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imageamento cerebral (imaging) e da sofisticação das técnicas de aferição fisiológica.
Segundo eles,
desenvolvimentos em registros eletrofisiológicos, imageamento cerebral e
técnicas neuroquímicas dentro das neurociências têm cada vez mais tornado
possível investigar o papel das estruturas e processos neurais do pensamento
normal e desordenado em humanos (CACIOPPO
et al., 2004, p. 385).
No que diz respeito ao seu objeto, a Neurociência Social pretende ocupar-se de todos aqueles
objetos ou fenômenos que, outrora, ocupavam os psicólogos sociais experimentais. De acordo
com John Cacioppo, Tyler Lorig, Howard Nusbaum e Gary Berntson,
os psicólogos sociais estudam uma série diversa e apaixonante de tópicos,
indo dos processos intrapessoais modelados por ou em resposta a outros (tais
como
self, atitudes, emoções, identidade social, crenças normativas,
percepção social, cognição social e atração interpessoal) aos processos
interpessoais (tais como persuasão e influência social, comunicação verbal e
não-verbal, relacionamentos interpessoais, altruísmo e agressão) e aos
processos grupais (tais como facilitação, cooperação e competição, equidade,
liderança, vieses extragrupais, tomada de decisão de grupo e comportamento
organizacional) (2004, p. 383-384).
É importante notarmos, porém, que há uma diferença, ainda que mínima, entre a Psicologia
Social experimental do passado e esta outra, contemporânea. Pois a Psicologia Social
experimental do passado era, na sua quase totalidade, como vimos, uma psicologia
comportamental
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. Já a Psicologia Social experimental contemporânea é uma ciência
56
Apesar das inúmeras críticas levantadas à concepção estreita de comportamento sustentada pelos
behavioristas, os psicólogos da
Gestalt ampararam-se também no conceito de comportamento, repudiando, tanto
quanto os behavioristas, a introspecção ou todo recurso metodológico que visasse fenômenos que não fossem
diretamente observáveis. Além disso, nada se encontra mais distante do Cognitivismo, tal como ele se
desenvolveu nos Estados Unidos a partir na década de 1940, do que o denominado “cognitivismo” dos
Gestaltistas. De fato, eles se autodenominaram cognitivistas, e isso cumpria um papel de afirmar a diferença em
relação aos comportamentalistas. Mas, se nos detivermos à ideia de cada doutrina (Cognitivismo e Gestaltismo),
é evidente a diferença que os separa. Pois, para o Cognitivismo, o mundo que nos é dado psiquicamente é o
resultado do processamento ou da organização das informações que nos são dadas pelos sentidos. Já para o
Gestaltismo, ao contrário, aquilo que nos é dado à sensibilidade (ou melhor, à percepção) encontra-se já
organizado. Não se deve esquecer que a tese do
isomorfismo estende as leis da boa forma aos fenômenos físicos,
aí incluídos os fenômenos biológicos (DARTIGUES, 2005, p. 44-46).