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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
Centro de Ciências da Saúde
Programa de Pós-Graduação em Farmácia
VANESSA DANIELLE MENJON MÜLLER
TRIAGEM ANTIVIRAL DE EXTRATOS VEGETAIS:
Fracionamento biomonitorado de Ilex paraguariensis A. St. Hil.
Aquifoliaceae (erva-mate).
FLORIANÓPOLIS
2006
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VANESSA DANIELLE MENJON MÜLLER
TRIAGEM ANTIVIRAL DE EXTRATOS VEGETAIS:
Fracionamento biomonitorado de Ilex paraguariensis A. St. Hil.
Aquifoliaceae (erva-mate).
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Farmácia da
Universidade Federal de Santa Catarina,
como requisito parcial para a obtenção do
grau de Mestre em Farmácia,
Á
rea de
concentração: Fármacos e Medicamentos.
Orientadora: Profa. Dra. Cláudia Maria
Oliveira Simões.
FLORIANÓPOLIS
2006
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Müller, Vanessa Danielle Menjon
TRIAGEM ANTIVIRAL DE EXTRATOS VEGETAIS:
Fracionamento biomonitorado de Ilex paraguariensis A. St. Hil.
Aquifoliaceae (erva-mate)./ Vanessa Danielle Menjon Müller. –
Florianópolis, 2006.
90 p.
Orientadora Cláudia Maria Oliveira Simões
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Santa
Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação
em Farmácia.
1. Antiviral. 2. HSV-1. 3.Fracionamento Biomonitorado. 4. Ilex
paraguariensis. 5. Cromatografia líquida de alta eficiência. I. Simões,
Cláudia Maria Oliveira. II. Universidade Federal de Santa Catarina.
Programa de Pós-Graduação em Farmácia. III. Título.
Este trabalho foi realizado no Laboratório de Virologia Aplicada, coordenado
pelas Professoras Dras. Cláudia Maria Oliveira Simões (Departamento de Ciências
Farmacêuticas, CCS) e Célia Regina Monte Barardi (Departamento de Microbiologia
e Parasitologia, CCB), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),
Florianópolis, SC.
Este trabalho recebeu apoio financeiro do CNPq / MCT, através do projeto
47.4880 /2001-0 (coordenado pela orientadora desta dissertação), e a mestranda
recebeu uma bolsa da CAPES/MEC, no período de 05/2005 a 02/2006.
A vida é construída nos sonhos e concretizada no amor
Francisco Cândido Xavier
Aos meus pais José e Elvira e aos meus
irmãos Leandro e Eduardo, por tudo que
representam para mim.
AGRADECIMENTOS
A professora Cláudia Maria Oliveira Simões, pelo voto de confiança me aceitando sem me
conhecer e pelos ensinamentos que nunca esquecerei, disciplina, organização, prioridades,
persistência, seriedade, profissionalismo, confiança.
A professora Célia Regina Monte Barardi, pela presença, carinho e amizade.
Ao professor Carlos Roberto Zanetti, pelos grandes ensinamentos nos poucos momentos de
convívio. Ao professor Mário Stendel, pelo exemplo de dedicação e humildade. Aos professores
Aguinaldo, Carlos, Edmundo, Marília, Sônia, pela cordialidade e coleguismo.
Aos membros da Banca por avaliarem e melhorarem a qualidade deste trabalho.
A Universidade Federal de Santa Catarina e ao programa de Pós-Graduação de Farmácia, pela
oportunidade e a CAPES pela bolsa.
Aos professores Rivaldo Niero, Dionezine Navarro, Eloir Paulo Schenkel, Flávio Reginatto e seus
alunos por cederem as amostras e auxiliarem na elaboração deste trabalho.
A Cláudia e Solange, técnicas dos Laboratório de Farmacognosia e Química Farmacêutica por
sempre estarem dispostas a ajudar.
.Ao amigo Roberto que sempre trouxe uma palavra de conforto, e aos amigos Jadel e Rodrigo,
pelas contribuições profissionais e pessoais.
As amigas Adriana, Ana Paula e Dayse, nossos encontros nunca serão esquecidos.
