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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA
Área de Concentração: Odontologia em Saúde Coletiva
MARIANELLA AGUILAR VENTURA FADEL
A IMPORTÂNCIA DA MANUTENÇÃO DOS DENTES
DECÍDUOS NA PREVENÇÃO DO AGRAVAMENTO DAS MÁS
OCLUSÕES
Florianópolis/SC
2010
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MARIANELLA AGUILAR VENTURA FADEL
A IMPORTÂNCIA DA MANUTENÇÃO DOS DENTES
DECÍDUOS NA PREVENÇÃO DO AGRAVAMENTO DAS MÁS
OCLUSÕES
Tese submetida ao Programa de Pós-
Graduação em Odontologia da
Universidade Federal de Santa Catarina,
como requisito parcial para Obtenção do
Grau de Doutor em Odontologia.
Área de Concentração: Odontologia
em Saúde Coletiva.
Orientador: Prof. Arno Locks, Dr.
Florianópolis / SC
2010
Catalogação na fonte pela Biblioteca Universitária
da
Universidade Federal de Santa Catarina
F144i Fadel, Marianella Aguilar Ventura
A importância da manutenção dos dentes decíduos na
prevenção do agravamento das más oclusões [tese] /
Marianella Aquilar Ventura Fadel ; orientador, Arno Locks.
– Florianópolis, SC, 2010.
204 p.: Il., grafs., tabs., mapas
Tese (doutorado) – Universidade Federal de Santa
Catarina, Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-
Graduação em Odontologia.
Inclui referências
1. Odontologia. 2. Má Oclusão. 3. Dentes – Doenças.
4. Dentes decíduos. I. Locks, Arno. II. Universidade
Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em
Odontologia. III. Título.
CDU 616.314
MARIANELLA AGUILAR VENTURA FADEL
A IMPORTÂNCIA DA MANUTENÇÃO DOS DENTES
DECÍDUOS NA PREVENÇÃO DO AGRAVAMENTO DAS MÁS
OCLUSÕES
Esta Tese foi julgada adequada para obtenção do Título de
DOUTOR EM ODONTOLOGIA
e aprovada em sua forma final em 01 de setembro de 2010, atendendo às
normas da legislação vigente da Universidade Federal de Santa Catarina,
Programa de Pós- Graduação em Odontologia, Área de Concentração:
Odontologia em Saúde Coletiva.
___________________________________________
Prof. Ricardo Magini, Dr.
Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Odontologia
Banca Examinadora:
Prof. Arno Locks, Dr.
Presidente
Prof. Luís Carlos Machado
Miguel, Dr. - Membro
Prof. Mário Uriarte Neto, Dr.
Membro
Prof. Vera Lúcia Bosco, Dra.
Membro
Prof. Élito Araujo, Dr.
Membro
Prof. Gerson Ulema Ribeiro, Dr.
Membro
Prof. Calvino Reibinitz Júnio, Dr.
Suplente
À minha mãe, Laura,
À minha avó, Elisa,
Ao meu avô Antonio, (in
memorian),
Ao meu esposo, Luciano,
À Maria Laura, nossa filha, e,
À minha família, tão longe e tão
perto,
por tudo o que representam para
mim, agradeço, e dedico,
para sempre, todo o meu amor.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar à Deus, que me deu a vida, e “a la vida que me
ha dado tanto”.
Gostaria de expressar meus sinceros agradecimentos a muitos e
tantos queridos familiares e amigos os eternos, os novos, e os que
vamos reconhecendo ao longo do caminho aqueles que são os
presentes que damos à nós mesmos, levando-os no coração!
E como diz o poeta: “Tenho amigos que não sabem o quanto são
meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta
necessidade que tenho deles.... Até mesmo aqueles que não percebem o
quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas
existências... A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles
existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.
Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o
quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar... Mas é delicioso que eu
saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às
vezes, quando os procuro, noto que eles não têm noção de como me são
necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital!”
Ao Prof. Dr. Cleo Nunes de Souza, pela generosa solidariedade e
afeto inestimável, desde sempre. Por quem tenho muito carinho,
respeito, admiração e amizade!
À Profa. Dra. Inês Beatriz da Silva Rath, amiga querida, de horas
tristes e alegres, à quem admiro muito profissional e pessoalmente.
Ao Prof. Élito Araújo, com quem tenho a enorme satisfação de
conviver na mesma disciplina, e aprender muito, diariamente. Você é
um exemplo para mim!
À Profa. Dra. Ana Paula Soares Fernandes Lamha, amiga
querida, de quem sinto saudades, a quem desejo tudo de bom que
nessa vida: amor, saúde e felicidade.
Ao Prof. Dr. Gilberto Muller Arcari, amigo querido de longa
data, a quem muito admiro.
À Profa. Dra. Maria de Lourdes de Souza, por quem tenho grande
carinho, admiração e respeito. Agradeço pela amizade de sempre, com a
mãe e com a filha!
Ao Prof. Nelson Makoviecky, pelo exemplo de disponibilidade e
generosidade.
À D. Talita, pela pessoa que é, sempre amável, positiva, disposta
e de bem com a vida!
Ao Prof. Dr. Edson Medeiros de Araújo, pela amizade e carinho.
Ao Prof. Dr. Daltro Enéas Ritter, amigo querido, desde a
graduação, obrigada pela sua gentileza e carinho de sempre, além da
valiosa contribuição neste trabalho, antes mesmo de ser um projeto.
Às Professoras Doutoras Maria Helena Pozzobon e Mirian Marly
Becker, obrigada pelo exemplo e carinho de sempre.
Ao Prof. Dr. Guilherme Carpena Lopes, pelo seu exemplo
profissional e pessoal.
À Profa. Dra. Carla Derech pela contribuição na qualificação
deste trabalho. Obrigada pelo incentivo e sugestões!
Aos para-sempre-professores, de quem tenho orgulho de ter sido
aluna.
Aos professores e colegas de Mestrado e Doutorado deste
Programa.
Aos alunos do Curso de Graduação em Odontologia da UFSC,
pelo incentivo cotidiano no exercício da Docência,
A todos os participantes desta pesquisa, especialmente às
crianças, que com sua alegria tornaram mais agradável esta jornada.
À Secretaria Municipal de Educação e de Saúde, aos Diretores
das Escolas Públicas Municipais, às Professoras da rede pública
municipal de educação.
À Cirurgiã-Dentista Adria Figueira Dias, pelo carinho e
inestimável auxílio na coleta de dados,
Ao Cirurgião-Dentista Leonardo Koerich de Paula, pelo carinho e
precisão na digitação dos dados,
Ao Prof. Adriano Borgatto e à Doutoranda Kelly Samara da
Silva, pelo suporte estatístico neste trabalho, desde a sua concepção até
a sua conclusão,
Ao Sr. Carlos Alberto Leal da Costa, incansável na formatação e
revisão das referências deste trabalho, muito obrigada pela sua ajuda,
À Bel. Valda Zani, pela agradável convivência,
À Renata Natividade, pela sua gentileza de sempre,
À Bel. Ana Maria Vieira Frandolozo, notável pelo seu empenho
junto à Pós-Graduação, obrigada pela presteza e dedicação,
Ao Departamento de Odontologia desta universidade, na pessoa
do Prof. Dr. Mauro do Amaral Caldeira de Andrada, pela amizade,
confiança, apoio e incentivo,
Aos Professores Luís Carlos Machado Miguel, Mário Uriarte
Neto, Gerson Ulema Ribeiro, Élito Araújo, Vera Lúcia Bosco e Calvino
Reibinitz Júnior, pela valiosa contribuição através da participação na
Banca Examinadora deste trabalho.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
– CAPES, pela bolsa concedida.
À UFSC por ser uma extensão do meu lar, e, que me
proporcionou toda minha formação profissional, desde a 5a série, no
meu para-sempre-amado Colégio de Aplicação.
muito mais a quem agradecer... Assim, agradeço a todos
aqueles que, embora não citados, me brindaram com seu inestimável
apoio em diversos momentos e muitas vezes apenas por suas carinhosas
presenças, muito obrigado!
AGRADECIMENTO MUITO ESPECIAL
Aos queridos amigos da Disciplina de Clínica Integrada,
professores, funcionários, alunos, colegas de doutorado; com quem
compartilho cotidianamente várias horas de trabalho, sempre num clima
excelente, descontraído e muito produtivo.
Aos Professores com quem tenho orgulho de lecionar, visto que
foram e são fonte de inspiração desde quando eu era aluna de graduação.
Muito obrigada pelo incentivo, carinho e companheirismo!!
Cada um de vocês ocupa um lugar especial no meu coração!
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
Ao meu orientador Professor Dr. Arno Locks:
As palavras são insuficientes para expressar toda minha gratidão,
mas tenho que dizer o quanto estou honrada por ter a oportunidade de
conviver e aprender contigo neste período, o quanto os teus gestos me
ensinaram, o quanto tuas palavras me estimularam, e o quanto teu
exemplo como profissional, e, sobretudo, como ser humano me
inspiraram.
Com tua generosidade, com teu bom humor, com teu sorriso
franco, com teu sempre-incentivo à minha autonomia, comprovei mais
uma vez que a vida vale à pena e que o trabalho pode sim ser (e é!!) uma
fonte de prazer e realização.
Minha mais profunda admiração,
Meu carinho mais sincero e
A minha eterna gratidão.
AGRADECIMENTOS SUPER ESPECIAIS
À professora Vera Lúcia Bosco, por quem tenho profunda
admiração, respeito e amizade. A quem me falta palavras para agradecer
tudo o que têm feito por mim, transcendendo as portas da universidade,
estimulando-me sempre a seguir em frente.
Sou inteiramente grata por essa orientação que ultrapassa a tese,
bem como pelo imenso carinho nos momentos de dificuldade e também
pelos momentos divertidos e bem-humorados, que não foram poucos.
Além dos comentários e observações a respeito do texto e as ricas lições
sobre os temas mais diversos, valorizo, sobretudo, a sua amizade.
MAIS AGRADECIMENTOS
EXISTEM AQUELES QUE SERVEM DE EXEMPLO PARA
AQUILO QUE NÃO GOSTARIA DE SER OU FAZER, E POR ISSO
LHES AGRADEÇO, POR ME MOSTRAR QUAL CAMINHO NÃO
DEVO, NÃO QUERO E NÃO VOU SEGUIR. E que me trazem a
lembrança de um conto que li e jamais esqueci: Um jovem perguntou a
seu avô por que a vida, às vezes, tinha que ser tão difícil. O avô disse:
“Na vida momentos de tristeza e de alegria, de perdas e de ganhos,
momentos em que caímos e outros que nos reerguemos, de fome e de
fartura, momentos em que nos deparamos com a maldade e, em outros,
com a bondade. Na vida tudo tem dois lados. Fraquezas e forças;
vontade de vencer e disposição para perder, o medo e a coragem. A
vida pode lhe dar força. A força pode vir a partir do enfrentamento das
tempestades da vida, a partir do conhecimento da perda, do sentimento
de tristeza e pesar. É preciso permanecer firme na tempestade, porque
ela não está tentando derrubá-lo, mas, na realidade, está tentando
ensiná-lo a ser forte. Ser forte significa dar mais um passo em direção
ao topo da montanha, por mais exausto que você possa estar. Significa
permitir que as lágrimas rolem através do pesar. Significa ter
esperança de que o sol nascerá outra vez. Cada passo, por mais difícil
que seja, é um passo que nos aproxima um pouco mais do topo da
montanha. Manter viva a esperança nos leva à luz do próximo nascer
do sol e à promessa de um novo dia. O passo mais fraco em direção ao
topo da montanha, em direção ao nascer do sol, em direção à
esperança, é mais forte do que a mais violenta das tempestades. Keep
going!”
FADEL, Marianella Aguilar Ventura. A importância da manutenção dos
dentes decíduos na prevenção do agravamento das más oclusões. 2010.
204f. Tese (Doutorado em Odontologia) – Programa de Pós-Graduação em
Odontologia, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2010.
RESUMO
`
Introdução: Os dentes decíduos são considerados pilares no desenvolvimento
da oclusão, no entanto, a sua perda ainda é muito freqüente, e têm como
principal fator etiológico a cárie dentária. O objetivo deste trabalho foi
identificar os aspectos preditivos da perda precoce de dentes decíduos no
agravamento das más oclusões em crianças de 6 a 8 anos de idade. Material e
Métodos: Foi realizado um estudo transversal observacional quantitativo, cujo
universo foi composto pelos 7.636 alunos das 32 escolas públicas municipais de
Florianópolis. Foram examinadas 547 crianças de ambos os sexos, com idade
entre 6 e 8 anos, estudantes do ensino fundamental. A anamnese e o exame
clínico odontológico foram efetuados no pátio, sob luz natural com as crianças
sentadas em cadeiras da própria escola e utilizando espátulas descartáveis. As
anotações foram realizadas nas fichas clínicas de cada participante, no entanto
para a documentação dos achados mais representativos do estudo foram
realizadas fotografias extra e intra-orais. Foram incluídos no estudo 528
escolares, sendo 51,5% meninas e 48,5% meninos. Discussão: Em ambos os
sexos, os dentes mais acometidos pela perda foram os primeiros molares
decíduos aos seis anos de idade. Das variáveis investigadas, 63,4% das crianças
apresentaram má-oclusão e 21,8% tiveram perda dental precoce. Observou-se
forte associação entre oclusão com perda dental precoce e o aumento da
idade, presença de cárie e higiene bucal. A prevalência de oclusão foi
maior nas meninas de 8 anos de idade que apresentaram perda dental precoce,
interposição lingual e higiene bucal. Conclusão: O presente estudo permite
concluir, que, é necessário que políticas públicas incentivem boas práticas de
higiene bucal, visando combater a doença cárie, que ainda é diretamente
responsável pela perda dental precoce em crianças, prevenindo a manifestação e
o agravamento de más oclusões possíveis de prevenir e corrigindo
precocemente problemas iniciais.
Palavras-chave: Más oclusões. Perda dental precoce. Dentes decíduos.
FADEL, Marianella Aguilar Ventura. The Importance of maintenance of
deciduous teeth in prevention of malocclusions aggravation. 2010. 204 f.
Thesis (Doctorate in Dentistry) Graduate Program in Dentistry, Federal
University of Santa Catarina, Florianópolis, 2010.
ABSTRACT
Deciduous teeth are considered cornerstones in the development of occlusion,
however, loss is still very frequent, and their main etiological factor in dental
caries. The aim of this study was identify predictive aspects of early loss of
deciduous teeth in malocclusions aggravation in 6-8 years old children. A cross-
sectional observational quantitative study was conduced, the universe was
composed of 7636 students from 32 public schools in Florianopolis. 547
children of both sexes, aged between 6 and 8 years, elementary school students
was examined. Clinical examination were performed in the courtyard, under
natural light with children sitted in school's chairs and using disposable
spatulas. The notes were taken at the medical records of each participant,
however for the documentation of representative findings of the study were
taken extra and intra-oral photographs. The study included 528 students, 51.5%
girls and 48.5% boys. In both sexes, the teeth most affected by the loss were the
first primary molars at six years old. Of the variables investigated, 63.4% of
children had malocclusion and 21.8% had early tooth loss. A strong association
between malocclusion and early tooth loss with increasing age, presence of
caries and poor oral hygiene. The prevalence of malocclusion was higher in
girls with 8 years old, who had an early loss of teeth, tongue interposition and
poor oral hygiene. A strong association between malocclusion and early tooth
loss with increasing age, presence of caries and poor oral hygiene. This study
indicates the need of public politics, encourage good hygiene practices in order
to combat caries, which is still directly responsible for tooth loss in children,
preventing the outbreak and avoid malocclusions possible to prevent and
correcting early problems.
Key words: Malocclusion. Early dental loss. Deciduous teeth.
FADEL, Marianella Aguilar Ventura. La importancia del mantenimiento de
los dientes deciduales en la prevención del agravamiento de las
maloclusiones. 2010. 204 f. Tesis (Doctorado en Odontologia) Programa de
Post Grado en Odontologia, Universidad Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, 2010.
RESUMEN
Introducción: Los dientes deciduales se consideran piedras angulares en el
desarrollo de la oclusión, sin embargo, su pérdida és aún muy frecuente, y su
principal factor etiológico és la caries dental. El objetivo de este trabajo fue
identificar los aspectos predictivos de la pérdida precoz de los dientes
deciduales en el agravamiento de las maloclusiones en niños de 6 a 8 os de
edad. Material y Método: Se realizó un estudio transversal observacional
cuantitativo, cuyo universo estuvo constituido por 7636 estudiantes de las 32
escuelas públicas municipales de Florianópolis. Se examinaron 547 niños de
ambos sexos, con edades comprendidas entre 6 y 8 años, estudiantes de
escuelas primarias. La historia dental y el examen clínico fueron realizados en
el patio, bajo la luz natural con los niños sentados en sillas de la propia escuela
y con espátulas desechables. Las notas fueron tomadas en el historial médico de
cada participante. Para la documentación de los hallazgos más representativos
del estudio fueron realizadas fotografías extra e intra-orales. En el estudio
participaron 528 estudiantes, siendo 51,5% de niñas y 48,5% de niños.
Discussion: En ambos sexos, los dientes más afectados por la pérdida fueron los
primeros molares deciduales a los seis años de edad. De las variables
investigadas, 63,4% de los niños presentó maloclusión y 21,8% presentó
pérdida dental precoz. Se observó una fuerte asociación entre maloclusión con
pérdida dental precoz y el aumento de la edad, presencia de caries e higiene
bucal inadecuada. La prevalencia de maloclusión fue mayor en las niñas de 8
años de edad que presentaron pérdida dental precoz, interposición lingual e
higiene oral deficiente. Conclusión: El presente estudio permitió concluir, que,
és necessário que políticas públicas incentiven las buenas prácticas de higiene
bucal, buscando combatir la enfermedad caries dental, que todavia és
directamente responsable por la pérdida dental precoz en niños, previniendo
maloclusiones possibles de prevenir y corrigiendo precozmente problemas
iniciales.
Palavras-clave: Maloclusion. Pérdida dental precoz. Dientes deciduales.
FADEL, Marianella Aguilar Ventura. L'importance de l'entretien des dents
de lait dans la prévention de l'aggravement des malocclusions. 2010. 204 f.
Thèse (Doctorat en Odontologíe) Programme de Post Graduation en
Odontologíe, Université Fédérale de Santa Catarina, Florianópolis, 2010.
RÉSUMÉ
Introduction: Les dents de lait sont considérés des piliers dans le
développement de l'occlusion, cependant leur perte est encore trés fréquente, et
a comme principal facteur étiologique la carie dentaire. L'objectif de ce travail a
été d'identifier les aspects prédictifs de la perte précoce des dents de lait dans le
cas de l'aggravation des malocclusions chez les enfants de 6 à 8 ans. Matériel et
Méthodes: Il s'agit d'une étude transversale, observationnelle et quantitative,
dont l'univers est composé par les 7.636 éléves des 32 écoles publiques
municipales de Florianópolis. Ont été examinés 547 enfants des deux sexes,
d'un âge entre 6 et 8 ans, étudiants du premier cycle d'enseignement.
L'anamnése et l'examen clinique dentaire ont été effectués dans la cour de
l'école, sous une lumière naturelle avec les enfants assis sur des chaises de la
propre école et à l'aide des spatules jetables. Les résultats ont été notés dans les
dossiers cliniques de chaque participant, cependant pour la documentation des
résultats les plus représentatifs de l'étude ont été réalisées des photographies
extra et intra-orales. Ont été inclus dans l'étude 528 écoliers, 51,5% étant des
filles et 48,5% des garçons. Discussion: Pour les deux sexes, les dents les plus
touchées par la perte ont été les premières molaires de lait à six ans. Les
variables étudiées ont indiqué que 63,4% des enfants ont présenté une
malocclusion et 21,8% ont eu une perte précoce des dents. Il a été observé une
forte association entre la malocclusion avec la perte précoce des dents et
l'augmentation de l'âge, la présence de carie et une mauvaise hygiène bucco-
dentaire. La prédominance de la malocclusion a été plus élevé chez les filles de
8 ans qui ont présenté une perte précoce des dents, une interposition de la
langue et une mauvaise hygiène buccale. Conclusion: Cette étude permet de
conclure qu'il est nécessaire que les politiques publiques encouragent les bonnes
pratiques d'hygiène bucco-dentaire afin de lutter contre la carie, qui est toujours
directement responsable de la perte précoce des dents chez l'enfant, en
prévenant les malocclusions qu'il est possible de prévenir et en corrigeant les
premiers problèmes dés le début.
Mots-clés: Malocclusion. Perte dentaire precoce. Dents de lait.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Perfil Facial e Relação Molar segundo a Classificação de
Más Oclusões de Angle ...................................................... 42
Figura 2 - Relação das Superfícies distais dos Segundos Molares
Superiores e Inferiores Decíduos ........................................ 45
Figura 3 - Relação de Molares Decíduos Superiores e Inferiores. ....... 46
Figura 4Relação Oclusal dos Molares Decíduos e possíveis
conseqüências na Relação Oclusal dos Molares
Permanentes........................................................................ 47
LISTA DE QUADROS
Quadro 1Cronologia do Desenvolvimento Dentário Decíduo. ........ 44
Quadro 2Cronologia de Erupção dos Dentes Permanentes. ............. 51
Quadro 3 – Fatores Extrínsecos ........................................................... 53
Quadro 4 – Fatores Intrínsecos ............................................................ 54
LISTA DE ABREVIATURAS
PPDD – Perda precoce de dentes decíduos
MO - Má oclusão
CD – Cárie dentária
HB – Higiene bucal
HBA – Higiene bucal adequada
HBI - Higiene bucal inadequada
TCLE – Termo de consentimento livre e esclarecido
CEP – Comitê de ética em pesquisa
WHO – Word health organization
OMS – Organização mundial da saúde
IED – Índice de estética dental
IOTN – Índice de necessidade de tratamento ortodôntico
DHC – Dental health component
AC – Aesthetic component
USPHS – Divisão de saúde pública do serviço americano de saúde pública
CNS – Conselho nacional de saúde
SPSS – Statistical package for the social science
RP – Razão de prevalência
SUMÁRIO
CAPÍTULO I ....................................................................................... 33
1.1 INTRODUÇÃO .............................................................................. 35
1.2 REVISÃO DA LITERATURA .................................................... 39
1.2.1 Dentição decídua- características e importância .......................... 43
1.2.2 Dentadura mista - características e importância ........................... 47
1.2.3 Dentição permanente - características e importância ................... 50
1.2.4 Etiologia das más oclusões ........................................................... 52
1.2.5 Fatores que contribuem para a perda precoce dos dentes
decíduos ....................................................................................... 55
1.2.6 Conseqüências das perdas precoces dos dentes decíduos ............ 57
1.2.7 Atitudes ortodônticas preventivas para eliminar ou minimizar os
efeitos das perdas dentais precoces .............................................. 58
CAPÍTULO II ...................................................................................... 61
ARTIGO I - PREVALÊNCIA DE PERDA PRECOCE DE DENTES
DECÍDUOS EM ESCOLARES DE 6 A 8 ANOS DE IDADE NO
MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC-BRASIL .................... 65
ARTIGO II - PREVALÊNCIA DE MÁ OCLUSÃO EM ESCOLARES
DE 6 A 8 ANOS DE IDADE NO MUNICÍPIO DE
FLORIANÓPOLIS – SC - BRASIL ............................................ 79
ARTIGO III - AGRAVAMENTO DE MÁ OCLUSÃO PELA PERDA
PRECOCE DE DENTES DECÍDUOS ........................................ 95
ARTIGO IV - DISTRIBUIÇÃO DE PERDA PRECOCE DE DENTES
DECÍDUOS E MÁ OCLUSÃO NO MUNICÍPIO DE
FLORIANÓPOLIS: UM MAPA INTELIGENTE .................... 111
CAPÍTULO III .................................................................................. 129
3.1 CONCLUSÃO GERAL .............................................................. 131
CAPÍTULO IV .................................................................................. 133
REFERÊNCIAS ................................................................................ 135
CAPÍTULO V APÊNDICES ............................................................ 143
APENDICE A - METODOLOGIA EXPANDIDA ............................ 145
APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E
ESCLARECIDO AOS PAIS E/OU RESPONSÁVEIS ............. 160
APÊNDICE C – SOLICITAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO À
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE
FLORIANÓPOLIS/SC .............................................................. 161
APÊNDICE D – FICHA CLÍNICA .................................................... 162
APÊNDICE E – FOTOS REPRESENTATIVAS DOS AGRAVOS .. 164
CAPÍTULO VI ANEXOS ................................................................ 175
ANEXO A – ESCOLAS DE ENSINO FUNDAMENTAL DA REDE
MUNICIPAL DE ENSINO, NÚMERO DE ALUNOS POR
SÉRIE JUNHO / 2008 ............................................................... 177
ANEXO B – CERTIFICADO CEP .................................................... 179
ANEXO C – NORMAS PARA PUBLICAÇÃO NA REVISTA
COMMUNITY DENTISTRY AND ORAL EPIDEMIOLOGY180
ANEXO D – NORMAS PARA PUBLICAÇÃO NO AMERICAN
JOURNAL OF ORTHODONTICS AND DENTOFACIAL
ORTHOPEDICS ........................................................................ 190
ANEXO E – NORMAS PARA PUBLICAÇÃO NA REVISTA ANGLE
ORTHODONTIST .................................................................... 195
ANEXO F – NORMAS PARA PUBLICAÇÃO NA REVISTA
CADERNOS DE SAÚDE PÚBLICA ....................................... 199
CAPÍTULO
I
1.1 INTRODUÇÃO
A Odontologia Contemporânea preconiza que as condutas
profissionais devem ter abordagem conservadora, promovendo a
manutenção dos dentes nas arcadas dentárias devido à sua relação direta
com a qualidade de vida das pessoas. Nas últimas décadas, as medidas
promotoras de saúde foram decisivas nas mudanças ocorridas nos níveis
de saúde bucal de muitas populações (OPAS/OMS, 2007;
JUNQUEIRA; FRIAS; ZILBOVICIUS, 2004).
No entanto, as extrações dentárias ainda são muito freqüentes, e
têm como principal fator etiológico a cárie dentária (LIVNY et al ,
2007; OPAS/OMS, 2007). Quando as perdas precoces ocorrem na
dentição decídua, os prejuízos podem se estender à dentição permanente
e interferir no desenvolvimento dos tecidos ósseos e musculares da face,
e desta forma contribuir para o estabelecimento e/ou agravamento de
más oclusões (CARDOSO, 2005; KORYTNICKI,1994; MENEZES et
ARAÚJO, 1992/1993; NOGUEIRA et al,1998).
O termo oclusão possui alguns sinônimos, tais como
oclusopatia e maloclusão. Os problemas de oclusão são denominados de
oclusopatias conforme nomenclatura empregada por SIMÕES (1978).
Para o autor, apesar de apresentarem grafias semelhantes essas palavras
não podem ser consideradas sinônimos, pois, muito tempo, a oclusão
deixou de ser um ato ou uma ação, e hoje pode e deve ser considerada,
ainda mais no âmbito científico e odontológico, um objeto de
conhecimento e de intervenção. SUMMERS (1971) critica o uso do
termo má oclusão, argumentando que seu emprego leva a uma
interpretação relacionada mais a um estado invariável do que a um
continuum [termo por ele utilizado sugerindo a noção de processo]. Ele
usa o termo desordens oclusais, por entender que, essa expressão indica
qualquer variação na oclusão funcional ou esteticamente inaceitável.
No presente estudo, apesar de considerar e respeitar a opinião dos
citados autores, optou-se pelo termo “má oclusão” por ser empregado
dessa forma nos Descritores de Ciências da Saúde (DeCS) da Biblioteca
Virtual em Saúde (BVS – http://www.bireme.br).
A perda precoce de dentes decíduos pode provocar nas crianças
distúrbios de fonação, redução da capacidade mastigatória, problemas de
ordem psicológica e instalação de hábitos bucais viciosos, favorecendo a
instalação de más oclusões. Os dentes decíduos são considerados os
pilares no desenvolvimento da oclusão tanto na dentição decídua, mista
ou permanente. Em virtude disto, esforços devem ser feitos para mantê-
los hígidos e em sua posição no arco dental.
O aspecto estético exerce grande influência na integração social
dos indivíduos, assim, as más oclusões podem ser incluídas entre as
alterações bucais que mais interferem na qualidade de vida da
população, pois afetam a estética facial, causam prejuízos à mastigação,
à fala, à interação social e diminuem o sentido de bem-estar.
Assim, ao estabelecer uma escala de prioridades dos problemas
bucais, a Organização Mundial de Saúde (World Health
Organization/Fédération Dentaire Internationale, 1989, apud Bresolin)
classificou a cárie dentária como o problema mais prevalente, seguida
da doença periodontal e das más oclusões que ocupam a terceira posição
em relevância. Portanto, as más oclusões são consideradas um problema
de Saúde Pública, pois apresentam alta prevalência, existe a
possibilidade de prevenção, controle e tratamento, no entanto, tais
métodos não estão sendo utilizados de modo adequado pelas
comunidades e desta forma, interferem na qualidade de vida dos
indivíduos.
Apesar das mudanças que vêm ocorrendo no quadro
epidemiológico da saúde bucal no Brasil, com uma redução acentuada
da cárie dentária na infância, o campo de trabalho em relação às más
oclusões é amplo e ainda pouco explorado. Poucos serviços de saúde
oferecem atendimento voltado para este problema, ficando a maioria da
população com necessidades acumuladas e sem acesso tanto aos
recursos mais simples de prevenção quanto aqueles de tratamento mais
complexo (FRAZÃO, 1999).
Na atualidade, as atitudes preventivas estão presentes e guiam as
condutas, sendo assim, pequenas intervenções podem minimizar o
desenvolvimento de problemas oclusais que, sem intervenção com o
decorrer do tempo, vão acarretar em grandes desvios, trazendo sérias
dificuldades de tratamento, sobretudo sob o ponto de vista técnico e
social (HEBLING et al, 2007; ARAUJO, 1988).
A relevância da prevenção das perdas precoces de dentes
decíduos consiste em promover melhorias na qualidade de vida da
população e minimizar os prejuízos acarretados à saúde pública, visto
que são problemas de fácil prevenção desde que abordados
precocemente, embora a resolução da cárie e dos problemas dela
decorrentes extrapolem o âmbito da saúde, invadindo a área social
(DIAS, 2008; MARQUES, 2005; PERES, 2002).
A discussão quanto ao diagnóstico da relação existente entre a
perda precoce de dentes decíduos, e o agravamento das más oclusões
pode ser uma das estratégias para redução dos danos à saúde bucal das
36
crianças. Isto porque se a ação terapêutica e preventiva incidir mais
precocemente nos indivíduos mais chances de sucesso e menores serão
as possibilidades de agravos à dentição permanente (HEBLING et al,
2007).
Ao se determinar as necessidades de tratamento ortodôntico em
serviços públicos deve ser considerada a relação existente entre o
aparecimento de problemas oclusais e os aspectos sociais e psicológicos
destes na população, associando ao diagnóstico profissional os aspectos
subjetivos culturais da população (DIAS, 2008; MARQUES, 2005;
PERES, 2002).
Devido ao alto custo e conseqüente escassez de recursos
destinados à abordagem terapêutica das más oclusões, deveria ser
fortalecida uma abordagem preventiva que considerasse aspectos mais
amplos do que apenas a ocorrência de casos, mas também fatores
culturais considerados de risco e alguns aspectos sistêmicos
relacionados à etiologia das más oclusões (HEBLING, 2007; PERES,
2002).
O conhecimento das alterações oclusais, nos serviços públicos de
saúde, visa identificar os indivíduos de acordo com a prioridade das suas
necessidades para que seja possível planejar as ações e os recursos
necessários para a realização dos tratamentos. Conhecer o impacto das
más oclusões na qualidade de vida das pessoas usuárias do Sistema
Único de Saúde SUS permitiria uma definição das condições oclusais
da população, e, por conseguinte do melhor destino para os recursos
necessários para prevenir e tratar este tipo de problema (ANACLETO,
2007; HEBLING, 2007).
O tratamento precoce inclui a eliminação dos fatores etiológicos
da oclusão e a prevenção da progressão das desarmonias dentárias,
esqueléticas e funcionais. Obtendo-se um ambiente dento facial mais
favorável, guiando a irrupção dentária para posições normais nos arcos e
reduzindo as discrepâncias esqueléticas por meio de redirecionamento
do crescimento facial, pode-se minimizar ou até mesmo eliminar a
necessidade de tratamentos complexos durante a dentição permanente
(DIAS, 2008; HEBLING, 2007; MARQUES, 2005; ARAUJO, 1988).
A presente proposta de pesquisa é direcionada pelas seguintes
perguntas: Qual a relação entre a perda precoce de dentes decíduos e o
estabelecimento/aparecimento de más oclusões no município de
Florianópolis? Qual a relação entre a perda precoce de dentes decíduos e
o agravamento das más oclusões na capital catarinense? Na existência
desta relação, quais as medidas preventivas e interceptativas
ortodônticas que podem ser adotadas nos serviços públicos de saúde na
37
atenção básica?
Portanto, o presente trabalho apresenta como objetivo geral:
relacionar perda precoce de dentes decíduos e má oclusão; e como
objetivos específicos: estimar a prevalência da perda precoce de dentes
decíduos; estimar a prevalência das más oclusões, de acordo com a
classificação de Angle; estimar a prevalência da perda precoce de dentes
decíduos, relacionando à presença de más oclusões e identificar a
relação entre perda precoce de dentes decíduos e agravamento de más
oclusões; (identificar os aspectos preditivos da perda precoce de dentes
decíduos no agravamento das más oclusões).
38
1.2 REVISÃO DA LITERATURA
Literalmente, o termo oclusal é relativo ao “ato de fechar ou o
estado de estar fechado” e, na Odontologia, “é a relação dos dentes
maxilares e mandibulares quando estão em contato funcional durante a
atividade da mandíbula” (DORLAND, 1985). Para este autor, Oclusão
abrange todos os fatores que causam, afetam, influenciam ou resultam
da posição mandibular, de sua função, parafunção e disfunção. Implica
mais do que relações de contato oclusal da dentição e inclui a referência
a um sistema musculoesquelético biomecânico dinâmico: o sistema
mastigatório.
O conceito de oclusão foi inicialmente desenvolvido no final do
século XIX a partir da necessidade de recuperação protética dos dentes,
que eram freqüentemente extraídos, quando se encontravam
desalinhados ou apinhados. De acordo com o desenvolvimento dos
conceitos de oclusão protética, eles foram estendidos à dentição natural,
tendo Edward Hartley Angle um grande destaque no desenvolvimento
de um conceito de oclusão da dentição natural. A publicação , em 1899,
da classificação das más oclusões por Angle foi um passo importante,
pois, subdividiu os principais tipos de oclusão e definiu de forma
clara e simples a oclusão normal na dentição natural (PROFFIT, 1995).
Para Angle, os primeiros molares superiores são a chave de
oclusão; assim, os molares superiores e inferiores devem se relacionar
de forma que a cúspide mesiovestibular do molar superior oclua no
sulco vestibular do molar inferior. Existindo esta relação molar, e
estando os dentes posicionados numa linha de oclusão com uma curva
suave, se tem como resultado uma oclusão normal (ANGLE, 1899;
PROFFIT, 1995).
Geralmente, normal implica comum, mediana ou ausência de
doenças, enquanto ideal significa estar de acordo com um padrão pré-
determinado de relações dentais perfeitas e harmoniosas. Na maioria das
vezes, estes termos referem-se somente a posições estáticas, em vez de
funcionais, sendo difíceis de utilizar, porque são facilmente relacionados
com interpretações individuais (KROUGH-POULSEN, 1973;
RAMFJORD, 1983 apud MOHL et al, 1989).
É possível classificar como normal uma boca onde todos os
dentes estejam presentes e ocluam de maneira saudável, estável e
agradável, mas com variações na posição dentro de limites normais
mensuráveis. É possível, também que ninguém tenha visto uma oclusão
perfeita ou ideal, mas isto não diminui o uso prático do conceito, pois
cada dentista que trata oclusões deve ter um padrão ideal em mente,
mesmo que nunca seja atingido. A natureza por si só, raramente
apresenta uma oclusão ideal. Seu melhor esforço está dentro de uma
escala de normalidade (MOYERS, 1991).
Oclusão normal individual pode ser definida como vinte e oito
dentes corretamente ordenados no arco e em harmonia com todas as
forças estáticas e dinâmicas que atuam sobre eles; ou antes, a oclusão
normal é uma oclusão estável, saudável e esteticamente atrativa
(FERREIRA, 1998).
Para Berkovitz et al (1978) as características da oclusão ideal são
aquelas: 1) onde os dentes são alinhados de tal modo, que as cargas
mastigatórias ficam dentro da variação fisiológica e atuam através dos
eixos longitudinais no máximo possível de dentes no arco, 2) onde os
movimentos maxilares e laterais ocorrem sem interferência mecânica
indevida, 3) onde, na posição de repouso do maxilar, o espaço entre os
dentes, o espaço livre é adequado para o indivíduo em questão, 4) onde
o alinhamento dental é esteticamente agradável para o paciente. Estes
autores concluem que a função ótima e a ausência de doença é a
principal característica de uma boa oclusão.
No entanto, para Vig (1997) oclusão não é doença, nem pode
ser definida como um estado biologicamente anormal. Nas populações
humanas, existem variações aceitáveis de configuração esquelético-
dentária e da aparência facial “normal” e ideal”, embora não sejam
globalmente uniformes. Diferem geográfica e demograficamente, e
ainda, com a mudança da moda ao longo do tempo (VIG, 1997).
A oclusão teoricamente ideal é raramente encontrada, devido à
enorme variação de possibilidades de definição ou de descrição que
resulta das influências genéticas. Contudo, na ausência de dados
normativos, a oclusão teoricamente ideal é útil para identificar uma
gama de parâmetros idealizados, contra os quais, as variações podem ser
comparadas (MOHL et al, 1989).
As más oclusões são definidas por Wylie (1947) como uma
relação alternativa de partes desproporcionadas. Suas alterações podem
afetar simultaneamente quatro sistemas: dentes, ossos, músculos e
nervos. Alguns casos mostram irregularidades somente na posição
dental. Outros podem apresentar dentes alinhados ou bem posicionados
existindo, todavia, uma relação basal anormal. As más oclusões podem
ser displasias dentais, esqueléticas e dentoesqueléticas (WYLIE, 1947
apud FERREIRA, 1998).
Uma das primeiras classificações ortodônticas foi realizada em
1842, por Carabelli, que dividia as más oclusões em: Mordex normalis
40
(oclusão normal); Mordex rectus (contato incisal de topo a topo);
Mordex abertus (ausência de contato oclusal, ou mordida aberta);
Mordex prorsus (desequilíbrio oclusal por protrusão); Mordex retrorsus
(desequilíbrio oclusal por retrusão); e Mordex tortusus (inversão da
oclusão no sentido vestíbulolingual ou mordida cruzada) (CARABELLI,
1842 apud FERREIRA, 1998).
A Classificação das más oclusões elaborada e publicada por
Angle em 1899 é até os dias atuais utilizada amplamente para
referenciar os três diferentes tipos de más oclusões na dentição
permanente, baseado na relação oclusal dos primeiros molares. O autor
pressupôs que o primeiro molar superior permanente ocupava uma
posição estável no esqueleto craniofacial, e que as desarmonias
decorriam de alterações anteroposteriores da arcada em relação a ele. As
classes de más oclusões foram divididas em I, II e III:
CLASSE I relação normal dos molares, mas a linha de
oclusão está incorreta por mau posicionamento dentário,
rotações ou outras causas.
CLASSE II o molar inferior está posicionado distalmente
em relação ao molar superior, sem ter especificações para a
linha de oclusão.
CLASSE III – o molar inferior está posicionado mesialmente
em relação ao molar superior, sem maiores especificações
para a linha de oclusão.
A classificação de Angle tem quatro classes: oclusão normal,
Classe I, Classe II e Classe III. A oclusão normal e a oclusão Classe
I possuem a mesma relação molar, mas diferem no arranjo dos dentes no
que tange à linha de oclusão. Esta pode ou não ser correta nas Classes II
e III. O Perfil Facial e a Relação Molar segundo a Classificação de
Maloclusões de Angle pode ser observado na Figura 1 (MOYERS,
1991).
As más oclusões podem ser influenciadas por fatores genéticos,
ambientais e comportamentais, como por exemplo, a alimentação
inadequada, as infecções respiratórias e a perda precoce de dentes
decíduos. As intervenções preventivas são limitadas no que tange às
questões genéticas, entretanto, medidas preventivas efetivas podem e
devem ser disponibilizadas em relação aos fatores comportamentais para
influenciar o adequado desenvolvimento e posicionamento dentário e
dos maxilares.
41
Classe I
Classe III
Classe II
Classe I
Classe III
Classe II
Figura 1 - Perfil Facial e Relação Molar segundo a Classificação de Más
Oclusões de Angle
Fonte: MOYERS(1991).
O conhecimento da etiologia das más oclusões, além do
ortodontista, deveria ser do conhecimento do odontopediatra, do clínico
geral e até mesmo do pediatra, pois estes profissionais têm oportunidade
de atuar na chamada idade pré-ortodôntica, onde muitos fatores
etiológicos são mais atuantes e passíveis de controle. Diversas
classificações de más oclusões têm sido propostas baseadas na etiologia
destes agravos, para determinar as causas primárias e utilizá-las para
estabelecer adequado diagnóstico e plano de tratamento. O sistema de
classificação de maior aceitação atualmente divide os fatores em
intrínsecos e extrínsecos. Este sistema é o mais fácil de utilizar e o mais
didático, desde que se considere a interdependência entre estes fatores
(CARDOSO, 1999).
Para Graber (1972), os fatores extrínsecos ou gerais são
entendidos como hereditariedade, defeito congênito, meio ambiente (pré
e pós-natal), doenças e ambiente metabólico predisponível, problemas
dietéticos por doenças sistêmicas (raquitismo, escorbuto, beribéri),
hábitos e pressões anormais, postura, acidentes e traumatismos. Os
fatores intrínsecos são entendidos como anomalia de número, tamanho e
forma, freio labial anormal, perda prematura, retenção prolongada,
atraso na erupção de permanentes, eixo anormal de erupção, anquilose,
cárie dental e restaurações impróprias.
Diversos índices são conhecidos para medir e registrar os
problemas oclusais, sendo os índices IED (Índice de Estética Dental) e
IOTN (Índice de Necessidade de Tratamento Ortodôntico) os mais
42
utilizados internacionalmente, e mais recentemente no Brasil, no Projeto
Saúde Bucal Brasil (SB Brasil) do Ministério da Saúde. O Projeto SB
Brasil é o maior e mais amplo levantamento em saúde bucal feito no
país, finalizado em 2003. Reuniu, ao todo, informações de mais de 100
mil exames, realizados em todas as regiões do país, e mapeou a saúde
bucal do povo brasileiro (BRASIL, 2003).
Por outro lado, como a maioria dos encaminhamentos para
tratamento ortodôntico é realizada na dentição mista, estudos adicionais
em crianças nesta fase são necessários para avaliar a aplicabilidade do
IOTN nesta faixa etária. Principalmente ao considerar-se que a
identificação precoce das crianças com grande necessidade de
tratamento ortodôntico e o encaminhamento no momento correto destas
para tal tratamento, podem contribuir para reduzir o tempo e os gastos
financeiros com tratamentos posteriores mais complexos. O IOTN é
indicado na avaliação da necessidade de tratamento porque possui duas
características muito importantes:
Um componente objetivo (DHC Dental Health
Component) que atua como um método uniforme de triagem
e evita a falta de padronização nos encaminhamentos e
seleções de pacientes.
Um componente subjetivo (AC Aesthetic Component) que
possibilita a avaliação da percepção do profissional, do
paciente e de seu responsável quanto à necessidade estética
de tratamento. Visam refletir o impacto psicossocial da
oclusão e o real interesse do paciente, itens fundamentais na
colaboração durante a terapia.
O conjunto destas duas avaliações (objetiva e subjetiva) pode ser
particularmente interessante na saúde pública brasileira, visto que a
procura por estes tratamentos é muito maior que a oferta, principalmente
devido à dificuldade da população menos favorecida de ter acesso a
serviços voltados para esta problemática (DIAS, 2008; PERES, 2006).
1.2.1 DENTIÇÃO DECÍDUA- CARACTERÍSTICAS E IMPORTÂNCIA
Os dentes decíduos fazem parte da primeira dentição, e
geralmente começam a irromper aos sete meses de idade e por volta dos
2,5 ou 3 anos a dentição decídua está completa e constituída por um
total de 20 dentes. (INGERVALL, 1989; SUCUPIRA, 2000).
Os arcos dentários apresentam uma forma semi-circular
43
(LINDEN, 1986), podendo ou não apresentar espaços interdentários
(COHEN, 1979). Durante os primeiros anos de vida, ocorre um
crescimento considerável dos maxilares e dos processos alveolares, o
que pode proporcionar espaço para o desenvolvimento da dentição
decídua, o que resulta na maioria das crianças em pequenos espaços de
sobra entre os dentes (BAUME, 1950 apud INGERVALL, 1989).
De acordo com a presença ou não de espaços, Baume (1950)
classificou o Arco na Dentição Decídua em: Tipo I onde ocorrem
diastemas generalizados, além dos espaços primatas; e Tipo II sem
espaços generalizados, onde pode ou não haver diastema primata.
Considera-se que no período de troca de dentes decíduos pelos
permanentes, é provável que os permanentes irrompam sem problemas
de posicionamento nos arcos que apresentam espaços generalizados e
primatas (ARAÚJO, 1988).
Na dentição decídua, estes espaçamentos são chamados espaços
primatas, (assim denominados devido à existência destes espaços ao
longo da vida de primatas não-humanos) estão localizados na maxila,
entre incisivos laterais e caninos, e na mandíbula, entre os caninos e os
primeiros molares. Estes espaços costumam aparecer a partir da irrupção
dentária (COHEN, 1979; PROFFIT, 1995). Segundo, Linden (1986)
estes espaços são suficientes para o alinhamento harmonioso dos dentes
decíduos nos arcos dentários.
A dentição temporária exerce papel fundamental na cavidade
bucal. Como a dentição permanente inicia sua irrupção por volta do
6º ano de vida, até esta idade os dentes decíduos serão responsáveis pela
mastigação, estética e fonação da criança, sendo essencial sua
conservação. Além disso, a dentição decídua é importante para o
desenvolvimento dos maxilares e músculos da face, servindo de guia
para os dentes permanentes irromperem na posição correta (PINTO,
2000).
A idade e a seqüência de irrupção dos dentes decíduos são
mostradas no Quadro 1.
Dente Mandíbula Maxila
Incisivo Central 6 meses 10 meses
Incisivo Lateral 13 meses 11 meses
Canino 20 meses 19 meses
1º Molar 16 meses 16 meses
2º Molar 27 meses 29 meses
Quadro 1 Cronologia do Desenvolvimento Dentário Decíduo.
Fonte: PROFFIT (1995)
44
As relações oclusais dos arcos decíduos podem ser classificadas
de acordo com o relacionamento entre os segundos molares decíduos
superiores e inferiores, assim como com as relações oclusais dos caninos
decíduos. Cohen (1979) descreve uma classificação do relacionamento
oclusal na dentição temporária, que é uma modificação da classificação
de Angle: Classe Ia Neutroclusão (com espaços); Classe Ib
Neutroclusão (sem espaços); Classe II Distoclusão e Classe III
Mesioclusão. O autor afirma ainda que, na dentição decídua os espaços
primatas variam em ocorrência e no tamanho, em conseqüência disto,
também variam as relações de molares e caninos decíduos na oclusão.
Para o autor, uma escassez de estudos longitudinais sobre a
incidência de desarmonias oclusais na dentição decídua, mas descreve as
seguintes desarmonias: Classe Ia num lado e Classe Ib no outro lado;
Classe II; Classe III; mordidas cruzadas anteriores; mordidas cruzadas
posteriores.
A relação maxilar ântero-posterior dos dentes posteriores
decíduos tem, em algumas crianças, o chamado degrau mesial entre as
superfícies distais dos segundos molares. Isso significa que os dentes
posteriores inferiores situam-se mais anteriormente que os dentes
superiores. Outras crianças possuem um plano terminal alinhado
(superfícies distais dos segundos molares decíduos no mesmo plano
frontal). Ainda, outras crianças apresentam um degrau distal. O degrau
distal implica numa posição relativamente mais posterior dos dentes
inferiores do que os superiores (Carlsen; Merdith, 1960 apud Ingervall,
1989). A relação das superfícies distais dos segundos molares superiores
e inferiores decíduos são mostradas na Figura 2 (SATO, 1991) e na
Figura 3 (PROFFIT, 1993).
Figura 2 - Relação das Superfícies distais dos Segundos Molares Superiores e
Inferiores Decíduos
Fonte: SATO (1991)
45
Degrau Mesial
Plano Terminal Reto
Degrau Distal
Degrau Mesial
Plano Terminal Reto
Degrau Distal
Figura 3 - Relação de Molares Decíduos Superiores e Inferiores.
Fonte: PROFFIT (1993)
O plano terminal reto ocorre em 76% dos casos, o degrau mesial
em 14%; e o degrau distal em 10% (BAUME, 1950 apud Graber, 1996).
O degrau mesial é uma relação ideal que rotineiramente orienta os
primeiros molares permanentes a uma favorável intercuspidação de
Classe I. O plano terminal reto, o que ocorre mais freqüentemente, deve
ser observado de maneira mais crítica, pois dependendo de vários
fatores, ele pode guiar os molares permanentes para Classe I ou para
uma Classe II. O degrau distal, geralmente, guia os primeiros molares
permanentes para uma má oclusão de Classe II (GRABER, 1996).
A relação dos dentes decíduos e suas possíveis conseqüências na
dentição permanente estão mostradas na Figura 4 (PROFFIT, 1993).
Apesar do curto período de tempo que os dentes decíduos
permanecem em boca, eles são de grande importância para a função
mastigatória, articulação, oclusão, fonação, estética e, sobretudo, para a
normal e correta evolução do sistema mastigatório, sendo considerados
excelentes “mantenedores de espaço naturais”, pois podem evitar os
problemas associados à diminuição do perímetro do arco, migrações
dentárias, perda de espaço e outros problemas que podem causar
desequilíbrio na oclusão (NOGUEIRA et al. 1998; ANDO, 2000;
SILVA; CARDOSO, 2000).
46
Figura 4 – Relação Oclusal dos Molares Decíduos e possíveis conseqüências na
Relação Oclusal dos Molares Permanentes.
Fonte: PROFFIT (1993)
1.2.2 DENTADURA MISTA - CARACTERÍSTICAS E IMPORTÂNCIA
A dentição humana é compreendida por dentição decídua ou
temporária e dentição permanente, sendo que em determinada fase do
desenvolvimento da criança (entre 6 e 12 anos de idade) dentes decíduos
e permanentes estão presentes na cavidade bucal, constituindo a
denominada fase de dentadura mista (MOYERS, 1991; SUCUPIRA,
47
2000). A dentadura mista é inadequadamente chamada de dentição,
tratando-se de uma fase transitória entre a dentição decídua e
permanente, onde por um período de aproximadamente 7 anos, dentes
permanentes e temporários estão concomitantemente em boca (SILVA
FILHO, 1997; GUEDES-PINTO; ISSAO; PRADO, 1997; ZANETTI,
2003).
Na época correspondente à fase de dentadura mista, ocorrem
grandes alterações nos arcos dentais. Observa-se que é uma fase de
intenso crescimento da criança, na qual alguns desvios da normalidade
podem se instalar, considerando ser este um longo período de transição.
A dentadura mista inicia-se por volta dos seis anos e se estende até mais
ou menos os doze anos de idade. Este período inicia-se com a irrupção
dos 1
os
molares permanentes, considerados fundamentais no
estabelecimento de uma oclusão dentária definitiva dentro dos padrões
da normalidade, tendo como guias para sua irrupção as faces distais dos
segundos molares decíduos. Vários fatores podem afetar a irrupção
dentária, entre eles as condições ambientais, raça, sexo e disfunções de
origem endócrina e nutricional (ZANETTI, 2003).
Tavares et al (2002) escreveram que ao irromper, o 1
o
molar
superior permanente se movimenta de tal forma que o longo eixo antes
inclinado para distal, aos poucos se modifica até que superiores e
inferiores entrem em oclusão verificando-se uma posição mesial do
superior. O molar inferior permanente erupciona seguindo a direção
do longo eixo. A época de irrupção coincide com um período ou surto
de crescimento juvenil, e sua presença sinaliza a transformação de
dentição decídua em mista. Através desta relação oclusal entre molares
inferiores e superiores pode-se identificar o tipo de oclusão: Classe I,
Classe II e Classe III.
Sabe-se que grande parte das más oclusões tem origem durante
este período, e grande parte destes agravos pode ser diminuída através
de procedimentos capazes de eliminar ou diminuir sua severidade, desde
que tratados em tempo oportuno (ARAUJO, 1988).
Moyers (1991), afirma que clinicamente, existem dois aspectos
muito importantes no período da dentadura mista: 1) utilização do
perímetro do arco, e 2) as mudanças de adaptação na oclusão que
