna, sendo a caixa
do teatro destacada e revestida
em de tijolos de cerâmica. Uma
grande “marquise” pontuava a
entrada e um prédio anexado
compunha o volume menor
na fachada, com terraço de
direito duplo no nível do
balcão.
Corte longitudinal.
Obras Institucionais
169
DADOS DO PROJETO:
Execução:
Incorporação: Ipesp
Entrega da Obra:
Local:Rua Tiradentes, Rua
Anita Garibaldi, Rua Cel.
Antenor Pereira e Rua Fernão
Dias. Presidente Venceslau. SP
DESCRIÇÃO DO
PROJETO:
Na década de 60, o governo
do Estado de São Paulo,
administrado por Carvalho
Pinto, implementou uma
política de construção visando
desenvolver o interior, numa
complementação do plano de
metas de Juscelino. O grupo
esolar de Presidente Venceslau
foi uma das 5 escolas projetadas
por Abelardo de Souza para
o Governo do Estado neste
período. Destaca-se por formar
conjunto com Capela e praça
que receberá tratamento
paisagístico de Miranda
Magnolli, então associada de
Abelardo Souza.
O conjunto compreende
administração, sanitários e
salas aula sendo, o acesso ao
pavimento superior é feito por
rampa aberta. A estrutura em
Escola em Presidente
Venceslau
1960
Publicações:
Habitat 60, p
.11-12.
1960.
Implantação: praça, igreja e escola.
LABELARDO DE SOUZA
170
pórtico, permitiu a criação de
vários locais para recreação. O
recreio coberto constitui volume
independente. A implantação
foi feita em diagonal para
acompanhar as curvas de nível
do terreno e acabou por formar
um triângulo que constitui
a área de recreação para
escola. Esta forma de ocupação
permitiu que grande parte do
terreno fosse liberado para
praça pública.
Área do Lote:
Área Construída:
Nº de pavimentos:1
PAVIMENTO TÉRREO: O térreo
abriga todo setor administrativo,
sanitários e 7 salas de aula
voltadas para a praça. O recreio
coberto é destacado do corpo
principal. A rampa de acesso ao
piso é solta, formando átrio
de distribuição com direito
duplo.
PAVIMENTO SUPERIOR: No pav.
Superior encontraremos 7 salas
aula também voltadas para a
praça e 3 para o recreio.
também instalações sanitárias
masculina e feminina e uma
sala administrativa.
TRATAMENTO DE FACHADAS:
O projeto compunha-
se basicamente de ampla
estrutura de cobertura, sob
a qual distribuiu livremente
o programa. A mistura de
materiais e texturas mantinha-
se dentro de sua característica
projetual. Dos acabamentos
originais conhecemos: o beiral,
com 2 metros de balanço que foi
revestido com tábuas enceradas
tendo ao canto dele luminárias
de acrílico; o muro de concreto
ciclópico que se prolongava até
o limite do terreno e a parede
do recreio coberto em tijolos
furados.
TRATAMENTO PAISAGÍSTICO:
A escola pertencia ao complexo
composto por Capela e praça,
de forma que era integrada no
paisagismo geral.
Obras Institucionais
171
DADOS DO PROJETO:
Execução: NE
Local: Rua Tiradentes, Rua
Anita Garibaldi, Rua Cel.
Antenor Pereira e Rua Fernão
Dias. Presidente Venceslau. SP
Publicações:
DESCRIÇÃO DO
PROJETO:
Capela situada no canto da
praça que abriga grupo escolar
projetado pelo arquiteto. Em
formas curvas, lembra uma
semi-espiral. Esta versão é o
segundo projeto para área,
sendo que o dialogava melhor
com o conjunto. Nítida influência
das formas de Ronchamps de
Le Corbusier. As diversas partes
coro, sacristia, parede curva
– funcionam como elementos
estruturais.
Área do Lote:
Área Construída: 460m2
(área aproximada projeção da
cobertura)
TRATAMENTO DE FACHADAS: A
nave da Capela é formada por
uma parede curva de tijolos
furados de forma a obter uma
luminosidade difusa. Marcando a
porta de entrada uma alvenaria
de forma curva, pintada de azul
claro.
A cobertura em telha canal
receberia externamente pintura
em tom rosa e o forro interno
receberia tábuas tipo macho e
fêmea.
O
coro em concreto aparente
sem revestimento e todo o
piso em lajotas de arenito
irregulares, com juntas de
marmorite branco.
O piso interno e externo se
fundem dando a capela uma
maior amplitude.
TRATAMENTO PAISAGÍSTICO:
A capela fica situada no canto
de uma praça onde se localiza
um grupo escolar. Ao conjunto
foi dado o mesmo tratamento
paisagístico, com projeto de
autoria de Miranda M. Magnoli.
Visto que o terreno possui uma
grande diferença de nível em
relação às calçadas, foi adotada
uma entrada única para a praça,
localizada de modo a permitir a
entrada ao grupo escolar.
Foram criadas áreas para
toda comunidade e um pátio
separado para festas escolares,
num caráter mais íntimista.
Capela em Presidente
Venceslau
1961
Publicações:
Habitat 65, p
.4.
1961
LABELARDO DE SOUZA
172
Obras Institucionais
173
DADOS DO PROJETO:
Execução:
Incorporação:
Entrega da Obra:
Local:Rua Tenente Osvaldo .
Presidente Venceslau. SP
DESCRIÇÃO DO
PROJETO:
Cinco locais destinados ao
acostamento de ônibus,
um restaurante e outras
dependências constituitam
o programa proposto pela
Municipalidade de Presidente
Venceslau para a elaboração do
projeto da estação rodoviária da
cidade. O terreno de pequenas
dimensões é limitado em um de
seus lados por uma propriedade
particular. Para proporcionar
circulação mais generosa
para veículos e passageiros o
arquiteto buscou uma solução
capaz de ampliar o pavimento
térreo.
Estação Rodoviária em
Presidente Venceslau
1961
Publicações:
Habitat 64, p
.10-13.
1961
Vistas albergue.
Perspectiva estação.
Plantas albergue.
LABELARDO DE SOUZA
174
Rodoviária, pavimento superior
Rodoviária, pavimento térreo.
Fachadas later
ais.
Obras Institucionais
175
Área do Lote:
Área Construída:
Nº de pavimentos: 1
PAVIMENTO TÉRREO:
Centralizaram-se neste piso
todos os serviços ligados à
Estação Rodoviária: posto
de controle, boxes de
transportadoras, sanitários,
guarda-volumes, café, banca
de jornal.
PAVIMENTO SUPERIOR: O
restaurante e demais serviços
foram dispostos no pavimento
superior, possibilitando
independência de circulação
para seus usuários, e
proporcionando, com o salão
de refeições inteiramente
envidraçado, ampla visão sobre
o pavimento térreo.
TRATAMENTO DE FACHADAS A
ampla estrutura em concreto
armado coberta com telhas
de fibrocimento e revestidas
internamente em madeira
permitiu que as demais áreas
possuissem grandes superfícies
envidraçadas. Nos pisos foi
previsto ladrilho hidráulico.
LABELARDO DE SOUZA
176
DADOS DO PROJETO:
Execução: NE
Local: R. Antonio Carlos/ Av.
Independência. Valinhos-SP
Premiações: Vencedor do
Concurso para o Paço Municipal
Prefeitura de Valinhos
Paço Municipal
Prefeitura de Valinhos
1963
DESCRIÇÃO DO
PROJETO:
Este projeto vencedor do
concurso para cidade de
Valinhos deveria incluir: Paço
Municipal, Câmara Municipal e
Pronto-socorro.
O projeto tem como base uma
estrutura aparente que unifica
todo o conjunto e três volumes
distintos, separados por pátios
internos, para cada função
distinta, tornando o projeto
claramente legível de seu
exterior.
As entradas para público,
funcionários e autoridades, em
cada um dos blocos, por prévia
determinação do edital, são
completamente separadas.
Foi conservado o nível do
terreno (-1,50), sendo feito
nos fundo, um aterro na parte
correspondente à Câmara e
Pronto-Socorro, que serviria
também, para contenção de
enchentes.
Área do Lote: 14.300m2
Área Construída:~10.115m2
Nº de pavimentos: 2
PISO SEMI ENTERRADO: Nesse
piso se localiza o estacionamento
Obras Institucionais
177
dos médicos, e da câmara.
Sob o edifício do palácio foi
prevista área de uso público.
PAVIMENTO: Acesso público
ao Paço feito através de
rampa que marca a entrada
principal. O funcionamento do
paço está caracterizado pela
total separação do público e
funcionários. O atendimento
ao público seria feito através
de balcões. Às dependências
da “Comissão Municipal de
Esportes” e “I.B.G.E.foi dado,
para cada uma, um acesso
privativo. Para todas as seções
esquematizadas foi projetada
uma área útil superior à
demandada pelo organograma
fornecido, prevendo uma
natural expansão das atividades
municipais.
O
acesso ao pronto-socorro
é feito por uma rampa suave
com 6 metros de largura que
liga a rua ao pátio coberto.
No piso de cota 2,50 fica a
entrada de público, de médico
e ambulâncias, entradas essas
perfeitamente caracterizadas.
Nesse piso ainda se localiza o
estacionamento de autos dos
médicos e ambulâncias.
Pavimento semi-enterrado.
1º pavimento.
LABELARDO DE SOUZA
178
PAVIMENTO: Neste
pavimento localiza-se o
Gabinete do prefeito e demais
setores ligados diretamente à
ele. O prefeito possui acesso
direto e privativo através de
elevador
No piso de cota 6,00 do
pronto-socorro fica localizado
todo o atendimento de
público, seguindo o programa
apresentado.
O acesso ao plenário na Câmara
é feito por rampa externa.
TRATAMENTO DE FACHADAS
O partido adotado foi o de um
sistema estrutural aparente
bastante simples e blocos,
com vazios para iluminação.
Na parte correspondente ao
paço todo o terreno foi deixado
livre, podendo , em horas
apropriadas, ser de uso público.
As diferentes funções podem ser
lidas claramente da fachada.
A cobertura do conjunto seria
de “calhas planas” de concreto
ou fibro-cimento.
2º pavimento.
Cortes.
Obras Institucionais
179
DADOS DO PROJETO:
Arquitetos: Abelardo de Souza
e Miranda Martinelli Magnoli
Projeto:1963/64
Execução: Parcial
Incorporação:
Entrega da Obra:
Local: Av. Torquato Silva Leitão.
Piracicaba-SP
DESCRIÇÃO DO
PROJETO:
O ponto de partida para a
elaboração deste projeto, como
condição principal apresentada
pela diretoria do clube, era a
piscina existente no local.
A passagem pelo terreno de
uma linha de alta tensão,
impunha sua divisão em duas
partes.
O Clube tem duas atividades
distintas: a esportiva e a social.
A parte esportiva ocupa maior
parte do terreno, distribuida
em diversos blocos e a parte
social concentrou-se em sede
de 6.000 m2.
Área do Lote: 78.520m2
Área Construída:8.900 m2
PAVIMENTO TÉRREO: Natação,
tênis, e “boccias” foram os três
Clube de Campo
de Piracicaba
1964
Publicações:
Habitat 75,p
.19-20.
1964.
LABELARDO DE SOUZA
180
fatores primordiais no setor
esportivo que pesaram no
desenvolvimento do projeto.
Assim sendo, para natação,
além de ter sido conservada
a piscina existente, esta foi
coberta e terá água aquecida,
ficando dentro do conjunto
“piscinas”, somente para
competições. Junto a este, fica
localizada, de um lado, a piscina
social destinada à recreação e
do outro o tanque para saltos,
com trampolim de 10 metros de
altura.
Para tênis foram criadas mais
duas quadras, sendo uma com
arquibancada coberta.
O setor ”boccias” foi planejado
tendo em vista um verdadeiro
ginásio com “canchas” para
malha, “boccias” e boliches,
além de bar, vestiário, etc.
Foi feita uma quarta piscina
somente para crianças, com
vestiários, bar, salão para
recreações, play-ground, etc.
Para a parte social propriamente
dita, foi planejada uma sede com
aproximadamente 6.000 m2 de
área. Um dos pontos principais
dessa sede é o salão de festas
que pode ser ampliado quando
ligado à parte coberta externa,
Planta de cota 82: pistas de malha, vestiários, playground. boc-
cias.
Piso das bocias e boliches
Obras Institucionais
181
formando um ambiente junto
às piscinas. Complementando
a sede, um salão para
restaurante, “boite”, bar ligado
às piscinas, salão de estar,
salão para leitura, auditório,
salas para jogo carteado, copa,
cozinha, parte administrativa
e um instituto de fisioterapia
completo.
TRATAMENTO DE FACHADAS:
Projeto faz uso de estruturas
metálicas, estruturas de
concreto e mistas.
A arquibancada para as quadras
de tênis, em casca de concreto
curvada em balanço, lembra
a estrutura projetada para
Ourinhos.
Soluções fazendo uso de
tirantes de aço foram sugeridas
como no ginásio de boccias,
numa solução leve para grande
área coberta.
Para a cobertura da piscina
foram propostos grandes arcos
metálicos segurando cascas
pré-moldadas em concreto
que seriam atirantadas à
estrutura numa inovação dos
projetistas. O vão obtido é de
42 metros. Abelardo de Souza
posteriormente aplicará este
tipo de estrutura na obra do
Mercado de Pirituba.
O conjunto possui grande
harmonia entre os edifícios e
ligações entre estes.
A maioria das construções eram
galpões abertos, proporcionando
uma ”transparência” na obra.
TRATAMENTO PAISAGÍSTICO
Apesar da diversidade de
atividades das condições
topográficas do terreno,
os arquitetos conseguiram
estabelecer um conjunto
harmonioso para distribuição
dos vários setores e pelo
tratamento paisagístico.
Arquibancadas cobertas do tênis.
Trampolins piscina.
Sede 1º pavimento. Na ala esquerda ficam sala de estar, bar
e sanitários; na ala direita, restaurante, serviços, boite e bar
ligado às piscinas.
LABELARDO DE SOUZA
182
Cortes e fachadas da sede.
Nível de acesso à sede: acesso à sede e campo de futebol de salão.
Cortes e fachadas do ginásio de boccias.
Implantação
.
Obras Institucionais
183
DADOS DO PROJETO:
Arquitetos: Abelardo de Souza
e Miranda Martinelli Magnoli
Execução: NE
Incorporação: COPEL
Local: Foz do Rio Chopim -
Paraná
DESCRIÇÃO DO
PROJETO:
O aproveitamento hidroelétrico
da Foz do Chopim, São Paulo,
destinava-se a abastecer o
último quadrante do Estado do
Paraná ainda não atendido em
energia elétrica.
Para realização da primeira
etapa do aproveitamento da
Foz do Chopim, o conjunto do
aproveitamento consistia em
pequena barragem de derivação
de águas, canal adutor, tomada
de águas, dois condutos e usina
de força.