Carla e Gilson, por dividirem seus domingos e amenizarem as horas no laboratório aos finais de
semana, pelos ensinamentos profissionais e pessoais, pela amizade e carinho.
A mulher que tenho como exemplo de Mãe, Cris; e aos amigos Jonas, Vanessa Moresco,
Camila, Carol, Vanessa Valgas, Thais, Cláudia Figueredo, Ramon e Luciane.
Aos colegas Aline, Talize, Ariane, Andressa, Lisiane, Daiane, Silvana, Adriana, Leonilda; Letícia,
Juliana, Cristiane, Bibiana, Roberto, Leonardo, João e demais alunos da proto e imuno.
Márcia e Alexandre, grandes responssáveis pelo meu aprendizado.
Ao meu inseparável Thiago, por todo o amor, recíproco.
As queridas Juliana, Débora e Sabrina, por todos nossos minutos, conversas, nossa amizade e
cumplicidade, por nunca me deixarem desanimar, por sempre estarem de braços abertos para
mim, por me entenderem e me ajudarem a me entender, por todo amor que temos uma pela
outra.
A Monika, que foi o grande instrumento de Deus que me fez estar aqui e que, além disso, me
ajudou a compreender muitas coisas, entre elas eu. Minha companheira de todos os programas,
finais de semana, noites de insônia, filmes, pelas longas conversas sobre a vida, as paixões, a
existência, pelo jardim e pelos sonhos que plantamos.
Hellen, pela amizade, companheirismo, conselhos, por tentar me entender e me aceitar mesmo
sendo diferente de mim, por sempre me incentivar, me apoiar, me ajudar a melhorar.
Mari, Carlos e Buba por fazerem parte da minha vida e tornarem especiais os momentos ao seu
lado.
Minha prima Carla, por dividir comigo a descoberta da vida. Graciele, Gabrielle, Sophia e
Maythê, minhas quatro meninas que amo tanto.
Anaelka, Daliana, Fábio, Ítalo, Fabrício, cada um com sua particularidade, me fazendo entender
que cada um tem uma forma de amar, por todos os momentos e conversas.
Rosane Campanharo, Viviane, Raquel Stadler, Nilza, Rita e Cácia nunca a distância me fará
esquecer vocês.
Paul Manfred, por sempre me apoiar e acreditar em mim, por estar presente em tantos
momentos, por me conhecer e respeitar, pela importância que tem para mim.
Diogo, um anjo que aliviou minha angústia quando esta mais me sufocava.
Ao querido Flávio que veio a minha vida não apenas para me ajudar profissionalmente, mas para
me fazer crescer como pessoa, que teve a capacidade de me mostrar quem sou, por me fazer
sentir capaz, por me mostrar que é possível ser um bom profissional sem perder a humildade.
Ao professor e amigo Paulo Wunder, por me orientar sobre a importância da pós-graduação e
por todas as contribuições em minha vida.
As pessoas de Cruz Machado, que tocaram meu coração com sua simplicidade e amor, por me
fazerem sentir necessária, por mostrarem que as pessoas precisam de pouco para serem
felizes, que as vezes o carinho “cura uma dor de cabeça”, que o desabafo pode amenizar um
coração aflito, que os medicamentos não estão só nas prateleiras, por me mostrarem que
quando não houver recurso nenhum, se ainda houver boa vontade, respeito e amor pelo menos
o “sofrimento de ser um ser humano” pode ser amenizado.
Vladimir Romilson Otto, por tornar os momentos em Cruz Machado tão especiais, pelo amor e
pelo preço que paga por amar sua família e sua cidade incondicionalmente.
Vô Lauro e Vó Elisa (in memorian) e Vô Morocinez e Vó Cecília, por me apoiarem e amarem
Leandro e Eduardo, por serem desde cedo minha inspiração, por me ensinarem a ver a vida da
forma mais linda, por compartilharem comigo momentos tão especiais, pelo orgulho e paixão que
despertam em mim, obrigada por serem como são e por serem meus irmãos.