ocorrem durante a transição de uma dentição para outra. Para este autor,
o processo alveolar é uma das áreas de adaptação mais ativas do
crescimento ósseo durante o período de transição entre as dentições,
sendo, portanto a época ideal para a maioria das intervenções
ortodônticas.
Situações onde existe discrepância entre a quantidade de espaço
48
presente na arcada dentária mista e o número de dentes que ali ainda
devem ser acomodados exigem que se previna qualquer deficiência de
espaço no arco e que os procedimentos indicados devem ser instituídos
precocemente (ARAUJO, 1988).
O período da dentadura mista é a época ideal para a maioria das
intervenções ortodônticas. Num futuro muito próximo, a maioria dos
tratamentos ortodônticos será executada durante o período de dentadura
mista, do crescimento e desenvolvimento crâniofacial (SILVA FILHO
et al, 1989). O tratamento nesta fase possui benefícios como: reduzir ou
eliminar a necessidade de tratamento na dentição permanente;
simplificar a segunda fase de tratamento; reduzir a necessidade de
extração de pré-molares e tirar vantagens do crescimento ósseo.
Devendo, portanto, uma oclusão ser tratada logo que possível, uma
vez que adiar os procedimentos poderá levar a problemas funcionais e
estéticos graves (MOYERS, 1991). A análise da dentadura mista é
indicada como um meio preditivo da possibilidade de atendimento
destes casos (ARAUJO, 1988).
A mais difundida classificação de má oclusão, idealizada por
Angle em 1899, foi definida somente na dimensão ântero-posterior.
Portanto, é compreensível que a atenção dos pesquisadores estivesse
voltada principalmente para o equilíbrio ântero-posterior do complexo
dento facial. No entanto, a maioria das más oclusões apresenta
alterações tanto no sentido vertical quanto no sentido ântero-posterior. O
estudo do equilíbrio vertical da face é extremamente útil no diagnóstico
e no plano de tratamento. Cada vez mais, se está incorporando uma fase
preliminar ao tratamento ortodôntico, em pacientes na fase de dentadura
mista, obtendo os benefícios que a atuação precoce neste período pode
proporcionar ao resultado final do tratamento ortodôntico (LOCKS,
1996).
A relação dos caninos na dentadura mista é estabelecida pelas
posições apresentadas pelos caninos superiores e inferiores decíduos,
sendo dividida em Classe I, II e III, de acordo com a Classificação de
Angle. Considera-se a chave de canino como classe I quando a ponta de
cúspide do canino superior decíduo estiver no mesmo plano distal do
canino decíduo inferior. A Classe II foi considerada quando a ponta de
cúspide do canino superior decíduo estiver localizada anteriormente à
distal do canino inferior. A chave canina é um dado importante para a
classificação oclusal uma vez que os caninos estão menos sujeitos a
mudanças estruturais que os molares permanentes (ZANETTI, 2003;
TAVARES et al, 2002).
A dentadura mista apresenta três períodos distintos conforme a
49
irrupção dos dentes permanentes na cavidade bucal. A irrupção ativa
caracteriza o primeiro e o segundo períodos transitórios, sendo o período
intertransitório um período de passividade clínica (LINDEN, 1986).
O Primeiro Período Transitório inicia-se com a troca dos
Incisivos e Molares, e tem como principal característica o início da
formação da curva de Spee e da curva de Wilson. O Período
Intertransitório apresenta-se no crescimento de uma criança como uma
fase aparentemente estável, de poucas alterações na dentição. Mas nos
maxilares, ocorrem reabsorções radiculares dos dentes decíduos e
redução do osso circunjacente. O Segundo Período Transitório começa
quando se dá a esfoliação dos caninos e dos primeiros e segundos
molares decíduos. Existe a continuidade da formação dos dentes
permanentes até sua irrupção. Suas raízes aumentam de tamanho e as
coroas dos terceiros molares quando presentes começam a se
mineralizar. Todos os dentes permanentes inferiores precedem os
superiores na sua erupção. Os períodos transitórios são de extrema
importância clínica, pois nestes períodos é que se pode detectar algo que
fuja da normalidade e intervir com Ortodontia Preventiva. (LINDEN,
1986). A identificação precoce da má oclusão pode facilitar uma ação de
saúde no futuro, como a prevenção e interceptação pelo controle dos
diversos fatores ambientais que contribuem para o agravamento da
oclusão na dentição permanente ( SILVA FILHO et al 1989).
1.2.3 DENTIÇÃO PERMANENTE - CARACTERÍSTICAS E IMPORTÂNCIA
Entre os 10 e 12 anos de idade, a dentadura mista lugar à
dentição permanente. Os caninos e molares decíduos cedem lugar aos
sucessores permanentes. Aos 13 anos de idade, em média, todos os
dentes permanentes irromperam, exceto o terceiro molar. Nos
indivíduos do sexo feminino há uma antecipação dos fenômenos de
erupção dental com relação aos indivíduos do sexo masculino. De modo
geral, para os dentes permanentes a ordem de irrupção é: primeiros
molares, incisivos central e lateral inferiores, incisivo central superior,
incisivo lateral superior, canino inferior, primeiro pré molar, segundo
pré molar, canino superior, segundo molar e terceiro molar
(FERREIRA, 1998). O Quadro 2 apresenta a cronologia de erupção dos
dentes permanentes segundo Proffit, 1993.
50
DENTE IDADE
Incisivo Central Inferior 6 ¼ anos
Incisivo Central Superior 7 ¼ anos
Incisivo Lateral Inferior 7 ½ anos
Incisivo Lateral Superior 8 ¼ anos
Canino Inferior 10 ½ anos
Canino Superior 11 ½ anos
1º Pré Molar Inferior 10 ½ anos
1º Pré Molar Superior 10 ¼ anos
2º Pré Molar Inferior 11 ¼ anos
2º Pré Molar Superior 11 anos
1º Molar Inferior 6 anos
1º Molar Superior 6 ¼ anos
2º Molar Inferior 12 anos
2º Molar Superior 12 ½ anos
Quadro 2 Cronologia de Erupção dos Dentes Permanentes.
Fonte: Proffit (1993).
Nos dentes permanentes o ápice se completa dois a três anos após
seu aparecimento na cavidade bucal (FERREIRA, 1998).
O estudo realizado por Nolla (1960) permitiu avaliar os estágios
médios de mineralização dos dentes permanentes através de
radiografias. Este cientista observou que o dente inicia sua formação
dentro de uma cripta óssea, partindo deste achado, dividiu
arbitrariamente o desenvolvimento de cada dente em 10 estágios.
Segundo Moyers (1991), os estágios importantes que devem ser
relembrados são o estágio 2 (calcificação inicial) e o estágio 6 época
em que os dentes iniciam os movimentos eruptivos). Para Ferreira
(1998), clinicamente, o conhecimento destes estágios é importante para
que o profissional possa acelerar ou retardar o processo de erupção dos
dentes permanentes mediante a extração de seus antecessores decíduos
na época adequada.
A variabilidade do desenvolvimento dentário é semelhante à da
erupção, da maturação sexual e de outros indicadores de crescimento
similares (MOYERS, 1991).
Aproximadamente aos 13 anos de idade todos os dentes
permanentes, exceto os terceiros molares, têm sua erupção completada.
Subseqüentemente, suas raízes tornam-se mais ou menos igualmente
distribuídas sobre o espaço disponível no interior dos maxilares. A
localização final dos ápices dos dentes permanentes é determinada
principalmente pela morfologia de ambos os maxilares e pela condição
de espaço neles existentes. A localização das coroas e a inclinação
51
vestíbulo-lingual dos dentes são predominantemente determinadas pela
língua e pela musculatura peri-bucal, tanto em movimento quanto em
repouso (LINDEN, 1986).
1.2.4 ETIOLOGIA DAS MÁS OCLUSÕES
A palavra etiologia tem origem grega (aitia= causa) e (logos=
estudo). Portanto, etiologia é o estudo, a investigação e o diagnóstico
das causas de um fenômeno. Em Ortodontia, refere-se às causas das
anomalias da oclusão dental. O conhecimento da etiologia da
oclusão é fundamental no trabalho ortodôntico, pois na maioria das
vezes necessidade de se eliminar as causas para se corrigir as más
oclusões (FERREIRA, 1998).
Moyers (1991) descreveu os seguintes pontos ao abordar o
capítulo da Etiologia da Má Oclusão:
- De forma geral, más oclusões são alterações clinicamente
significativas do campo normal de crescimento e morfologia.
Fatores etiológicos contribuem para a desarmonia com mais
freqüência do que a causam.
- Os locais etiológicos primários das más oclusões são o
esqueleto craniofacial, as dentições, a neuromusculatura
orofacial e outros tecidos moles do sistema mastigatório, mas
raramente apenas um local está envolvido.
- Os diferentes mecanismos de adaptação dos locais primários
etiológicos tissulares proporcionam grande parte da
complexidade e variabilidade das más oclusões.
- As causas das más oclusões estão normalmente agrupadas
porque elas são em geral inespecíficas e nosso conhecimento é
freqüentemente impreciso.
- A hereditariedade consiste num importante fator na etiologia da
oclusão, mas, pouco se sabe sobre a sua precisa
aplicabilidade clínica.
- Alguns hábitos musculares orofaciais são conhecidamente
fatores etiológicos em algumas más oclusões, por exemplo:
sucção digital, projeção da língua, sucção do lábio e postura
anormal da língua.
- Enfermidade nasofaríngea e distúrbios na função respiratória
podem propiciar respiração bucal, devido ao prejuízo na
respiração nasal e ser fator etiológico de algumas más oclusões.
- A cárie dental é uma significativa causa de algumas más
52
oclusões, resultando em perda prematura de dentes decíduos.
O autor sintetiza afirmando que oclusão é resultante da
interação de vários fatores durante o desenvolvimento. Entretanto, existe
uma tendência para que algumas más oclusões se originem em um único
sistema tissular e afetem outros sistemas tissulares secundários, à
medida que estes por sua vez se adaptem. A maioria dos tipos graves é
de origem óssea, onde são sobrepostos os fatores dentais e musculares.
Estes desvios podem comprometer indivíduos na infância e na
adolescência, e acarretar alterações estéticas e/ou funcionais.
Graber (1966) dividiu os fatores etiológicos em dois grandes
grupos: intrínsecos ou locais e extrínsecos ou gerais, sendo este sistema
de classificação o mais aceito atualmente, por ser fácil e didático
(CARDOSO, 1999; FERREIRA, 1998).
Os fatores extrínsecos (gerais) são fatores que agem durante a
formação do indivíduo, dificilmente resolvidos pelo profissional. Estes
fatores estão sumariamente descritos no Quadro 3.
Hereditariedade (Influência racial hereditária; tipo facial hereditário;
influência hereditária no padrão de crescimento e desenvolvimento)
Moléstias ou deformidades congênitas
(Lábio leporino; paralisia cerebral; torcicolo; disostose cleidocraniana; sífilis
congênita)
Meio ambiente (Influência pré e pós natal)
Ambiente metabólico e enfermidades pré disponentes
Problemas dietéticos (Raquitismo; escorbuto; beribéri)
Hábitos e pressões anormais
Postura
Acidentes e traumatismo
Quadro 3 – Fatores Extrínsecos
Fonte – FERREIRA (1998)
Os fatores intrínsecos (locais) são os fatores diretamente
relacionados à cavidade bucal e perfeitamente controláveis pelo
profissional. Estes fatores estão descritos suscintamente no Quadro 4.
Além do desenvolvimento preestabelecido pelo código genético,
a oclusão sofre influências extrínsecas que redirecionam ou provocam
alterações indesejáveis (GIMENEZ et al, 2008).
Proffit (1993) escreveu sobre a etiologia das más oclusões numa
perspectiva contemporânea, abordando o tema das mudanças ocorridas
nas visões das possibilidades etiológicas sob o ponto de vista de
diversos autores ao longo do tempo. O autor conclui, refutando o quadro
53
simplista da oclusão como resultado de uma herança independente
dos caracteres dentais e faciais, e destaca que não explicações
simples para a oclusão em termos da função oral. Ou seja, nenhum
fator isoladamente pode ser o responsável único ou a maior razão para a
maioria das más oclusões, da mesma maneira que ainda não está
definido o papel da hereditariedade na etiologia das más oclusões. A
alta relação da hereditariedade nas dimensões craniofaciais e a baixa
relação da hereditariedade nas variações dos arcos dentais estão
estabelecidas, mas o impacto que isto tem nos processos etiológicos das
más oclusões que apresentam tanto componentes dentais quanto
esqueléticos, ainda permanece desconhecido.
Anomalias de número (dentes supranumerários; ausências dentais)
Anomalias de tamanho (macrodentes; microdentes)
Anomalias de forma (dentes conóides; cúspides extras; geminação; fusão;
molares em forma de framboesa; dentes de Hutchinson)
Freios labiais e bridas mucosas
Perda prematura de dentes decíduos
Retenção prolongada de dentes decíduos
Erupção tardia dos dentes permanentes
Via de erupção anormal
Anquilose
Cárie dentária
Restaurações dentais inadequadas
Quadro 4 – Fatores Intrínsecos
Fonte: FERREIRA (1998)
Existe, portanto, uma concordância generalizada que a
oclusão tem uma etiologia multifatorial e que as duas categorias básicas
são a genética e a ambiental (PINTO, 2008).
A prevalência das más oclusões é alta e por isto mesmo é um
fenômeno com alta freqüência na maioria das populações do mundo,
havendo citações de Proffit (1993) relatando prevalência estimada de má
oclusão em 35% a 95% nos Estados Unidos nos anos 1930 a 1965. O
mesmo autor relata um levantamento realizado com crianças de 6 a 11
anos de idade entre 1963 e 1965 e em jovens entre 12 e 17 anos entre
1969 e 1970 pela Divisão de Saúde Pública do Serviço Americano de
Saúde Pública (USPHS), onde 75% das crianças apresentaram desvio da
oclusão ideal. As autoras Tomita e Peres (2006) sintetizaram os
resultados de estudos internacionais sobre a prevalência de más oclusões
na dentição decídua, observando que houve variação entre 5,3% a 84%.
54
Os resultados de estudos nacionais e internacionais sobre prevalência de
más oclusões na dentição mista e permanente variaram entre 1% a 96%.
O levantamento realizado no Brasil pelo Projeto SB Brasil (BRASIL,
2003) verificou que a prevalência de problemas oclusais moderados ou
severos aos 5 anos foi de 14,5% variando de um mínimo 5,6% na região
norte a um máximo de 19,4% na região sul do país. A prevalência da
condição oclusal muito severa ou incapacitante foi de cerca de 21% nas
crianças de 12 anos e cerca de 19% em adolescentes de 15 a 19 anos.
Observa-se uma lacuna existente, pois são escassos os estudos
epidemiológicos realizados na fase de dentadura mista.
1.2.5 FATORES QUE CONTRIBUEM PARA A PERDA PRECOCE DOS
DENTES DECÍDUOS
Os dentes decíduos podem ser perdidos precocemente por
trauma, reabsorção prematura de suas raízes, cárie ou por extração
(MENEZES; ARAÚJO, 1992/1993; LINDEN, 1986).
Considera-se precoce a extração de um dente decíduo quando:
ocorre pelo menos um ano antes da sua esfoliação fisiológica e/ou da
erupção do seu sucessor permanente; ocorre após a comprovação
radiográfica de que o sucessor permanente ainda está aquém do estágio
6 de Nolla (formação coronária completa e formação radicular
iniciada), o que poderá dificultar sua erupção em virtude da neo-
formação óssea sobre o germe do dente permanente (ARAÚJO, 1988;
MENEZES; ARAÚJO, 1992/1993; ARAÚJO, 2002).
As extrações precoces de dentes decíduos ainda são muito
freqüentes em crianças brasileiras. A doença cárie é a maior causadora
de perda precoce de dentes decíduos, seguido pelo traumatismo e
reabsorção prematura das suas raízes dentárias. A manutenção da
integridade da coroa dentária é fundamental para a conservação de
espaço no arco para a irrupção do dente permanente, sendo que a cárie
dentária é responsável pela perda parcial ou total da estrutura, e
conseqüentemente pela perda prematura de dentes decíduos (SANTOS;
RODRIGUES, 2002).
A perda precoce de dentes decorrente das seqüelas da doença
cárie, de traumatismos ou devido à erupção ectópica é um dos aspectos
que pode interferir diretamente no equilíbrio do sistema
estomatognático. Cada elemento dental se mantém na sua correta
relação oclusal pela ação de forças individuais. Se uma dessas forças for
alterada ou removida ocorrem mudanças no relacionamento dos dentes
55
adjacentes com migração dentária e problemas de espaço. É de grande
importância que o cirurgião-dentista avalie os problemas advindos das
perdas precoces dentais, que podem afetar a oclusão decídua e
conseqüentemente a dentadura permanente (PAIXÃO; FUZIY, 2003).
Os cuidados com a dentição decídua são fundamentais para
prevenção de agravos na dentição permanente. A perda precoce dos
dentes decíduos, além de resultar em problemas estéticos, ortodônticos e
de fonação, pode alterar a relação entre os maxilares durante a mordida
e a criança poderá desenvolver hábitos nocivos de postura de língua que
também comprometerão a fala. Dentes anteriores escurecidos,
destruídos ou perdidos prematuramente podem levar à inibição da
criança, que passa a desenvolver hábitos poucos naturais como evitar o
sorriso ou escondê-lo com a mão. Portanto, os dentes decíduos devem
ser preservados até a época de sua esfoliação fisiológica, prevenindo
desta forma problemas futuros (BARCELOS, 2002).
Sabe-se que o melhor mantedor de espaço é o próprio dente, que
em harmonia com a musculatura bucal desempenha funções de
mastigação, fonética, deglutição e estética. Os dentes decíduos são
responsáveis pelo estímulo de desenvolvimento dos maxilares, pela
manutenção do espaço do dente permanente, pela contenção dos
antagonistas no plano oclusal, além de guiar a erupção dos dentes
permanentes (PAIXÃO; FUZIY, 2003).
O trauma dentário é outro fator preocupante que afeta 30 a 50%
das crianças, sendo que os elementos dentários mais atingidos são os
incisivos superiores. Segundo Corrêa (1996), estes dentes são os mais
comumente atingidos por traumas seguidos de anquilose como
causadores destas perdas prematuras.
Em um estudo realizado por Cardoso e Rocha, em 2002,
constatou-se que em 119 crianças com traumas dentários, 71,4%
ocorreram na dentição decídua, sendo um percentual ligeiramente maior
nos meninos. O maior mero de traumas ocorreu entre 1 e 3 anos de
idade (50%) e neste intervalo de idades a prevalência era maior nas
meninas, sendo que nos meninos a maioria das ocorrências foi entre 3 e
5 anos de idade.
Num estudo sobre a perda prematura de dentes decíduos e seus
efeitos no desenvolvimento da oclusão, Hoffding; Kisling (1978)
constataram num grupo de 231 crianças com perdas prematuras de
dentes decíduos que as extrações foram realizadas apenas no arco
superior em 32 casos (13,85%), enquanto que no arco inferior houve um
total de 97 casos (42%) e em ambos os arcos, em 102 casos (44,15%).
Os autores observaram também que a porcentagem de dentes perdidos
56
foi: 1) segundos molares inferiores 54,1%; 2) primeiros molares
inferiores 50,2%; 3) primeiros molares superiores 29,87%; 4)
segundos molares superiores 25,54%; 5) caninos superiores 3,0% e
6) caninos inferiores-2,59%.
Segundo Moyers (1991) a perda prematura de qualquer dente
decíduo pode facilitar a erupção precoce de seu sucessor permanente ou
retardatá-lo de acordo com o estágio de formação dentária.
1.2.6 CONSEQÜÊNCIAS DAS PERDAS PRECOCES DOS DENTES DECÍDUOS
As perdas precoces de dentes decíduos e as suas conseqüências
têm sido investigadas muitos anos. Ainda no século XVIII, Fauchard
(1796) apud PAIXÃO; FUZIY (2003), já havia mencionado que as
perdas prematuras de molares decíduos causavam irregularidades no
alinhamento de dentes permanentes.
No século seguinte, Hunter (1839) apud PAIXÃO; FUZIY
(2003), associou as extrações prematuras de dentes decíduos com
alterações no crescimento facial (Mc Gregor, 1964).
Em 1932, Brandhorst observou que a perda prematura de dentes
decíduos causou 20% de todas as deformidades dento - faciais
encontradas.
O fechamento do espaço após a perda prematura de dentes
decíduos é uma das preocupações dos profissionais, pois está
diretamente relacionado com a instalação futura de más oclusões como
foi observado por Brauer (1941); Weber (1949); Kronfeld (1953); Owen
(1971) e Graber (1974).
As principais conseqüências das perdas prematuras de dentes
decíduos são: 1) migração de dentes adjacentes para a região da perda,
com conseqüente fechamento ou redução do espaço destinado à irrupção
do dente permanente sucessor; 2) encurtamento do arco; 3) extrusão do
antagonista (LINDEN, 1986).
As crianças brasileiras apresentam um dos mais altos índices de
extrações dentárias prematuras, sem manutenção do espaço perdido, o
que pode ocasionar a redução do perímetro do arco e aumento da
sobremordida entre outros problemas funcionais (THOMAZ et al.,
2002).
Entretanto, para Linden (1986) e White (1987) existem fatores
que contribuem para a manifestação das conseqüências, dentre as quais
podemos citar: idade em que ocorreu a perda, altura da cúspide do
permanente, região do arco dentário em que ocorreu a perda prematura
57
do dente decíduo, condições da oclusão local, relação sagital entre os
arcos dentários, condição e extensão de espaço no arco dentário,
influência da língua e musculatura e época da perda.
Ao considerar o local da perda, a necessidade de manutenção de
espaço difere entre a região anterior e posterior segundo as diferentes
formas e vias de erupção. As forças musculares da língua e dos hábitos
influenciam na perda de espaço anterior, enquanto as forças de erupção
mostram um maior potencial na modificação do espaço na região
posterior (KORYTNIC et al., 1994).
A manifestação desses problemas variará segundo a localização
da perda prematura dos dentes decíduos assim, a manutenção se faz
necessária para preencher requisitos funcionais, além de requisitos
estéticos e psicológicos. Na região ântero-inferior, a integridade do arco
deve ser preservada a todo o custo e os mantenedores são
indispensáveis. No segmento posterior por sua vez, as perdas prematuras
de dentes decíduos estão diretamente relacionadas com a ocorrência de
migrações dentárias (PAIXÃO; FUZIY, 2003). Os dentes decíduos
considerados mais importantes na manutenção de espaço para os dentes
permanentes são os caninos e os primeiros e segundos molares
(COHEN, 1979).
1.2.7 ATITUDES ORTODÔNTICAS PREVENTIVAS PARA ELIMINAR OU
MINIMIZAR OS EFEITOS DAS PERDAS DENTAIS PRECOCES
A perda prematura de dentes decíduos tem sido motivo de estudo
e discussão por muitos anos, existindo entre os autores duas correntes
filosóficas distintas, fundamentadas na experiência clínica. Uma delas
enfatiza a necessidade do uso de mantenedores de espaço e a outra
assegura que a manutenção pode ser um procedimento dispensável em
muitos casos (PAIXÃO; FUZIY, 2003).
Os profissionais devem recorrer a todos os recursos necessários
para preservar o elemento dentário decíduo até a sua época normal de
esfoliação, pois o melhor mantenedor de espaço é o próprio dente
decíduo (LINO, 1990). Desta forma, toda e qualquer medida preventivo-
profilática contra a cárie será uma conduta ortodôntica preventiva, e o
profissional deve orientar quanto a adoção de hábitos saudáveis de
higiene e de alimentação e na realização de procedimentos preventivos
de aplicação de flúor e selantes. Uma vez instalada a cárie, é preciso
devolver através de restaurações a morfologia adequada dos dentes,
respeitando-se suas relações com os dentes adjacentes e antagonistas.
58
Entretanto, muitas das perdas prematuras podem ocorrer em função de
procedimentos restauradores insatisfatórios, causando a aceleração no
processo de rizólise por trauma oclusal. Isto acarretará um problema
ainda maior que é a irrupção extemporânea do dente permanente
sucessor que não resistirá às solicitações mecânicas (CORRÊA, 1996).
Considerando-se a necessidade ou não de manutenção em relação
à localização da perda prematura, Kronfeld (1953) acompanhou uma
amostra de 400 crianças durante 14 anos e observou a perda prematura
de dentes decíduos: 68 primeiros molares e 52 segundos molares. O
autor concluiu que havia a necessidade da manutenção de espaço em
70% dos casos de extrações de segundos molares, em 51% das perdas
prematuras de primeiros molares e em 81% das perdas de caninos.
Geralmente, com a perda prematura de dentes anteriores é preciso
recorrer à construção e instalação de um aparelho, que ao manter o
espaço irá restabelecer a estética e a função mastigatória e também
impedir a ocorrência de um hábito de interposição lingual ou mesmo a
função muscular inadequada. Diante da perda prematura de dentes
decíduos na região anterior seria mais indicado o emprego de próteses
fixas temporárias, pois independe da cooperação do paciente quanto ao
uso do sistema.
O tratamento ortodôntico deve ser iniciado durante a infância e a
adolescência, quando o crescimento craniofacial está ocorrendo
paralelamente ao desenvolvimento dentário. A abordagem ortodôntica
preventiva e interceptativa das más oclusões tem demonstrado vantagens
indiscutíveis e apenas o comodismo ou o desconhecimento é capaz de
ignorá-la (BRONZI, 2002).
59
CAPÍTULO
II
ARTIGOS
63
O questionamento primordial deste estudo é: Qual a relação
entre a perda precoce de dentes decíduos e o estabelecimento e/ou
agravamento das más oclusões? Na existência desta relação, quais as
medidas preventivas ortodônticas que podem ser adotadas nas escolas e
nos serviços públicos de saúde na atenção básica no município de
Florianópolis – SC?
Ao final do projeto, resultou um banco de dados contendo
informações epidemiológicas atuais e necessárias para o planejamento
estratégico dos sistemas locais de saúde. Em relação às más oclusões,
foi um importante levantamento epidemiológico abordando a população
infantil matriculada em estabelecimentos de ensino localizados em todas
as regiões do município.
Estas características epidemiológicas expressam as dificuldades
encontradas pelo sistema de saúde para concretizar os princípios
constitucionais da universalização e equidade das ações e serviços de
saúde, também na área odontológica. Além disso, os resultados
apresentados apontam a necessidade de ampliar a cobertura das ações
coletivas em saúde bucal, cujas características permitem efetivar as
práticas educativas, preventivas e de promoção da saúde, mais
adequadas para reduzir a prevalência da cárie dentária, diminuindo a
magnitude das necessidades básicas da população e, viabilizando que os
serviços assistenciais de saúde aumentem a complexidade da atenção.
Os dados desta investigação em escolares de 6 a 8 anos de idade,
pertencentes à rede pública de ensino do município de Florianópolis são
a matéria-prima dos artigos científicos elaborados pela autora,
apresentados a seguir.
ARTIGO I – Prevalência de perda precoce de dentes decíduos em
escolares de 6 a 8 anos no município de Florianópolis – SC – Brasil.
ARTIGO II Prevalência de oclusão em escolares de 6 a 8
anos do município de Florianópolis - SC - Brasil.
ARTIGO III – Agravamento de má oclusão pela perda precoce de
dentes decíduos.
ARTIGO IV – Distribuição Regional das perdas precoces de
dentes decíduos e de oclusão no município de Florianópolis - SC
Brasil: um mapa inteligente.
63
ARTIGO I - PREVALÊNCIA DE PERDA PRECOCE DE DENTES
DECÍDUOS EM ESCOLARES DE 6 A 8 ANOS DE IDADE NO
MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC-BRASIL
O artigo a seguir encontra-se formatado nas normas da Revista
Community Dentistry and Oral Epidemiology (Anexo C).
FADEL, Marianella Aguilar Ventura; LOCKS, Arno. Prevalência
de perda precoce de dentes decíduos em escolares de 6 a 8 anos de idade
no município de Florianópolis-SC-Brasil.
65
Prevalência de perda precoce de dentes decíduos em escolares de 6 a
8 anos de idade no município de Florianópolis-SC-Brasil
FADEL, Marianella Aguilar Ventura/ LOCKS, Arno
RESUMO: Introdução: A presente investigação verificou a prevalência
de perda precoce de dentes decíduos e os fatores relacionados à sua
ocorrência em 528 crianças de 6 a 8 anos de idade, matriculadas em
escolas públicas municipais de Florianópolis-SC-Brasil. Material e
Método: Foi desenvolvida uma ficha clínica como ferramenta para
coleta de dados e a autora, previamente calibrada, procedeu o exame
clínico sob luz natural utilizando espátulas descartáveis, com a criança
sentada em cadeira da própria escola. As anotações foram realizadas por
outra cirurgiã-dentista em fichas individuais, e para a documentação dos
achados mais relevantes do estudo, foram realizadas fotografias intra e
extra bucais. Para a análise da relação das variáveis investigadas entre
os sexos empregou-se o teste do qui-quadrado. As análises brutas e
multivariável foram realizadas por meio da regressão de Poisson, que
apresenta como medida de associação a razão de prevalências, com os
respectivos intervalos de confiança de 95%. Resultados: Observou-se
que a perda precoce de dentes decíduos afetou 21,8% das crianças
examinadas, sendo os primeiros molares inferiores decíduos os dentes
mais frequentemente atingidos pela perda. As meninas apresentaram
maior proporção de perda dental do que os meninos, sendo que, a maior
proporção de perda foi observada aos seis anos de idade. Verificou-se
que 32,4% das crianças apresentavam higiene bucal inadequada, e que a
prevalência de cárie na amostra estudada foi de 33,5%. Conclusão:
Concluiu-se haver uma elevada prevalência de perda precoce de dentes
decíduos em ambos os sexos aos seis anos de idade, havendo forte
associação entre estas perdas e os altos percentuais de cárie e má higiene
bucal. Torna-se extremamente importante que sejam adotadas medidas
preventivas, interceptativas e programas continuados de educação em
saúde, considerando-se o baixo custo e a excelência da prevenção.
Palavras-chave: dente decíduo, perda de dente, cárie dentária.
67
1 Introdução
A Odontologia contemporânea preconiza que as condutas
profissionais devem ter abordagem conservadora, promovendo a
manutenção dos dentes nas arcadas dentárias devido à sua relação direta
com a qualidade de vida das pessoas. Nas últimas décadas, as medidas
promotoras de saúde foram decisivas nas mudanças ocorridas nos níveis
de saúde bucal de muitas populações.
(1,2)
No entanto, a cárie dentária ainda é um sério problema de saúde
pública em países industrializados e em desenvolvimento
(1,3)
e continua
a afetar crianças em todo o mundo, sendo o principal fator etiológico das
perdas precoces de dentes decíduos
(4-7)
seguida dos tratamentos
endodônticos sem sucesso e os traumatismos dentários
(6)
. Na tentativa
de explicar o relevante papel da cárie dentária na perda precoce de
dentes decíduos, pode-se citar a deficiência dos serviços públicos de
saúde
(6)
e o conceito popular de que os dentes decíduos não necessitam
dos mesmos cuidados que os dentes permanentes, que são
temporários.
(5,7)
Considera-se precoce, a perda dentária que acontece quando o
sucessor se encontra antes do estágio 6 de Nolla e quando a perda dos
primeiros molares decíduos ocorreu antes dos nove anos de idade e, a
dos segundos molares decíduos, antes dos onze anos de idade.
(4)
Os dentes decíduos são importantes para o bom desempenho das
funções mastigatória, articulatória, fonatória e oclusal, portanto, é
fundamental a sua manutenção até a época normal de esfoliação.
(7)
A perda prematura de dentes decíduos pode acarretar o mau
posicionamento dos dentes adjacentes e pode influenciar o padrão de
erupção dos segundos molares permanentes, por o promover o
crescimento adequado das bases ósseas. Além da migração dos dentes
vizinhos, pode ocasionar sobreerupção do dente antagonista e desvio de
linha média.
(8, 9)
Quando as perdas precoces ocorrem na dentição decídua, os
prejuízos podem se estender à dentição permanente e interferir no
desenvolvimento dos tecidos ósseos e musculares da face. Desta forma,
podem contribuir para o estabelecimento e/ou agravamento das más
oclusões, além de provocar nas crianças, distúrbios de fonação, redução
da capacidade mastigatória, problemas de ordem psicológica, instalação
de hábitos bucais viciosos e no aspecto estético, que exerce grande
influência na integração social dos indivíduos.
(2)
A relevância da prevenção das perdas precoces de dentes
decíduos consiste em promover melhorias na qualidade de vida da
68
população e minimizar os prejuízos acarretados à saúde pública, visto
que são problemas de fácil prevenção desde que abordados
precocemente.
(8)
Este estudo teve como objetivo determinar a prevalência da perda
precoce de dentes decíduos em escolares de seis a oito anos de idade, no
estágio da dentadura mista, de ambos os gêneros, na rede municipal de
ensino de Florianópolis (SC). Objetivou-se ainda, avaliar as possíveis
diferenças existentes entre os gêneros e as idades, bem como,
estabelecer uma relação entre perda precoce de dentes decíduos, cárie e
higiene bucal, além de contribuir para preencher uma lacuna existente
na escassa literatura nesta faixa etária e nesta região do país sobre este
relevante tema da saúde infantil.
2 Material e Método
Num universo de 7636 escolares foram avaliadas 528 crianças de
6 a 8 anos de idade, matriculadas em 24 escolas sorteadas entre as 32
Escolas Públicas Municipais de Florianópolis, durante o período letivo
do ano de 2009, para o desenvolvimento de um estudo transversal
observacional quantitativo. Os participantes da Pesquisa foram
selecionados através do método de amostragem aleatória simples,
(10)
de
acordo com os seguintes critérios de Inclusão:
Critérios de Inclusão: estar regularmente matriculado no Ensino
Fundamental da rede pública municipal de ensino no primeiro semestre
letivo do ano de 2009, estar incluído na faixa etária entre 6 e 8 anos, não
estar realizando tratamento ortodôntico, não ser portador de aparelho
ortodôntico e ter o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
assinado por um dos pais e/ou responsável.
Conforme a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde
(CNS), de 10 de outubro de 1996, o projeto de pesquisa foi submetido à
análise e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres
Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina, por meio do
parecer consubstanciado no. 029/2009, em 16 de fevereiro de 2009.
O exame clínico dos escolares foi efetuado por uma cirurgiã-
dentista previamente calibrada, e auxiliada por outra cirurgião dentista
clínica que realizava a anotação dos dados clínicos. Este exame foi
realizado em cadeiras próprias das escolas, em locais sob luz natural,
sendo utilizados como instrumentos apenas abaixadores descartáveis de
língua, afastadores e espelhos para realização de fotografias intra e
extra-bucais quando fosse julgado necessário documentar os achados
69
mais característicos do estudo pela pesquisadora. Após as autorizações
institucionais necessárias para desenvolvimento do trabalho, agendava-
se visita às classes que fariam parte da amostra (primeiros, segundos e
terceiros anos do ensino fundamental). A abordagem inicial das crianças
era realizada em sala de aula, com uma conversa inicial explicando em
linguagem simples e acessível às crianças as etapas do estudo, através de
palestras educativas sobre saúde bucal e preservação/manutenção dos
dentes decíduos, utilizando a música como elemento mediador e
facilitador para a compreensão do tema, de maneira lúdica. Os termos de
consentimento livre e esclarecido eram entregues às crianças, que
eram examinadas se retornassem com o consentimento assinado pelos
pais e/ou responsáveis.
Os dados coletados foram analisados utilizando o programa
estatístico SPSS for Windows versão 15.0. Para a análise da relação das
variáveis investigadas entre os sexos, aplicou-se o teste do qui-
quadrado. As análises brutas e multivariável foram realizadas por meio
da regressão de Poisson, que apresenta como medida de associação a
razão de prevalências, com os respectivos intervalos de confiança de
95% (IC 95%).
3 Resultados
Um total de 528 escolares participou do presente estudo e, destes,
272 (51,5%) eram meninas, 150 (28,4%) tinham seis anos de idade, 216
(40,9%) tinham sete anos e 162 (30,7%) tinham oito anos de idade,
conforme descrito na Tabela 1, abaixo.
Tabela 1: Característica da Amostra estudada, de acordo com idade,
gênero e percentual. Florianópolis, 2009.
Idades Geral Meninos Meninas
n % n % n %
6 anos
7 anos
8 anos
150
216
162
28,4
40,9
30,7
67
113
76
26,2
44,1
29,7
83
103
86
30,5
37,9
31,6
Total 528 100,0 256 100,0 272 100,0
Na amostra analisada, verificou-se um percentual de 21,8% das
crianças com perda precoce de dentes decíduos. (Tabela 2)
70
Tabela 2: Prevalência de perda precoce de dentes decíduos, de acordo
com o gênero. Florianópolis, SC 2009.
Geral Meninos Meninas
Perda precoce n % n % n %
Não
Sim
413
115
78,2
21,8
207
49
80,9
19,1
206
66
75,7
24,3
Quanto à perda precoce de dentes decíduos, observou-se 16,1%
de perda do Primeiro Molar Inferior Esquerdo (notação dental 74),
seguido por 15,3% de perda do Primeiro Molar Decíduo Inferior Direito
(notação dental 84). Foi verificada uma baixa freqüência de perda dos
Incisivos Laterais Superiores Direito (notação dental 52) e Esquerdo
(notação dental 62), ambos com 0,8% de perda. Na amostra não foi
observada perda dos Incisivos Laterais Inferiores Direito e Esquerdo
(notação dental 72 e 82, respectivamente), conforme dados apresentados
na Figura 1.
Do total de crianças com perda precoce de dentes decíduos, em
relação ao gênero, verificou-se que 18,4% dos meninos e 13,0% das
meninas apresentaram perda do dente 84, seguido do dente 74 (15,5%
nos meninos e 16,5% nas meninas,) do dente 75 (11,7% nos meninos e
7,9% nas meninas) e do dente 85 (10,7% nos meninos e 10,1% nas
meninas) (Figura 2).
0,0
0,0
0,4
0,8
4,1
15,3
10,3
7,4
9,5
16,1
5,4
5,8
7,0
5,8
7,9
4,1
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0
Dentes Perdidos
Proporção (%)
52
53
54
55
62
63
64
65
72
73
74
75
82
83
84
85
Figura 1: Percentual de perda precoce de dentes deciduos em crianças de 6 a 8
anos. Florianópolis, 2009.
71
2,9
10,7
5,8
8,7
4,9
1,9
15,5
11,7
4,9
10,7
18,4
1,0
1,9
1,0
0,0
0,0
5,0
5,8
5,8
6,5
5,8
6,5
7,9
16,5
7,9
9,4
10,1
12,9
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0
Dentes Perdidos
Proporção (%)
Meninos Meninas
52
53
54
55
62
63
64
65
72
73
74
75
82
83
84
85
Figura 2: Percentual de perda precoce de dentes decíduos em crianças de 6 a 8
anos, de acordo com o gênero. Florianópolis, 2009.
Quanto à idade, aos seis anos, foi encontrado o maior percentual
de perda do dente 84 (21,0%), seguido do dente 74 (18,4%) e do dente
75 (10,5%). Aos sete anos de idade, foi verificada a perda do dente 84
(20,3%), seguido pelo dente 74 (16,9%) e do dente 75 (11,9%). Aos
oito anos de idade observou-se um maior percentual de perda do dente
74 (15,2%), seguido pela perda do dente 84 (11,7%) e do dente 85
(10,3%) (Figura 3).
5,3
5,3
5,3
7,9
2,6
2,6
18,4
10,5
0,0
13,2
21,1
2,6
2,6
2,6
0,0
0,0
0,0
6,8
10,2
1,7
1,7
0,0
6,8
16,9
11,9
8,5
8,5
20,3
0,0
0,0
0,0
0,0
10,3
0,0
0,7
5,5
9,0
4,1
5,5
9,0
0,0
0,0
6,2
5,5
9,0
8,3
15,2
11,7
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0
Dentes Perdidos
Proporção (%)
6 anos 7 anos 8 anos
52
53
54
55
62
63
64
65
72
73
74
75
82
83
84
85
Figura 3: Percentual de perda precoce de dentes decíduos, de acordo com a
idade. Florianópolis, 2009.
72
Nas crianças com perda precoce de dentes decíduos, foi
observado ainda um percentual de 33,5% com cárie dentária e 32,4%
delas não apresentaram boa higiene bucal (Tabela 3).
Tabela 3: Prevalência de perda dental precoce, doença cárie e higiene
bucal em crianças de acordo com o gênero. Florianópolis, SC 2009.
Variáveis Geral Meninos Meninas p*
n % n % n %
Perda dental precoce
Não
Sim
413
115
78,2
21,8
207
49
80,9
19,1
206
66
75,7
24,3
0,154
Cárie
Não
Sim
351
177
66,5
33,5
166
90
64,8
35,2
185
87
68,0
32,0
0,440
Boa Higiene Bucal
Sim
Não
357
171
67,6
32,4
173
83
32,4
67,6
184
88
32,4
67,6
0,987
* teste do χ
2
4 Discussão
No presente trabalho, verificou-se uma prevalência de 21,8% de
perda dental precoce de dentes decíduos, afetando mais as meninas do
que os meninos aos seis anos de idade. Esta prevalência é considerada
elevada, considerando que as metas estabelecidas pela Organização
Mundial da Saúde para 2010 são que 90% das crianças entre 5 e 6 anos
de idade estejam livres de cárie, e que aos 12 anos o CPO-D seja menor
que 1.
(1)
Outros estudos como os de Kuramae et al
(11)
e Melo et al
(12)
também verificaram alta prevalência de perda precoce de dentes
decíduos. Esta situação, pode provavelmente, ser explicada pela pouca
importância que têm os dentes decíduos para grande parte da população,
pelo fato de serem transitórios (“nasce outro no lugar"), fazendo com
que cuidados e tratamentos sejam negligenciados ou ignorados. Assim,
muitas extrações são realizadas sem refletir sobre o valor dos dentes
decíduos na prevenção da migração dos dentes adjacentes para o espaço
originado, apinhamentos, distúrbios na fala, redução da capacidade
mastigatória, diminuição do perímetro do arco, estética, interposição
73
lingual no espaço edêntulo, extrusão do dente antagonista, desvio da
linha média.
(13)
Como salientado por Dhindsa e Pandit,
(14)
nenhum outro
fator tem um papel preventivo e interceptativo mais significante do que
a preservação do dente decíduo até o seu tempo normal de exfoliação.
Ao analisar os dados desta investigação em relação ao gênero,
verificou-se diferença um pouco maior de perda precoce de dentes
decíduos para o gênero feminino, o que vai ao encontro dos resultados
das pesquisas.
(15-18)
No entanto, diverge dos resultados
encontrados
(4,7,13)
, que observaram uma maior prevalência para o gênero
masculino. Entretanto, outros resultados a distribuição foi equitativa
entre os gêneros masculino e feminino.
(19, 20)
A distribuição da perda precoce de dentes decíduos, de acordo
com a idade, apresenta muita diversidade na literatura. No estudo em
tela, a maior proporção de perda dental precoce foi observada aos 6 anos
de idade. A literatura consultada apresenta algumas variações em
relação à faixa etária em que incide a perda precoce de dentes decíduos,
que varia entre 6 e 9 anos de idade.
(6, 7, 13, 15, 16)
As variações observadas nos resultados dos diversos estudos,
possivelmente são decorrentes de diferenças metodológicas, sendo
importante ressaltar que, quanto mais precocemente ocorrerem as perdas
dentais, mais graves poderão ser os possíveis danos decorrentes dessas
perdas. Salienta-se o elevado percentual de cárie dentária observado
neste estudo, o que pode explicar a precocidade da idade de ocorrência
da perda precoce de dentes decíduos.
Nesta investigação observou-se um maior percentual de perda
precoce dos primeiros molares decíduos inferiores, seguido dos
segundos molares decíduos inferiores, do mesmo modo que Menezes e
Uliana
(6)
, mas diferindo do citado por outros autores,
(13,16,19)
que
observaram um maior percentual de perda precoce para o segundo molar
inferior.
A cárie dentária tem sido apontada como a principal razão para a
perda precoce de dentes decíduos e, no presente estudo, e estabeleceu-se
associação destas perdas com a presença de cárie dentária e com a
ausência de boa higiene bucal. A perda precoce dos dentes molares é
facilitada por sua anatomia, que favorece a formação e amadurecimento
de placa bacteriana sem interferência da limpeza mecânica, por estarem
localizados posteriormente na cavidade bucal, dificultando o acesso para
higienização, além de estarem situados fora do alcance de ductos de
glândulas salivares, responsáveis fisiologicamente pela auto-limpeza dos
elementos dentários. Salienta-se também a faixa de idade analisada,
onde a coordenação motora ainda está em desenvolvimento,
74
necessitando de auxílio de supervisão por parte dos adultos para a
execução de uma higiene bucal adequada.
5 Conclusão
Concluiu-se haver uma elevada prevalência de perda precoce de
dentes decíduos em ambos os sexos aos seis anos de idade, havendo
forte associação entre estas perdas e os altos percentuais de cárie e
higiene bucal.
É lícito afirmar que medidas preventivas devem ser praticadas
com maior ênfase nos domicílios, nos serviços públicos de saúde e de
ensino para minimizar os efeitos deletérios na dentição futura. Torna-se
extremamente importante que sejam adotadas medidas preventivas,
interceptativas e programas continuados de educação em saúde,
considerando-se o baixo custo e a excelência da prevenção. Sugere-se
que as escolas municipais adotem programas sistemáticos de educação
familiar, orientação nutricional para as refeições realizadas nas
instituições, introdução de disciplinas obrigatórias de educação em
saúde e higiene bucal e corporal, e todo e qualquer procedimento que
melhore a atual situação de saúde bucal das crianças do município de
Florianópolis.
Referências:
1) OPAS/OMS. Saúde Bucal. 2007. Disponível em:
<http://www.opas.org.br/sistema/fotos/bucal.pdf> .Acesso em: 03 jul.
2010.
2) Junqueira SR, Frias AC, Zilbovicius C. Saúde Bucal Coletiva:
quadros social, epidemiológico e político. In: Rode SM, Nunes SG.
Atualização clínica em odontologia. São Paulo: Artes Médicas; 2004.
p. 591-604.
3) Livny A, Assali r, Sgan-Cohen HD. Early Childhood Caries among a
Bedouin community residing in the eastern outskirts of Jerusalem.
BMC Public Health 2007, 7:167.
4) Cardoso l, Zembruski C, Fernandes SC, Boff I, Pessin V. Avaliação
da prevalência de perdas precoces de molares decíduos. Pesq Bras
odontoped clín Integr, 2005;5(1): 7-22.
5) Korytnicki D, Naspitz N, Faltin Jr K. Conseqüências e tratamento das
perdas precoces de dentes decíduos. Rev APCD, 1994;48(3):1323-
75
1329.
6) Menezes JVNB, Uliana G. Perfil de crianças com dentes decíduos
perdidos precocemente. JBP,2003;6(31):196-200.
7) Nogueira AJS, Gillet AVM, Parreira EB, Pedreira EN, Athayde Neto
MD. Perdas precoces de dentes decíduos e suas conseqüências para
dentição futura – elaboração de propostas preventivas. Rev. ABO
Nacional, 1998; 6(4):228-233.
8) RIBAS et al. Estudo epidemiológico das maloclusões em escolares de
6 a 8 anos na cidade de Curitiba – Paraná. RSBO v. 1, n. 1, 2004.
9) Rose J S. Early loss of teeth in children. Brit Dent J 1966 Mar; 120:
275-80.
10) Pereira, A.C. et al. Odontologia em Saúde Coletiva – planejando
ações e promovendo saúde. Porto Alegre, Artmed: 2003.
11) Kuramae M, Magnani MBBA, Nouer DF, Ambrosano GMB, Inoue
RC. Analysis of tweed's facial triangle in black brazilian youngsters
with normal occlusion. Braz J Oral Sci. 2004;3(8):401-3.
12) Melo CB, Rocha RG, Tortamano N, Nogueira AJS, Araujo IC.
Prevalência de perdas dentárias precoces em crianças na faixa etária
de 2 a 10 anos de idade no município de Belém – Pará. Rev. Inst.
Ciênc. Saúde. 2004;22(2):155-160.
13) Batista AMR. Prevalência e etiologia da perda precoce de dentes
decíduos nos pacientes atendidos na clínica de odontopediatria da
Universidade Federal de Santa Catarina. (Dissertação), Mestrado em
Odontologia, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis,
2005.
14) Dhindsa A, Pandit, K. Modified Willet's appliance for bilateral loss
of multiple deciduous molars: A case report. J Indian Soc Pedod
Prev Dent September 2008. Disponível em www.jisppd.com.
Acesso em 27/maio/2010.
15) Kelner N, et al. Prevalência de perda precoce de molares decíduos
em crianças atendidas na Faculdade de Odontologia da
Universidade de Pernambuco (FOPUPE) em 2002 e 2003. Odontol.
Clin. Cient. 2005;4(3):213-18.
16) Katz CT, et al. Prevalência de perda precoce de molares decíduos
em escolares de São Bento do Una/PE. Arq. Odontol., Belo
Horizonte, v. 38, n. 3, p. 223-228, 2002.
17) Silva AMV, Cardoso FC. Prevalência de perda precoce de dentes
decíduos em crianças que procuram tratamento odontológico no
curso de odontologia da UFPA. (Trabalho de Conclusão de Curso).
Universidade Federal do Pará, Belém, 1999.
18) Pêra RV. Efeito da perda prematura de molares decíduos sobre a
76
oclusão, medido por meio de um índice de prioridade de tratamento
ortodôntico. (Dissertação) Faculdade de Odontologia, Universidade
de São Paulo, Bauru, 1985.
19) Silva AMV, Cardoso FC. Prevalência de perda precoce de molares
decíduos em crianças que procuram atendimento odontológico no
curso de odontologia da UFPa. 2000. Monografia (Graduação em
Odontologia)-Universidade Federal do Pará, Belém, 2000.
Disponível em:
<http://www.odontologiainfantil.8m.com/publicacoesa14. htm>.
Acesso em: 3 abr. 2008.
20) Pedersen J, Stensgaard K, Meesen B. Prevalence of malocclusion in
relation to premature loss of primary teeth. Community Dent. Oral
Epidemiol.1978:6;204-209.
77
ARTIGO II - PREVALÊNCIA DE OCLUSÃO EM
ESCOLARES DE 6 A 8 ANOS DE IDADE NO MUNICÍPIO DE
FLORIANÓPOLIS SC - BRASIL
O artigo a seguir encontra-se formatado nas normas do Periodico
American Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics (Anexo
D).
FADEL, Marianella Aguilar Ventura; LOCKS, Arno. Prevalência
de oclusão em escolares de 6 a 8 anos de idade no município de
Florianópolis – SC - Brasil.
79
Prevalência de má oclusão em escolares de 6 a 8 anos de idade no
município de Florianópolis – SC - Brasil
FADEL, Marianella Aguilar Ventura; LOCKS, Arno.
RESUMO: Introdução: Por sua elevada prevalência, as más oclusões
têm sido consideradas um problema de saúde pública. Material e
Método: A presente investigação objetivou verificar a prevalência de
má oclusão na dentadura mista em 528 crianças matriculadas em escolas
públicas municipais de Florianópolis-SC-Brasil. Foi desenvolvida uma
ficha clínica como ferramenta para coleta de dados, sendo consideradas:
oclusão de acordo com a classificação de Angle, mordida aberta
anterior, mordida cruzada e apinhamento. Em relação ao tratamento
estatístico, empregou-se o teste qui-quadrado e a regressão de Poisson
para as análises bruta e multivariável, apresentando como medida de
associação a razão de prevalências, com respectivos intervalos de
confiança de 95%. Resultados e Discussão: A prevalência de
oclusão nas crianças examinadas foi de 63,4%, sendo mais elevadanos
meninos de oito anos de idade, portadores de Classe I de Angle. Quando
estudadas as demais más oclusões não contempladas na classificação de
Angle, observou-se que 14,2% das crianças apresentavam mordida
aberta anterior, 13,6% mordida cruzada anterior e 9,8% mordida cruzada
posterior, sendo o percentual de apinhamento de 38,8%. Conclusão:
Concluiu-se haver um elevado percentual de oclusão nos escolares
na fase de dentadura mista de ambos os sexos, sugerindo que medidas
preventivas devem ser adotadas precocemente nos serviços públicos de
saúde e de ensino para prevenir o estabelecimento e o agravamento das
más oclusões nas crianças do município de Florianópolis.
Palavras-chave: má oclusão, dente decíduo, dentição mista.
81
1 Introdução
O termo oclusão possui alguns sinônimos, tais como
oclusopatia e maloclusão. Os problemas de oclusão são denominados de
oclusopatias conforme nomenclatura empregada
(1,2)
usa o termo
desordens oclusais, por entender que, essa expressão indica qualquer
variação na oclusão funcional ou esteticamente inaceitável.
No presente estudo, apesar de considerar e respeitar a opinião dos
citados autores, optou-se pelo termo “má oclusão” por ser empregado
dessa forma nos Descritores de Ciências da Saúde (DeCS) da Biblioteca
Virtual em Saúde.
(3)
Por oclusão normal, entende-se uma relação dentária harmoniosa,
sendo a oclusão, a ocorrência de anomalias no desenvolvimento
dentário e/ou nos arcos dentários, causando problemas
estéticos/funcionais. As causas mais comuns são as condições
funcionais adquiridas, entretanto, não é possível ignorar que o
desenvolvimento osteogênico, a hereditariedade e o estado geral de
saúde da criança são fatores que também contribuem para a instalação
e/ou agravamento das más oclusões.
(4)
Os fatores etiológicos das más oclusões numa perspectiva clínica,
podem ser divididos em dois grandes grupos: fatores genéticos e fatores
ambientais, entretanto, os dois fatores podem estar associados, pois
todas as más oclusões representam interações da genética e do ambiente.
Geralmente quanto maior a influência ambiental em detrimento da
influência genética, maior a possibilidade de prevenção, melhor o
prognóstico de correção e maiores as chances de estabilidade pós-
tratamento, desde que eliminada a causa. A face e a dentição são
influenciadas pela complexa interação de ambos, e cada oclusão
ocupa uma determinada posição no espectro gene/ambiente.
(5)
Ao estabelecer uma escala de prioridades dos problemas bucais, a
Organização Mundial de Saúde classificou a cárie dentária como
problema mais prevalente, em segundo lugar a doença periodontal
seguida das más oclusões, que ocupam a terceira posição em relevância.
Portanto, são consideradas um problema de Saúde Pública, pois além de
alta prevalência, apresentam a possibilidade de prevenção e tratamento,
e interferem na qualidade de vida dos indivíduos.
(6)
Ao realizar algumas considerações de natureza antropológica,
(7)
apresentaram alguns trabalhos epidemiológicos sobre a prevalência de
má-oclusão na América Latina, e observaram que as pesquisas apesar de
ter natureza regional são escassas e não obedecem a uma metodologia
uniforme, e que os percentuais de má oclusão raramente estavam abaixo
82
de 50%.
