O capítulo de abertura acompanha Nirgal em sua descoberta da morte, do sexo e de suas
origens. Ele presencia a morte quando não consegue ajudar com seus poderes de cura a Simon
Frazier, companheiro de Ann. Também é o momento da experiência sexual, principalmente com
Jackie, que é neta de John. Em seguida, ele tem de encarar a revelação que Coyote é seu pai. Os
dois se aproximam quando o penetra convida o garoto para participar de suas incursões pela
superfície marciana e sair daquela redoma de gelo, daquele universo indoor.
No capítulo seguinte, a ação tem um corte abrupto e se desloca para a Terra, onde o pequeno
empresário recém-divorciado Arthur Randolph, ou Art, é arregimentado pela metanacional Práxis
para estabelecer relações com a resistência de Marte, que tenta fazer contato com essa corporação
terráquea – ela é apresentada como uma versão mais conseqüente, consciente e com procedimentos
diferentes de suas predadoras concorrentes. Ele passa por um treinamento em um utópico litoral
onde vivem os capitães da empresa, incluindo seu fundador, William Fort. Art é escolhido, viaja ao
planeta e, com a ajuda de Nirgal, que teve a idéia de sondar a mega-empresa, ele se infiltra na
resistência.
Enquanto a superfície de Marte vai aos poucos ganhando formas iniciais de vida e uma
atmosfera mais próxima da Terra, a partir dos mais diversos métodos (moinhos de ventos com algas
azuis, lentes e espelhos em órbita para aumentar a insolação, reatores nucleares, buraco de transição
entre superfície e o manto de até 18 quilômetros de profundidade), continua a idéia de tomar o
controle político do astro que está nas mãos das transnacionais com nomes como Subarashii, Amex,
Armscor, Shellalco e Oroco. O centro das decisões, que antes da revolta de 2061 estava com a ONU
e seu departamento marciano UNOMA, passa para um órgão cuja sigla é UNTA (Autoridade
Transitória das Nações Unidas), que, na verdade, é um grupo dominado por executivos das
transnacionais e que de transitória não tem nada, está mais para a idéia de Estado de exceção
permanente, o temporário perene.
Estereótipo do cientista, Sax Russell se cansa da vida pacata de professor em Zigoto e decide
entrar com identidade falsa e rosto cirurgicamente modificado na cidade de Burroughs, capital de
Marte corporativo. Dessa maneira, volta a sua obsessão: a terraformação. Lá, acaba se envolvendo
com Phyllis Boyle, a integrante dos “Primeiros 100” que se muda de vez para o lado dos interesses
capitalistas. No meio do affair, ela reconhece sua verdadeira identidade, e ele acaba detido e
torturado pelas forças policiais. Seus companheiros preparam o resgate do prisioneiro, com a ajuda
do agente infiltrado Spencer Jackson. Na ação, Maya mata Phyllis e é recriminada pela violência.
Na fuga, o grupo se divide, e uma parte tenta recuperar Sax estropiado após tantas sessões de tortura
enquanto esteve detido. Ele vai aos poucos se restabelecendo, mas levando com ele sequelas que
irão mudar seu temperamento e sua fé na ciência como único motor das coisas.
É nesse momento, em que a resistência se mostra para o status quo esperando uma reação
após o resgate ousado, que o infiltrado Art propõe uma reunião para tentar um acordo mínimo entre
os vários grupos da resistência (Marte primeiro, Marte Livre, os vermelhos, os verdes, os
bogdanovistas, os seguidores da areofania, entre outros).
O congresso da resistência acontece em uma gigantesca caverna em Dorsa Brevia, em vários
dias de discussões dos mais variados temas, desde a economia e a questão árabe até chegar nos
limites de mudança na superfície e na atmosfera de Marte.
Duas “aparições” se destacam nesse encontro. A primeira é a de William Fort, fundador da
Práxis e para alguns um inimigo da causa. Ele explica suas intenções ao querer se associar com a
resistência e faz um relato do que está acontecendo na Terra, inclusive explicando o termo
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