Mãe e pai, por tudo que me ensinaram, pelos valores que me deram, pelo exemplo que são, por
todos os sacrifícios que fizeram, por sempre estarem ao meu lado e me incentivarem. Pelo amor
incondicional, por me ensinarem a lutar e a buscar, e por tornarem essa luta e essa busca
menos sofrida, por sempre me acolherem. Por vocês meu amor transborda.
A todos que acreditaram em mim, mesmo quando eu não acreditava.
Obrigada a “luz” em que acreditei e a quem pedi: Jesus, Deus, Anjos, Santos, Bons Espíritos,
porque não sei quem me ajudou, mas sei que “alguém” sempre esteve comigo.
Vanessa Danielle Menjon Müller
RESUMO
O vírus herpético do tipo 1 (HSV-1) infecta grande número de pessoas no mundo todo. O
composto de escolha para sua profilaxia e tratamento é o aciclovir; no entanto, a resistência
deste vírus a este fármaco fez com que as infecções herpéticas se tornassem um grave
problema de saúde pública. A triagem anti-herpética de extratos de plantas tem fornecido
resultados promissores, que justificam pesquisas nesta área. O objetivo deste trabalho foi
realizar uma triagem da atividade antiviral com oito extratos brutos de plantas e suas
frações, e o fracionamento biomonitorado com aquele que apresentou atividade mais
promissora. Assim sendo, o extrato bruto, as frações acetato de etila e n-butanólica, e o
resíduo aquoso de Ilex paraguariensis (erva-mate) foram testados contra o HSV-1 (cepas
KOS e 29R), através de diferentes estratégias metodológicas, utilizando-se as técnicas do
MTT e de redução das placas de lise. Entre as diferentes estratégias metodológicas
utilizadas, os resultados mais promissores foram obtidos no pós-tratamento; foram também
avaliados os efeitos dos materiais-teste na adsorção viral e em função do seu tempo de
adição nas culturas celulares. A fração acetato de etila, apresentou os melhores resultados
na técnica de inibição da adsorção viral; no estudo da ação antiviral em função do tempo de
adição, foi verificado que os materiais-teste inibiram a replicação viral do tempo zero até
18h, indicando agir provavelmente em todas as etapas da replicação viral, com menor
intensidade na montagem e liberação do vírus, e a exocitose. No intuíto de identificar o(s)
composto(s) responsável(is) pela atividade detectada, foram realizadas análises por CLAE
que evidenciaram a presença de quatro ácidos fenólicos, tendo sido possível caracterizar
dois deles como sendo os ácidos caféico e clorogênico. A avaliação da ação anti-herpética
destes dois compostos mostrou que somente o ácido caféico foi capaz de inibir a replicação
do HSV-1 (IS=5,5 para a cepa 29R e IS=26,4 para a cepa KOS). De acordo com todos os
resultados obtidos, não foi possível correlacionar a ação anti-herpética somente com a
presença desses ácidos fenólicos, e é provável que outras substâncias presentes na erva-
mate tais como os flavonóides e as saponinas triterpênicas, também estejam contribuindo,
de forma sinérgica, para tal atividade. Maiores estudos deverão ser realizados para
comprovar esta hipótese.
Palavras chave: Atividade antiviral; HSV-1; triagem; ensaio biomonitorado; Ilex
paraguariensis; ácido caféico; ácido clorogênico.
ABSTRACT
The herpetic virus type 1 (HSV-1), infects a large number of people all over the world.
The acyclovir is the major compound for HSV-1 prophylaxis and treatment, however,
because of increasing resistence to this drug, herpetic infections has be come a
serious problem of public health. The selection of plants with anti-herpetic activity has
results has been promising and justify researches in this area. The aim of this work
was to study eight crude extracts of plants and their fractions, and to perform anti-
HSV-1 bioassay with those fractions that presented more promising activity. Thus,
the crude extract, the acetate of etila and n-butanólica fractions, from Ilex
paraguariensis (erva-mate), and the watery residue were tested against the HSV-1
(KOS and 29R strain), by different methodologic strategies, using the techniques of
MTT and plaque reduction assay. Among the different methodologic strategies used,
the most promising results were obtained in the post-treatment; the comparison
between the results of MTT techniques and the plaque reduction assay showed that
there are no significant differences between them. Also the effects of the material-test
in the viral adsorbation and during replication in the cellular cultures were evaluated.