A diferença entre oclusão normal e a presença de problemas
oclusais não é facilmente identificada, e que do ponto de vista da saúde
pública, o conhecimento dos problemas oclusais busca identificar os
indivíduos de acordo com a prioridade de suas necessidades e
proporcionar o planejamento e a obtenção dos recursos para o
tratamento ortodôntico.
(8)
Desde que a oclusão normal é uma composição de vários fatores,
alguns dos quais, se medidos separadamente, podem ficar fora dos
limites normais esperados, a simples classificação normal ou anormal é
difícil. A classificação é um conjunto de casos clínicos, de aparência
semelhante, para facilitar a comparação, tratamento e discussão.
(9)
A classificação das más oclusões elaborada e publicada por
Edward Hartley Angle
(10)
é até os dias atuais utilizada amplamente para
referenciar os três diferentes tipos de más oclusões na dentição
permanente, baseado na relação oclusal dos primeiros molares.
(10,11)
O
autor pressupôs que o primeiro molar superior permanente ocupava uma
posição estável no esqueleto craniofacial, e que as desarmonias
decorriam de alterações anteroposteriores da arcada em relação a ele. As
classes de s oclusões foram divididas em I, II e III:
Classe I – relação ântero-posterior normal dos maxilares,
observada pela posição dos molares.
Classe II o molar inferior está posicionado distalmente em
relação ao molar superior.
Classe III – o molar inferior está posicionado mesialmente em
relação ao molar superior.
No entanto, a classificação de Angle, está baseada nas relações
ântero-posteriores dos maxilares entre si. Portanto, não considera as
discrepâncias num plano vertical ou lateral. Estas discrepâncias podem
ser responsáveis por variações verticais (sobremordida profunda e
mordida aberta) e transversais (mordida cruzada) dos grupos de
dentes.
(9)
Para o autor: sobremordida profunda é quando existe
sobreposição vertical excessiva dos incisivos;mordida aberta é quando
ausência localizada de oclusão, enquanto os demais dentes estão em
oclusão, pode ser posterior ou mais freqüentemente anterior; e mordida
cruzada é o termo usado para indicar uma relação bucolingual
(labiolingual) anormal dos dentes.
Apesar da redução acentuada da cárie dentária na infância,
decorrente das mudanças no quadro epidemiológico da saúde bucal no
país, o campo de trabalho em relação às más oclusões é amplo e ainda
83
pouco explorado. Existem poucos serviços de saúde que têm um setor
ou programa de trabalho voltado para esta questão, ficando a maioria da
população com necessidades acumuladas e sem acesso, tanto aos
recursos mais simples de prevenção, quanto aqueles de tratamento mais
complexo.
(12)
A epidemiologia estuda o processo saúde-doença, analisa a
distribuição e os fatores determinantes de doenças, danos à saúde e
eventos associados à saúde coletiva. Por um lado propõe medidas
específicas de prevenção, de controle e de erradicação de doenças e, por
outro, fornece indicadores que subsidiam o planejamento, a
administração e a avaliação das ações de saúde. Os levantamentos
epidemiológicos fornecem informações sobre a distribuição de um
acontecimento ou evento em uma determinada população, constituindo-
se quase sempre em um primeiro passo para análises epidemiológicas de
maior profundidade.
(13,14)
Portanto, o planejamento dos tratamentos
ortodônticos em serviços públicos de saúde requer informações da
prevalência e da distribuição das más oclusões.
(15)
Apesar da importância de se conhecer a prevalência da
oclusão na população brasileira, mesmo que avaliada isoladamente,
estudos brasileiros sobre as más oclusões mais prevalentes na infância e
seus fatores associados são escassos. Tais estudos possibilitam conhecer
as reais dimensões destes problemas na população e se tornam fatores
determinantes para o planejamento das ações nas políticas de saúde
pública.
(16,17)
O presente trabalho teve como objetivo analisar a prevalência e a
distribuição das más oclusões no município de Florianópolis SC, em
crianças de seis a oito anos de idade matriculadas em escolas públicas
municipais, buscando contribuir para o conhecimento das necessidades
de tratamento, na implantação de medidas preventivas a serem
implementadas na capital catarinense.
2 Material e Método
Foi realizado um estudo transversal observacional quantitativo,
cujo universo eram as 7636 crianças matriculadas em 32 escolas do
ensino fundamental público municipal de Florianópolis. A seleção das
escolas resultou em 24 unidades de ensino e num total de 528
participantes de ambos os gêneros. O método de amostragem aleatória
simples foi utilizado para selecionar os participantes da pesquisa,
(14)
de
acordo com os seguintes critérios de Inclusão: estar regularmente
84
matriculado no ensino fundamental da rede pública municipal no
primeiro semestre letivo do ano de 2009, ter entre 6 e 8 anos de idade,
não ser portador de aparelho ortodôntico, e ter o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido assinado por um dos pais e/ou
responsável.
O exame clínico dos escolares foi realizado em cadeiras próprias
das escolas, em local sob luz natural, utilizando abaixadores de língua
descartáveis. Afastadores e espelhos para fotografia intra e extra-bucais
foram utilizados quando julgado necessário pela pesquisadora
documentar os achados característicos do estudo. Após as autorizações
institucionais necessárias para desenvolvimento do trabalho e aprovação
pelo comitê local de ética em pesquisa com seres humanos, agendava-se
visita às classes que fariam parte da amostra (primeiros, segundos e
terceiros anos do ensino fundamental).
Após as autorizações institucionais necessárias para
desenvolvimento do trabalho e aprovação pelo Comitê de Ética em
Pesquisa com Seres Humanos, agendava-se visita às classes que fariam
parte da amostra (primeiros, segundos e terceiros anos do ensino
fundamental). As crianças foram examinadas pela autora da pesquisa,
auxiliada por uma anotadora, sendo o exame clínico realizado em
cadeiras da própria escola, em locais sob luz natural, utilizando
abaixadores de língua descartáveis.
Os dados coletados foram analisados utilizando o programa
estatístico SPSS for Windows versão 15.0. A estatística descritiva foi
realizada através do cálculo da distribuição de freqüência relativa
visando identificar a prevalência das categorias de más oclusões. Para a
análise da relação das variáveis investigadas entre os sexos, aplicou-se o
teste do qui-quadrado. As análises brutas e multivariável foram
realizadas por meio da regressão de Poisson, que apresenta como
medida de associação a razão de prevalências, com os respectivos
intervalos de confiança de 95% (IC 95%).
3 Resultados
Na amostra total analisada (n=528), 63,4% (n=334) das crianças
apresentaram algum tipo de oclusão (Tabela1). Destes, 39,1%
(n=206) apresentaram má oclusão de Classe I; 11,4% (n=60) foram
diagnosticados como Classe II e 1,5% (n=8) apresentaram oclusão
de Classe III. Daquelas diagnosticadas como Classe II, 11,4% (n=60)
foram classificados como Classe II Primeira Divisão, sendo que
85
nenhuma criança apresentou Classe II Segunda Divisão. Dos indivíduos
portadores de Classe III, 1,5% (n=8), 5 apresentaram Classe III Sub
Divisão Esquerda e 3 apresentaram Classe III Sub Divisão Direita
(Figura 1).
Embora não esteja contemplada na classificação de Angle, foi
observado que em 11,4% (n=60) das crianças examinadas havia uma
relação de Topo a Topo nos primeiros molares permanentes. Além
disso, em 36,6% (n=193) delas, não foi possível aplicar a classificação
de Angle, devido à ausência ou irrompimento parcial dos primeiros
molares permanentes, impossibilitando a aplicação desta classificação,
baseada primordialmente na relação entre os primeiros molares
permanentes superiores e inferiores (Figura 1).
36,6
11,4
39,1
11,4
1,5
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Não se aplica Topo Classe I Classe II Classe III
Classificação de Angle
Proporção (%)
Figura 1: Presença de má oclusão na amostra. Florianópolis, 2009.
Quando os dados foram analisados em relação ao gênero,
observaram-se diferenças significativas (p<0,006) nas diversas
categorias de má oclusão. Os meninos apresentaram maior percentual de
Classe I do que as meninas. No entanto, isto não foi observado nas
demais classes de más oclusões.
A distribuição das classes de más oclusões segundo Angle, das
relações molares de Topo a Topo, bem como dos percentuais de
situações onde não foi possível aplicar nenhuma destas classificações,
encontra-se na Figura 2.
86
40,4
6,7
41,6
10,6
0,8
33,1
15,8
36,8
12,1
2,2
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Não se aplica Topo Classe I Classe II Classe III
Classificão de Angle
Proporção (%)
Meninos
Meninas
*p<0,006
* teste do χ
2
Figura 2: Presença de má oclusão segundo a classificação de Angle e Topo a
Topo na amostra, de acordo com o gênero. Florianópolis, 2009.
Ao analisar a distribuição das crianças de acordo com a idade,
observou-se que 28,4% (n=150) tinham seis anos, 40,9% (216) tinham
sete anos e 30,7% (162) tinham oito anos.
Verificou-se que o percentual de oclusão do tipo Classe I de
Angle foi maior aos oito anos de idade, ficando bastante próxima nas
idades de seis e sete anos.
Nas crianças diagnosticadas como Classe II e Classe III, os
valores ficaram muito próximos, independentemente da idade (Figura
3). Nas demais crianças não foi possível verificar a relação dos
primeiros molares permanentes porque estes não estavam presentes no
momento do exame.
87
53,3
6,0
1,3
16,2
31,9
12,5
1,9
19,9
9,9
57,8
1,2
29,3
10,0
37,5
11,2
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
Não se aplica Topo Classe I Classe II Classe III
Classificação de Angle
Proporção (%)
6 anos
7 anos
8 anos
*p<0,001
* teste do χ
2
Figura 3: Presença de má oclusão de acordo com a idade. Florianópolis, 2009.
Ao estudar as más oclusões não contempladas na classificação de
Angle, observou-se que 14,2% (n=75) das crianças apresentaram
mordida aberta anterior, 13,6% (n=72) mordida cruzada anterior e 9,8%
(n=52) mordida cruzada posterior. (Tabela 1).
Tabela 1: Prevalência de má-oclusão em crianças de acordo com o
gênero. Florianópolis, 2009.
Variáveis Geral Meninos Meninas p*
n % n % n %
Má-oclusão
Não
Sim
193
334
36,6
63,4
103
152
40,4
59,6
90
182
33,1
66,9
0,082
Mordida Aberta Anterior
Não
Sim
453
75
85,8
14,2
230
26
89,8
10,2
223
49
82,0
18,0
0,010
Mordida Cruzada Anterior
Não
Sim
456
72
86,4
13,6
226
30
88,3
11,7
230
42
84,6
15,4
0,213
Mordida Cruzada Posterior
Não
Sim
476
52
90,2
9,8
233
23
91,0
9,0
243
29
89,3
10,7
0,518
* teste do χ
2
88
4 Discussão
No presente estudo verificou-se que mais da metade das crianças
participantes apresentou algum tipo de má oclusão, o que representa
uma elevada prevalência, e está de acordo com estudos nacionais e
internacionais que analisaram faixas etárias semelhantes ao estudo em
tela. Tais estudos verificaram que a prevalência de má oclusão variou de
40 a 96%. (Tabela 2).
Ao analisar os dados da amostra segundo a Classificação de
Angle, o maior percentual observado foi o da Classe I, seguido da
Classe II e da Classe III. Percentuais semelhantes a este foram
encontrados por Biázio et al,
(18)
onde a prevalência maior também foi da
Classe I; e por Ribas et al
(16)
que encontrou percentuais semelhantes
para a Classe I, Classe II e Classe III. Este é um aspecto de certa forma
favorável, tendo em vista que a Classe I apresenta a possibilidade de
prevenção e correção dos problemas oclusais, ao contrário das Classes II
e III que não podem ser evitadas, pois nelas atua forte componente
genético.
As crianças que foram diagnosticadas como Classe II
representaram mais de um décimo da amostra, considerado um elevado
percentual, o que também foi observado nos estudos de Biázio et al
(18)
e
de Ribas et al
(16)
. Os estudos foram discrepantes nos percentuais de
Classe II e Classe III, sendo menores na amostra do presente estudo.
Por não haverem sido localizadas na literatura consultada,
pesquisas que abordem a relação molar de Topo a Topo, este aspecto
não poderá ser discutido embora, na presente pesquisa, o percentual de
crianças portadoras desta relação tenha sido considerado relevante.
A impossibilidade de aplicar a classificação de Angle em função
da ausência ou irrompimento parcial dos primeiros molares permanentes
representou um percentual razoável da amostra. Quando este percentual
foi analisado em relação ao gênero, observou-se um maior número de
meninos que apresentavam esta impossibilidade. Ao se analisar a
impossibilidade de classificação frente à idade, o maior número de
crianças com seis anos deve-se, provavelmente, ao não irrompimento
dos primeiro molares. Aos sete anos, pode-se somar ao não
irrompimento e ao irrompimento parcial, a ausência por extração. No
entanto, aos oito anos, acredita-se que o percentual de impossibilidade
de classificação seja devido, em sua maioria, à ausência por extração de
primeiros molares permanentes, resultante, provavelmente da cárie
dentária.
Tabela 2 Estudos sobre prevalência de más oclusões segundo
autor(es), ano de publicação, local, tamanho da amostra e idade.
Autores Publi-
cação
Local Amos-
tra
Idade
(anos)
Más Oclusões Prevalência (%)
Newman e
Newmark
1956 Bélgica
3355 06 a 14 Algum tipo 52
Mugonzibwa 1992 Tanzâ-
nia
698 06 a 18 Angle e
condições
específicas
Classe I (93 a 96)
Mordida Aberta
Anterior (09 a 13)
Secretaria de
Saúde e de
Desenvolvimento
Social de
Florianópolis-SC
1995 Floria-
nópolis-
SC
3441 06 a 12 Leve
Moderada/
Severa
40,7
12,1
Thilander et al 2001 Colôm-
bia
4724 05 a 17 Moderada/
Severa
88
Ribas et al 2004 Curitiba
-PR
1550 06 a 08 Angle Classe I (60-73)
Classe II (18-34)
Classe III (6-14)
Biázio et al 2005 Guara-
puava-
PR
126 03 a 09 Baume e
Angle
Classe I (78 a 70)
Classe II Divisão I
(07 a 12)
Classe II Divisão I
Su-divisão (10 a
06)
Classe II Divisão
II (0 a 03)
Classe III (03 a
06)
Suliano et al 2005 Juazeiro
do
Norte -
CE
84 06 a 12 Angle 77
Observou-se que um considerável percentual das crianças
apresentaram mordida aberta anterior, corroborando os estudos de
Mugonzibwa
(19)
que também encontrou elevados percentuais de mordida
aberta anterior, relacionando-os com a presença de hábitos deletérios,
mas diferindo dos percentuais obtidos por Almeida et al
(20)
.
Os percentuais de mordida cruzada anterior na amostra analisada
foram mais elevados do que os obtidos por Almeida et al
(20)
, bem como
os de mordida cruzada posterior. No entanto, são mais baixos do que os
apresentados para mordida cruzada posterior.
(21)
Para a autora, a
90
mordida cruzada posterior pode estar relacionada a fatores como:
hábitos bucais deletérios, obstrução das vias aéreas superiores com
conseqüente respiração bucal, perda precoce ou retenção prolongada de
dentes decíduos, pressionamento lingual atípico, ou ainda a fatores
genéticos.
A expressiva quantidade de indivíduos que compuseram a
população da pesquisa, a qualificação dos examinadores/anotadores,
ambos cirurgiões-dentistas e a reprodução diagnóstica obtida na coleta
dos dados sugerem uma boa validade interna do estudo. Além disso, o
nível de confiança e a precisão assumidos neste trabalho, permitem
produzir inferências para a população desta faixa etária do município de
Florianópolis-SC-Brasil.
Com base nos achados desta pesquisa, é lícito afirmar que as
metas propostas pela OMS-FDI para o ano 2010, índice CPO-D menor
que 1 aos 12 anos e 90% das crianças de 5 anos livres de cárie
(6)
representam um grande desafio epidemiológico para o município de
Florianópolis, visto que foi observado neste estudo, a existência de uma
forte associação entre as más oclusões e a perda precoce de dentes
decíduos, estas, decorrentes da doença cárie e de higiene bucal
inadequada.
5 Conclusão
Concluiu-se haver um elevado índice de má oclusão nos escolares
na fase de dentadura mista de ambos os sexos no município de
Florianópolis, sugerindo que medidas preventivas devem ser adotadas
precocemente nos serviços públicos de saúde para prevenir o
estabelecimento e o agravamento das más oclusões nas crianças do
município de Florianópolis. A prevalência de oclusão na população
estudada foi alta o suficiente para caracterizá-la como um problema de
saúde pública, sendo primordial a realização de ações coletivas que
modifiquem este panorama.
6 Considerações finais
A oclusão normal, segundo parâmetros encontrados fartamente na
literatura odontológica, é um imperativo de saúde, e a má oclusão é uma
entidade patológica que compromete o bem-estar dos indivíduos,
portanto, é extremamente importante que as pessoas portadoras de
91
oclusão possam ter um atendimento público de qualidade. Para isso, se
faz necessário à inclusão no planejamento, na organização dos
programas de saúde bucal, medidas profiláticas, voltadas para essa área,
com uma perspectiva multiprofissional e interdisciplinar.
Os tratamentos dos problemas oclusais mais simples, baseados
em diagnóstico etiológico, morfológico e funcional, devem ser iniciados
em idades precoces. Para isso, propõe-se que medidas ortodônticas
preventivas e interceptativas sejam adotadas nos serviços públicos de
saúde, objetivando amenizar o elevado percentual de má oclusão no
município de Florianópolis. O planejamento em saúde bucal deve
considerar essas questões, fundamentadas em diagnósticos individuais e
coletivos, enfrentando os desafios cotidianos, propiciando
transformações na saúde bucal das crianças e, sobretudo, contribuindo
com um futuro saudável para as crianças.
Referências:
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reabilitação neuroclusal. 3. ed. São Paulo: Artes Médicas; 2003.
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scoring occlusal disorders. Am J Orthod. 1971; 59(6): 552-67.
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relacionados à sua ocorrência em pré-escolares da cidade de São
Luís – MA – Brasil. RPG Rev Pós Grad 2005;12(2):212-21.
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oclusões: perspectiva clínica (Parte I) – fatores genéticos. Rev Clin
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2007, Janeiro e Fevereiro de 2008.
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Maloclusões Na América Latina E Considerações Antropológicas.
Ortodontia, São Paulo, V.27, N.1, P.51-59, Jan./Abr. 1994.
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Epidemiologia da saúde bucal. Rio de Janeiro: Guanabara koogan;
92
2006. p.83-101.
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10. Angle EH. Classification of malocclusion. Dent. Cosmos,
Philadelphia, v.41, n.3, p.248-264, 1899.
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sistemas de saúde. [Doutorado]. São Paulo: Faculdade de Saúde
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13. Pinto, A.C. Odontopediatria. 5. ed. São Paulo: Santos, 2000.
Cap.40, p.739-765.
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(1976) 69:83–90.[CrossRef][Web of Science][Medline]
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17. Antunes, J.L.F.; Peres,M.A. Epidemiologia da Saúde Bucal.
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a series of 6-18 years olds, in Ilala District, Tanzania. Afr. Dent F
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20. Almeida et al. Prevalência da má oclusão em escolares da rede
estadual do município de Manaus, AM - Brasil Revista Gaúcha de
Odontologia, Porto Alegre, v. 55, n.4, p. 389-394, out./dez. 2007.
21. Hayasaki, S. M. Et al. A Importância da Correção Precoce da
Mordida Cruzada Posterior. Revista Dental Press de Ortodontia e
Ortopedia Facial – V.3, Nº 6 – NOV./DEZ. 1998.
93
ARTIGO III - AGRAVAMENTO DE OCLUSÃO PELA
PERDA PRECOCE DE DENTES DECÍDUOS
O artigo a seguir encontra-se formatado nas normas da Revista
Angle Orthodontist (Anexo E).
FADEL, Marianella Aguilar Ventura; LOCKS, Arno.
Agravamento de má oclusão pela perda precoce de dentes decíduos.
95
Agravamento de má oclusão pela perda precoce de dentes decíduos
FADEL, Marianella Aguilar Ventura; LOCKS, Arno.
RESUMO: Introdução: Os dentes decíduos são pilares no
desenvolvimento da oclusão, no entanto, a sua perda prematura ainda é
muito freqüente, e têm como principal fator etiológico a cárie dentária.
O objetivo deste trabalho foi identificar os aspectos preditivos da perda
precoce de dentes decíduos no agravamento das más oclusões. Material
e Método: Examinaram-se 528 escolares de ambos os sexos, com idade
entre 6 e 8 anos, provenientes de 24 escolas públicas municipais de
Florianópolis. A anamnese e o exame clínico odontológico foram
efetuados no pátio, sob luz natural com as crianças sentadas em cadeiras
da própria escola e utilizando espátulas descartáveis de madeira. As
anotações foram realizadas nas fichas clínicas de cada participante. Para
a análise da relação das variáveis investigadas entre os sexos, aplicou-se
o teste do qui-quadrado. As análises brutas e multivariável foram
realizadas por meio da regressão de Poisson, que apresenta como
medida de associação a razão de prevalências, com os respectivos
intervalos de confiança de 95%. Resultados e Discussão: Na amostra
analisada, 51,5% eram meninas e 48,5% meninos; 63,4% das crianças
apresentaram más oclusões e 21,8% tiveram perda dental precoce. Ao
analisar a oclusão como variável dependente, observou-se que na
razão de prevalência bruta, a probabilidade de apresentar má oclusão foi
73% maior naquelas com perda dental precoce, foi 72% maior nas
crianças de 8 anos de idade, 18% maior naquelas com presença de cárie
e 22% maior naquelas com higiene bucal inadequada. Conclusão: O
presente estudo permitiu concluir, que a interpretação e compreensão
dos fatores etiológicos representam o primeiro passo rumo à
possibilidade de minimizar, significantemente a incidência de
oclusão, mediadas por políticas públicas que incentivem boas práticas
de saúde e de higiene bucal, visando combater a doença cárie, que ainda
é diretamente responsável pela perda dental precoce em crianças,
evitando o estabelecimento e/ou o agravamento das más oclusões.
Palavras-chave: má oclusão, dente decíduo, extração dentária.
97
1 Introdução
Os dentes decíduos são pilares no desenvolvimento da oclusão,
no entanto, a sua perda prematura ainda é muito freqüente, e têm como
principal fator etiológico a cárie dentária.
(1, 2)
A cárie dentária é um
problema muito frequente nos indivíduos, embora tenha sido relatado,
ultimamente, o seu declínio em diversos países, inclusive no Brasil.
Além da cárie dentária, as más oclusões são problemas de saúde bucal
de interesse na Saúde Coletiva, definidas como agravos à saúde, desde
1950, pela Organização Mundial da Saúde.
(3)
Quando as perdas precoces ocorrem na dentição decídua, os
prejuízos podem se estender à dentição permanente e interferir no
desenvolvimento dos tecidos ósseos e musculares da face, e desta forma
contribuir para o estabelecimento e/ou agravamento de más oclusões,
além de provocar nas crianças, distúrbios de fonação, redução da
capacidade mastigatória, problemas de ordem psicológica, instalação de
hábitos bucais viciosos e no aspecto estético, que exerce grande
influência na integração social dos indivíduos.
(4-7)
Assim, as más
oclusões podem ser incluídas entre as alterações bucais que mais
interferem na qualidade de vida da população, pois afetam a estética
facial, causam prejuízos à mastigação, à fala, à interação social e
diminuem o sentido de bem-estar.
(8)
As más oclusões não são entidades isoladas, mas, um conjunto de
situações, que podem ser complicadas por fatores genéticos e de
desenvolvimento, tendo sua prevalência e sua severidade aumentada nos
últimos 200 anos.
(9)
Embora exista concordância na literatura em
compreender as más oclusões como fenômenos de crescimento e
desenvolvimento, o mesmo não é verificado em relação a se elas vão ou
não se tornando mais graves e mais severas com o passar dos anos.
(10)
Autores classificaram a etiologia das más oclusões numa
perspectiva clínica, dividindo os fatores etiológicos em dois grandes
grupos: fatores genéticos e fatores ambientais.
(11)
No entanto,
salientaram que os dois fatores podem estar associados, somando seus
efeitos, devido à diversidade morfológica. Para os autores, geralmente
quanto maior a influência ambiental em detrimento da influência
genética, maior a possibilidade de prevenção, melhor o prognóstico de
correção e maiores as chances de estabilidade pós-tratamento, desde que
eliminada a causa. Todas as más oclusões representam interações da
genética e do ambiente. Os fatores genéticos instalam-se como
fatalidade biológica, portanto, não são prevenidos, apenas atenuados
com intervenção ortodôntica, ortopédica e/ou cirúrgica, dependendo da
98
localização, extensão e gravidade da má oclusão.
Outro estudo examinou a oclusão de 3.355 escolares de 6 a 14
anos de idade, verificando um percentual de 52% de más oclusões. Ao
estabelecer uma divisão entre as más oclusões em aqueles tipos evitáveis
(relacionados predominantemente à hábitos nocivos, à ortodontia
interceptativa e à tratamentos de curta duração) e aqueles tipos mais
severos (cuja oclusão seria dificilmente evitada ou auto-corrigida e
estava mais relacionada à ortodontia corretiva), verificou que os dois
tipos de má oclusão apresentavam-se em proporção inversa quando
comparados à idade. Havia mais escolares com oclusão evitável no
grupo etário de 6 a 9 anos do que com oclusão moderada ou severa
no grupo dos 10 a 13 anos de idade. De acordo com esse autor, quanto
mais idade tiver a criança com oclusão, menor a probabilidade da
auto-correção e/ou de tratamento curto com ortodontia interceptativa.
(12)
Na atualidade, as atitudes preventivas estão presentes e guiam as
condutas, sendo assim, pequenas intervenções podem minimizar o
desenvolvimento de problemas oclusais que, sem intervenção com o
decorrer do tempo, vão acarretar em grandes desvios, trazendo sérias
dificuldades de tratamento, sobretudo sob o ponto de vista técnico e
social.
A discussão, quanto ao diagnóstico, da relação existente entre a
perda precoce de dentes decíduos e o agravamento das más oclusões
pode ser uma das estratégias para redução dos danos à saúde das
crianças. Isto porque se a ação terapêutica preventiva e interceptativa
incidir mais precocemente nos indivíduos, mais chances de sucesso e
menores serão as possibilidades de agravos à dentição permanente.
Visando contribuir com o planejamento de ações na odontologia em
saúde coletiva, o objetivo deste trabalho foi identificar os aspectos
preditivos da perda precoce de dentes decíduos no agravamento das más
oclusões em crianças de 6 a 8 anos de idade no município de
Florianópolis- SC.
2 Material e Método
Foram aleatoriamente selecionadas 24 das 32 Escolas Públicas
Municipais de Florianópolis e, entre seus 7636 alunos, participaram 528
crianças de ambos os gêneros, sendo desenvolvido um estudo
transversal observacional quantitativo. Os participantes da pesquisa
foram selecionados através do método de amostragem aleatória simples
(PEREIRA, 2003), de acordo com os seguintes critérios de inclusão:
99
estar regularmente matriculado no Ensino Fundamental da rede pública
municipal de ensino no primeiro semestre letivo do ano de 2009, estar
incluído na faixa etária entre 6 e 8 anos, não estar realizando tratamento
ortodôntico, não ser portador de aparelho ortodôntico e ter o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido assinado por um dos pais e/ou
responsável.
Após as autorizações institucionais necessárias para
desenvolvimento do trabalho, agendava-se visita às classes que fariam
parte da amostra (primeiros, segundos e terceiros anos do ensino
fundamental). A abordagem inicial das crianças era realizada em sala de
aula, com uma conversa inicial explicando em linguagem simples e
acessível às crianças as etapas do estudo, através de palestras educativas
sobre saúde bucal e preservação/manutenção dos dentes decíduos,
utilizando a música como elemento mediador e facilitador para a
compreensão do tema, de maneira lúdica, divertida e marcante.
Enquanto as crianças e as examinadoras cantavam músicas relativas ao
tema abordado, eram entregues os termos de consentimento.
O exame clínico dos escolares foi efetuado somente pela autora,
orientada por um especialista em Ortodontia, considerado Padrão Ouro e
auxiliada por outra Cirurgiã Dentista que realizava a anotação dos dados
nas fichas clínicas. Este exame foi realizado em cadeiras próprias das
escolas, em local sob luz natural, utilizando abaixadores de língua
descartáveis, afastadores e espelhos para fotografia intra e extra-bucais
para documentar os achados mais característicos do estudo.
Os dados foram analisados utilizando o programa estatístico
SPSS for Windows versão 15.0. A estatística descritiva foi realizada
através do cálculo da distribuição de freqüência relativa visando
identificar o percentual de dentes decíduos perdidos precocemente e das
categorias de más oclusões, assim como obter as prevalências das
demais variáveis de interesse do estudo. Para a análise da relação das
variáveis investigadas entre os sexos, aplicou-se o teste do qui-
quadrado. As análises brutas e multivariável foram realizadas por meio
da regressão de Poisson, que apresenta como medida de associação a
razão de prevalências, com os respectivos intervalos de confiança de
95% (IC 95%).
A análise multivariável foi conduzida para dois modelos de
variáveis dependentes. No primeiro modelo, a má-oclusão foi a variável
dependente; as variáveis independentes foram sexo, idade, perda dental,
cárie, onicofagia, sucção digital, interposição labial, interposição lingual
e boa higiene. No segundo modelo considerou-se como variável
dependente a má oclusão com perda dental em relão às variáveis
100
independentes, exceto a perda dental. Para o processo de seleção de
variáveis recorreu-se à seleção “para frente” (forward selection),
considerando como critério de inclusão das variáveis os valores de p <
0,25, mediante a utilização do teste de Wald obtido na RP bruta. Em
todos os testes analisados, adotou-se um nível de significância de 5%.
3 Resultados
Do total de crianças examinadas, 51,5% (n= 272) eram meninas e
48,5% (n=256) meninos. A distribuição das idades foi de 28,4% (n=
150) com seis anos de idade, 40,9% (n= 216) com sete anos e 30,7% (n=
162) com oito anos de idade (Tabela 1).
Tabela 1: Distribuição da amostra, segundo idade e gênero.
Florianópolis, 2009.
Idades Geral Meninos Meninas
n % n % N %
6 anos
7 anos
8 anos
150
216
162
28,4
40,9
30,7
67
113
76
26,2
44,1
29,7
83
103
86
30,5
37,9
31,6
Total 528 100,0 256 100,0 272 100
Quando os dados foram estudados em relação ao gênero,
verificou-se que nos meninos, os dentes com maior percentual de perda
precoce foram os elementos 84 (18,4%), 74 (15,5%), 75 (11,7%) e 85
(10,7%), e nas meninas, foram os elementos 74 (16,5%), 84 (12,9%) e
85(10,1%). Em ambos os gêneros, as perdas precoces foram mais
freqüentes na região posterior da mandíbula, não sendo observada
diferença estatisticamente significante (Tabela 2).
Ao analisar os dados em relação à idade, houve maior percentual
de perda dos dentes 84 (21,0% aos seis, 20,3% aos sete e 11,7% aos oito
anos de idade) e 74 (18,4% aos seis, 16,9% aos sete e 15,2% aos oito
anos de idade), além da perda do dente 75 (10,5% aos seis, 11,9% aos
sete e 8,3% aos oito anos de idade) e do dente 85 (13,2% aos seis, 8,5%
aos sete e 10,3% aos oito anos de idade) (Figura 3).
101
Tabela 2 Percentual de perdas dentais precoces segundo o gênero e
localização nas arcadas. Florianópolis, 2009.
ANTERIORES POSTERIORES
Dente
Meninos Meninas Dente Meninos Meninas
SUPERIORES
52
53
62
63
1,9%
2,9%
1,0%
1,0%
0,0%
5,0%
0,0%
6,5%
54
55
64
65
10,7%
5,8%
8,7%
4,9%
5,8%
5,8%
12,9%
10,1%
INFERIORES
72
73
82
83
0,0%
1,9%
0,0%
4,9%
0,0%
7,9%
0,0%
9,4%
74
75
84
85
15,5%
11,7%
18,4%
10,7%
16,5%
7,9%
12,9%
10,1%
5,3
5,3
5,3
7,9
2,6
2,6
18,4
10,5
0,0
13,2
21,1
2,6
2,6
2,6
0,0
0,0
0,0
6,8
10,2
1,7
1,7
0,0
6,8
16,9
11,9
8,5
8,5
20,3
0,0
0,0
0,0
0,0
10,3
0,0
0,7
5,5
9,0
4,1
5,5
9,0
0,0
0,0
6,2
5,5
9,0
8,3
15,2
11,7
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0
Dentes Perdidos
Proporção (%)
6 anos 7 anos 8 anos
52
53
54
55
62
63
64
65
72
73
74
75
82
83
84
85
Figura 3: Percentual de perda precoce de dentes decíduos, de acordo com a
idade. Florianópolis, 2009.
Na amostra estudada (n=528), foi observado um percentual de
63,4% (n=334) de portadores de oclusão, de 21,8% (n=115) que
apresentou perda precoce de dentes decíduo, sendo que ao exame
clínico, em 14,5% foi possível verificar que a perda dental precoce
estava associada ao surgimento da má-oclusão e em 7,4% foi possível
verificar que a perda dental precoce estava associada a um provável
agravamento da má-oclusão existente. Os percentuais de cárie foram
102
elevados, sendo observados em 33,5% (n=177) das crianças. Dos
hábitos deletérios investigados tiveram maiores percentuais a onicofagia
(54,4%; n=287) e a interposição lingual (38,3%; n=202). A higiene
bucal inadequada foi verificada em 32,4% (n=171) da amostra (Tabela 3).
Tabela 3: Prevalência de má oclusão, perda dental precoce, doença cárie
e hábitos deletérios à saúde em crianças, por sexo. Florianópolis, SC
2009.
Variáveis Geral Meninos Meninas p*
n % n % n %
Má oclusão
Não
Sim
193
334
36,6
63,4
103
152
40,4
59,6
90
182
33,1
66,9
0, 082
Perda Dental Precoce
Não
Sim
413
115
78,2
21,8
207
49
80,9
19,1
206
66
75,7
24,3
0, 154
Agravamento da Má oclusão
Não se aplica
Provocou
Agravou
413
76
39
78,1
14,5
7,4
206
34
15
80,8
13,3
5,9
204
42
24
75,6
15,6
8,9
0, 286
Cárie
Não
Sim
351
177
66,5
33,5
166
90
64,8
35,2
185
87
68,0
32,0
0, 440
Onicofagia
Não
Sim
241
287
45,6
54,4
113
143
44,1
55,9
128
144
45,6
54,4
0, 501
Sucção Digital
Não
Sim
456
72
86,4
13,6
226
30
88,3
11,7
230
42
84,6
15,4
0, 213
Interposição Labial
Não
Sim
516
12
97,7
2,3
252
4
98,4
1,6
264
8
97,1
2,9
0, 288
Interposição Lingual
Não
Sim
326
202
61,7
38,3
169
87
66,0
34,0
157
115
57,7
42,3
0, 050
Boa Higiene Bucal
Sim
Não
357
171
67,6
32,4
173
83
32,4
67,6
184
88
32,4
67,6
0, 987
* teste do χ
2
A prevalência de oclusão foi maior nas meninas de 8 anos de
idade que tiveram perda dental precoce, interposição lingual e
higiene bucal. Ao analisar a má oclusão como variável dependente,
observou-se que na razão de prevalência bruta, a probabilidade de
apresentar oclusão foi 72,0% maior nas crianças de oito anos de
idade, 73,0% maior naquelas que apresentaram perda dental precoce,
103
18,0% maior naquelas com presença de cárie, 15,0% maior nas crianças
com interposição lingual e 22% maior naquelas com higiene bucal
inadequada. Na análise ajustada, permaneceram associadas a
oclusão, perda dental precoce (RP= 1,63; IC95%= 1,47-1,80) e
interposição lingual (RP= 1,17; IC95%= 1,04-1,32) (Tabela 4).
Tabela 4: Razão de Prevalência (RP) bruta e ajustada entre má oclusão,
sexo, idade, perda dental precoce, doença cárie e hábitos deletérios em
crianças. Florianópolis, SC 2009.
Prevalência Má Oclusão*
Variáveis Má oclusão RP bruta RP ajustada**
n % RP IC 95% P RP IC 95% P***
Sexo
Meninos
Meninas
152
182
59,6
66,9
1,00
1,12
0,99-1,28
0,084
1,00
1,08
0,96-1,22
0,226
Idade
6 anos
7 anos
8 anos
70
135
129
46,7
62,5
80,1
1,00
1,34
1,72
1,10-1,64
1,42-2,07
<0,001
1,00
1,34
1,72
1,10-1,64
1,42-2,07
<0,001
Perda dental precoce
Não
Sim
226
108
54,7
94,7
1,00
1,73
1,57-1,91
<0,001
1,00
1,63
1,47-1,80
<0,001
Cárie
Não
Sim
210
124
59,8
70,5
1,00
1,18
1,04-1,34
0,013
1,00
0,98
0,86-1,12
0,750
Onicofagia
Não
Sim
152
182
63,1
63,6
1,00
1,01
0,89-1,15
0,893
Sucção Digital
Não
Sim
293
41
64,4
56,9
1,00
0,88
0,72-1,09
0,256
Interposição Labial
Não
Sim
327
7
63,5
58,3
1,00
0,92
0,57-1,49
0,731
Interposição Lingual
Não
Sim
195
139
60,0
68,8
1,00
1,15
1,01-1,30
0,037
1,00
1,17
1,04-1,32
0,009
Boa Higiene Bucal
Sim
Não
123
211
59,1
72,4
1,00
1,22
1,08-1,39
0,002
1,00
1,02
0,90-1,16
0,743
* Oclusão normal versus má oclusão.
** Regressão de Poisson: ordem de entrada das variáveis (Idade, perda de dente, boa higiene,
cárie, interposição lingual e gênero); ordem de saída (higiene, cárie e gênero).
*** p valor < 0,05
104
Tabela 5: Razão de Prevalência (RP) bruta e ajustada entre oclusão
com e sem perda dental precoce associada ao sexo, à idade, à doença
cárie e hábitos deletérios em crianças (n= 334). Florianópolis, SC 2009.
Prevalência Má Oclusão com perda dental - MOCPD*
Variáveis MOCPD RP bruta RP ajustada**
n % RP IC 95% p RP IC 95% p***
Sexo
Meninos
Meninas
46
62
30,3
34,1
1,00
1,13
0,82-1,54
0,461
Idade
6 anos
7 anos
8 anos
19
31
58
27,1
23,0
45,0
1,00
0,85
1,66
0,52-1,39
1,08-2,54
<0,001
1,00
0,85
1,66
0,52-1,39
1,08-2,54
<0,001
Cárie
Não
Sim
36
72
17,1
58,1
1,00
3,39
2,43-4,73
<0,001
1,00
3,28
2,36-4,57
<0,001
Onicofagia
Não
Sim
49
59
32,2
32,4
1,00
1,01
0,74-1,37
0,972
Sucção Digital
Não
Sim
100
8
34,1
19,5
1,00
0,57
0,30-1,09
0,088
1,00
0,75
0,42-1,33
0,323
Interposição Labial
Não
Sim
107
1
32,7
14,3
1,00
0,44
0,07-2,70
0,372
Interposição
Lingual
Não
Sim
72
36
36,9
25,9
1,00
0,70
0,50-0,98
0,038
1,00
0,74
0,55-1,00
0,053
Boa Higiene Bucal
Sim
Não
39
69
18,5
56,1
1,00
3,04
2,20-4,20
<0,001
1,00
1,85
1,28-2,66
<0,001
* Má Oclusão com perda dental - MOCPD versus Má oclusão sem perda dental - MOSPD
** Regressão de Poisson: ordem de entrada das variáveis (idade, cárie, boa higiene,
interposição lingual e sucção digital); ordem de saída (interposição lingual e sucção digital).
*** p valor < 0,05
4 Discussão
O presente estudo trabalhou com uma faixa etária em que
coexistem dentes decíduos e permanentes nos arcos dentários, a
dentadura e/ou dentição mista. Estudos que consideram este momento
de vida são escassos na literatura, visto que, na sua maioria, os estudos
de base populacional sobre más oclusões são realizados na dentição
decídua ou na dentição permanente. O conhecimento desta fase do
105
desenvolvimento é essencial para planejar medidas preventivas e
interceptativas que minimizem a severidade dos agravos.
(13-15)
Ao analisar os dados da amostra estudada, foi possível observar
que as perdas dentais precoces foram mais freqüentes na região posterior
do arco inferior, e ocorreram com percentuais mais elevados aos seis
anos de idade.
(4, 7, 16-22)
Tendo em vista ser o primeiro molar inferior
permanente o primeiro dente a irromper na dentição permanente e, ao
fazer o seu irrompimento, será guiado pela face distal do segundo molar
decíduo. Portanto, é possível inferir que, com um maior número de
perdas acontecendo na região posterior do arco inferior, aumenta a
probabilidade de alterações na posição correta do primeiro molar
permanente causando assim, o estabelecimento de más oclusões.
Ao analisar a oclusão como variável dependente e seu
comportamento em relação às demais variáveis (idade, gênero, perda
dental precoce, cárie, higiene bucal e hábitos deletérios) observou-se
que a probabilidade de apresentar má oclusão foi maior nas meninas, aos
oito anos de idade, que apresentaram perda dental precoce, presença de
cárie, interposição lingual e higiene bucal inadequada. Estes resultados
estão em concordância com os de Almeida-Pedrin et al
(23)
, onde, a
oclusão esteve intimamente relacionada às pobres condições dentárias
da amostra avaliada: cárie, perdas prematuras de dentes decíduos e
permanentes, hábitos bucais deletérios. Os indivíduos com dentições
mais preservadas normalmente exibem menor freqüência de má oclusão.
Os resultados deste estudo permitiram observar que a oclusão
tem maior probabilidade de ocorrer quando está associada à perda dental
precoce, à higiene bucal inadequada e à presença de cárie dental, em
consonância com outros achados
(24)
onde a freqüência de traços
característicos de oclusão foi comparada entre grupos com e sem
perda precoce de dentes decíduos. Com base nos resultados deste
trabalho, as autoras salientaram que uma elevada taxa de prestação de
serviços de saúde bucal para pré-escolares deve ser considerada como
uma positiva medida econômica, desde que as extrações prematuras
sejam reduzidas. A principal diferença entre a freqüência de oclusão
nos grupos com e sem extração, pode estar particularmente relacionada
à perda precoce de dentes decíduos. Tais perdas estão fortemente
associadas à higiene bucal inadequada e à cárie dentária.
No presente estudo, foi observado que o percentual de más
oclusões aumentou com o avanço da idade. Observações semelhantes
foram realizadas
(25-27)
que, ao examinar crianças com idade variável
entre 6 e 13 anos de idade, observaram que quanto mais idade tivesse a
criança portadora de oclusão, menor seria a probabilidade de auto-
106
correção e/ou tratamento curto com ortodontia interceptativa.
Ao analisar a oclusão com perda dental precoce como
variável dependente e seu comportamento em relação às demais
variáveis (idade, gênero, cárie, higiene bucal e hábitos deletérios) foi
observado que a prevalência também aumentava em função do aumento
da idade, com a presença de cárie, interposição lingual e higiene bucal
inadequada. Quando ajustada às demais variáveis, permaneceram
associadas à oclusão com perda dental precoce: a idade, a presença
de cárie e a higiene bucal inadequada. Os resultados deste estudo estão
em concordância com o estudo de Frazão e Narvai
(9)
, que apresentaram
forte associação entre severidade da oclusão e a maioria dos dentes
com lesões cariosas não tratadas, suportando a hipótese de que o maior
acesso aos serviços de saúde poderia diminuir o agravamento das más
condições oclusais. Ao observar-se elevada incidência de cárie dentária,
quando esta doença está em declínio, uma alta taxa de lesões cariosas
não tratadas pode indicar acesso limitado aos serviços de saúde bucal e
baixo nível sócio-econômico.
(9)
Os autores salientam que, por se tratar
de uma contribuição indispensável à detecção precoce de um problema,
este tipo de levantamento é relevante porque subsidia a implementação
de ações preventivas e curativas, que se nenhuma conduta terapêutica
interceptora for adotada, os problemas ortodônticos irão perpetuar-se na
dentadura permanente e agravar a oclusão instalada. O tratamento
ortodôntico interceptativo melhora a oclusão, reduzindo a complexidade
da oclusão e a necessidade, comparado a não realização de
tratamento.
(28)
5 Conclusão
O presente estudo permitiu concluir que a perda precoce de
dentes decíduos favorece o estabelecimento e/ou o agravamento de más
oclusões, principalmente nas crianças que apresentaram interposição
lingual, que tinham oito anos de idade, que apresentaram cárie dentária e
higiene bucal inadequada, existindo uma forte associação entre má
oclusão com perda dental precoce e o aumento da idade, presença de
cárie e inadequada higiene bucal.
107
6 Considerações finais
A interpretação e compreensão dos fatores etiológicos
representam o primeiro passo rumo à possibilidade de minimizar,
significantemente a incidência de oclusão, mediadas por políticas
públicas que incentivem boas práticas de saúde e de higiene bucal,
visando combater a doença cárie, que ainda é diretamente responsável
pela perda dental precoce em crianças, evitando o estabelecimento e/ou
o agravamento das más oclusões.
Os dados obtidos revelaram a gravidade das condições de saúde
bucal dos escolares, sugerindo que as políticas públicas tenham um
enfoque dirigido aos fatores etiológicos comuns das doenças,
complementado estas ações por serviços educacionais e de saúde
comprometidos verdadeiramente com a melhoria da qualidade de vida
da população. .
Os resultados deste estudo renovam e ampliam o conhecimento,
repercutindo positivamente na elaboração de políticas públicas e na
organização dos serviços direcionados à população, que são e serão
sempre a sua razão de ser.
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21. Kelner N, et al. Prevalência de perda precoce de molares decíduos
em crianças atendidas na Faculdade de Odontologia da Universidade
de Pernambuco (FOPUPE) em 2002 e 2003. Odontol. Clin. Cient.
2005;4(3):213-18.
22. Batista AMR. Prevalência e etiologia da perda precoce de dentes
decíduos nos pacientes atendidos na clínica de odontopediatria da
Universidade Federal de Santa Catarina. (Dissertação), Mestrado em
Odontologia, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis,
2005.
23. Almeida-Pedrin, R.R.; Silva, E.E.; Ferreira, F.P.C.; Almeida, M.R.
Prevalência das más oclusões em jovens de seis a 12 anos de idade
na cidade de Miranda/MS. OrtodontiaSPO, 2008;41(4):384-92
24. Pedersen J, Stensgaard K, Meesen B. Prevalence of malocclusion in
relation to premature loss of primary teeth. Community Dent. Oral
Epidemiol. 1978: 6; 204-209
25. Korkhaus G. The frequency of orthodontic anomalies at various
ages. Int J Orthod Oral Surg Radiog 1928; 14(2): 120-35.
26. Mc Call JO. A study of malocclusion in preschool and school
children. Dent Items Interest, 1944; 66(1):131-3.
27. Newman GV. Prevalence of malocclusion in children six to fourteen
years of age and treatment in preventable cases. J Am Dent Assoc
1956; 52(5): 566-75.
28. King GJ, Brudvik P. Effectiveness of interceptive orthodontic
treatment in reducing malocclusions. American Journal of
Orthodontics and Dentofacial Orthopedics. Jan 2010;137:Number 1.
110
ARTIGO IV - DISTRIBUIÇÃO DE PERDA PRECOCE DE
DENTES DECÍDUOS E OCLUSÃO NO MUNICÍPIO DE
FLORIANÓPOLIS: UM MAPA INTELIGENTE
O artigo a seguir encontra-se formatado nas normas na Revista
Cadernos de Saúde Pública (Anexo F).
FADEL, M.A.V.; LOCKS, A. Distribuição de perda precoce de
dentes decíduos e oclusão no município de Florianópolis: um mapa
inteligente.
111
Distribuição de perda precoce de dentes decíduos e má oclusão no
município de Florianópolis: um mapa inteligente
FADEL, Marianella Aguilar Ventura; LOCKS, Arno.
RESUMO: Introdução: Tendo em vista que a cárie dentária e as más
oclusões são consideradas problemas de saúde pública e ocorrem em
regiões sob cobertura da estratégia Saúde da Família, o presente trabalho
mapeou a distribuição espacial das prevalências de perda precoce de
dentes decíduos, oclusão, presença de cárie dentária e higiene bucal
inadequada no município de Florianópolis SC, buscando contribuir,
desta forma, para o conhecimento das demandas de saúde bucal e para a
orientação e o planejamento de ações realizadas pelo SUS. Material e
Métodos: Fizeram parte da amostra analisada 528 crianças de 6 a 8 anos
de idade, matriculadas em escolas públicas municipais, sendo
desenvolvida uma ficha clínica como ferramenta para coleta de dados. O
exame clínico foi realizado sob luz natural utilizando espátulas
descartáveis, com a criança sentada em cadeira da própria escola. Para a
análise da relação das variáveis investigadas empregou-se o teste do qui-
quadrado. As análises brutas e multivariável foram realizadas por meio
da regressão de Poisson, que apresenta como medida de associação a
razão de prevalências, com os respectivos intervalos de confiança de
95%. Resultados: Observou-se que a perda precoce de dentes decíduos
afetou 21,8% das crianças examinadas e, 63,4% apresentaram ao menos
um tipo de oclusão. Verificou-se que 32,4% das crianças
apresentavam higiene bucal inadequada, e que a presença de cárie na
amostra estudada foi de 33,5%. Conclusão: Concluiu-se haver uma
distribuição uniforme e elevada das prevalências de perda precoce de
dentes decíduos, má oclusão e higiene bucal, sendo observada maior
percentual de presença de cárie dentária na região Centro.
Palavras-chave: perda de dente, cárie dentária, oclusão, higiene
bucal, mapa inteligente.
113
1 Introdução
Os estudos epidemiológicos sobre prevalência de más oclusões
(MO) fornecem importantes dados para avaliar o tipo e a distribuição
das características oclusais de determinada população, possibilitando
desta forma, definir as necessidades, as prioridades de tratamento e os
recursos requeridos.
(1)
A principal causa de perda prematura de dentes decíduos (PPDD)
é a cárie dentária.
(2)
A manutenção dos dentes decíduos é importante
para o suporte e a integridade dos arcos dentários, permitindo, dessa
maneira, a erupção adequada dos dentes sucessores.
(3)
A perda dental é
considerada prematura quando um dente decíduo é perdido antes do
estágio 6 de Nolla, etapa anterior ao início da erupção do sucessor
permanente (formação coronária completa e formação radicular
iniciada); dispondo os outros dentes de mais tempo para se inclinar para
o espaço destinado ao sucessor permanente.
(4-6)
O quadro epidemiológico de saúde bucal no Brasil apresenta
níveis de precariedade que merecem atenção. As crianças brasileiras têm
um dos mais altos índices de extrações dentárias prematuras, sem
manutenção do espaço do dente perdido. Lesões de cáries extensas não
tratadas são fatores agravantes na determinação de más oclusões,
figurando estes dois desfechos nas primeiras posições na escala de
prioridades da Organização Mundial da Saúde – OMS.
(2, 7,8)
A literatura consultada apresenta divergências quanto à
associação entre presença de cárie, conseqüentes perdas dentais
prematuras e más oclusões. Alguns trabalhos avaliaram a freqüência de
más oclusões associadas à perda prematura de dentes decíduos, não
constatando correlação positiva entre os eventos; outros não
especificaram o relacionamento entre essas variáveis.
(9, 10)
No Brasil,
além de escassos os estudos de base populacional que avaliam a relação
entre cárie dentária e más oclusões, não estabelecem associações entre
estes eventos.
(11)
Por outro lado, não é suficiente centralizar o foco dessas
orientações somente nos riscos relacionados aos problemas de saúde
bucal e, sim, integrados à atenção à saúde das famílias. É necessário,
priorizar as estratégias populacionais que englobem fatores de risco
comuns às demais doenças e agravos, associados aos aspectos dietético-
nutricionais para promover impacto mais amplo na qualidade de vida
dos grupos alvo das intervenções.
(11-14)
Os aspectos referentes ao processo de socialização e de suporte
social e comunitário, assim como questões referentes aos modelos de
114
crença e autocontrole sobre a saúde e auto-eficácia são questões de
fundamental importância para a promoção da saúde bucal infantil, pois
podem favorecer ou dificultar as oportunidades de desenvolvimento de
estilos saudáveis de vida.
(15)
O propósito deste estudo foi analisar a prevalência de PPDD e
MO estabelecendo a sua relação com higiene bucal e presença de cárie
nos escolares de diferentes regiões do município de Florianópolis - SC,
região Sul do Brasil.
2 Material e Método
O município de Florianópolis é a capital do Estado de Santa
Catarina, situa-se na área litorânea da região leste do Estado. Antiga
Nossa Senhora do Desterro, Florianópolis é uma das três capitais
insulares do Brasil, juntamente com Vitória do Espírito Santo, e São
Luís do Maranhão. A economia do município está predominantemente
ligada ao setor terciário. Sua população é de 369.781 habitantes
(16)
e sua
extensão é de 436,5 km
2
. Aproximadamente 90% dos domicílios estão
ligados à rede de água e à rede elétrica, e somente pouco mais de 30%
estão ligados à rede de esgoto.
O estudo foi realizado nas escolas públicas municipais de
Florianópolis, onde foi desenvolvido um estudo transversal
observacional quantitativo, cuja amostra populacional foi avaliada em
um único momento no tempo. O caráter é descritivo e analítico, pois
descreve a distribuição de freqüências entre os objetos do estudo e as
analisa de forma isolada (individualmente) e comparativa (considerando
as diferentes variáveis envolvidas).
(17, 18)
O município de Florianópolis conta com 32 escolas públicas,
dentre as quais, 24 foram selecionadas, aplicando a amostragem por
conglomerado.
(19)
Inicialmente, foi utilizada a divisão do município por
macro-regiões: Norte, Sul, Leste, Oeste (Continental) e Centro. Foram
selecionadas as escolas que representavam cada macro-região, desde
que atendessem aos seguintes critérios de inclusão: serem escolas de
ensino fundamental que pertençam à rede pública municipal de ensino
da Prefeitura de Florianópolis, onde estejam matriculadas crianças de
a Séries do Ensino Fundamental, e que estejam na faixa etária
compreendida entre 6 e 8 anos.
Foi realizado um estudo piloto, nas mesmas condições definidas
no projeto cujos participantes foram os alunos das duas primeiras
escolas selecionadas, desde que fossem respeitados os critérios de
115
inclusão e não inclusão pré-estabelecidos. Os resultados do estudo piloto
foram incorporados ao processo de composição amostral, e permitiram:
verificar aspectos operacionais, observar o comportamento das crianças,
estimar o tempo e os materiais necessários para a realização dos exames,
prevenindo, assim, futuras dificuldades e facilitando a realização do
estudo propriamente dito. Os dados relativos ao mero de alunos de
cada escola foram fornecidos pela Secretaria Municipal de Educação de
Florianópolis.
A Cirurgiã-Dentista autora do projeto foi a única examinadora,
