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RIO CLARO
Estado de São Paulo-Brasil
Dezembro - 2005
A INFLUÊNCIA DA MÍDIA TELEVISIVA E DE
SUA MÚSICA NO SIGNIFICADO DA DANÇA:
MANIFESTAÇÃO DE VALORES E COMPORTAMENTOS EM CRIANÇAS
ANDREA FRANCKLIN LOMARDO
Dissertação apresentada ao Instituto
de Biociências do Campus de Rio
Claro, Universidade Estadual
Paulista, como parte dos requisitos
para obtenção do título de Mestre em
Ciências da Motricidade (Área de
Pedagogia da Motricidade Humana).
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Orientadora: CATIA MARY VOLP
RIO CLARO
Estado de São Paulo-Brasil
Dezembro - 2005
A INFLUÊNCIA DA MÍDIA TELEVISIVA E DE
SUA MÚSICA NO SIGNIFICADO DA DANÇA:
MANIFESTAÇÃO DE VALORES E COMPORTAMENTOS EM CRIANÇAS
ANDREA FRANCKLIN LOMARDO
Dissertação apresentada ao Instituto
de Biociências do Campus de Rio
Claro, Universidade Estadual
Paulista, como parte dos requisitos
para obtenção do título de Mestre em
Ciências da Motricidade (Área de
Pedagogia da Motricidade Humana).
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AGRADECIMENTOS
Foi uma longa caminhada. Muita ansiedade, dúvidas, pesadelos e
expectativas fizeram parte desse caminho, mas também, para minha sorte,
pessoas muito especiais que me ajudaram a transformar esse sonho em
realidade.
Em primeiro lugar quero agradecer aos meninos da minha vida: Mauro,
Luca e Vitor, sem eles tudo teria sido bem mais difícil! O Mauro, meu marido
querido, companheiro pra tudo e sempre, me agüentou pedindo uma infinidade de
“favorzinhos”, mas até o fim se mostrou o melhor amigo que alguém pode ter. Sem
você nada teria acontecido e sido possível. Muito obrigada e te amo!
Luca e Vitor, meus filhos maravilhosos, que participaram de todos os
momentos e muitas vezes tiveram que abrir mão da minha presença para que eu
pudesse realizar esse sonho. Muito obrigada!
Quero agradecer aos meus pais, Homero e Anna Luiza que sempre,
acreditaram e confiaram na minha competência e capacidade. Vocês nem
imaginam o quanto são especiais e o quanto são responsáveis pelo meu percurso
até aqui. Muito obrigada!
Obrigada aos meus irmãos, Anna Christina e Fernando, que na hora do
aperto ajudaram distraindo a dupla do barulho, levando pra passear quando não
era possível que eu fizesse. Vocês foram ótimos!
Muito obrigada a minha sogra querida, Gilce, pelo carinho e amizade
depositados, além das traduções dos textos em francês.
À minha cunhada Paola, que também fez parte da equipe de força-tarefa
com as crianças. A sua alegria, amizade e incentivo ajudaram muito neste
momento tão importante.
Aos alunos Jorge e Rachel, estagiários durante a pesquisa, que
acompanharam todo o trabalho com muita dedicação e envolvimento. Muito
obrigada!
Quero agradecer às minhas amiguinhas Cainá, Ianá, Tainara e Sandra que
me acolheram de forma tão carinhosa, dando palpites, emprestando CDs e o so
da sala.
Obrigada a minha grande amiga de sempre e pra sempre, a psicóloga
Amélia Kassis, que me ajudou na interpretação e análise dos desenhos.
À Daniela Libâneo, nossas conversas “compridas” ajudaram muito, até
mesmo me ajudando a definir a trilha a seguir. Muito obrigada pelo seu carinho e
amizade!
À Claudia Siqueira que acreditou no projeto e com sua confiança e
dedicação permitiu que ele acontecesse. Muito obrigada!
Aos pais e crianças envolvidos na pesquisa. Vocês foram demais! Muito
obrigada por acreditar em mim e participarem de forma tão contagiante. Adorei!
À Profª Drª Isabel de Azevedo Marques, minha grande amiga, que admiro
muito, e que alguns anos me apresentou a dança como amiga da educação.
Você é uma das grandes responsáveis por esse meu percurso. Muito obrigada!
v
Aos Profs. Drs. Kátia Rúbio e Mauro Betti muito obrigado pelas aulas e
conversas. Ajudaram muito na construção das idéias que fundamentaram o
trabalho!
Muito obrigada as Profas Dras. Silvia Deutsch e Marília Soares pelas dicas,
correções, conversas. A participação de vocês foi fundamental.
E como não poderia deixar de ser, agradeço a orientadora mais
maravilhosa e especial que alguém pode ter. Profª Drª Catia Mary Volp, você foi
um achado. A sua tranqüilidade, carinho, amizade, além da clareza no caminho a
seguir fez com que essa trajetória fosse possível e extremamente prazerosa.
Muito Obrigada a todos!
RESUMO
Vivemos na sociedade da informação, onde somos influenciados
constantemente pelos meios de comunicação de massa e em especial, pela
televisão. A partir da observação deste fenômeno surgiu o interesse em investigar
a influência da televisão e da sica veiculada neste meio em relação a valores e
comportamentos em crianças de 7 a 8 anos, principalmente no que diz respeito a
padrões de movimentos de dança. A partir deste objetivo geral foram verificados
alguns objetivos específicos, sendo eles: 1) preferência musical, 2) análise
qualitativa das sicas preferidas,.3) preferência em relação às danças,.4)
observação do padrão de movimento e de comportamento nestas danças,.5)
identificação dos valores relativos à dança e corpo antes e após a intervenção.
Delineou-se uma pesquisa qualitativa estudando comparativamente dois
grupos: um que assistia menos horas de tv semanalmente, comparados com a
média divulgada pela UNICEF, e outro que assistia mais horas em relação ao
mesmo parâmetro. Além disso, o segundo grupo foi dividido entre meninas e
meninos. Foi aplicado um programa, com 15 aulas de dança, nos grupos. Os
instrumentos utilizados foram: (a) questionário aos pais para coletar os hábitos das
crianças em relação à TV e à dança; (b) desenho da figura humana para avaliar a
imagem corporal; (c) questionário “bate-bola”, para verificar valores e
comportamentos das crianças em relação ao seu corpo e à dança; (d) registro em
vídeo de aulas; (e) entrevista sobre preferência musical. Com a análise dos dados
observou-se que o grupo mais exposto à tv sofre influência significativa em
relação a valores, comportamentos e padrões de movimento na dança. Verificou-
se também a importância do ensino da dança, através de elementos da
exploração e improvisação, proporcionando um trabalho corporal consciente e
prazeroso. O desenvolvimento do presente estudo motiva a reflexão sobre a
necessidade de uma proposta metodológica para o ensino da dança que trate a
mídia televisiva no processo educativo, aproveitando as contribuições que a
mesma possa trazer à educação do movimento e da dança, mas que amplie os
vii
conhecimentos específicos e gerais para além das mídias permitindo, inclusive,
uma relação interativa consciente e ativa entre indivíduos e mídias.
viii
ABSTRACT
We live in a society of information in which we are constantly influenced
by communication mass media especially by television. From the observation of
this phenomenon arose the necessity to verify the influence of television and of
the music diffused through it in relation to values and behavior of 7 and 8 years
old children, mainly with respect to movement patterns in dance. A qualitative
research was delineated to study comparatively two groups: one who watched
less weekly hours of TV, compared to the average made public by UNICEF, and
the other one who watched more hours in relation to the same parameter.
Moreover the second group was divided between girls and boys. It was applied a
program, with 15 dance classes, to the groups. The instruments used were: (a)
parents questionnaire to get children habits in relation to Tv and dance; (b)
human figure drawing to evaluate body image; (c) “back and forth” questionnaire
to verify children values and behavior in relation to their bodies and to dance; (d)
video record of the classes; (e) interview about musical preference. With the data
analysis we could observe that the more exposed group to TV was significantly
influenced in relation to values, behavior and dance movement patterns. It was
also verified the importance of dance teaching through exploration and
improvisation elements, providing a conscious and pleasant body work. The
development of the present study motivates a reflection about the necessity of a
methodological proposal to the teaching of dance which would deal with
television media in the teaching process, taking advantage of the contributions
that it could bring to the education of movement and dance, but in a way it could
amplify specific and general knowledge beyond medias allowing a conscious
interactive and active relation between persons and media.
SUMÁRIO
Página
RESUMO..........................................................................................................vi
ABSTRACT......................................................................................................viii
LISTA DE FIGURAS........................................................................................xii
LISTA DE QUADROS......................................................................................xiii
INTRODUÇÃO.................................................................................................01
A CONCEPÇÃO, A IDÉIA, O ROTEIRO... ......................................................07
1. A dança como forma de expressão...........................................................07
2. E na escola? O ensino da dança...............................................................09
3. Valores e comportamentos embutidos nas diferentes concepções e estilos de
dança ...............................................................................................................15
O ENSINO MUSICAL HOJE............................................................................18
1. A música: suas características .................................................................18
2. A educação musical .................................................................................22
3. Qualidades e estilos musicais ...................................................................23
4. Influência da música no comportamento individual e na sociedade..........24
A TV QUE A GENTE VÊ..................................................................................27
1. A mídia: teorias de comunicação...............................................................27
2. Os pontos de vista.....................................................................................29
3. Mídia televisiva. O que se vê? O que se ouve? O que se copia?..............31
4. A televisão educa ou deseduca? ..............................................................34
5. A música, a dança e a imagem de corpo ideal..........................................36
A PSICOLOGIA SOCIAL.................................................................................39
1. As relações sociais. ..................................................................................39
MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................41
1. Considerações a respeito do método utilizado..........................................41
2. Objetivos ...................................................................................................41
3. Participantes..............................................................................................42
3.1. Caracterização do grupo A ...............................................................42
x
3.1.2 Projeto pedagógico..........................................................................43
3.2.1. Caracterização do grupo B ............................................................50
3.2.2. Projeto pedagógico.........................................................................51
4. Procedimento ............................................................................................53
5. Instrumentos..............................................................................................54
5.1. Questionário pais ..............................................................................55
5.1.1. Caracterização da amostra a partir da análise do Questionário Pais
.................................................................................................................55
5.1.1.1. Grupo A ......................................................................................55
5.1.1.2. Grupo B ......................................................................................57
5.1.1.3. Grupo B1 ....................................................................................58
5.2. Desenho............................................................................................59
5.3. Questionário......................................................................................63
5.4. Vídeo.................................................................................................63
5.5. Entrevista...........................................................................................64
6. Descrição das aulas..................................................................................64
7. Tratamento dos dados...............................................................................66
ANÁLISE DOS DADOS ..................................................................................67
1. Instrumentos .............................................................................................67
1.1. Questionário pais ..............................................................................67
1.2. Entrevista para verificar a preferência musical .................................69
1.3. Desenho............................................................................................92
1.4. Questionário .....................................................................................103
1.5. Vídeo.................................................................................................108
DISCUSSÃO ...................................................................................................118
1. Perfil dos Grupos A, B e B1.......................................................................118
1.1. Grupo A.............................................................................................118
1.2. Grupo B.............................................................................................123
1.3. Grupo B1...........................................................................................127
2. E as horas na frente da Tv? Expectativas e resultados.............................130
3. A vivência em dança altera alguma coisa? ...............................................134
4. Programas de dança adequados à faixa etária.........................................135
5. Atitudes e comportamentos de educadores em relação à dança, música e
mídia.................................................................................................................136
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................138
REFERÊNCIAS................................................................................................141
ANEXOS..........................................................................................................147
ANEXO A - Circular aos pais............................................................................148
ANEXO B - Carta de apresentação .................................................................149
ANEXO C - Proposta de curso de dança para crianças de e série do Ensino
Fundamental ...................................................................................................150
ANEXO D - Curso de dança criativa na escola e autorização dos pais............153
ANEXO E - Questionário destinado aos pais ..................................................155
ANEXO F - Descrição e caracterização dos programas preferidos das crianças
.........................................................................................................................157
ANEXO G - Entrevista .....................................................................................164
ANEXO H - Entrevista após assistir ao vídeo...................................................165
ANEXO I - Desenhos dos participantes dos grupos A, B e B1.........................166
ANEXO J - Fichas detalhadas para descrição de expressividade-forma .........172
ANEXO K - Autorização ..................................................................................181
ANEXO L - Fotos durante as intervenções com os grupos A, B e B1..............182
ANEXO M - Música ..........................................................................................184
xii
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Desenhos de corpo 1 e 2 realizados por Luisa antes e após a
intervenção do programa de dança..................................................................94
FIGURA 2 - Desenhos de corpo 1 e 2 realizados por Gisele antes e após a
intervenção do programa de dança..................................................................95
FIGURA 3 - Desenhos de corpo 1 e 2 realizados por Daniela antes e após a
intervenção do programa de dança..................................................................98
FIGURA 4 - Desenhos de corpo 1 e 2 realizados por Ana antes e após a
intervenção do programa de dança..................................................................99
FIGURA 5 - Desenhos de corpo 1 e 2 realizados por Mauro antes e após a
intervenção do programa de dança..................................................................101
FIGURA 6 - Desenhos de corpo 1 e 2 realizados por Paulo antes e após a
intervenção do programa de dança..................................................................102
FIGURA 7 - Fotos do Grupo A durante programa de dança ............................111
FIGURA 8 - Fotos do Grupo B durante programa de dança ............................114
FIGURA 9 - Fotos do Grupo B1 durante programa de dança ..........................117
xiii
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 Caracterização quanto à assistência a TV dos Grupos A, B e B1
segundo o Questionário Pais ...........................................................................68
QUADRO 2 - Caracterização quanto à dança dos Grupos A, B e B1 segundo o
Questionário Pais.............................................................................................69
QUADRO 3 – Principais características observadas nas músicas preferidas..90
QUADRO 4 Caracterização das partes do corpo presentes nos desenhos das
crianças do Grupo A.........................................................................................93
QUADRO 5 Caracterização das partes do corpo presentes nos desenhos das
crianças do Grupo B.........................................................................................96
QUADRO 6 Caracterização das partes do corpo presentes nos desenhos das
crianças do Grupo B1.......................................................................................100
QUADRO 7 – Respostas ao Questionário “bate bola” .....................................105
QUADRO 8 - Respostas ao Questionário “bate bola” após assistir ao vídeo...107
QUADRO 9 Os quatro fatores expressivos comparados a organizações
quaternárias .....................................................................................................108
QUADRO 10 – Expressividade-forma do Grupo A...........................................110
QUADRO 11 – Expressividade-forma do Grupo B...........................................113
QUADRO 12 – Expressividade-forma do Grupo B1.........................................116
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
1
INTRODUÇÃO
Atualmente o acesso à televisão e outros meios de comunicação
interfere significativamente em nossa vida. E temos a impressão que cada dia isto
se intensifica mais, principalmente se considerarmos o “boom” que os sistemas de
comunicação tiveram nos últimos vinte anos. É muito mais fácil estar “antenados”
e “plugados” a todo instante, recebendo informações globalizadas, sobre qualquer
assunto, em tempo real. Com tanta oferta disponível dificilmente saímos ilesos. A
internet nos traz informações sobre qualquer assunto a qualquer momento. O
número de canais de tv, principalmente a cabo, aumentou de forma significativa, e
com isso os desenhos animados, programas de auditório, de entrevista, reality
shows, etc. também proliferaram. A indústria cinematográfica lança dezenas de
filmes todo ano e rapidamente temos a versão em vídeo ou DVD para assistirmos
em casa.
Junto com a indústria da comunicação e do entretenimento, os
produtos de consumo se proliferam: roupas, músicas, modas, brinquedos e, como
não poderia deixar de ser, corpos, que se movimentam, são, consomem e se
comportam conforme ditado pela mídia, para melhor aproveitamento comercial
pelo mercado.
Andrea Francklin Lomardo
2
Trabalho com crianças como professora de dança e educação
corporal desde 1991, em escolas públicas e particulares, e venho notando que a
facilidade e a velocidade de acesso à informação, atinge também às crianças de
diferentes idades. Hoje discutem com mais propriedade sobre diferentes assuntos,
e sabem principalmente o que querem consumir, como e porquê. São público alvo
para diferentes setores da indústria e do comércio, pois além de escolherem seus
produtos ainda influenciam o que será consumido pela família. Paralelo a isso,
percebe-se uma crescente modificação no jeito de se vestirem, andarem e
dançarem, o que me faz questionar o poder que a mídia exerce sobre o
comportamento das pessoas e, sobretudo no comportamento das crianças.
Ao longo destes últimos dez anos, percebi que o movimento corporal,
e principalmente a dança assumiram um papel de grande importância na vida
destas crianças, definindo mudanças de comportamento em relação ao seu
próprio corpo e no comportamento em grupo.
Uma das mudanças verificadas é o fato da dança ser, até algum
tempo atrás, uma manifestação corporal espontânea na maioria das crianças,
sobretudo até os dez anos. Hoje é vista a partir de conceitos estanques de "certo"
e "errado". Em aula comecei a perceber que a movimentação das crianças seguia
padrões cada vez mais estereotipados de movimento, seguindo coreografias
ditadas pela moda, e pelos grupos de sucesso do momento. Atualmente o
sucesso é cada vez mais meteórico e a cada estação são lançados novos
cantores e grupos musicais, novas músicas, novas coreografias, e novos produtos
a serem consumidos.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
3
Por outro lado, observei também que pessoas que jamais teriam
coragem de dançar, meninos, por exemplo, passavam a se sentir à vontade no
grupo. É só imitar. Nenhum movimento é de sua autoria tornando sua exposição
no grupo, menor.
Outro ponto que tem me chamado à atenção é em relação à
qualidade das músicas e letras veiculadas na mídia e repetidas tantas e tantas
vezes pelas crianças. A maior parte das letras apresenta forte apelo sexual, ou
ainda um total desrespeito pela mulher, tratando-a muitas vezes como um corpo
sem cérebro, com o papel social de seduzir, ser linda e conquistar o sexo oposto.
As danças parecem acompanhar essa tendência e a maioria delas apresenta
muitos movimentos de quadril, acompanhados de “olhares e bocas” feitos pelos
dançarinos dos grupos e copiados pelas crianças. A partir desta observação
passei a me perguntar o que era compreendido e incorporado, e o que poderia ter
o poder de alterar comportamentos e valores destas crianças.
Outro fato que foi observado é a facilidade e rapidez com que as
crianças aprendem os detalhes das coreografias realizadas pelos grupos musicais
veiculados na TV. Em sala de aula, mesmo quando o professor pede que imitem
os movimentos, esta aprendizagem nem sempre acontece com a mesma
velocidade. O que será que está faltando no ensino hoje que não desperta o
mesmo interesse? Ou será que a qualidade das músicas ouvidas facilita a
aprendizagem? Ou a qualidade dos movimentos utilizados também facilita a
aprendizagem?
Andrea Francklin Lomardo
4
As letras das músicas também são decoradas com grande rapidez,
mesmo que o significado não faça o menor sentido. Na maior parte das vezes,
essas músicas tem como característica sonora mais marcante, o ritmo, o que
facilmente induz ao movimento corporal. Ao que parece, as mensagens
produzidas e promovidas pela mídia estão contribuindo de forma significativa para
a aquisição de um novo modo de agir.
E por que isso acontece? O que faz com que crianças e
adolescentes assumam jeitos de dançar, preferências musicais e formas de agir
determinados socialmente pela TV? Que características psicológicas conduzem a
estas atitudes? Que estados emocionais são alterados ou produzidos a partir
dessas músicas e com as danças de grupo? Além disso, se hoje nossos alunos
sofrem grande influência dos meios de comunicação, não podemos deixar de
perguntar: a mídia, e em especial a televisão, educa? Deseduca? Educa bem?
Educa mal?
Diante do fenômeno citado acima é fundamental discutir que valores
e comportamentos são promovidos e incentivados hoje, e qual a relação com o
que acreditamos ser importante para a educação do corpo, e da dança. Sendo
assim, torna-se importante estudar a influência da mídia na determinação do estilo
de música ouvida pelas crianças e dos padrões de movimento nas danças. É
possível verificar que grande parte das crianças reproduz as letras das músicas
facilmente, mesmo considerando que, na maioria das vezes, apresentam
conteúdos não infantis. Acoplada a esse tipo de música aparecem as danças. O
movimento determinado pela TV apresenta uma aura quase sagrada e, portanto,
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
5
não pode ser modificado. Quando a criança não sabe a coreografia por completo,
não se atreve a dançar de outra forma no meio do grupo. Quem faz isso está
cometendo uma grande blasfêmia. A imitação não se restringe aos passos
básicos, atinge também o jeito de olhar, de virar a cabeça, de vestir e a
sensualidade das(os) dançarinas(os).
Diante deste contexto, me parece fundamental detectar se, ao
"comprar" os movimentos de dança veiculados e promovidos pela mídia, a criança
também incorpora valores e comportamentos, definindo assim as imagens de
corpo que se constroem no imaginário social e conseqüentemente, a sua
corporeidade.
Diante destas questões, faz-se necessário entender as causas que
determinam este processo, considerando-se que “(...) tais fenômenos não são
produções do sujeito isolado de seu meio, mas de suas relações sociais, numa
constante troca com a cultura e o momento histórico vivido” (RÚBIO, apud
CARVALHO e RÚBIO, 2001, p.145). Sendo assim, a Psicologia social torna-se
fundamental para análise do tema, uma vez que “(...) procura aprofundar o
conhecimento da natureza social do fenômeno psíquico, buscando compreender
como se dá à construção desse mundo interno com base nas relações sociais
vividas pelo ser humano” (RÚBIO apud CARVALHO e RÚBIO, 2001, p.146).
Esta pesquisa tem como objetivo investigar a influência da TV na
forma como crianças de 7 a 8 anos dançam e o gosto musical das mesmas, em
duas situações, a saber: 1º) verificando quais as músicas utilizadas para estas
Andrea Francklin Lomardo
6
danças e a qualidade musical das mesmas; 2º) verificando o padrão de
movimento utilizado nas danças e o conteúdo expresso por essas danças.
A partir dessa análise será possível verificar se valores e
comportamentos transmitidos e valorizados pelas músicas e coreografias
veiculadas na mídia são realmente incorporados pelas crianças.
Andrea Francklin Lomardo
7
“O que aconteceria se, em vez de
apenas construir nossa vida, nós
nos entregássemos à loucura ou
à sabedoria de dançá-la?”
(GARAUDY, 1980, p. 13).
A CONCEPÇÃO, A IDÉIA, O ROTEIRO...
1. A dança como forma de expressão
A dança é considerada por diversos autores a expressão artística
mais antiga do homem. Apesar disso, apenas recentemente a dança tem sido
considerada como objeto de estudo e pesquisa nos meios acadêmicos. Isso talvez
seja explicado pelo fato do ser humano trazê-la dentro de si, e por isso necessitar
somente do seu corpo para a sua execução. Isso explica o pouco material
bibliográfico encontrado ainda nos dias de hoje sobre o assunto, principalmente no
que diz respeito ao seu ensino.
Durante os séculos, o homem dançou como sinal de exuberância
física, como tentativa de comunicação, e também como forma de ritual. Nas mais
remotas organizações sociais a dança estava presente, celebrando as forças da
natureza, representando as guerras e as mudanças das estações. Dançava-se
também, para expressar medos, louvores, desejos, alegrias, pesares, gratidão,
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
8
respeito, temor, poder. E nesse sentido, a existência da dança pode ser entendida
como forma de comunicar algo, sendo expressa por meio do movimento.
Mas que impulso irresistível leva o homem a dançar? Provavelmente
por uma necessidade interior muito mais próxima do campo espiritual do que do
físico. A motivação principal, segundo Robinson (apud STRAZZACAPPA, 2001,
p.72), é o que ela chama de magia. A partir dessa magia surgem três outras
motivações: o lazer, o espetáculo e a expressão. Para Strazzacappa (2001) temos
ainda outras possibilidades, como as questões étnicas e terapêuticas.
Porém, entende-se a expressão como uma das mais significativas
motivações em relação ao ato de dançar, uma vez que em todas as sociedades e
épocas, a dança é utilizada como forma primordial de comunicação, expressando
visões individuais de mundo, sentimentos e as pulsações do inconsciente. Para
Garaudy (1980, p.13) a dança é:
(...) a expressão, através de movimentos do corpo
organizados em seqüências significativas, de
experiências que transcendem o poder das palavras e
da mímica. A dança é um modo de existir.
A partir dessa afirmação é necessário refletir a respeito da dança
presente hoje na sociedade contemporânea. De que forma estas danças alteram o
nosso modo de existir? De que maneira a sociedade vem alterando as danças?
Funk, dança moderna, axé, balé clássico, dança contemporânea, dança teatro,
danças folclóricas, rap, dança de salão, danças étnicas, entre outras. São muitas
as possibilidades. Dança-se em festas, bailes, palcos, canais de televisão, na
escola e na vida. A dança continua fazendo parte do cotidiano da maior parte das
Andrea Francklin Lomardo
9
pessoas, de diferentes culturas, idades e classes sociais, porém ainda não nos
damos conta de sua importância como forma de reflexão, crítica e transformação
da sociedade.
Segundo Laban, bailarino e coreógrafo austro-húngaro que analisou
de forma sistemática os elementos constitutivos do movimento humano, "a dança
(...) recebe a influência dos hábitos e das exigências de movimento que
predominam em um determinado período". (1990, p.31). Sendo assim, espera-se
que a partir do ensino da dança na escola, e por meio dela, valores presentes em
nossa sociedade e que são reproduzidos cegamente possam ser repensados.
Quando (...) conseguimos uma autêntica expressão por
meio da dança, começamos a derrubar as barreiras
que foram erigidas por nosso estilo de vida e pela
atmosfera mental em que crescemos. (...) e se
conseguimos que, inclusive em pequena medida,
tomem consciência de seu próprio potencial e do dos
demais, teremos então conseguido um êxito
considerável. Este êxito é o que justifica a educação
por meio da dança. (ULLMANN apud LABAN, 1990, p.
128).
2. E na escola? O ensino da dança.
Inicialmente, é necessário ressaltar que o ensino de dança não
acontece única e exclusivamente dentro da escola, isto é, no ensino formal, mas
também em escolas especializadas, como academias, conservatórios, escolas de
bailado. Porém o objetivo deste capítulo é analisar e discutir o ensino da dança no
ambiente escolar, como ele acontece e de que forma deveria ou poderia
acontecer.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
10
A dança, sendo esta entendida “(...) enquanto uma linguagem social
que permite a transmissão de sentimentos e emoções da afetividade vivida nas
esferas da religiosidade, do trabalho, dos costumes, etc. (...)”. (SOARES,
TAFFAREL e ESCOBAR apud MOREIRA, 1992, p.219) ainda não tem feito parte
da vida da escola. Apesar de nossos alunos dançarem o tempo todo, em
diferentes situações, e de diversas formas, a compreensão de dança que parece
ser mais difundida entre os diretores e professores é de que faz parte da esfera da
diversão e, portanto, não cabe no ambiente “sério e compromissado” da vida
escolar.
Quando a dança é convidada a fazer parte do currículo, na maioria
das vezes, tem sido chamada a desempenhar um papel utilitário, animando as
festinhas escolares e dessa forma mostrando um resultado aos pais. Isso
acontece nas festas juninas, da primavera ou na festinha de encerramento do ano,
onde os alunos fazem passinhos certinhos, bem ensaiados, coreografados pela
professora ou ainda, que fazem parte da tradição de alguma dança folclórica.
Nos parâmetros curriculares nacionais, documento que norteia a
ação pedagógica no país, a dança aparece tanto no documento de arte quanto no
de educação física. Porém não deixa claro aos educadores até que ponto vai a
ação de um componente curricular ou do outro. Enquanto isso, a dança continua
não fazendo parte da maioria das aulas, nem dos professores de arte e nem de
educação física. E isso parece acontecer por diversas razões. Podemos citar,
segundo Strazzacappa (2001) a falta de preparo e conhecimento em relação ao
Andrea Francklin Lomardo
11
ensino da dança, falta de local adequado para realização das aulas e falta de
material.
Marques (2003) ressalta a necessidade de continuidade da
discussão quanto à prática da dança na escola, porém sem descartar os diversos
avanços que o ensino da dança tem sofrido no país, principalmente na última
década. Algumas das questões levantadas pela autora são: quem deve ensinar
dança na escola, qual é o conteúdo específico da área de dança, que dança deve
ser ensinada e, ainda, que ensino de dança queremos em nossas escolas? Além
disso, acrescenta que “não podemos mais ignorar o papel social, cultural e político
do corpo em nossa sociedade e, portanto, da dança”. (MARQUES, 2003, p.26)
É importante frisar também que a dança por si só não é a “salvadora
da pátria”. E, portanto, não é a única responsável por diminuir os problemas de
indisciplina, agressividade, problemas de relacionamento, timidez, inibição, etc.
Todas estas questões devem ser resolvidas a partir de várias ações pedagógicas.