Com relação à última, a solução
técnica encontrada foi de
realizá-la semi-enterrada tendo
em vista grandes variações de
nível de água existentes.
Área do Lote:
Área Construída:
PAVIMENTO TÉRREO: Em tais
condições firmou-se a escolha
do partido arquitetônico com
planta livre coberta por uma
casca de concreto ou alumínio,
suportado por pórticos.
Projetou-se uma casa de força
nos moldes usuais com quase
todos os serviços executados
em compartimentos enterrados
Para a realização e a operação do
aproveitamento, previu-se um
grupo de obras complementares,
compreendendo: as instalações
da COPEL e do empreiteiro,
alojamentos provisórios de
operários; aeroporto; hotel;
residência do engenheiro
superintendente; casas para
operadores; escola; armazém
de abastecimento.
TRATAMENTO DE FACHADAS: A
volumetria do projeto consiste
em uma casca de concreto
em forma elípitica, apoiada
por pórticos, com opção de
alumínio e pórticos em treliças
no mesmo material, sob a qual
se encontram as turbinas e
equipamentos. O projeto tem
linhas ousadas visando reforçar
um aspecto “tecnológico” do
conjunto
.
Aproveitamento
Foz do Chopim
1965
Publicações:
Habitat 81, p
.15-21.
1965.
LABELARDO DE SOUZA
184
DADOS DO PROJETO:
Projeto: 1968
Execução: Enbase Engenharia
e Comércio S.A.
Cálculo estrutural: Figueiredo
Ferraz
Incorporação: PMSP
Entrega da Obra: 1972
Local: Rua Gabriel Cotti, Rua
Almirante Isaias de Noronha,
Rua Luis de Andrade. Pirituba-
SP
Exposições: Bienal de 1971.
Premiações: Prêmio de
estrutura no México para o
calculista Figueiredo Ferraz
(1971)
1
DESCRIÇÃO DO
PROJETO:
Localizado no bairro de
Pirituba, zona oeste de São
Paulo, no quarteirão formado
pelas Ruas Isaias de Noronha
e Gabriel Cotti. A obra teve
início em fevereiro de 1969 na
administração Faria Lima e sua
construção se estendeu por
quatro anos.
Sua
principal característica é
a cobertura formada por 12
cascas de concreto moldadas
no próprio local. Cada casca é
suspensa por um conjunto de
quatro cabos de aço, ancorados
na torre central, de 20 m de
altura, em forma de tronco
de cone que também abriga a
caixa d’água para 45 mil litros.
A prefeitura municipal gastou,
na época, Cr$ 2,7 milhões.
De acordo com Abelardo, a
proposta do projeto era dar ao
mercado a forma mais próxima
de uma feira livre:
“O prédio do mercado de Pirituba
tem
a forma circular justamente
para proporcionar maior
facilidade de movimentação aos
usuários. Internamente, afora a
divisão em 40 boxes, o espaço
é todo livre. Não colunas de
sustentação como é comum nas
construções do gênero, apenas
uma coluna central que se afina
de cima para baixo (…)
Da
Grande coluna central
pendem os tirantes de aço que
sustentam as 12 cascas de laje
que dão à cobertura o formato
semelhante a uma armação de
guarda-chuva aberto. Cada laje
pesa 480 toneladas e tem 30 m
de comprimento ou balanço. O
diâmetro da cobertura é de 70
m. Dessa forma, no ambiente
haverá ventilação e iluminação
totais. Como numa feira livre.
(…)
O
piso do interior do mercado
é em declive, em forma de
anfiteatro, e isso proporciona a
quem entra, por qualquer uma
das portas, uma visão geral
do ambiente, box por box.
Nenhum box se destacará mais
que outro.”
2
Ao lado do mercado era prevista
uma feira livre, com cobertura
plástica removivel e inflável
3
,
porém esta área foi usada para
estacionamento.
Mercado de
Pirituba
1969
Publicações:
A construção em São Paulo
1253; p.10-14.
1972
1
Habitat33 p.51
2
Declaração prestada a jornal, 1971.
3
Abelardo cita estádio de Munique na Alemanha
Obras Institucionais
185
Área do Lote:
Área Construída: 4500m2
PAVIMENTO TÉRREO O mercado
de pequeno porte possui
quarenta boxes concêntricos,
distribuidos de acordo com sua
área: na periferia os maiores,
com 52 m2 cada, destinados
ao comércio de peixes, carnes,
laticínios e artigos domésticos.
Em seguida, na carreira
intermediária, boxes com 20 m2
para frutas e verduras. No último
círculo, os boxes menores, com
15 m2, para frutas. Ao redor da
coluna central concentram-se
administração, sanitários e uma
lanchonete. Os boxes foram
revestidos em resina epoxi e a
área de circulação recoberta de
piso de alta resistência.
Além deste bloco, a obra
conta ainda com: vestiários
e sanitários, 4000 m2 de
estacionamento, 1000 m2 pátio
de carga e descarga, cabine de
força para 300 Kva.
A iluminação foi feita com
lâmpadas a base de vapor
de mercúrio, com instalações
subterrâneas e holofotes de
iluminação indireta.
TRATAMENTO DE FACHADAS
LABELARDO DE SOUZA
186
visão dos relêvos.
ESTADO ATUAL DO CONJUNTO:
Em 1976, de acordo com
declarações em artigo publicado
pelo Jornal da Tarde, o Mercado
de Pirituba não havia tido
total ocupação de seus boxes,
e apresentava problemas de
funcionamento:
“Entretanto a causa do fracasso
no Mercado Municipal de
Pirituba parece ser outra: as
más condições que o prédio
tem para funcionamento.
Entre a parede que circunda o
prédio e o teto uma parte
aberta. E é por essa abertura em
volta do prédio que passa uma
constante e incômoda corrente
de ar. Quando chove, cai água
dentro do prédio, molhando as
pessoas e mercadorias.
Outra
reclamação dos donos
das bancas é que pela abertura
entram também pássaros, que
comem cereais e frutas. No
verão o material isolante da
cobertura derrete e prende os
pássaros que pousam nele.
Segundo alguns funcionários
da prefeitura, no teto
um verdadeiro cemitério de
passarinhos.”
6
Sob a cobertura aberta,
convidando para entrar como
um grande guarda-chuva
que abriga a todos, ainda são
visíveis conceitos dos primeiros
ideais da arquitetura brasileira:
o uso da cor e a distribuição de
áreas dentro de uma hierarquia
lógica programática denotam a
formação carioca de Abelardo.
“Eu sempre gostei muito da cor.
15 anos, muita gente criticou
meu projeto para o Edifício Três
Marias, na Avenida Paulista. Eu
escolhi para fachada as côres
azul e cor-de-rosa. Foi um dos
primeiros edifícios coloridos da
cidade.”
As mesmas cores estão no
mercado de Pirituba. Por
dentro e por for a, o mercado
é bastante colorido. Apenas a
cobertura ficou em concreto
aparente.”
TRATAMENTO PAISAGÍSTICO:
Não foi encontrado nenhum
projeto específico de
paisagismo. O arquiteto
projetou para os muros externos
de contenção, painéis em relêvo
à serem executados na própria
concretagem. Estes muros hoje
estão pintados em branco,
com propagandas políticas ou
comerciais, que impedem a
6
JT- 20/12/1976
Implantação.
F
achada lateral.
Sanitários e muro com relêv
os.
Obras Institucionais
187
LABELARDO DE SOUZA
188
Em virtude deste quadro, a
prefeitur
a promoveu uma
licitação na qual permitia que
parte do mercado fosse ocupada
por um Supermercado:
Segundo Flavio Cappelletti,
chefe de Gabinete do Secretário
do Abastecimento a concorrência
para ocupar o mercado (vencida
pelo Morita) foi a “única formula
encontrada para dinamizar
aquele mercado, que nunca
teve bom movimento e contava
com poucos permissionários”.
7
Foi construida uma parede
separando o Supermercado
dos boxes remanescentes, e
instalados vitrôs em ferro e
vidro para vedação.
Hoje o mercado encontra-
se dividido, descaracterizado
e, ainda, numa situação de
descaso.
7
JT- 20/12/1976
Residências
189
DADOS DO PROJETO
Local: Represa Guarapiranga,
São Paulo - SP
Publicações:
DESCRIÇÃO DO
PROJETO:
A notável residência em Santo
Amaro, de 1944, é resultado de
um programa sem limitações
em amplo terreno. A residência
Oswaldo Young, excelentemente
inserta na paisagem obteve tal
organicidade e sequência de
seus componentes que Ferraz
considera que Abelardo atingiu
neste projeto um resultado
raramente atingido em
exemplos ulteriores
1
.
grande predomínio da zona
de estar sobre as demais e uma
clara busca de continuidade
entre o interior e o exterior. Do
deslocamento do volume que
comporta a zona íntima situada
no segundo pavimento e
sustentada independentemente
por colunas de concreto resultou
um amplo terraço coberto.
Residência Osvaldo
Young
1944
Publicações:
Acrópole 101, p.143-5.
1946.
Acrópole 184, p
.171. 1953.
Habitat 39, p
.4-5. 1957.
Grandes placas de vidro isolam
este terraço do salão de bilhar
ou jogos, que por sua vez une-
se ao resto da zona de estar
pelo “hall”.
A
topografia do terreno foi
otimamente aproveitada. A casa
ficou montada numa encosta,
sobre um lago de carpas, de
onde se descortina a magnífica
paisagem.
Área do Lote:
Área Construída: ~450m2
Nº de pavimentos: 1
PAVIMENTO TÉRREO Terreno
a beira da represa levou a
uma implantação da casa
predominantemente horizontal,
voltada para a água. O acesso
de carro é feito pela parte da
trás da residência.
A planta do térreo abriga sala
de jogos, páteo coberto, estar,
cozinha, dependências de
empregada e de serviço.
1
FERRAZ, Geraldo in Habitat 39,
1957
LABELARDO DE SOUZA
190
PAVIMENTO SUPERIOR O
pavimento superior comporta
quatro quartos e dois
banheiros, distribuidos em
volume em L sobre o salão de
jogos e encontra-se deslocado
em relação ao corpo principal,
formando um pátio sombreado
sobre pilotis. Os quartos
possuem terraço em balanço
voltado para represa.
TRATAMENTO DE FACHADAS
uma forte marcação de portas,
janelas e jogo de sombras pelo
uso de elementos vazados e
brises, sobre grandes panos
brancos de alvenaria.
Quanto a distribuição de
volumes, o corpo destacado
da lareira equilibra as alturas,
juntamente com o volume da
caixa d’água que é separado da
casa.
TRATAMENTO PAISAGÍSTICO:
A execução dos jardins ficou à
cargo da Casa Flora.
Sobre este trabalho, ressalta
Paulo Bruna: “Nessa obra, como
de resto na maior parte de suas
obras residenciais está evidente
a preocupação de integrar o
exterior com o interior e a
valorização dos jardins.”
2
Residências
191
ESTADO ATUAL DO CONJUNTO:
em 1952 um artigo de Carlos
Lemos denuncia que o projeto
havia sofrido acréscimos
condenáveis. A casa mudou de
proprietários e foi transformada
em cassino e cercada de
tabiques por todos os lados”.
3
2
BRUNA, Paulo J.V., Abelardo de
Souza, Catálogo de desenhos de
arquitetura da biblioteca FAU/USP.
P.161. 1988
3
LEMOS, Carlos. Artigo de jornal de
1952, não identificado.
LABELARDO DE SOUZA
192
Residência do Arquiteto
1945
Publicações:
Acrópole 184, p
.171.
1953.
Arquitetura
e Decoração 1,
p
.20-1.
1953.
Habitat 39, p
.8.
1957.
DADOS DO PROJETO:
Local: Rua Curitiba/Av. Itororó
DESCRIÇÃO DO
PROJETO:
Residência de um pavimento
no bairro do paraíso que o
arquiteto construiu para si.
No lote de esquina alinhou a
casa com o muro de divisa na
lateral esquerda e o projeto
desenvolveu-se de forma
orgânica, deixando generosas
porções de terreno e pátios
internos destinados à jardim.
Amplas áreas de esquadrias,
reforçando a ligação interior-
exterior, jogo de volumes
com deslocamento da área
de quartos para o fundo do
terreno.
Área do Lote: ~800m2
Área Construída: ~250m2
Nº de pavimentos: 1
PAVIMENTO TÉRREO: As zonas
de estar ficam paralelas à frente
do terreno, porém voltadas para
pátio interno.
Cozinha e serviços foram
distribuídos de forma alinhada
ao fundo do lote, com aberturas
para circulação de carro.
O projeto de interiores foi feito
pelo próprio Abelardo, com
móveis de Joaquim Tenreiro e
escolha de cores com Rebolo
que usou em sua paleta:
ferrugem em uma das paredes,
nos móveis roxo, verde, preto,
vermelho, tapete em cinza e
cortina tricolor amarelo, preto
e ocre.
P
AVIMENTO SUPERIOR:
Dois quartos e dois banhos
completos, sendo que nenhum é
suíte. A disposição inclinada da
escada forçou forma irregular
dos banheiros.
TRATAMENTO DE FACHADAS:
Com uma volumetria clara, a
casa desenvolve-se de forma
organicista. O arquiteto utiliza
cores ousadas nas esquadrias
e portas, mas com certa
parcimônia.
Residências
193
Pavimento Superior.
Planta térreo.
LABELARDO DE SOUZA
194
Interior decorado com móveis de Joaquim Tenreiro.
Residências
195
DADOS DO PROJETO
Local: Este projeto aparece
em artigo de Carlos Lemos
para Folha da Manhã de 1952,
referindo-se a uma casa nas
proximidades da represa de Sto.
Amaro. Em matéria da Revista
Acrópole de 1953, imagens da
maquete desta casa tratam de
uma Casa de Campo em Minas
Gerais.
Premiações: XV salão paulista
de belas Artes de 1949.
1
DESCRIÇÃO DO PROJETO:
Este projeto para casa de campo
reforça a tendência do arquiteto
de estabelecer a relação entre o
interior.
Como trata-se de uma residência
de fim de semana as zonas de
serviço e habitação assumiram
Casa de Campo
1945
Publicações:
Acrópole 184.
1953.
Habitat 39, p
.6.
1957.
LEMOS
, Carlos, Folha da
Manhã.
1952.
papel
secundário, valorizando a
zona de estar.
Telhado em forma de borboleta e
diversidade no uso de materiais
seguem o pensamento da
escola carioca.
Nº de pavimentos: térrea
P
AVIMENTO TÉRREO Como
residência de campo. o
arquiteto previu pequenos
dormitórios, banheiro mínimo,
zona de serviço necessária e
dedicou o resto da construção
à zona lazer.