With the purpose of identifying the compounds responsible for the antiviral activity,
HPLC analyses were performed that indicated the presence of four phenolic acids;
two of them were the clorogenic and caffeic acid. The evaluation of the anti-herpetic
action of these two compounds showed that the caffeic acid was the only one
capable to inhibit the replication of HSV-1 (IS=5,5 for 29R strain and for IS=26,4
KOS strain). In accordance with all the results obtained, it was not possible to
correlate the anti-herpetic action with the presence of these phenolic acid; it is
possible that other substances present in “erva mate” such, as the triterpenoid
saponins and flavonoids, are also contributing, in the synergic way, for such activity.
More studies will have to be carried out to prove this hypothesis.
Key Words: Antiviral activity; HSV-1; selection; bioassay; Ilex paraguariensis; acid
caféico; acid clorogenic.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Procedimentos de obtenção de compostos bioativos 24
Figura 2 Procedimento de separação dos principais metabólitos
secundários vegetais
26
Figura 3 – Estruturas químicas dos ácidos fenólicos caféico e clorogênico 32
Figura 4 Análise por cromatografia em camada delgada do extrato bruto e
frações de Ilex paraguariensis, ácidos caféico e clorogênico, rutina e
quercetina.
75
Figura 5 Cromatograma por cromatografia Líquida de Alta Eficiência
(CLAE) do Extrato Bruto obtido a partir de folhas de Ilex paraguariensis.
79
Figura 6 Cromatograma por cromatografia Líquida de Alta Eficiência
(CLAE) da Fração Acetato de Etila obtido a partir de folhas de Ilex
paraguariensis.
80
Figura 7 Cromatograma por cromatografia Líquida de Alta Eficiência
(CLAE) da Fração n-BuOH obtido a partir de folhas de Ilex paraguariensis
80
Figura 8 Cromatograma por cromatografia Líquida de Alta Eficiência
(CLAE) do Resíduo aquoso obtido a partir de folhas de Ilex paraguariensis
81
Figura 9 Cromatograma por cromatografia Líquida de Alta Eficiência
(CLAE) das amostras de referência Ácido Clorogênico e ácido caféico.
81
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Títulos infecciosos dos estoques virais utilizados 48
Tabela 2 – Resultados da avaliação da citotoxicidade e da potencial
atividade anti-herpética dos extratos brutos das plantas testadas
52
Tabela 3 – Resultados da avaliação da citotoxicidade e da potencial
atividade anti-herpética das frações das plantas testadas.
53
Tabela 4 – Citotoxicidade do extrato bruto, frações e substâncias isoladas de
Ilex paraguariensis frente às células VERO.
57
Tabela 5 – Resultados da avaliação da atividade anti-herpética do extrato
bruto, frações e compostos isolados de Ilex paraguariensis pela técnica do
MTT, e estratégias de tratamento simultâneo, e dos pré- e pós-tratamentos,
expressos em valores de IS.
60
Tabela 6 – Resultados da avaliação da atividade anti-HSV-1 (cepas KOS e
29R) do extrato bruto, frações e ácidos fenólicos isolados de Ilex
paraguariensis, obtido através das técnicas do MTT e de inibição das placas
de lise – tratamento simultâneo.
65
Tabela 7 –Resultados do efeito do extrato bruto e frações de Ilex
paraguariensis na adsorção do HSV-1 (Cepas KOS e 29R), obtidos através
da técnica de inibição das placas de lise.
68
Tabela 8 – Concentração (%) das substâncias S2 e S4 (com tempos de
retenção semelhantes aos dos ácidos clorogênico e caféico,
respectivamente) presentes em Ilex paraguariensis.
82
Tabela 9 – Área dos ácidos fenólicos majoritários observados em Ilex
paraguariensis e IS pelas técnicas do MTT e inibição das placas de Lise.
