24
dois dias para que a bebida pudesse fermentar. Os índios sempre aqueciam as bebidas antes de
beberem, mesmo que já tivessem sido cozidas anteriormente.
Com o passar do tempo, o cardápio indígena sofreu pequenas mudanças, mas
manteve os padrões do ano de 1.500. O cardápio indígena deixou uma herança extremamente
significativa para a alimentação brasileira.
Quando Portugal decidiu então explorar o Brasil, foram trazidos da África,
principalmente de Guiné e Angola, negros que vinham trabalhar como escravos. Alguns
portugueses e suas famílias também se mudaram para o Brasil em definitivo. Começava,
então, no início do século XVI, o nascimento dos brasileiros, filhos de índios, portugueses e
africanos. Nascia também a cozinha brasileira, uma mistura da culinária portuguesa com a
indígena, que depois foi mesclada à cozinha africana, ainda dominada pela forte influência de
Portugal.
Como os negros não eram independentes, não podiam escolher o que comer. Desde a
viagem dolorosa que fizeram para o Brasil estes comiam milho, aipim, feijão, farinha de
mandioca ou de milho e peixe salgado que recebiam como farnel. Bebiam água e, algumas
vezes, aguardente. Assim, o negro ia sendo “programado” para comer o que os brancos, mais
tarde, iriam impor-lhes na nova terra.
Quando chegava à nova terra, o negro geralmente estava debilitado, ferido e doente.
Levado para grandes mercados onde era vendido como uma mercadoria qualquer. Após a
venda, recebia tratamento para reabilitação à base de vitamina C. Assim que estivesse
reabilitado era inserido no trabalho árduo das propriedades dos brancos.
O trabalho do negro não era remunerado. Recebia apenas o alimento, em pequenas
quantidades, para se manter vivo, sendo explorado ao máximo, até não agüentar mais. Daí era
abandonado em qualquer lugar para morrer, por não ser mais útil.
Enquanto tudo isso ocorria, os portugueses continuavam chegando e trazendo em sua
bagagem tudo que pudesse transformar a nova terra em um ambiente mais familiar. Segundo
Leal (1998, p.71) os portugueses “trouxeram bois, vacas, touros, ovelhas, carneiros, porcos,
galinhas, patos, gansos, colocando-os nos quintais de casa e currais de suas fazendas”.
Também trouxeram figo, melão, uva, cenoura, pepino, agrião, espinafre, coentro, chicória,