treinada e calibrada pelo Professor Orientador, Doutor em Ortodontia,
considerado padrão-ouro. Durante o início do trabalho de campo, foram
realizados reexames em 10% da amostra para verificação da
concordância de diagnóstico intra-examinador para cada tipo de má-
oclusão ou oclusopatia.
(20)
Os escolares participantes da Pesquisa foram selecionados através
do método de amostragem aleatória simples,
(20)
de acordo com os
seguintes Critérios de Inclusão: estar regularmente matriculado no
Ensino Fundamental da rede pública municipal de ensino no primeiro
semestre letivo do ano de 2009, estar incluído na faixa etária entre 6 e 8
anos, não estar realizando tratamento ortodôntico, não ser portador de
aparelho ortodôntico e ter o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido assinado por um dos pais e/ou responsável.
O universo do estudo foi composto pelos 7.636 alunos de 32
escolas municipais de Florianópolis, estratificado pela combinação das
cinco regiões (Norte, Sul, Leste, Oeste, Centro) de interesse, como
apresentado na Tabela 1.
Tabela 1 Universo das escolas e dos alunos nas cinco regiões do
município de Florianópolis, 2009.
Região Escolas Alunos
Norte 13 3602
Sul 8 1945
Leste 9 1744
Oeste 1 257
Centro 1 88
Total 32 7636
116
Na Tabela 2 é apresentado o número de escolas selecionadas para
compor a amostra de modo a garantir um erro amostral de, no máximo,
15 pontos percentuais, para mais ou para menos, para cada um dos 5
estratos de interesse (regiões), supondo que as proporções a serem
estimadas (proporções de crianças com perda precoce de dentes
decíduos) sejam menores ou iguais a 0,80.
Tabela 2 Número de escolas componentes da amostra, Florianópolis,
2009.
Região Escolas
Norte 9
Sul 6
Leste 7
Oeste 1
Centro 1
Total de escolas na amostra 24
Nas regiões Norte, Sul e Leste foi selecionada uma classe de cada
escola, mas de forma a garantir que alunos de todas as séries fossem
selecionados em cada região. Na região Oeste e Centro, foram incluídos
todos os alunos de todas as séries. Participaram da coleta de dados 528
crianças da faixa etária de 6 a 8 anos, matriculadas em 24 escolas
públicas municipais de Florianópolis SC, durante o primeiro semestre
letivo do ano de 2009. As escolas visitadas e as unidades de saúde de
cada bairro podem ser visualizados no Mapa 1.
117
Legenda: Unidades Básicas de Saúde Escolas Municipais
Mapa 1 – Distribuição das Escolas da amostra e sua proximidade com as
Unidades Básicas de Saúde. Florianópolis, 2009.
118
Região Norte Região Leste Região Sul
Região Oeste
(Continental)
Região
Centro
Ponta das Canas Barra da Lagoa
Campeche Coqueiros Morro do
Horácio
Cachoeira do Bom
Jesus
Canto da Lagoa
Morro das
Pedras
Vargem do Bom
Jesus
Lagoa da
Conceição
Ribeirão da
Ilha
Vargem Grande Córrego Grande
Armação
Ingleses Itacorubi Rio Tavares
Santinho João Paulo Costeira
Ratones Saco Grande
Barra do
Sambaqui
Santo Antônio
Quadro 1Escolas da amostra por Região. Florianópolis, 2009.
O Projeto foi submetido à apreciação pelo Comitê de Ética em
Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa
Catarina, sendo aprovado pelo certificado de n
o
20. Após o parecer
favorável do CEP-UFSC, buscou-se a autorização institucional para
proceder a Pesquisa nas escolas públicas municipais, submetendo-se a
documentação à apreciação da Secretaria Municipal de Educação de
Florianópolis.
As diretorias das escolas foram contatadas via telefone, sendo
agendadas as visitas iniciais para apresentação do projeto, do documento
de autorização da SME – Florianópolis e do Parecer Favorável do
CEP/UFSC. Após autorização da direção da escola, apresentou-se o
projeto às classes, em linguagem simples e acessível, salientando-se a
importância de sua realização e, durante a entrega do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), cantava-se cantigas de roda
brasileiras adaptadas para o tema, visando motivar e orientar sobre
saúde bucal.
Quando a criança retornava com o TCLE assinado pelos pais e/ou
responsáveis, eram realizados a anamnese e o exame clínico
odontológico, individualmente, em local sob luz natural, com a criança
sentada em cadeira da própria escola.
119
A anotação dos dados da Pesquisa foi realizada na ficha clínica
de registro, especialmente desenvolvida para este estudo, adaptada da
ficha de exame clínico utilizada no Projeto SB Brasil e da ficha clínica
utilizada na Disciplina de Ortodontia da UFSC. Após a coleta,
procedeu-se a tabulação, utilizando o programa Microsoft Excel
(Microsoft Office XP) e a análise descritiva dos dados, realizada por
meio de gráficos e tabelas, onde os resultados são apresentados em
valores absolutos e percentuais.
Os dados foram analisados utilizando o programa estatístico
Statistical Package for the Social Science (SPSS) for Windows (versão
15.0). A estatística descritiva foi realizada através do cálculo da
distribuição de freqüência relativa visando identificar a proporção de
dentes perdidos e das categorias de más oclusões, assim como obter as
prevalências das demais variáveis de interesse do estudo. Para a análise
da relação das variáveis investigadas entre os gêneros, aplicou-se o teste
do qui-quadrado. As análises brutas e multivariável foram realizadas por
meio da regressão de Poisson, que apresenta como medida de associação
a razão de prevalências, com os respectivos intervalos de confiança de
95% (IC 95%). Considerou-se estatisticamente significante o valor de P
menor que 0,05. A análise estatística das variáveis estudadas foi
realizada por meio de testes não-paramétricos de associação Qui-
Quadrado para verificar possíveis associações entre variáveis
categóricas.
A análise multivariável foi conduzida para dois modelos de
variáveis dependentes. No primeiro modelo, a oclusão foi a variável
dependente; as variáveis independentes foram sexo, idade, perda dental,
cárie, onicofagia, sucção digital, interposição labial, interposição lingual
e boa higiene. No segundo modelo considerou-se como variável
dependente a má oclusão com perda dental em relão as variáveis
independentes, exceto a perda dental. Para o processo de seleção de
variáveis recorreu-se à seleção “para frente” (forward selection),
considerando como critério de inclusão das variáveis os valores de p <
0,25, mediante a utilização do teste de Wald obtido na RP bruta. Em
todos os testes analisados, adotou-se um nível de significância de 5%.
3 Resultados
Do total de 547 escolares examinados, 19 estudantes não foram
incluídos por terem mais de oito anos de idade, resultando num total de
528 escolares. As características da amostra em relação ao gênero e à
120
idade estão apresentadas na Tabela 3.
Tabela 3: Característica da Amostra estudada. Florianópolis, 2009.
Idades Geral Meninos Meninas
n % N % n %
6 anos
7 anos
8 anos
150
216
162
28,4
40,9
30,7
67
113
76
26,2
44,1
29,7
83
103
86
30,5
37,9
31,6
Total 528 100 256 100 272 100
Os resultados encontrados demonstraram que, de um modo geral,
não houve diferença estatisticamente significativa em relação às
condições bucais e à prevalência de más oclusões entre as diferentes
regiões do município de Florianópolis-SC.
Ao analisar a distribuição espacial da PPDD em crianças de 6 a 8
anos de idade no município de Florianópolis, foi possível observar que
os maiores percentuais foram encontrados na região Leste, com 23,6%
(n=48) de perdas, seguida da região Norte com 23,2% (n=49) e da
região Central com 20,0% (n=4), (Tabela 4).
Tabela 4 - Distribuição da PPDD no município de Florianópolis, 2009.
REGIÃO
Perda Precoce de Dentes Decíduos (PPDD)
Sem PPDD Com PPDD TOTAL
SUL 86,5% (n=45) 13,5% (n=7) 100% (n=52)
NORTE 76,8% (n=162) 23,2% (n=49) 100% (n=211)
LESTE 76,4% (n=155) 23,6% (n=48) 100% (n=203)
CENTRO 80% (n=16) 20% (n=4) 100% (n=20)
OESTE 83,3% (n=35) 16,7% (n=7) 100% (n=42)
TOTAL 78,2% (n=413) 21,8% (n=115) 100% (n=528)
Ao analisar a distribuição espacial da MO em crianças de 6 a 8
anos de idade no município de Florianópolis, foi possível observar que a
região com maiores percentuais foi a região Centro, seguida da Sul e
Oeste. O percentual de crianças com oclusão normal foi de 29,9%
(n=158) e em 7,0% (n=37) não foi possível verificar a oclusão de
acordo com a Classificação de Angle, pois esta classificação baseia-se
primordialmente na relação entre molares permanentes superiores e
inferiores e, nestas crianças, os molares permanentes ainda não haviam
121
irrompido (Tabela 5).
Tabela 5 - Distribuição da MO de acordo com a região no município de
Florianópolis, 2009.
REGIÃO
Más Oclusões (MO)
Oclusão
Normal
Molares
Não
irromperam
Má Oclusão Total
SUL 25% (n=13) 1,9% (n=1)
73,1%
(n=38)
100% (n=52)
NORTE
32,7%
(n=69)
6,6% (n=14)
60,7%
(n=128)
100%(n=211)
LESTE
32,0%
(n=65)
6,4% (n=13)
61,6%
(n=125)
100%(n=203)
CENTRO 15,0% (n=3) 10,0% (n=2)
75,0%
(n=15)
100%(n=20)
OESTE 19,0% (n=8) 16,7% (n=7)
64,3%
(n=27)
100%(n=42)
TOTAL
29,9%
(n=158)
7,0%
(n=37)
63,1%
(n=333)
100%(n=528)
Foi possível verificar que a distribuição espacial da Cárie
Dentária (CD), em crianças de 6 a 8 anos de idade no município de
Florianópolis, teve percentual acentuadamente mais elevado na região
Centro (65,0%) quando comparado ao percentual das demais regiões.
Tabela 6 - Distribuição espacial de Cárie Dentária em crianças de 6 a 8
anos no município de Florianópolis, 2009.
REGIÃO
Presença de Cárie Dentária (CD)
Não Sim Total
SUL 80,8% (n=42) 19,2% (n=10) 100% (n=52)
NORTE 62,1% (n=131) 37,9% (n=80) 100% (n=211)
LESTE 70,9% (n=44) 29,1% (n=59) 100% (n=203)
CENTRO 35,0% (n=7) 65,0% (n=13) 100% (n=20)
OESTE 64,3% (n=27) 35,7% (n=15) 100% (n=42)
TOTAL 66,5% (n=351) 33,5% (n=177) 100% (n=528)
Em relação à Higiene Bucal, observou-se que a região com maior
percentual de higiene bucal inadequada foi a região Norte (36,5%), e a
122
região com maior percentual de higiene bucal adequada foi a região Sul
(76,9%), (Tabela 7).
Tabela 7 - Distribuição espacial das Condições de Higiene Bucal em
crianças de 6 a 8 anos no município de Florianópolis, 2009.
REGIÃO
Higiene Bucal (HB)
Inadequada Adequada Total
SUL 23,1% (n=12) 76,9% (n=40) 100% (n=52)
NORTE 36,5% (n=77) 63,5% (n=134) 100% (n=211)
LESTE 30,0% (n=61) 70,0% (n=142) 100% (n=203)
CENTRO 35,0% (n=7) 65,0% (n=13) 100% (n=20)
OESTE 33,3% (n=14) 66,7% (n=28) 100% (n=42)
TOTAL 67,6% (n=357) 67,6% (n=357) 100% (n=528)
Ao observar os percentuais de cárie e de higiene bucal nas
diferentes regiões do município, verificou-se que apesar do elevado
percentual de HBA - higiene bucal adequada (65%), as crianças da
região Centro apresentaram elevados percentuais de presença de cárie
(61,5%), (Tabela 8). Na região Norte foram verificados altos percentuais
de presença de cárie (77,9%) e de HBI - higiene bucal inadequada
(36,5%), (Tabela 9).
Tabela 8 - Distribuição espacial de Presença de Cárie e Higiene Bucal
Adequada em crianças de 6 a 8 anos no município de Florianópolis,
2009.
Higiene Bucal
Adequada por Região
Presença de Cárie
Total
Não Sim
Sul 95,0% (n=38) 5,0% (n=2) 100% (n=40)
Norte
85,1%
(n=114)
14,9% (n=20)
100%
(n=134)
Leste
91,5%
(n=130)
8,5% (n=12)
100%
(n=142)
Centro 38,5% (n=5) 61,5% (n=8) 100% (n=13)
Oeste 75,0% (n=21) 25,0% (n=7) 100% (n=28)
Total
86,3%
(n=308)
13,7% (n=49)
100%
(n=357)
123
Tabela 9 - Distribuição espacial de Presença de Cárie e Higiene Bucal
Inadequada em crianças de 6 a 8 anos no município de Florianópolis,
2009.
Higiene Bucal
Inadequada por Região
Presença de Cárie
Total
Não Sim
Sul 33,3% (n=4) 66,7% (n=8) 100% (n=12)
Norte
22,1%
(n=17)
77,9% (n=60) 100% (n=12)
Leste
23,0%
(n=14)
77,0% (n=47) 100% (n=61)
Centro 26,6% (n=2) 71,4% (n=5) 100% (n=7)
Oeste 42,9% (n=6) 57,1% (n=8) 100% (n=14)
Total
25,1%
(n=43)
74,9%
(n=128)
100%
(n=171)
Os resultados descritos na Tabela 10 foram representados num
mapa do município de Florianópolis – SC, que permite a visualização do
espaço territorial e a distribuição espacial dos eventos relatados neste
trabalho, Mapa 2.
Tabela 10 Percentuais de PPDD, MO, Presença de Cárie e Higiene
Bucal Inadequada em crianças de 6 a 8 anos no município de
Florianópolis, 2009.
REGIÃO PPDD MO CD HBI
SUL 13,5%
(n=7)
73,1% (n=38) 19,2%
(n=10)
23,1%
(n=12)
NORTE 23,2%
(n=49)
60,7%
(n=128)
37,9%
(n=80)
36,5%
(n=77)
LESTE 23,6% (48) 61,6%
(n=125)
29,1%
(n=59)
30,0%
(n=61)
CENTRO 20% (n=4) 75% (n=15) 65,0%
(n=13)
35,0%
(n=7)
OESTE 16,7%
(n=7)
64,3% (n=27) 35,7%
(n=15)
33,3%
(n=14)
TOTAL 21,8%
(n=115)
63,1%%
(n=333)
33,5%
(n=177)
32,4%
(n=171)
124
Mapa 2 – Distribuição espacial de PPDD, MO, Presença de Cárie e Higiene
Bucal Inadequada em crianças de 6 a 8 anos de idade do município de
Florianópolis, 2009.
Discussão
De acordo com os resultados obtidos, é relevante destacar que,
apesar do aumento da cobertura e dos investimentos voltados ao setor
odontológico, o acesso aos serviços de saúde bucal continua sendo um
enorme desafio, sendo os estudos epidemiológicos importantes
instrumentos para o planejamento dos serviços de saúde, para a
avaliação e acompanhamento das intervenções sanitárias visando
melhorias nos níveis de saúde e buscando a excelência dos serviços.
Neste contexto e frente à escassez de informações locais sobre os
eventos abordados, analisou-se a sua distribuição espacial nas regiões
125
do município de Florianópolis -SC, sob cobertura da estratégia Saúde da
Família, contribuindo desta forma para o conhecimento das demandas
de saúde bucal e contribuindo para a orientação e o planejamento de
ações.
Através do mapa inteligente, elaborado a partir da obtenção de
informações relevantes sobre saúde bucal, foi possível a visualização
destes eventos no território municipal, informando mais do que os
acidentes geográficos, obras viárias e/ou construções ali instaladas. Ao
observar o Mapa 1, é possível perceber que existem unidades básicas de
saúde próximas às escolas, exceto nos bairros Vargem do Bom Jesus,
Barra do Sambaqui, Santinho e Coqueiros.
A prevalência de higiene bucal inadequada, cárie dentária, perda
precoce de dentes decíduos e más oclusões encontradas nas escolas
representantes das regiões de Florianópolis - SC, com semelhantes
condições socioeconômicas, além de possibilitar identificar os grupos de
escolares em piores condições de saúde bucal pode contribuir na
organização de intervenções coletivas e individuais nos locais, onde
esses percentuais se apresentam mais elevados.
De modo geral, não foram observadas diferenças significativas
entre as regiões, cabendo ressaltar os elevados percentuais de CD na
região Centro, de PPDD na região Leste, de MO na região Centro e de
HBI na região Norte.
Ao analisar a PPDD nas diferentes regiões, é possível observar
que onde este percentual é elevado, tamm é possível observar
elevados percentuais de CD, de MO e de HBI. Estes percentuais foram
maiores nas regiões Centro, Norte e Leste.
A MO apresentou elevados percentuais em todas as regiões,
sendo maiores nas regiões Centro e Sul. Estes resultados corroboram os
estudos de Frazão
(22)
que destaca que métodos de intervenção devem ser
implementados o mais precocemente possível, para reduzir o percentual
de más oclusões para veis suportáveis economicamente e aceitáveis
socialmente.
Em todas as regiões foi possível associar os altos percentuais de
HBI e CD, salientando-se a região Centro, que apresentou o mais
elevado percentual de CD e um percentual semelhante de HBI ao das
outras regiões. Destaca-se aqui a etiologia multifatorial da CD,
sugerindo que os outros fatores etiológicos devem ser pesquisados e
combatidos.
Observou-se que a região Norte apresentou o maior percentual de
HBI e percentuais semelhantes de CD das demais regiões. Vale ressaltar
que a região Sul teve os menores percentuais de HBI, de CD e de PPDD.
126
Conclusão
Concluiu-se haver uma distribuição elevada e uniforme da
prevalência de perda precoce de dentes decíduos, má oclusão e má
higiene bucal em todas as regiões do município, sendo observado maior
percentual de cárie dentária na região Centro.
Assim, é necessário fortalecer cada vez mais a participação da
Odontologia dentro das equipes de saúde, para que atuem sobre os
determinantes e condicionantes da saúde, demarcados espacialmente
nas cinco regiões do Município de Florianópolis- SC, visando ao
alcance da resolutividade dos problemas de saúde das famílias, por meio
da integralidade das ações de saúde bucal, na perspectiva da clínica
ampliada e de ações coletivas promocionais, em consonância com os
princípios do SUS.
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128
CAPÍTULO
III
3.1 CONCLUSÃO GERAL
Concluiu-se haver uma distribuição elevada e uniforme da
prevalência de perda precoce de dentes decíduos, má oclusão, cárie
dentária e higiene bucal inadequada em todas as regiões do município de
Florianópolis SC, o suficiente para caracterizá-la como um problema
de saúde pública, sendo primordial a realização de ações coletivas que
modifiquem este panorama.
A perda precoce de dentes decíduos apresentou maior prevalência
aos seis anos de idade, com forte associação entre estas perdas e os
elevados percentuais de cárie dental e higiene bucal inadequada. A
prevalência de oclusão foi maior nas crianças com oito anos de
idade, que apresentaram cárie dental e higiene bucal inadequada,
existindo forte associação entre má oclusão com perdas dentais precoces
e o aumento da idade, cárie dental e higiene bucal inadequada. Em
virtude destas informações é possível inferir que perdas dentais precoces
podem favorecer o estabelecimento e/ou o agravamento de más
oclusões, principalmente nas crianças com oito anos de idade que
apresentaram interposição lingual, cárie e higiene bucal deficiente.
Os dados obtidos revelaram a gravidade das condições de saúde
bucal dos escolares, sugerindo que políticas públicas tenham um
enfoque dirigido aos fatores etiológicos comuns das doenças,
complementado estas ações por serviços educacionais e de saúde
comprometidos verdadeiramente com a melhoria da qualidade de vida
da população, adotadando medidas preventivas, interceptativas e
programas continuados de educação em saúde, considerando-se o baixo
custo e a excelência da prevenção.
A interpretação e compreensão dos fatores etiológicos
representam o primeiro passo rumo à possibilidade de minimizar,
significantemente a incidência de oclusão, mediadas por políticas
públicas que incentivem precocemente boas práticas de saúde e de
higiene bucal, visando combater a doença cárie, que ainda é diretamente
responsável pela perda dental precoce em crianças, evitando o
estabelecimento e/ou o agravamento das más oclusões.
Os resultados deste estudo renovam e ampliam o conhecimento,
repercutindo positivamente na elaboração de políticas públicas e na
organização dos serviços direcionados à população, que são e serão
sempre a sua razão de ser.
CAPÍTULO
IV
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141
CAPÍTULO
V
APÊNDICES
APENDICE A - METODOLOGIA EXPANDIDA
Local do estudo
O estudo foi realizado nas Escolas Públicas Municipais de
Florianópolis, capital do Estado de Santa Catarina, situado na área
litorânea da região leste do Estado. Antiga Nossa Senhora do Desterro,
Florianópolis é uma das três capitais insulares do Brasil, juntamente
com Vitória do Espírito Santo, e São Luís do Maranhão. A economia do
município está predominantemente ligada ao setor terciário. Sua
população é de 369.781 habitantes (IBGE, 2003) e sua extensão é de
436,5 km
2
. Aproximadamente 90% dos domicílios estão ligados à rede
de água e à rede elétrica, e somente pouco mais de 30% estão ligados à
rede de esgoto.
Desenho do estudo
Desenvolveu-se um estudo transversal observacional quantitativo,
cuja amostra populacional foi avaliada em um único momento no
tempo. O caráter é descritivo e analítico, pois descreve a distribuição de
freqüências entre os objetos do estudo e as analisa de forma isolada
(individualmente) e comparativa (considerando as diferentes variáveis
envolvidas) (ALMEIDA FILHO & ROUQUAYROL, 1999; PINTO,
2000).
O estudo transversal, também denominado de estudo de
prevalência ou seccional, é um tipo de estudo epidemiológico onde a
“exposição” e o “desfecho” são observados num mesmo momento
histórico, ou seja, a “causa” e o “efeito” são detectados
simultaneamente. São estudos de baixo custo, com grande simplicidade
analítica e com alto potencial descritivo, úteis para descrever
características de uma população numa determinada época
(ROUQUAYROL e ALMEIDA FILHO, 1999).
Processo amostral
O município de Florianópolis conta com 32 escolas públicas,
dentre as quais, 24 foram selecionadas, aplicando a amostragem por
conglomerado (BARBETTA, 2005). Inicialmente, foi utilizada a divisão
do município por macro-regiões: Norte, Sul, Leste, Oeste (Continental)
e Centro. Foram selecionadas as escolas que representavam cada macro-
região desde que atendessem aos seguintes critérios de inclusão: serem
escolas de ensino fundamental que pertençam à rede pública municipal
de ensino da Prefeitura de Florianópolis, onde estejam matriculadas
crianças de 1ª a 4ª Séries do Ensino Fundamental, e que estejam na faixa
etária compreendida entre 6 e 8 anos.
Foi realizado um estudo piloto, nas mesmas condições definidas
no projeto cujos participantes foram os alunos das duas primeiras
escolas selecionadas, desde que fossem respeitados os critérios de
inclusão e exclusão pré-estabelecidos. Os resultados do estudo piloto
foram incorporados ao processo de composição amostral, e permitiram:
verificar aspectos operacionais, observar o comportamento das crianças,
estimar o tempo e os materiais necessários para a realização dos exames,
prevenindo, assim, futuras dificuldades e facilitando a realização do
estudo propriamente dito. Os dados relativos ao mero de alunos de
cada escola foram fornecidos pela Secretaria Municipal de Educação de
Florianópolis, estão apresentados no Anexo I.
A Cirurgiã-Dentista autora do projeto foi a única examinadora,
treinada e calibrada pelo Professor Orientador, Doutor em Ortodontia,
considerado padrão-ouro. Durante o início do trabalho de campo, foram
realizados reexames em 10% da amostra para verificação da
concordância de diagnóstico intra-examinador para cada tipo de má-
oclusão ou oclusopatia (PEREIRA, 2003).
Os escolares participantes da Pesquisa foram selecionados através
do método de amostragem aleatória simples (PEREIRA, 2003), de
acordo com os seguintes Critérios de Inclusão e de Não Inclusão.
Critérios de Inclusão: estar regularmente matriculado no Ensino
Fundamental da rede pública municipal de ensino no primeiro semestre
letivo do ano de 2009, estar incluído na faixa etária entre 6 e 8 anos, não
estar realizando tratamento ortodôntico, não ser portador de aparelho
ortodôntico e ter o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
assinado por um dos pais e/ou responsável.
Critérios de Não Inclusão: não estar regularmente matriculado no
Ensino Fundamental da rede pública municipal de ensino de
Florianópolis – SC, estar fora da faixa etária de 6 a 8 anos, ter realizado
ou estar realizando tratamento ortodôntico, ser ou ter sido portador de
aparelho ortodôntico e o ter o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido assinado por um dos pais e/ou responsável.
Tamanho da amostra
O universo do estudo foi composto pelos 7.636 alunos de 32
escolas municipais de Florianópolis estratificado pela combinação das
cinco regiões (Norte, Sul, Leste, Oeste, Centro) de interesse, como
apresentado no Quadro I.
146
Região Escolas Alunos
Norte 13 3602
Sul 8 1945
Leste 9 1744
Oeste 1 257
Centro 1 88
Total 32 7636
Quadro IUniverso dos alunos e das escolas nas cinco regiões do município
de Florianópolis, 2009.
No Quadro II é apresentado o número de escolas selecionadas
para compor a amostra de modo a garantir um erro amostral de, no
máximo, 15 pontos percentuais, para mais ou para menos, para cada um
dos 5 estratos de interesse (regiões), supondo que as proporções a serem
estimadas (proporções de crianças com perda precoce de dentes
decíduos) sejam menores ou iguais a 0,80.
Região Escolas
Norte 9
Sul 6
Leste 7
Oeste 1
Centro 1
Total de escolas na amostra 24
Quadro II Número de escolas da amostra, Florianópolis, 2009.
Nas regiões Norte, Sul e Leste foi selecionada uma classe de cada
escola, mas de forma a garantir que alunos de todas as séries fossem
selecionados em cada região. Na região Oeste e Centro, foram incluídos
todos os alunos de todas as séries.
Participaram da coleta de dados 528 crianças da faixa etária de 6
a 8 anos, matriculadas em 24 escolas públicas municipais de
Florianópolis – SC, durante o primeiro semestre letivo do ano de 2009.
Qualificação do Projeto de Pesquisa
O Projeto de Pesquisa, que resultou nesta Tese de Doutorado, foi
submetido à apreciação de Banca Examinadora constituída pela Portaria
n
o
032/PPGO/2008, no dia 25/setembro de 2008, sendo aprovado,
conforme Ata da Sessão do Exame de Qualificação de Doutorado em
Odontologia da Universidade Federal de Santa Catarina. Após a
Aprovação no Exame de Qualificação, o Projeto foi submetido à
apreciação pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da
147
Universidade Federal de Santa Catarina, sendo aprovado pelo
certificado de n
o
20 (Anexo B). Após o parecer favorável do CEP-
UFSC, buscou-se a autorização institucional para proceder a Pesquisa
nas escolas públicas municipais, submetendo-se a documentação à
apreciação da Secretaria Municipal de Educação de Florianópolis
(Apêndice C).
Contato Inicial com as Escolas (Anexo A)
Inicialmente, a direção das escolas foram contactadas via
telefone, onde foram agendadas as visitas iniciais e apresentação do
projeto, do documento de autorização da Secretaria Municipal de
Educação e do Parecer Favorável do Comitê de Ética em Pesquisa com
Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina. Após a
autorização verbal da direção escolar, procedia-se a apresentação do
projeto às classes em linguagem simples e acessível. Explicava-se a
importância da realização do mesmo e durante a entrega do TCLE,
cantava-se junto com as crianças e professoras, músicas de cantigas de
roda brasileiras adaptadas e gravadas pelo Cirurgião-dentista Aires
Antônio de Souza Júnior no compact disc por ele produzido e intitulado
“O Sapo Sorridente”, visando motivar e orientar sobre a saúde bucal.
Exame Clínico
Quando a criança retornava com o TCLE assinado pelos pais e/ou
responsáveis, eram realizados a anamnese e o exame clínico
odontológico. As crianças eram chamadas individualmente e, no pátio
das escolas, durante o período letivo, sob luz natural, com as crianças
sentadas em cadeiras da própria escola procedia-se ao exame. Foram
realizadas anotações nas fichas clínicas de cada participante, e para a
documentação dos achados mais característicos do estudo, foram
realizadas fotografias extra-orais e intra-orais, mostradas no Apêndice D
deste trabalho.
A Classificação de molares preconizada por Angle (1899) foi
adotada, e como o descrito na literatura consultada, foi verificada pelo
exame clínico visual. A relação de caninos, a possível presença ou
ausência de desvio de linha média, mordida aberta, mordida anterior e
apinhamento dentário também foram observados. O exame clínico foi
realizado com o participante ocluindo na posição de máxima
intercuspidação habitual (MIH), com o objetivo de se verificar
especificamente a presença de mordida cruzada posterior, sendo
verificado se a existência de mordida cruzada posterior estava restrita a
um dente ou se mais dentes estavam envolvidos.
148
As informações sobre os hábitos deletérios como sucção digital,
respiração bucal, fonação e deglutição atípica foram obtidos pela
entrevista e exame clínico da criança. Todos os dados foram anotados
nas fichas clínicas individuais de registro, por uma cirurgiã-dentista, que
acompanhou toda a etapa de coleta de dados.
Materiais necessários para o Exame Clínico
Foram utilizadas espátulas de madeira descartáveis, para auxiliar
no afastamento de lábios, língua e bochechas durante o exame clínico
odontológico com vistas ao diagnóstico de problemas oclusais.
Sistematização dos dados
A anotação dos dados da Pesquisa foi realizada na ficha clínica
de registro, especialmente desenvolvida para este estudo, adaptada da
ficha de exame clínico utilizada no Projeto SB Brasil e da ficha clínica
utilizada na Disciplina de Ortodontia da UFSC (Apêndice D). Após a
coleta, procedeu-se a tabulação, utilizando o programa Microsoft Excel
(Microsoft Office XP) e a análise descritiva dos dados, realizada por
meio de gráficos e tabelas, onde os resultados são apresentados em
valores absolutos e percentuais.
Análise Estatística
Os dados foram analisados utilizando o programa estatístico
Statistical Package for the Social Science (SPSS) for Windows (versão
15.0). A estatística descritiva foi realizada através do cálculo da
distribuição de freqüência relativa visando identificar a proporção de
dentes perdidos, dos planos terminais de molares decíduos e das
categorias de maloclusões, assim como obter as prevalências das demais
variáveis de interesse do estudo. Para a análise da relação das variáveis
investigadas entre os sexos, aplicou-se o teste do qui-quadrado. As
análises brutas e multivariável foram realizadas por meio da regressão
de Poisson, que apresenta como medida de associação a razão de
prevalências, com os respectivos intervalos de confiança de 95% (IC
95%). Considerou-se estatisticamente significante o valor de P menor
que 0,05. A análise estatística das variáveis estudadas foi realizada por
meio de testes não-paramétricos de associação Qui-Quadrado para
verificar possíveis associações entre variáveis categóricas.
A análise multivariável foi conduzida para dois modelos de
variáveis dependentes. No primeiro modelo, a maloclusão foi a variável
dependente (0= oclusão normal e 1= oclusão); as variáveis
independentes foram sexo, idade, perda dental, cárie, onicofagia, sucção
149
digital, interposição labial, interposição lingual e boa higiene. No
segundo modelo considerou-se como variável dependente a oclusão
com perda dental (0= maloclusão sem perda dental e 1= maloclusão com
perda dental) em relação as variáveis independentes, exceto a perda
dental. Para o processo de seleção de variáveis recorreu-se à seleção
“para frente” (forward selection), considerando como critério de
inclusão das variáveis os valores de p < 0,25, mediante a utilização do
teste de Wald obtido na RP bruta. Em todos os testes analisados, adotou-
se um nível de significância de 5%.
Resultados
Do total de 547 crianças que participaram do presente estudo, 19
estudantes foram excluídos por terem mais de oito anos de idade,
resultando num total de 528 escolares. Destes, 51,5% (n= 272) eram
meninas, 28,4% (n= 150) tinham seis anos de idade, 40,9% (n= 216)
tinham sete anos e 30,7% (n= 162) tinham oito anos de idade, conforme
descrito na Tabela 1 abaixo.
Tabela 1: Característica da Amostra estudada
Idades Geral Meninos Meninas
n % N % n %
6 anos
7 anos
8 anos
150
216
162
28,4
40,9
30,7
67
113
76
26,2
44,1
29,7
83
103
86
30,5
37,9
31,6
Total 528 100,0 256 100,0 272 100,0
Na análise de todos os estudantes investigados observou-se maior
proporção de perda dental do Primeiro Molar Decíduo Inferior Esquerdo
(notação dental 74, com 16,1% de perda) e do Primeiro Molar Decíduo
Inferior Direito (notação dental 84, com 15,3% de perda) e nenhuma
perda dos dentes Incisivos Laterais Inferiores Direito e Esquerdo
(notação dental 72 e 82, respectivamente), e ainda freqüência de perda
abaixo de 1% dos dentes Incisivos Laterais Superiores Direito e
Esquerdo (notação dental 52 e 62, respectivamente, ambos com 0,8% de
perda), conforme dados apresentados na Figura 1.
150
0,0
0,0
0,4
0,8
4,1
15,3
10,3
7,4
9,5
16,1
5,4
5,8
7,0
5,8
7,9
4,1
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0
Dentes Perdidos
Proporção (% )
52
53
54
55
62
63
64
65
72
73
74
75
82
83
84
85
Figura 1: Proporção de dentes perdidos em crianças de 6 a 8 anos.
Florianópolis, 2009.
Quando os dados foram estudados em relação ao sexo, verificou-
se que 18,4% dos meninos e 13,0% das meninas apresentaram perda do
dente 84, e em ambos os sexos os outros dois dentes mais perdidos
foram o dente 74 (15,5% e 16,5% nos meninos e meninas
respectivamente) e o dente 85 (10,7% e 10,1% nos meninos e nas
meninas respectivamente) (Figura 2). Quanto à idade, houve maior
proporção de perda dos dentes 84 (21,0% aos seis anos de idade; 20,3%
aos sete anos de idade; 11,7% aos oito anos de idade) e 74 (18,4% aos
seis anos de idade; 16,9% aos sete anos de idade; 15,2% aos oito anos
de idade), além da perda do dente 75 (10,5% aos seis anos de idade;
11,9% aos sete anos de idade) e do dente 85 (10,3% aos oito anos de
idade) (Figura 3).
151
2,9
10,7
5,8
8,7
4,9
1,9
15,5
11,7
4,9
10,7
18,4
1,0
1,9
1,0
0,0
0,0
5,0
5,8
5,8
6,5
5,8
6,5
7,9
16,5
7,9
9,4
10,1
12,9
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0
Dentes Perdidos
Proporção (%)
Meninos Meninas
52
53
54
55
62
63
64
65
72
73
74
75
82
83
84
85
Figura 2: Proporção de dentes perdidos em crianças de 6 a 8 anos, segundo o
sexo. Florianópolis, 2009.
5,3
5,3
5,3
7,9
2,6
2,6
18,4
10,5
0,0
13,2
21,1
2,6
2,6
2,6
0,0
0,0
0,0
6,8
10,2
1,7
1,7
0,0
6,8
16,9
11,9
8,5
8,5
20,3
0,0
0,0
0,0
0,0
10,3
0,0
0,7
5,5
9,0
4,1
5,5
9,0
0,0
0,0
6,2
5,5
9,0
8,3
15,2
11,7
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0 55,0
Dentes Perdidos
Proporção (%)
6 anos 7 anos 8 anos
52
53
54
55
62
63
64
65
72
73
74
75
82
83
84
85
Figura 3: Proporção de dentes perdidos em crianças de 6 a 8 anos, segundo a
idade. Florianópolis, 2009.
Quando analisada a freqüência das má-oclusões segundo a
classificação de Angle, observou-se que 36,6% (n= 193) das crianças
não apresentaram más oclusões. Dos 63,4% alunos (n= 334) que
apresentaram algum tipo de má-oclusão, 39,1% (n= 206) apresentaram
Classe I; 11,4% foram diagnosticados como Classe II (n= 60), 11,4%
152
apresentaram molares Topo a Topo (n= 60) e 1,5% (n= 8) eram
portadores de Classe III (Figura 4).
36,6
11,4
39,1
11,4
1,5
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Não se aplica Topo Classe I Classe II Classe III
Classificação de Angle
Proporção (%)
Figura 4: Presença de má oclusão segundo a classificação de Angle.
Florianópolis, 2009.
Na análise por sexo foram encontradas diferenças significativas
(p<0,006) na classificação de má-oclusões, , sendo encontrada uma
proporção maior de meninos com relação de Classe I, (41,6%) em
comparação com as meninas (36,8%), que por sua vez, apresentaram
maior proporção nas demais classificações, principalmente na relação de
molares topo a topo (15,8%), em comparação aos meninos (6,7%). Em
40,4% dos meninos e em 33,1% das meninas não foi possível aplicar a
classificação de Angle, pois, nestas situações os primeiros molares
permanentes estavam ausentes ou parcialmente irrompidos,
impossibilitando a aplicação de tal classificação, que baseia-se
primordialmente na relação entre os primeiros molares permanentes
superiores e inferiores.
Quanto à idade, verificou-se que a proporção de má-oclusões
aumentou com o aumento da idade (p<0,001). A proporção de Topo a
topo foi mais freqüente aos sete (16,2%) e oito anos de idade (9,9%); a
proporção de Classe I foi maior aos oito anos (57,8%), sendo que esta
proporção foi bastante próxima nas idades de seis (29,3%) e sete anos
(31,9%). Em relação às demais classes verificaram-se valores próximos
entre as idades, com proporção de 10,0% a 12,0% para a Classe II e
1,2% a 1,9% para a Classe III (Figura 6).
153
40,4
6,7
41,6
10,6
0,8
33,1
15,8
36,8
12,1
2,2
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Não se aplica Topo Classe I Classe II Classe III
Classificação de Angle
Proporção (%)
Meninos
Meninas
*p<0,006
* teste do χ
2
Figura 5: Presença de má oclusão segundo a classificação de Angle em
crianças, segundo o sexo (Meninos: n= 255; Meninas: n= 272). Florianópolis,
2009.
53,3
6,0
1,3
16,2
31,9
12,5
1,9
19,9
9,9
57,8
1,2
29,3
10,0
37,5
11,2
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
Não se aplica Topo Classe I Classe II Classe III
Classificação de Angle
Proporção (%)
6 anos
7 anos
8 anos
*p<0,001
* teste do χ
2
Figura 6: Presença de má oclusão segundo a classificação de Angle em
crianças, por idade (6 anos: n= 150; 7 anos: n= 216; 8 anos: n=162).
Florianópolis, 2009.
Na Tabela 2 foi analisada a prevalência dos planos terminais dos
molares decíduos. Os resultados indicaram que 66,0% das crianças
154
apresentaram plano terminal Reto, 18,0% apresentaram Degrau Mesial e
quase 9,0% apresentaram Degrau Distal. Em 6,0% a 7,0% das crianças
não foi possível observar os planos terminais dos molares decíduos
devido à ausência destes elementos dentais. Em relação ao sexo não
foram observadas diferenças estatisticamente significativas (p>0,05).
Tabela 2: Prevalência do plano terminal dos molares decíduos direito e
esquerdo, por sexo. Florianópolis, SC 2009.
Planos Terminais Geral Meninos Meninas p*
n % n % n %
Molares decíduos
direito
Reto
Mesial
Distal
Não se aplica
349
99
47
31
66,3
18,8
8,9
5,9
176
44
20
14
69,3
17,3
7,9
5,5
173
55
27
17
63,6
20,2
9,9
6,3
0,579
Molares decíduos
esquerdo
Reto
Mesial
Distal
Não se aplica
347
96
46
37
66,0
18,3
8,7
7,0
168
53
20
13
66,1
20,9
7,9
5,1
179
43
26
24
65,8
15,8
9,6
8,8
0,184
teste do χ
2
Das variáveis investigadas (Tabela 3), 63,4% apresentaram má-
oclusão, 21,8% tiveram perda dental precoce, sendo que ao exame
clínico, em 14,5% foi possível associar a perda dental precoce como
provável causa do surgimento da má-oclusão e em 7,4% foi possível
associar a perda dental precoce como fator predisponente ao
agravamento da má-oclusão existente. Quando estudadas as demais más
oclusões não contempladas na classificação de Angle, observou-se que
14,2% das crianças apresentaram mordida aberta, 13,6% mordida
cruzada anterior e 9,8% mordida cruzada posterior. A proporção de
apinhamento e de cárie foi de 38,8% e 33,5%, respectivamente. Em
relação aos hábitos deletérios, 54,4% apresentaram onicofagia, 38,3%
interposição lingual, 13,6% sucção digital e 2,3% interposição labial, e
32,4% não apresentaram boa higiene bucal. Em relação ao sexo, houve
diferenças estatísticas entre a mordida aberta e a interposição lingual,
sendo maior nas meninas, quando comparadas aos meninos (p<0,05).
155
Tabela 3: Prevalência de má-oclusão, perda dental precoce, doença
cárie e hábitos deletérios à saúde em crianças, por sexo. Florianópolis,
SC 2009.
Variáveis Geral Meninos Meninas p*
n % n % n %
Má-oclusão
Não
Sim
193
334
36,6
63,4
103
152
40,4
59,6
90
182
33,1
66,9
0,082
Perda Dental Precoce
Não
Sim
413
115
78,2
21,8
207
49
80,9
19,1
206
66
75,7
24,3
0,154
Agravamento da Má-
oclusão
Não se aplica
Provocou
Agravou
410
76
39
78,1
14,5
7,4
206
34
15
80,8
13,3
5,9
204
42
24
75,6
15,6
8,9
0,286
Mordida Aberta
Não
Sim
453
75
85,8
14,2
230
26
89,8
10,2
223
49
82,0
18,0
0,010
Mordida Cruzada Anterior
Não
Sim
456
72
86,4
13,6
226
30
88,3
11,7
230
42
84,6
15,4
0,213
Mordida Cruzada Posterior
Não
Sim
476
52
90,2
9,8
233
23
91,0
9,0
243
29
89,3
10,7
0,518
Apinhamento
Não
Sim
323
205
61,2
38,8
160
163
62,5
37,5
163
109
59,9
40,1
0,544
Cárie
Não
Sim
351
177
66,5
33,5
166
90
64,8
35,2
185
87
68,0
32,0
0,440
Onicofagia
Não
Sim
241
287
45,6
54,4
113
143
44,1
55,9
128
144
45,6
54,4
0,501
Sucção Digital
Não
Sim
456
72
86,4
13,6
226
30
88,3
11,7
230
42
84,6
15,4
0,213
Interposição Labial
Não
Sim
516
12
97,7
2,3
252
4
98,4
1,6
264
8
97,1
2,9
0,288
Interposição Lingual
Não
Sim
326
202
61,7
38,3
169
87
66,0
34,0
157
115
57,7
42,3
0,050
Boa Higiene Bucal
Sim
Não
357
171
67,6
32,4
173
83
32,4
67,6
184
88
32,4
67,6
0,987
* teste do χ
2
156
A prevalência de má-oclusão foi maior nas meninas de 8 anos de
idade que tiveram perda dental precoce, interposição lingual e
higiene bucal. Ao analisar a má oclusão como variável dependente
observou-se que na razão de prevalência bruta, a probabilidade de
apresentar oclusão foi 72,0% maior nas crianças de oito anos de
idade, 73,0% maior naquelas que apresentaram perda dental precoce,
18,0% maior naquelas com presença de cárie, 15,0% maior nas crianças
com interposição lingual e 22% maior naquelas com higiene bucal.
Na análise ajustada, permaneceram associadas a oclusão, a perda
dental precoce (RP= 1,63; IC95%= 1,47-1,80) e a interposição lingual
(RP= 1,17; IC95%= 1,04-1,32), conforme dados apresentados na Tabela 4.
Tabela 4: Razão de Prevalência (RP) bruta e ajustada entre má-oclusão,
sexo, idade, perda dental precoce, doença cárie e hábitos deletérios em
crianças (n= 528). Florianópolis, SC 2009.
Prevalência
Má Oclusão*
Variáveis
Má oclusão
RP bruta
RP ajustada**
n
%
RP
IC 95%
P
RP
IC 95%
P***
Sexo
Meninos
Meninas
152
182
59,6
66,9
1,00
1,12
0,99-1,28
0,084
1,00
1,08
0,96-1,22
0,226
Idade
6 anos
7 anos
8 anos
70
135
129
46,7
62,5
80,1
1,00
1,34
1,72
1,10-1,64
1,42-2,07
<0,001
1,00
1,34
1,72
1,10-1,64
1,42-2,07
<0,001
Perda dental precoce
Não
Sim
226
108
54,7
94,7
1,00
1,73
1,57-1,91
<0,001
1,00
1,63
1,47-1,80
<0,001
Cárie
Não
Sim
210
124
59,8
70,5
1,00
1,18
1,04-1,34
0,013
1,00
0,98
0,86-1,12
0,750
Onicofagia
Não
Sim
152
182
63,1
63,6
1,00
1,01
0,89-1,15
0,893
Sucção Digital
Não
Sim
293
41
64,4
56,9
1,00
0,88
0,72-1,09
0,256
Interposição Labial
Não
Sim
327
7
63,5
58,3
1,00
0,92
0,57-1,49
0,731
Interposição Lingual
Não
Sim
195
139
60,0
68,8
1,00
1,15
1,01-1,30
0,037
1,00
1,17
1,04-1,32
0,009
Boa Higiene Bucal
Sim
Não
123
211
59,1
72,4
1,00
1,22
1,08-1,39
0,002
1,00
1,02
0,90-1,16
0,743
* Oclusão normal versus má oclusão, segundo classificação de Angle
** Regressão de Poisson: ordem de entrada das variáveis (Idade, perda de dente, boa higiene, cárie,
interposição lingual e o sexo); ordem de saída (higiene, cárie e sexo).
*** p valor < 0,05
157
Ao analisar a oclusão com perda dental precoce como
variável dependente, observou-se que a prevalência também aumentava
em função do aumento da idade, com a presença de cárie, interposição
lingual e higiene bucal. A Razão de prevalência bruta revelou que a
probabilidade de má oclusão com perda dental precoce foi de 66,0% nas
crianças de oito anos e 30,0% menor nas crianças com interposição
lingual. Também foi observada maior probabilidade para as crianças
com cárie (RP= 3,39; IC95%= 2,43-4,73) e com má higiene bucal (RP=
3,04; IC95%= 2,20-4,20). Quando ajustada as demais variáveis,
permaneceram associadas à má oclusão com perda dental precoce: a
idade (RP= 1,66; IC95%= 1,08-2,54), a presença de cárie (RP= 3,28;
IC95%= 2,36-4,57) e a má higiene bucal (RP= 1,85; IC95%= 1,28-2,66).
Tabela 5: Razão de Prevalência (RP) bruta e ajustada entre oclusão
com e sem perda dental precoce associada ao sexo, à idade, à doença
cárie e hábitos deletérios em crianças (n= 334). Florianópolis, SC 2009.
Prevalência Má Oclusão com perda dental - MOCPD*
Variáveis MOCPD RP bruta RP ajustada**
n % RP IC 95% p RP IC 95% p***
Sexo
Meninos
Meninas
46
62
30,3
34,1
1,00
1,13
0,82-1,54
0,461
Idade
6 anos
7 anos
8 anos
19
31
58
27,1
23,0
45,0
1,00
0,85
1,66
0,52-1,39
1,08-2,54
<0,001
1,00
0,85
1,66
0,52-1,39
1,08-2,54
<0,00
1
Cárie
Não
Sim
36
72
17,1
58,1
1,00
3,39
2,43-4,73
<0,001
1,00
3,28
2,36-4,57
<0,00
1
Onicofagia
Não
Sim
49
59
32,2
32,4
1,00
1,01
0,74-1,37
0,972
Sucção Digital
Não
Sim
100
8
34,1
19,5
1,00
0,57
0,30-1,09
0,088
1,00
0,75
0,42-1,33
0,323
Interposição Labial
Não
Sim
107
1
32,7
14,3
1,00
0,44
0,07-2,70
0,372
Interposição Lingual
Não
Sim
72
36
36,9
25,9
1,00
0,70
0,50-0,98
0,038
1,00
0,74
0,55-1,00
0,053
Boa Higiene Bucal
Sim
Não
39
69
18,5
56,1
1,00
3,04
2,20-4,20
<0,001
1,00
1,85
1,28-2,66
<0,00
1
* Má Oclusão com perda dental - MOCPD versus Má oclusão sem perda dental - MOSPD
** Regressão de Poisson: ordem de entrada das variáveis (idade, rie, boa higiene, interposição lingual e
sucção digital); ordem de saída (interposição lingual e sucção digital).
*** p valor < 0,05
158
Conclusão
Ao analisar os resultados do presente estudo é possível inferir que
a má oclusão tem maior probabilidade de ocorrer em crianças que
apresentaram interposição lingual, que tinham oito anos de idade, que
tiveram perda dental precoce, que apresentaram a doença cárie e
higiene bucal.
Observou-se forte associação entre má-oclusão com perda dental
precoce e o aumento da idade, presença de cárie e higiene bucal. O
que nos permite afirmar que políticas públicas devem voltar-se ao
incentivo de boas práticas de higiene bucal, visando combater a doença
cárie,que ainda é diretamente responsável pela perda dental precoce em crianças
de oito anos de idade, o que provoca o agravamento das más oclusões.
Aspectos Éticos (TCLE e Aprovação CEP)
O estudo se enquadra na modalidade de pesquisa de risco
mínimo. Serão esclarecidas as características do exame clínico a ser
realizado, o sigilo dos dados obtidos e a livre decisão de participação do
sujeito, conforme modelo do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE) a ser utilizado com os participantes do estudo
encontrado no Apêndice B.
Após a aprovação pela banca no exame de qualificação, esta
investigação será submetida à análise pela Secretaria Municipal de
Educação de Florianópolis e depois pelo Comitê de Ética em Pesquisa
da Universidade Federal de Santa Catarina. A Autorização da Secretaria
Municipal de Educação de Florianópolis encontra-se no Apêndice C.
Cada uma das crianças recebeu um termo de consentimento a ser
encaminhado aos pais e/ou responsáveis com vistas a obter a autorização
para participação no estudo. Somente após a assinatura do TCLE, a
criança foi efetivamente considerada participante do estudo,
procedendo-se o exame clínico.
Benefícios aos participantes
Foram planejadas palestras com pais, professores e diretores, a
serem agendadas nos dias das reuniões de pais e mestres, com o objetivo
de esclarecer dúvidas sobre a realização do projeto e também para
destacar a importância da manutenção da dentição decídua e seu papel
na prevenção das más oclusões. Com as crianças, foram realizadas
atividades lúdicas, com intuito de incentivar as boas práticas de higiene
bucal. Além disso, os pais das crianças que apresentassem más oclusões
de moderadas a severas foram orientados a buscar tratamento para
resolver ou minimizar tais problemas.
APÊNDICE B TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E
ESCLARECIDO AOS PAIS E/OU RESPONSÁVEIS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA
DOUTORADO EM ODONTOLOGIA
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Meu nome é Marianella Aguilar Ventura Fadel, sou aluna de Doutorado em
Odontologia na UFSC e estou desenvolvendo uma pesquisa intitulada
Manutenção dos Dentes Decíduos na Prevenção de Oclusopatias, que quer saber
se a perda antes do tempo certo dos dentes de leite pode ter relação com o
aparecimento de problemas na mordida do seu filho(a). Para isso, vou precisar
olhar os dentes das crianças na escola, o que não apresenta risco nem vai causar
desconforto. Se o Sr. ou a Sra. concordar com a participação, seu filho não será
identificado. Será garantido sigilo, assegurando a privacidade dos envolvidos
quantos aos achados do estudo. Asseguramos que os participantes terão a
garantia de receber esclarecimento a qualquer dúvida sobre a pesquisa; a
liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento da pesquisa; a
segurança de que não haverá divulgação personalizada das informações e acesso
às informações sobre o resultado do estudo. Para maiores informações e
esclarecimento de dúvidas favor procurar:
Marianella Aguilar Ventura Fadel. Fone: (048) 88026526 ou (048) 32343739.
Pesquisadora Principal ____________________________________________
(Marianella Aguilar Ventura Fadel)
Pesquisador Responsável (Orientador) _______________________________
(Prof. Dr. Arno Locks)
Consentimento Pós-informação
Eu,_____________________________________,fui esclarecido (a) sobre a
pesquisa Manutenção dos Dentes Decíduos na Prevenção de Oclusopatias, e
concordo que os dados resultantes do exame clínico do meu filho (a) sejam
utilizados na realização da mesma.
Florianópolis, _____de ____________ de 2009.
Assinatura: ______________________________RG:____________________
160
APÊNDICE C SOLICITAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO À
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE
FLORIANÓPOLIS/SC
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA
DOUTORADO EM ODONTOLOGIA
Para: Prof.Dr. Rodolfo Pinto da Luz
Secretário Municipal de Educação
Solicitamos autorização para realização do estudo intitulado:
Manutenção dos Dentes Decíduos na Prevenção de Oclusopatias, em Escolas
Públicas Municipais de Florianópolis. A pesquisa será efetuada pela Cirurgiã-
Dentista Marianella Aguilar Ventura Fadel, Mestre em Odontologia e aluna de
Doutorado do Programa de Pós-Graduação m Odontologia da Universidade
Federal de Santa Catarina, sob orientação do Prof. Dr. Arno Locks.
O Projeto de Pesquisa encontra-se em anexo para fornecer à Instituição
as informações sobre o estudo, fundamentar à luz da literatura científica a
relevância da pesquisa e dos preceitos da Ética em Pesquisa com Seres
Humanos.
Os dados obtidos e as conclusões resultantes do estudo serão
disponibilizados à Secretaria Municipal de Educação. Os pesquisadores se
comprometem a fornecer informações relativas ao desenvolvimento do estudo
sempre que solicitadas, pelo e-mail ma[email protected] ou pelos telefones
(48) 88026526 ou (48) 32343739.
Florianópolis, /......./.........
Pesquisadora Principal ___________________________________________
(Marianella Aguilar Ventura Fadel)
Pesquisador Responsável (Orientador) ________________________________
(Prof. Dr. Arno Locks)
161
APÊNDICE D FICHA CLÍNICA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA
DOUTORADO EM ODONTOLOGIA
FICHA CLÍNICA
1. Nome Completo da Criança: _____________________________________
Escola:________________Série:____________Idade:_____Data:_______
2. EXAME CLÍNICO
HÁBITOS Onicofagia ( ) Sucção Digital ( ) Interposição Labial ( )
Interposição Lingual( ) Não Relata ( ) Outros ( )
HIGIENE BUCAL Adequada ( ) Inadequada ( )
ATIVIDADE DE CÁRIE Ausente( ) Presente( )
FASE DA DENTADURA MISTA
1º Período Transitório( ) Período Intertransitório( ) 2º Período Transitório( )
PLANO TERMINAL DOS MOLARES DECÍDUOS ( )Reto ( )Distal ( )Mesial
PERDA DE DENTES DECÍDUOS Ausente ( ) Presente ( )
DENTES________________________________________________________
Provocou ( ) Agravou ( )
Oclusão Normal( )
CLASSIFICAÇÃO DE MALOCLUSÕES de acordo com Angle, 1899
Classe I ( ) Classe II, 1ª Divisão ( ) Classe II, 2ª Divisão( )
Classe III ( ) Subdivisão Direita ( ) Subdivisão Esquerda ( )
Relação de Caninos Direita Classe I ( ) Classe II ( ) Classe III ( )Topo ( )
Relação de Caninos Esquerda Classe I ( ) Classe II( ) Classe III ( ) Topo ( )
162
Desvio de Linha Média Superior Ausente ( ) P/ Direita ( ) P/ Esquerda ( )
Desvio de Linha Média Inferior Ausente ( ) P/ Direita ( ) P/ Esquerda ( )
Mordida Aberta Ausente ( ) Presente ( )
Mordida Cruzada Anterior Ausente ( ) Presente ( )
Mordida Cruzada Posterior (verificada em MIH)
Ausente ( ) Presente ( )
Somente 1 Dente ( ) Mais de 3 Dentes ( )
Dentes Envolvidos______________________
Com Desvio Mandibular( ) Sem Desvio Mandibular( )
Mordida Cruzada Vestibular Total ( )
Apinhamento Ausente ( ) Presente ( )
Superior ( ) Inferior ( )
3. DIAGNÓSTICO
Oclusão Normal ( )
Má-oclusão ( ) Severa ( ) Muito Severa/Incapacitante ( )
4. TRATAMENTO
Sem Necessidade ( ) Futuro ( ) Interceptativo ( ) Corretivo ( )
163
APÊNDICE E FOTOS REPRESENTATIVAS DOS AGRAVOS
Figura 1 - Perdas precoces de dentes decíduos.
164
165
166
Figura 2 - Condições de higiene das crianças.
167
Figura 3 - Presença de cárie dentária
168
169
Figura 4 - Hábitos deletérios.
170
Figura 5 - Mordida aberta anterior
171
Figura 6 - Mordid a Cruzada Posterior
172
Figura 7 - Mordida cruzada anterior.
173
Figura 8 – Desvio da linha média.
174
CAPÍTULO
VI
ANEXOS
ANEXO A ESCOLAS DE ENSINO FUNDAMENTAL DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO, NÚMERO DE
ALUNOS POR SÉRIE JUNHO / 2008
177
Fonte: PMF/SME/DEPLAN, 2008
178
ANEXO B CERTIFICADO CEP
179
ANEXO C NORMAS PARA PUBLICAÇÃO NA REVISTA
COMMUNITY DENTISTRY AND ORAL EPIDEMIOLOGY
Content of Author Guidelines: 1. General, 2. Ethical Guidelines, 3.
Submission of Manuscripts, 4. Manuscript Format and Structure, 5. After
Acceptance
Relevant Documents: Copyright Transfer Agreement , Colour Work
Agreement Form
Useful Websites: Submission Site, Articles published in Community
Dentistry and Oral Edpidemiology, Author Services, Blackwell Publishing's
Ethical Guidelines, Guidelines for Figures
1. GENERAL
The aim of Community Dentistry and Oral Epidemiology is to serve
as a forum for scientifically based information in community dentistry, with
the intention of continually expanding the knowledge base in the field. The
scope is therefore broad, ranging from original studies in epidemiology,
behavioral sciences related to dentistry, and health services research through
to methodological reports in program planning, implementation and
evaluation. Reports dealing with people of all age groups are
welcome.