Porém, concordo com Marques (2003) ao considerar que uma das grandes
contribuições da dança para a educação do ser humano é educar corpos que
sejam capazes de re-significar o mundo em forma de arte. E isso não é pouca
coisa. É por meio de nossos corpos, dançando, que os sentimentos se integram
aos processos mentais e que podemos compreender o mundo de forma
diferenciada, ou seja, artística e esteticamente. (MARQUES, 2003, p.25).
O ensino da arte na escola e, mais especificamente o ensino da
dança, só são possíveis quando ampliamos nossa visão do que é arte e passamos
a acreditar nela não como um meio de educação, mas como uma ação constante
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
12
na nossa vida. Sendo assim é imprescindível que a dança faça parte da vida de
nossos alunos e da nossa vida, como educadores e pessoas, como uma
experiência prazerosa e de autoconhecimento, auxiliando no desenvolvimento da
criatividade e individualidade.
Para atingirmos este objetivo, é preciso descartar os métodos que
utilizam somente a imitação. Não pretendo com isso desconsiderar a importância
do imitar e do observar para aquisição de novos repertórios motores,
principalmente na educação infantil. Até porque a observação é fundamental
durante o processo criativo e de aprendizagem. Porém, é importante enfatizar
estratégias que envolvam a exploração de movimentos e a improvisação. Em um
primeiro momento o uso da exploração tem como objetivo aumentar o acervo
motor, enquanto a improvisação é estimulada por temas, imagens ou gestos
técnicos, propostos pelo educador ou pelo grupo.
O trabalho de Laban, inovou a compreensão do significado da dança
à medida que sistematizou e compreendeu a sua lógica, denominando-a de
“coreológica”. Além disso, enfatizou a importância da dança na escola, onde
deveriam ser realizadas atividades que reforçassem as faculdades naturais de
expressão da criança, preservassem a espontaneidade do movimento mantendo-a
viva, e estimulassem a expressão artística no âmbito da arte do movimento.
Laban (1990) propôs como conteúdos específicos da dança, 16
temas de movimentos e ressalta em seu trabalho que o professor de dança não
deve utilizar-se de séries de exercícios padronizados, mas sim trabalhar a partir
dos temas básicos e suas combinações e variações, adequando-os a faixas
Andrea Francklin Lomardo
13
etárias específicas. Os temas propostos são: (1) relacionados com a consciência
do corpo; (2) relacionados com a consciência do peso e do tempo; (3)
relacionados com a consciência do espaço; (4) relacionados com a consciência do
fluxo do peso corporal no tempo e no espaço; (5) relacionados com a adaptação a
companheiros; (6) relacionados com o uso instrumental dos membros do corpo;
(7) relacionados com a consciência de ações isoladas; (8) relacionados com os
ritmos ocupacionais; (9) relacionados com as formas de movimento; (10)
relacionados com as combinações das ações básicas de esforço (dinâmicas); (11)
relacionados com a orientação no espaço; (12) relacionados com as figuras e os
esforços, usando diferentes partes do corpo; (13) relacionados com a elevação do
solo; (14) relacionados com o despertar da sensação de grupo; (15) relacionados
com as formações grupais; (16) relacionados com as qualidades expressivas ou
modos dos movimentos. Laban dividiu estes temas em elementares (1 a 8), que
deveriam ser trabalhados com as crianças de até 11 anos de idade, e avançados
(9 a 16) propostos a partir de 11 anos.
Segundo Marques (1999, p.85), “Laban trouxe para o mundo da
educação, referenciais corporais que instrumentalizam um processo de criação
menos espontaneísta e potencialmente mais consciente”. Através destes
referenciais o ‘ser dançante’ desenvolve o conhecimento de si mesmo e da arte de
se movimentar.
Para Laban, a compreensão da dança acontece a partir do
entendimento das características do som, do dançarino e do espaço geral. A
modificação de um aspecto desses elementos provocaria automaticamente a
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
14
modificação da dança. Laban (1978, p. 55) descreve que para a compreensão de
qualquer ação corporal seria necessário apenas responder as seguintes
perguntas: “(A) qual a parte do corpo que está se movendo naquele momento? (B)
Em que direção ou direções do espaço o movimento se realiza? (C) Qual a
velocidade em que se processa o movimento? (D) Que grau de energia muscular
é gasto no movimento?” Desta forma seriam analisados, didaticamente,
principalmente os fatores do movimento, sendo eles respectivamente espaço,
tempo e peso, além das partes do corpo que estão mais envolvidas na ação
naquele momento.
A partir do trabalho com os conteúdos relacionados às estruturas do
movimento (coreologia, educação somática e técnica) seria necessário incluir
conceitos relacionados à compreensão de outros aspectos, que contextualizem a
dança, tais como: história, estética, sociologia, antropologia, música, etc.
Outra proposta que auxilia o ensino da dança é associar a proposta
triangular para o ensino da arte de Barbosa (1995): fazer, apreciar e
contextualizar. Em dança, podemos compreender o “fazer” como possibilidade de
um processo próprio de criação. São aconselhadas atividades que proponham a
exploração das possibilidades de movimento, a improvisação, composição,
consciência corporal, técnica e repertório.
O “apreciar” é exercitado a partir de exercícios de observação da
própria produção do aluno, da possibilidade de vir a assistir espetáculos de dança,
de conversar e discutir a respeito. Essa metodologia favorece que o aluno seja
capaz de discriminar elementos, interpretar e julgar.
Andrea Francklin Lomardo
15
O “contextualizar” acontece através do conhecimento da história da
dança, onde o aluno passa a estabelecer relações mais profundas com a
produção artística e começa a perceber onde e como a sua produção está
inserida.
O contexto da dança dentro do contexto da escola e, particularmente,
o contexto de cada dançarino, teceria a rede dos sentidos de todo o processo
educacional e responderia aos objetivos mais amplos expostos nos parâmetros
curriculares,
“a escola pode desempenhar papel importante na educação
dos corpos e do processo interpretativo e criativo de dança,
pois dará aos alunos subsídios para melhor compreender,
desvelar, desconstruir, revelar e se for o caso, transformar as
relações que se estabelecem entre corpo, dança e sociedade”.
(BRASIL, 1998, p. 70).
3. Valores e comportamentos embutidos nas diferentes concepções e estilos
de dança
Existem algumas concepções profundamente arraigadas quanto à
dança em nossa sociedade. Estes ideais levam a preconceitos e determinam
quem pode dançar, e porquê. Assim, cada estilo e concepção de dança molda ou
utiliza o corpo considerado mais adequado à sua prática. Da bailarina clássica
espera-se o corpo das sílfides, etéreo, leve. Para isso é necessário um corpo
magérrimo, assexuado, onde os ideais anoréxicos e bulímicos estão presentes.
Quem não possui este corpo não é considerado bem-vindo e aos poucos desiste
dessa prática.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
16
Porém, outras danças também carregam as suas verdades, e a
discriminação é feita em relação à etnia, idade, gênero e até mesmo classe social.
Frases como: “tem japonês no samba”, “dança é coisa de menina” ou “existe uma
idade ideal para se aprender a dançar”, são nossas velhas conhecidas, fazem
parte do senso comum e reforçam estereótipos.
Considerando que "as danças têm tido em todos os tempos uma
profunda vinculação com os hábitos de trabalho dos períodos em que surgiram ou
foram criadas" (LABAN, 1990, p.11), e levando-se em conta a sociedade atual,
onde a velocidade, a efemeridade, a objetividade (CALVINO, 1990) fazem parte
dos valores esperados e reproduzidos pelas mídias, o que esperar da dança e
conseqüentemente do corpo atuais?
Quando se trata de analisar as danças popularizadas pela mídia, isto
é, as danças da moda, o que se observa é uma crescente perda da
espontaneidade e criatividade, sexualidade e erotização precoces, e em relação
ao uso do corpo, uma crescente procura por desafios exagerados (esportes
radicais levando à morte), imitação de ídolos emergentes, passageiros ou não,
com uma exagerada valorização do corpo esculpido e malhado, custe o que
custar. O corpo jovem, saudável, produtivo, tem sido cada vez mais valorizado e
almejado pela sociedade de consumo.
Porém, por meio de um ensino de dança que valorize outros
aspectos e questione esse ideal de dança e de corpo, algumas visões podem ser
modificadas. Mas se ao invés disso reproduzirmos estas mesmas idéias trazidas
pela mídia, provavelmente “ao contrário do que dita o senso comum, as aulas de
Andrea Francklin Lomardo
17
dança podem ser verdadeiras prisões dos sentidos, das idéias, dos prazeres, da
percepção e das relações que podemos traçar com o mundo”. (MARQUES, 2003,
p. 26).
Proporcionar a vivência da dança às crianças, de forma plena, é dar
a oportunidade ao ‘ser dançante’ de perceber, dialogar e responder ao mundo que
o cerca com qualidade diferenciada, pois incorpora a expressão estética e esta dá
forma e conteúdo às idéias, valores e ideais.
Estes são objetivos educacionais, em longo prazo, muitas vezes
esquecidos e deturpados no imediatismo do dia a dia, que podem ser preservados
em atividades como a dança. Mas o significado que é dado a ela, dança, no
contexto escolar, é tão importante quanto a forma pela qual é desenvolvida.
Repensar a educação e a dança no mundo contemporâneo,
quer no âmbito artístico profissional, quer na escola básica,
significa também repensar todo este sistema de valores e de
ideais concebidos desde o século XVIII e que foram
incorporados ao pensamento educacional ocidental.
(MARQUES, 1999, p.48)
O ensino da dança deve ser entendido dentro de um contexto
psicológico, social e cultural e como é explicitado no documento dos Parâmetros
Curriculares Nacionais,
(...) fornecer subsídios práticos e teóricos para que as danças
que são criadas e aprendidas possam contribuir na formação
de indivíduos mais conscientes de seu papel social e cultural
na construção de uma sociedade democrática. (BRASIL,
1997, p.71).
Andrea Francklin Lomardo
18
“(música) corporificação da inteligência que há no som”.
(GARDNER,1994)
O ENSINO MUSICAL HOJE
1. A música: suas características
Este capítulo discute a importância da música na vida do homem. Ao
considerar que as diferentes qualidades e estilos musicais interferem em relação
ao comportamento individual, tanto no que diz respeito a respostas motoras,
quanto à mudança de atitude ou capacidade de relaxamento, será salientada a
influência dos diferentes estilos musicais nos comportamentos dos indivíduos e
conseqüentemente na sociedade.
Para fundamentar a discussão é importante compreender a origem e
características da música. Ela é formada a partir do jogo entre o som e o silêncio,
podendo ser definida como
resultado da combinação e sucessão de sons simultâneos
de tal forma organizados que a impressão causada sobre o
ouvido seja agradável e a impressão sobre inteligência seja
compreensível, e que essas impressões tenham o poder de
influenciar os recantos ocultos de nossas almas e de
nossas esferas sentimentais, e que para essa influência nos
transporte para uma terra de sonhos, de desejos
satisfeitos,ou para um pesadelo infernal. ( SCHOENBERG
apud ZAMPRONHA, 2002, p.29)
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
19
De acordo com Zampronha (2002) a música é considerada, do ponto
de vista psicológico, como ‘aconceitual’, principalmente por ser ambígua, incapaz
de determinar a formação de idéias claras e categóricas e, por ser polissêmica,
isto é, por permitir diversas leituras. Outra característica psicológica que pode ser
atribuída à música é a indução.
Ela é indutora de nossa atividade motora, afetiva e
intelectual, em razão de seus elementos constitutivos
(ritmo, melodia, harmonia, timbre), de seus parâmetros
formadores (duração, altura, intensidade, densidade e
textura) e de seus movimentos sintáticos relacionais, com
o poder de co-mover o receptor que na escuta, acaba
por responder afetiva, intelectual e corporalmente a todos
esses elementos de comunicação postos em jogo, por
ela, música. (ZAMPRONHA, 2002, p.43).
Para clarear as assertivas apresentadas, os elementos constitutivos
da música serão discorridos explicativamente.
Em relação ao ritmo, percebe-se que sua natureza é tanto fisiológica
quanto psicológica. A conseqüência disso é que influencia tanto fisiológica, quanto
psicologicamente, o indivíduo, através da duração e da intensidade, induzindo
esquemas de movimento e mobilizando formas de comportamento. “O ritmo (e seu
elemento disciplinador, o pulso) é um recurso pelo qual o indivíduo aprende a viver
o tempo que passa, um tempo que é percebido, aceito, dominado e experienciado
em cada nova escuta musical”
(ZAMPRONHA, 2002, p.44). A música rítmica dá ao
aluno o sentido e a emoção do movimento, ampliando sua concepção de mundo.
Ao se trabalhar o ritmo objetiva-se a emoção que a ação do ritmo provoca,
trazendo benefícios ao ouvido, porque estimula suas qualidades receptivas; ao
Andrea Francklin Lomardo
20
sistema muscular, por atuar dentro de um tempo e de uma duração estabelecida,
e ao sistema nervoso, por possibilitar ao aluno desenvolver mecanismos de
comportamento no tempo e no espaço.
A melodia é definida por Zampronha (2002) como a sucessão
temporal de sons e silêncios com sentido e direcionalidade. Está sempre
relacionada às nossas tendências e inclinações, à nossa consciência afetiva, à
propriedade de transformar impressões em expressões e, a um determinado
contexto cultural. Sua natureza também é física (sensorial) e psicológica (afetiva).
Isto porque a base material da melodia, isto é, suas relações sonoras, induzem ao
prazer e/ou desprazer, ou seja, falam à nossa sensibilidade. Além disso, as
relações sonoras são também capazes de induzir movimentos afetivos
correspondentes. Outro ponto interessante a ressaltar é que é na intensidade que
reside o espírito da melodia, e por essa característica, ela tem o poder de
aproximar o homem dele mesmo, induzindo respostas principalmente afetivas.
A harmonia, um dos elementos constitutivos da música, além de
marca característica da música ocidental, é definida como a combinação
simultânea de sons, correspondendo à natureza intelectual da música e do
indivíduo. Envolve aprendizagem, lógica, raciocínio, juízo, análise, síntese, etc.
Finalmente, o timbre é caracterizado como sendo a qualidade
característica de um som, isto é a sua cor, o que nos permite diferenciar sons de
uma mesma altura emitidos por instrumentos diferentes.
Levando em conta todas essas considerações a respeito dos
elementos da música podemos fazer a seguinte analogia: o ritmo está relacionado
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
21
aos gestos, à atividade e ao movimento. A melodia à palavra e à afetividade, e a
harmonia é o campo de ação em que se desenrola a trama musical e todas as
vivências intelectuais.
E é nesse contexto que a música, como forma sonora em
movimento que é, e em razão de suas características
psicológicas (aconceitualidade e indução), tem acesso
direto ao nosso eu, rompendo barreiras e bloqueios,
estimulando nossa afetividade, relaxando censuras e
possibilitando descargas de energia, tanto em forma de
pensamento quanto em forma de associações mnêmicas.
(RIBAS, apud ZAMPRONHA, 2002, p.48).
Posteriormente, neste trabalho, iremos traçar paralelos entre música
e dança, seus elementos componentes, suas qualidades e estratégias de ensino.
Esta discussão possibilitará ao leitor identificar semelhanças e contrastes que,
trabalhados, contribuirão para o alcance dos objetivos educacionais até aqui
expostos e que serão ainda esmiuçados no texto.
Andrea Francklin Lomardo
22
2. A educação musical
A educação é a atividade irmã do brinquedo e da arte.
Educar é também relembrar o paraíso perdido, é
anunciar a possibilidade da alegria, é rejeitar as
experiências fragmentadas e buscar a experiência
perdida da cultura, dilacerada pela sistemática
administração centralizada da vida que, em nome da
eficácia, quer gerenciar todas as coisas. (ALVES, 2000)
A educação musical nas escolas deve ser entendida a partir da
necessidade de sua prática como forma de ajudar o indivíduo a expressar suas
emoções e sentimentos sob uma perspectiva expressiva. Além de contribuir na
sua forma de interpretar o mundo e sua posição nele, possibilitando a
compreensão de suas vivências.
A música é um dos conteúdos educacionais que desenvolve diversas
potencialidades nos alunos, tais como: capacidade de concentração, habilidade
motora, percepção auditiva, capacidade criativa, entre outras. Acrescente-se a
isso o fato de a música ser um acervo cultural da humanidade. Por esta razão
deve ser compreendido, conhecido, contextualizado e apreciado.
Mas o que se observa é que, assim como o ensino da dança, a
educação musical na maioria das escolas acontece com a função claramente
explícita de apresentar um resultado nas festas da escola. Quando muito é
utilizada na educação infantil através da reprodução de “musiquinhas” que
ensinam e reforçam hábitos e comportamentos.
Nos parâmetros curriculares (BRASIL, 1998), a música faz parte do
ensino de arte, e é desenvolvida através dos conteúdos: (a) expressão e
comunicação em música através da improvisação, composição e interpretação; b)
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
23
apreciação significativa em música, envolvendo escuta, envolvimento e
compreensão da linguagem musical; (c) compreensão da música como produto
cultural e histórico.
3. Qualidades e estilos musicais
Dentro de cada gênero musical, existe uma variedade de estilos, que
podem ser ativos e potentes, ou passivos e relaxantes. Para cada estilo musical
existe um estilo de expectativa musical. Além disso, genericamente poderíamos
dizer que a pulsação característica de um estilo musical poderia influenciar o ritmo
do pensamento e do comportamento do ser humano. (CAMPBELL, 2001).
Segundo Campbell (2001) cada estilo de música tem um uso que
poderia ser chamado de terapêutico. As funções mais comuns são: (1) desacelera
e equaliza as ondas cerebrais, (2) afeta a respiração, (3) afeta os batimentos
cardíacos, a pulsação e a pressão sanguínea; (4) reduz a tensão e melhora o
movimento e a coordenação do corpo, (5) afeta a temperatura corporal; (6) eleva
os níveis de endorfina, e conseqüentemente de euforia do indivíduo; (7) regula os
hormônios relacionados ao estresse; (8) estimula a função imunológica; (9) altera
a percepção espacial; (10) altera a percepção de tempo; (11) fortalece a memória
e a facilidade de aprendizagem; (12) aumenta a produtividade; (13) estimula a
digestão; (14) estimula o romance e a sexualidade; (15) aumenta a resistência
(16) amplia a receptividade inconsciente ao simbolismo; (17) gera sensação de
segurança e bem estar.
Andrea Francklin Lomardo
24
Sendo assim é importante salientar o cuidado necessário na escolha
das músicas ouvidas pelas crianças e jovens, tanto no que diz respeito aos
aspectos relacionados à saúde quanto aos aspectos educacionais. Portanto, a
escola tem como obrigação abrigar e discutir aspectos da cultura e não apenas
reproduzir os modismos e a massificação. Para isso a criança não precisa da
escola.
As qualidades musicais devem se reconhecidas e trabalhadas na
escola, para que a criança possa escolher conscientemente o que quer ouvir,
onde e quando, ampliando as suas preferências.
4. Influência da música no comportamento individual e na sociedade
Não conheço nada mais grandioso que a
Appassionata. Gostaria de ouvi-la todo dia. É uma
música maravilhosa, sobre-humana (...) Mas eu não
posso ouvir música com muita freqüência , ela me faz
mal aos nervos, deixa-me querendo dizer coisas gentis,
estúpidas, afagar a cabeça das pessoas que vivendo
nesse mundo tão vil, podem criar tamanha beleza...
(LENIN, apud ZAMPRONHA, 2002, p.67)
Tame assegura que a música, “(...) assim como todas as formas de
experiência, dão forma ao modo como pensamos e procedemos” (1984, p. 160).
Ainda segundo este autor, “a música exerce uma clara influência sobre o homem
como indivíduo e, portanto, conseqüentemente, afeta a sociedade em geral”
(1984, p.172). A importância da dança e da música, como influenciadores da
sociedade, leva à necessidade de estudar com maior atenção este processo.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
25
A música na China Antiga tinha a função de manter a ordem e a
harmonia na terra e, portanto, não era vista como mero entretenimento. Para os
antigos, a música era capaz de influenciar o caráter do homem e da sociedade,
visando torná-lo melhor. Os Chineses entendiam que a música vulgar e sensual
era capaz de exercer uma influência imoral no ouvinte. Para esta civilização a
música teria a capacidade de transformar a sociedade, aperfeiçoando ou
degradando-a.
Até mesmo na história da Educação Física, no ocidente, são
encontrados relatos onde o uso da música é considerado de extrema importância
na educação de corpos mais saudáveis e ativos. Segundo Amoros, responsável
pela elaboração e execução do método da ginástica francesa nas primeiras
décadas do século XIX, o canto era extremamente valorizado. Era considerado
“como a expressão mais enérgica das paixões da alma, (sendo assim) o
instrumento de civilização, de moralização e de regeneração mais poderoso que
existe”. (SOARES, 2002, p.46). Ainda segundo o autor, as letras das estrofes
musicais tinham por finalidade “inspirar o desejo de se adquirir belas qualidades
da alma, o desprezo aos vícios, comover os corações frios e ferozes, elevar o
espírito, engrandecer a alma e inspirar idéias sublimes”.
Para Demeny, responsável pelo método ginástico da escola
francesa, a partir da segunda metade do século XIX,
(...) (a música) tem uma influência moral muito grande, é um
estimulante encantador a qual poucos sabem resistir. E
valeria para as crianças e para os jovens infinitamente mais
que uma lição enfadonha comandada militarmente e incapaz
de prender a atenção. (apud SOARES, 2002, p.122).
Andrea Francklin Lomardo
26
Neste período percebe-se uma forte preocupação higiênica que se
estende também aos órgãos da audição. “Há no ouvido, como no olho duas
qualidades: a acuidade e a delicadeza”. (SOARES, 2002, p. 117). Por isso a
música era encarada como um elemento importante na educação do sentido da
audição, sendo sugerido que “as crianças deveriam ouvir, com freqüência, belas
obras musicais, tarefa que educa o seu sentido da audição” (SOARES, 2002, p.
117).
Atualmente, não damos atenção a estas questões. Músicas com
conteúdo duvidoso fazem parte de nosso cotidiano. Porém, se os Chineses
estavam certos e a música tem o poder de modificar valores e comportamentos de
uma civilização, o que esperamos da música que as crianças brasileiras ouvem
hoje? O que queremos da nossa sociedade? Quais são os valores condizentes
com a realidade da sociedade tecnológica?
Cabe neste momento a análise da influência do mercado, pois é ele
que dita o que deve ser apresentado na mídia, e determina músicas, cantores,
cantoras e grupos musicais que serão transformados em sucessos “meteóricos”, e
insistentemente veiculados.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
27
“A melhor banda, de todos os tempos,
da última semana.
O melhor disco dos últimos anos de
sucessos do passado
O maior sucesso de
todos os tempos entre os dez maiores fracassos
Não importa a
contradição
O que importa é
televisão”. (TITÃS, 2001).
A TV QUE A GENTE VÊ
1. A mídia: teorias de comunicação
As mídias fazem parte de nossa vida e, portanto, assumem
importante papel, influenciando ou transmitindo valores e comportamentos. Para
entendê-la melhor e, mais especificamente, entender a televisão é necessário
inseri-la no contexto da cultura.
O conceito de cultura será discutido a partir da concepção estrutural,
isto é, que dá ênfase ao caráter simbólico relacionado e inserido em contextos
sociais estruturados. Esta conceituação pressupõe que fenômenos culturais
influenciam os grupos sociais. Segundo Thompson (1995) a análise cultural deve
ser feita a partir do
estudo das formas simbólicas – isto é, ações, objetos e
Andrea Francklin Lomardo
28
expressões significativas de vários tipos – em relação a contextos
e processos historicamente específicos e socialmente
estruturados dentro dos quais, e por meio dos quais, essas
formas simbólicas são produzidas, transmitidas e recebidas
(p.198)
A partir dessa análise torna-se possível fazer um exame crítico das
relações de poder representadas pela mídia e apresentadas a partir de caricaturas
e estereótipos da vida real.
Outra questão que cabe ser discutida é a adoção, neste trabalho, do
conceito de cultura de mídias, utilizado por Santaella (1996). Para alguns, a mídia
não poderia ser considerada como produtora de cultura, uma vez que a mesma é
concebida apenas como patrimônio, herança ou acervo do passado a ser
preservado e, portanto, produzida somente pelas elites culturais e patrocinada
pelas classes política e economicamente dominantes. Esta perspectiva engloba o
conceito de cultura popular, que na própria produção já discrimina quem é a
classe dominante e a dominada, os produtores oficiais e os marginais, e o de
cultura de massa entendida e julgada como lixo, vulgaridade, elemento do reino
das mensagens pasteurizadas, ou seja, a “anticultura”.(SANTAELLA, 1996) É
preciso ficar claro a diferença conceitual entre cultura de massas e cultura das
mídias. A principal característica desta última é a ênfase que coloca na informação
como elemento primordial do processo comunicativo. Além disso, apresenta como
um dos pontos mais marcantes a provisoriedade, em contraposição à durabilidade
presente nas formas mais tradicionais de cultura. É a cultura “do efêmero, do
passageiro, do fugaz”. (SANTAELLA, 1996, p.35)
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
29
Outra característica presente é a mobilidade, pois se apresenta como
a cultura dos eventos em oposição aos processos. O mesmo assunto passa por
diferentes mídias, alterando, em alguns casos, apenas a aparência. Nestes casos
é a “cultura do descontínuo, do esquecimento, das aparições meteóricas”
(SANTAELLA, 1996, p.35).
Outro aspecto da cultura das mídias é o processo de proliferação das
próprias mídias, não acontecendo apenas entre mídias de igual natureza, mas
também entre mídias diversas, criando, dessa forma, redes inter-complementares,
onde cada mídia em particular tem uma função específica. Além disso, quanto
mais a mensagem for breve ou condensada, melhor.
Dentro dessa perspectiva a tv se caracteriza por ser a mídia das
mídias, apresentando-se de forma antropofágica, pois devora e absorve todas as
outras mídias e formas de cultura. Portanto é imprescindível analisá-la, não
considerando apenas seus conteúdos, mas também, como as mensagens se
articulam, a riqueza dos sentidos perceptivos e os efeitos psicofísicos que elas
podem produzir.
2. Os pontos de vista.
São encontradas diferentes opiniões em relação à influência da
televisão entre os teóricos da comunicação e educação. Eco (1993) se refere aos
“apocalípticos e integrados”, entendendo-os não como a oposição entre duas
atitudes, mas como complementares, adaptáveis aos produtores de uma “crítica
popular da cultura popular” (p. 9). Os apocalípticos sobrevivem confeccionando
Andrea Francklin Lomardo
30
teorias sobre a decadência generalizada provocada pela televisão, enquanto os
integrados raramente teorizam e assim, mais facilmente operam, produzem e
emitem as suas mensagens cotidianamente, incorporados a atual realidade social.
As opiniões divergem quando o aparelho de televisão é ligado. Para
alguns, neste momento, “está criada a ‘aldeia global’, a quintessência da
integração social e participativa. Para outros, é a solidão coletiva” (REZENDE,
2002, p.3).
Alguns teóricos da comunicação atribuem à TV uma função
conservadora e alienante, na medida em que contribui para a dominação das
massas e para a reprodução da cultura como mercadoria. Para Marcondes Filho
(1998) a televisão impõe um novo imaginário. A comunicação produzida
industrialmente busca a "domesticação das fantasias" das massas; e em vez de
atender a seus desejos e a suas vontades, fornece apenas indícios.
Além disso, perda da espontaneidade e criatividade, sexualidade e
erotização precoces, procura de desafios exagerados (esportes radicais levando a
morte), imitação de ídolos emergentes, passageiros ou não, com uma exagerada
valorização do corpo esculpido e malhado, custe o que custar, são algumas das
questões vistas como negativas neste processo. Segundo KENSKI (1999), em
workshop realizado pela revista Atrator Estranho,
A "criança natural" desapareceu há muito tempo. Desde
que nasce, sua imagem é produzida de acordo com
valores externos, assimilados no processo sedutor das
propagandas, da veiculação maciça de modelos
positivados. (p. 9)
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
31
A outra opinião referente à influência da televisão é de que ela possui
potencial para propiciar ampliação do mundo para o espectador. "(...) a linguagem
audiovisual treina múltiplas atitudes perceptivas e, constantemente, solicita a
imaginação e reinveste a afetividade com um papel de mediação primordial no
mundo". (BABIN e KOULOUMDJIAN, 1989, p.107) Assim, seria apenas
necessário "aprender a ler o texto televisivo". (PENTEADO, 1991, p.68).
Trazendo a dança como informação veiculada pela TV, poderíamos
considerar como fatores positivos o maior número de pessoas capazes de dançar
e se expor corporalmente. Hoje, como pude observar em minha prática, mais
meninos participam de aulas de dança do que há dez anos atrás.
3. Mídia televisiva. O que se vê? O que se ouve? O que se copia?
Neste tópico será apresentado um panorama da televisão,
principalmente em relação ao que é veiculado e a qualidade dos programas para
crianças e jovens de grandes metrópoles brasileiras. Esta direção se deve ao fato
de acreditar que mais do que censurar a televisão, como se ela fosse a
responsável por todos os males do mundo, é preciso entendê-la e discuti-la, de
forma consciente
.