TRATAMENTO DE FACHADAS:
Foram previstos materiais
de construção adequados
ao ambiente e com a função
da casa. A zona de estar foi
dividida em duas partes, uma
interna e outra externa ou
varanda, ambas com o mesmo
tratamento de materais. O piso
contínuo em pedra de arenito
integra as áreas. A estrutura e
uma das paredes, foi executada
com madeira natural, não
aparelhada, em forma de
troncos ou galhos.
LABELARDO DE SOUZA
196
4
Acredito que este tenha sido o
projeto premiado no XV salão
paulista de belas Artes de 1949,
de acordo com artigo de jornal
de Quirino da Silva, de 1949.
Residências
197
Residência Zoroastro Leme
1947
Publicações:
Acrópole 105, p
.244-5.
1947.
DADOS DO PROJETO
Local: Av. Sagres/ R. D.
Henrique. Vila Nova Conceição,
São Paulo-SP
DESCRIÇÃO DO
PROJETO:
Projeto de residência térrea em
São Paulo, localizado em lote de
esquina. A distribuição de áreas
e volumes acontece de forma
orgânica, ocupando o centro do
lote.
Área do Lote:
Área Construída:
Nº de pavimentos: térrea
PAVIMENTO TÉRREO: Parte
social da casa fica localizada
para Rua D. Henrique, mas
as aberturas são feitas com
elementos vazados, no intuito
de voltar a casa para o interior.
Entrada de carros pela lateral,
um jardim murado isola sala de
jantar da circulação de carros.
Os dormitórios tem aberturas
voltadas para as divisas e a
circulação de acesso para eles
é feita em corredor vazado
voltado para páteo interno.
Com quatro dormitórios, a casa
possui apenas um banheiro
completo e dois w.cs., sendo
um na parte íntima e um para
visitas.
Dependência
de empregada na
edícula junto à garagem.
TRATAMENTO DE FACHADAS:
O arquiteto faz uso de telhado
convencional com telha e calhas.
Unidade na fachada principal
obtida pelo uso de pergolado
em madeira. Elementos vazados
foram usados sem cerimônia.
TRATAMENTO PAISAGÍSTICO:
O arquiteto destina grandes
porções do terreno para
execução de jardins, que
praticamente participam do
projeto. Apesar disto, não
determina nas plantas sua
intenção nesta área.
LABELARDO DE SOUZA
198
Residências
199
DADOS DO PROJETO
Execução: Construtora Edifica
Ltda
Local:Av. Diógenes Ribeiro de
Lima, Alto de pinheiros. São
Paulo, SP
DESCRIÇÃO DO PROJETO:
Localizada em terreno de
esquina, a casa encontra-se
locada em direção às divisas
de fundo. Desenvolve-se em
torno de um pátio central com
jardim e espelho d’água. Sua
característica mais interessante
é jogo que o deslocamento de
dois volumes em L conseguiu,
de forma a produzir áreas
abertas sombreadas.
Área do Lote: 780m2
Área Construída:376,56m2
Nº de pavimentos:1
P
AVIMENTO TÉRREO: Estrutura
livre criando amplo living e
áreas integradas no térreo
A escada localizada no canto
do living tem status de um
elemento escultórico. No fundo
do terreno existe um estúdio
que liga-se a um dos quartos no
primeiro piso através de escada
caracol.
Residência Waldomiro
Delboni
1948
PAVIMENTO SUPERIOR:
Compreende a área íntima com
quatro dormitórios, sendo que
dois deles são suítes e mais
um banheiro. Quantidade de
banheiros incomum em projetos
desta época. Apenas um dos
quartos é voltado para o pátio
interno, sendo os demais com
vista para o recuo de divisa
lateral.
TRATAMENTO DE FACHADAS:
A estrutura recuada permitia
total liberdade na disposição de
aberturas. Note-se que vários
estudos de fachadas,sendo que
entre os primeiros encontramos
a parte térrea inteiramente
envidraçada, numa linguagem
“miesiana”. Os demais estudos
apresentam face voltada para
rua fechada com alvenaria
e diferentes composições de
janelas e materiais.
Tijolo
aparente, pastilhas
brancas e pintura, madeira,
venezianas de alumínio foram
indicados.
Situação e projeto completo.
LABELARDO DE SOUZA
200
Planta superior.
Planta térreo.
Fachadas.
Residências
201
DADOS DO PROJETO:.
Local: Rua Dr. Oliveira Pinto/
Rua Sampaio Vidal, Jardim
Paulistano. São Paulo - SP
Residência Aldo Bove
e Carmem Arruda
1952
Publicações:
Acrópole 184, p
.173 .
1953.
Habitat 39, p
.9 .
1957.
DESCRIÇÃO DO
PROJETO:
Projeto de residência no jardim
Paulistano em São Paulo,
para família de classe média.
O arquiteto conseguiu total
aproveitamento do pequeno
lote de esquina, sem sacrifício
das áreas internas que
foram dotadas de soluções
de ventilação e distribuição
adequadas.
Área do Lote: 296 m2
Área Construída: 261,30m2
Nº de pavimentos: 1
PAVIMENTO TÉRREO: Mesmo
em um lote compacto que não
permitia muitas alternativas, o
arquiteto conseguiu uma solução
interessante com a criação de
um jardim de inverno cercado
por muro vazado de forma a
obter isolamento satisfatório em
relação ao pequeno recuo com
a rua, um pano envidraçado faz
a integração com o interior.
As áreas de serviço foram
deslocadas para o fundo do
terreno, mas possuem acesso
independente através da
garagem.
PAVIMENTO SUPERIOR:
Máximo aproveitamento da
laje com quatro quartos e dois
banheiros. O projeto respira
pela inserção de terraço que
amplia iluminação e ventilação
TRATAMENTO DE FACHADAS:
O uso de balanço destacando
a volumetria do pavimento
superior constitui-se em uma
das características do trabalho
de Abelardo e Souza. Mantém
as características racionalistas
trabalhando com prismas
regulares.
Rica
composição de cores e
materiais e integração com
paisagismo.
uma grande preocupação
com ventilação dos ambientes
tendo sido utilizadas venezianas
em madeira sobre os caixilhos.
ESTADO ATUAL DO CONJUNTO:
O projeto encontra-se
descaracterizado em sua
fachada. A casa recebeu muros
altos no seu perímetro e teve
seus revestimentos alterados.
Com a substituição das janelas,
as venezianas foram removidas
e a sob cada abertura foi
aplicada uma pequena jardineira
em cimento com ornamentos
“clássicos”.
LABELARDO DE SOUZA
202
Projeto completo.
Residências
203
Residência Aldo Bove em 2004.
LABELARDO DE SOUZA
204
DADOS DO PROJETO
Calculista: escritório engº
A. Carlos de Vasconcelos/Luiz
G.M. Vieira
Local: Rua Vanderlei/Rua
Heitor de Morais. Pacaembu,
São Paulo - SP
DESCRIÇÃO DO
PROJETO:
Esta casa no bairro do Pacaembu
teve como desafio vencer
um terreno com acentuada
declividade e fazendo frente
para duas ruas ( Vanderlei e
Heitor de Morais). O arquiteto
tomou como partido não voltar
a casa para rua, utilizando-se de
jardins internos e aproveitando
a vista para o vale no fundo do
terreno.
Área do Lote: 459m2
Área Construída:338,50m2
Nº de pavimentos: 1
SUBSOLO: garagem, depósito,
escada e área livre em piso
semi enterrado.
PAVIMENTO TÉRREO: Acesso a
este piso por lance de escada
em relação ao nível da rua.
Compõe-se da parte social com
Residência Chaim
Goldenstein
1954
Publicações:
Acrópole 209, p
.172-5.
1956.
Residências
205
living, sala de jantar, lavabo; e
serviços cozinha dormitório e
banho de empregada
Foi prevista uma área para
crianças entre o quintal de
serviço, e a circulação principal
de acesso à casa.
A escada de acesso aos quartos
localiza-se próxima da entrada
e no living, uma escada
caracol acessa o estúdio,
proporcionando uma área com
direito duplo em parede de
tijolo aparente. O estar tem
vista panorâmica sobre o vale
do Pacaembú.
PAVIMENTO SUPERIOR: 3
dormitórios, 1 banheiro,
rouparia, estúdio com banheiro
integrado à sala e ao dormitório
principal. O quarto principal
possui aberturas voltadas para
recuo lateral e o estúdio volta-
se para o vale.
TRATAMENTO DE FACHADAS:
Pintura e pastilhas marrom,
esquadrias azul, reboco nas
cores brique e branco, muro
com seixos, muro com pedras.
Piso: arenito polido e apicoado.
TRATAMENTO PAISAGÍSTICO
Cortes e fachadas.
Garagem, pav. térreo e superior.
LABELARDO DE SOUZA
206
Cortes e situação.
Vista da entrada.
F
achadas.
Planta jardim de entr
ada e pátio crianças.
Residências
207
O projeto recebeu paisagismo
de Paisagismo – Osborn Coelho
Cardozo que teve Miranda
Martinelli Magnoli como
colaboradora.
Uso de pedra, tijolo e madeira
na composição paisagística
contribuem para o projeto
assim como aberturas
estratégicamente posicionadas
o integram no conjunto.
O jardim para crianças recebeu
especial atenção.
ESTADO ATUAL DO CONJUNTO:
A casa foi descaracterizada em
sua fachada e seu jardim, com
troca de materiais, remoção
do jardim e portão principal. A
fachada voltada para Rua Heitor
de Morais encontra-se bastante
deteriorada, porém ainda é
possível observar traços do
projeto original.
Acima e à esquerda fotos de 1954.
Abaixo a res. Goldensteim em 2004.
LABELARDO DE SOUZA
208
DADOS DO PROJETO
Projeto: 1954
Entrega da Obra: 1955
Local: Rua Luis Góes 431, V.
Mariana. São Paulo-SP
DESCRIÇÃO DO
PROJETO:
Projeto de duas casas
geminadas na Vila Mariana
São Paulo. O programa simples
apresenta fachada bem
trabalhada com ampla frente
de vidro e pavimento superior
com composição de cores na
caixilharia e no revestimento
externo em madeira pintada.
Área do Lote: 300 m2
Área Construída:~270m2
Nº de pavimentos: 1
PAVIMENTO TÉRREO:
Concentram-se as zonas de
estar, área de serviço foi isolada
por jardim interno.
Residência Francisco
Mosetic
1954
Publicações:
Habitat 39, p
.21 .
1957.
P
AVIMENTO TIPO: Dois
banheiros completos e Quatro
dormitórios sendo três na
fachada principal, face norte
e o último voltado para o
jardim interno no fundo com
um pequeno terraço. A edícula
conta com dois quartos e um
banheiro.
TRATAMENTO DE FACHADAS
Fachada principal recebeu
revestimento de madeira
pintada, formando conjunto,
integrando as janelas As duas
casas possuem composição
contínua, diferenciando-se no
uso da cor sendo a casa à direita
com
esquadrias amarelas
com montantes brancos e à
esquerda: esquadrias briques e
azuis com montantes brancos.
Residências
209
LABELARDO DE SOUZA
210
1954 Res. Sumaré
Bernardo Blay
Residência no Sumaré, 1956.
Terreno acidentado. A parte
social localiza-se no térreo e
os serviços no andar inferior,
abaixo do térreo. Os dormitórios
situam-se no andar superior.
Frente revestida de madeira
aparentemente envernizada.
Placas de fibro-cimento colorido,
com revestimento de pastilhas
brancas. (FERRAZ1957)
DADOS DO PROJETO
Local: Rua Plínio de Morais,
Sumaré. São Paulo- SP
Residência Bernardo
Blay
1954
Publicações:
Habitat 39, p
.21 .
1957.
Residências
211
DADOS DO PROJETO
Projeto: 1955
Entrega da Obra: 1959
Local: R. Adalívia de Toledo
Leite, Morumbi. São Paulo - SP
Paisagismo e colaboração:
arquitetas Miranda M.
Magnoli e Rosa Kliass.
DESCRIÇÃO DO
PROJETO:
O projeto desta residência
no Morumbi teve como fator
determinante o panorama
soberbo que se apresentava
na frente do terreno, fazendo
Residência José
Ribeiro Sobrinho
1955
Publicações:
Habitat 54, p
.23-7.
1959.
o
projeto voltar-se para o vale.
O programa a solucionar era
de habitação para família de
cinco pessoas com intensa vida
social.
Apro
veitando-se do desnível do
terreno, o arquiteto levantou a
casa três metros acima da rua,
colocando-a no nível do fundo
do terreno, compondo um pátio
interno. De tal forma, a parte
social da casa abria-se para
vista do vale e pela integração
com o pátio, ampliava-se, num
excelente aproveitamento do
terreno.
Área do Lote: ˜700 m2
Área Construída:
de pavimentos: 2
pavimentos
PAVIMENTO TÉRREO: Na parte
térrea localizam-se serviços:
lavanderia, garagem para
carros, quartos de empregados
e um estúdio de fotografia, que
é um anexo da residência.
PAVIMENTO: No setor
correspondente ao pátio interno,
toda a parte social, cozinha e dois
quartos com banheiro A área
social totalmente aberta com
ambientes integrados. Todos
tem vista para o vale e para o
pátio. Jogo de forros e paredes
divisórias demarcando as áreas
gera movimento, criando zonas
de interesse e dotando-a de
certa organicidade. Na sala
de estar foi desenvolvido um
painel por Renina Katz.
PAVIMENTO no pavimento
superior encontram-se mais
dois quartos com banheiro.
TRATAMENTO DE FACHADAS o
pátio dos carros e entrada da
casa são pavimentados com
arenito. As paredes internas, na
garagem foram são revestidas
de seixos em tamanhos e
cores diversos. A escada de
acesso à casa é em concreto
armado revestido de madeira
e independente da parede de
seixos. Na composição Abelardo
investe numa ousada mistura
de materais, mas sempre de
forma conciliadora.
A crítica da revista Habitat
refere-se à construção como
a meio caminho entre um
racionalismo funcional e a
plasticidade da chamada “escola
brasileira”.
LABELARDO DE SOUZA
212
Residências
213
TRATAMENTO PAISAGÍSTICO
O projeto de paisagismo foi
realizado por Miranda Martinelli
Magnoli e Rosa Grena Kliass. A
maior parcela diz respeito ao
pátio de fundo dividido em zonas
de interesse, com canteiros,
espelho d’água e deck.
Na entrada, canteiros
escalonados diminuem o
desnível em relação ao primeiro
piso.
ESTADO ATUAL DO CONJUNTO
Apesar da eleveção do muro
e do aparato de segurança -
sinais de nosso tempo - a casa
encontra-se bem preservada e
mantida em sua integridade,
com manutenção de caixilhos,
tijolos, madeiras, a entrada de
carros,sua parede de seixos
e fundamental: a vista para o
vale.
Fotos da casa e interiores. 1955.