The journal encourages manuscripts which present
methodologically detailed scientific research findings from original data
collection or analysis of existing databases. Preference is given to new
findings. Confirmation of previous findings can be of value, but the journal
seeks to avoid needless repetition. It also encourages thoughtful,
provocative commentaries on subjects ranging from research methods to
public policies. Purely descriptive reports are not encouraged, nor are
behavioral science reports with only marginal application to dentistry.
Knowledge in any field only advances when research results and
policies are held up to critical scrutiny. To be consistent with that view, the
journal encourages scientific debate on a wide range of subjects. Responses
to research results and views expressed in the journal are always welcome,
whether in the form of a manuscript or a commentary. Prompt publication
will be sought for these submissions. Book reviews and short reports from
international conferences are also welcome, and publication of conference
proceedings can be arranged with the publisher.
Please read the instructions below carefully for details on the
submission of manuscripts, the journal's requirements and standards as well
as information concerning the procedure after acceptance of a manuscript
for publication in Community Dentistry and Oral Epidemiology. Authors
180
are encouraged to visit Wiley-Blackwell Author Services for further
information on the preparation and submission of articles and figures.
2. ETHICAL GUIDELINES
Community Dentistry and Oral Epidemiology adheres to the below
ethical guidelines for publication and research. 

2.1. Authorship and
Acknowledgements
Authorship: Authors submitting a manuscript do so on the
understanding that the manuscript have been read and approved by all
authors and that all authors agree to the submission of the manuscript to the
Journal.

