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Embora a comunicação entre as crianças surdas e a comunidade ouvinte
tivesse melhorado drasticamente com a adoção dos métodos da
Comunicação Total, foi observado que as habilidades de leitura e escrita
ainda continuavam muito mais limitadas do que o esperado. Para
descobrir por que, na década de 1970, pesquisadores do Centro de
Comunicação Total de Copenhague começaram a desenvolver uma
série de pesquisas. Uma linha de pesquisa filmava as conversações entre
surdos em língua de sinais. Outra linha de pesquisa filmava as
professoras do centro enquanto ministravam aulas aos seus alunos,
falando e sinalizando ao mesmo tempo. Enquanto a primeira linha de
pesquisa permitiu a descoberta de regras fonológicas, morfológicas e
sintáticas da Língua de Sinais Dinamarquesa, a segunda linha de
pesquisa permitiu uma descoberta desconcertante [...] eles exibiram as
fitas às professoras, mas sem o som da fala... foi descoberto, então, que,
quando estavam impossibilitadas de ouvir a fala que acompanhava a sua
sinalização, as professoras exibiam uma grande dificuldade em entender
o que elas mesmas haviam sinalizado! As próprias professoras
perceberam então que, quando sinalizavam e falavam ao mesmo tempo,
elas costumavam omitir sinais e pistas gramaticais que eram essenciais
à compreensão das comunicações, [...], durante todo o tempo, as
crianças não estavam obtendo uma versão visual da língua falada na
sala de aula, mas, sim, uma amostra lingüística incompleta e
inconsistente, em que nem os sinais nem nas palavras faladas podiam
ser compreendidos plenamente por si sós. Em conseqüência daquela
abordagem, para sobreviver comunicativamente, as crianças estavam se
tornando não bilíngües como se esperava, mas sim hemilíngues, por
assim dizer, sem ter acesso pleno a qualquer uma das línguas, e sem
conhecer os limites entre uma e outra.
Os resultados desta prática pedagógica somados às pesquisas que se iniciaram com
Willian Stokoe (1960), em seu instituto de pesquisas linguísticas, na Universidade Gallaudet,
em Washington D.C, e posteriormente com Klima e Bellugi (1979), foram decisivos para
comprovar as estruturas linguísticas das línguas de sinais e para divulgar a concepção de
bilinguismo na educação de surdos. De acordo com Prillwtz e Vollhaber, (1990 apud
CAPOVILLA, 2004, p. 234) “um passo seminal para concretizar o Bilingüismo foi dado pela
Suécia, que foi o primeiro país a reconhecer politicamente os surdos como uma minoria
lingüística com direitos políticos assegurados à educação na língua de sinais e na língua
falada”.
É importante perceber que, tanto no oralismo como na comunicação total e no
bilinguismo, o que se almeja é que o surdo consiga se apropriar dos conhecimentos da