LABELARDO DE SOUZA
214
Residência J. Ribeiro em 2004.
Residências
215
DADOS DO PROJETO
Local:
DESCRIÇÃO DO
PROJETO:
Residência para classe média,
em terreno de dimensões
limitadas. Abelardo faz uso
do pátio interno, deixando
um pequeno jardim à frente e
voltando a casa para os fundos
do terreno conseguindo uma
valorização dos ambientes
internos e integração com o
paisagismo.
Houve uma grande preocupação
com os espaços internos com
a realização do projeto de
interiores e intenso uso de
cores e materiais.
O projeto de características
racionalistas é pontuado por
materiais e detalhes de natureza
brasileira.
Área do Lote:
Área Construída:
Nº de pavimentos: 1
PAVIMENTO TÉRREO A principal
preocupação do arquiteto foi unir
a parte social ao pátio interno.
O uso de piso contínuo em
tábuas de gaviúna contribuiu na
Residência em
São Paulo
1959
Publicações:
Habitat 51, p
.6-7.
1959.
integr
ação. O restante do pátio
recebeu piso formando mosaico
com ladrilhos e arenito.
A escada de acesso ao
pa
vimento superior, em
estrutura independe, recebeu
tratamento escultórico, sendo
seus degraus revestidos de
mármore de carrara e a viga
de mármore preto. No hall da
escada as paredes laterais
foram revestidas de pastilhas
brancas e o piso de pastilhas
vitrificadas vermelhas.
Um móvel com estrutura de
ferro e prateleiras de madeira e
vidro serve como divisória entre
a sala de estar e a de jantar. De
acordo com a revista Habitat
4
,
havia uma extensa cortina nas
côres cinza e branca e na sala
de estar um bar com piso em
granito polido de cor cinza.
Abelardo faz intenso uso da
cor como forma de valorizar os
interiores, tanto em materiais
como no mobiliário, investe em
propostas arrojadas.
PAVIMENTO SUPERIOR:
Planta compacta ocupando a
posição relativa ao estar, na
frente do terreno. Compõe-se
de três quartos, dois banheiros
LABELARDO DE SOUZA
216
e uma rouparia.
TRATAMENTO DE FACHADAS O
exterior foi revestido, no andar
superior, com pastilhas verde
claro enquanto as esquadrias
foram pintadas em cinza claro
com montantes brancos.
A estrutura permitiu liberdade
nas aberturas, que são altas
e contínuas destacando os
volumes. A parede inferior
formou uma composição
abstrata com tijolos furados ao
natural.
No piso da calçada e entrada
de carro foi utilizado mosaico
português e um portão em
veneziana de madeira isola a a
parte de serviço.
4
HABITAT 51
Residências
217
LABELARDO DE SOUZA
218
DADOS DO PROJETO
Projeto
Execução
Incorporação
Entrega da Obra
Local: Jardim Virgínia Guarujá
DESCRIÇÃO DO PROJETO:
Esta residência, localizada
no jardim Virgínia, Guarujá,
apresenta boa solução projetual,
mas destaca-se principalmente
pelo uso de madeiras e cor nos
acabamentos e revestimentos.
Área do Lote:
Área Construída:
Nº de pavimentos: 1 pav.
Residência Mª Ricardina
Mendes Gonçalves
1962
Perspectiva do 1º projeto, sem os quartos de hóspedes.
Residências
219
Planta térreo
Planta pa
v. superior
PAVIMENTO TÉRREO: O grande
lote de esquina foi ocupado
pelo arquiteto em forma de
“u”, deixando grande porção
de terreno para jardim e
piscina. Houve uma grande
ênfase na parte social, que
ocupa a parte central deste U
com direito duplo. Próximo
a divisa localizamp-se entrada
de serviço e cozinha, voltados
para o jardim 3 dormitórios e
dois banheiros.
PAVIMENTO: Apenas dois
dormitórios e 1 suíte, todos
voltados para rua e por ser uma
residência voltada para o lazer,
os quartos possuem dimensões
precisas.
TRATAMENTO DE FACHADAS: Os
blocos são claramente legíveis
na fachada, mas se articulam
de maneira harmoniosa. O
arquiteto lançou mão de grandes
panos de vidro , paredes em
pedra e alvenaria, madeira
como vedação e acabamento e
destaque para a estrutura pela
inserção de cor.
TRATAMENTO PAISAGÍSTICO:
Houve uma grande valorização
do pátio interno, prevendo
projeto paisagístico. O muro
externo receberia mural.
LABELARDO DE SOUZA
220
Cortes e fachadas.
Residências
221
DADOS DO PROJETO
Arquitetos: Abelardo de Souza
e Miranda Martinelli Magnoli
Local: Lote 13-Q-17 Paineiras
do Morumbi
DESCRIÇÃO DO PROJETO
Este projeto realizado em
parceria com a arquiteta Miranda
Magnoli não foi publicado nem
construído. Esta residência
no bairro do Morumbi em São
Paulo, possuía um programa
diferenciado, onde o principal
foco de atenção era uma
biblioteca para muitos volumes.
A casa se desenvolve em torno
deste bloco central, tendo sido
as áreas sociais deslocadas para
o nível mais alto da residência.
As soluções projetais e o jogo de
volumes resultante chamaram
atenção sobre o projeto.
Interessante ressaltar uma
associação com os volumes da
casa Kauffman de Frank Loyd
Wright.
Área do Lote:
Área Construída:
Nº de pavimentos: 3
PAVIMENTO TÉRREO: O
acesso à entrada social se faz
Residência João de
Scantimburgo
1962
por escada em três lances,
chegando a átrio aberto, com
direito triplo e acessando jall
interno com escada, lavabo e
elevador.
A rampa da garagem fica ao
lado do acesso de pedestres e
ela comporta 3 veículos.
PAVIMENTO: Neste nível
fica o grande salão em L da
biblioteca, que possui dois
níveis, em virtude da declividade
do terreno.
Na parte de serviços temos
dois quartos de empregados,
lavanderias e pátio de serviços
2ºPAVIMENTO: Aqui concentra-
se a parte íntima da casa com
3 suítes, sendo que a principal
possui dois banheiros e uma
sala de estar íntima. Na suíte
principal um acesso direto
para biblioteca.
O pé direito duplo da biblioteca
ocupa parte deste nível.
PAVIMENTO: Toda vida
social está neste piso, com
amplas salas interligadas e
transparencia visual em direção
à piscina que fica sob larga
pérgola em concreto. No piso
externo, vazios cobertos com
vidro permitem uma visão da
biblioteca.
LABELARDO DE SOUZA
222
Planta térreo.
Planta 1º pa
vimento.
Planta 2º pa
vimento.
Planta 3º pa
vimento.
Residências
223
Corte transversal.
Corte longitudinal.
F
achada lateral.
F
achada principal.
LABELARDO DE SOUZA
224
TRATAMENTO DE FACHADAS:
O projeto indica largo uso de
concreto e pedras aplicadas
em “canjiquinha”. O conjunto
com seus terraços e panos de
vidro, como foi dito, alude
à residência Kauffman e o uso
de pedra desta forma reforça a
semelhança.
Perspectiva átrio de ingresso.
Residências
225
Perspectiva plano da piscina.
Conclusão
Conclusão
229
Conclusão
A motivação da presente pesquisa, como foi dito na introdução veio
inicialmente de uma curiosidade pessoal e da crença de que havia muito a
descobrir na obra deste arquiteto.
Durante o processo de pesquisa da obra de Abelardo de Souza,
em diversos momentos surgiram dúvidas sobre a representatividade de
seu trabalho, e quais elementos o diferenciavam. Isto porque, via de
regra sua leitura mantém-se condicionada à análise de poucos edifícios e
principalmente, pela a ausência de suas obras na literatura existente sobre
arquitetura brasileira, específicamente em São Paulo, o que coloca em um
status “inferior” em relação à outras obras de contemporâneos.
Em uma das discussões sobre Abelardo, foi dito que sua pouca
representatividade era por tratar-se de um maneirista, que projetava numa
repetição de Lúcio Costa e da escola carioca.
Foi então que surgiu a questão: por que considerar demérito aquilo
que talvez seja uma de suas principais qualidades? E paradoxalmente,
as características atribuídas a seu modelo se tornaram a idiossincrasia
que o fez ser refutado em favor de outros, predominantemente o modelo
desenvolvido por Artigas, que deixou a influência de outras vertentes
formadoras do quadro da arquitetura paulista tanto tempo na sombra.
Abelardo nunca negou suas origens cariocas, ao contrário, em todos
seus depoimentos as expunha e , claramente, os princípios adquiridos
pela ENBA pontuaram com regularidade seu trabalho. Havia uma estreita
LABELARDO DE SOUZA
230
ligação sua com artistas, designers e paisagistas, num convívio intenso -
tanto profissional como pessoal, num reflexo da dinâmica que existia entre
arquitetura e Belas Artes na citada escola. Não se pode também prescindir
do dado de que a ENBA como escola de arquitetura precedeu em dezoito
anos a formação da FAU e que esta por sua vez era uma ramificação da
politécnica, muito mais ligada as cadeiras de engenharia. Portanto a ligação
com as artes plásticas na arquitetura paulistana na década de 40 de
aflorou pelo intermédio pioneiro de arquitetos de formação estrangeira ou
da ENBA e a presença deles em São Paulo realmente abriu um repertório
novo.
Quando inicia seu trabalho na capital paulistana, Abelardo será
parte da “diáspora” do ideário carioca, porém num segundo momento
sofrerá adaptações da nova realidade, principalmente no que se refere aos
programas de projetos e referências climáticas, tornando sua obra um elo
entre a corrente “oficial” existente (carioca) e a arquitetura que começava
a se desenvolver em São Paulo.
Este sentido de referência que estamos apontando em seu trabalho
é compreensível quando pensamos no surgimento dos edifícios projetados
por Abelardo. Quando ocorreu a mudança de feição da cidade de São
Paulo, com a intensificação da verticalização na década de 50, eram
poucas as obras desse porte. Os primeiros grandes edifícios da cidade,
pela própria complexidade financeira, de aprovação, de organização de
obra (construtora, pessoal, etc tudo muito precário ainda) levaram muito
tempo de gestação. Os arquitetos neste momento foram pioneiros e o
repertório trazido por Abelardo realmente era uma referência no período.
Nesse processo ainda cabe notar a rápida assimilação por parte do
arquiteto dos novos materiais industrializados em seu trabalho, chegando
inclusive a colaborar para o desenvolvimento de alguns elementos. Muitas
Conclusão
231
das obras de Abelardo serviram como vitrine para estes materiais, como
bem demostram os anúncios em revistas especializadas de arquitetura e
engenharia da época.
A pesquisa de materiais ele aliou sua busca pessoal de diferentes
soluções compositivas, trabalhando com materialidades, inserção de cor
ou pela criação elementos volumétricos e recuos produzindo efeitos de luz
e sombra. Exemplo mais conhecido é o Três Marias, aonde fazendo uso
destes recursos ele que consegue inclusive transmitir uma sensação de
movimento, como se o volume tivesse sido rotacionado, efeito obtido pela
transposição dos balcões na fachada aliada a quebra do volume pelo uso
contínuo de madeira no 12º andar.
Sua rica pesquisa formal prosseguiu nos projetos de edifício da
década de 60, dos quais nenhum exemplar foi executado.
Se exíguas são as citações de seus edifícios, os projetos de casas
são francamente menos conhecidos não tendo participado de nenhuma
compilação para o gênero.
Nas primeiras casas de Abelardo, realizadas na década de quarenta,
quando trabalha uma certa organicidade, apresentam soluções
diferenciadas de seus colegas paulistas. Na década de 50 ingressa no
racionalismo corrente, dentro da qual manterá sua linearidade. Fica claro
uso dos postulados de Le Corbusier: volumes regulares, uso de pilotis,
planta livre, horizontalidade nas aberturas. Observa-se que a pesquisa
formal realizada por Abelardo realmente é mais rica em se tratando de
edifícios do que em casas, onde por vezes as limitações de terreno ou
dificuldades com clientes o levavam a soluções repetidas.
Como características constantes podemos citar: a preocupação
com os fatores climáticos e sua adequação pela busca de soluções em
caixilhos com venezianas e brises, inserção de elementos de ventilação
LABELARDO DE SOUZA
232
e especialmente pela criação de pátios internos de forma a promover
integração entre interior e exterior.
Porém no fim da década de 50, no projeto da casa de J.Ribeiro
Sobrinho, reconhece-se dentro da volumetria rígida uma liberdade nas
soluções espaciais que se entrelaçam num todo mais harmonioso. Além
disso apresenta uma rica mescla de materiais e soluções de insolação
adequadas, numa composição absolutamente harmônica que, felizmente,
até hoje se mantém.
Nos projetos em que faz uso de grandes estruturas, surge uma
manifestação mais explícita de uma influência de Oscar Niemeyer, ao qual
faz claras referências especialmente nos projetos com casca de concreto.
Mas sua pesquisa formal adquire caminhos próprios quando no
final da década de 60, busca através de uma tecnologia que misturava o
uso de concreto armado com cabos tensionados uma maior expressividade
maior dentro de soluções plásticas, num misto de soluções brasileiras com
influência externas. Interessante notar que ele não vincula seu trabalho a
correntes ideológicas ou sectarismos que surgem então.
Neste modelo relacionamos os projetos para o Clube de Piracicaba,
Lynce e Mercado de Pirituba, sendo que o último conseguiu ser
concretizado.
No encerramento desta pesquisa cumpre ainda citar a intensa
participação de Abelardo nos primeiros anos da FAUUSP. Chamado por
Anhaia Mello para ingressar como assistente da cadeira de composição, sua
experiência dos anos de ENBA e da extinta UDF, lhe rendiam o crédito de
ter participado de uma instituição onde já se lecionava dentro dos padrões
modernos. O apoio do prof Anhaia Mello, fica claro quando o sabemos que
ele foi ao Rio enviado como emissário para falar com L. Costa em nome da
Conclusão
233
universidade, e de sua liberdade na indicação de alguns nomes.
Nas questões de educação convém citar o Editorial da Revista Habitat
em 54
1
em que ele fala sobre o ensino de arquitetura.
Ele cogita o aumento do número de anos do curso e como deveriam
ser enfatizados os conhecimentos teóricos, e desenho: desenho abundante
para obtenção de técnica durante primeiros anos. Orientação das demais
cadeiras em função da cadeira de composição, inclusive as disciplinas
técnicas e teóricas. Maior proximidade com a construção, numa estrita
ligação “projeto-obra”.
Como se sabe, o ensino de arquitetura em São Paulo, apesar de
se desvincular do de engenharia em 48, permaneceu atrelado a este, na
medida em que todos recebiam o título de engenheiros
2
.