Community Dentistry and Oral Epidemiology adheres to the
definition of authorship set up by The International Committee of Medical
Journal Editors (ICMJE). According to the ICMJE criteria, authorship
should be based on 1) substantial contributions to conception and design of,
or acquisiation of data or analysis and interpretation of data, 2) drafting the
article or revising it critically for important intellectual content and 3) final
approval of the version to be published. Authors should meet conditions 1, 2
and 3.

It is a requirement that all authors have been accredited as
appropriate upon submission of the manuscript. Contributors who do not
qualify as authors should be mentioned under
Acknowledgements.Acknowledgements: Under acknowledgements
please specify contributors to the article other than the authors accredited
and all sources of financial support for the research.
2.2. Ethical ApprovalsIn all reports of original studies with humans,
authors should specifically state the nature of the ethical review and
clearance of the study protocol. Informed consent must be obtained from
human subjects participating in research studies. Some reports, such as
those dealing with institutionalized children or mentally retarded persons,
may need additional details of ethical clearance.
Experimental Subjects: experimentation involving human subjects
will only be published if such research has been conducted in full
accordance with ethical principles, including the World Medical
Association Declaration of Helsinki (version, 2002
http://www.wma.net/e/policy/b3.htm) and the additional requirements, if
any, of the country where the research has been carried out.

