As escolas mais tradicionais de piano ensinavam que a mão ao piano
devia assumir uma posição de “concha”, para que o toque fosse realizado com a
ponta dos dedos. Nesta posição, a mão permanece estável, assim como o pulso, e
os dedos articulam como martelos. Entretanto, esse é um dogma já desfeito há
muito tempo através do exemplo de muitos pianistas que visivelmente têm mãos
espalmadas e móveis sobre o piano, como Horowitz. Quanto a isso, Hoffman e
Lhevine observam:
É sempre uma questão do resultado, se você toca desse ou
daquele jeito. Se você quer tocar com dedos muito curvados e
o resultado soa desequilibrado e partido, altere a curva pouco a
pouco até que você descubra qual nível de curvatura se
adequa melhor a sua mão. Experimente você mesmo. De
maneira geral, recomendo uma posição livre e fácil de mãos e
dedos, porque somente nessa posição de grande liberdade a
elasticidade deles pode ser preservada, e elasticidade é o
ponto chave. (HOFMANN, 1976, p. 7, tradução nossa)
[...] a tecla é tocada com a porção mais flexível do dedo
possível, se um som amável, rico, cantabile é desejado, ao
invés de um som duro e metálico. Que parte da ponta do dedo
é essa? Certamente não é a parte imediatamente anterior à
unha. Ali, o som produzido é muito rígido e inexpressivo.
Apenas um pouco mais atrás, na primeira falange do dedo,
você vai notar que a polpa o dedo é aparentemente mais
elástica, menos resistente, mais macia. Acione a tecla com
essa porção do dedo, não nas pontas dos dedos, como alguns
dos antigos métodos europeus sugeriram. [...] A tecla é tocada
com a maior superfície da 1ª falange do dedo.
É quase um axioma dizer que quanto menor a superfície da 1ª
falange do dedo a tocar a tecla, mais duro e embotado é o
som; quanto maior a superfície, mais rico e cantabile o som.
(LHEVINE, 1972, p. 18, tradução nossa)
Mas em passagens melódicas, é muito ofensivo ter uma
pancada no final do som. Portanto, no final dos sons nas
passagens melódicas, o aluno reverte o processo através do
qual ele produz o som. O pulso deve ser gradualmente
levantado até o dedo deixar a tecla, assim como um avião sai
do chão; e, claro, a tecla por si só levanta-se gradativamente, e
os abafadores tocam as cordas sem a pancada. Muitos e
muitos alunos acionam as teclas de maneira correta, mas não
parecem dominar o princípio muito simples, porém vital, de
relaxá-las, para que não haja nenhum solavanco. (LHEVINE,
1972, p. 23, tradução nossa)