Em 1957 Abelardo de Souza participa de uma comissão interna da
FAUUSP encarregada de examinar e propor reformas com o objetivo de
aperfeiçoar o ensino. Juntamente com Vilanova Artigas, Hélio Duarte e
Rino Levi propuseram, com modesta objetividade uma redistribuição das
disciplinas ao longo do curso. Cadeiras técnicas nos primeiros anos, práticas
(composição) ao longo do curso e históricas nos três anos centrais.
ainda considerações muito interessantes com relação à seriação do curso,
com relação à composição do curso que enfatizava o atelier como linha
mestra do ensino, com relação à prática da construção, com relação à
pesquisa e ao apoio financeiro ao corpo discente.
Em 57, as propostas que visam instituir um “ensino brasileiro”
paradoxalmente tem como base o pensamento da Bauhaus. Seu grande
mérito vem do ponto de vista profissional da “arquitetura para os
arquitetos”.
Em 1962 a estruturação do curso da FAUUSP se apoiou em um tripé:
os três departamentos Projeto, estrutura e tecnologia, unidos pelo Atelier
1
Habitat nº 18, set/out 54.
2
O CREA teve a primeira regulamentação
da profissão de engenheiro e arquiteto
em 1933, mas o título exclusivo veio em
1966.
LABELARDO DE SOUZA
234
interdepartamental, que embora tivesse a princípio a mesma importância
dos outros três, nunca se realizou praticamente.
3
As mudança das regras incluiam a obrigatoriedade de obtenção
de titulo. Renina Katz em seu depoimento comenta que Abelardo tinha
restrições ao academicismo, acreditando que as pessoas ficariam muito
mais preocupadas com a carreira do que com o ensino propriamente dito,
e que quem tinha título não necessariamente estava apto.
4
Era uma posição compartilhada por outros professores, inclusive
Artigas, mas no fim Renina acabou fazendo a Pós e o doutorado. Artigas
acabou tendo sua titulação resolvida bem mais tarde.
Abelardo se aposentou então em 78 como “instrutor”, ele que
havia batalhado pela escola e pela profissão! Mas ele manteve a posição
“artiguiana” de não se submeterem às mudanças da Universidade.
5
Neste momento ele lança o livro Arquitetura no Brasil:
Depoimentos”.
É uma homenagem àqueles cujo trabalho admirava onde na
introdução encontramos um delicioso relato sobre o período em que
Lúcio Costa dirigiu a ENBA. Este texto foi diversas vezes republicado em
compilações sendo um dos poucos que relata esta momento.
Abelardo de Souza faleceu em 1981, ainda morando no sobrado da
Bela Vista. Sua obra na década de 50 mantém-se, ainda, como a de maior
visibilidade, apesar de indicar novas pesquisas em seus últimos trabalhos.
Ele com certeza influenciou e continua a influenciar uma geração de
arquitetos e o debate da arquitetura brasileira.
3
FAGGIN, Carlos Augusto Mattei (1992).
Carlos Millan, itinerário profissional de um
arquiteto paulista.
Nível: Mestrado. FAU/USP, São Paulo.
4
Renina Katz depoimento em 24/06/2004.
5
Miranda Magnoli, depoimento em
18/06/2004.
Bibliografia
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(54):8-12_ Thalia: Centro Nacional de Arte (1959)
(57):20-4_ Edifício Nações Unidas (1959)
(60):11-25_ Escola em Presidente Venceslau (1960)
(61):3-6_ Hotel e aptos em Goiás (1960)
(62):7-18_ Tropical Palace Hotel em São Paulo (1960)
(64):10-3_ Estação Rodoviária em Presidente Venceslau (1961)
(65):4_ Capela em Presidente Venceslau (1961)
(70):20-4_ Internacional Golf Club
(73):13-7_ Clube de C. de São Paulo (1963)
(75):19-20_ Clube de Campo em Piracicaba (1964)
(76):18-23_ Lynce Estância Clube, Atibaia, S
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Revista ACRÓPOLE
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(200):366-7_ Edifício Franco da Rocha e Min. Godoy
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(262):270-2_ Edifício Nações Unidas (1960)
(110):64-5_ Residência E.O.(1947)
(109):36-7_ Estudo para parque infantil(1947)
(106):256-7 _ Orfanato Amando de Barros (1947)
LABELARDO DE SOUZA
244
(118):272-3_ Estudo para residência em São Paulo (1948)
(114):165-7_ Edifício Pedra Azul (1947)
(120):321-3_ Ed. Hecilda (1948)
(98):52-4 _ Projeto ABI Salvador (1946)
(117):249-51_ Projeto ABI Salvador (1948)
(259):176-7_ Edifício ABI Salvabor (1960)
Revista ARQUITETURA E ENGENHARIA
(31):52-3_ Edifício Fco. Da Rocha e Min. Godoy (1954)
(32):26-7_ Clube em São Paulo (1954)
AC – ARQUITETURA E CONSTRUÇÃO
(1):22-6 _ Paisagismo: arquitetura de exterior(1966)
AD_ ARQUITETURA E DECORAÇÃO
(1)_ Edifício Nações Unidas (1953)
(1)_ Residência em São Paulo, móveis de Joaquim Tenreiro
(4) _ Conjunto residencial em construção(1954)
(7)_ Belvedere _ Clube dos 500(1954)
(11)_ Aptos na Estrada de Sto. Amaro(1955)
A CONSTRUÇÃO EM SÃO PAULO
(1253):10-1,14-2_ Pirituba _ Mercado Distrital (1972)
(1627):18,16-4_ Edifício sede do IAB (1979)
CASA & JARDIM
(208):106 _ Pirituba _ Mercado Distrital (1972)
Bibliografia
245
Projetos Originais
Acervo de projetos da biblioteca FAU/USP
Anexos
Relação de projetos
249
001
002
003
004
projeto Grupo Escolar tipo II
cliente IPESP
tipologia Escola
ano 1962
endereço R.Dino
cidade Jundiai - SP
construído sim
publicado
projeto Grupo Escolar de Bauru
cliente IPESP
tipologia Escola
ano 1962
endereço Pça. Das Orquideas
cidade Bauru -SP
construído sim
publicado
projeto Grupo Escolar
cliente IPESP
tipologia Escola
ano
1960
endereço Rua Tiradentes/Anita Garibal-
di/Cel Antenor Pereira/Fernão dias
cidade Presidente Wenceslau - SP
construído sim
publicado Habitat n.60 pag. 11-25
- 1960
projeto Grupo Escolar
cliente IPESP
tipologia Escola
ano
1961
endereço Rua 27c/av. 3
cidade Águas de São Pedro
construído sim
publicado
005
006
007
008
projeto Esc. de Com. Alvares Pen-
teado
cliente Fundação Alvares Penteado
tipologia Escola
ano
endereço Lgo. S. Francisco com R. Sen.
Feijó
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Escola Paulista de Medi-
cina
cliente
tipologia Escola
ano
endereço Av. Paulista
cidade São Paulo -SP
construído
publicado
projeto Grupo Escolar
cliente IPESP
tipologia Escola
ano
1961
endereço R.Gastão Vidigal
cidade Suzano - SP
construído
publicado
projeto Grupo Escolar Vila Indus-
trial
cliente Fundo Estadual de Constru-
ção Escolar
tipologia Escola
ano
1967/68
endereço Av.Cav.Nami Jaffet
cidade Mogi das Cruzes - SP
construído sim
publicado
LABELARDO DE SOUZA
250
009
010
011
012
projeto Estação Rodoviária
cliente
tipologia Estações
ano
endereço Praça Júlio Prestes
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Parada de Ônibus
cliente
tipologia Estações
ano
endereço R.Tenente Oswaldo x R.São
Paulo
cidade Pres. Wenceslau-SP
construído
publicado Habitat n. 64 pag. 10-13
- 1961
projeto Fazenda Bom Descanso
cliente Pado S/A
tipologia Fazendas
ano
endereço
cidade Ubatuba - SP
construído
publicado
projeto Fazendas Unidas
cliente
Fazendas Unidas
tipologia Fazendas
ano
endereço
cidade Loanda - SP
construído
publicado
013
014
015
projeto Fazendas Reunidas Agro-
pec. Ltda
cliente
tipologia Fazendas
ano
endereço
cidade Bataiporãn - MT
construído
publicado
projeto Plano de Urb. De Vila
Sertaneja
cliente Dr. Henrique Mª dos Santos
tipologia Fazendas
ano
endereço
cidade Sertãozinho - SP
construído
publicado
projeto Fazenda Taquari
cliente Luiz Marcio Ribeiro Caldas
tipologia Fazendas
ano
1972
endereço
cidade Itai - SP
construído
publicado
projeto Sítio Eduardo
cliente
Casas Eduardo - Calç.e Cha-
péus
tipologia Fazendas
ano
endereço
cidade Sta. Izabel - SP
construído
publicado
016
Relação de projetos
251
017
018
019
projeto Sítio SP
cliente Hermes Barreto
tipologia Fazendas
ano
endereço
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Santa Casa de Misericórdia
cliente
tipologia Hospitais
ano
endereço
cidade Santos-SP
construído
publicado
projeto Hospital
cliente
tipologia Hospitais
ano
endereço
cidade Osasco/Barueri - SP
construído
publicado
020
projeto Conjunto hoteis e aptos.
cliente Realtur Hoteleira S.A.
tipologia Hotéis /Pousadas
ano 1964
endereço Jd. Tegereba
cidade Guarujá - SP
construído
publicado
021
022
023
projeto Colônia de Férias - Vila
Tupi
cliente S.E.C.R.A.S.
tipologia Hotéis /Pousadas
ano 1967
endereço
cidade
construído
publicado
projeto Tropical Palace Hotel
cliente Imobiliária Deville Ltda
tipologia Hotéis /Pousadas
ano
1960
endereço R. da Consolação 282 a 320
cidade São Paulo - SP
construído
publicado Habitat n. 62 pag. 7-18
- 1960
projeto Hotel Areias Negras
cliente
Realtur S.A.Agenciamentos
tipologia Hotéis /Pousadas
ano 1963
endereço Praia da Areia Preta
cidade Guarapari- ES
construído
publicado
024
projeto Hotel em Ouro Preto
cliente Cia.Tropical de Hotéis
tipologia Hotéis/Pousadas
ano 1970
endereço Morro da Forca
cidade Ouro Preto - MG
construído
publicado
LABELARDO DE SOUZA
252
027
projeto Clube dos 500
cliente Cia. de Hotéis Bradesco
tipologia Hotéis/Pousadas
ano 1954
endereço
cidade Guaratinguetá - SP
construído
publicado Habitat n.17( 1954); Arq. e
Dec. (1955)
projeto Internacional Golfe Clube
cliente SEMP
AR
tipologia Hotéis/Pousadas
ano 1963
endereço Rod.Pres.Dutra km.232,
vizinho ao clube dos Clube dos 500
cidade Guaratinguetá - SP
construído
publicado Habitat 70 p.20-4
projeto Hotel
cliente
Hotel Brad.Aerop.de S.Paulo
SA
tipologia Hotéis/Pousadas
ano
endereço Av. Washington Luis 1576
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
028
projeto Hotel
cliente Dr. Carlos Vergueiro
tipologia Hotéis/Pousadas
ano 1967
endereço R. 13 de maio 846
cidade Foz do Iguaçú
construído
publicado
029
030
031
projeto Pousada
cliente Cia.Tropical de Hotéis
tipologia Hotéis/Pousadas
ano
endereço R.13 de maio 14
cidade Cachoeira - Ba
construído
publicado
projeto Tropical Hotel
cliente Cia.T
ropical de Hotéis
tipologia Hotéis/Pousadas
ano
endereço Ponta Negra
cidade Manaus - AM
construído
publicado
032
projeto Cj. Vale do Ipê
cliente
tipologia Hotéis/Pousadas
ano
endereço
cidade
construído
publicado
projeto Hotel
cliente
tipologia Hotéis/Pousadas
ano
endereço
cidade Ribeirão Preto - SP
construído
publicado
025
026
Relação de projetos
253
033
034
035
projeto Hotel com lojas
cliente Parque Balneário Hotel
tipologia Hotéis/Pousadas
ano
endereço Av. Ana Costa 555
cidade Santos - SP
construído
publicado
036
projeto Hotel em São Paulo
cliente Gerard Georges Valentin e
outros
tipologia Hotéis/Pousadas
ano
endereço Al.Casabranca/Av.Paulista/
Al.Santos
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Tropical Palace Hotel
cliente
tipologia Hotéis /Pousadas
ano
endereço A
v.Presidente Vargas
cidade Salvador-BA
construído
publicado
projeto Dec. do Hotel da Bahia
associado a Miranda M.M.
cliente Realtur Hoteleira S.A.
tipologia Hotéis/Pousadas
ano 1966
endereço Pça dois de julho/7 de se-
tembro
cidade Salvador-BA
construído sim
publicado Habitat 80 p.28-33 (1965)
037
038
039
040
projeto Hotel
cliente Cia. de Hotéis do Norte
tipologia Hotéis/Pousadas
ano 1969
endereço Av. Pres.Vargas/Carlos Go-
mes
cidade Belém - PA
construído
publicado
projeto Hotel e Aptos.
cliente Salim Caled
tipologia Hotéis/Pousadas
ano
endereço
cidade Anápolis - GO
construído
publicado Habitat 61 pg.3-6 (1960)
projeto Hotel
cliente Bel-Campo Emp.Tur. S/A
tipologia Hotéis/Pousadas
ano
endereço Rod. Raposo Tavares Km.66
cidade Mairinque/S.Roque -SP
construído
publicado
projeto Reforma de um hotel
cliente Hotel Pão de açucar S/A
tipologia Hotéis/Pousadas
ano
endereço R.Conselheiro Nébias 314
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
LABELARDO DE SOUZA
254
041
042
043
044
projeto Hotel em Foz do Iguaçu
cliente Carlos Vergueiro
tipologia Hotéis/Pousadas
ano 1967
endereço R.Bartolomeu Gus-
mão/R.Missões
cidade Foz do Iguaçu - PR
construído
publicado
projeto Hotel
cliente Rodolfo Triebel
tipologia Hotéis/Pousadas
ano
endereço Av.Washington Luiz,
3691
cidade São Paulo -SP
construído
publicado
projeto Hotel
cliente Cia. de Hotéis Br
adesco
tipologia Hotéis/Pousadas
ano 1974
endereço
Praia Massaguaçu
cidade Car
aguatatuba-SP
construído
publicado
projeto Gleba para loteamento
cliente Conrado Sorgenicht e outros
tipologia Loteamentos
ano
endereço Pr
aia Grande
cidade São Sebastião - SP
construído
publicado
045
046
047
048
projeto Loteamento Jardim
Italia
cliente Mario Bartholo
tipologia Loteamentos
ano
endereço
cidade Itapetininga - SP
construído
publicado
projeto Cidade Tallavasso
cliente José Schwarzmaier e Filhos.