Manuscripts
must be accompanied by a statement that the experiments were undertaken
with the understanding and written consent of each subject and according to
the above mentioned principles.

All studies should include an explicit
statement in the Material and Methods section identifying the review and
ethics committee approval for each study, if applicable. Editors reserve the
right to reject papers if there is doubt as to whether appropriate procedures
have been used.
181
Ethics of investigation: Manuscripts not in agreement with the
guidelines of the Helsinki Declaration as revised in 1975 will not be
accepted for publication.
2.3 Clinical TrialsClinical trials should be reported using the
CONSORT guidelines available at http://www.consort-
statement.org/newene.htm. A CONSORT checklist should also be included
in the submission material (http://www.consort-
statement.org/newene.htm#checklist).
Community Dentistry and Oral Epidemiology encourages authors
submitting manuscripts reporting from a clinical trial to register the trials in
any of the following free, public clinical trials registries:
www.clinicaltrials.gov, http://clinicaltrials-dev.ifpma.org/, http://isrctn.org/.
The clinical trial registration number and name of the trial register will then
be published with the manuscript.

2.4 Observational and Other
StudiesObservational studies such as cohort, case-control and cross-
sectional studies should be reported consistent with guidelines like
STROBE.Meta analysis for systematic reviews should be reported
consistent with guidelines like QUOROM and MOOSE. These guidelines
can be accessed at www.equator-network.org

2.5 Appeal of DecisionThe
decision on a manuscript is final and cannot be appealed.
2.6 PermissionsIf all or parts of previously published illustrations
are used, permission must be obtained from the copyright holder concerned.
It is the author's responsibility to obtain these in writing and provide copies
to the Publishers.

2.7 Copyright AssignmentAuthors submitting a
manuscript do so on the understanding that the work and its essential
substance have not been published before and is not being considered for
publication elsewhere. The submission of the manuscript by the authors
means that the authors automatically agree to assign exclusive copyright to
Wiley-Blackwell if and when the manuscript is accepted for publication.
The work shall not be published elsewhere in any language without the
written consent of the publisher. The articles published in this journal are
protected by copyright, which covers translation rights and the exclusive
right to reproduce and distribute all of the articles printed in the journal. No
material published in the journal may be stored on microfilm or
videocassettes or in electronic database and the like or reproduced
photographically without the prior written permission of the publisher.
Upon acceptance of a manuscript, authors are required to assign the
copyright to publish their article to Blackwell Publishing. Assignment of the
copyright is a condition of publication and manuscripts will not be passed to
the publisher for production unless copyright has been assigned.
(Manuscripts subject to government or Crown copyright are exempt from
this requirement; however, the form still has to be signed). A completed
182
Copyright Transfer Agreement must be sent before any manuscript can be
published. Authors must send the completed Copyright Transfer Agreement
upon receiving notice of manuscript acceptance, i.e., do not send the
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188778
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2.8 OnlineOpenCommunity Dentistry and Oral Epidemiology
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be available to all for viewing and download free of charge. The print
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within 24 hours to avoid any delays in processing). Prior to acceptance there
is no requirement to inform the Production Editor that you intend to publish
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Licence Form and not the Copyright Transfer Agreement.

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concerning copyright, please visit Blackwell Publishing's Copyright FAQ
3. SUBMISSION OF MANUSCRIPTS
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submission site http://mc.manuscriptcentral.com/cdoe. The use of an online
submission and peer review site enables immediate distribution of
manuscripts and consequentially speeds up the review process. It also
allows authors to track the status of their own manuscripts. Complete
instructions for submitting a manuscript are available online and below.
Further assistance can be obtained from the Editorial Assistant, Ms. Alison
183
Mc Lean, alison.mclean@adelaide.edu.au
Editorial Office:Professor A. John SpencerEditorCommunity
Dentistry and Oral EpidemiologyThe University of AdelaideSouth
Australia5005 AustraliaE-mail: john.spencer@adelaide.edu.auTel: +61
8 8303 5438Fax: +61 8 8303 3070

The Editorial Assistant is Ms. Alison
Mc Lean: alison.mclean@adelaide.edu.au
3.1. Getting Started Launch your web browser (supported
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3.3. Manuscript Files AcceptedManuscripts should be uploaded as
Word (.doc) or Rich Text Format (.rft) files (not write-protected) plus
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submission, but only high-resolution TIF or EPS files are suitable for
printing. The files will be automatically converted to HTML and a PDF
document on upload and will be used for the review process. The text file
must contain the entire manuscript including title page, abstract, text,
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184
should be included in the file. Manuscripts should be formatted as described
in the Author Guidelines below. Please note that any manuscripts uploaded
as Word 2007 (.docx) will be automatically rejected. Please save any .docx
file as .doc before uploading.

3.4. Suggest Two ReviewersCommunity
Dentistry and Oral Epidemiology attempts to keep the review process as
short as possible to enable rapid publication of new scientific data. In order
to facilitate this process, please suggest the names and current email
addresses of two potential international reviewers whom you consider
capable of reviewing your manuscript.
3.5. Suspension of Submission Mid-way in the Submission
ProcessYou may suspend a submission at any phase before clicking the
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located under 'Unsubmitted Manuscripts' and you can click on 'Continue
Submission' to continue your submission when you choose to.

3.6. E-mail
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The error may be caused by some sort of spam filtering on your email
server. Also, the emails should be received if the IT department adds our
email server (uranus.scholarone.com) to their whitelist.
3.7. Review ProceduresAll manuscripts (except invited reviews and
some commentaries and conference proceedings) are submitted to an initial
review by the Editor or Associate Editors. Manuscripts which are not
considered relevant to the practice of community dentistry or of interest to
the readership of Community Dentistry and Oral Epidemiology will be
rejected without review. Manuscripts presenting innovative hypothesis-
driven research with methodologically detailed scientific findings are
favoured to move forward to peer review. All manuscripts accepted for peer
review will be submitted to at least 2 reviewers for peer review, and
comments from the reviewers and the editor are returned to the lead
author.

3.8. Manuscript StatusYou can access ScholarOne Manuscripts
(formerly known as Manuscript Central) any time to check your 'Author
Centre' for the status of your manuscript. The Journal will inform you by e-
mail once a decision has been made.
3.9. Submission of Revised ManuscriptsRevised manuscripts must
be uploaded within two or three months of authors being notified of
conditional acceptance pending satisfactory Minor or Major revision
respectively. Locate your manuscript under 'Manuscripts with Decisions'
and click on 'Submit a Revision' to submit your revised manuscript. Please
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manuscript. Revised manuscripts must show changes to the text in either
185
bold font, coloured font or highlighted text.
4. MANUSCRIPT FORMAT AND STRUCTURE
4.1. Page ChargeArticles exceeding 7 published pages are subject
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approximately to 5,500 characters (excluding figures and tables).
4.2. Format
Language: All submissions must be in English; both British and
American spelling conventions are acceptable. Authors for whom English is
a second language must have their manuscript professionally edited by an
English speaking person before submission to make sure the English is of
high quality. It is preferred that manuscript is professionally edited. A list of
independent suppliers of editing services can be found at
http://authorservices.wiley.com/bauthor/english_language.asp. All services
are paid for and arranged by the author, and use of one of these services
does not guarantee acceptance or preference for publication.

Font: All
submissions must be double spaced using standard 12 point font size.
Abbreviations, Symbols and Nomenclature: Authors can consult the
following source: CBE Style Manual Committee. Scientific style and
format: the CBE manual for authors, editors, and publishers. 6th ed.
Cambridge: Cambridge University Press, 1994

4.3. StructureAll
manuscripts submitted to Community Dentistry and Oral Epidemiology
should follow the guidelines regarding structure as below.
Title Page: should include a title of no more than 50 words, a
running head of no more than 50 characters and the names and institutional
affiliations of all authors of the manuscript should be included.
Abstract: All manuscripts submitted to Community Dentistry and
Oral Epidemiology should use a structured abstract under the headings:
Objectives - Methods - Results - Conclusions.
Main Text of Original Articles should include Introduction,
Materials and Methods and Discussion.
Introduction: should be focused, outlining the historical or logical
origins of the study and not summarize the results; exhaustive literature
reviews are not appropriate. It should close with the explicit statement of
the specific aims of the investigation.
Materials and Methods must contain sufficient detail such that, in
combination with the references cited, all studies reported can be fully
reproduced. As a condition of publication, authors are required to make
materials and methods used freely available to academic researchers for
their own use.
Discussion: may usually start with a brief summary of the major
186
findings, but repetition of parts of the abstract or of the results sections
should be avoided. The section should end with a brief conclusion and a
comment on the potential clinical program or policy relevance of the
findings. Statements and interpretation of the data should be appropriately
supported by original references.
4.4. ReferencesThe list of references begins on a fresh page in the
manuscript, using the Vancouver format. References should be numbered
consecutively in the order in which they are first mentioned in the text.
Identified references in the text should be sequentially numbered by Arabic
numerals in parentheses, e.g., (1,3,9). Superscript in-text references are not
acceptable in CDOE. For correct style, authors are referred to: International
Committee of Medical Journal Editors. Uniform requirements for
manuscripts submitted to biomedical journals: writing and editing for
biomedical publication. http://www.icmje.org October 2004. For
abbreviations of journal names, consult
http://www.lib.umich.edu/dentlib/resources/serialsabbr.html
Avoid reference to 'unpublished observations', and manuscripts not
yet accepted for publication. References to abstracts should be avoided if
possible; such references are appropriate only if they are recent enough that
time has not permitted full publication. References to written personal
communications (not oral) may be inserted in parentheses in the text.We
recommend the use of a tool such as EndNote or Reference Manager for
reference management and formatting. EndNote reference styles can be
searched for here: www.endnote.com/support/enstyles.asp Reference
Manager reference styles can be searched for here:
www.refman.com/support/rmstyles.asp

Examples of the Vancouver
reference style are given below:
JournalsStandard journal article(List all authors when six or
fewer. When seven or more, list first six and add et al.)
Widström E, Linna M, Niskanen T. Productive efficiency and its
determinants in the Finnish Public Dental Service. Community Dent Oral
Epidemiol 2004;32:31-40.
Corporate authorWHO Collaborating Centre for Oral Precancerous
Lesions. Definition of leukoplakia and related lesions: an aid to studies on
oral precancer. Oral Surg Oral Med Oral Pathol 1978;46:518-39.
Books and other monographsPersonal author(s)Fejerskov O,
Baelum V, Manji F, Møller IJ. Dental fluorosis; a handbook for health
workers. Copenhagen: Munksgaard, 1988:41-3.
Chapter in a bookFomon SJ, Ekstrand J. Fluoride intake. In:
Fejerskov O, Ekstrand J, Burt BA, editors: Fluoride in dentistry, 2nd
edition. Copenhagen: Munksgaard, 1996; 40-52.
4.5. Tables, Figures and Figure LegendsTables are part of the text
187
and should be included, one per page, after the References. All graphs,
drawings, and photographs are considered figures and should be
sequentially numbered with Arabic numerals. Each figure must be on a
separate page and each must have a caption. All captions, with necessary
references, should be typed together on a separate page and numbered
clearly (Fig.1, Fig. 2, etc.).
Preparation of Electronic Figures for Publication: Although low
quality images are adequate for review purposes, print publication requires
high quality images to prevent the final product being blurred or fuzzy.
Submit EPS (lineart) or TIFF (halftone/photographs) files only. MS
PowerPoint and Word Graphics are unsuitable for printed pictures. Do not
use pixel-oriented programmes. Scans (TIFF only) should have a resolution
of 300 dpi (halftone) or 600 to 1200 dpi (line drawings) in relation to the
reproduction size (see below). Please submit the data for figures in black
and white or submit a colourwork agreement form. EPS files should be
saved with fonts embedded (and with a TIFF preview if possible).For
scanned images, the scanning resolution (at final image size) should be as
follows to ensure good reproduction: line art: >600 dpi; half-tones
(including gel photographs): >300 dpi; figures containing both halftone and
line images: >600 dpi.