Não é possível desconsiderar o fato de que hoje a TV faz parte de
pelo menos 4 horas diárias da vida de grande parte das crianças e jovens dos
grandes centros urbanos (UNICEF, 2002), ou seja, o mesmo tempo dedicado à
escola.
Andrea Francklin Lomardo
32
O ponto de partida desta discussão é a pesquisa realizada pela
Agência de notícias dos direitos da infância (ANDI), UNICEF, Petrobrás e Cortez
Editora, em 2003. Foram promovidas seis reuniões de discussão sobre a
programação televisiva, em três capitais brasileiras, envolvendo 66 adolescentes e
jovens, com idades que variavam de 10 a 19 anos. Estes jovens foram
questionados a respeito da qualidade da programação da TV brasileira e, na
opinião dos mesmos, o maior problema em relação à qualidade não é a falta de
bons conteúdos para jovens, mas a dificuldade em acessá-los. A maior parte dos
programas considerados de boa qualidade pelos adolescentes eram transmitidos
em horários não adequados, como por exemplo, na madrugada dos sábados, ou
muito cedo aos domingos. Os jovens também ressaltaram a ausência de
programação exclusiva para eles nos canais de TV aberta.
Quando questionados sobre o que identifica um programa para
jovens, as respostas mais ouvidas foram em relação à temática (sexo, drogas e
música) e a linguagem, sendo caracterizada pelo uso de gírias e pela forma
menos formal. Outros pontos levantados foram o cenário diferenciado e os
produtos anunciados, com um forte apelo ao consumo.
Foi pautado por eles também, que os programas destinados aos
jovens geralmente “têm menos a ver” com a realidade do que os programas
destinados aos adultos. Observaram que o adolescente apresentado na TV é
estereotipado. “Ou é super certinho ou é um destrambelhado; ou é um ‘nerd ou
um bonitão”. (ANDI, 2004, p. 253). Além disso, os programas citados pelos jovens
pesquisados apresentam sempre o mesmo padrão de beleza física: “loiros, olhos
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
33
azuis, músculos torneados, playboys ou filhinhos de papai, sempre com muito
dinheiro e um comportamento consumista acima da média” (ANDI, 2004, p. 253).
Avaliaram que os negros aparecem pouco e são sempre empregados domésticos,
nunca são os protagonistas e aparecem, freqüentemente, em situações de
discriminação.
Uma das questões que mais preocupavam estes adolescentes e
jovens era de que forma estes programas poderiam ajudá-los, já que não refletiam
o que eles eram. Na opinião da maioria, o objetivo dos programas para os jovens
deve ser ensinar, o que justifica essa preocupação. Outra função da TV, na
opinião deles, seria possibilitar o acesso à cultura e informação, de uma forma
estimulante (sem ter a cara de documentário), sendo levantada novamente a
mesma questão em relação à linguagem. “Gosto de ver programa mais sério, mas
não exatamente intelectual” (ANDI, 2004, p. 254).
Segundo Bentes, tanto os programas para crianças quanto para
jovens são feitos por adultos, com uma visão muito estereotipada, onde idéias
prontas são repetidas, produzidas sem muita investigação ou pesquisa. “Tudo
ocorre como se a criança e o adolescente fossem incapazes de problematizar as
suas próprias questões”. (BENTES apud ANDI, 2004, p.80).
A pesquisa de Duncan (1989), a partir de programas da TV
americana, concorda com este ponto de vista. Na opinião da autora, os programas
são escritos e produzidos por adultos, sendo retratado o ponto de vista destes,
suas aspirações, seus desejos e não os da criança. Portanto, a ideologia criada e
Andrea Francklin Lomardo
34
sustentada pela TV sugere que crianças são adultos em miniatura, motivados por
direções e objetivos adultos.
A partir desta afirmação é possível reconhecer que esta
característica do fenômeno não é exclusiva da televisão brasileira, encontrando-se
presente também na programação de outros países.
É crescente o número de pesquisas sobre o impacto da programação
televisiva em crianças e adolescentes. E, conseqüentemente, isso tem provocado
um aumento do debate sobre o assunto e um aumento da articulação da
sociedade em defesa de uma mídia de qualidade.
No Brasil, várias iniciativas tem surgido a partir da sociedade civil no
sentido de cobrar regras mais claras para o setor dos meios de comunicação e
definir parâmetros que contribuam para uma televisão de qualidade voltada para
crianças e adolescentes.
4. A televisão educa ou deseduca?
A televisão realmente tem o poder de educar? E, se o faz, como se
dá este processo?
Na pesquisa realizada pela ANDI (2004), os adolescentes
entrevistados se mostraram extremamente preocupados com a capacidade da
mídia em manipular e influenciar a vida dos telespectadores, e em relação aos
males que podem advir dos contatos com a televisão. O entendimento de que a
mídia é dotada de um poder de influência e de interferência nas vidas alheias é
cada vez mais presente nos mais diferentes nichos da sociedade, porém este
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
35
discurso não parece conduzir a uma atitude crítica em relação à mídia no dia-a-
dia.
Sendo assim, a escola, um dos locais propícios à discussão crítica e
questionadora de diversos assuntos, inclusive os transmitidos ao vivo e a cores
pela televisão, não pode mais se posicionar como se a TV não fizesse parte do
seu mundo. É preciso discutir a possibilidade do seu uso como recurso
educacional. Em outras palavras, seria importante que a escola se preocupasse
em educar no meio e com o meio, levando o aluno a compreender o sentido das
informações.
Segundo Ferrés (1996), educar no meio significa educar na
linguagem audiovisual característica da televisão, além de dar subsídios para o
entendimento do funcionamento técnico da mesma, e fomentar a discussão crítica
da programação. Educar com o meio é utilizar o audiovisual como recurso
pedagógico, facilitando a aprendizagem de conteúdos. Porém, é preciso
considerar que utilizar recursos audiovisuais na escola não é o mesmo que assistir
TV em casa, por lazer ou divertimento.
O uso do audiovisual nos permite entender mensagens e discursos
produzidos pela TV, mas é preciso a utilização de um método adequado. Ferrés
(1996) propõe o método denominado por ele de compreensivo, que é
“globalizante, capaz de integrar todas as faculdades humanas mobilizadas pelas
imagens. E (...) pretende chegar à reflexão por meio da emoção” (p.99). O método
compreensivo é útil tanto para a escola, uma vez que possibilita que o processo
Andrea Francklin Lomardo
36
ensino-aprendizagem seja mais motivante, quanto para o aluno, que mesmo fora
da aula será capaz de transformar as emoções em reflexões.
O método compreensivo engloba três momentos: leitura situacional,
leitura fílmica e leitura avaliadora. No primeiro momento, o da leitura situacional
pretende-se situar o filme ou a série dentro de um contexto significativo. Na leitura
fílmica, as imagens e os sons serão analisados da forma mais objetiva possível. É
o momento central da metodologia e estrutura-se em três fases: leitura narrativa,
formal e temática. E por fim, o momento da leitura avaliadora, onde será emitido
um julgamento crítico, partindo-se de pontos de vista e opiniões baseados nas
discussões e leituras anteriores.
A descrição resumida deste método permite o entendimento de que o
uso da televisão na escola é possível e aconselhável. Porém, “a televisão precisa
estar integrada numa função de denúncia e convite à discussão, o que exige sem
dúvida uma ação política consciente”.(BETTI, 1998, p.45).
5. A música, a dança e a imagem de corpo ideal
A música e a dança têm sido utilizadas pela televisão brasileira em
diversas situações e, com diferentes propósitos. Em Lomardo e Volp (2003)
encontramos que 33,33% da programação assistida pelo público infantil (4 a 11
anos) no período de 13 a 26 de janeiro de 2003 apresentam algum tipo de dança,
ou seja, 28 programas dos 84 assistidos. As situações e os tipos de danças
encontradas podem ser descritos da seguinte forma: (a) a daa aparece em
festas ou bailes; (b) os próprios apresentadores dançam para animar o público; (c)
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
37
os grupos musicais convidados dançam suas próprias coreografias e com seus
próprios dançarinos; (d) os programas apresentam seus próprios dançarinos; (e)
realizam aulas de dança com os “hits” do momento; (f) apresentam grupos de
dança do circuito cultural, como Balé da Cidade, Grupo de Sapateado, Street
Dance e Dança do Ventre; (g) apresentam dança que expressa sentimentos,
emoções, além de movimentos que imitam coisas e animais. Alguns programas
apresentam mais de uma forma de veicular a dança. Os estilos de dança
observados foram funk, axé, dança indígena, dança expressiva, contemporâneo,
rock anos 60, street dance, pagode, forró, rock brasileiro, dança do ventre e
sapateado.
Considerando-se que a mídia televisiva apresenta diversos
conteúdos a serem mostrados diariamente ao público, entende-se que 33,33% é
um volume significativo de incidência de dança na programação.
Se considerarmos, como Duncan (1989), que a televisão é entendida
como um importante agente ideológico que opera em dois níveis: como formadora
de significados e espelho da realidade social; e moldando significados potenciais,
dando preferências a entendimentos que representam interesses dominantes na
sociedade, parece que não é possível desconsiderar a importância que a dança e
a música representam para a sociedade. Além disso, segundo a autora, é a TV
quem primeiro apresenta as modificações ocorridas no mundo, ditando modas ou
reforçando tendências.
E o corpo, mesmo na sociedade do virtual, onde os conceitos de
tempo e espaço são outros, não poderia ficar de fora.
Andrea Francklin Lomardo
38
O corpo contemporâneo assemelha-se a uma chama.
Freqüentemente é minúsculo, isolado, separado, quase
imóvel. Mais tarde, corre para fora de si mesmo,
intensificado pelos esportes ou pelas drogas, funciona como
um satélite, lança algum braço virtual bem alto em direção
ao céu, ao longo de redes de interesses ou de comunicação.
Prende-se então ao corpo público e arde com o mesmo
calor, brilha com a mesma luz que outros corpos-chamas.
Retorna em seguida, transformando, a uma esfera quase
privada, e assim sucessivamente, ora aqui, ora em toda
parte, ora em si, ora misturado. (LÉVY, 1996, p.33)
Nesse sentido, percebemos que, em alguns momentos o corpo se
torna espetáculo, se supera. É hora da adrenalina, dos saltos de pára-quedas, dos
esportes radicais. Em outros, o corpo vira consumo, é preciso ter, comprar, estar
na última moda. E ainda, somos o corpo mercadoria, igual a fulano ou sicrano,
jovens, saudáveis. Temos à disposição diferentes métodos para alcançar a tão
almejada juventude.
Por isso,
Os educadores precisam superar a perplexidade e a inércia
diante das mídias, e inverter a lógica dos “apocalípticos” sem
se tornarem “integrados”: efetuar uma interpretação e um uso
crítico das suas possibilidades formativas e informativas, em
especial da televisão, a mídia de maior impacto entre os
alunos. (BETTI, 2003, p. 95).
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
39
“Compreendo (o mundo) enquanto me
compreendo. E me compreendo com
todas as minhas características, assim
como procuro compreender a
realidade com todas as suas
dimensões”. (FERRÉS, 1996, p. 81)
A PSICOLOGIA SOCIAL
1. As relações sociais
A psicologia social será usada neste trabalho com o objetivo
de nos ajudar a entender de que forma comportamentos e valores se
manifestam nos seres humanos.
A partir dos estudos de Vygotsky (1988) compreende-se que
toda aprendizagem tanto de comportamentos, quanto àquela relacionada à
percepção e memória passa pela linguagem, e consequentemente está
ligada à aprendizagem social. Segundo Vygotsky,
A interação face a face entre indivíduos particulares
desempenha um papel fundamental na construção do ser
humano: é através da relação interpessoal concreta com
outros homens que o indivíduo vai chegar a interiorizar as
formas culturalmente estabelecidas de funcionamento
psicológico. Portanto, a interação social, seja diretamente com
outros membros da cultura, seja através dos diversos
elementos do ambiente culturalmente estruturado, fornece a
Andrea Francklin Lomardo
40
matéria–prima para o desenvolvimento psicológico do
indivíduo.
(OLIVEIRA, 1993, p.38)
Considerando este aspecto, a imitação de modelos teria um papel
fundamental na vida do indivíduo, principalmente nos primeiros anos de vida. É a
partir da imitação que comportamentos, hábitos e valores são aprendidos.
Portanto, a imitação
(...) não é mera cópia de um modelo, mas reconstrução
individual daquilo que é observado nos outros. Essa
reconstrução é balizada pelas possibilidades psicológicas da
criança que realiza a imitação e, constitui para ela, construção
de algo novo a partir do que observa no outro.(...) é uma
oportunidade de a criança realizar ações que estão além de
suas próprias capacidades, o que contribuiria para o seu
desenvolvimento.
(OLIVEIRA, 1993, p.63)
Não existe consenso a respeito da influência da TV sobre o
comportamento de crianças e jovens. Porém, considerando o número de horas
que passam na frente de um aparelho, adotando uma postura na maior parte das
vezes passiva, e a importância da imitação na aprendizagem, parece que essa
possibilidade não deva ser desconsiderada.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
41
MATERIAL E MÉTODOS
1. Considerações a respeito do método utilizado.
Este estudo apresenta como referencial teórico o método de
pesquisa qualitativa onde o “significado” que as pessoas dão às coisas e à sua
vida são focos de atenção especial pelo pesquisador.
Para que o objetivo proposto fosse alcançado foi realizado um
estudo comparativo entre dois grupos em relação à influência da mídia. O Grupo
“A”, composto por crianças que assistem poucas horas de tv semanalmente,
considerando a média assistida pelas crianças e jovens brasileiros (UNICEF,
2002); e o grupo “B”, composto por crianças que assistem tv com grande
freqüência. Os grupos foram formados com crianças da 1
a
e 2
a
série de dois
colégios particulares de São Paulo, com projetos e propostas pedagógicas
diferentes.
2. Objetivos
Esta pesquisa teve como objetivo investigar a influência da TV na
forma como crianças de 7 a 8 anos dançam e o gosto musical das mesmas, em
duas situações, a saber: 1º) verificando quais as músicas utilizadas para estas
Andrea Francklin Lomardo
42
danças e a qualidade musical das mesmas; 2º) verificando o padrão de
movimento utilizado nas danças e o conteúdo expresso por essas danças.
A partir dessa análise tentou-se verificar se valores e
comportamentos transmitidos e valorizados pelas músicas e coreografias
veiculadas na mídia são realmente incorporados pelas crianças.
3. Participantes
A coleta dos dados se deu em duas escolas particulares da cidade
de São Paulo, com crianças entre 7 a 8 anos, alunos da 1ª e 2ª série, da classe
econômica A e B. No grupo “Aas crianças assistem poucas horas de tv por
semana (até vinte horas) e no grupo “B” assistem tv com bastante freqüência
(mais de trinta e cinco horas por semana). O tempo médio dedicado pelas
crianças a TV, de acordo com a UNICEF (2002), é de até 28 horas por semana.
3.1. Caracterização do Grupo A
O Grupo “A” foi composto por quatro meninas entre 7 a 8 anos,
alunas de uma escola particular de São Paulo, localizada em um bairro de classe
média, na zona sul da cidade, que assistiam até vinte horas por semana de
televio.
Estas meninas já faziam aulas de dança há pelo menos seis meses
com outra professora, mas dentro da mesma técnica e forma de organização de
aula selecionada para esta pesquisa e, a partir de março de 2004 começaram a
ter aulas com a pesquisadora.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
43
A freqüência às aulas era de uma vez por semana, acontecendo
sempre às sextas feiras das 13:30 ás 14:30 horas, isto é, fora do horário escolar,
em um salão da escola dedicado às atividades artísticas.
As aulas aconteceram no período de março a julho de 2004,
perfazendo um total de quinze aulas e culminando em uma apresentação pública
no último dia de aula, resultado de um processo de criação coletiva. Neste dia
também foi apresentado o vídeo realizado durante as aulas. No vídeo estão
gravadas algumas atividades e depoimentos das alunas durante as intervenções.
Foi observado que nenhuma das quatro alunas era alfabetizada,
porém duas delas estavam mais adiantadas no processo do aprendizado da
leitura e escrita. Outro fato interessante é que quando questionadas sobre a
televisão, diziam não assistir e nem se interessar por ela.
3.1.2. Projeto pedagógico
A escola tem aproximadamente 250 alunos, de Educação Infantil até
o Ensino Médio. Segue como princípio pedagógico a Pedagogia Waldorf, criada
pelo filósofo Rudolf Steiner. Esta pedagogia resulta da Antroposofia, em geral, e,
em particular do que esta tem a dizer a respeito do desenvolvimento da criança.
A Antroposofia não é uma religião, é uma visão do Universo e do
Homem obtida segundo métodos científicos. Dessa cosmovisão
decorrem a imagem do mundo, a própria existência das escolas
Waldorf e o trabalho de seus professores. (LANZ, 1990, p.67).
Andrea Francklin Lomardo
44
A Pedagogia Waldorf tem como objetivo desenvolver a
personalidade de forma equilibrada, fazendo florescer na criança a clareza do
raciocínio, o equilíbrio emocional e a iniciativa de ação.
Essa concepção leva em conta as diferentes características das
crianças e jovens segundo sua idade aproximada. O ensino é dado de acordo
com essas características: um mesmo assunto nunca é dado da mesma maneira
em idades diferentes.
A pedagogia Waldorf considera que o desenvolvimento da vida
humana aconteça em ciclos de 7 anos, os setênios. Além disso, entende que o
ser humano é composto por quatro membros: o corpo físico (1), etéreo (2), astral
(3) e o eu (4) e durante a sua vida existiriam quatro nascimentos: o do corpo físico
ao nascer, o do corpo etéreo aos 7 anos (escolaridade), o do corpo astral aos
catorze anos (puberdade) e o do eu aos vinte e um anos (maturidade). Porém, ao
analisar as várias atividades anímicas do homem, Steiner conclui que esse
número poderia ser reduzido a três: “o querer, o sentir e o pensar– o qual deve se
juntar à percepção e a memória” (LANZ, 1990) que estariam relacionados
respectivamente às partes do corpo: abdome-membros, tórax e cabeça. Em cada
um dos ciclos, um dos aspectos irá se desenvolver. Para Rudolf Steiner a
educação agiria principalmente nos três primeiros ciclos, sem desconsiderar, no
entanto, que o completo amadurecimento seja o resultado de toda a vida do ser
humano.
Durante os primeiros sete anos de vida, corpo, alma e espírito
formam na criança uma unidade e o corpo etéreo constitui o elemento mais
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
45
importante, dando forma ao corpo físico. Só depois dos sete anos é que o corpo
etéreo se transforma no instrumento do pensar e da memória.
No primeiro setênio, a infância, a criança está entregue aos seus
processos vitais (alimentação, metabolismo, sono, movimentos descontrolados).
Esta fase está relacionada à aprendizagem das vontades, do querer. Além disso,
a criança é “permeável a todas as influências do mundo ambiente e, por sua vez,
transmite diretamente a esse mundo tudo o que se passa dentro dela”. (LANZ,
1990, p.35). Neste setênio a imitação é muito importante.
O segundo setênio, dos 7 aos 14 anos, denominado pela pedagogia
Waldorf de juventude, será liderado pela atuação do corpo astral. É nesta fase
que ocorre um desenvolvimento intenso das fantasias, sentimentos, emoções. É a
fase do amadurecimento do “sentir”.
Segundo Lanz (1990, p.48) no terceiro senio, dos 15 aos 21 anos,
“o eu” torna-se autônomo sendo capaz de usar o pensar (corpo etéreo) e o querer
“sem motivações oriundas do seu corpo (físico), dos seus sentimentos (corpo
astral), e do seu egoísmo (corpo físico e astral)”.
Na pedagogia Waldorf o indivíduo é encarado do ponto de vista
físico, anímico e espiritual, e o desabrochar progressivo desses três constituintes
de sua organização é abordado diretamente. Assim, por exemplo, cultiva-se o
querer (agir –corpo físico) através da atividade corpórea dos alunos em
praticamente quase todas as aulas. O sentir (astral) é incentivado por meio de
abordagem artística constante, além de atividades artísticas e artesanais,
específicas para cada idade; o pensar (corpo etéreo) vai sendo cultivado
Andrea Francklin Lomardo
46
paulatinamente desde a imaginação dos contos, lendas e mitos no início da
escolaridade, até o pensar abstrato rigorosamente científico no Ensino Médio. O
fato de não se exigir ou cultivar um pensar abstrato e intelectual muito cedo é uma
das características marcantes da pedagogia Waldorf em relação a outros métodos
de ensino.
Em relação à faixa etária específica da pesquisa, 7 a 8 anos, o
objetivo principal é trabalhar com os sentimentos da criança, apelar para a sua
fantasia criadora e aumentar essas forças com imagens que as fecundem e
elevem. Segundo Lanz (1990), deve-se proteger a criança de “todas as imagens
perniciosas que possam vir de fora e, principalmente contra tudo o que possa
arrefecer a intensidade de seus sentimentos”. (p. 41)
Segundo o autor, a criança de 7 e 8 anos tem como principal
característica o predomínio da vida sentimental e, portanto, só aprende, pensa ou
conhece qualquer fato a partir do momento em que esteja engajada
emocionalmente. Esta atitude é chamada de “estética”, no sentido de que o
mundo fala à criança não pelo seu conteúdo conceitual, mas pelo seu aspecto e
pela sua configuração, o que faz com que a criança expresse reações de simpatia
ou de antipatia, de admiração, de entusiasmo ou dedio.
Além disso, o professor, de qualquer disciplina, deve ser um artista
e, todo o ensino, uma obra de arte, pois sua meta somente será atingida se apelar
aos sentimentos e fantasias de seus alunos. O sentimento do belo deve ser
cultivado por atividades artísticas e artesanais, isto é, pelo “fazer”. Para Lanz a
“relativa passividade do aprender será, dessa forma, completada por uma
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
47
atividade criativa”.(p.42) Porém não deve se tratar de “arte alheia à vida”, mas sim
de um enfoque e de um cultivo do “belo” que esteja dentro da realidade da vida
prática.
Outro aspecto que deve ser considerado na pedagogia Waldorf é
que a educação deve ter como princípio pedagógico a autoridade. A autoridade
de pais e mestres deve ser “indiscutida e indiscutível”, porém sem ser imposta
pela força, mas sim se manifestar como
resultado natural de um relacionamento baseado na veneração,
no respeito e no reconhecimento inconsciente das qualidades
superiores do educador. O professor, os pais e as demais figuras
humanas que lidam com o aluno deveriam ser figuras idolatradas.
(LANZ, 1990, p.45).
A professora de classe, um dos pilares da Pedagogia Waldorf,
acompanha a mesma turma no decorrer de todo o Ensino Fundamental, gerando
um vínculo duradouro e tornando-se uma referência estável para a criança ao
longo do seu crescimento. É responsável pelas matérias tradicionais para as
quais não há necessidade de uma formação especial (linguagem, aritmética,
geografia, história, física, química, etc.), mas sim de uma pedagogia adequada, e
muitas vezes ensina também disciplinas com as quais sente uma afinidade
especial, tais como trabalhos manuais, educação física, etc.
As matérias são trabalhadas em épocas, isto é, durante várias
semanas são dadas apenas aulas de geografia, por exemplo, nas duas primeiras
horas e no restante do período, atividades artísticas, manuais, educação física,
línguas estrangeiras, etc. Terminada a época essa matéria é substituída por outra.
A aula de época começa com uma parte rítmica, onde são trabalhados o canto, a
Andrea Francklin Lomardo
48
recitação e os exercícios fonéticos. Dessa forma o ambiente é preparado para a
aprendizagem. A matéria é distribuída em vários dias. No primeiro dia será feita a
exposição do conteúdo, no dia seguinte a reprodução ou recordação, em um
terceiro dia são realizados os exercícios, a confecção dos cadernos, etc. Não são
utilizados livros didáticos em hipótese alguma.
A avaliação é feita de forma qualitativa, através da biografia do
aluno, sendo analisado o trabalho escrito, a aplicação, a forma, a fantasia, a
riqueza de pensamentos, a estrutura lógica, o estilo, a ortografia e, além disso, os
conhecimentos reais. Porém a repetência é evitada.
O currículo se divide entre matérias básicas (exigidas pelo currículo
oficial) e adicionais e dessa forma abrange as disciplinas relacionadas à:
1) linguagem, que abrange a fala, a escrita e a leitura;
2) história, sendo esta trabalhada a partir do 5
o
ano. Nos primeiros anos a maneira
de pensar e de sentir de épocas passadas é percorrida a partir dos contos de
fada, das lendas e dos mitos.
3) geografia, considerada em seu relacionamento com as diversas civilizações,
com o habitat do homem (zoologia, botânica) e com as condições geológicas e
climatológicas. O professor procura o contato com a realidade evitando assim as
abstrações.
4) línguas estrangeiras, sendo matéria de ensino a partir da 1
a
série. São
introduzidas e ensinadas a partir da imitação, até a 3
a
série, sendo utilizadas
canções, versos, ritmos, dramatizações e conversas entre professor e alunos.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
49
5) matemática e geometria, onde todo o corpo deve entrar em atividade. É através
do corpo, dos seus movimentos e ritmos que os primeiros elementos de
matemática e de geometria devem ser assimilados.
6) matérias científicas (ciências), que são trabalhadas a partir da 4
a
série. São
elas zoologia, botânica, mineralogia, química, física e astronomia.
7) artes, trabalho artesanal e profissionalizante e atividades corporais. Estas
disciplinas recebem a mesma atenção que as demais e são consideradas de igual
imporncia para a formação do aluno. Também é dada grande ênfase à música,
tanto ao canto quanto à música instrumental. Além disso, todas as escolas
Waldorf têm como matéria obrigatória, a eurritmia, sendo esta
uma arte de movimento através da qual se tornam visíveis, por
meio de movimentos do corpo, os conteúdos espirituais inerentes
à palavra e à música. A eurritmia consiste, pois, em movimentos
não arbitrários nem subjetivos, que acompanham a recitação de
uma obra poética ou musical.(LANZ, 1990, p.118).
A educação física também ocupa lugar importante na pedagogia,
valorizando conceitos como habilidade, presteza, coragem e espírito de equipe. É
considerada uma disciplina onde apenas os movimentos físicos são trabalhados,
porém mesmo assim deve haver “uma certa harmonização com o todo da
personalidade”.(LANZ, 1990, p.118)
8) Jardinagem
9) Desenho de formas
10) Religião, onde a espiritualidade do universo e do homem é cultivada sem
qualquer dogmatismo.
Andrea Francklin Lomardo
50
11) Festas – apresentações e excursões, o que demonstra que o ensino não se
limita às salas de aula, laboratórios e campos de esporte.
Considerando a faixa etária pesquisada, 7 a 8 anos, todas as
atividades têm o elemento artístico como ponto de partida, despertando o
encantamento, o que fortalecerá o sentir, qualidade anímica típica deste setênio.
O movimento natural que se segue é o de realizar a vivência que foi tocada pelo
sentir. Assim, as lições, os cadernos, os trabalhos de arte e todas as formas de
estudo tornam-se um prazer. A realização prazerosa das atividades escolares
estimula e educa a capacidade de ação – o querer – que recebeu seu impulso
inicial no primeiro setênio e lança as sementes do pensar, preparando a criança
para a tarefa do terceiro setênio - o Ensino Médio.
Em relação à televisão, a pedagogia Waldorf se coloca de forma
completamente contrária a seu uso e descreve de forma explícita suas razões,
manifestando seus motivos tanto em relação aos aspectos fisiológicos, quanto no
que se refere à diminuição da fantasia e criatividade, ao aumento da passividade
pelas crianças e também, no que diz respeito aos aspectos sociais e de
relacionamentos.
3.2.1. Caracterização do grupo B
O grupo “B” foi composto por 8 crianças, 4 meninas e 4 meninos,
que assistiam mais de 35 horas de televisão por semana, de um colégio particular
da zona leste da cidade de São Paulo.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
51
A pesquisa realizada com o grupo “B” teve início em outubro de
2004 e foi finalizada em dezembro do mesmo ano, apresentando assim o mesmo
tempo de intervenção que o grupo “A”.
As atividades foram distribuídas em 15 aulas, com uma hora de
duração cada, numa freqüência de duas aulas por semana, e apresentaram as
mesmas características e organização das aulas aplicadas ao grupo “A”. Elas
aconteciam às 4as e 5as feiras das 18 às 19 horas, isto é, fora do horário escolar,
em um salão da escola dedicado às aulas de música.
Todas as crianças já eram alfabetizadas ou estavam adiantadas no
aprendizado da leitura e da escrita.
3.2.2. Projeto pedagógico
O Colégio, onde foi realizada a pesquisa, foi fundado em 1972,
contando, no momento desta pesquisa, com aproximadamente 3.000 alunos, da
Educação Infantil ao Ensino médio. O seu projeto pedagógico baseia-se na
educação humanista, utilizando o viés sócio-construtivista, o que permite ao
aluno, ao longo da escolaridade, o desenvolvimento da sua capacidade de
aprender a aprender.