Ltda.
tipologia Loteamentos
ano
endereço
cidade Taquaritinga - SP
construído
publicado folder
projeto Loteamento Rural
cliente Salvate Carnicelli
tipologia Loteamentos
ano
endereço
cidade São R
oque - SP
construído
publicado
projeto Centro de Atração Tur. e
Lot.
cliente Nadir Lima Cardoso
tipologia Loteamentos
ano
endereço Pqe. Agua Santa
cidade Campos do Jordão - SP
construído
publicado
Relação de projetos
255
049
050
051
052
projeto Divisão de quadras em
lotes
cliente
tipologia Loteamentos
ano
endereço Jd.Guilhermina-Boqueirão
cidade Praia Grande - SP
construído
publicado
projeto Loteamento popular
cliente Mario Bartholo, Armando
Santos
tipologia Loteamentos
ano
endereço Estrada de Campininha- Sto.
Amaro
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Cond. Irmãos Pires do Rio
cliente Sta.Paula Melhoramentos
S/A
tipologia Loteamentos
ano
endereço
cidade Aparecida do Norte - SP
construído
publicado
projeto Loteamento
cliente DAP Ltda.
tipologia Loteamentos
ano
endereço Eldor
ado
cidade Diadema -SP
construído
publicado
053
055
056
projeto Integr. de linhas de su-
burbio
cliente Prefeitura de SP
tipologia Acessos
ano
endereço
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Loteamento
cliente S.C.Pontal da Lagoinha Ltda.
tipologia Fazendas
ano
endereço Praia de Maranduba
cidade Ubatuba - SP
construído
publicado Habitat 27 p.42 (1956)
Habitat 39 p.18 (1957)
projeto Urbanização de São Lou-
renço
assoc. a Miranda Magnoli
cliente
tipologia Loteamentos
ano
endereço
cidade Bertioga-SP
construído
publicado
projeto Cj.Hab. Praia do Tombo
cliente Antoni Brandão
tipologia Loteamentos
ano
endereço
cidade Guarujá -
SP
construído
publicado
054
LABELARDO DE SOUZA
256
057
058
059
060
projeto Mercado de Pinheiros
cliente C.C.Bonfiglioli
tipologia Mercados
ano
endereço Av.Eusébio Matoso/R.Bento
Freitas
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Mercado
cliente Fazendas Unidas
tipologia Mercados
ano
endereço Rua Liberdade e Av. Itororó
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Campos Novos do Empyreo
cliente Yolanda Penteado Matarazzo
tipologia Mercados
ano 1959
endereço
cidade Leme-
SP
construído
publicado
projeto Armazém/mercado
cliente Armazens Populares Reuni-
dos
tipologia Mercados
ano 1954
endereço R.do Gasometro - Bras
cidade São Paulo - SP
construído não
publicado Habitat 39 p.17 (1957);
Habitat 33 p.50 (1956) ; Mindlin-“The
architecture in Brazil” p.41
061
062
063
064
projeto Mercado
cliente Mario Bartholo
tipologia Mercados
ano
endereço
cidade Sorocaba - SP
construído
publicado
projeto Merc. Distrital do Morum-
bi
cliente
tipologia Mercados
ano
endereço
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Mercado
cliente
tipologia Mercados
ano
1954
endereço R.do catete
cidade Rio de Janeiro - RJ
construído
publicado
projeto Prédio de Aptos e Arma-
zem
cliente Maria S.Russo
tipologia Mercados
ano
endereço R.Bela Cintr
a, 483
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
Relação de projetos
257
065
066
067
068
projeto Prédio para mercado
cliente CNI
tipologia Mercados
ano
endereço Rua Augusta
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Mercado,Aptos e Sala de
Esp.
cliente
tipologia Mercados
ano
endereço Av. Siqueira Campos/
R.Figueiredo Magalhães
cidade
construído
publicado
projeto Mercado de Pirituba
cliente Prefeitura de São Paulo
tipologia Mercados
ano
1969
endereço
R.Gabriel Cotti/Alm.Isaias de
Noronha / R.Luis de Andrade e R.Celso
Vieira
cidade São Paulo - SP
construído sim
publicadoA construção em SP” p.10-
14 (1972)
projeto Lab. Fot. e Estúdios
cliente
LYNX film
tipologia Comerciais
ano 1965
endereço R.São Francisco de Assis
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
069
070
071
072
projeto Lab. Fot. e Estúdios
cliente LYNX film
tipologia Comerciais
ano 1962
endereço R.Frei Caneca
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Loja de Roupas Femininas
cliente Mme.Ruth
tipologia Comerciais
ano 1974
endereço R.Barão de Capanema
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Posto de Gasolina
cliente Fco.J.da Nova/Guapaúva Ltda
tipologia Comerciais
ano
endereço A
v.Rebouças
cidade São P
aulo - SP
construído
publicado
projeto Loja em Buenos Aires
cliente
tipologia Comerciais
ano
endereço R.Florida c/T
ucuman
cidade Buenos Aires - Argentina
construído
publicado
073
074
075
076
projeto Cia.Importadora Notari
cliente Sr. Notari
tipologia Comerciais
ano
endereço Rua Rocha
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Lojas
cliente Fco
.Giaffone
tipologia Comerciais
ano
endereço R.dos Ingleses 23,27,29,33
e Cons.Carrão493
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Casas Eduardo
cliente João di Pietro
tipologia Comerciais
ano
endereço
cidade
construído
publicado
projeto Pça de retornoV.Norman-
da
cliente
tipologia Acessos
ano
endereço R.Consolação/R.Ar
aujo/
S.Luiz/Ipiranga
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
LABELARDO DE SOUZA
258
077
078
079
080
projeto Viaduto Rio Pinheiros
cliente Prefeitura de São Paulo
tipologia Acessos
ano
endereço
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto
Tunel sob o Mont Serrat
cliente Pref.Mun.Santos
tipologia Acessos
ano
endereço Monte Serr
at
cidade Santos - SP
construído
publicado
projeto Alargamento R.do Catete
cliente
tipologia Acessos
ano
endereço
cidade
construído
publicado
projeto Acesso Via Anchieta km28
cliente DER
tipologia Acessos
ano
endereço Rio Gr
ande
cidade - SP
construído
publicado
081
082
083
084
projeto Bco.da América S/A
cliente Bco.da América S/A
tipologia Bancos
ano
endereço R.Clélia/R.Aurélia
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Bco.Auxiliar de SP
cliente Cia.Paulista de Seguros
tipologia Bancos
ano
endereço R.Libero Badaró
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Caixa Econômica Federal
cliente Caixa Econômica F
ederal
tipologia Bancos
ano 1962
endereço
cidade Jaboticabal-
SP
construído sim
publicado
projeto Mon.Pedro de Toledo
cliente
tipologia Concursos
ano
endereço R.Curitiba/A
v.Brasil
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
086
087
088
projeto Edifício na Av. Paulista
cliente Invicta S/A
tipologia Concursos - 2° lugar
ano
endereço Av.Paulista
cidade São Paulo - SP
construído não
publicado
projeto Paço Municipal
cliente Pref. Municipio Valinhos
tipologia Concursos ( 1° lugar)
ano
endereço
cidade Valinhos - SP
construído não
publicado
projeto Monumento Saturnino
Brito
cliente
tipologia Concursos
ano
endereço Praia José Menino
cidade Santos - SP
construído
publicado
projeto Cinema
cliente Maria R
usso
tipologia Teatros / Cinemas
ano
endereço R.Cesário Mota 427-432-
V.Buarque
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
085
Relação de projetos
259
089
090
091
092
projeto Cine Sorocaba
cliente
tipologia Teatros / Cinemas
ano
endereço
cidade Sorocaba - SP
construído
publicado
projeto
Teatro Thalia
cliente Mario Bartholo
tipologia Teatros / Cinemas
ano 1959
endereço Pça.Mal.Deodoro 340-Sta.
Cecília
cidade São P
aulo - SP
construído não
publicado Habitat 54 p 8-12 (1959)
projeto Cine Plaza
cliente Mario Bartholo
tipologia Teatros / Cinemas
ano 1958/59
endereço Pça.Mal.Deodoro 340-
Sta.
Cecília
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Teatro Leopoldo Fróes-
Cia.Nydia L.
cliente PMSP
tipologia Teatros / Cinemas
ano
endereço Major Sertório e Gal.Jardim
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
093
094
095
096
projeto Teatro
cliente Montezzo
tipologia Teatros / Cinemas
ano
endereço Lgo
.do Arouche
cidade São P
aulo - SP
construído
publicado
projeto Casa de Força
assoc. a Mir
anda M.M.
cliente COPEL
tipologia Gerais
ano 1965
endereço Foz do Chopim
cidade PR
construído não
publicado Habitat 81 p 15-20 (1965)
projeto Casa de Bombas
cliente Termaco - Cosipa
tipologia Gerais
ano 1961
endereço Via Anchieta
cidade - SP
construído
publicado
projeto Fábrica
cliente Antonio Rosa
tipologia Gerais
ano
1958
endereço Estr
ada Piraporinha
cidade - SP
construído
publicado sim
LABELARDO DE SOUZA
260
097
099
100
projeto Galeria p/armaz. pneus
cliente J.Duarte de Oliveira
tipologia Gerais
ano
endereço Al.Nothmann/Com.Salgado
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Orfanato Amando de Barros
(associado a Z
enon Lotufo e H. Duarte)
cliente J.Duarte de Oliveira
tipologia Gerais
ano 1947
endereço Rua Rafael Sampaio
cidade Botucatu - SP
construído não
publicado Acrópole 106 p.256-257
(1947)
projeto Estudo para parque infan-
til
cliente Soc. Amigos do P
araíso
tipologia Gerais
ano 1947
endereço
cidade São Paulo - SP
construído
publicado Acrópole 109 p.36-37 (1947)
projeto Igreja Rodovia Dutra
cliente R. Loureiro ( Clube dos 500)
tipologia Gerais
ano
1953
endereço
cidade São P
aulo - SP
construído
publicado Habitat 17 p
.18-19 (1953)
102
103
104
projeto Capela em Minas Gerais
cliente
tipologia Gerais
ano 1955
endereço
cidade São Paulo - SP
construído
publicado Habitat 39 p.20 (1957)
projeto Arquibancada de Hipódro-
mo
cliente
tipologia Gerais
ano
endereço
cidade SP
construído
publicado
projeto Fórum de S.J.C.
cliente
tipologia Gerais
ano
endereço
cidade São José dos Campos - SP
construído
publicado
projeto Galerias
cliente Prefeitura do Mun. de Santos
tipologia Gerais
ano
endereço Galerias
cidade Santos - SP
construído
publicado
098
101
Relação de projetos
261
105
106
108
projeto Instituto Butantã
cliente
tipologia Gerais
ano
endereço
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Igreja
cliente
tipologia Gerais
ano
endereço
cidade Pres. Wenceslau - SP
construído
publicado Habitat 65 p.4 (1961)
projeto Prédio de Estacionamento
cliente CNI
tipologia Gerais
ano
endereço Av. Anhangabaú/R. Riachue-
lo/Av. Itororó
cidade São Paulo - SP
construído
publicado Habitat 39 p.14 ( 1957)
projeto Cl. de Campo de Piracicaba
assoc. a Mir
anda M.M
cliente
tipologia Clubes
ano
1963/64
endereço A
v. Torquato Silva Leitão
cidade Piracicaba - SP
construído
publicado Habitat 75 p.19-20 (1964)
109
110
111
112
projeto Vale do Ipê Country Club
cliente Sr. Santos Afonso
tipologia Clubes
ano 1959
endereço Belford Roxo
cidade Nova Iguaçu - RJ
construído
publicado
projeto Clube de campo
cliente
tipologia Clubes
ano
endereço
cidade Belem - PA
construído
publicado
projeto Campos do Jordão Tênis
Clube
cliente
tipologia Clubes
ano
endereço
cidade Campos do Jordão - SP
construído
publicado
projeto Sta.Paula Country Club
cliente
Sta.Paula Melhoramentos
tipologia Clubes
ano
endereço Jd.Sta.Paula-Estr.Caucaia
do Alto
cidade SP
construído
publicado
107
LABELARDO DE SOUZA
262
113
114
115
116
projeto Jockey Club da Borda do
Campo
cliente Sta.Paula Melhoramentos
tipologia Clubes
ano
endereço Clube de Campo de ABC
cidade SP
construído
publicado
projeto Cassino Clube Ilha Por-
chat
cliente Ilha Porchat Clube
tipologia Clubes
ano
endereço
cidade S.Vicente - SP
construído
publicado
projeto São Roque Country Club
cliente Luiz Barreto Barbosa
Jr
.Imov.
tipologia Clubes
ano
endereço
cidade São Roque - SP
construído
publicado
projeto Clube de Pesca Maranduba
cliente
tipologia Clubes
ano
endereço
cidade Ubatuba - SP
construído
publicado
117
119
120
projeto Reforma clube dos Artistas
cliente
tipologia Clubes
ano
endereço R.Bento Freitas 306
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Lynce Estância Clube
( associado a Miranda Magnoli)
cliente Lynce Estância Clube
tipologia Clubes
ano
endereço
cidade Atibaia -SP
construído não
publicado Habitat 76 p.18-23 (1964)
projeto Clube Atlético Ourinhense
cliente Clube Atlético Ourinhense
tipologia Clubes
ano
1945
endereço
cidade Ourinhos - SP
construído sim
publicado Habitat 2 (1951) , Habitat
39 p7 (1957), Acrópole 184. Part. da 1°
exp. Int. de Arq. ( 1951)
projeto Cruzeiro F.C.
cliente Cruzeiro F.C.
tipologia Clubes
ano 1953
endereço R.Cap. Avelino Bastos/R.M.
