
144
associações, unidas com o objetivo da defesa mútua.
238
Segundo ele, a FORJ, a UGT e
as associações federadas a elas não eram associações anarquistas. Estas associações não
defendiam de forma sistemática a subversão da ordem jurídica e legal. Seus estatutos
também não apontavam esse objetivo. Os anarquistas presentes nessas associações é
que defendiam essas idéias. Então, as associações não eram anarquistas, mas nelas havia
espaço para a atuação dos anarquistas. As associações não defendiam o anarquismo,
mas permitiam que os anarquistas divulgassem sua doutrina no seu interior.
Em julho de 1918, Astrogildo Pereira, outro importante líder da insurreição
anarquista de novembro de 1918, escreveu no seu jornal, Crônica Subversiva, sobre a
mensagem enviada pela UGT ao Congresso Nacional. Esta mensagem, como
observamos anteriormente, causou muita polêmica na UGM e na UGCC. Na declaração
de Astrogildo, podemos observar claramente as divergências existentes, entre os
interesses da UGT e os interesses dos anarquistas.
...A mensagem da UGT é o mais cândido e modesto dos programas
proletarianos que já se apresentaram nesses dias sanguinolentos de guerras e
revoluções. O Sr. Álvaro de Carvalho, e com ele a Câmara, o Congresso, o
Governo, se tivessem uma visão exata dos acontecimentos formidáveis que
agitam o mundo, teriam recebido a representação da comissão federal da
UGT como um presente de amigos e, amigavelmente (...) tratariam de
concretizar, com uma série de decretos, as medidas apontadas e reclamadas.
Evidentemente, os graves problemas do momento não ficariam solucionados
com isso: mas seriam anteparados, suavizados, disfarçados por algum tempo
mais. Para as classes trabalhadoras, seria a maior das desgraças a sua
aceitação pelos governantes. Seria o triunfo da colaboração de classes,
colaboração, já se sabe, de benefícios unilaterais, de exclusivos benefícios
para a burguesia. (...) Temos um século de democracia e de industrialismo a
provar-nos, com provas continuas, invariáveis, repetidas, na Europa como na
América, que as poucas e verdadeiras conquistas realizadas pelo
proletariado são devidas a uma luta cotidiana, a uma guerra constante,
mantidas pelo proletariado contra a burguesia. Todas as vezes,
absolutamente todas as vezes, que a trégua se estabelece e a burguesia,
abnegadamente, distribui favores e melhorias, o resultado final para os
melhorados e favorecidos tem sido um único: negativo. Os tais
indispensáveis paliativos imediatos, vindos de cima, atirados do alto, são
bálsamos que, ao em vez de curar, mais alimentam e cultivam as chagas
abertas... Fosse a mensagem da UGT aceita e fossem decretadas as suas
reclamações, e isso fatalmente viria, de um lado amortecer as energias
combativas do operariado em organização, e de outro lado reforçar o
238
Carlos Augusto Addor citou as seguintes associações de trabalhadores, como filiadas da UGT:
Sindicato dos Operários das Pedreiras, União Geral dos Metalúrgicos, União dos Alfaiates, Sindicato
Federal dos Manipuladores de Tabacos, Sindicato dos Entalhadores, Sindicato dos Marceneiros e artes
Correlativas, Centro Internacional dos vendedores de Pão, União geral dos Trabalhadores em Calçado,
Sindicato dos Operários Vassoureiros e Artes Correlativas, Centro dos Operários Marmoristas, União dos
Operários em Fábricas de Tecidos, União dos Chapelriros, União dos Oficiais Barbeiros e o Centro
Cosmopolita. ADDOR, C. A. A Insurreição Anarquista no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Achiamé,
2002. (p. 102 e 104); A União Geral da Construção Civil também era filiada à UGT. Jornal do Brasil, 23
de julho e 1918 (p. 7)