O trabalho é desenvolvido a partir da realização de projetos,
utilizando como ponto de partida os temas transversais propostos nos parâmetros
curriculares: meio ambiente, pluralidade cultural, ética, saúde e orientação sexual.
Sendo assim, considerando estas bases teóricas no Ensino
Fundamental (1ª à 8ª série), o aluno dá prosseguimento ao desenvolvimento
Andrea Francklin Lomardo
52
integral, consolidando as bases de formação da autoconfiança, do senso crítico e
da consciência da sua cidadania. A aquisição de novos conhecimentos é
trabalhada de forma a preparar a criança e o jovem para a vida. Além disso,
objetiva à preparação de profissionais ética e cognitivamente competentes.
É utilizado o sistema apostilado de ensino desde a Educação Infantil
(pré), como material didático, com o objetivo de fortalecer o contato com as
disciplinas curriculares.
Até a 4ª série, o colégio trabalha, como atividade curricular, com as
linguagens: arte, música e inglês. A partir da 5ª série, inglês e artes passam a ser
oferecidos como atividades extracurriculares. Para as aulas de inglês, o colégio
mantém parceria com uma escola especializada na língua inglesa; e para as
aulas de artes visuais, teatro e atividades esportivas, conta com o apoio de
consultoria especializada. Além disso, oferece aos seus alunos a oportunidade de
participar do programa de intercâmbio educacional com o Japão, firmado com
uma escola-irmã em Okinawa.
Os objetivos explícitos no projeto pedagógico são: (1) Oferecer
condições de ensino e educação compatíveis com um mundo em constantes
transformações nos campos, tecnológico, político e social; (2) Criar condições de
aprendizagem para que os alunos egressos estejam preparados para ingressar
no ensino superior, cursando com total proveito a opção feita; desenvolvendo e
adquirindo aptidões e valores que possibilitem o crescimento pessoal, em sintonia
com o dinamismo das transformações sociais. (3) Proporcionar ambiente de
convivência harmônica entre os membros da comunidade educativa, na base do
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
53
respeito mútuo em todos os níveis. (4) Oportunizar a formação de cidadãos
autônomos e críticos, com capacidade de argumentação sólida em defesa de
seus princípios. (5) Oferecer oportunidades de aprimoramento contínuo aos
profissionais de ensino, com vistas à atualização em um mundo em rápida e
constante transformação.
4. Procedimento
Foram dadas aulas de dança criativa
1
aos grupos, no ambiente
escolar, porém como atividade extracurricular.
O procedimento, anterior ao início do trabalho com as crianças,
apresentou algumas diferenças no que diz respeito à formação dos grupos.
O grupo “A”, conforme descrito anteriormente, fazia aulas de
dança com outra professora no mesmo horário no ano de 2003, quando passaram
a ter aulas com a pesquisadora, em março de 2004. A proposta foi apresentada
aos pais separadamente, e ao mesmo tempo foi feito divulgação via circular da
escola (Anexo A). O questionário destinado aos pais foi entregue no decorrer das
aulas.
Na escola onde foi realizado o trabalho com o grupo “B” não existia
nenhum trabalho de dança para esta faixa etária e, portanto o processo foi um
pouco mais demorado. Inicialmente foi feito um contato com a coordenadora
pedagógica do ensino fundamental, quando foi entregue uma carta de
1
Entendendo como dança criativa, a aula baseada na exploração de movimentos, na
improvisação e na composição coreográfica., além de possuir um caráter educativo (MARQUES,
2003, p. 140)
Andrea Francklin Lomardo
54
apresentação e o projeto do trabalho (Anexos B e C). Após aprovação da
proposta pela diretoria da escola, foram enviados uma carta de apresentação e
um convite aos pais (Anexo D) para uma reunião com a pesquisadora onde a
proposta do trabalho foi explicada. Nesta reunião os pais autorizaram seus filhos
a participarem das aulas. Em seguida tiveram início as aulas.
No grupo “A”, 15 aulas aconteceram uma vez por semana com uma hora
de duração e foram ministradas pela pesquisadora. No grupo “B”, as 15 aulas
aconteceram duas vezes por semana, também com uma hora de duração e
ministradas pela pesquisadora, ´porém tiveram o auxílio de dois estagiários,
alunos do 2
o
ano de graduação de Educação Física que colaboraram
principalmente com a coleta de dados e com a organização dos materiais
necessários à execução das aulas.
5. Instrumentos
Durante as aulas foram aplicados os seguintes materiais de coleta
de dados: (1) questionário aplicado aos pais para verificar o tempo de assistência
à tv e os programas preferidos das crianças, além do gosto pela dança; (2)
entrevista para verificar a preferência musical; (3) desenho do corpo para análise
da corporeidade e imagem corporal; (4) questionário “bate bola” com o objetivo de
verificar valores relacionados ao corpo e à dança e (5) filmagem das aulas para
verificação dos padrões de movimento adotados pelas crianças, durante a dança
quando tocada a música preferida.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
55
5.1. Questionário Pais
Foi entregue um questionário aos pais (Anexo E) com o objetivo de
verificar se seus filhos assistiam televisão, quantas horas por semana e quais os
programas preferidos. Questionou-se também em que canal estes programas
eram veiculados e o horário de veiculação.
Além destas questões teve-se o intuito de analisar o gosto da
criança em relação à dança, o que gostavam de dançar, se preferiam copiar
alguém ou improvisar.
Este questionário forneceu as primeiras informações referentes ao
grupo com quem era realizado o trabalho, principalmente em relação à dança e à
mídia televisiva, caracterizando-o nestes aspectos particulares.
Levando em conta o tamanho da amostra trabalhada (4 participantes
em cada grupo), foi considerado pela pesquisadora durante toda a análise dos
dados obtidos que 2 respostas coincidentes já seria considerado um resultado
considerável, uma vez que representa 50% da amostra.
5.1.1. Caracterização da amostra a partir da análise do Questionário Pais
5.1.1.1 Grupo A
Este grupo era composto apenas por meninas, de 7 e 8 anos, da 1
a
e 2
a
série. Todas as crianças assistiam televisão, sendo que três integrantes do
grupo assistiam de 16 a 20 horas semanais, e apenas um (1) 21 a 25 horas
semanais. Seus programas preferidos eram caracterizados por desenhos
animados, novela infantil, programa de pergunta e resposta e jogos de diversos
Andrea Francklin Lomardo
56
tipos destinados ao público infantil e adolescente, e com menor freqüência
novelas para adultos porém, que estavam sendo transmitidas no horário da tarde.
A maior parte dos programas assistidos possuíam conteúdo infantil. Os canais
prediletos foram SBT, seguidos pelos canais de TV a cabo de programação
infantil.
A programação de maior preferência era a novela latina infantil do
SBT “Alegrifes e Rabujos”, seguido pelos desenhos da Disney (Vida de Inseto e
Monstros S.A.) e Inu-Yasha. As características dos programas citados podem ser
encontradas no Anexo F.
No que se refere à dança, todas as crianças gostavam de dançar,
preferindo improvisar ou inventar do jeito delas porém, também, apareceu
preferência pelo rock (por ser asica da mae), por músicas infantis e
também pelas daas da moda, sendo o único grupo citado o Rouge.
As crianças do Grupo A dançavam principalmente em casa, mas
também na escola e em apresentações. Dançavam em festas, com as amigas,
brincando com os pais, com a prima, quando ouviam uma música que gostavam,
o dia todo, a toda hora, sempre.
Gostavam de improvisar e, em três (3) respostas, verificou-se que
quando copiavam a movimentação de alguém, copiavam de pessoas próximas
que admiravam muito. Em apenas uma (1) das respostas copiavam alguém ou
algum grupo famoso quando dançavam.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
57
5.1.1.2 Grupo B
A análise do Grupo B foi feita separando meninas e meninos. Todas
as meninas tinham 7 anos, frequentavam a 1ª série e assistiam televisão, sendo
que duas (2) assistiam de 31 a 35 horas, uma (1) de 26 a 30 horas e uma (1) de
16 a 20 horas semanais.
Os programas assistidos eram novelas infantis, desenhos animados,
programa de variedades para crianças cujo principal conteúdo eram os desenhos,
seriados, novela destinada a um público adolescente e jovem, programas
educativos e um programa de variedade e entrevista destinado ao público adulto
e transmitido no horário da noite. Os canais mais vistos foram SBT, seguidos pela
Rede Globo, Cultura, Bandeirantes e canais de tv a cabo com programação
infantil (menos que no grupo A). O programa de maior preferência era a novela
latina infantil Alegrifes e Rabujos, seguido pelo seriado “Kenan e Kel” da tv a
cabo. As características destes programas estão descritas no Anexo F.
Em relação à dança, três (3) meninas responderam que gostavam
de dançar sendo que apenas uma (1) respondeu que mais ou menos. Gostavam
de dançar de tudo ou todos os estilos de dança. Foi feita uma menção à vontade
de aprender dança do ventre. Dançavam em diversos momentos e lugares em
festas, assistindo TV, quando ouviam o CD do Rouge, brincando com os pais,
quando ouviam uma música que gostavam, quando cantavam, com a prima em
casa.
Andrea Francklin Lomardo
58
Na maior parte das vezes a dança era improvisada, porém também
acontecia cópia tanto de grupos ou pessoas famosas quanto de pessoas
próximas que admiravam sendo sempre figuras femininas.
5.1.1.3 Grupo B1
Dois meninos assistiam, em média, 26 a 30 horas por semana, um
(1) assistia de 21 a 25 horas e um (1) de 1 a 5 horas semanais.
Os programas assistidos eram novelas infantis, desenhos animados,
programa de variedades para crianças cujo principal conteúdo era os desenhos,
novela destinada a um público adolescente e jovem, programas educativos,
seriado e um programa de perguntas e respostas destinado ao público adulto e
transmitido no horário da noite. Os canais mais assistidos eram SBT, Globo,
Cultura e Record, seguidos pelos canais de tv a cabo de programação infantil.
Os programas preferidos eram os de variedades para crianças (“TV
Globinho” e “Bom Dia e Cia”) cujo principal conteúdo eram os desenhos, a novela
para o público jovem e adolescente (Malhação) e um desenho de heróis
(Cavaleiros do Zodíaco).Estes programas são descritos no Anexo F. Os canais
preferidos eram SBT e Globo, principalmente no horário da manhã.
Em relação à dança, três meninos responderam que gostavam de
dançar sendo que apenas 1 respondeu que mais ou menos.
Os meninos gostavam de todos os estilos de dança, ou ainda
preferiam rock ou danças agitadas.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
59
Dançavam em festas, em casa, assistindo Tv ou brincando com os
pais. Na maioria das vezes, dançavam de forma mais improvisada, mas quando
copiavam preferiam fa-lo de alguém que admiravam como, por exemplo, a mãe
ou a tia.
5.2. Desenho
O objetivo desse instrumental foi analisar a imagem corporal dos
alunos. Essa análise foi realizada com a supervisão de um psicólogo especialista
na alise de desenhos.
Para melhor compreensão do conceito de imagem corporal faz-se
necessário explicitar que foram encontradas na literatura, sobre o tema, diversas
definições.
Em Farah (1995), “entende-se por imagem do corpo humano a
figuração de nosso corpo, formada em nossa mente, ou seja, o modo pelo qual o
corpo se apresenta para nós”. (Schilder, apud FARAH, 1995, p.82). Schilder
utiliza os conceitos de imagem corporal e esquema corporal como sinônimos.
Segundo Schilder a construção da imagem corporal se dá a partir de
fatores fisiológicos e cinestésicos, como por exemplo, as impressões táteis,
térmicas ou a sensibilidade à dor; percepção da superfície que delimita o corpo
em relação ao meio externo; percepção da posição relativa do corpo no espaço,
etc. Porém, ainda para Schilder, os processos ocorridos na esfera psíquica
influenciam o nível somático. Isso acontece principalmente a partir de fatores
sociais e culturais bem gerais, como por exemplo, padrões estéticos, usos e
Andrea Francklin Lomardo
60
costumes referentes à indumentária, próprios de cada cultura numa época
determinada, caracterizações específicas desse grupo relativas à definição dos
papéis sexuais, etc. Além disso, a imagem corporal ultrapassa os limites do corpo
uma vez que incorpora objetos ou se propaga no espaço.
Para Williams (1983) os conceitos de esquema corporal, imagem
corporal e consciência corporal devem ser entendidos e definidos como
diferentes, sendo, porém, compreendidos como componentes da auto-imagem do
indivíduo.
Segundo a autora, que concorda com Nash (1970 apud
Williams,1983), esquema corporal é “(...) o diagrama do corpo que é construído
no cérebro (provavelmente em local definido) no qual movimentos intencionais
coordenados são conduzidos pelas partes do corpo e, assim o próprio corpo é
orientado no espaço.” (p. 283). A noção de esquema corporal é freqüentemente
modificada por meio de experiências sensório-motoras, particularmente as tatéis e
cinestésicas. Dessa forma, é entendido tanto como sendo uma característica inata
quanto flexível (adquirida).
Para estes autores, a imagem corporal é definida como “(...) a
imagem que o indivíduo faz dele mesmo como uma pessoa física” (p.283). Esta
imagem inclui as proporções corporais além das características de performance.
Segundo Williams, “julgamentos se o corpo é baixo ou alto, gordo ou magro, forte
ou fraco, etc. são inicialmente o resultado das interações sociais da criança
enquanto cresce e se desenvolve”. (p. 286). Além disso, a percepção da
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
61
performance em relação a tarefas motoras também é resultado de interações do
individuo com os outros e com o meio.
Esquema corporal e imagem corporal são conceitos que se
apresentam hierarquicamente. Isto é, a existência da noção de esquema corporal
é a base para o desenvolvimento e criação da imagem corporal pelo indivíduo.
Além disso, a aquisição do esquema corporal se dá a partir de estímulos
sensório-motores, enquanto a criação da imagem corporal acontece a partir de
conceitos e relações cognitivas que também fazem parte deste processo.
Ainda, segundo Williams, “a consciência corporal pode ser definida
como a conscncia e identificação da localização, posição, e movimento do corpo
e de suas partes no espaço, a inter-relação entre estas partes, e a relação entre o
corpo e estas partes (movendo-se ou parado) no ambiente”. (p. 283). Para que a
consciência corporal se desenvolva é preciso que exista a noção de esquema
corporal e imagem corporal. A verificação da presença ou não da consciência
corporal nas crianças pequenas se dá inicialmente, somente por meio do
comportamento motor. Com o desenvolvimento da linguagem é possível verificar
a presença ou não dessa consciência de outras formas.
A consciência corporal apresenta sub-componentes internos e
externos. Os sub-componentes internos são: atenção visual, dimensão espacial
do corpo, lateralidade (consciência de que o corpo tem duas partes),
discriminação de direita e esquerda, divisão do corpo ao meio (simetria),
identificação das partes do corpo e dominância lateral. Os componentes externos
Andrea Francklin Lomardo
62
para determinação da consciência são a imitação, a direcionalidade e a
orientação espacial.
Levando em consideração a possibilidade de todos estes fatores
discriminados acima interferirem na imagem corporal dos alunos optou-se pela
realização do desenho do próprio corpo baseado no teste do “desenho da figura
humana”. Segundo Farah (1995) o desenho traz a possibilidade de aferição da
imagem corporal de maneira projetiva.
Após as primeiras aulas, onde foi realizado o diagnóstico do grupo,
foi pedido às alunas que desenhassem o seu corpo. A atividade foi organizada da
seguinte forma: inicialmente foi realizada uma auto-massagem com o objetivo de
diminuir o nível de ansiedade das crianças, proporcionar a sensação de
relaxamento e aumentar o limiar das percepções internas e externas. Em seguida,
foi pedido que partissem da frase “o meu corpo é assim...”. Elas deveriam
desenhar o seu corpo da forma como achassem melhor, cada uma em seu
caderno de registro.
Em termos gerais, o desenho de uma pessoa representa a
expressão do eu, ou do corpo, no ambiente. Aquilo que é expresso
pode ser definido como uma imagem corporal, um termo que já foi
definido de diversas maneiras por diferentes autores. Em poucas
palavras a imagem corporal pode ser considerada como o
reflexo
complexo da auto consideração – a imagem de si mesmo
.
(MACHOVER, apud FARAH, 1995, p.108)
Na última aula o procedimento foi repetido, solicitando-se às alunas
que desenhassem seu corpo. Uma análise comparativa dos desenhos, antes da
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
63
intervenção do programa de dança e após, foi realizada para verificar quais foram
as modificações corporais assumidas pelas crianças frente à situação vivenciada.
5.3. Questionário
Na aula seguinte à elaboração do primeiro desenho realizado pelas
crianças foi aplicado o questionário, elaborado pela pesquisadora, no formato de
“bate-bola”, com oito frases para serem completadas, com a intenção de verificar
valores e comportamentos das crianças em relação ao seu corpo e à dança
(Anexo G).
Como as crianças do grupo “A” não sabiam ler e nem escrever, as
perguntas foram lidas individualmente, e anotavam-se as respostas dadas. Este
questionário foi aplicado no grupo B seguindo o mesmo procedimento.
Além das oito frases, foram elaboradas mais duas para serem
respondidas ao final de todo o processo, após assistirem ao vídeo feito em aula
onde apareciam dançando (Anexo H).
5.4. Vídeo
A partir da terceira aula, todas as aulas foram gravadas, não na
íntegra, uma vez que a pesquisadora acumulava os papéis de professora, dj e
câmera, principalmente no grupo “A”. O objetivo era analisar os padrões de
movimento adotados pelas crianças em diferentes situações.
Andrea Francklin Lomardo
64
Também, durante as filmagens, foram feitas algumas perguntas aos
participantes em relação às suas opiniões referentes às aulas e às suas músicas
prediletas.
5.5. Entrevista
A verificação da preferência musical se deu de duas formas: 1ª)
pedindo que as crianças trouxessem as músicas que mais gostavam para
ouvirmos e dançarmos em aula; 2ª) entrevistas gravadas onde se pode perceber
o movimento corporal quando se falava de algumas músicas.
Em um segundo momento as músicas escolhidas foram analisadas
quanto ao conteúdo expresso e qualidade sonora.
Estes instrumentos foram aplicados com os dois grupos para
posterior análise dos dados obtidos e discussão.
6. Descrição das aulas
O programa de dança caracterizava a intervenção nesta pesquisa. O
procedimento adotado na aplicação deste programa, nos dois grupos, segue
detalhado. As ts aulas iniciais do programa tinham como objetivo fazer um
diagnóstico do grupo: quem eram, do que gostavam, o que faziam anteriormente.
No Grupo “A”, a sala onde as aulas eram dadas possuía uma lousa
e no início de todas as aulas a primeira coisa que as alunas faziam era
escreverem os seus respectivos nomes na lousa. Escreviam e faziam desenhos
que as caracterizavam. Por isso resolvi que começaria o trabalho pelo desenho
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
65
do nome de cada uma com as diferentes partes do corpo. Esse procedimento foi
repetido com o grupo “B”. O aquecimento passou a ser realizado, após a escrita
do nome na lousa, com um cumprimento onde todas faziam uma pequena
seqüência a partir do som do seu nome e as outras copiavam.
Depois fazíamos uma pequena seqüência de movimentos montada
pela pesquisadora, onde eram trabalhados os movimentos das articulações,
alongamentos, massagens e exercícios que pudessem aumentar o repertório
motor das crianças, como por exemplo, cambalhotas pra frente e para trás, vela,
“tatu bolinha”, etc.
No próximo momento eram realizadas brincadeiras, tais como pega-
pega, sombra, espelho, onde o objetivo principal era a exploração de movimentos
das partes do corpo e a descoberta das possibilidades de diferentes apoios.
Na maior parte das aulas, continuava propondo exercícios de
improvisação. Algumas vezes utilizávamos materiais, como tecidos, objetos de
que elas gostassem, e em outras vezes não. No grupo “A” as alunas passaram a
levar saias rodadas para usarem neste momento da aula. No grupo “B” isso não
aconteceu.
Nas oito aulas iniciais, as músicas foram sugeridas pela
pesquisadora, que procurava utilizar músicas do repertório infantil. A partir desse
momento, com o intuito de descobrir quais eram as preferências musicais das
crianças, foi pedido que levassem as músicas para este momento da aula.
Este momento, além das questões relacionadas às partes do corpo,
tinha como objetivo trabalhar com as noções espaciais, com o conceito de direção
Andrea Francklin Lomardo
66
e níveis. Além disso, trabalhávamos com os relacionamentos. Tanto no grupo “A”
quanto no “B” a troca de pares era sempre difícil, o mesmo não acontecendo
quando a proposta era o envolvimento de todo o grupo.
Após algumas aulas foi iniciado o trabalho com propostas de
dinâmicas que levassem da improvisação à composição, com o intuito de
observar que padrões de movimento se repetiriam nas suas danças. Algumas
vezes a criação era dirigida, em outras as próprias crianças faziam a sua
composição.
O último momento da aula era dedicado ao registro, através de
desenhos ou da escrita, do que havia sido vivenciado ou atividades de
massagem, contato, etc.. Nos despedíamos com um tchau com uma parte do
corpo escolhida por elas e, que normalmente era o bumbum. Era o momento
também de conversarmos a respeito das aulas, das atividades vivenciadas e das
propostas para as próximas aulas.
Todas as intervenções foram organizadas conforme o descrito até o
momento. As três últimas aulas, no entanto, foram dedicadas à preparação da
coreografia e ensaio para a apresentação pública.
7. Tratamento dos dados
Após a aplicação dos instrumentos com os dois grupos foi feito o
tratamento qualitativo dos dados (para cada instrumento), para posterior análise e
discussão.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
67
ANÁLISE DOS DADOS
1. Instrumentos
Aqui apresentamos a análise dos dados obtidos a partir das
intervenções realizadas nos dois grupos e dos instrumentos aplicados.
(1) questionário diagnóstico destinado aos pais;
(2) entrevista para verificar a preferência musical;
(3) desenho do corpo para análise da corporeidade e imagem
corporal;
(4) questionário “bate bola” com o objetivo de verificar valores
relacionados ao corpo e à dança;
(5) filmagem das aulas para verificação dos padrões de movimento
adotados pelas crianças durante a dança de suas músicas preferidas.
1.1. Questionário Pais
Este instrumento de função diagnóstica foi descrito e, os dados por
meio dele compilados, também foram expostos. A título de uma caracterização
global apresentamos estes dados resumidos dos grupos nos Quadros 1 e 2.
Andrea Francklin Lomardo
68
Grupo Horas de tv/
semana
Programas
Preferidos
Canais Contdos Preferidos
A
(3) 16 a 20
horas
Alegrifes ... SBT Novela Infantil
(1) 21 a 25
horas
Vida de Inseto Tv a Cabo Desenhos animados
Monstros S.A.
Inu-Yasha
Programa de pergunta e resposta
Jogos (infantil e adolescente)
Novelas tarde)
B
(2) 31 a 35
horas
Alegrifes ... (3) SBT Novelas infantis
(1) 26 a 30
horas
Rede Globo Desenhos animados
(1) 16 a 20
horas
Programa de variedades
(desenhos)
Novela para adolescentes e
jovens.
Cultura Programas educativos
Bandeirantes Programa de variedade e
entrevista - adulto (noite)
Kenan e Kel (1) Tv a Cabo Seriado
B1
(2) 26 a 30
horas
Bom dia e Cia SBT Programa de variedades
(desenhos)
TV Globinho Globo
(1) 21 a 25
horas
Malhação Novela para adolescentes e
jovens.
Cavalheiros do
Zodíaco
Tv a Cabo Desenhos animados
Cultura Programas educativos
Record Programa de perguntas e
respostas - adulto (noite).
Novela infantil
Seriado
Quadro 1. Caracterização quanto à assistência a TV dos grupos A, B e B1 segundo
o Questionário Pais.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
69
Grupo Gostar
de
Dançar
Improvisar Imitar
quem
Músicas
Preferidas
Dança onde Dança
com
quem
Dança
quando
A
Sim (4) Sim Pessoas
que
admiram
Rock Casa Amigas Toda hora
Grupo
famoso
Infantis Escola Pais
apresentações Prima
B
Sim (3) Sim Dança do
ventre
Todos os
estilos
Festas Pais Cantam
Mais ou
menos
(1)
Pessoas
que
admiram
Casa Prima Ouve
música que
gosta
Grupo
famoso
Assistindo Tv
Ouvindo CD
do Rouge
B1
Sim (3) Sim Pessoas
que
admiram
Todos os
estilos
Festas Pais
Mais ou
menos
(1)
Rock Casa
Agitada Assistindo Tv
Quadro 2. Caracterização quanto à dança dos grupos A, B e B1 segundo o
Questiorio Pais.
1.2. Entrevista para verificar a preferência musical
Em uma aula foi solicitada a cada uma das crianças, dos dois
grupos, que levassem, na aula seguinte, a sua música predileta. O Grupo A
escolheu: 1)Tô nem aí (Luka), 2) Adoleta (kellly key), 3) Baba (Kelly Key), 4)
Ragatanga (Rouge), 5) We will rock you (Queen), 6) Festa (Ivete Sangalo), 7) Eu
morava na areia, sereia (Cultura infantil – Roda de verso) e 8) Marinheiro encosta
o barco (Cultura infantil – Roda de verso). Algumas crianças escolheram mais de
uma música.
Andrea Francklin Lomardo
70
As meninas do Grupo B escolheram: 9) Era um biquíni de bolinha
amarelinha tão pequenininho (Blitz), 10) Ela não está aqui (KLB), Ragatanga
(Rouge), e 11) Shut up (Black Eyed Peas). As preferidas dos meninos foram: 12)
Um dia de cão (Saltimbancos), 13) Vou deixar (Skank), 14) Tomada (É o tchan) e
15) Larger than life (Backstreet boys).
O Grupo A deu preferência a músicas dos estilos pop, rock, axé além
de rodas de verso da cultura infantil brasileira. Somente o rock era internacional,
todas as outras músicas escolhidas eram nacionais.
O Grupo B escolheu rock anos 60 e pop, sendo um pop
internacional. Os meninos escolheram música infantil, rock brasileiro e axé.
Segue as letras das músicas para análise do significado expresso
pelas mesmas.
1)Título: Tô nem
Compositor : Luka, Latino, Lara, Tansz
Álbum: Porta Aberta
Artista: Luka
Gravadora: Green songs
Ano: 2000
De mãos atadas, de pés descalços
com você meu mundo andava de pernas pro ar
sempre armada, segui seus passos
ateei seus braços pra você não me abandonar
#1#
já nem lembro seu nome
seu telefone eu fiz questão de apagar
aceitei os meus erros
me reinventei e virei a página
agora eu tô em outra
REFRÃO:
tô nem aí, tô nem aí
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
71
pode ficar no seu mundinho
eu não tô nem aí
tô nem aí, tô nem aí
não vem falar dos seus problemas
que eu não vou ouvir...
boca fechada, sem embaraços
eu te dei todas as chances de ser um bom rapaz
mas fui vencida pelo cansaço
nosso amor foi enterrado
e descansa em paz
Repete #1#
Repete REFRÃO 2X
tô nem aí, tô nem aí...
tô nem aí, tô nem aí...
tô nem aí, tô nem aí...
pode ficar no seu mundinho
eu não tô nem aí
tô nem aí, tô nem aí...
não vem falar dos seus problemas
que eu não vou ouvir
Esta música descreve um relacionamento que não deu certo,
provavelmente platônico e entre adolescentes. É contado por uma menina ou
mulher. Mas ela já resolveu e “está em outra” (característica bem típica das
adolescentes). Tem um caráter romântico.
Principalmente no refrão predomina o pulso da música, ou seja, o
elemento rítmico. O andamento da música é de 120 batimentos por minuto. A voz
da intérprete é grave, porém apresentando uma certa sensualidade. A intérprete
se apresenta sempre com roupas justas e sensuais (calça jeans e camiseta),
típica das adolescentes atuais.
2) Título: Adoletá
Compositor: Gustavo Lins, Umberto Tavares, Victor Júnior
Álbum: Kelly Key ao vivo
Artista: Kelly Key
Andrea Francklin Lomardo
72
Gravadora: Warner Music Brasil – WEA
Ano: 2003
Me ganhou com esse jeito de menino
tão alegre, tão meigo e distraído
eu não sei onde esse amor vai me levar...(esse amor vai me levar)
Que você é mais novo é verdade
mas não quero saber da sua idade
não vou mais fugir vou deixar rolar...(deixar rolar)
#2#
Te chamo pro cinema, você tem que estudar
e quando a gente sai sempre tem hora pra voltar...
Não vê que eu tô na sua, louca pra te beijar
se liga na idéia que eu vou te mandar...
