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e, em agosto de 1998, apenas 4,2% (quatro vírgula dois por cento). Em relação aos
estratos mais ricos, os 20% (vinte por cento) mais aquinhoados passaram de 43,7%
(quarenta e três vírgula sete por cento) para 53,2% (cinqüenta e três vírgula dois
por cento) no período. Dessa forma, a concentração de renda argentina ficou acima
da média latino-americana que, em 1998, correspondia a 52,9% (cinqüenta e dois
vírgula nove por cento). Em 1990, a concentração de renda desse país, medida
pelo índice GINI
12
, em ordem crescente de zero a dez, era de 0,4243, subindo, em
1999, para 0,4593. A distância média da distribuição de renda entre a camada mais
pobre e a mais rica aumentou 57% (cinqüenta e sete por cento) (2002).
De acordo com o exposto, entendemos que o ajuste estrutural
implementado pelo modelo econômico neoliberal, nos países em desenvolvimento,
foi um fracasso. Não contribuiu para melhorar a situação financeira dos países
hegemônicos, aumentou a dívida externa e contribuiu para o agravamento das
condições de vida nos países em desenvolvimento. No setor educacional, tal
fracasso é percebido devido à falta de recursos públicos para investimentos
13
,
particularmente nas Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), ao descaso
para com o salário dos seus servidores
14
, à instituição do sistema de cotas para a
educação superior e ao crescente processo de terceirização dos serviços nas IFES.
A implementação dessa política de ajuste estrutural e financeiro, na
visão de Rodrik (2002b), é considerada crítica e preocupante. Rodrik (2002b, p.277)
assevera que, “após mais de duas décadas de aplicação de uma política
econômica neoliberal no mundo em desenvolvimento, estamos em condições de
formar um juízo inequívoco sobre seu histórico: o quadro não é bonito”.
Considerando, em primeiro lugar, o crescimento econômico na América Latina,
apenas três países cresceram mais depressa durante os anos noventa do que no
período de 1950-1980. Um deles foi a Argentina, atualmente tentando se recuperar
de uma grave crise econômica dos últimos cinco anos. O segundo foi o Uruguai,
que também enfrentou graves problemas econômicos. Apenas o Chile resistiu, sob
os efeitos de uma brutal repressão pela ditadura militar, que aplanou o terreno para
que as novas políticas neoliberais fossem postas em prática. Fica, portanto,
12
Indice que mede o grau de desigualdade na distribuição de indivíduos segundo a renda domiciliar
per capita. Seu valor varia de 0 a 1. Zero, quando não há desigualdade (a renda de todos os
indivíduos tem o mesmo valor) e 1, quando a desigualdade é máxima (apenas um detém toda a
renda da sociedade, e a renda de todos os outros indivíduos é nula).
13
Até mesmo para manutenção dos investimentos já realizados.
14
Docentes e funcionários.