85
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Informações sobre os extratos vegetais utilizados 31
Quadro 2 – Dados relacionados à origem, identificação e líquido extrator das
espécies vegetais utilizadas
35
Quadro 3 – Comparação entre as variáveis de dois grupos de trabalho e os
diferentes resultados obtidos.
63
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 Resultados da avaliação da potencial atividade anti-herpética (cepas
KOS e 29R) do extrato bruto, frações e ácidos fenólicos isolados de Ilex
paraguariensis, através do tratamento simultâneo e dos pré- e pós-tratamentos, pelo
ensaio colorimétrico do MTT.
59
Gráfico 2 – Resultados da a
valiação da potencial atividade anti-herpética (cepas
KOS e 29R) do extrato bruto, frações e ácidos fenólicos isolados de Ilex
paraguariensis, através de diferentes estratégias metodológicas, pelo ensaio
colorimétrico do MTT
61
Gráfico 3 – Resultados da a
valiação da atividade anti-HSV-1 (cepas KOS e 29R)
do extrato bruto, frações e ácidos fenólicos isolados de Ilex paraguariensis, através
das técnicas do MTT e de redução das placas de Lise
66
Gráfico 4 – Resultados da avaliação da a
tividade anti-HSV-1 (cepas KOS e
29R) do extrato bruto, frações e ácidos fenólicos isolados de Ilex paraguariensis,
através das técnicas do MTT e de redução das placas de Lise.
66
Gráfico 5
Resultados do efeito do extrato bruto e frações de Ilex paraguariensis
na adsorção do HSV-1 (cepas KOS e 29R), obtidos através da técnica de inibição
das placas de lise
68
Gráfico 6Resultados do efeito do extrato bruto e frações de Ilex paraguariensis
na adsorção do HSV-1 (cepas KOS e 29R), obtidos através da técnica de inibição
das placas de lise.
69
Gráfico 7
Efeito antiviral em função do tempo de adição do extrato bruto e
frações de Ilex paraguariensis (500 g/mL) frente a cepa KOS do HSV-1.
72
Gráfico 8
Efeito antiviral em função do tempo de adição do extrato bruto e
frações de Ilex paraguariensis (500 g/mL) frente a cepa 29R do HSV-1.
73
Gráfico 9 – Curvas padrão dos ácidos caféico e clorogênico. 77
Gráfico 10
Distribuição das substâncias majoritárias analisadas (fenólicos totais)
nas amostras teste. Os valores representam a soma da área das substâncias
analisadas (ácidos fenólicos) e sua distribuição entre as amostras teste.
83
Gráfico 11 – Percentagem de fenólicos totais distribuídos nas amostras
teste incluindo os frutos.
111
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO_____________________________________________________ 13
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA __________________________________________ 16
2.1 ARSENAL TERAPÊUTICO ANTIVIRAL __________________________________ 16
2.2 HERPES SIMPLEX TIPO 1 (HSV-1) _____________________________________ 17
2.3 ANTIVIRAIS DE ORIGEM VEGETAL ____________________________________ 19
2.4 METODOLOGIAS PARA ESTUDO DA AÇÃO ANTIVIRAL DE EXTRATOS VEGETAIS
23
2.4.1 Seleção de plantas para triagem antiviral ________________________________ 24
2.4.2 Seleção do solvente_________________________________________________ 25
2.4.3 Análise e identificação de compostos biologicamente ativos__________________ 27
2.4.4 Seleção de testes antivirais in vitro _____________________________________ 27
2.5 EXTRATOS VEGETAIS TESTADOS ____________________________________ 30
2.5.1 Plantas testadas____________________________________________________ 30
2.5.2 Ilex paraguariensis__________________________________________________ 31
3 OBJETIVOS_______________________________________________________ 33
3.1 OBJETIVO GERAL __________________________________________________ 33
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ___________________________________________ 33
4 MATERIAIS E MÉTODOS____________________________________________ 34
4.1 Material vegetal, preparação dos extratos e das soluções-estoques ____________ 34
4.2 CULTURAS CELULARES _____________________________________________ 34
4.2.1 Células ___________________________________________________________ 34
4.2.2 Meio de cultura e reagentes___________________________________________ 36
4.3 VÍRUS ____________________________________________________________ 36
4.3.1 Origem das cepas virais______________________________________________ 36
4.3.2 Preparo das suspensões-estoques virais ________________________________ 36