REFRÃO:
Não quero mais brincar, brincar de adoleta
Não quero mais brincar, brincar de adoleta
Eu quero le petit petit póla
Le cafet con chocolat
Le petit petit polá
Le cafet con chocolat
(2X)
Repete tudo
(dezessete anos, pré vestibular, pai enchendo o saco, tem que
estudar;
já tive essa idade, sei como é que é, mas tu tá lidando com uma
mulher...
vê se me obedece, tem que respeitar... você é gatinho, mas assim
não dá; quero atitude, quero atenção, tem que dar valor no que tu tem na mão)
Repete #2# e Refrão
Le petit petit póla
Le cafet con chocolat
(2)
Não quero mais brincar, brincar de Adoleta
Não quero mais brincar, brincar de Adoleta
“Adoleta” também é uma música do universo feminino, que conta a
tentativa de um romance entre uma mulher mais velha e um adolescente de 17
anos. Tem um forte apelo sexual, porém utiliza-se de duplo sentido usando termos
do universo das brincadeiras infantis. O andamento da música é de 144
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
73
batimentos por minuto, com forte predomínio do aspecto rítmico. A cantora usa o
tom da voz ao mesmo tempo infantil e sensual. Ao se apresentar suas roupas são
bem coloridas, justas e sobrepostas. Algumas vezes utiliza boina.
3) Título: Baba
Compositor: Kelly Key e Andinho
Álbum: Kelly Key ao vivo
Artista: Kelly Key
Gravadora: Warner Music Brasil – WEA
Ano: 2003
Você não acreditou, você nem me olhou
disse que eu era muito nova pra você
mas agora que cresci você quer me namorar
Você não acreditou você sequer notou
disse que eu era muito nova para você
mas agora que cresci você quer me namorar.
Não vou acreditar nesse falso amor
que só quer me iludir, me enganar, isso é caô...
e pra não dizer que eu sou ruim
vou deixar você me olhar, só olhar,só olhar,
baba, baby, baba
olha o que perdeu, baba
a criança cresceu
bem feito pra você, é...
agora eu sou mais eu,
isso é pra você aprender a nunca mais
me esnobar
Baba baby, baby baba, baba...
“Baba”, é uma música interpretada pela mesma artista de Adoletá,
que conta a história de uma adolescente que cresceu e virou mulher e que passou
a ser desejada por um homem mais velho. Porém, seu maior protesto é que
quando ela era mais nova ele nem olhava pra ela, esnobava, então agora ela vai
provocá-lo ao máximo (até que ele babe) mas nada vai acontecer, não vai
namorá-lo.
Andrea Francklin Lomardo
74
Seu andamento é de 156 batimentos por minuto e seu aspecto
musical mais marcante é o ritmo e a percussão. Utiliza gíria na letra (caô – que
significa caótico). A artista canta com voz sensual.
4) Título: Ragatanga (Aserejé )
Compositor: Francisco Manuel Ruiz Gómez Versão: Rick Bonadio
Álbum: Rouge
Artista: Rouge
Gravadora: Sony music
Ano: 2002
Olha lá quem vem virando a esquina
Vem Diego com toda alegria festejando
Com a lua em seus olhos, roupa de água marinha
E seu jeito de malandro
E com magia e pura alma
Ele chega com a dança
Possuído pelo ritmo “ragatanga
E o DJ que já conhece
Toca o som da meia noite pra Diego, a canção mais desejada
Ele dança, ele curte, ele canta
Aserejé já de jé
De jebe tu de jebere sei biu nuova majabi
An de bugui an de buididipi (3X)
Não é por acaso que encontro todo dia (todo dia)
Cuando me voy caminando
Diego tem sua magia e esta alegria rastafari afrocigana
E com magia e pura alma
Ele chega com a dança
Possuído pelo ritmo “ragatanga
Y el DJ que lo conoce toca el himno de las 12
para Diego la canción más deseada
Y la baila, ele curte, y la canta
Aserejé já de jé
De jebe tu de jebere sei biu nuova majabi
An de bugui an de buididipi (3X)
Nananananananananananana...
Aserejé já de jé
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
75
De jebe tu de jebere sei biu nuova majabi
An de bugui an de buididipi (repete até o fim)
“Ragatanga” é uma versão de uma música latina que fala de uma
dança, o ritmo preferido do Diego, um “rastafari afrocigano”. Esta música causou
polêmica quando foi lançada por ter sido interpretada como uma invocação de
forças malignas. Usa uma série de sons sem sentido, mas com um forte apelo
rítmico. Algumas palavras permanecem em castelhano dando um ar latino à
música.
Seu andamento é de 180 batimentos por minuto e se apresenta com
batidas rítmicas bem marcantes.
O Grupo Rouge inicialmente era formado por cinco mulheres (duas
negras, uma loira e duas morenas). Atualmente são somente quatro integrantes.
As artistas usam roupas bem coloridas, cada uma representando um estilo.
Sempre se apresentam dançando coreografias bem definidas e ensaiadas, com
movimentos simples, principalmente de braços e pernas.
5) Título: We Will Rock You
Compositor: Brian May (Queen)
Artista: Queen
Álbum: News of The World
Gravadora: EMI
Ano: 1977
Buddy you're a boy make a big noise
Playin' in the street gonna be a big man some day
You got mud on yo' face
You big disgrace
Kickin' your can all over the place
Singin'
'We will we will rock you
Andrea Francklin Lomardo
76
We will we will rock you'
Buddy you're a young man hard man
Shoutin' in the street gonna take on the world some day
You got blood on yo' face
You big disgrace
Wavin' your banner all over the place
'We will we will rock you'
Singin'
'We will we will rock you'
Buddy you're an old man poor man
Pleadin' with your eyes gonna make you some peace some day
You got mud on your face
You big disgrace
Somebody better put you back into your place
'We will we will rock you'
Singin'
'We will we will rock you'
Everybody
'We will we will rock you'
'We will we will rock you'
Alright.
We will rock you” é uma música do final dos anos 70, com letra em
inglês. A criança que a escolheu não dominava a língua e portanto, não
compreendia o significado de sua letra. Provavelmente, o que a agradava eram as
batidas rítmicas ou os modelos de comportamento que estavam relacionados a
este tipo de música. É uma música forte, com vários momentos de percussão
(palmas e bateria). Seu andamento é de 90 batimentos por minuto.
6) Título: Festa
Compositor: Anderson Cunha
Álbum:
Festa
Artista: Ivete Sangalo
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
77
Gravadora: Universal Music
Ano: 2003
Festa no Gueto
Pode vir, pode chegar
Misturando o mundo inteiro
Vamos ver no que é que dá
Hoje tem Festa no Gueto
Pode vir, pode chegar
Misturando o mundo inteiro
Vamos ver no que é que dá
Tem gente de toda cor
Tem raça de toda
Guitarras de Rock ´n Roll
Batuque de Candomblé...
Vai lá pra ver a tribo se balançar
O chão da terra tremer
Mãe preta de lá mandou chamar
Avisoouu, avisoouu, avisoouu, avisoouu...
Que vai rolar a Festa, vai rolar...
O povo do Gueto mandou avisar
Que vai rolar a Festa, vai rolar...
O povo do Gueto mandou avisar
“Festa”, música interpretada por Ivete Sangalo, fala de uma grande
festa organizada pelo Gueto, isto é, pelos negros, onde pessoas do mundo inteiro
foram convidadas. Todos os ritmos, raças, cores, povos fazem parte dessa
mistura. Tem um conteúdo alegre, de aproximação dos povos e foi utilizada pela
Rede Globo como símbolo do Brasil na Copa do Mundo de 2002.
O andamento é de 132 batimentos por minuto. O ritmo novamente se
apresenta com a característica mais marcante desta música. A voz da cantora é
grave e demonstra força.
Normalmente, a cantora se apresenta usando roupas curtas, justas e
transparentes. Dança durante toda sua apresentação, porém somente o refrão é
coreografado.
Andrea Francklin Lomardo
78
7) Título: Eu morava na areia, sereia
Compositor: Música da cultura infantil. Ensinada pelas crianças da Escola
Municipal de Plataforma – Salvador – BA. Versos: Eliza Grota Funda – Serrinha -
BA (pesquisa e direção de Lydia Hortélio)
Artista: Vozes: Meninas do Zabumbau. Versos: Cristiane, Flora, Lucilene e Lydia
Hortélio.
Arranjo: Zezinho Pitoco
Álbum: Abra a roda tin do le lê
Gravadora: Brincante produções artísticas
Ano: 2002
Refrão:
Morava na areia,
Sereia
Me mudei para o sertão,
Sereia
Aprendi a namorar,
Sereia
Com um aperto de mão,
Ô sereia
Versos:
As estrelas do céu correm,
Eu também quero correr.
Elas correm atrás da noite,
Eu atrás do bem querer.
Cajueiro pequenino,
Carregadinho de flor.
Eu também sou pequenina,
Carregadinha de amor.
Fui na fonte beber água,
Não foi por água beber.
Foi pra ver as piabinhas,
Na veia d’água correr.
E você Dona Rosane,
Renda fina na janela.
Daquela renda mais fina,
Que ninguém põe a mão nela.
Esta música é uma roda de versos, típica da cultura infantil brasileira.
E fala de coisas do nosso folclore como sereia, piaba, etc. É cantada por uma
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
79
mulher e meninas. Tem um ritmo bem marcado, mas seu aspecto melódico
também é bem característico. Apresenta 122 batimentos por minuto.
8) Título: Marinheiro encosta o barco
Compositor:sica da cultura infantil. Ensinada por Elena Lauretti Armani –
Taubaté - SP. Versos: Eliza Grota Funda – Serrinha - BA (pesquisa e direção de
Lydia Hortélio)
Artista: Vozes: Meninas do Zabumbau. Versos: Marina, Lucilene Cris e Lydia
Hortélio.
Arranjo: Edmilson Capeluppi
Álbum: Abra a roda tin do le lê
Gravadora: Brincante produções artísticas
Ano: 2002
Refrão:
Marinheiro encosta o barco
Que a morena quer embarcar
Iaiá euo sou daqui
Eu não sou dali
Eu sou do Pará.
Versos:
A maré que enche e vaza
Deixa a praia descoberta.
Vai-se num amor e vem outro,
Nunca vi coisa tão certa.
Quem me dera sua mão,
Para eu dar um aperto nela,
Para ver se ainda está
Como de primeiro era.
Quem me dera, dera, dera,
Quem me dera só pra mim,
Receber do meu amor
Um galhinho de jasmim.
E você Dona Pepéo,
Passe a mão em seus cabelos,
Que do céu é vem caindo
Dois pinguinhos de água-de-cheiro.
Andrea Francklin Lomardo
80
Também é uma roda de versos com 122 batimentos por minuto, que
utiliza expressões bem brasileiras. É uma música bastante melódica levando a
expressão de sentimentos e emoções, apesar dos instrumentos de percussão,
como a zabumba e o triângulo se apresentarem também de forma bem marcante.
As músicas citadas acima foram escolhidas pelo Grupo A. Após a
análise das mesmas, percebe-se que seguem tanto os modelos valorizados pela
cultura de massa quanto por valores que são estimulados pela escola ou ainda
pelos pais ou pela família. Quase todas as escolhas pertencem ao universo
adolescente feminino e falam de romances não concretizados, mas onde as
mulheres sempre “dão a volta por cima”, ou são realmente mais fortes. O
conteúdo sexual, apesar de estar presente em algumas das músicas, não é o
aspecto mais valorizado.
9) Título: Biquini de Bolinha Amarelinha tão pequenininho (It´s bitsy teenie weenie
yellow polkadot bikini)
Compositor: Pockriss e Vance Versão: Hervê Cordovil
Álbum: Radioatividade
Artista: Blitz
Gravadora: EMI Music
Ano: 1983
Ana Maria entrou na cabine
e foi vestir um biquíni legal
Mas era tão pequenino o biquíni
Que Ana Maria até sentiu-se mal
Ai, ai, ai, mas ficou sensacional
Era um biquíni de bolinha amarelinha tão pequenininho
Mal cabia na Ana Maria
Biquíni de bolinha amarelinha tão pequenininho
Que na palma da mão se escondia
Ana Maria toda envergonhada
Não quis sair da cabine assim
Ficou com medo que a rapaziada
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
81
Olhasse tudo tintim por tintim
Ai, ai, ai, a garota tá pra mim
Era um biquíni de bolinha amarelinha tão pequenininho
Mal cabia na Ana Maria
Biquíni de bolinha amarelinha tão pequenininho
Que na palma da mão se escondia
Ana Maria olhou-se no espelho
E viu-se quase despida afinal
Ficou com rosto todinho vermelho
E escondeu o maiô no dedal
Esta música é uma versão de um rock americano dos anos 60,
cantada pela Blitz, um grupo de rock nacional que fez grande sucesso nos anos
80. O grupo é composto por sete pessoas, sendo cinco rapazes e duas moças,
que nesta música são as vocalistas, e os rapazes fazem o back vocal.
Cantam com voz infantil, utilizando mais o tom agudo. O andamento
é de 138 batimentos por minuto. O grupo, ao se apresentar, não tem uma única
coreografia definida, porém dançam o tempo todo.
10) Título: Ela não está aqui (I´d love you to want me)
Compositor: Kent Lavoie Versão:
Artista: KLB
Álbum: KLB
Gravadora: Sony BMG
Ano: 2001
Tá difícil esquecer
Tirar você de mim
Nos meus olhos dá pra ver
Seu adeus doendo assim
Não pensei que esse amor
Me pudesse machucar
E uma lágrima de dor
Hoje cai do meu olhar
Baby
Te vejo tão longe
Andrea Francklin Lomardo
82
De mim tão distante
Além do horizonte
Baby
Eu grito o seu nome
Saudade responde
Ela não está aqui
Quando o sol vem me tocar
Parecendo um beijo seu
Deixo o sonho me levar
Pra acordar nos braços seus
“Ela não está aqui”, escolhida pelas meninas do Grupo B, é também
uma música romântica porém, cantada por um rapaz. O grupo KLB é composto
por três adolescentes. O relacionamento não deu certo e ele está sofrendo de
amor e saudade. O andamento desta música é de 90 batimentos por minuto. É
marcado pela melodia, o que induz a respostas principalmente afetivas, como
visto na literatura. Provavelmente foi escolhida devido à letra da música.
Outra música escolhida pelas meninas do Grupo B foi “Ragatanga”,
já analisada anteriormente.
11) Título: Shut Up
Compositor: Black Eyed Peas
Artista: Black Eyed Peas
Álbum: Shut up
Gravadora: Universal music
Ano: 2004
Shut up
Just shut up
Shut up (3x)
Shut it up, just shut up
Shut up
Just shut up
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
83
Shut up (3x)
Shut it up, just shut up
[Chorus]
We try to take it slow
But we're still losin control
And we try to make it work
But it still isn't the worst
And I'm craaazzzy
For tryin to be your laaadddy
I think I'm goin crazy
Girl, me and you were just fine (you know)
We wine and dine
Did them things that couples do when in love (you know)
Walks on the beach and stuff (you know)
Things that lovers say and do
I love you boo, I love you too
I miss you a lot, I miss you even more
That's why I flew you out
When we was on tour
But then something got out of hand
You start yellin when I'm with my friends
Even though I had legitimate reasons (bull shit)
You know I have to make them evidence (bull shit)
How could you trust our private lives girl
That's why you don't believe my lies
And quit this lecture
[Chorus]
Why does he know she gotta move so fast
Love is progress if you could make it last
Why is it that you just lose control
Every time you agree on takin it slow
So why does it got to be so damn tough
Cuz fools in lust could never get enough of love
Showin him the love that you be givin
Changing up your livin
For a lovin transistion
Girl lip so much she tryin to get you to listen
Few mad at each other has become our tradition
You yell, I yell, everybody yells
Got neighbors across the street sayin
“ Who the hell?!?”
Who the hell?
What the hell's going down?
Too much of the bickering
Andrea Francklin Lomardo
84
Kill it with the sound and
[Chorus]
Girl our love is dyin
Why can't you stop tryin
I never been a quitah
But I do deserve betta
Believe me I will do bad
Let's forget the past
And let's start this new plan
Why? Cuz it's the same old routine
And then next week I hear them scream
Girl I know you're tired of the things they say
You're damn right
Cuz I heard them lame dame excuses just yesterday
That was a different thing
No it ain't
That was a different thing
No it ain't
That was a different thing
It was the same damn thing
Same ass excuses
Boy you're useless
Whhoooaaaa
[Chorus]
Stop the talking baby
Or I start walking baby
Is that all there is (repeat)
“Shut up”, é uma música em inglês escolhida principalmente por seu
ritmo, e que induz ao movimento corporal. O andamento é de 120 batimentos por
minuto. Esta música é cantada por um homem e uma mulher e se apresenta como
um diálogo ou uma discussão. Os cantores não apresentam uma coreografia
porém um estilo de dançar.
As músicas escolhidas pelos meninos do Grupo B1 foram:
12) Título: Um Dia De Cão
Compositor: Enriquez - Bardotti – Chico Buarque
Álbum: Saltimbancos
Gravadora: PolyGram
Ano:
1977
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
85
Apanhar a bola-la
Estender a pata-ta
Sempre em equibrio-brio
Sempre em exercício-cio
Corre, cão de raça
Corre, cão de caça
Corre, cão chacal
Sim, senhor
Cão policial
Sempre estou
Às ordens, sim, senhor
Bobby, Lulu
Lulu, Bobby
Snoopy, Rocky
Rex, Rintintin
Lealdade eterna-na
Não fazer baderna-na
Entrar na caserna-na
O rabo entre as pernas-nas
Volta, cão de raça
Volta, cão de caça
Volta, cão chacal
Sim, senhor
Cão policial
Sempre estou
Às ordens, sim, senhor
Bobby, Lulu
Lulu, Bobby
Snoopy, Rocky
Rex, Rintintin
Bobby, Lulu
Lulu, Bobby
Snoopy, Rocky
Estou às ordens
Sempre, sim, senhor
Fidelidade
À minha farda
Sempre na guarda
Do seu portão
Fidelidade
À minha fome
Andrea Francklin Lomardo
86
Sempre mordomo
E cada vez mais cão
A música “Um dia de cão” é uma música infantil do musical de Chico
Buarque: “Saltimbancos”. Inicialmente é falado um texto, contando a história a
respeito de um dos personagens do musical (o burro) que encontra o cachorro no
seu caminho. A letra da música fala das qualidades que um cão deve ter, sendo
assim um modelo de comportamento. É cantada por um homem, com a voz bem
grave, e algumas crianças. Seu andamento é de 150 batimentos por minuto.
13) Título: Vou Deixar
Compositor:
Samuel Rosa e Chico Amaral
Artista: Skank
Álbum: Cosmotron
Gravadora: Sony music
Ano:
2003
Vou deixar a vida me levar
Pra onde ela quiser
Estou no meu lugar
Vo sabe onde é
É, não conte o tempo por nós dois
Pois, a qualquer hora posso estar de volta
Depois que a noite terminar
Vou deixar a vida me levar
Pra onde ela quiser
Seguir a direção
De uma estrela qualquer
É, não quero hora pra voltar, não
Conheço bem a solidão, me solta
E deixa a sorte me buscar
#1#
Eu já estou na sua estrada
Sozinho não enxergo nada
Mas vou ficar aqui
Até que o dia amanheça
Vou me esquecer de mim
E você, se puder, não me esqueça
Vou deixar o coração bater
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
87
Na madrugada sem fim
Deixar o sol te ver
Ajoelhada por mim, sim
Não tenho hora pra voltar, não
Eu agradeço tanto a sua escolta
Mas deixa a noite terminar
Repete #1#
Não, não, não quero hora pra voltar, não
Conheço bem a solidão, me solta
E deixa a sorte me buscar
Não, não, não tenho hora pra voltar, não
Eu agradeço tanto a sua escolta
Mas deixa a noite terminar
Os meninos escolheram “Vou deixar”, que fala da vontade de
liberdade, de não ter compromisso com nada e ninguém, da vontade de curtir a
vida, porém mantendo algum vínculo (se puder não me esqueça) de um jeito bem
egoísta (imagem social do que é ser um homem aproveitando a vida). É cantada
por um rapaz e apresenta o ritmo como característica marcante. O grupo, ao se
apresentar, não apresenta uma coreografia, mas um estilo de dançar (pulam o
tempo todo, principalmente no refrão, como é característico dos grupos de rock).
O andamento da música é de 144 batimentos por minuto.
14) Título: Tomada
Compositor: É o tchan
Artista: É o Tchan
Álbum: É o tchan ligado no 220 v
Gravadora: Sky blue
Ano: 2003
Olha a brincadeira da tomada
Chega pra cá pra brincadeira da tomada
Seus braços o ficar bem lá no alto
O seu par também coloca as mãos pro alto
Andrea Francklin Lomardo
88
Olha a brincadeira da tomada
Chega pra cá pra brincadeira da tomada
Seus braços vão ficar bem lá no alto
O seu par também coloca (Plugô!)
Pluga a mão direita
Pluga a mão esquerda
Deixa coladinho e vai vai vai vai
Encaixa encaixa encaixa encaixa encaixa encaixa
Remexe e agacha
Em “A tomada”, a principal característica é a brincadeira de duplo
sentido, o que leva a uma forte conotação sexual e erótica. Além disso, tem um
forte apelo ao movimento e à dança, explicitando que movimentos devem ser
realizados pelo ouvinte. O grupo é formado por cinco integrantes (duas mulheres e
três homens), mas é cantada apenas pelos rapazes (dois deles). O restante do
grupo é composto por dançarinos que se apresentam com roupas justas,
coloridas, curtas e sensuais, demonstrando a coreografia que deve ser feita
seguindo a letra da música. A dança realizada pelo grupo apresenta movimentos
simples de quadril, braços e pernas.
A música apresenta um ritmo gostoso e contagiante. Seu andamento
é de 180 batimentos por minuto.
15) Título: Larger Than Life
Compositor: Max Martin, Kristian Lundin e Brian T. Littrell
Artista: Backstreet Boys
Álbum: Millenium
Gravadora: Zomba recording corporation
Ano: 1999
I may run and hide
When you're screamin' my name, alright
But let me tell you now
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
89
There are prices to fame, alright
All of our time spent in flashes of light
CHORUS
All you people can't you see, can't you see
How your love's affecting our reality
Every time we're down
You can make it right
And that makes you larger than life
Looking at the crowd
And I see your body sway, c'mon
Wishin' I could thank you in a different way, c'mon
'Cause all of your time spent keeps us alive
CHORUS – repeat
All of your time spent keeps us alive
CHORUS – repeat
Yeah, every time we're down
Yeah, you can make it right
Yeah, and that's what makes you larger than life
CHORUS - repeat
“Larger than life” é uma música cantada em inglês e provavelmente
agradou devido ao ritmo que apresenta, principalmente pelo fato das crianças não
dominarem a língua inglesa. Seu andamento é de 120 batimentos por minuto.
O grupo Backstreet Boys é formado por cinco rapazes que dançam
coreografias ensaiadas em suas apresentações. Apresentam-se com roupas bem
masculinas como, por exemplo, terninhos ou blazers de cores claras e usam
cabelos bem curtos, como rapazes bem comportados.
O Quadro 3 traz as informações resumidas acerca das músicas
preferidas dos grupos estudados.
Andrea Francklin Lomardo
90
Características GRUPO A GRUPO B
Meninas
GRUPO B 1
Meninos
Nacional
Internacional
07
01
03
01
03
01
Homem
Mulher
Ambos
01
07
--
02
01
01
04
--
--
Coreografia
Sem coreografia
02
06
01
03
02
02
Axé
Rock
Pop
Cultura infantil
Infantil
01
01
04
02
---
--
01
03
--
--
01
--
02
--
01
76 a 108 bpm
108 a 120 bpm
120 a 168 bpm
168 a 208 bpm
01
01
05
01
01
--
02
01
--
--
03
01
Quadro 3. Principais características observadas nas músicas preferidas
Analisando o Quadro 3 é interessante percebermos que os três
grupos dão preferência a músicas nacionais.
Porém as meninas do Grupo A preferem músicas cantadas por
mulheres, enquanto os meninos do Grupo B, músicas cantadas por homens. As
meninas do Grupo B ou se identificam com músicas cantadas por homens ou por
homens e mulheres.
As meninas dos dois grupos preferem músicas que não apresentam
coreografias definidas enquanto os meninos estão divididos entre músicas com
coreografias e sem coreografias marcadas.
O Grupo A tem um gosto bem diversificado (Axé, Rock, Pop ou
músicas da Cultura infantil), enquanto o Grupo B, tanto as meninas quanto os
meninos, dão preferência à música pop.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
91
Os três grupos preferem músicas com um andamento mais rápido
(de 120 a 168 bpm), porém algumas meninas, tanto do Grupo A quanto do B,
gostam de músicas com um andamento mais moderado (de 76 a 120 bpm).
Andrea Francklin Lomardo
92
1.3. Desenho
O objetivo da realização do desenho com as crianças do grupo A e B
foi verificar principalmente qual a imagem corporal que estas crianças possuíam.
Este instrumento se mostrou extremamente eficaz na verificação tanto de aspectos
da motricidade como questões relativas à afetividade, expressividade e percepção
em relação à dança e ao movimento.
Para facilitar o entendimento e compreensão dos desenhos em
questão serão dados nomes fictícios às crianças. O grupo “A” é formado pelos
desenhos de Luisa, Gisele Carla e Marina, o grupo “B” por Daniela, Ana, Mariana
e Claudia e o grupo “B1” por Mauro, Paulo, Bruno e Pedro.
Ao considerarmos a percepção da presença das diferentes partes do
corpo no Grupo A verifica-se que quadril, pés e orelhas dificilmente são
representados no primeiro desenho. Quando o teste é repetido, após as aulas, o
quadril passa a ser representado no desenho de algumas crianças. A presença ou
não das diferentes partes do corpo pode ser mais bem verificada ao analisarmos o
Quadro 4.
Mesmo assim o Grupo A demonstrou uma melhora pouco
significativa quanto a rios aspectos, principalmente quanto à representação do
rosto. Na maioria deles (3) o rosto não é representado no segundo desenho.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
93
Luisa
Gisele
Marina
Carla
Partes
do corpo
Desenho 1
Desenho 2
Desenho 1
Desenho 2
Desenho 1
Desenho 2
Desenho 1
Desenho 2
os
X
X
X
Pés
X
X
X
X
X
X
Cabeça
X
X
X
X
X
X
X
X
Rosto
X
X
X
X
X
Pesco
X
X
X
X
X
X
Tronco
X
X
X
X
X
X
X
X
Quadril
X
X
X
X
Pernas
X
X
X
X
X
X
X
Braços
X
X
X
X
X
X
X
X
Orelhas
Quadro 4 Caracterização das partes do corpo presentes nos desenhos das
crianças do Grupo A
Outra questão verificada é em relação ao aumento do volume
corporal, observado no segundo desenho de todas as crianças do Grupo A.
Foi verificado também que no segundo desenho, o corpo
apresentava-se definido de forma completamente diferente do primeiro momento
pom representava uma adequação à idade das crianças além de uma maior
expressividade, representada pelo uso das cores. O limite corporal também
passou a ser mais bem definido.
Para melhor visualização das características descritas segue os desenhos
de Luisa e Gisele (Figuras 1 e 2). O restante dos desenhos do Grupo A podem ser
encontrados no Anexo I.
Andrea Francklin Lomardo
94
Figura 1
Figura 1. Desenhos de corpo 1 e 2 realizados por Luisa antes e após a interveão do
programa de daa.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
95
Figura 2. Desenhos de corpo 1 e 2 realizados por Gisele antes e após a interveão do
programa de daa.
Andrea Francklin Lomardo
96
As meninas do grupo B demonstraram uma melhora significativa
quanto à percepção das diferentes partes do corpo quando comparados os dois
desenhos. Em relação aos dois momentos observados não houve perda, somente
aquisição após os dois meses de intervenção, além de uma melhor representação
de algumas estruturas, principalmente extremidades, no segundo desenho.
(Figuras 3 e 4 e Anexo I) Esta aquisição em relação à percepção de estruturas
corporais no grupo “B” pode ser observada verificando-se o Quadro 5.
Daniela
Ana
Mariana
Claudia
Partes
do corpo
Desenho 1
Desenho 2
Desenho 1
Desenho 2
Desenho 1
Desenho 2
Desenho
1
Desenho 2
os
X
X
X
X
X
Pés
X
X
X
X
X
X (mais
estruturada)
X
Cabeça
X
X
X
X
X
X
X
X
Rosto
X
X
X
X
X
X
X (pouco
definido)
X
Pesco
X
X
X
X
X
X
X
Tronco
X
X
X
X (cintura)
X
X
X
X
(cintura)
Quadril
X
Pernas
X
X
X
X
X
X
X
X
Braços
X
X
X
X
X
X (com
regio)
X
Orelhas
Quadro 5 Caracterização das partes do corpo presentes nos desenhos das
meninas do Grupo B
Outra questão levantada foi a expressividade manifesta na definição
do rosto e do corpo, principalmente no segundo desenho. Mudaram as cores, os
desenhos ficaram maiores, ocupando quase totalmente o espaço do papel.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
97
Estas meninas também fizeram questão de representar em seu
corpo o uso de acessórios, como colares, pulseiras, relógios e enfeites de cabelo.