Hermogenes
cidade Cruzeiro - SP
construído sim
publicado Arq. e Eng.32 (1954); Acró-
pole 184; Habitat 39 (1957); Habitat
12 (1953)
118
Relação de projetos
263
121
122
123
124
projeto Clube At. Monte Libano
cliente Clube At. Monte Libano
tipologia Clube
ano
endereço Av. Rep.do Libano 2267
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Associação Civica Femi-
nina
cliente Associação Civica F
eminina
tipologia Clubes
ano 1953
endereço R.Jorge Tibiriça
cidade Cruzeiro - SP
construído sim
publicado sim
projeto Ocian Praia Clube
cliente
tipologia Clubes
ano
1962
endereço
cidade Praia Grande - SP
construído
publicado
projeto Reforma do Clube Nacional
( Associado a Mir
anda M.M.)
cliente Clube Nacional
tipologia Clubes
ano 1963
endereço R.Angatuba
cidade São Paulo - SP
construído sim
publicado Artigo de jornal de 1963
126
127
128
projeto Clube da Cidade de SP
( Associado a Miranda M.M.)
cliente Severo e Vilares
tipologia Clubes
ano 1963
endereço
cidade São Paulo - SP
construído sim
publicado Habitat 73 p.13-17 (1963)
projeto Clube XV
cliente
tipologia Clubes
ano
endereço Av.Washington Luis
cidade Santos - SP
construído
publicado sim
projeto Ed. de Aptos - Roger
Imekhol
cliente Imobiliária Galluzi Ltda
tipologia Edifícios
ano
endereço A
v.Sto.Andre/R.Abilio So-
ares
cidade Santo Andre - SP
construído
publicado
projeto Edifíco de aptos.
cliente
Maria Aparecida Munford
Almeida
tipologia Edifícios
ano
endereço R.Domingos Leme
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
125
LABELARDO DE SOUZA
264
129
130
131
132
projeto Predio de aptos c/Agencia
cliente Caixa Economica Federal SP
tipologia Edifícios
ano
endereço Pça.9de julho
cidade Jaboticabal - SP
construído
publicado
projeto Conj. Residencial em
Perdizes
cliente Banco Hipotecário Lar Brasi-
leiro
tipologia Edifícios
ano
1954
endereço Rua Fco.da Rocha-Perdizes
cidade São Paulo - SP
construído sim
publicado Acrópole 184 e 200; Habitat
39; Arq. e Eng. 31; Arq. e Dec. 4
projeto Edifício Comercial
cliente
BNI
tipologia Edifícios
ano
endereço R.Boa Vista
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Centro Comercial
cliente R
afael e Raul Franco de Mello
tipologia edifícios
ano 1953
endereço R.Estados Unidos/Haddock
Lobo
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
133
134
135
136
projeto Prédio de Aptos
cliente
tipologia Edifícios
ano
endereço R.Marques de Itu/R.Bento
Freitas
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Prédio de Aptos
cliente Casas Eduardo - Calç.e Cha-
péus
tipologia Edifícios
ano
endereço Av.Brigadeiro Luis Antonio/
Rui Barbosa
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Predio de aptos c/escritó-
rios
cliente Casas Eduardo - Calç.e Cha-
péus
tipologia Edifícios
ano
1959/60
endereço Av.Brigadeiro Luis Antonio
544
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Prédio de Aptos
cliente Benjamin Batista Ferraz
tipologia Edifícios
ano
endereço Pça Osvaldo Cruz
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
Relação de projetos
265
137
138
139
140
projeto Prédio de Aptos
cliente BNI
tipologia Edifícios
ano
endereço R.Basilio da Gama
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Ed.Comercial cond.Copan
cliente
BNI
tipologia Edifícios
ano
endereço Av.Ipiranga
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Prédio de Aptos
cliente Moacyr Amorosino
tipologia Edifícios
ano 1974
endereço Al.itu 33/43
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Prédio de Aptos
cliente
tipologia Edifícios
ano
endereço
cidade São Vicente - SP
construído
publicado
141
142
143
144
projeto Prédio de Aptos c/lojas
cliente CNI
tipologia Edifícios
ano
endereço R.Consolação
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Prédio de Aptos c/lojas
cliente
CNI
tipologia Edifícios
ano
endereço Av.Campos Eliseos/
Av.Ipiranga/Timbiras
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Predio de escritórios
cliente BNI
tipologia Edifícios
ano
endereço R.Direita/XV de No
vembro
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Predio de escritórios
cliente Wilson Russo S/A
tipologia Edifícios
ano
endereço R.da Consolação
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
LABELARDO DE SOUZA
266
149
150
151
152
projeto Ed.Três Marias
cliente CNI
tipologia Edifícios
ano 1954
endereço Av.Paulista/Haddock Lobo
cidade São Paulo - SP
construído sim
publicado Habitat 17,30 e 39; Acrópole
184 e Arq. e Dec. 4
projeto Ed.Nações Unidas
cliente CNI
tipologia Edifícios
ano
1957
endereço Av.Paulista/Brigadeiro
L.Antonio
cidade São Paulo - SP
construído sim
publicado Acrópole 184 e 262; Habitat
12, 39,57 e 60; ARq. e DEc. 1; Arq.
Moderna Paulistana
projeto Prédio de Aptos
cliente Vicente de Noce
tipologia Edifícios
ano
endereço R.Campos Salles nº44, Br
as
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Reforma Ed. Aptos
cliente Vicente de Noce
tipologia Edifícios
ano
endereço R.Carneiro Leão/R
angel
Pestana
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
145
146
147
148
projeto Prédio de Aptos c/lojas
cliente Tufy Calfat
tipologia Edifícios
ano 1958
endereço Av.Brigadeiro Luis Antonio
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Prédio de Aptos Ana
Rosa
cliente Banco Habitacional Lar Br
a-
sileiro
tipologia Edifícios
ano 1951
endereço Jd.Ana Rosa
cidade São Paulo - SP
construído sim
publicado Acrópole 158 p.56 (1951)
projeto Prédio de Aptos
cliente
tipologia Edifícios
ano
endereço Av.São João
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Prédio de Escritórios
c/lojas
cliente Imobiliária Deville
tipologia Edifícios
ano
endereço Centro
cidade São P
aulo - SP
construído
publicado
Relação de projetos
267
153
154
155
156
projeto Prédio de Aptos
cliente Elias Adas e Mussa Adas
tipologia Edifícios
ano
endereço Al.Casabranca 1194
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Prédio de Aptos
cliente Vicente de Noce
tipologia Edifícios
ano
endereço R. Prof. Batista de Andrade,
Bras
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Prédio de Aptos
cliente Nelson R
usso
tipologia Edifícios
ano
endereço R.Diogo faria 215,231
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Escritórios de E.E.S.P.
cliente Sind.Trab.Ind.En.El.de SP
tipologia Edifícios
ano
endereço R.Tomás Gonzaga 44
cidade São Paulo -SP
construído
publicado
157
158
159
160
projeto Edifício Bauxita
cliente
tipologia Edifícios
ano
endereço
cidade
construído
publicado
projeto Ed.Trianon
cliente Banco Hipotecário Lar Br
asi-
leiro
tipologia Edifícios
ano
endereço Av. 9 de julho
cidade São Paulo SP
construído sim
publicado Anúncio do BHLB
projeto Prédio de Aptos
cliente Felicio Leonetti
tipologia Edifícios
ano
endereço R.Visconde Aguiar Toledo/
R.Unapitinga
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Edifício Curuá Una
cliente Imobiliária Aclimação
tipologia Edifícios
ano
endereço Av.Walter Ingrácia Oliveira
cidade Atibaia -SP
construído
publicado
161
162
163
164
projeto Prédio de escritórios
cliente Est.Mecânicos Soc.Civil Ltda
tipologia Edifícios
ano 1963
endereço R. Nestor Pestana 121
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Prédio de Aptos c/lojas
cliente
tipologia Edifícios
ano
endereço
Av.Ipiranga/R.Vila Normanda
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Prédio de Aptos
cliente irmãos Fracarolli
tipologia Edifícios
ano
endereço
cidade Santos - SP
construído
publicado
projeto Ed.Riomar
cliente Comp.Amazonas
tipologia Edifícios
ano
endereço
cidade
construído
publicado
LABELARDO DE SOUZA
268
165
166
167
168
projeto Prédio de Aptos
cliente H.Dias Pinheiro
tipologia Edifícios
ano
endereço R.Baia
cidade
construído
publicado
projeto Prédio de Aptos c/lojas
cliente
BNI
tipologia Edifícios
ano
endereço Av.Duque de Caxias/R.Rio
de Janeiro
cidade
construído
publicado
projeto Prédio de Aptos
cliente
tipologia Edifícios
ano
endereço Av.Mal.Deodoro/Av.Pugliesi
cidade Guarujá - SP
construído
publicado
projeto Prédio de Aptos
cliente Irmãos Fracarolli
tipologia Edifícios
ano
endereço R.Fernão Dias/R.Goitacazes
cidade
construído
publicado
169
170
171
172
projeto Prédio de Aptos c/lojas
cliente
tipologia Edifícios
ano
endereço R.Amaral Gurgel
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Prédio de escritórios
cliente
Fazendas Unidas
tipologia Edifícios
ano
endereço R.Tabatinguera 388
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Prédio de Aptos
cliente Said Murad
tipologia Edifícios
ano
endereço Estrada do Oratório-Mooca
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Ed. Hecilda
assoc. a Hélio Duarte e Z
enon Lotufo
cliente Thimoteo Campos e Arman-
do Bittencourt
tipologia Edifícios
ano 1948
endereço R.Major Sertório / Cezário
Mota
cidade São Paulo - SP
construído sim
publicadoAcrópole 120 p.321-3 (1948)
Relação de projetos
269
173
174
175
176
projeto Sede APCB
cliente Ass.Paul.de Criad.de Bov.
tipologia Edifícios
ano 1966
endereço Av.Angélica
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Obra Satélite
cliente
tipologia Edifícios
ano
endereço
cidade Bertioga - SP
construído
publicado
projeto Prédio de apto. c/
lojas
cliente CNI
tipologia Edifícios
ano
endereço Av. Nove de Julho
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Prédio de aptos. c/ lojas
cliente CNI
tipologia Edifícios
ano
endereço R. Alv
aro de Carva-
lho/R. João Adolfo
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
177
178
179
180
projeto Prédio de aptos.
cliente Nagib Jacob
tipologia Edifícios
ano
endereço Rua 13 de Maio
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Prédio de aptos
cliente
tipologia Edifícios
ano
endereço Rua Costa Bastos
cidade - SP
construído
publicado
projeto Prédio de aptos
cliente S
.I.
tipologia Edifícios
ano
endereço Ladeira do Castro
cidade
construído
publicado
projeto Ed. Infante
cliente Sr
. Infante
tipologia Edifícios
ano
endereço Rua Bernardino de
Campos
cidade Campinas - SP
construído
publicado
181
182
183
184
projeto Prédio de Aptos. c/ lojas
cliente Comendador José Forte
tipologia Edifícios
ano
endereço Rua Conselheiro Gal-
vão
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Prédio de Aptos. c/
lojas
cliente
tipologia Edifícios
ano
endereço Rua Paracatu
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Prédio de Aptos. c/ lojas
cliente CNI
tipologia Edifícios
ano
endereço R. Cons. Crispiniano/
Pça. R
amos
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Prédio de aptos.
cliente Sérgio e Eduardo Viana
tipologia Edifícios
ano
endereço R
ua Salvador Cardoso
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
LABELARDO DE SOUZA
270
185
186
187
188
projeto Prédio de Aptos
cliente
tipologia Edifícios
ano
endereço Rua Iguatemi/Rua Iraci
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Prédio de esc.,lojas e
aptos
cliente José Duarte de Oliveira
tipologia Edifícios
ano
endereço Av. Eusébio Matoso/Av.
Jóquei Clube
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Prédio de aptos
cliente Haroldo e Nelson R
usso
tipologia Edifícios
ano
endereço Av Rebouças 1332/1340
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Prédio de aptos c/ térreo
comercial
cliente
Max Schwartz
tipologia Edifícios
ano
endereço Rua Cubatão/Rua José Anto-
nio Coelho
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
189
190
191
192
projeto Prédio de aptos
cliente Timóteo C. Campos
tipologia Edifícios
ano 1956
endereço Rua Augusta 1001/1015
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Prédio de escritórios c/
loja
cliente
tipologia Edifícios
ano
endereço Rua Conselheiro Crispiniano/
Rua 24 de Maio
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Prédio de escrit./garagem
cliente Bonfi
glioli C.C.
tipologia Edifícios
ano
endereço Rua Aurora/Arouche
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Prédio de aptos c/ lojas
cliente
Bonfiglioli C.C.
tipologia Edifícios
ano
endereço R. Fernão dias/Av.Ana Costa
cidade Santos - SP
construído
publicado
193
194
195
196
projeto Prédio de aptos
cliente Rosa Bonfiglioli Trussardi
tipologia Edifícios
ano
endereço Av. Brig. Luiz Antonio
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Prédio de escritórios
cliente CNI
tipologia Edifícios
ano
endereço Rua C. de Toledo
cidade Santos -SP
construído
publicado
projeto Prédio de aptos
cliente BNI
tipologia Edifícios
ano
endereço R.Br
.de Campinas/Av. São
João/R. Rego Freitas
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Prédio de aptos
cliente BNI
tipologia Edifícios
ano
endereço A
v. São João
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
Relação de projetos
271
197
198
199
200
projeto Prédio de escrit. e drogaria
cliente CNI
tipologia Edifícios
ano
endereço Pça Ramos/24 de Maio
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Edifício Ícaro
cliente Cap. Seyd Pereira Leduque/
Ten. Olney Araujo Dutra
tipologia Edifícios
ano
endereço Rua Pinheiros 431/441
cidade São Paulo -SP
construído
publicado
projeto Edifício Amazonas
cliente M. Cobucci
tipologia Edifícios
ano
endereço A
v. Júlio de Mesquita
cidade Campinas - SP
construído
publicado
projeto Prédio de aptos
cliente
tipologia Edifícios
ano
endereço R. Jorge Tibiriçá/R. Mario
Carpenter
cidade Santos - SP
construído
publicado
201
202
203
204
projeto Galeria e aptos.
cliente
tipologia Edifícios
ano
endereço Rua Galvão Bueno
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Edifício México
cliente Empr. de Águas Caxambú
tipologia Edifícios
ano
endereço Largo do Arouche 193
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Prédio de escritórios
cliente F
ouad Aziz Nader
tipologia Edifícios
ano
endereço Rua Cons. Crispiniano 72,74
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Prédio de aptos c/ lojas
cliente
BNI
tipologia Edifícios
ano
endereço Rua João Adolfo/Rua Alvaro
de Souza
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
205
206
207
208
projeto Prédio de aptos c/ lojas
cliente BNI
tipologia Edifícios
ano
endereço Rua Líbero Badaró
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Prédio de aptos c/ lojas
cliente BNI
tipologia Edifícios
ano
endereço Rua São Vicente de Paula
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Edifício Vitória
cliente
tipologia Edifícios
ano
1960
endereço Rua Santo Antonio
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Edifício Monte Carlo
cliente
tipologia Edifícios
ano
endereço Ilha de Santo Amaro
cidade Guarujá - SP
construído
publicado
LABELARDO DE SOUZA
272
209
211
212
projeto Sede da Assoc. Baiana
de Imprensa (assoc. a Hélio Duarte e
Zenon Lotufo)
cliente ABI
tipologia Edifícios
ano proj. 1946/48 - obra 1960
endereço Rua Guedes de Brito n°1
- Pça da Sé
cidade Salvador - BA
construído
publicado Acrópole 98(1946); Acrópo-
le117(1948); Acrópole259 (1960)
projeto Edifício sede do IAB
cliente IAB
tipologia Edifícios
ano
1947
endereço Rua Bento Freitas 306
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Edifício Tupã fi
lmes
cliente
tipologia Gerais
ano 1948
endereço
cidade
construído não
publicado Habitat 39 p.9 (1957)
projeto Unidade de Habitação em
Santos
cliente
tipologia Edifícios
ano
1952
endereço Praça dos Andradas
cidade Santos - SP
construído não
publicado Acrópole 184 p.172
(1953);Habitat 39 p.10 (1957)
214
215
216
projeto Edifício
cliente
tipologia Edifícios
ano 1955
endereço Rua da Consolação /
Rua Martins Fontes
cidade São Paulo - SP
construído
publicado Habitat 39 p.19 (1957)
projeto Edifício Myatã
cliente
tipologia Edifícios
ano
endereço Al. Joaquim Eugênio de Lima
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto
Edifício bienal
cliente Sérgio Pape
tipologia Edifícios
ano
1955
endereço Rua João Lourenço 797
cidade São Paulo - SP
construído sim
publicado Habitat 39 p19 (1957); Arq.
