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Em todas as entrevistas concedidas no decorrer da recente campanha eleitoral, José
Sarney sempre fez questão de afirmar que a vitória de Roseana significa o fim da
missão histórica de sua ‘Geração de Poetas’, com início de um novo ciclo político-
administrativo no destino do Maranhão.
[...]
Coloquemos, pois, um grande ponto final nessa rede de intrigas e aleivosias. Com a
vitória de Roseana, José Sarney dá como encerrado o ciclo histórico de sua
decantada “Geração dos Poetas”, como se sente feliz e orgulhoso em proclamá-la.
(O Estado do Maranhão, São Luís, p. 4, 18 nov. 1994, grifos meus).
Eis aqui como José Sarney aponta o critério que é considerado distintivo entre ele
e a filha – a “nova geração” a que ela pertence:
Ele também comentou a pesquisa divulgada no final de semana pelo Ibope, que
aponta a deputada Roseana Sarney Murad, com larga vantagem na corrida
sucessória para o Governo do Estado. Na revisão do ex-presidente, os números da
pesquisa refletem o entendimento da população às margens de Roseana. ‘A
mensagem de Roseana já está consolidada, é a mensagem da nova geração, que
chegou agora e quer preparar o Maranhão para o século XXI’. (O Estado do
Maranhão, São Luís, 18 jul. 1994. Caderno Política, p. 2, grifos meus).
Sem deixar de arrolar suas possibilidades anteriores que o permitiram se
consagrar na política regional, José Sarney retoma a mesma questão anteriormente aventada
como o ponto de escansão, de diferenciação entre ele e a filha: o pertencimento a “diferentes
gerações” e a continuidade que é possível nessa transmissão das práticas políticas, dizendo:
Tive uma grande alegria na minha última visita ao Maranhão. Alegria do homem
público, do apaixonado pelo seu Estado e seu futuro, de quem passou a vida
estudando, meditando e buscando alternativas para o desenvolvimento.
Na campanha de Roseana, eu muitas vezes disse que coube ‘a nossa geração o
encontro da tradição cultural do Maranhão com o planejamento, uma visão moderna
e científica de governar. Saímos da política do delegado e do coletor, para a visão da
infra-estrutura, sem a qual não há progresso. Da implantação das telecomunicações
construção do Itaqui, da Universidade, da consolidação de São Luís como capital,
centro de serviços e recursos humanos, estradas, educação.
O Maranhão era conhecido no Brasil como o Estado das tradições culturais. Nossa
geração não negou essa glória mas Tribuzzi, Burnett, Franklin de Oliveira, Odylo
Costa, filho, Josué Montello e tantos outros, pensaram também, no progresso
material do Maranhão e seu destino.
Éramos a geração dos poetas, mas os poetas mudaram o Maranhão. Tive o encargo
do destino de comandar essa mudança. Lembro-me dos nossos seminários, da
formulação para novas-direções de eixos econômicos, e da criação de novos pólos
de crescimento. Planejamos o Itaqui, a estrada S. Luís-Teresina, Santa Luzia-
Açailândia, o Plano Diretor de São Luís que passou a contar com vias expressas,
pontes, barragens, etc. Criamos o primeiro centro de computação do Norte, a TV
didática em circuito fechado, hoje Cema. Usina de Boa Esperança, Projeto Carajás e
tantas obras. Tudo isso com uma visão global. Eram sonhos no papel. Pois tudo
aconteceu e aí está.
O Maranhão era um Estado pequeno, o último do Nordeste. Hoje passou o Ceará.
Quem diz isso? O Relatório de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas,
publicado no mês passado.