Esta tendência foi melhor verificada no segundo momento.
Observe nas Figuras 3 e 4 (desenhos de Daniela e Ana) as
características descritas em relação ao Grupo B. Os desenhos de Mariana e
Claudia estão no Anexo I.
Andrea Francklin Lomardo
98
Figura 3. Desenhos de corpo 1 e 2 realizados por Daniela antes e após a intervenção do
programa de daa.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
99
Desenho 10 – Ana 2
Figura 4. Desenhos de corpo 1 e 2 realizados por Ana antes e as a intervenção do programa
de daa.
Andrea Francklin Lomardo
100
Os meninos tiveram também muitos ganhos quando comparados o
primeiro e o segundo desenho (Quadro 6). Após as intervenções seus desenhos
ganharam volume (aparecendo inclusive músculos em um deles), melhor definição
tanto em relação às partes do corpo quanto aos limites corporais (Figuras 5 e 6 e
Anexo I).
Outra questão interessante observada foi que um dos meninos
desenhou ao lado do seu corpo um balão representando um pensamento, o que
nos leva a interpretar que para ele seu corpo pensa, sabe e se comunica (Figura
14. Anexo I). A representação de acessórios não aconteceu em nenhum dos
desenhos masculinos. Um dos meninos, no segundo desenho, fez seu corpo em
movimento, dançando, representando principalmente o movimento dos braços
(Figura 15, Anexo I).
Mauro
Paulo
Pedro
Bruno
Partes
do corpo
Desenho 1
Desenho 2
Desenho
1
Desenho 2
Desenho 1
Desenho 2
Movimento
Desenho
1
Desenho 2
(tem
idéias,
pensa)
os
X
X
X
X
X
X
X (bolas)
X
(começa
a definir)
Pés
X
X
X
X (pouco
desenvolvidos)
X
(maiores)
X (bolas)
X (idem)
Cabeça
X
X
X
X
X
X
X
X
Rosto
X
X
X
X
X
X
X
Pesco
X
X
X
X
Tronco
X
X
X
X
X
X
X
X
Quadril
X
X
X
X
X
Pernas
X
X
X
X
X
X
X
X
Braços
X
X
X
X (com
sculos)
X
X (com
volume)
X
X
Orelhas
X
X
X
X
X
Quadro 6 Caracterização das partes do corpo presentes nos desenhos dos meninos do
Grupo B1
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
101
O uso das cores não foi tão evidente quanto no desenho das
meninas, pom ocuparam bem o papel (em somente um deles isso não
aconteceu).
Figura 5. Desenhos de corpo 1 e 2 realizados por Mauro antes e após a interveão do
programa de daa.
Andrea Francklin Lomardo
102
Figura 6. Desenhos de corpo 1 e 2 realizados por Paulo antes e as a interveão do
programa de daa.
Os desenhos de Bruno e Pedro estão no Anexo I.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
103
1.4. Questionário
O questionário foi realizado pela pesquisadora, individualmente,
com cada uma das crianças, dos dois grupos, e assumiu esta forma por ser de
simples entendimento pelas crianças da faixa etária estudada. O objetivo era
detectar que valores e comportamentos estavam presentes nas crianças em
relação ao seu corpo e à dança.
Segundo Bardin (2004) é possível detectar a presença de certos
estereótipos sociais espontaneamente partilhados pelos membros de um grupo
a partir de um teste de associação de palavras. Entende-se como estereótipo
“a idéia que temos de“, ou ainda, “a imagem que surge espontaneamente
quando se trata de...”.
Sendo assim, foi utilizada a técnica de análise de conteúdo, que
segundo Bardin (2004) pode ser entendida como
um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando
obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição
do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou
não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às
condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas
mensagens. (BARDIN, 2004, p.37)
Após delimitação das unidades de codificação, observou-se que
as meninas do Grupo A não pareciam ter problemas com relação ao seu
próprio corpo. Achavam que era bonito (3). Além disso, se permitiam fantasiar,
sugerindo, por exemplo, que fosse azul. Em relação aos modelos e padrões
corporais, pareciam se espelhar no seu próprio corpo e no de pessoas de seu
convívio, como amigas, professora, irmã ou ainda imagens como, por exemplo,
de um passarinho (o sonho de voar).
Andrea Francklin Lomardo
104
A exigência de ser moderno e acompanhar os padrões ditados
pela sociedade ou pela mídia parecia estar ainda distante dessas meninas e
achavam simplesmente ‘legal’ acompanhar as tendências, ou ainda
relacionavam ser moderno a ser engraçado.
No Grupo B alguns aspectos se modificaram. As meninas ainda
demonstraram satisfação com o seu corpo, se achavam bonitas, mas algumas
expectativas já foram manifestas como, por exemplo, ter o corpo de miss. O
corpo ideal foi visto dentro de alguns padrões sociais como ter pele macia ou
ser igual à Gisele Bündchen. Ou ainda ’ter mais órgãos’, referindo-se às
próteses de silicone nos seios. O modelo de corpo passou a ser aquele visto e
valorizado pela mídia.
Para as meninas do Grupo B, seu próprio corpo sabia tudo e isto
estava relacionado principalmente ao movimento. Entendiam ser moderno
como seguir um padrão estipulado pela moda, o que ia determinar se você se
vestia bem ou não. Para elas ser moderno era principalmente relacionado à
roupa que se usava. No que dizia respeito à imagem que tinham delas mesmas
a questão racial apareceu (“sou descendente de índio”).
Os meninos se acharam bonitos, mas gostariam de ser mais altos
e magros. A força foi muito importante para eles e todos se identificaram com
figuras de super-heróis (Super Homem, Hulk, Power Ranger, Homem Aranha).
As expectativas corporais dos meninos estavam ligadas à força, velocidade e
agilidade e não somente a padrões estéticos. Além dos super heróis não
apresentavam modelos fixados em celebridades. Para eles ser menino,
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
105
masculino, era muito importante e isso foi enfatizado em diferentes momentos
(“Eu sou um garoto”; “Gostaria de ser diferente das meninas”, etc).
Para melhor visualização destes dados veja Quadro 7.
Eu acho
meu
corpo...
Eu
gostaria
que meu
corpo
fosse...
O corpo
ideal é...
Eu
gostaria
de ser
igual a...
Eu
gostaria
de ser
diferente...
Meu
corpo
sabe...
Ser
moderno
é...
Eu sou...
A
Bonito (3) Lindo Bonito Gisele De Mim Tudo Legal (3) Legal
Legal (1) Legal O mais
bonito
Minha
professora
Da Marina Me
tratar
bem
Ser
engraçado.
(1)
Bonita (2)
Azul Normal Um
passarinho
Sem estas
pintinhas
Dançar Agitada
Normal O meu. Minha
irmã.
De um
gato
O que
é bom.
B
Bonito (2) Bonito (2) O meu Minha
mãe
De outra
pessoa
Tudo
(2)
Ser bonito Bonita (4)
Interessante Descoberto O mais
bonito e o
que tem
mais
órgãos
A mim
mesma
Da Porta Se
mexer
Se vestir
bem
Legal,
inteligente e
descendente
de índio.
Muito legal De miss O da
Gisele
Bundchen,
Gisele
Bundchen
(2)
Da
Carolina
Dickman
Muitas
coisas
Andar com
roupas da
moda e
saber
combinar
cores
Bonito e
com a
pele
macia.
De um
vagalume
Legal
B1
Bonito (4) Magro O normal Hulk Do Mauro Tudo Legal (2) Forte
Assim O do
super
homem
Power
rangers
Das
meninas
Pensar Bom Um garoto
Bonito Forte Homem
aranha,
Do Paulo Ser
forte
Muito
chato
Legal
Alto O meu
mesmo
Qualquer
pessoa
Da
Mariana
Correr Veloz
Quadro 7 – Respostas ao Questionário “bate bola”
Andrea Francklin Lomardo
106
As questões realizadas após as crianças assistirem ao vídeo
tiveram como objetivo verificar como elas se percebiam em relação ao que
sabiam fazer ou que gostariam de saber fazer. Além disso, verificar também a
auto-estima das crianças pesquisadas.
As meninas do Grupo A não tinham problemas com o que sabiam
fazer. Sentiam-se capazes de fazer muitas coisas, criar, amar e, até mesmo,
voar. O que gostariam de poder saber estava relacionado principalmente à
aquisição de movimentos como se locomover mais rápido, estar em vários
lugares ao mesmo tempo, dançar bastante, viver (dando a idéia de liberdade) e
novamente, voar.
As meninas do grupo B, após o vídeo, identificaram ser capazes
de dançar ou ainda dançar melhor do que dançavam antes. Demonstraram
querer poderes mágicos como, por exemplo, proteger a lua ou, questões
relacionadas a alguma limitação corporal percebida como, por exemplo, ser
rápida.
Os meninos perceberam que tinham o poder e sabiam dançar.
Mas continuavam querendo ter os poderes dos super-heróis prediletos como
soltar teias, voar, ou soltar bolas de fogo.
Segue os dados para análise no Quadro 8.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
107
Eu tenho o poder
de...
Eu gostaria de ter o poder de...
Grupo A Muitas coisas Me locomover mais rápido e estar em vários lugares ao mesmo
tempo
Criar Voar
Voar Dançar bastante
Amar Viver
Grupo B Desfilar X-man evolution
Dançar Ser rápida
Dançar melhor Proteger a lua
Fazer tudo Dançar
Grupo B1 Dançar (2) Soltar teias e bolas de fogo
Correr Agüentar
Raio Voar e soltar magia
Fogo
Quadro 8 – Respostas ao Questionário após assistir ao vídeo
Andrea Francklin Lomardo
108
1.5. Vídeo
Após a filmagem realizada durante as intervenções com os grupos foi
feita a análise dos padrões de movimentos observados nas danças das crianças,
utilizando-se como método a descrição de expressividade forma (Effort Shape
Description) segundo Ann Hutchinson (apud Fernandes, 2002).
A categoria expressividade refere-se a teoria e prática
desenvolvidas por Laban, onde qualidades dinâmicas expressam a
atitude interna do indivíduo com relação a quatro fatores (dispostos
na ordem de desenvolvimento na infância): fluxo, espaço, peso e
tempo.(FERNANDES, 2002, p.102)
Segundo Fernandes (2002) “os quatro fatores expressivos podem ser
comparados a organizações quaternárias estabelecidas por pesquisadores
contemporâneos.” (p. 120) (ver Quadro 9).
FATOR
EXPRESSIVO
FLUXO
ESPAÇO
PESO
TEMPO
Preocupa-se
com questões
Como?
Onde?
O quê?
Quando?
Relacionado
Com
Progressão
Meio
Ambiente
Self
Duração
Participação
Interna
(W. Lamb)
Precisão
Investigação
Determinação
Decisão
Faculdade
(C. G. Jung)
Sentimento
Pensamento
Sensação
Intuição
Elementos
Água
Ar
Terra
Fogo
Sistemas do
Corpo
(B.B. Cohen)
Fluidos
(Sangue,
Linfa...)
Órgãos
Visão
Tato
Músculos
Adrenalina
Sistema
Nervoso e
Endócrino
Afinidade
Espacial
(Corêutica)
_________
Dimensão
Horizontal
Dimensão
Vertical
Dimensão
Sagital
Quadro 9. Os quatro fatores expressivos comparados a organizões quaternárias
(In: FERNANDES, 2002, p.121)
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
109
A análise da expressividade foi realizada com cada criança durante
as intervenções, ao dançarem sua música preferida. Como critério de observação
utilizou-se a ficha detalhada de observação de movimento (FERNANDES, 2002,
p.263) que pode ser aplicada a trechos selecionados de movimentos, expondo
seus diversos aspectos e correlações. Foram verificados, com cada criança dos
três grupos, em cada um dos momentos, os seguintes tópicos: a) Impressão geral,
b) Corpo (parte mais ativa), c) Principais ações realizadas, d) Expressividade:
qualidades dinâmicas predominantes, e) Relacionamentos, f) Espaço:
posicionamento em relação ao grupo e ao ambiente (próximo, de frente para, lado
a lado, etc., g) Alcance da cinesfera (próximo, mediano, distante).
É interessante perceber que ao observarmos crianças da faixa etária
estudada, 7 e 8 anos, normalmente algumas características são esperadas em
relação à qualidade do movimento. Nesta faixa etária a fluência ainda se
apresenta livre, porém em alguns momentos as crianças já começam a apresentar
maior tônus e controle muscular, o que facilita a aprendizagem de novas ações
corporais. (Figura 7 – foto B). Em relação ao fator peso, a maior parte das crianças
têm dificuldade na diferenciação de forte-fraco, pesado-leve. O tempo sustentado
(lento) e repentino (rápido) são percebidos com mais facilidade, porém “comem”
movimentos na execução do mais rápido possível e praticamente param a ação
quando é pedido o mais lento possível.
A percepção espacial deixa de ser um “bicho de sete cabeças”.
Nesta fase, ainda é preciso lembrar que é preciso ocupar bem o espaço, mas
sabem como fazê-lo.
Andrea Francklin Lomardo
110
Ao observar o Quadro 10, das principais características do Grupo A,
em relação à expressividade - forma - algumas destas características são
comprovadas. Percebe-se que a parte do corpo mais ativa o os braços (Figura
7), e girar e deslocar são as ações mais realizadas. Estas crianças apresentam
como qualidade de movimento uma fluência mais controlada e utilizam mais
freqüentemente o peso forte, o uso do espaço de forma direta (Figura 7 fotos B e
D), o tempo repentino. Utilizam bem os níveis do espaço (Figura 7 - fotos A e C) e
também o espaço da sala (ver Anexo J). Preferem dançar sozinha, ou em alguns
casos (2) em dupla. Ao dançarem em dupla se colocam de frente para a colega. O
alcance da cinesfera pode ser próximo ou distante (Figura 16, Anexo L).
Marina
Luisa
Gisele
Carla
CORPO
Braços
Cabeça
Pernas
Quadril
X
--
--
--
X
X
--
--
X
--
X
--
X
--
--
--
AÇÕES
Girar
Saltar
Deslocamento
Transferir peso
X
--
X
--
X
--
X
--
X
X
--
X
X
--
X
--
EXPRESSIVIDADE
Fluência: liberada
Controlada
Peso: forte
Fraco / leve
Espaço: direto
Indireto
Tempo: repentino
sustentado
X
--
X
--
X
--
X
--
--
X
X
--
X
--
--
X
--
X
X
--
X
--
X
--
--
X
X
--
X
--
X
--
RELACIONAMENTOS
Sozinho
Em dupla
X
--
X
--
--
X
X
X
ESPAÇO
Frente para
Lado a lado
Na frente
Atrás
--
--
X
--
--
--
--
X
X
--
--
--
X
--
--
--
CINESFERA
Próximo
Mediano
Distante
--
--
X
X
--
--
--
--
X
X
--
--
Quadro 10. Expressividade - Forma do Grupo A
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
111
FOTOS GRUPO A
A B
(4)
C D
Figura 7 – Fotos do Grupo A durante programa de dança
Andrea Francklin Lomardo
112
No Grupo B notou-se algumas diferenças, principalmente quanto ao
uso do corpo destas meninas (Quadro 11). Os braços continuaram sendo a parte
do corpo mais utilizada, porém pode-se perceber que apareceu também o
movimento do quadril (Figura 8 – Foto D) em quase todas as meninas (3). O saltar
foi a ação mais realizada (Figura 8 - Fotos B e D) seguida pelo deslocar-se.
Quanto à qualidade do movimento observou-se que as crianças
deste grupo apresentaram fluência liberada (Figura 8 Foto B), o peso era forte,
utilizaram o espaço de forma direta (Figura 8 Foto A) e o tempo era repentino.
Estas crianças preferiam dançar sozinha, porém quando dançavam em dupla se
colocavam de frente para o colega (Figura 8 Foto A). Utilizavam bem o espaço
pessoal, pois o alcance da cinesfera é distante. Porém não exploraram a utilização
de diferentes níveis do espaço geral, permanecendo sempre no nível alto (Figura
8 e 17, Quadro 11).
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
113
Daniela
Claudia
Ana
Mariana
CORPO
Braços
Cabeça
Pernas
Quadril
X
--
--
--
X
--
X
X
X
--
--
X
X
--
X
X
AÇÕES
Girar
Saltar
Deslocamento
Transferir peso
Expandir
--
X
X
--
--
X
X
--
--
--
--
X
X
--
X
X
X
X
--
--
EXPRESSIVIDADE
Fluência: liberada
Controlada
Peso: forte
Fraco / leve
Espaço: direto
Indireto
Tempo: repentino
sustentado
X
--
X
--
X
--
X
--
X
--
X
--
--
X
X
--
--
X
X
--
X
--
--
X
X
--
X
--
X
--
X
--
RELACIONAMENTOS
Sozinho
Em dupla
Em grupo
X
--
--
X
--
--
--
X
X
X
--
--
ESPAÇO
Frente para
Lado a lado
Na frente
Atrás
--
--
X
--
X
--
--
X
--
X
--
--
X
--
--
--
CINESFERA
Próximo
Mediano
Distante
--
--
X
--
--
X
--
--
X
--
--
X
Quadro 11. Expressividade - forma do Grupo B
Andrea Francklin Lomardo
114
A B
C D
Figura 8 – Fotos do Grupo B durante programa de dança
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
115
Os meninos do Grupo B1 também utilizaram, preferencialmente, os
braços em seus movimentos, porém pudemos perceber movimento de quadril
(Figura 9 Foto C) (Quadro 12). As ações mais realizadas foram o saltar e o
deslocar-se. Em relação à qualidade do movimento observou-se que as crianças
deste grupo apresentaram fluência controlada (Figura 9 Fotos A, B e D), o peso
forte, utilizaram o espaço de forma direta (Figura 9) e o tempo repentino. Todos os
meninos preferiam dançar em dupla ou em grupo e o faziam se posicionando de
frente para o colega. Tinham dificuldades quanto à ocupação do espaço pessoal,
pois observamos alcance próximo ou mediano da cinesfera (Figura 9 Fotos A e
D). Também não exploraram a possibilidade de utilização dos níveis do espaço ou
do uso do espaço geral, permanecendo somente no nível alto (Figura 9).
No Grupo B, tanto para os meninos quanto para as meninas era
freqüente a utilização de coreografias ou movimentos de dança padronizados ou
estereotipados, fato que não ocorreu no Grupo A(Figura 17, Anexo L).
Andrea Francklin Lomardo
116
Paulo
Bruno
Mauro
Pedro
CORPO
Braços
Cabeça
Pernas
Quadril
X
--
X
X
X
--
--
--
X
--
--
X
X
--
--
--
AÇÕES
Girar
Saltar
Deslocamento
Transferir peso
--
X
X
--
--
--
X
--
--
X
X
--
--
X
--
--
EXPRESSIVIDADE
Fluência: liberada
Controlada
Peso: forte
Fraco / leve
Espaço: direto
Indireto
Tempo: repentino
Sustentado
X
--
X
--
X
--
X
--
--
X
X
--
X
--
X
--
--
X
X
--
X
--
X
--
--
X
X
--
X
--
X
--
RELACIONAMENTOS
Sozinho
Em dupla
Em grupo
--
X
X
--
X
X
--
X
X-
X
X
X
ESPAÇO
Frente para
Lado a lado
Na frente
Atrás
X
--
--
--
X
--
--
--
X
--
--
--
X
--
--
--
CINESFERA
Próximo
Mediano
Distante
--
X
--
X
--
--
X
--
--
--
X
--
Quadro 12. Expressividade - forma do Grupo B1 (meninos).
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
117
A B
C D
Figura 9 – Fotos do Grupo B1 durante programa de dança
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
118
DISCUSSÃO
1. Perfil dos grupos A, B e B1
Neste momento, para facilitar a discussão e o entendimento em
relação aos resultados obtidos, será delimitado o perfil de cada um dos grupos
para análise e discussão dos dados coletados.
1.1. Grupo A
As crianças do Grupo A assistiam em média de 16 a 20 horas
semanais de Tv (75%), preferencialmente os canais de tv a cabo e SBT, e todas
afirmaram gostar de dançar e de improvisar quando dançavam. Ao dançar,
imitavam principalmente pessoas que admiram. A dança faz parte da vida delas,
pois dançam em casa, na escola, e até mesmo em apresentações. Dançam com
os pais, amigas e com a prima.
Quanto à música, dizem gostar de rock e músicas infantis. Porém, ao
ser aplicado o instrumento para detectar as músicas preferidas, as meninas
apresentaram gostos musicais diversificados, dando preferência às músicas dos
estilos pop, rock, axé, além de rodas de verso da cultura infantil brasileira.
Somente o rock era internacional, todas as outras músicas escolhidas eram
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
119
nacionais. Estas músicas seguem tanto os modelos valorizados pela cultura de
massa quanto por valores que são estimulados pela escola ou ainda pelos pais ou
pela família. Pertencem principalmente ao universo adolescente feminino, são
cantadas por mulheres e falam de romances não concretizados, mas onde as
mulheres se mostram mais fortes. O conteúdo sexual, apesar de estar presente
em algumas das músicas, não é o aspecto mais valorizado.
Além disso, preferem músicas que não apresentam coreografias
definidas e com um andamento mais rápido (de 120 a 168 bpm), porém algumas
meninas (2) gostam de músicas com um andamento mais moderado (de 76 a 120
bpm).
Segundo Laban (1990) no primeiro momento a criança está mais
interessada na velocidade, procurando fazer ações rápidas. Porém, a partir de seu
desenvolvimento e da vivência a outros estímulos aprende a se mover de forma
mais lenta. Provavelmente isso explica o interesse das crianças por músicas mais
rápidas, que facilitavam a experimentação de movimentos também mais rápidos e
de músicas, ainda aceleradas, mas com andamento um pouco mais lento,
demonstrando assim o desenvolvimento da criança.
Ao analisarmos o desenho do próprio corpo, no Grupo A verifica-se
que quadril, pés e orelhas dificilmente são representados no primeiro desenho.
Quando o desenho é repetido, após as aulas, o quadril passa a ser representado
no desenho de algumas crianças. O rosto não é representado no segundo
desenho da maioria delas.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
120
Segundo Williams (1983) a consciência corporal apresenta sub-
componentes internos e externos. Os componentes externos para determinação
da consciência são a imitação, a direcionalidade e a orientação espacial. Se
considerarmos a influência da pedagogia utilizada com o grupo A, a imitação não
é valorizada, resultando em pouco estímulo visual e conseqüente ausência de
estrutura corporal.
De acordo com a pedagogia Waldorf, estas crianças se encontram
no segundo setênio, fase em que são privilegiados principalmente a percepção do
corpo astral, o sentir e as emoções e sentimentos. Levando em consideração esta
questão, a representação do sentir pode ser interpretada no aumento do volume
corporal no segundo desenho de todas as crianças do Grupo A. Além disso, no
segundo desenho, o corpo apresentava-se definido de forma completamente
diferente do primeiro momento porém representava uma adequação maior à idade
das crianças do que no primeiro desenho, além de uma maior expressividade,
representada pelo uso das cores. O limite corporal também passou a ser mais
bem definido, demonstrando a importância do programa de dança aplicado a estas
crianças no que diz respeito à aquisição de uma melhor auto-estima, auto-
conhecimento e expressividade.
Ao analisarmos as respostas dadas pelas meninas do Grupo A no
questionário “bate bola” verificou-se que não demonstram ter problemas com
relação ao seu próprio corpo, achando-o bonito. Fantasiavam, sugerindo, por
exemplo, que fosse azul. Este fato concorda com o que é estimulado pela
pedagogia neste período da vida. No segundo setênio ocorre um desenvolvimento
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
121
intenso das fantasias, sentimentos, emoções. É a fase do amadurecimento do
“sentir”.
Em relação aos modelos e padrões corporais, pareciam se espelhar
no seu próprio corpo e no de pessoas de seu convívio, como amigas, professora,
irmã ou ainda imagens como, por exemplo, de um passarinho (o sonho de voar).
A exigência de ser moderno e acompanhar os padrões ditados pela
sociedade ou pela mídia parecia estar ainda distante dessas meninas e achavam
simplesmente ‘legal’ acompanhar as tendências, ou ainda relacionavam ser
moderno a ser engraçado.
Após o programa, ao responder o segundo questionário
demonstravam ser seguras com o que sabiam fazer e se sentiam capazes de
fazer muitas coisas, criar, amar e, até mesmo, voar. O que gostariam de poder
saber estava relacionado principalmente à aquisição de movimentos como se
locomover mais rápido, estar em vários lugares ao mesmo tempo, dançar
bastante, viver (dando a idéia de liberdade) e novamente, voar, porém sem
demonstrar qualquer desejo em relação a modelos ou padrões estereotipados ou
veiculados na mídia.
Ao analisarmos o vídeo percebe-se que a parte do corpo mais ativa
são os braços, e girar e deslocar são as ações mais realizadas. As qualidades de
movimento observadas são: a fluência controlada, o peso forte, o espaço direto e
o tempo repentino. Utilizam bem os níveis do espaço e também o espaço da sala.
Preferem dançar sozinha, para que possam improvisar mais livremente. Em
alguns casos, dançavam em dupla. Quando isso acontecia se colocavam de frente
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
122
para a colega. O alcance da cinesfera pode ser próximo (2) ou distante (2),
demonstrando também uma boa exploração do espaço pessoal.
Laban (1990) afirma que
O professor pode observar a criança abordar os fatores de
movimento de tempo, peso, espaço e fluxo. Primeiro a
criança está quase totalmente interessada na velocidade
Desfruta de ações rápidas e aprende gradualmente a se
mover de uma maneira mais contida. Depois entra em
contato com a resistência ao peso. A princípio, seus
movimentos são enérgicos e, posteriormente, mais leves. A
criança, porém ainda não tomou consciência do espaço uma
vez que usa esforços diretos. O professor pode despertar
nela a compreensão da relação do movimento ao seu redor.
(LABAN, 1990, p.28).
Em relação ao uso do espaço pessoal, não foi encontrada na
literatura, referência à ocupação da cinesfera relacionada com o desenvolvimento
da criança. Porém a partir de minha experiência, percebo que a utilização da
cinesfera de forma ampla ou restrita tem uma relação direta com características de
personalidade ou ainda a cultura na qual esta criança está inserida, fato
observado também nas crianças do Grupo A.
As crianças que ocupavam seu espaço pessoal de forma restrita
também eram mais tímidas e introvertidas em outros momentos, o que não
acontecia com as mais expansivas,
Conclui-se, então que a influência da tv não é diretamente observada,
principalmente em relação a valores e padrões de movimento nas crianças do
Grupo A.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
123
1.2. Grupo B
As crianças do Grupo B assistiam de 31 a 36 horas (50%) e 26 a 30
horas (25%) de Tv semanalmente, principalmente os canais SBT e Globo e,
portanto, estavam mais suscetíveis à sua influência do que as meninas do grupo
A. Três das meninas (75%) disseram gostar de dançar e uma (25%) respondeu
que mais ou menos. Gostavam de improvisar. Em relação à música disseram
gostar de todos os estilos. Imitavam pessoas que admiram mas também grupos
famosos e em uma das respostas houve menção à dança do ventre. Dançavam
em festas ou em casa, mas também assistindo Tv ou ouvindo o Cd do “Rouge”.
Seus companheiros para dançar eram principalmente os pais ou a prima.
Dançavam quando cantavam ou quando ouviam uma música de sua preferência,
demonstrando claramente a relação existente entre a música e a dança.
Segundo Morin (2003)
A canção e a dança estão quase sempre mescladas: é o
caso do rock, do twist, do hully gully, da bostella, do let-
kiss, como foi o caso da valsa, do tango, do charleston e do
swing. A canção tem uma certa participação na dança. Faz-
se presente também, parcialmente no espetáculo: a
interpretação de uma série de canções pode ser feita num
show musical, numa casa noturna ou mesmo em
casamentos e banquetes. A interpretação de vários tipos de
música é uma exibição total, na qual o artista valoriza, não
só a própria voz, mas o próprio físico e seus dons miméticos.
(MORIN apud VEGA, ALMEIDA e PETRAGLIA, 2003, p.137)
Isso justifica o fato destas meninas terem escolhido rock anos 60 e a
música pop, ambos nacionais, e um pop internacional. Estes estilos musicais são
fortemente relacionados à dança, porém elas preferiram músicas que não
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
124
apresentavam coreografias definidas. As meninas do Grupo B ou se identificaram
com músicas cantadas por homens ou por homens e mulheres, com um
andamento mais rápido (de 120 a 168 bpm) ou ainda com um andamento mais
moderado (de 76 a 120 bpm).
Ao observarmos o desenho do próprio corpo, demonstraram uma
melhora significativa quanto à percepção das diferentes partes do corpo quando
comparados os dois desenhos. Após os dois meses de programa houve melhor
representação de algumas estruturas, principalmente extremidades, no segundo
desenho.