4.3.3 Determinação dos títulos infecciosos virais _______________________________ 37
4.3.3.1 Método das placas de lise ____________________________________________ 37
4.4 AVALIAÇÃO DA CITOTOXICIDADE_____________________________________ 38
4.4.1 Avaliação da viabilidade celular através do ensaio colorimétrico com MTT ______ 38
4.5 AVALIAÇÃO DA POTENCIAL ATIVIDADE ANTIVIRAL ______________________ 39
4.5.1 Ensaio colorimétrico com Sal de Tetrazolium (MTT) ________________________ 39
4.5.1.1 Adição simultânea dos materiais-teste e dos vírus _________________________ 39
4.5.1.2 Pré-tratamento das células com os materiais-teste, antes da adição dos vírus ___ 40
4.5.1.3 Pós-tratamento das células infectadas com os materiais-teste ________________ 41
4.5.2 Ensaio de redução das placas de lise ___________________________________ 41
4.5.2.1 Tratamento simultâneo_______________________________________________ 42
4.5.2.2 Efeito dos materiais-teste na adsorção viral ______________________________ 43
4.5.2.3 Efeito antiviral em função do tempo de adição dos materiais-teste_____________ 43
4.6 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL E ANÁLISE ESTATÍSTICA _______________ 43
4.7 AVALIAÇÃO DO PERFIL QUÍMICO DE Ilex paraguariensis POR CROMATOGRAFIA
EM CAMADA DELGADA (CCD)
________________________________________ 44
4.7.1 Amostras testadas __________________________________________________ 44
4.7.2 Condições cromatográficas ___________________________________________ 44
4.8 ANÁLISES QUALI E QUANTITATIVAS DE ÁCIDOS FENÓLICOS EM Ilex
paraguariensis
POR CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE ALTA EFICIÊNCIA (CLAE)_____ 45
4.8.1 Equipamento utilizado _______________________________________________ 45
4.8.2 Preparação das amostras ____________________________________________ 45
4.8.3 Determinação das curvas padrões dos ácidos caféico e clorogênico ___________ 46
4.8.4 Análise dos ácidos fenólicos __________________________________________ 46
4.8.5 Validação de métodos analíticos ________________________________________ 46
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO________________________________________ 48
5.1 DETERMINAÇÃO DOS TÍTULOS VIRAIS ________________________________ 48
5.2 TRIAGEM ANTI-HERPÉTICA __________________________________________ 48
5.2.1 Citotoxicidade______________________________________________________ 48
5.2.2 Atividade Antiviral___________________________________________________ 49
5.3 FRACIONAMENTO BIOMONITORADO DE Ilex paraguariensis _______________ 55
5.4 ATIVIDADE ANTI-HERPÉTICA DE Ilex paraguariensis ______________________ 56
5.4.1 Citotoxicidade______________________________________________________ 56
5.4.2 Atividade antiviral do extrato bruto, frações e ácidos fenólicos isolados de Ilex
paraguariensis pela técnica do MTT
_____________________________________ 57
5.4.3 Confirmação da atividade antiviral do extrato bruto, frações e ácidos fenólicos isolados
de Ilex paraguariensis pela técnica de redução das placas de lise – tratamento
simultâneo
_________________________________________________________ 64
5.5 EFEITO DOS MATERIAIS-TESTE NA ADSORÇÃO VIRAL ___________________ 67
5.6 EFEITO ANTIV EM FUNÇÃO DO TEMPO DE ADIÇÃO DOS MATERIAIS-TESTE_ 70
5.7 RESULTADOS DAS ANÁLISES QUALITATIVAS E QUANTITATIVAS DE ÁCIDOS
FENÓLICOS EM Ilex paraguariensis
_____________________________________ 74
5.7.1 Análise por Cromatografia em Camada Delgada (CCD) _____________________ 74
5.7.2 Análise por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) _________________ 76
5.7.2.1 Seleção das condições cromatográficas _________________________________ 76
5.7.2.2 Curvas padrões dos ácidos caféico e clorogênico __________________________ 76
5.7.2.3 Validação da técnica ________________________________________________ 78
5.7.3 Quantificação dos ácidos caféico e clorogênico nos materiais- teste ___________ 79
5.8 ESTABELECIMENTO DA CORRELAÇÃO ENTRE A ATIVIDADE ANTI-HERPÉTICA E
OS TEORES DE ÁCIDOS FENÓLICOS EM Ilex paraguariensis
_______________ 83
6 CONCLUSÕES ____________________________________________________ 88
7 PERSPECTIVAS ___________________________________________________ 90
REFERÊNCIAS__________________________________________________________ 91
Introdução 13
1 INTRODUÇÃO
Doenças infecciosas virais são um importante problema de saúde no mundo.
