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foram publicadas qualificadas de tango brasileiro, tanguinho, tango brejeiro
e outros nomes”.
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Afora a já mencionada imprecisão na designação dos
gêneros musicais das músicas produzidas no Brasil -, e nesse sentido, o
maxixe seja um dos principais exemplos
723
-, que surgiram na virada do
século XIX para o XX, como expressões das camadas mais pobres, e por
isso foram inicialmente discriminados e proibidos em seus países de
origem, mas alcançaram destaque, inclusive na Europa, onde desembarcam
no início do século XX. Em virtude da polêmica provocada por suas danças
sensuais, requereram intervenção do papa Pio X.
No caso do tango argentino,
foi convocado um bailarino Casemiro ‘Vasco’ Ain, que dançou para Sua Santidade
(...) que não achou nada demais. E o tango espalhou-se pela Europa. Com isso a elite
argentina cedeu, tão orgulhosa quanto envergonhada.
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O tango brasileiro por sua vez, antes do mesmo Pio X “avaliar
pessoalmente o grau de pecaminosidade que afirmavam existir na dança do
722
IKEDA, Alberto T. Música na cidade em tempo de trasnformação,...,op. cit., p.70.
723
Já analizamos o tango brasileiro em nossa pesquisa de mestrado, enquanto uma “designação alternativa ao
maxixe, para poder ser impressos em partituras, principalmente (...) nas obras de Chiquinha Gonzaga e
Ernesto Nazareth”, e ainda, o pioneirismo do maestro Henrique Alves de Mesquita, ao lançar em 1871, sua
obra Olhos matadores, acompanhada da designação, tango brasileiro, assim como o papel de Ernesto
Nazareth, “seu sistematizador genial” (ESTEPHAN, Sérgio. O violão..., op. cit., p.101). O historiador Henri
de Carvalho por sua vez, citando o maestro Sérgio Vasconcellos Correa, também menciona o papel de
Nazareth como sistematizador do tango brasileiro, além de “outras características peculiares ao gênero:
esquema formal do rondó (A-B-A-C-A); a tonalidade maior; o compasso binário (...)” (CARVALHO, Henri.
Ernesto nazareth, Rei do tango brasielriro: a transformação da estética musical na cidade do Rio de Janeiro.
Dissertação de Mestrado orientada pelo Prof. Dr. Antônio Rago Filho. PUC-SP, 2004, p.76). Porém, como já
ressaltamos acima, “a fórmula A-B-A-C-A”, se constituí no “padrão clássico do choro”, e está presente “em
todos os choros” de Zequinaha de Abreu (CERQUEIRA, Ricardo Cardim. Zequinha...,op. cit., p.82), não
podendo, a nosso ver, serem considerados como característica ‘peculiares ao gênero’, muito menos a
tonalidade maior, base do repertório do choro, inclusive de algumas valsas de Zequinha de Abreu e de
Francisco Mgnone (Idem, p.92).
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Tango, a música que não suporta a alegria. In: O Estado de São Paulo, 7/5/2000, p. D12. Nesta
reportagem, assinada pelo jornalista Mauro Dias, é apresentado a obra do professor Hélio de
Almeida Fernandes, já incorporada as reflexões desta pesquisa, Tango – Uma possibilidade infinita
(Rio de Janeiro, Editora Bom Texto, 2000), já lançado “oficialmente na Argentina”. Ainda segundo
esta reportagem, o tango argentino desembarcou na Europa em 1910. “Primeiro foi embargado: o