Segundo Grubits (2003) o desenho infantil nos conta o que a criança
é no momento presente, integrando o passado e sua história pessoal, com
aspectos sociais e culturais propriamente ditos, que são muitas vezes difíceis de
dizer ou descrever com as palavras. O desenho é a concretização de um diálogo
inconsciente que organiza o conhecimento e permite reduzir a distância entre o eu
e o não-eu. Além disso, Widlöcher (1998 apud Grubits, 2003) revela que a
preocupação da criança não é representar as coisas tais quais elas são, mas
figurá-las de maneira identificável. Todos os artifícios utilizados visam a este fim
de representatividade, especialmente a exemplaridade de detalhes e a
multiplicidade de pontos de vista.
A expressividade manifesta na definição do rosto e do corpo,
principalmente no segundo desenho, foi representada através da melhor utilização
das cores e do tamanho do desenho, que passou a ocupar quase totalmente o
espaço do papel.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
125
De acordo com a literatura, a imagem corporal ultrapassa os limites
do corpo, pois pode vir a incorporar objetos definidos por usos e costumes
próprios de cada cultura, além de se propagar no espaço (Schilder, 1994). Isso
pode ser representado ao se utilizar totalmente o espaço do papel.
As meninas também representaram em seu corpo, principalmente no
segundo momento, o uso de acessórios, como colares, pulseiras, relógios e
enfeites de cabelo.
Como referendado na literatura sobre o tema, (Nash, 1970 apud
Williams, 1983) a noção de esquema corporal é freqüentemente modificada por
meio de experiências sensório-motoras, particularmente as táteis e cinestésicas. A
partir das experiências motoras vivenciadas durante o programa de dança a noção
de esquema corporal foi alterada para a maior parte das crianças.
Ao aplicarmos o questionário “bate-bola”, observou-se que as
meninas demonstravam satisfação com o seu corpo, se acharam bonitas, mas
algumas expectativas já eram manifestas como, por exemplo, ter o corpo de miss.
O corpo ideal foi visto dentro de alguns padrões sociais, como por exemplo, ser
igual à Gisele Bündchen. A expectativa em relação ao seu próprio corpo era
comparada com modelos de corpos, vistos e valorizados pela mídia.
Porém, para estas meninas seu próprio corpo sabia tudo e isto
estava relacionado principalmente ao que sabiam fazer em relação ao movimento.
No que se referia a ser moderno, para elas isto estava relacionado a seguir um
padrão estipulado pela moda. Ser moderno era principalmente relacionado à
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
126
roupa que se usava. No que dizia respeito à imagem que tinham delas mesmas a
questão racial apareceu (“sou descendente de índio”).
As meninas do grupo B, após assistirem ao vídeo, identificaram ser
capazes de dançar ou ainda dançar melhor do que dançavam antes,
demonstrando a influência das aulas na aquisição de uma melhor auto-estima.
Além disso, permitiram-se fantasiar e imaginar, o que não havia acontecido
anteriormente no primeiro questionário, querendo poderes mágicos como, por
exemplo, proteger a lua ou, ainda melhorar ou modificar a sua movimentação,
sendo mais rápida.
Na análise dos padrões de movimento observados no vídeo, os
braços eram a parte do corpo mais utilizada, porém apareceu também o
movimento do quadril em quase todas as meninas (3). O saltar foi a ação corporal
mais realizada pelo grupo, seguida pelo deslocar-se. Estes padrões são também
observados nas coreografias ou estilos de dançar dos grupos musicais preferidos
do Grupo B, onde os braços e quadril também são as partes do corpo mais
utilizadas.
Quanto à qualidade do movimento observou-se fluência liberada,
peso forte, espaço direto e tempo repentino, fato característico quanto à
movimentação das crianças desta faixa etária. Preferiam dançar sozinha, porém
quando dançavam em dupla se colocavam de frente para o colega (2). Utilizavam
bem o espaço pessoal, pois o alcance da cinesfera é distante, o que se relaciona
também com o desenho do próprio corpo, pois representavam seu corpo utilizando
quase a totalidade do papel. Porém não exploraram a utilização de diferentes
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
127
níveis do espaço geral, permanecendo sempre no nível alto. Este fato pode ser
explicado por ser freqüente a utilização de coreografias ou movimentos de dança
padronizados ou estereotipados, o que conseqüentemente limita a exploração e
improvisação de movimentos.
No grupo B, provavelmente em decorrência do número de horas que
ficavam expostas aos valores presentes na mídia, observou-se forte influência
relacionada a valores e padrões de movimento. A televisão para estas crianças
tinha grande importância, relacionada principalmente ao conhecimento que
possuíam em relação a dança e a música, e este fato se refletia no modo como
dançavam e agiam, além do que achavam ser necessário como padrão corporal.
Porém, se verificarmos a evolução presente nos desenhos, além das
respostas nos questionários após assistirem ao vídeo, fica evidente a importância
do programa de dança para estas crianças.
Passaram a fantasiar e criar mais, não mais fixadas somente em
modelos padronizados. Além disso, a imagem corporal adquiriu “novo colorido,
contorno e limites”.
1.3. Grupo B1
Os meninos do Grupo B1 assistiam de 26 a 30 horas de Tv por
semana (50%). Menos horas do que as meninas do Grupo B. Os canais mais
assistidos eram SBT e Globo. Gostavam de dançar e de improvisar. Em relação à
música disseram gostar de rock, ou de todos os estilos, porém sempre de músicas
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
128
agitadas. Imitavam somente pessoas que admiram e seus companheiros para
dançar eram seus pais. Dançavam em festas, em casa ou ainda assistindo Tv.
Quando foram solicitados a apontar suas músicas prediletas
escolheram música infantil, rock brasileiro e axé. Porém, preferiam músicas
cantadas por homens. Os meninos ficaram divididos entre músicas com
coreografias e sem coreografias marcadas, mas sempre com um andamento mais
rápido (de 120 a 168 bpm).
As músicas preferidas foram aquelas que possuíam característica
rítmica bem marcante e andamento mais acelerado, o que se adequa às
características de personalidade dos meninos. Além disso preferiram músicas que
ressaltavam valores masculinos, como força, rapidez ou ainda a “vontade”,
valorizada socialmente, de não se prender a nada nem ninguém.
De acordo com Morin (2003)
a canção tem uma dupla substância: musical e verbal.
Podemos perguntar-nos se o primordial na canção, no
seu sucesso, não reside, antes de tudo, na parte
musical, mesmo que a canção seja sempre
apresentada como uma totalidade música-letra.
(MORIN
apud VEGA, ALMEIDA e PETRAGLIA, 2003, p.136).
Isto nos faz questionar o que era mais signicativo para os meninos, e
os fez escolher estas músicas como as preferidas, a letra ou a música? A vontade
de se movimentar ou os valores presentes nas letras? Em minha opinião, as duas
questões eram importantes, pois vejo a música como uma totalidade. Não acho
que seja a toa que preferiram músicas cantadas por homens e que ressaltavam a
masculinidade, a sexualidade ou a liberdade. Principalmente por estas questões
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
129
também aparecerem em outros momentos, como no questionário e na
movimentação durante a dança.
Quando analisados os desenhos do próprio corpo, os meninos
tiveram também muitos ganhos. Após o programa de dança seus desenhos
ganharam volume e melhor definição tanto em relação às partes do corpo quanto
aos limites corporais.
A representação de acessórios não aconteceu em nenhum dos
desenhos masculinos. Além disso, o uso das cores não foi tão evidente quanto no
desenho das meninas, porém também ocuparam bem o espaço do papel.
Nos questionários os meninos responderam que se achavam
bonitos, mas gostariam de ser mais altos e magros, demonstrando que alguns
modelos corporais estimulados pela mídia são bastante significativos. As
expectativas corporais dos meninos estavam ligadas à força, velocidade e
agilidade, características tipicamente masculinas, e não somente a padrões
estéticos e, sendo assim, todos se identificaram com figuras de super-heróis. Além
dos super heróis não apresentavam modelos fixados em celebridades. Para eles
ser menino, masculino, era muito importante e isso foi enfatizado em diferentes
momentos, até mesmo na escolha de suas músicas.
Após o programa e o vídeo, os meninos perceberam que tinham o
poder (dos super heróis, pois em suas danças esses personagens eram sempre
lembrados e imitados), e sabiam dançar.
Na análise dos padrões de movimento, observou-se que os meninos
do Grupo B1 utilizaram, preferencialmente, os braços em seus movimentos, porém
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
130
pudemos perceber em alguns momentos também o movimento de quadril. As
ações mais realizadas foram o saltar e o deslocar-se. Em relação à qualidade do
movimento apresentaram fluência controlada, peso forte, espaço de forma direta e
tempo repentino. Diferente das meninas, os meninos preferiam dançar em dupla
ou em grupo e o faziam se posicionando de frente para o colega. Tinham
dificuldades quanto à ocupação do espaço pessoal, pois observamos alcance
próximo ou mediano da cinesfera. Também não exploraram a possibilidade de
utilização dos níveis do espaço ou o uso do espaço geral, permanecendo somente
no nível alto, talvez pela freqüente utilização de coreografias ou movimentos de
dança padronizados ou estereotipados.
2. E as horas na frente da Tv? Expectativas e resultados
Após a caracterização do perfil dos grupos, podemos perceber
algumas diferenças bem significativas entre eles.
A primeira destas diferenças está relacionada ao número de horas
semanais que estas crianças assistem a programação da Tv. E considerando a
minha expectativa inicial, antes do início da pesquisa, este fato definiria uma série
de alterações de valores, comportamentos e padrões de movimento destas
crianças.
Em alguns momentos isso se comprovou de forma bastante clara.
Em outros, outros fatores podem ter influenciado aquele comportamento que não
somente a tv, o que se transforma em uma análise extremamente complexa.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
131
Para Morin (2003)
(...) é difícil falar "da televisão". O que existe são as
televisões, os programas. E também não existe o
telespectador. Talvez ele exista num sentido esquemático,
geral, mas tão geral, que não é interessante falar sobre ele.
Os telespectadores são indivíduos, grupos, idades, sexos,
classes sociais, nações e culturas. Só os casos concretos
são interessantes. (MORIN apud VEGA, ALMEIDA &
PETRAGLIA, 2003, p.121)
Então, voltando à análise dos grupos pode-se perceber que o grupo
A, o grupo menos exposto à influência da televisão, demonstrava maior facilidade
e riqueza na exploração de movimentos, não realizando movimentos padronizados
ao dançar suas músicas preferidas. Além disso, gostavam de músicas de estilos
muito diferentes e não necessariamente daquelas veiculadas nos meios de
comunicação. O grupo A não se mostrava preocupado com modelos ou padrões
corporais ou de comportamentos e agia de forma extremamente espontânea e
criativa. Estes resultados comprovaram as minhas expectativas, porém fui
surpreendida quanto à percepção destas crianças em relação à sua imagem
corporal. Seus desenhos, principalmente no primeiro momento, demonstravam
dificuldade na representação do esquema corporal.
Morin (apud VEGA, ALMEIDA & PETRAGLIA, 2003) diz que “a
televisão aumenta, de repente, a experiência, mesmo por meio da imagem. Nesse
sentido, a televisão pode despertar nas pessoas uma vitalidade adormecida” (p.
118). Estas crianças não eram estimuladas a imitar, e não queriam imitar nada e
nem ninguém. Porém sabemos que em muitos momentos a aprendizagem
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
132
acontece por meio da imitação. Na minha opinião esta atitude explica em parte a
dificuldade na representação do corpo.
Quanto aos Grupos B e B1, também fui surpreendida em alguns
momentos e isso comprova o que afirma Morin (apud VEGA, ALMEIDA &
PETRAGLIA, 2003) quando diz que “ela (tv) se dirige a todo o mundo, mas não do
mesmo modo” (p. 120).
Esperava somente movimentos padronizados e comportamentos
estereotipados devido às muitas horas na frente da tv, porém nem sempre isso
aconteceu, principalmente quanto à representação da imagem corporal.
Demonstraram um boa percepção quanto ao esquema corporal e
que com certeza foi aprimorada com o programa.
O Grupo B, o mais exposto à tv, demostrou ser mais suscetível aos
padrões sociais, tanto no que diz respeito aos valores estéticos quanto aos
comportamentos assumidos. Apresentavam maior dificuldade na exploração e
impovisação de movimentos tendo uma tendência a sempre reproduzir
movimentos conhecidos. As músicas escolhidas por esse grupo eram na sua
maioria canções da moda, “canções gastronômicas” (ECO, 1993).
Segundo Morin (2003)
Há outras conseqüências da difusão permanente e ubiqüista:
mais do que qualquer outro produto cultural, a canção é
difundida em todos os meios, em todas as classes e para
todas as idades da sociedade. O grande sucesso é,
evidentemente, o sucesso universal que atinge as mais
variadas camadas do público. Mas existem zonas de gosto
fortemente polarizadas. Seria interessante verificar se a
tendência histórica atual não é uma diminuição das
diferenças de gosto entre a cidade e o campo, entre as
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
133
classes sociais e um aumento da diferença de acordo com a
idade. (MORIN apud VEGA, ALMEIDA e PETRAGLIA, 2003,
p.141)
Neste sentido observa-se que algumas músicas são as preferidas de
mais de um grupo.
Em relação à movimentação espefica observada é interessante
perceber que neste grupo apareceram movimentos de quadril além do não
aproveitamemto do espaço geral no momento da dança.
O Grupo B1 teve comportamentos bastante específicos
principalmente considerando as questões de gênero e os padrões de
masculinidade estabelecidos pela sociedade. São menos influenciados pela tv na
sua forma de se movimentar do que o Grupo B, porém também apresentam
movimentos de quadril que reproduzem as coreografias da moda e um gosto
musical bem marcado pelas músicas da mídia.
Segundo Eco (1993) “A música de consumo não é um produto
industrial que não mira a nenhuma intenção de arte, e sim a satisfação das
demandas do mercado” (p. 296). Além disso, “(...) a canção de consumo surge
como um dos instrumentos mais eficazes para a coerção psicológica do cidadão
numa sociedade de massa” (p. 297).
É ainda interessante notar que a
característica do produto de consumo é que ele nos diverte
não por revelar-nos algo novo, mas por repetir-nos o que já
sabíamos, o que esperávamos ansiosamente ouvir repetir e
que é a única coisa que nos diverte... (ECO, 1993, p.298)
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
134
Nesse sentido a música de consumo agrada por falar somente o que
queríamos ouvir, reforçando, na maior parte das vezes valores que estão
presentes em nossas vidas e em nossas ações, o que pode ser observado nas
letras das músicas escolhidas pelo Grupo B1 e ainda nos seus desenhos.
3. E a vivência em dança altera alguma coisa?
Esta pesquisa se mostrou extremamente rica principalmente no que
diz respeito ao fato de entender a vivência em dança como capaz de influenciar e
promover novas possibilidades de relacionamento com o outro e com o mundo,
além da possiblidade que ela nos traz de vivenciarmos novos desafios e
experiências. Acredito que isso realmente aconteceu para os três grupos.
Apesar das intervenções serem planejadas para seguir os mesmos
objetivos e conteúdos nos três grupos, cada uma das crianças, de cada um dos
grupos pode vivenciar as aulas de acordo com a suas necessidades, vontades e
expectativas e características individuais. E essa individualidade se manisfestou
nos movimentos. Portanto em alguns momentos parecia dificil falar do Grupo, pois
cada um respondia do seu jeito. Isso pode ser notado ao se analisar os quadros,
pois percebeu-se um grande número de respostas encontradas a cada uma das
perguntas. Estas crianças brincaram, criaram, inventaram novos jeitos de resolver
os mesmos problemas e desafios, e principalmente, tiveram uma experiência
extremamente prazerosa.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
135
4. Programas de dança adequados à faixa etária
Durante o planejamento do programa de dança e seu
desenvolvimento minha maior preocupação era atender ao mesmo tempo as
necessidades e expectativas das crianças em relação à dança. Era fundamental
que durante as aulas estas crianças se sentissem e se enxergassem dançando.
Porém isso precisava estar atrelado com o que considero fundamental ao trabalho
de educação em dança e por meio da dança.
Neste sentido Laban (1990) nos diz que “a aprendizagem da dança,
desde suas primeiras etapas, tem como principal interesse ensiná-la (a criança) a
viver, mover-se e expressar-se no ambiente que rege sua vida (...)” (p. 28).
Concordo com essa afirmação e nesse sentido quando trabalhamos
com “gente” não existe receita, pois cada aluno é único e cada aula uma surpresa.
Portanto a criatividade e o respeito às individualidades não devem ser
desconsiderados em nenhum momento do trabalho.
O ensino da dança, precisa estar presente na vida de nossos alunos
e na nossa vida, como uma experiência prazerosa e de auto-conhecimento.
Para Feldenkraiss (1979) “A liberdade de aprender é uma grande
responsabilidade e, em primeira instância, uma restrição. Não há liberdade de
escolha ou livre arbítrio onde só houver apenas uma modalidade de atuação”.
(Feldenkraiss, 1979, p.104)
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
136
Portanto, o programa de dança não deve perder de vista a
necessidade de propiciar aos alunos um enriquecimento em seu acervo motor, o
que vem a auxiliar no desenvolvimento da criatividade e individualidade. Uma das
formas que propicia um trabalho extremamente rico é a vivência por meio da
exploração e improvisação, além da sugestão de temas ou motivos para a
composição e/ou criação coletiva.
5. Atitudes e comportamentos de educadores em relação à dança, música e
mídia
A partir da realização desta pesquisa foi possível constatar a
importância que a mídia televisiva assume atualmente em nossas vidas. E neste
sentido, não é possível para nós, educadores, desconsiderá-la ou fingir que não
acontece ou que não tem importância.
A música e dança da mídia faz parte do gosto de crianças de
diferentes locais, independente do número de horas que assistem tv por semana.
Porém, o que acredito ser o grande diferencial em relação a
qualidade da educação e formação de um individuo está relacionado ao quanto
lhe é permitido conhecer e vivenciar.
Quando o que a criança conhece sobre dança e música está restrito
ao que é ensinado pelos canais de tv aberta, isso passa a ser um problema. É
preciso oferecer outras possibilidades e facilitar o acesso a outras formas de
expressão.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
137
Portanto, na minha opinião, não é aceitável ouvir, por exemplo, as
músicas do grupo Rouge na escola ou ainda de outro sucesso meteórico,
simplesmente reproduzindo os passos de sua dança e cantando seus sons
estranhos. Para Eco (1993) “(...) a canção de consumo surge como um dos
instrumentos mais eficazes para a coerção psicológica do cidadão numa
sociedade de massa.” (p. 297).
Sendo assim, a escola tem a função de apresentar outras
possibilidades e ainda discutir o que é inevitável. É também preciso tomar cuidado
com opiniões preconceituosas, por exemplo: “não conheço, mas não gosto”. Para
a criança isso acontece apenas por que somos velhos e não entendemos o que é
bom. Passa ser apenas uma disputa de gerações. Porém é preciso, junto com os
alunos, propor discussões, questionamentos, para que possamos a partir daí,
trocar opiniões e facilitar a vivência de novas alternativas. Muitas vezes nossos
alunos só gostam daquele tipo de música e só dançam daquela forma, porque é a
única que lhes foi apresentada.
Ampliar as possibilidades de nossos alunos verem e conhecerem o
mundo é o nosso papel. A televisão pode nos ajudar muito nesta tarefa, trazendo
para o ambiente de aula mais informação, além do acesso à diversidade e a novas
tendências culturais. Isso é fundamental ao encararmos como nossa função
ampliar o seu acervo de informações. Porém a Tv sozinha não educa, pois na
maior parte das vezes sua função é apenas o entretenimento. É preciso que o
professor leia o texto televisivo, organize esse conhecimento e promova
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
138
momentos de discussão. Assumindo assim, uma postura reflexiva, questionadora
e consciente neste processo.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
138
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Primeiramente, gostaria de salientar que as interpretações realizadas
no decorrer desta pesquisa são apenas uma possibilidade de enxergar este
fenômeno. Com certeza outras relações e interpretações são possíveis, porém
estas foram as que, ao meu ver, se mostraram mais significativas e atenderam
aos objetivos propostos.
A principal dificuldade encontrada neste trabalho foi encontrar um
grupo de crianças que não assistisse muitas horas de tv por semana, para que
pudesse ser comparado a outro. Quando isso aconteceu, este grupo também
estava vinculado a uma pedagogia diferenciada, que privilegia a arte e o sentir em
sua proposta pedagógica, e isto também poderia influenciar os resultados. Mas
com o decorrer da pesquisa ficou claro para mim que esta característica só
contribuiria com a análise, uma vez que reforça a idéia da importância da
educação no processo de formação do indivíduo e como agente de transformação
social.
O objetivo desta pesquisa era investigar se valores e
comportamentos transmitidos e valorizados pelas músicas e coreografias
veiculadas na mídia são incorporados pelas crianças.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
139
Para que isto fosse concretizado foi analisado o gosto musical das
crianças, sendo examinada também a qualidade das músicas escolhidas. A partir
deste momento foi observada a forma como estas crianças dançavam, qual o
padrão de movimento adotado e o conteúdo expresso por essas danças.
Para complementar o estudo aplicou-se o desenho do próprio corpo
no início e ao final do programa com o objetivo de verificar qual a imagem corporal
que as crianças possuíam, e um questionário antes e após assistirem ao vídeo
realizado durante as intervenções para análise dos valores em relação à imagem
de corpo e de dança.
Ao final da análise dos dados percebeu-se que as crianças dos
Grupos B e B1 realmente sofriam maior influência em relação à televisão do que o
Grupo A, tanto no que diz respeito a valores e modelos corporais adotados quanto
no que se refere a movimentação da dança, principalmente no grupo B, o grupo
mais exposto a mídia. Porém, foi notado que quando nos referimos à percepção
da imagem corporal, a imitação dos modelos da mídia ou mesmo a pedagogia
adotada parece ter ajudado a estas crianças na aquisição de uma melhor
percepção da imagem corporal, principalmente quando comparadas ao Grupo A.
Neste sentido, me parece que a questão não é negar a existência da
mídia mas tentar aproveitá-la de forma questionadora e crítica, além de apresentar
outras possibilidades além dela.
A dança, trabalhada por meio da exploração e da improvisação, além
de proporcionar um trabalho corporal consciente e prazeroso trouxe benefícios
aos três grupos. Acredito que o caminho para que a dança realmente faça parte
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
140
da vida da escola e de nossos alunos seja esse. A dança com significado, que
seja construída pelas crianças, ao mesmo tempo em que tenham que resolver
novos desafios.
Neste momento, considerando as questões levantadas nesta
pesquisa, proponho a discussão e posterior construção de uma proposta
metodológica para o ensino da dança que trate a mídia televisiva como mais uma
importante colaboradora no processo educativo, aproveitando as contribuições
que a mesma possa trazer à educação do movimento e da dança.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
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MARCONDES FILHO, Ciro.
Televisão:
A vida pelo vídeo. São Paulo: Moderna,
1998.
MARQUES, Isabel A.
Ensino de dança hoje
: textos e contextos. São Paulo:
Cortez,1999.
_________________. Dançando na escola. São Paulo: Cortez, 2003.
MOREIRA, Wagner Wey (org.) Educação Física & Esportes: perspectivas para
século XXI. Campinas, SP: Papirus, 1992.
OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky: Aprendizado e desenvolvimento, um
processo sócio-histórico. São Paulo: Scipione, 1993.
OSSONA, Paulina. A educação pela dança. São Paulo: Summus, 1988.
PENTEADO, Heloisa Dantas. Televisão e Escola: Conflito ou cooperação? São
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PORTINARI, Maribel. História da dança. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989.
REZENDE, Ana Lúcia Magela de; REZENDE, Nauro Borges de. A Tevê e a
criança que te vê. São Paulo: Cortez, 3
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A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
145
SANTAELLA, Lúcia. A cultura das mídias.o Paulo: Experimento, 1996. p. 27-
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SCHILDER, Paul. A imagem do corpo: As energias construtivas da psique. Trad.
Rosanne Wertman. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
SOARES, Carmen Lúcia. Imagens da educação no corpo: estudo a partir da
ginástica francesa no século XIX. Campinas: Autores Associados, 2ª ed., 2002.
STRAZZACAPPA, Márcia. A Educação e a fábrica de corpos: a dança na
escola. Cadernos Cedes, ano XXI, nº 53, abril/2001.
TAME, D.
O poder oculto da música:
a transformação do homem pela energia
da música. São Paulo: Cultrix, 1984.
TITÃS.
A melhor banda de todos os tempos da última semana.
Direção
artística: João Augusto. Produção: Jack Endino. Abril Music, 2001, disco sonoro.
THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo, Cortez, 11ª
ed., 2002. (Coleção temas básicos de pesquisa-ação)
THOMPSON, J. B. Ideologia e cultura moderna: teoria social crítica dos meios
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_________. Situação da adolescência brasileira, 2003. (Relatório)
VEGA, Alfredo Pena, ALMEIDA, Cleide & PETRAGLIA, Izabel (Orgs.). Edgar
Morin: Ética, Cultura e Educação. São Paulo: Cortez, 2ª ed., 2003. p. 113 – 146.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes,
1988.
Andrea Francklin Lomardo
146
WILLIAMS, Harriet G. Perceptual and motor development. Englewood Cliffs:
Prentice Hall, 1983.
ZAMPRONHA, Maria de Loudes Sekeff. Da música: seus usos e recursos. São
Paulo: Ed. UNESP, 2002.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
147
ANEXOS
Andrea Francklin Lomardo
148
ANEXO A - Circular escola
DANÇA CRIATIVA
Por Andrea Francklin
A “DANÇA CRIATIVA” tem como objetivo proporcionar as crianças
diferentes experiências de movimento, mais espontâneos e criativos, o que favorece a
percepção do próprio corpo, e uma melhor relação com os colegas e com o meio
ambiente. Por meio da dança o corpo é descoberto de forma prazerosa e lúdica e a
multiplicidade das relações e ações corporais são vividas. Conhecendo seus limites e
capacidades os alunos são capazes de ampliar seu repertório motor, criatividade e
expressão corporal, descobrindo a sua capacidade de dançar de forma divertida.
Aprendendo a fazer, apreciar e contextualizar o movimento humano,
fazemos com que a dança tenha significado na vida de nossos alunos. E assim
possibilitamos a aprendizagem de conceitos de forma construtiva e criativa.
Como?
As estratégias são adaptadas a crianças a partir de 7 anos, e permitem que
as mesmas brinquem com o seu corpo, com os objetos e com os colegas, experimentem
improvisações corporais e conceitos do movimento de forma lúdica, integrando a dança
com outras manifestações artísticas.
Venha dançar com a gente!
Todas às 6as feiras, das 14 às 15 horas, na Escola Waldorf de SP (salão).
Maiores informações no tel: 5573-9357 ou 9937-5654 (com Andrea)
ANDREA FRANCKLIN LOMARDO
Formada pela Escola de Educação Física - USP, especialista em Educação Motora
pela UNICAMP e Mestranda em Ciências da Motricidade – UNESP. Professora do Curso de Pós-
Graduação em "Dinâmicas Corporais como Expressões Terapêuticas” da Faculdade SENAC.
Professora da faculdade de Educação Física da UNICSUL, e da Faculdade Brasília, da disciplina
“Manifestações rítmicas e expressivas”. Formação na técnica G.D.S. – Cadeias musculares e
articulares (em andamento) - Centro Brasileiro de Cadeias musculares e técnicas G.D.S. – Filiado
ao Institut des Chaînes Musculaires et des Techniques G.D.S. Bruxelas, Bélgica. Ministra cursos
na área de Dança - Educação e Educação Motora, para crianças e professores da rede particular e
pública de ensino.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
149
ANEXO B - Carta à direção das escolas
Andrea Francklin Lomardo
150
ANEXO C - Proposta de curso de dança para crianças de 1ª e 2ª série do
ensino fundamental
São Paulo, setembro de 2004.
A/C Direção e Coordenação pedagógica
DANÇA CRIATIVA
O que é?
O trabalho com “DAA CRIATIVA” é resultado de pesquisas em
dança e movimento e tem como pano de fundo uma releitura da teoria de Rudolf
Laban, arquiteto, dançarino, coreógrafo e estudioso do movimento humano.
Através do seu trabalho de análise e descrição do movimento é
possível compreender e vivenciar amplamente a dança.
Este sistema de análise do movimento prioriza a descoberta,
redescoberta, exploração, a arte e a criação em movimento.
O que pretende?
A “DANÇA CRIATIVA” tem como objetivo proporcionar as crianças
diferentes experiências de movimento, mais espontâneos e criativos, o que
favorece a percepção do próprio corpo, e uma melhor relação com os colegas e
com o meio ambiente.
Por meio da dança o corpo é descoberto de forma prazerosa e lúdica
e a multiplicidade das relações e ações corporais são vividas. Conhecendo seus
limites e capacidades os alunos são capazes de ampliar seu repertório motor,
criatividade e expressão corporal, descobrindo a sua capacidade de dançar de
forma divertida.