Further information can be obtained at Wiley-
Blackwell's guidelines for figures:
http://authorservices.wiley.com/bauthor/illustration.asp.Check your
electronic artwork before submitting it:
http://authorservices.wiley.com/bauthor/eachecklist.asp
Permissions: If all or parts of previously published illustrations are
used, permission must be obtained from the copyright holder concerned. It
is the author's responsibility to obtain these in writing and provide copies to
the Publishers.

Colour Charges: It is the policy of Community Dentistry
and Oral Epidemiology for authors to pay the full cost for the reproduction
of their colour artwork, if required. Therefore, please note that if there is
colour artwork in your manuscript when it is accepted for publication,
Blackwell Publishing require you to complete and return a Colour Work
Agreement Form before your manuscript can be published (even if you
want the colour figures to appear in black and white). Any article received
by Wiley-Blackwell with colour work will not be published until the form
has been returned. If you are unable to access the internet, or are unable to
download the form, please contact the Production Editor Poh Hoon TENG,
[email protected]m. Please send the completed Colour Work Agreement to:
Poh Hoon TENGProduction EditorCommunity Dentistry and Oral
EpidemiologyWiley-BlackwellWiley Services Singapore Pte Ltd600
North Bridge Road#05-01 Parkview SquareSingapore 188778

Figure
Legends: All captions, with necessary references, should be typed together
188
on a separate page and numbered clearly (Fig.1, Fig. 2, etc.).
Special issues: Larger papers, monographs, and conference
proceedings may be published as special issues of the journal. Full cost of
these extra issues must be paid by the authors. Further information can be
obtained from the editor or publisher.
5. AFTER ACCEPTANCE
Upon acceptance of a manuscript for publication, the manuscript will
be forwarded to the Production Editor who is responsible for the production
of the journal.

5.1 Proof CorrectionsThe corresponding author will
receive an email alert containing a link to a web site. A working email
address must therefore be provided for the corresponding author. The proof
can be downloaded as a PDF (portable document format) file from this site.
Acrobat Reader will be required in order to read this file. This
software can be downloaded (free of charge) from the following Web site:
www.adobe.com/products/acrobat/readstep2.html . This will enable the file
to be opened, read on screen, and printed out in order for any corrections to
be added. Further instructions will be sent with the proof. Hard copy proofs
will be posted if no e-mail address is available; in your absence, please
arrange for a colleague to access your e-mail to retrieve the proofs. Proofs
must be returned within three days of receipt.
As changes to proofs are costly, we ask that you only correct
typesetting errors. Excessive changes made by the author in the proofs,
excluding typesetting errors, will be charged separately. Other than in
exceptional circumstances, all illustrations are retained by the publisher.
Please note that the author is responsible for all statements made in his
work, including changes made by the copy editor.

5.2 Early View
(Publication Prior to Print)Community Dentistry and Oral Epidemiology is
covered by Wiley-Blackwell's Early View service. Early View articles are
complete full-text articles published online in advance of their publication
in a printed issue. They have been fully reviewed, revised and edited for
publication, and the authors' final corrections have been incorporated.
Because they are in final form, no changes can be made after online
publication. The nature of Early View articles means that they do not yet
have volume, issue or page numbers, so Early View articles cannot be cited
in the traditional way. They are therefore given a Digital Object Identifier
(DOI), which allows the article to be cited and tracked before it is allocated
to an issue. After print publication, the DOI remains valid and can continue
to be used to cite and access the article.

5.3 Author ServicesOnline
production tracking is avail
189
ANEXO D NORMAS PARA PUBLICAÇÃO NO AMERICAN
JOURNAL OF ORTHODONTICS AND DENTOFACIAL
ORTHOPEDICS
Information for Authors
Electronic manuscript submission and review
The American Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics
uses the Elsevier Editorial System (EES), an online manuscript submission
and review system. To submit or review an article, please go to theAJO-DO
Editorial Manager website: ees.elsevier.com/ajodo .
Send other correspondence to:
Dr David L. Turpin, DDS, MSD, Editor-in-Chief
American Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics
University of Washington
Department of Orthodontics, D-569
HSC Box 357446
Seattle, WA 98195-7446
Telephone (206)221-5413
General Information
The American Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics
publishes original research, reviews, case reports, clinical material, short
communications, and other material related to orthodontics and dentofacial
orthopedics.
Submitted manuscripts must be original, written in English, and not
published or under consideration elsewhere. Manuscripts will be reviewed
by the editor and consultants and are subject to editorial revision. Authors
should follow the guidelines below.
Statements and opinions expressed in the articles and
communications herein are those of the author(s) and not necessarily those
of the editor(s) or publisher, and the editor(s) and publisher disclaim any
responsibility or liability for such material. Neither the editor(s) nor the
publisher guarantees, warrants, or endorses any product or service
190
advertised in this publication; neither do they guarantee any claim made by
the manufacturer of any product or service. Each reader must determine
whether to act on the information in this publication, and neither the
Journal nor its sponsoring organizations shall be liable for any injury due to
the publication of erroneous information.
Guidelines for Original Articles
Submit Original Articles via the online Editorial Manager:
ees.elsevier.com/ajodo . Organize your submission as follows.
1. Title Page. Put all information pertaining to the authors in a
separate document. Include the title of the article, full name(s) of the
author(s), academic degrees, and institutional affiliations and positions;
identify the corresponding author and include an address, telephone and fax
numbers, and an e-mail address. This information will not be available to
the reviewers.
2. Abstract. Structured abstracts of 200 words or less are preferred. A
structured abstract contains the following sections: Introduction, describing
the problem; Methods, describing how the study was performed; Results,
describing the primary results; and Conclusions, reporting what the authors
conclude from the findings and any clinical implications.
3. Manuscript. The manuscript proper should be organized in the
following sections: Introduction and literature review, Material and
Methods, Results, Discussion, Conclusions, References, and figure
captions. Express measurements in metric units whenever practical. Refer to
teeth by their full name or their FDI tooth number. For style questions, refer
to the AMA Manual of Style, 9th edition. Cite references selectively, and
number them in the order cited. Make sure that all references have been
mentioned in the text. Follow the format for references in "Uniform
Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals" (Ann
Intern Med 1997;126:36-47); http://www.icmje.org . Include the list of
references with the manuscript proper. Submit figures and tables separately
(see below); do not embed figures in the word processing document.
4. Figures. Digital images should be in TIF or EPS format, CMYK
or grayscale, at least 5 inches wide and at least 300 pixels per inch (118
pixels per cm). Do not embed images in a word processing program. If
published, images could be reduced to 1 column width (about 3 inches), so
authors should ensure that figures will remain legible at that scale. For best
results, avoid screening, shading, and colored backgrounds; use the simplest
patterns available to indicate differences in charts. If a figure has been
previously published, the legend (included in the manuscript proper) must
give full credit to the original source, and written permisson from the
original publisher must be included. Be sure you have mentioned each
191
figure, in order, in the text.
5. Tables. Tables should be self-explanatory and should supplement,
not duplicate, the text. Number them with Roman numerals, in the order
they are mentioned in the text. Provide a brief title for each. If a table has
been previously published, include a footnote in the table giving full credit
to the original source and include written permission for its use from the
copyright holder. Submit tables as text-based files (Word or Excel, for
example) and not as graphic elements.
6. Model release and permission forms. Photographs of identifiable
persons must be accompanied by a release signed by the person or both
living parents or the guardian of minors. Illustrations or tables that have
appeared in copyrighted material must be accompanied by written
permission for their use from the copyright owner and original author, and
the legend must properly credit the source. Permission also must be
obtained to use modified tables or figures.
7. Copyright release. In accordance with the Copyright Act of 1976,
which became effective February 1, 1978, all manuscripts must be
accompanied by the following written statement, signed by all authors:
"The undersigned author(s) transfers all copyright ownership of the
manuscript [insert title of article here] to the American Association of
Orthodontists in the event the work is published. The undersigned author(s)
warrants that the article is original, does not infringe upon any copyright or
other proprietary right of any third party, is not under consideration by
another journal, has not been previously published, and includes any
product that may derive from the published journal, whether print or
electronic media. I (we) sign for and accept responsibility for releasing this
material." Scan the printed copyright release and submit it via the Editorial
Manager, or submit it via fax or mail.
8. Conflict of interest statement. Report any commercial association
that might pose a conflict of interest, such as ownership, stock holdings,
equity interests and consultant activities, or patent-licensing situations. If
the manuscript is accepted, the disclosed information will be published with
the article. The usual and customary listing of sources of support and
institutional affiliations on the title page is proper and does not imply a
conflict of interest. Guest editorials, Letters, and Review articles may be
rejected if a conflict of interest exists.
Other Articles
Follow the guidelines above, with the following exceptions, and
submit via Editorial Manager.
192
Case Reports will be evaluated for completeness and quality of
records, quality of treatment, uniqueness of the case, and quality of the
manuscript. A highquality manuscript will include the following sections:
introduction; diagnosis; etiology; treatment objectives, alternatives,
progress, and results; and discussion. The submitted figures should include
extraoral and intraoral photographs and dental models, panoramic
radiographs and tracings from both pretreatment and posttreatment, and
progress or retention figures as appropriate.
Short Communications should not exceed 2000 words, including the
bibliography, and should include a minimal number of figures or tables.
Priority will be given to communications relating to primary research data,
preferably clinical but also basic. This section permits time-sensitive
material to be published within 6 months of submission.
Techno Bytes items report on emerging technological developments
and products for use by orthodontists.
Litigation, Legislation, and Ethics items report legal and ethical
issues of interest to orthodontists.
Miscellaneous Submissions
Letters to the Editor and Ask Us questions and answers appear in the
Readers' Forum section and are encouraged to stimulate healthy discourse
concerning the profession. Send letters or questions directly to the editor,
via e-mail: dlturp[email protected]m. Submit a signed copyright release with the
letter, or fax or mail separately.
Brief, substantiated commentary on subjects of interest to the
orthodontic profession is occasionally published as a Guest Editorial or
Special Article. Send Guest Editorials or Special Articles directly to the
editor, via e-mail: [email protected]. Submit a signed copyright release
with the editorial, or fax or mail separately.
Books and monographs (domestic and foreign) will be reviewed,
depending on their interest and value to subscribers. Send books to the
Editor of Reviews and Abstracts, Dr Alex Jacobson, University of Alabama
School of Dentistry, 1919 7th Ave S, Box 23, Birmingham, AL 35294.
They will not be returned.
Checklist for authors
193
____Title page, including full name, academic degrees, and
institutional affiliation and position of each author, and author to whom
correspondence and reprint requests are to be sent, including address,
business and home phone numbers, fax numbers, and e-mail address
____Abstract
____Article proper, including references and figure legends
____Figures, in TIF or EPS format
____Tables
____Copyright release statement, signed by all authors
____Photographic consent statement(s)
____Conflict of interest statement
____Permissions to reproduce previously published material
Updated June 2009
194
ANEXO E NORMAS PARA PUBLICAÇÃO NA REVISTA
ANGLE ORTHODONTIST
Information for Contributors
Please organize and enter your Original Article manuscript using the
following headings (Case reports and other types of articles may vary):
COVER LETTER - Must contain the following: Copyright
Releases - The following written statement, signed by one of the authors
and acting on behalf of all of the authors, must accompany all manuscripts:
"The undersigned author transfers all copyright ownership of the
manuscript (fill in the title of your manuscript) to The Angle Orthodontist in
the event the work is published. The undersigned author warrants that the
article is original, is not under consideration for publication by another
journal and has not been previously published. I sign for and accept
responsibility for releasing this material on behalf of any and all coauthors."
Direct quotations, tables or images that have appeared elsewhere in
copyrighted material must be accompanied by a signed release from the
copyright owner. Complete information identifying the source of the
material is required.
Patient Releases - A signed release must be obtained for all images
that contain identifiable patients or human subjects. These releases must be
retained indefinitely by the Corresponding Author. A cover letter must be
submitted with the manuscript attesting to the fact that all applicable patient
releases were obtained and are on file with the Corresponding Author.
Each release statement must be on a separate page, include the
manuscript title, all authors' names and contain a copy of the following
statement signed by the patient:
"I hereby grant all rights to publish photographs or other images of
me in the above manuscript where I appear as a patient or subject without
payment of any kind. I have been informed that any images of me that do
appear may be modified."
ARTICLE FILE Articles must be original and written in clear
English. The total article file must be entered as one document and must
contain the Title, Abstract, Text References and Figure Legends. The article
file must not exceed a maximum of 3500 words. To determine the number
of words in your document, go to the toolbar, click on tools and then click
on word count.Please enter only the following items in the article file:
Title of the manuscript
Abstract - The Angle Orthodontist is using a structured abstract
which must be limited to 250 words. The abstract should conform to the
195
following outline and not contain an introduction, literature review or
discussion.ABSTRACT Objective: List the specific goal(s) of the
research. Materials and Methods: Briefly describe the procedures you used
to accomplish this work. Leave the small details for the manuscript itself.
Results: Identify the results that were found as a result of this study.
Conclusion: List the specific conclusion(s) that can be drawn based on the
results of this study.
Manuscript text - Please remove all references to the author's identity
or institutions as manuscripts are peer reviewed anonymously. An original
article text will contain the following in order:INTRODUCTION - This
section states the purpose of the research and includes a brief summary of
the literature describing the current state of the field.MATERIALS AND
METHODS -This section states exactly what was done and should enable a
reader to replicate the work. Materials or methods described elsewhere in
the literature can be referenced without repeating these details. Identify
teeth using the full name of the tooth or the FDI annotation. If human
subjects or animals were involved in the work, this section must contain a
statement that the rights of the human or animal subjects were protected and
approval was obtained from an identified institutional review board, or its
equivalent.RESULTS - This section should describe the objective findings
without any comment on their significance or relative importance. Cite all
tables and figures in sequential order in the text.DISCUSSION - Only this
section allows you freedom to interpret your data and to give your opinion
of the value of your findings relative to previous work. All opinions must be
limited to this section.CONCLUSION - This section states what
conclusions can be drawn specifically from the research reported. Bullet
points are preferred. Do not repeat material from other
sections..REFERENCES - References cited must refer to published
material. Number references consecutively in order of their appearance in
the manuscript using superscript and Arabic numerals. References to
"personal communication" or unpublished theses are not acceptable. The
style and punctuation of references should strictly conform to American
Medical Association Manual of Style: A Guide for Authors and Editors, 9th
ed (Baltimore, Md: Williams & Wilkins; 1998). Consult previous issues of
The Angle Orthodontist for guidance (Available at
http://www.angle.org).FIGURE LEGENDS - All figures must be
numbered sequentially in the manuscript and a legend for each figure must
appear in this section.
TABLE FILES Each table must be in WORD or EXCEL format and
entered as a separate file. Each table must have its own legend
accompanying it, numbered with Arabic numerals and sequentially referred
196
to in the text. All abbreviations used in the table must be defined in a
footnote. Use * P=.05; ** P=.01; *** P=.001; ****P=.0001 as needed.
Tables cannot be in pictorial or image formats. Pictorial or image formats
are figures and must be entered as figures.
FIGURE FILES Each figure must be of sufficient resolution for high
quality publication usually in TIFF or EPS format. All images need to be at
300 DPI when the figure is of the size to be used in publication.If you
enter a large image at 300 DPI and reduce it to a much smaller size for
publication, this will increase the DPI and the image will be very heavy and
slow to open electronically. If you enter a small image (such as a 35 mm
picture) and plan to enlarge it for publication, it needs to be entered at more
than 300 DPI since enlargement will only reduce the resolution.Figures in
WORD or presentation software such as PowerPoint, Corel Draw or
Harvard Graphics do not contain sufficient resolution for publication and
will not be accepted. Authors will be charged for publication of figures in
color.
Manuscript Review After you have entered your manuscript, you
will receive automated responses from the system as the manuscript is
processed. You may also follow the progress of your manuscript via the
web site and your own password you created when you first entered the
system.
Your manuscript will be peer reviewed and the reviewers' comments
will be sent to you. Please allow adequate time for this process. Our
automated system is instantaneous, but the reviewers are busy people who
donate their expertise and time.
A manuscript returned to an author with suggested revisions must be
returned within 3 months. Revised manuscripts returned after this time will
be considered new submissions.
After the revisions are complete, the editor will submit the
manuscript to the printer and an electronic copy of your galley proof will be
sent to you for corrections and final approval. Expect the figures in the
galley proof to be of low resolution for ease of transmission. The final
publication will contain your high quality figures.
Reprints Reprints are available through special order for a nominal
charge. Your galley copy will contain an order form for you to request any
reprints desired. When you complete this application, return it directly to
the printer. Reprints are not sent out or billed to you until the printed copy
of you article is mailed out.
General Information The E. H. Angle Education and Research
Foundation invites manuscripts concerning the dental and craniofacial
197
complex. Original research, clinical observations and review articles as well
as guest editorials, letters to the editor and case reports are welcome.
Articles are peer reviewed and subject to editorial revision.
Statements and opinions expressed in articles are not necessarily those of
the editor or publisher. The editor and the publisher disclaim any
responsibility or liability for such material.
The Angle Orthodontist is now ONLINE for all manuscript
submissions and review. Please go to the Internet:
http://angle.allentrack.net/ and follow the easy instructions for manuscript
submission. If you have questions regarding the submission of your
manuscript, please e-mail those questions to <rj[email protected]>.
198
ANEXO F NORMAS PARA PUBLICAÇÃO NA REVISTA
CADERNOS DE SAÚDE PÚBLICA
INSTRUÇÕES PARA AUTORES
Cadernos de Saúde Pública/Reports in Public Health (CSP) publica
artigos originais com elevado mérito científico que contribuam ao estudo da
saúde pública em geral e disciplinas afins.Recomendamos aos autores a
leitura atenta das instruções abaixo antes de submeterem seus artigos a
Cadernos de Saúde Pública.
CSP aceita trabalhos para as seguintes seções:

1.1 - Revisão –
revisão crítica da literatura sobre temas pertinentes à saúde pública (máximo
de 8.000 palavras e 5 ilustrações); 1.2 - Artigos resultado de pesquisa de
natureza empírica, experimental ou conceitual (máximo de 6.000 palavras e
5 ilustrações); 1.3 - Notas nota prévia, relatando resultados parciais ou
preliminares de pesquisa (máximo de 1.700 palavras e 5 ilustrações); 1.4 -
Resenhas resenha crítica de livro relacionado ao campo temático de CSP,
publicado nos últimos dois anos (máximo de 1.200 palavras); 1.5 - Cartas
crítica a artigo publicado em fascículo anterior de CSP (máximo de 1.200
palavras e 1 ilustração); 1.6 - Debate artigo teórico que se faz
acompanhar de cartas críticas assinadas por autores de diferentes
instituições, convidados pelo Editor, seguidas de resposta do autor do artigo
principal (máximo de 6.000 palavras e 5 ilustrações); 1.7 - Fórum seção
destinada à publicação de 2 a 3 artigos coordenados entre si, de diferentes
autores, e versando sobre tema de interesse atual (máximo de 12.000
palavras no total). Os interessados em submeter trabalhos para essa seção
devem consultar o Conselho Editorial.
Normas para envio de artigos

2.1 - CSP publica somente artigos
inéditos e originais, e que não estejam em avaliação em nenhum outro
periódico simultaneamente. Os autores devem declarar essas condições no
processo de submissão. Caso seja identificada a publicação ou submissão
simultânea em outro periódico o artigo será desconsiderado. A submissão
simultânea de um artigo científico a mais de um periódico constitui grave
falta de ética do autor. 2.2 - Serão aceitas contribuições em português,
espanhol ou inglês.2.3 - Notas de rodapé e anexos não serão aceitos.2.4 -
A contagem de palavras inclui o corpo do texto e as referências
bibliográficas, conforme item 12.13.
Publicação de ensaios clínicos3.1 - Artigos que apresentem
resultados parciais ou integrais de ensaios clínicos devem obrigatoriamente
ser acompanhados do número e entidade de registro do ensaio clínico. 3.2 -
199
Essa exigência está de acordo com a recomendação da
BIREME/OPAS/OMS sobre o Registro de Ensaios Clínicos a serem
publicados a partir de orientações da Organização Mundial da Saúde -
OMS, do International Committee of Medical Journal Editors
(www.icmje.org) e do Workshop ICTPR. 3.3 - As entidades que registram
ensaios clínicos segundo os critérios do ICMJE são:
Australian New Zealand Clinical Trials Registry (ANZCTR)
ClinicalTrials.gov
International Standard Randomised Controlled Trial Number
(ISRCTN)
Nederlands Trial Register (NTR)
UMIN Clinical Trials Registry (UMIN-CTR)
WHO International Clinical Trials Registry Platform (ICTRP)
Fontes de financiamento 

4.1 - Os autores devem declarar todas as
fontes de financiamento ou suporte, institucional ou privado, para a
realização do estudo. 4.2 - Fornecedores de materiais ou equipamentos,
gratuitos ou com descontos, também devem ser descritos como fontes de
financiamento, incluindo a origem (cidade, estado e país). 4.3 - No caso
de estudos realizados sem recursos financeiros institucionais e/ou privados,
os autores devem declarar que a pesquisa não recebeu financiamento para a
sua realização.
Conflito de interesses 

5.1 - Os autores devem informar qualquer
potencial conflito de interesse, incluindo interesses políticos e/ou
financeiros associados a patentes ou propriedade, provisão de materiais e/ou
insumos e equipamentos utilizados no estudo pelos fabricantes.
Colaboradores

6.1 - Devem ser especificadas quais foram as
contribuições individuais de cada autor na elaboração do artigo. 6.2 -
Lembramos que os critérios de autoria devem basear-se nas deliberações do
International Committee of Medical Journal Editors, que determina o
seguinte: o reconhecimento da autoria deve estar baseado em contribuição
substancial relacionada aos seguintes aspectos: 1. Concepção e projeto ou
análise e interpretação dos dados; 2. Redação do artigo ou revisão crítica
relevante do conteúdo intelectual; 3. Aprovação final da versão a ser
publicada. Essas três condições devem ser integralmente atendidas.
Agradecimentos

7.1 - Possíveis menções em agradecimentos
incluem instituições que de alguma forma possibilitaram a realização da
pesquisa e/ou pessoas que colaboraram com o estudo mas que não
preencheram os critérios para serem co-autores.
Referências

8.1 - As referências devem ser numeradas de forma
consecutiva de acordo com a ordem em que forem sendo citadas no texto.
Devem ser identificadas por números arábicos sobrescritos (Ex.: Silva 1).
200
As referências citadas somente em tabelas e figuras devem ser numeradas a
partir do número da última referência citada no texto. As referências citadas
deverão ser listadas ao final do artigo, em ordem numérica, seguindo as
normas gerais dos Requisitos Uniformes para Manuscritos Apresentados a
Periódicos Biomédicos (http://www.nlm.nih.gov/citingmedicine/). 8.2 -
Todas as referências devem ser apresentadas de modo correto e completo. A
veracidade das informações contidas na lista de referências é de
responsabilidade do(s) autor(es). 8.3 - No caso de usar algum software de
gerenciamento de referências bibliográficas (Ex. EndNote ®), o(s) autor(es)
deverá(ão) converter as referências para texto.
Nomenclatura

9.1 - Devem ser observadas as regras de
nomenclatura zoológica e botânica, assim como abreviaturas e convenções
adotadas em disciplinas especializadas.
Ética em pesquisas envolvendo seres humanos

10.1 - A publicação
de artigos que trazem resultados de pesquisas envolvendo seres humanos
está condicionada ao cumprimento dos princípios éticos contidos na
Declaração de Helsinki (1964, reformulada em 1975, 1983, 1989, 1996,
2000 e 2008), da World Medical Association. 10.2 - Além disso, deve ser
observado o atendimento a legislações específicas (quando houver) do país
no qual a pesquisa foi realizada. 10.3 - Artigos que apresentem resultados
de pesquisas envolvendo seres humanos deverão conter uma clara
afirmação deste cumprimento (tal afirmação deverá constituir o último
parágrafo da seção Metodologia do artigo). 10.4 - Após a aceitação do
trabalho para publicação, todos os autores deverão assinar um formulário, a
ser fornecido pela Secretaria Editorial de CSP, indicando o cumprimento
integral de princípios éticos e legislações específicas. 10.5 - O Conselho
Editorial de CSP se reserva o direito de solicitar informações adicionais
sobre os procedimentos éticos executados na pesquisa.
Processo de submissão online

11.1 - Os artigos devem ser
submetidos eletronicamente por meio do sítio do Sistema de Avaliação e
Gerenciamento de Artigos (SAGAS), disponível em:
http://www.ensp.fiocruz.br/csp/.11.2 - Outras formas de submissão não
serão aceitas. As instruções completas para a submissão são apresentadas a
seguir. No caso de dúvidas, entre em contado com o suporte sistema
SAGAS pelo e-mail: c[email protected]uz.br. 11.3 - Inicialmente o
autor deve entrar no sistema SAGAS. Em seguida, inserir o nome do
usuário e senha para ir à área restrita de gerenciamento de artigos. Novos
usuários do sistema SAGAS devem realizar o cadastro em "Cadastre-se" na
página inicial. Em caso de esquecimento de sua senha, solicite o envio
automático da mesma em "Esqueceu sua senha? Clique aqui". 11.4 - Para
novos usuários do sistema SAGAS. Após clicar em "Cadastre-se" você será
201
direcionado para o cadastro no sistema SAGAS. Digite seu nome, endereço,
e-mail, telefone, instituição.
Envio do artigo

12.1 - A submissão online é feita na área restrita de
gerenciamento de artigos http://www.ensp.fiocruz.br/csp/. O autor deve
acessar a "Central de Autor" e selecionar o link "Submeta um novo artigo".
12.2 - A primeira etapa do processo de submissão consiste na verificação
às normas de publicação de CSP. O artigo somente será avaliado pela
Secretaria Editorial de CSP se cumprir todas as normas de publicação.
12.3 - Na segunda etapa são inseridos os dados referentes ao artigo: título,
título corrido, área de concentração, palavras-chave, informações sobre
financiamento e conflito de interesses, resumo, abstract e agradecimentos,
quando necessário. Se desejar, o autor pode sugerir potenciais consultores
(nome, e-mail e instituição) que ele julgue capaz de avaliar o artigo. 12.4 -
O título completo (no idioma original e em inglês) deve ser conciso e
informativo, com no máximo 150 caracteres com espaços. 12.5 - O título
corrido poderá ter máximo de 70 caracteres com espaços. 12.6 - As
palavras-chave (mínimo de 3 e máximo de 5 no idioma original do artigo)
devem constar na base da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), disponível:
http://decs.bvs.br/.
12.7 - Resumo. Com exceção das contribuições
enviadas às seções Resenha ou Cartas, todos os artigos submetidos em
português ou espanhol deverão ter resumo na língua principal e em inglês.
Os artigos submetidos em inglês deverão vir acompanhados de resumo em
português ou em espanhol, além do abstract em inglês. O resumo pode ter
no máximo 1100 caracteres com espaço.
12.8 - Agradecimentos. Possíveis
agradecimentos às instituições e/ou pessoas poderão ter no máximo 500
caracteres com espaço. 12.9 - Na terceira etapa são incluídos o(s) nome(s)
do(s) autor(es) do artigo, respectiva(s) instituição(ões) por extenso, com
endereço completo, telefone e e-mail, bem como a colaboração de cada um.
O autor que cadastrar o artigo automaticamente será incluído como autor de
artigo. A ordem dos nomes dos autores deve ser a mesma da publicação.
12.10 - Na quarta etapa é feita a transferência do arquivo com o corpo do
texto e as referências. 12.11 - O arquivo com o texto do artigo deve estar
nos formatos DOC (Microsoft Word), RTF (Rich Text Format) ou ODT
(Open Document Text) e não deve ultrapassar 1 MB. 12.12 - O texto deve
ser apresentado em espaço 1,5cm, fonte Times New Roman, tamanho 12.
12.13 - O arquivo com o texto deve conter somente o corpo do artigo e as
referências bibliográficas. Os seguintes itens deverão ser inseridos em
campos à parte durante o processo de submissão: resumo e abstract;
nome(s) do(s) autor(es), afiliação ou qualquer outra informação que
identifique o(s) autor(es); agradecimentos e colaborações; ilustrações
(fotografias, fluxogramas, mapas, gráficos e tabelas).12.14 - Na quinta
202
etapa são transferidos os arquivos das ilustrações do artigo (fotografias,
fluxogramas, mapas, gráficos e tabelas), quando necessário. Cada ilustração
deve ser enviada em arquivo separado clicando em "Transferir".
12.15 -
Ilustrações. O número de ilustrações deve ser mantido ao mínimo,
conforme especificado no item 1 (fotografias, fluxogramas, mapas, gráficos
e tabelas). 12.16 - Os autores deverão arcar com os custos referentes ao
material ilustrativo que ultrapasse esse limite e também com os custos
adicionais para publicação de figuras em cores. 12.17 - Os autores devem
obter autorização, por escrito, dos detentores dos direitos de reprodução de
ilustrações que tenham sido publicadas anteriormente.
12.18 - Tabelas.
As tabelas podem ter 17cm de largura, considerando fonte de tamanho 9.
Devem ser submetidas em arquivo de texto: DOC (Microsoft Word), RTF
(Rich Text Format) ou ODT (Open Document Text). As tabelas devem ser
numeradas (números arábicos) de acordo com a ordem em que aparecem no
texto.
12.19 - Figuras. Os seguintes tipos de figuras serão aceitos por CSP:
Mapas, Gráficos, Imagens de satélite, Fotografias e Organogramas, e
Fluxogramas. 12.20 - Os mapas devem ser submetidos em formato vetorial
e são aceitos nos seguintes tipos de arquivo: WMF (Windows MetaFile),
EPS (Encapsuled PostScript) ou SVG (Scalable Vectorial Graphics). Nota:
os mapas gerados originalmente em formato de imagem e depois exportados
para o formato vetorial não serão aceitos. 12.21 - Os gráficos devem ser
submetidos em formato vetorial e serão aceitos nos seguintes tipos de
arquivo: XLS (Microsoft Excel), ODS (Open Document Spreadsheet),
WMF (Windows MetaFile), EPS (Encapsuled PostScript) ou SVG (Scalable
Vectorial Graphics).12.22 - As imagens de satélite e fotografias devem ser
submetidas nos seguintes tipos de arquivo: TIFF (Tagged Image File
Format) ou BMP (Bitmap). A resolução mínima deve ser de 300dpi (pontos
por polegada), com tamanho mínimo de 17,5cm de largura. 12.23 - Os
organogramas e fluxogramas devem ser submetidos em arquivo de texto ou
em formato vetorial e são aceitos nos seguintes tipos de arquivo: DOC
(Microsoft Word), RTF (Rich Text Format), ODT (Open Document Text),
WMF (Windows MetaFile), EPS (Encapsuled PostScript) ou SVG (Scalable
Vectorial Graphics).12.24 - As figuras devem ser numeradas (números
arábicos) de acordo com a ordem em que aparecem no texto. 12.25 -
Títulos e legendas de figuras devem ser apresentados em arquivo de texto
separado dos arquivos das figuras.
12.26 - Formato vetorial. O desenho
vetorial é originado a partir de descrições geométricas de formas e
normalmente é composto por curvas, elipses, polígonos, texto, entre outros
elementos, isto é, utilizam vetores matemáticos para sua descrição.
12.27 -
Finalização da submissão. Ao concluir o processo de transferência de todos
os arquivos, clique em "Finalizar Submissão".
12.28 - Confirmação da
203
submissão. Após a finalização da submissão o autor receberá uma
mensagem por e-mail confirmando o recebimento do artigo pelos CSP.
Caso não receba o e-mail de confirmação dentro de 24 horas, entre em
contato com a secretaria editorial de CSP por meio do e-mail: csp-
Acompanhamento do processo de avaliação do artigo

13.1 - O
autor poderá acompanhar o fluxo editorial do artigo pelo sistema SAGAS.
As decisões sobre o artigo serão comunicadas por e-mail e disponibilizadas
no sistema SAGAS. 13.2 - O contato com a Secretaria Editorial de CSP
deverá ser feito através do sistema SAGAS.
Envio de novas versões do artigo

14.1 - Novas versões do artigo
devem ser encaminhadas usando-se a área restrita de gerenciamento de
artigos http://www.ensp.fiocruz.br/csp/ do sistema SAGAS, acessando o
artigo e utilizando o link "Submeter nova versão".
Prova de prelo

15.1 - Após a aprovação do artigo, a prova de prelo
será enviada para o autor de correspondência por e-mail. Para visualizar a
prova do artigo será necessário o programa Adobe Reader ou similar. Esse
programa pode ser instalado gratuitamente pelo site:
http://www.adobe.com/products/acrobat/readstep2.html. 15.2 - A prova de
prelo revisada e as declarações devidamente assinadas deverão ser
encaminhadas para a secretaria editorial de CSP por e-mail (
[email protected]uz.br) ou por fax +55(21)2598-2514 dentro do prazo
de 72 horas após seu recebimento pelo autor de correspondência.
204
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