Embora a busca por novos fármacos antivirais seja intensa, os avanços são poucos,
já que a maioria destes compostos possui aplicações limitadas, fazendo com que um
baixo número deles seja aprovado pelas autoridades governamentais para uso
clínico (VLIETINCK; VANDEN BERGHE, 1998).
O crescimento do número de pacientes imunocomprometidos e da sobrevida
dos mesmos tem aumentado o desenvolvimento de infecções virais nesses
pacientes. Além disso, o intenso uso de medicamentos antivirais conduziu ao
desenvolvimento de cepas resistentes, as quais são agora comumente
disseminadas (SNOECK, 2000), o que faz o problema agravar-se ainda mais.
Dentre os inúmeros vírus de importância clínica, destaca-se a família dos vírus
herpéticos; nela encontram-se os Herpes Simplex vírus tipos 1 e 2 (HSV-1 e 2), que
infectam grande número de pessoas no mundo todo. Os sintomas da doença não
são sempre aparentes, mesmo durante a infecção primária, e podem variar desde
lesões cutâneas e de mucosas até encefalites ou doenças sistêmicas envolvendo
múltiplos órgãos. A transmissão da infecção de pessoa a pessoa ocorre, geralmente,
pelo contato íntimo e compartilhamento de fluídos contendo os vírus. Por exemplo, o
HSV-2 causa, principalmente, o herpes genital, que é uma das doenças
sexualmente transmissíveis de maior prevalência no mundo. O HSV-1, apesar de
também poder causar infecções genitais, provoca mais comumente o herpes labial;
e estima-se que 60-95% das pessoas adultas, no mundo, sejam portadoras destes
vírus (ROIZMAN; KNIPE, 2001; SPEAR et al., 2006).
O composto de escolha para profilaxia e tratamento das infecções causadas
pelos HSV é o aciclovir, que inibe seletivamente a replicação do DNA viral, com
baixa toxicidade às células hospedeiras. Contudo, a resistência dos vírus herpéticos
à este fármaco, a disseminação das cepas resistentes em pacientes, principalmente
os imunocomprometidos, e a decorrente progressão da doença fizeram com que as
infecções herpéticas se tornassem um grave problema de saúde pública (CASSADY;
WHITLEY, 1997; BRADY; BERNSTEIN, 2004), fatos que estimulam pesquisas para
que novas terapias antivirais sejam encontradas (NIELSEN, 2002).
Os produtos naturais possuem uma extensa diversidade química, sendo uma
fonte inesgotável de compostos com promissoras atividades biológicas, não apenas
pelo grande número de espécies com propriedades medicinais inexploradas, mas
Introdução 14
principalmente pela variedade estrutural dos metabólitos sintetizados. Além disso,
grande parte das substâncias ativas pode ser isolada e modificada estruturalmente,
alcançando maior eficácia e menor citotoxicidade (HUDSON, 1990; CHE, 1991;
HOUGHTON, 1998; NIELSEN, 2002).