Aprendendo a fazer, apreciar e contextualizar o movimento humano
(proposta triangular), fazemos com que a dança tenha significado na vida de
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
151
nossos alunos. E assim possibilitamos a aprendizagem de conceitos de forma
construtiva e criativa.
Como?
As estratégias são adaptadas a crianças a partir de 7 anos, e
permitem que as mesmas brinquem com o seu corpo, com os objetos e com os
colegas, experimentem improvisações corporais e conceitos do movimento de
forma lúdica, integrando a dança com outras manifestações artísticas.
Conteúdos
“O corpo em movimento: explorando possibilidades”
(Valerie Preston- Dunlop)
O que move? O corpo: suas estruturas (ex.: articulações e partes) e
conscientização da possibilidade de usar as partes do corpo para se mover ou
dançar.
Andrea Francklin Lomardo
152
O que faz? Ações Corporais: saltar, girar, locomover, inclinar, expandir,
recolher, torcer, transferir o peso, queda, gesto e pausa.
Com quem? Relacionamentos com pessoas e objetos.
Onde? Consciência do Espaço: Movimentos amplos e restritos, centrais ou
periféricos. Consciência do espaço externo, tensões espaciais.
Como? Fatores do Movimento: espaço (direto ou flexível – reto ou torto),
peso (forte ou fraco, leve ou pesado), tempo (rápido ou lento) e fluência (contínuo
ou repentino).
Carga horária proposta:
- 15 aulas de 1 (hora) e apresentação pública (para pais e amigos) ao final do
processo.
- Às 3as e 4as feiras ou 4as e 5as feiras das 17: 30 às 18:30 h.
- De 5 de outubro á 3 de dezembro de 2004.
Coordenação:
ANDREA FRANCKLIN LOMARDO
Formada pela Escola de Educação Física - USP, especialista em Educação
Motora pela UNICAMP e Mestranda em Ciências da Motricidade – UNESP. É membro da
daCi - dance and the Child international, associação filiada a UNESCO. Professora do
Curso de Pós- Graduação em "Dinâmicas Corporais como Expressões Terapêuticas” da
Faculdade SENAC. Professora da faculdade de Educação Física da UNICSUL, e da
Faculdade Brasília, da disciplina “Manifestações rítmicas e expressivas”. Formação na
técnica G.D.S. – Cadeias musculares e articulares (em andamento) - Centro Brasileiro de
Cadeias musculares e técnicas G.D.S. – Filiado ao Institut des Chaînes Musculaires et
des Techniques G.D.S. Bruxelas, Bélgica. Ministra cursos na área de Dança - Educação e
Educação Motora, para crianças e professores da rede particular e pública de ensino.
Professora convidada para ministrar palestras e vivências para alunos do 4º ano do
Bacharelado em Educação Física, nas disciplinas Educação Física na Segunda Infância e
Adolescência nos módulos "Atividades rítmicas na Educação Física" e "Programa de
atividades rítmicas para crianças", desde 1996.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
153
ANEXO D - Curso de dança criativa na escola e autorização dos pais
_________________________________________________________
CURSO DE DANÇA CRIATIVA NA ESCOLA
Para alunas e alunos de 1ª. e 2ª. Série.
Todas às 4as e 5as feiras, das 18 às 19 horas, com a Profª *Andrea Francklin.
Inscrições até o dia 13/10 ( quarta-feira)
– entregar para a professora de classe a ficha
de adesão .
Início das aulas 14/10 (quinta-feira)
O CURSO É GRATUITO – VAGAS LIMITADAS
Os alunos que desejarem poderão fazer a aula de quinta-feira para conhecer a
proposta, pois esta será uma AULA ABERTA.
O que é DANÇA CRIATIVA?
A “DANÇA CRIATIVA” tem como objetivo proporcionar as crianças
diferentes experiências de movimento, mais espontâneos e criativos, o que favorece a
percepção do próprio corpo, e uma melhor relação com os colegas e com o meio
ambiente. Por meio da dança o corpo é descoberto de forma prazerosa e lúdica e a
multiplicidade das relações e ações corporais são vividas. Conhecendo seus limites e
capacidades os alunos são capazes de ampliar seu repertório motor, criatividade e
expressão corporal, descobrindo a sua capacidade de dançar de forma divertida.
Como?
As estratégias são adaptadas à criança, e permitem que as mesmas
brinquem com o seu corpo, com os objetos e com os colegas, experimentem
improvisações corporais e conceitos do movimento de forma lúdica, integrando a dança
com outras manifestações artísticas.
Venha dançar com a gente!
Coordenação: Andrea Francklin Lomardo.
*Formada em Educação Física, com especialização em Educação Motora, mestranda na
área de dança e mídia. Professora da Faculdade Brasília, UNICSUL e Faculdade SENAC.
Andrea Francklin Lomardo
154
Senhores Pais
Dia 13/10 (4ª feira) ás 18 horas, realizarei uma reunião com os pais interessados onde
me colocarei a disposição para esclarecimentos, dúvidas a respeito das aulas, ou apenas
para nos conhecermos pessoalmente e conversarmos. Até lá!
Local – sala de música da unidade II ( 2º andar - 1ª. Sala)
Autorização
Eu ______________________________________autorizo minha (eu) filha
(o)____________________________________________________a participar do Curso
de Dança Criativa, que irá acontecer conforme orientações da carta recebida.
São Paulo,____de outubro de 2004
_________________________
Assinatura do responsável
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
155
Anexo E - Questionário destinado aos pais:
Seu filho(a) assiste televisão? ( ) sim ( )não.
Quantas horas em média por semana? _______horas
Se assiste, qual(is) programa(s) são assistidos?
Nome do programa ____________________________________________
Canal _________________________ Horário __________________________
Nome do programa ____________________________________________
Canal _________________________ Horário __________________________
Nome do programa ____________________________________________
Canal _________________________ Horário __________________________
Nome do programa ____________________________________________
Canal _________________________ Horário __________________________
Nome do programa ____________________________________________
Canal _________________________ Horário __________________________
Destes programas assistidos qual e o de maior preferência de seu(a) filho(a)?
Nome do programa: _______________________________________________
Canal _________________________ Horário __________________________
Em relação à dança:
Seu filho(a) gosta de dançar? ( ) Sim ( ) Não ( ) Mais ou menos.
Que tipo(s) de dança(s) ele(a) gosta de dançar? ________________________
_______________________________________________________________
Em que momentos ele(a) dança? Onde?
__________________________________________________________________
____________________________________________________________
Andrea Francklin Lomardo
156
Essa dança é mais improvisada, do jeito dele, ou é cópia de alguém? Quem?
__________________________________________________________________
____________________________________________________________
Nome de seu(a) filho(a): __________________________________________
Idade: ____________ Série: _____________
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
157
ANEXO F - Descrição e caracterização dos programas preferidos das
crianças.
1) Alegrifes e Rabujos (2004)
Canal SBT – Dia e horário de exibição: de segunda a sábado às 19h.
Novela latina destinada ao público infantil.
Alegrifes e Rabujos são as palavras mágicas de um mundo de
fantasia, aventura e muito mistério. Nessa história as pessoas que nunca perdem
as esperanças, cultivam o melhor de sua infância, são travessos, têm bom humor,
são chamadas de “alegrifes”. Já aos que vivem ao contrário de toda essa magia, e
só buscam as coisas materiais, cultivam a inveja e o egoísmo, são os “rabujos”.
Assim será o mágico percurso desta história: os “alegrifes” sempre
unidos e opondo-se contra as atitudes negativas dos “rabujos”.
A magia acontece em uma antiga mansão. Segundo conta a lenda, o
espírito de seu antigo dono Darvélio, um milionário que morreu há muitos anos
ainda ronda a velha mansão.
Sofia, que mora na casa ao lado, resolve investigar todo esse
mistério. Depois de levar bons sustos, a menina conhece Alfonso, um menino
travesso e muito esperto que acaba de chegar do interior e vai morar na temida
mansão. Sofia e Alfonso tornam-se muito amigos e descobrem que o antigo dono
da mansão não está morto, e que há anos se diverte assustando toda a
vizinhança. Sofia, Alfonso e Darvélio, formam um verdadeiro trio de “alegrifes”,
juntos terão que dar o máximo de si para lutar contra os temidos “rabujos”.
Andrea Francklin Lomardo
158
Perfil dos principais personagens:
Dom Darvélio, é um senhor de 80 anos, passou os últimos 10 anos
como morto, aproveitou este período para mudar seu modo de vida, seus valores
e princípios, deixou de lado as coisas materiais e passou a aproveitar o seu
dinheiro para divertir-se com as crianças, porém terá que lutar contra as maldades
de sua ex-esposa Helga.
Alfonso, menino do campo, tem aproximadamente 10 anos. Sua a
o envia à cidade para morar com seu tio-avó, Chon, pois deseja que Alfonso
cresça como um bom homem, aprendendo bons modos e estudando. Ele é o
melhor amigo de Sofia.
Chon, tem 58 anos, chama-se Asuncíon, porém seu apelido é Chon,
é mau humorado, é o tio-avô de Alcachofa, é fiel empregado de Darvélio. Com a
aproximação das crianças com seu patrão ele ficará muito enciumado, pois nos
últimos 10 anos ele foi a única pessoa próxima de Darvélio.
Sofia é uma menina de 10 anos, gosta de ser chamada
carinhosamente por “Chofis”, é muito amorosa, prestativa, gosta de ajudar seus
amigos. É uma garota muito carente da atenção de seu pai, e não é amada por
sua madrasta e seu irmão Esteban. Seu melhor amigo é o sapeca Alfonso.
Helga, é uma mulher muito má, faz de tudo para destruir a felicidade
dos outros, utiliza-se de bruxarias, veneno de cobra etc. De mulher elegante e
sofisticada, torna-se uma velha bruxa, resultado de suas próprias bruxarias. É
inimiga de Darvélio e das crianças.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
159
Achú é um cachorrinho muito simpático, travesso, inteligente e
especial. Foi um presente de Darvélio para Alfonso e Chofis, e estará envolvido
nas aventuras da garotada.
Réficus, é um duende pequenino com aparência de horror, pele
laranja, roupas azuis e maleta de ferramentas nas mãos. É o pesadelo das
crianças, ele está sempre a serviço da malvada Helga.
Don Chirrion, um duende de látex criado por Darvélio. Este mágico
duende tem uma missão especial de guardar o mistério.
2) Bom dia e Cia
Canal SBT – Dia e horário de exibição: de segunda a sexta feira às 9 horas
O programa infantil é apresentado por Jessica Esteves, 12 anos, e
Kauê Santin, 13 anos, integrantes do grupo musical Turma Dó Ré Mi.
O destaque do programa é a programação de desenhos, com Tinny
Toon, Turma do Pica Pau, Novo Pica Pau, Buzz Lightyer do Comando Estelar, Ok
Mundongo, Ursinhos Carinhosos, Cãezinhos do Canil, Aladim, A Lenda do Tarzan,
O Máskara e X Men Evolution.
3) Cavaleiros do Zodíaco
Canal Cartoon Network (46) – Dia e horário de exibição: De segunda a sexta feira
às 9 horas.
Desenho animado japonês, onde os cavaleiros dourados são os mais
poderosos do universo. Vivem no santuário, na Grécia, onde trabalham sobre o
Andrea Francklin Lomardo
160
comando do Grande Patriarca, que supostamente responde ao desejo de Atena.
Os Cavaleiros usam as vestimentas do Zodíaco, o que mostra sua superioridade.
Os Cavaleiros são fiéis à Atena. Contudo, atacaram Saori Kido porque o Grande
Patriarca os fez pensar que ela era uma impostora.
Atena e os Cavaleiros de Bronze viajam para o santuário a fim de
recuperar o que pertence a eles. Entretanto, ela é gravemente ferida e os
Cavaleiros de Bronze devem percorrer as doze casas do zodíaco e lutar contra os
Cavaleiros Dourados para resgatá-la. A batalha será feroz...
Após a batalha do santuário surge um novo perigo. Agora é a hora
de lutar em Asgard, uma região fria e mística do Pólo Norte.
Hilda, a vassala do deus Odin na terra, declara guerra à Atena e aos
Cavaleiros usando seu anel maléfico. Ela tem uma equipe de sete deuses
guerreiros que confrontarão os Cavaleiros de Atena um a um.
Atena fica em perigo quando tenta impedir que o gelo do pólo norte
se derreta. A única maneira de vencer seria encontrar a vestimenta de Odin. A
batalha não será fácil... Algo de errado está acontecendo...
Poseidon, o deus do mar, era o que mantinha Hilda em um feitiço
maligno. Ele rapta Atena, e os Cavaleiros são obrigados a visitar o mundo
submarino para salvá-la. O nível de água está subindo as costas do planeta, então
nossos heróis devem se apressar antes que a terra fique submersa. Para resolver
este problema, eles devem destruir os sete pilares localizados abaixo de cada
oceano. Mas são derrotados pelos generais marinhos de Poseidon, e os
Cavaleiros de Atena devem cuidar primeiramente de si próprios.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
161
Os Cavaleiros dourados querem se unir à batalha, mas algo os
impede de ajudar... Muito em breve o selo quebrará. Agora está claro o porquê
dos Cavaleiros dourados ficarem fora do combate.
Após muitos anos, o antigo selo no qual Atena mantinha guardado
Hades, o deus da morte, foi quebrado. O plano de Hades é criar um eclipse
eterno, para que a terra nunca mais veja a luz do sol. Ele é seguido por 108
espectros que estão prontos para atacar. Os antigos inimigos ressuscitarão.
Felizmente, os antigos amigos também.
O tempo está se esgotando. Atena deve ir onde a vida de qualquer
mortal está por um fio. Os Cavaleiros devem alcançá-la, mas, antes precisam lutar
com os 108 fantasmas. Essa batalha está para começar!
4) InuYasha
Canal: Cartoon Network (46). Dia e horário de exibição: de segunda a sexta feira
às 15 horas.
InuYasha é um desenho animado japonês que retrata uma aventura
de viagem no tempo. Passa-se tanto no presente como na era feudal da guerra
civil japonesa, período de Sengoku.
A estudante de quinze anos de idade, Kagome Higurashi levava uma
vida normal até descobrir um antigo poço em um templo perto de sua casa.
Voltando 500 anos no tempo, Kagome encontra e desperta
InuYasha, um meio garoto, meio demônio que foi aprisionado em um sono
profundo ao ser atingido por uma flecha mágica disparada pela sacerdotisa Kikyo.
Andrea Francklin Lomardo
162
Em uma mudança do destino Kagome e InuYasha escapam do portal
do tempo que fica no poço e se vêem envoltos na busca de fragmentos da “Jóia
das quatro almas”, uma poderosa pedra sagrada que InuYasha, inicialmente
pretendia roubar!
5) Kenan e Kel
Canal: Nickelodeon (44) – Dia e horário de exibição: de segunda a sexta feira às
21h
Kenan acredita que pode fazer tudo que deseja, tendo em mãos
apenas duas ferramentas: seu amigo Kel e seu próprio plano caseiro! Infelizmente,
essa mortífera combinação sempre acaba metendo os dois em problemas.
6) Malhação (1995 - ...)
Canal Globo – Dia e horário de exibição: de segunda à sexta feira às 17h30
Novela destinada a um público adolescente (de 14 aos 18 anos),
ambientada em um colégio particular onde temas como virgindade, traição,
vestibular, gravidez na adolescência, são discutidos, principalmente, a partir da
visão e da realidade da classe média alta carioca.
7) TV globinho
Canal Globo – Dia e horário de exibição: de segunda a sexta feira às 10 horas
Mudam os temas, mudam as estórias, mudam os super-heróis, mas
os desenhos animados não saem de moda e continuam agradando a todas as
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
163
gerações, divertindo pessoas de todas as faixas etárias. E tem sido assim na TV
Globinho, onde um camundongo com superpoderes divide espaço com Bob, uma
esponja que vive no fundo do mar, ou um picapau cinquentão agrada tanto quanto
produções contemporâneas como Beyblade e Dragon Ball GT.
Na TV Globinho podem ser revistos (ou conhecidos, no caso dos
mais jovens), atrações como Super Mouse, Luluzinha e Picapau, e onde são
mostradas as mais recentes produções da indústria de animação mundial, como
Astro Boy, Três Espiãs Demais e As Tartarugas Mutantes Ninja e X-Men.
Andrea Francklin Lomardo
164
ANEXO G - Entrevista
Eu acho meu corpo...
Eu gostaria que meu corpo fosse...
O corpo ideal é...
Eu gostaria de ser igual a...
Eu gostaria de ser diferente de...
Meu corpo sabe...
Ser moderno é...
Eu sou...
Nome: ______________________________________ Idade: __ Sexo: _____
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
165
ANEXO H – Entrevista após assistir ao vídeo
1) Eu tenho o poder de...
2) Eu gostaria de ter o poder de...
Nome: ______________________________________ Idade: __ Sexo: _____
Andrea Francklin Lomardo
166
ANEXO I Desenhos dos participantes dos Grupos A, B e B1
GRUPO A
Figura 10. Desenhos de corpo 1 e 2 realizados por Marina antes e após a intervenção do
programa de daa.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
167
Figura 11. Desenhos de corpo 1 e 2 realizados por Carla antes e após a interveão do
programa de daa.
Andrea Francklin Lomardo
168
GRUPO B
Figura 12. Desenhos de corpo 1 e 2 realizados por Claudia antes e após a interveão do
programa de daa.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
169
Figura 13. Desenhos de corpo 1 e 2 realizados por Mariana antes e após a
intervenção do programa de daa.
Andrea Francklin Lomardo
170
GRUPO B1
Figura 14. Desenhos de corpo 1 e 2 realizados por Bruno antes e as a intervenção
do programa de daa.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
171
Figura 15. Desenhos de corpo 1 e 2 realizados por Pedro antes e após a intervenção
do programa de daa.
Andrea Francklin Lomardo
172
ANEXO J - Fichas detalhadas para descrição de expressividade –
forma
GRUPO A
Marina
A) Impressão geral: usa bem o espaço da sala e os níveis (alto,
médio e baixo). Na maior parte das vezes sua fluência é liberada e a forma fluida,
porém em alguns momentos utiliza formas tridimensionais. Relaciona-se pouco
com as outras crianças e demonstra grande prazer na execução de seus
movimentos. Gosta de explorar diversas possibilidades de movimento.
B) corpo (parte mais ativa): Braços, ou o corpo todo (sem dar grande
ênfase em nenhuma parte).
C) Principais ações realizadas: Giros e deslocamentos
D) Expressividade: qualidades dinâmicas predominantes: Fluência
liberada (em alguns momentos faz pausas e usa a fluência controlada), tempo
repentino, peso forte /ativo, espaço direto.
E) Relacionamentos: se relaciona principalmente com ela mesma.
F) Espaço: posicionamento em relação ao grupo e ao ambiente
(próximo, de frente para, lado a lado, etc). se posiciona próximo ao grupo
procurando se colocar sempre na frente. Utiliza principalmente o nível alto.
G) Alcance da cinesfera (próximo, mediano, distante): distante.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
173
Luisa
A) Impressão geral: muito expressiva. Preocupa-se em
interpretar a música. Utiliza os três níveis mas não explora muito o espaço da
sala. Sua fluência é normalmente controlada.
B) Corpo (parte mais ativa): Cabeça e braços.
C) Principais ações realizadas: Giros e deslocamentos
D) Expressividade: qualidades dinâmicas predominantes:
Fluência controlada, tempo sustentado, peso forte /ativo, espaço direto.
E) Relacionamentos: não se relaciona com as outras crianças.
F) Espaço: posicionamento em relação ao grupo e ao ambiente
(próximo, de frente para, lado a lado, etc). posiciona –se afastada do grupo e
quase sempre no fundo da sala, atrás.. Utiliza principalmente o nível alto.
G) Alcance da cinesfera (próximo, mediano, distante): próxima.
Gisele
A) Impressão geral: Procura ficar sempre escondida ou dançar em
dupla. Ao fazer a atividade sozinha ousa menos.
B) Corpo (parte mais ativa): Braços e pernas.
C) Principais ações realizadas: Transferência de peso, saltos e
deslocamentos.
D) Expressividade: qualidades dinâmicas predominantes: Fluência
controlada, tempo repentino, peso forte /ativo, espaço direto.
E) Relacionamentos: prefere estar em dupla.
Andrea Francklin Lomardo
174
F) Espaço: posicionamento em relação ao grupo e ao ambiente
(próximo, de frente para, lado a lado, etc). posiciona –se próximo ao grupo e
principalmente da amiga predileta (de frente para) Utiliza principalmente o nível
alto, mas também gosta de fazer movimentos no nível baixo.
G) Alcance da cinesfera (próximo, mediano, distante): distante.
Carla
A) Impressão geral: Gosta de estar em dupla, mas mesmo sozinha
arrisca-se e experimenta bastante. Usa bem o espaço da sala. Parece muito feliz
quando está dançando.
B) Corpo (parte mais ativa): Braços.
C) Principais ações realizadas: Giros e deslocamentos
D) Expressividade: qualidades dinâmicas predominantes: Fluência
controlada, tempo repentino, peso forte /ativo, espaço direto.
E) Relacionamentos: prefere estar em dupla, mas gosta também de
dançar sozinha.
F) Espaço: posicionamento em relação ao grupo e ao ambiente
(próximo, de frente para, lado a lado, etc). posiciona –se próximo ao grupo e
principalmente da amiga predileta (de frente para) Utiliza muito bem a variação de
níveis.
G) Alcance da cinesfera (próximo, mediano, distante): mediano.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
175
GRUPO B
Daniela
A) Impressão geral: Gosta de experimentar muitas possibilidades,
porém se isola ou fica tristonha quando o grupo faz uma coreografia (padronizada)
que não conhece.
B) Corpo (parte mais ativa): pernas e braços.
C) Principais ações realizadas: Saltos, giros e deslocamentos.
D) Expressividade: qualidades dinâmicas predominantes: Fluência
liberada, tempo repentino, peso forte /ativo, espaço indireto.
E) Relacionamentos: normalmente prefere dançar sozinha mas às
vezes propõe alguns momentos em dupla.
F) Espaço: posicionamento em relação ao grupo e ao ambiente
(próximo, de frente para, lado a lado, etc): Usa bem o espaço da sala, porém em
alguns momentos se isola e prefere ficar sozinha e distante do grupo.Quando em
dupla faz atividades lado a lado.
G) Alcance da cinesfera (próximo, mediano, distante): próximo.
Claudia
A) Impressão geral: Gosta de dançar e demonstra isso na forma
como se expressa. Explora diversas possibilidades de movimento e na maior parte
das vezes dança sozinha.
B) Corpo (parte mais ativa): pernas,braços e quadril.
C) Principais ações realizadas: Saltos e giros.
Andrea Francklin Lomardo
176
D) Expressividade: qualidades dinâmicas predominantes: Fluência
liberada, tempo repentino, peso forte /ativo, espaço indireto.
E) Relacionamentos: normalmente prefere dançar sozinha. Algumas
vezes forma dupla.
F) Espaço: posicionamento em relação ao grupo e ao ambiente
(próximo, de frente para, lado a lado, etc): Usa bem o espaço da sala, porém
prefere ficar no fundo da sala. Quando dança em dupla fica de frente para o seu
par.
G) Alcance da cinesfera (próximo, mediano, distante): distante.
Ana
A) Impressão geral: Arrisca bastante e o tempo todo procura se
relacionar. Prefere dançar em grupo.
B) Corpo (parte mais ativa): Quadril, braços e ombros.
C) Principais ações realizadas: Saltos, expansão e deslocamentos.
D) Expressividade: qualidades dinâmicas predominantes: Fluência
liberada, tempo sustentado, peso forte /ativo, espaço indireto.
E) Relacionamentos: prefere dançar em grupo ou em dupla., e quase
sempre se coloca lado a lado.
F) Espaço: posicionamento em relação ao grupo e ao ambiente
(próximo, de frente para, lado a lado, etc): Usa bem o espaço da sala, sempre
próximo ao grupo. Quase sempre se coloca lado a lado com o seu par..
G) Alcance da cinesfera (próximo, mediano, distante): distante.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
177
Mariana
A) Impressão geral: Gosta de experimentar muitas possibilidades,
explora movimentos diferentes, em alguns momentos para e observa.
B) Corpo (parte mais ativa): pernas, braços e quadril.
C) Principais ações realizadas: Saltos, giros e deslocamentos.
D) Expressividade: qualidades dinâmicas predominantes: Fluência
liberada, tempo repentino, peso forte /ativo, espaço direto.
E) Relacionamentos: normalmente prefere dançar sozinha mas as
vezes propõe alguns momentos em dupla.
F) Espaço: posicionamento em relação ao grupo e ao ambiente
(próximo, de frente para, lado a lado, etc): Usa bem o espaço da sala, porém
prefere ficar atrás do grupo. Quando dança em dupla se coloca de frente para o
seu par.
G) Alcance da cinesfera (próximo, mediano, distante): distante.
GRUPO B1
Paulo
A) Impressão geral: Adora fazer caretas ao dançar, principalmente
durante as coreografias da moda. Mas sabe todas. Quase sempre está em grupo
ou procurando por ele.
B) Corpo (parte mais ativa): Braços, pernas e quadril.
C) Principais ações realizadas: Saltos e deslocamentos.
Andrea Francklin Lomardo
178
D) Expressividade: qualidades dinâmicas predominantes: Fluência
liberada, tempo repentino, peso forte /ativo, espaço direto.
E) Relacionamentos: sempre em dupla ou em grupo.
F) Espaço: posicionamento em relação ao grupo e ao ambiente
(próximo, de frente para, lado a lado, etc). O tempo todo se desloca pela sala. Em
grupo ou em dupla se coloca de frente para o par.
G) Alcance da cinesfera (próximo, mediano, distante): mediano.
Bruno
A) Impressão geral: Intercala momentos de ficar sozinho ou com os
colegas. Caso não goste da música para e observa. Explora bastante várias
possibilidades de movimento. Utiliza outros níveis do espaço (principalmente o
médio).
B) Corpo (parte mais ativa): braços.
C) Principais ações realizadas: deslocamentos.
D) Expressividade: qualidades dinâmicas predominantes: Fluência
controlada, tempo repentino, peso forte /ativo, espaço direto
E) Relacionamentos: Gosta de dançar em dupla ou em grupo.
F) Espaço: posicionamento em relação ao grupo e ao ambiente
(próximo, de frente para, lado a lado, etc): Distante do grupo, mas quando está em
dupla se posiciona de frente para o colega.
G) Alcance da cinesfera (próximo, mediano, distante): próximo.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
179
Mauro
A) Impressão geral: todo o tempo passeia pela sala, prefere ficar
sempre acompanhado. Gosta de fazer movimentos engraçados, satirizando
situações ou músicas.
B) Corpo (parte mais ativa): Braços e quadril.
C) Principais ações realizadas: Saltos e deslocamentos.
D) Expressividade: qualidades dinâmicas predominantes: Fluência
controlada, tempo repentino, peso forte /ativo, espaço direto.
E) Relacionamentos: Preferencialmente está em grupo ou em dupla.
F) Espaço: posicionamento em relação ao grupo e ao ambiente
(próximo, de frente para, lado a lado, etc). Sempre próximo ao grupo e de frente
para o seu par.
G) Alcance da cinesfera (próximo, mediano, distante): próximo.
Pedro
A) Impressão geral: extremamente criativo, brinca com as
possibilidades de movimento. Experimenta, inventa, copia.
B) Corpo (parte mais ativa): braços.
C) Principais ações realizadas: saltos e deslocamentos.
D) Expressividade: qualidades dinâmicas predominantes: Fluência
controlada, tempo repentino, peso forte /ativo, espaço direto.
E) Relacionamentos: Gosta de dançar sozinho, em dupla ou em
grupo.
Andrea Francklin Lomardo
180
F) Espaço: posicionamento em relação ao grupo e ao ambiente
(próximo, de frente para, lado a lado, etc). Próximo ao grupo e quando está em
dupla se posiciona de frente para o colega.
G) Alcance da cinesfera (próximo, mediano, distante): mediano.
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
181
ANEXO K – Autorização para o uso de imagens
Autorização
Autorizo o uso de imagens do menor _____________________
____________________________ realizadas durante as aulas de Dança Criativa
no Colégio ______________no período de _____________________de 2004.
Estas imagens serão utilizadas como ilustrações, constituintes da
dissertação de mestrado ”A influência da mídia televisiva e de sua música no
significado da dança”, da pesquisadora Andrea Francklin Lomardo, que está
sendo realizada na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho”, no
Instituto de Biociências Campus de Rio Claro, sob a orientação da Profª D
Catia Mary Volp.
Assinatura do Pai ou Responsável
182
Andrea Francklin Lomardo
Anexo L – Fotos durante as intervenções nos Grupos A, B e B1
Figura 16 – grupo A durante intervenção
A influência da mídia televisiva e de sua música no significado da dança
183
Figura 17 – grupos B e B1 durante intervenção
184
Andrea Francklin Lomardo
ANEXO M - Música
CD com as músicas preferidas das crianças dos grupo A, B e B1
Livros Grátis
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