e Dec. 11(1955)
projeto Edifício Cananéia
cliente
tipologia Edifícios
ano
1938
endereço Av. N. Sra de Copacabana
cidade Rio de Janeiro - RJ
construído sim
publicado Acrópole 184(1953), Habitat
39 (1957)
213
210
Relação de projetos
273
217
218
219
220
projeto Edifício Araken
cliente
tipologia Edifícios
ano 1938
endereço
cidade Rio de Janeiro
construído
publicado
projeto Edifício Conceição
cliente
tipologia Edifícios
ano 1942
endereço
cidade São Paulo
construído sim
publicado Habitat 39 p.3 ( 1957)
projeto Edifício Pedra Azul
associado a Hélio duarte e Z
enon Lotufo
cliente Soc. Imobiliária América
tipologia Edifícios
ano
endereço Alameda Jaú 1708
cidade São Paulo - SP
construído sim
publicado Acrópole 114 p. 165 (1947)
projeto Residência
cliente Hermes Barreto Barbosa
tipologia Residências
ano
endereço Castelo
cidade Vila Bela?
construído
publicado
221
222
223
projeto Res. Eduardo N. S. Men-
des
cliente Eduardo N.S. Mendes
tipologia Residências
ano 1960
endereço Av. Invernada
cidade Congonhas do Campo - MG
construído
publicado
projeto Residência José Forte
cliente José F
orte
tipologia Residências
ano
endereço
cidade Guarujá - SP
construído sim
publicado
224
projeto Residência
cliente BHLB
tipologia Residências
ano 1945
endereço Av. Itororó casa6 /R. Curi-
tiba
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Residência Benny Dionísio
cliente Benny Dioníso
tipologia Residências
ano 1962
endereço Estrada de Itapecerica
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
LABELARDO DE SOUZA
274
225
226
227
projeto Residência
cliente Maria Ricardina Mendes
Gonçalves
tipologia Residências
ano 1962
endereço Jd. Virginia
cidade Guarujá - SP
construído
publicado
projeto Reforma de residência
cliente Renato R. de Araujo Cintra
tipologia Residências
ano
endereço Rua Manuel Maria Tourinho
860
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Residência
cliente Nesr
ala Rubez
tipologia Residências
ano
endereço Av Major Novais
cidade Cruzeiro - SP
construído sim
publicado
228
projeto Residência
cliente Carlos Raffaeli
tipologia Residências
ano 1955
endereço Paineiras do Morumbi
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
229
230
231
projeto Residência
cliente José Ribeiro Sobrinho
tipologia Residências
ano
endereço R. Adalivia de Toledo Leite,
Paineiras do Morumbi
cidade São Paulo - SP
construído sim
publicado Habitat 54, p23-7. 1959.
projeto Residência
cliente S
.R.
tipologia Residências
ano 1957
endereço
cidade
construído
publicado
projeto Residência
cliente
tipologia Residências
ano
endereço R
ua dos Italianos
cidade Guarujá - SP
construído
publicado
232
projeto Residência
cliente Fco. Emigdio Pereira Neto
tipologia Residências
ano
endereço
cidade Valinhos - SP
construído
publicado
Relação de projetos
275
233
234
235
projeto Ampliação e reforma
cliente João de Lorenzo
tipologia Residências
ano 1962
endereço Rua Joaquim Nabuco 1050
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
236
projeto Residência Pré-Fabricada
associado a Miranda Magnoli
cliente Jotace Ind. Com. Casas Pré
- Fabricadas
tipologia Residências
ano 1963
endereço
cidade
construído
publicado nota na folha 29/04/63
projeto Reforma de residência
cliente Cecília Alves de Almeida
tipologia Residências
ano
endereço R
ua dos Bombeiros 74
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Reforma de residência
cliente Moacir Jarbas Artusi
tipologia Residências
ano
endereço Rua Topázio 255
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
237
238
239
projeto Residência
cliente José V. Cauduro
tipologia Residências
ano 1959
endereço Rua Itacema 145/189
cidade São Paulo - SP
construído sim
publicado
projeto Residência
cliente Matheus
tipologia Residências
ano
endereço Morumbi
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
240
projeto Residência
cliente Rubens Jorge Ferreira
tipologia Residências
ano
endereço R.E.Escobar Ortiz 138
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Residências Geminadas
cliente
tipologia Residências
ano
endereço Parque Ribeirão Preto
cidade SP
construído
publicado
LABELARDO DE SOUZA
276
241
242
243
244
projeto Residência
cliente BHLB
tipologia Residências
ano
endereço Rua Curitiba
cidade SP
construído
publicado
projeto Residência
cliente BHLB
tipologia Residências
ano 1944
endereço Rua Nova c.5
cidade
construído
publicado
projeto Residência
cliente BHLB
tipologia Residências
ano
1944
endereço Rua Pedro de Toledo
cidade
construído
publicado
projeto Residência
cliente Gecel Luzer Sztering
tipologia Residências
ano
1954
endereço Rua Dois - Pinheiros
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
245
246
247
248
projeto Residência
cliente Waldomiro Delboni
tipologia Residências
ano 1948
endereço Estr. das Boiadas 28 - Alto
de Pinheiros
cidade São Paulo - SP
construído sim
publicado
projeto Residência
cliente Waldomiro Delboni
tipologia Residências
ano
endereço R
ua Suzano 116
cidade
construído sim
publicado
obs: descaracterizada / reforma-
da por Isay Wenfeld p/ Millenium Art
Gallery
projeto Residência
cliente Raphael Renato Vellega
tipologia Residências
ano
1975
endereço
cidade Itapecerica da Serra
construído
publicado
projeto Residência Nelzina Fan-
tauzzi
cliente Nelzina Fantauzzi
tipologia Residências
ano
1958
endereço
cidade Itanhaem - SP
construído sim
publicado
Relação de projetos
277
249
250
251
252
projeto Residência Valério Delboni
cliente Valério Luiz Delboni
tipologia Residências
ano
endereço Rua Escócia ( junto ao 294)
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Residência Z. L.
cliente Zoroastro Leme
tipologia Residências
ano
1947
endereço Av.Sagres x Rua D. Henrique
cidade sim
construído sim
publicado Acrópole 105 p244-5 (1947)
projeto Residência
cliente Carlos Bianco
tipologia Residências
ano
endereço
Rua Valinhos 67 - Jd. Paulista
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Reforma de Residência
cliente Augusto Pirani
tipologia Residências
ano
endereço R
ua Valinhos 67 - Jd. Pau-
lista
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Residência
cliente Lilian Panin Sander
tipologia Residências
ano
endereço Jd. Leonor - Mo-
rumbi
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Residência
cliente Ruth Aguilar
tipologia Residências
ano
endereço R. das Crisálidas - V. Da-
masco
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Residências diversas
cliente BHLB
tipologia Residências
ano
endereço Av. Rebouças
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Residência
cliente Narciso
tipologia Residências
ano
endereço Pacaembú
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
253
254
255
256
257
258
259
260
projeto Residência
cliente Norma Birolli
tipologia Residências
ano
endereço
cidade Fernandópolis - SP
construído
publicado
projeto Reforma de Residência
cliente Felix Raci / Alexandre Walco
tipologia Residências
ano
endereço Planalto Paulista
cidade São Paulo - SP
construído sim
publicado
projeto Residência
cliente Jorge Hajnal
tipologia Residências
ano
endereço Rua Crisálidas
cidade São Paulo - SP
construído sim
publicado
projeto Residência
cliente
tipologia Residências
ano
endereço R
ua Petrópolis
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
LABELARDO DE SOUZA
278
261
262
263
264
projeto Residência
associado com Thelma Esther Romeo
cliente Berenice Cavini
tipologia Residências
ano 1972
endereço Rua Chiquinha Rodrigues
cidade
construído
publicado
projeto Residência
cliente Arthur Meira Lins
tipologia Residências
ano
endereço Av. Pacaembú
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Residência
cliente
tipologia Residências
ano
endereço R
ua Santana
cidade
construído
publicado
projeto Residência
cliente Timotheo Cezario Campos
tipologia Residências
ano
endereço Chác. Bela Veneza- Jd.
Europa
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
265
266
267
268
projeto Residência
cliente Abelardo de Souza
tipologia Residências
ano
endereço Av. Anhangabaú
cidade São Paulo - SP
construído
publicado Acrópole 184( 1953); Habi-
tat 39 (1957); Arq. e Dec 1 (1953)
projeto Residência
cliente Suzana Rodrigues
tipologia Residências
ano 1957
endereço
cidade
construído
publicado
projeto Reforma de Residência
cliente R. Loureiro Adm. e Com.
tipologia Residências
ano
1973
endereço Rua Curitiba 131
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Residência
cliente Aldo Bove / Carmem Arruda
tipologia Residências
ano 1952
endereço R. Dr. Oliv. Pinto x R. dr.
Rosa - Jd Paulistano
cidade São Paulo - SP
construído sim
publicado Acrópole 184 (1953); Habi-
tat 39 (1957)
Relação de projetos
279
269
270
271
272
projeto Residência
cliente Ângelo Sallata
tipologia Residências
ano
endereço
cidade Araraquara - SP
construído sim
publicado
projeto Residência
cliente Isaac Rechulsky
tipologia Residências
ano
endereço Rua Jabaquara
cidade
construído
publicado
projeto Residência
cliente Alzira de Godoy
tipologia Residências
ano
endereço R
ua Circular , lote 393 - Pr.
do Sonho
cidade Itanhaém - SP
construído sim
publicado
projeto Residência
cliente Juré Martins
tipologia Residências
ano
endereço Rua 14 - lote 31Q-90
cidade
construído
publicado
273
274
275
276
projeto Residência
cliente Lamartine Cione
tipologia Residências
ano 1969
endereço R. das Tuias 33-C. Jd. S.
Paulo
cidade São Paulo - SP
construído sim
publicado
projeto Residência
cliente Antônio Girondi
tipologia Residências
ano
endereço R. das Tuias - lote 15 C.
- Jd. São Paulo
cidade São Paulo - SP
construído sim
publicado
projeto Residência
cliente Alcina Carvalho
tipologia Residências
ano
endereço A
v. Ceci x Rua Guaianazes
cidade
construído
publicado
projeto Residência
cliente Armando Sander
tipologia Residências
ano
endereço R
ua Recanto - Chácara Flora
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
LABELARDO DE SOUZA
280
277
278
279
280
projeto Residência
cliente Geraldo Luiz Romeu
tipologia Residências
ano
endereço
cidade Guarulhos - SP
construído
publicado
projeto Residência
cliente Francisco Mosetic
tipologia Residências
ano
1955
endereço Rua Luis Góes 431 - V.
Mariana
cidade São Paulo - SP
construído sim
publicado Habitat 39 p.21 (1957)
projeto Residência
cliente Nelson A. P. Russo
tipologia Residências
ano
1965
endereço Rua Alberto Faria, lote 10
q.86
cidade
construído sim
publicado
projeto Residência
cliente Spartaco Vizotto
tipologia Residências
ano 1968
endereço Rua Argentina x rua Hon-
duras
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
281
282
283
284
projeto Residência
cliente João di Pietro
tipologia Residências
ano 1958
endereço Rua Dr. Flaquer x Rua Par-
ticular
cidade
construído
publicado
projeto Residência
cliente Chaim Goldenstein
tipologia Residências
ano 1954
endereço Rua Wanderlei x R. Heitor de
Morais - Pacaembú
cidade São P
aulo - SP
construído sim
publicado Acrópole 209 (1956)
projeto Residência
cliente Bernardo Blay
tipologia Residências
ano 1956
endereço Rua Plínio de Moraes - Su-
maré
cidade São Paulo - SP
construído sim
publicado
projeto Residência
cliente Evangelina Silveira
tipologia Residências
ano
1969
endereço Rua Manoel Guedes x Dr.
Jerônimo da Veiga
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
Relação de projetos
281
285
286
287
projeto Residência (Assoc. a Miran-
da M. M.)
cliente João de Scantimburgo
tipologia Residências
ano 1963 / 4
endereço Lote 13, Q17 - Paineiras do
Morumbi
cidade São Paulo - SP
construído não
publicado não
projeto Residência
cliente Evangelina Silveira
tipologia Residências
ano
1965
endereço Rua do Mar Virado L19Q55
- Pr. Lagoinha
cidade Ubatuba - SP
construído
publicado
projeto Res. E. O.
cliente
tipologia Residências
ano 1947
endereço Portugal Pequeno
cidade RJ
construído
publicado Acrópole 110(1947)
projeto Res. Alto de Pinheiros
cliente
tipologia Residências
ano
endereço
cidade São P
aulo - SP
construído
publicado Habitat 39 (1957)
289
290
292
projeto Residência
cliente Vicente de Noce
tipologia Residências
ano
endereço Rua Nebrasca ( junto ao
489)
cidade São Paulo - SP
construído
publicado
projeto Res. Osvaldo Young
cliente Osvaldo Young
tipologia Residências
ano 1944
endereço Santo Amaro
cidade São Paulo - SP
construído sim
publicado Acrópole 184(1953); Habitat
39 (1857)
projeto Casa Sta Cruz do Rio Par-
do
cliente
tipologia Residências
ano
1945
endereço
cidade
construído
publicado Acrópole 184(1953); Habi-
tat 39 (1957)
projeto Estudo p/ residência em
SP
assoc. c/ Z
enon Lotufo e Hélio duarte
cliente
tipologia Residências
ano 1948
endereço
cidade São Paulo - SP
construído
publicado Acrópole 118(1948)
288
291
LABELARDO DE SOUZA
282
293
projeto Residência
cliente
tipologia Residências
ano 1948
endereço Alto de Pinheiros
cidade São Paulo - SP
construído sim
publicado Habitat 39, p.20 (1957)
projeto Res. em São Paulo
cliente
tipologia Residências
ano 1959
endereço
cidade São Paulo - SP
construído
publicado Habitat 51 (1959)
294
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