Fármacos antivirais derivados de produtos naturais podem atuar nas diversas
etapas da replicação viral, desde a adsorção do vírus na célula hospedeira até sua
liberação, o que pode resultar em mecanismos de ação complementares àqueles
dos fármacos atualmente disponíveis (VLIETINCK; DE BRUYNE; VANDEN
BERGHE, 1997; HUDSON; TOWERS, 1999). Além disso, a triagem antiviral de
extratos de plantas tem fornecido resultados promissores, que justificam a pesquisa
de novas substâncias com potencial atividade antiviral a partir desta fonte (KHAN et
al., 2005)
O Brasil possui uma medicina popular rica e original, na qual o uso de plantas
ocupa lugar de destaque. Isto se deve ao fato do país ser detentor da maior
biodiversidade do planeta, com aproximadamente 20-22% de todas as plantas e
microorganismos existentes, além da assimilação dos conhecimentos indígenas,
integrado às contribuições trazidas pelos escravos e imigrantes (SIMÕES et al.,
1999; GUERRA et al., 1998). Esta ampla biodiversidade, combinada com a
introdução de modelos biológicos in vitro em grande escala, propiciaram avanços
significativos no estudo de novos fármacos (HOUGHTON, 2000; NIELSEN, 2002).
Além disso, devido ao importante aumento da resistência aos medicamentos
antivirais disponíveis, é imperativo que se pesquise novas alternativas terapêuticas
efetivas para doenças virais humanas e veterinarias, à base de compostos com
potente atividade e baixa toxicidade (HASUI; MATSUDA; OKUTANI, 1995;
BENENCIA; COURRÉGES, 1999; REBORA, 2002).
Com o intuito de contribuir para o avanço do conhecimento nesta área, o
Laboratório de Virologia Aplicada (LVA) da Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC) vem desenvolvendo, de forma cooperativa com pesquisadores desta e de
outras instituições, trabalhos com produtos naturais de diversas origens e, também,
com substâncias sintéticas (BETTEGA, 2000; FREITAS, 2001; ANDRIGHETTI-
FRÖHNER, 2003; SAVI, 2004; SILVA, 2005; CARRIEL, 2005; CHAVEZ, 2005).
Unindo a necessidade do estudo de novos fármacos com atividade antiviral à
grande diversidade de extratos disponíveis produzidos por outros pesquisadores,
este trabalho teve como objetivo a realização da triagem anti-herpética de extratos
Introdução 15
de plantas e frações, seguida do estudo biomonitorado do extrato vegetal, cujos
resultados preliminares foram promissores e que apresentaram disponibilidade de
matéria-prima para a realização dos estudos subseqüentes.
Revisão Bibliográfica 16
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 ARSENAL TERAPÊUTICO ANTIVIRAL
Há pouco mais de uma década, apenas cinco fármacos antivirais tinham sido
licenciados para o tratamento de infecções virais. Desde então, os avanços na
virologia, particularmente pela necessidade de combate ao HIV (vírus da
imunodeficiência humana), resultaram na descoberta e validação de vários alvos
para intervenção terapêutica (DE CLERCQ, 2002).
O atual arsenal quimioterápico para infecções virais consiste em 40 fármacos
antivirais licenciados pelas autoridades governamentais. A maioria foi aprovada nos
últimos cinco anos, sendo que 20 deles são utilizados para o tratamento da infecção
pelo HIV. Os demais antivirais são utilizados contra os vírus das hepatites B e C,
vírus influenza, vírus respiratório sincicial, vírus herpéticos, incluindo neste último
grupo o vírus da varicela zoster, o citomegalovírus e os vírus herpes simplex (DE
CLERCQ, 2005).
A necessidade da busca por fármacos antivirais é fortemente embasada pela
falta de vacinas eficazes contra uma ampla variedade de patógenos virais, como a
maioria dos vírus respiratórios (adenovírus, rinovírus, vírus parainfluenza e vírus
sincicial respiratório), o papilomavírus humano, os herpesvírus humanos, além dos
vírus que causam febres hemorrágicas (DE CLERCQ, 2002). Além disso, os
fármacos antivirais atualmente disponíveis apresentam muitas restrições de uso,
pelo baixo espectro de ação e alta toxicidade (RICE; BADER, 1995).
Uma das principais razões das dificuldades no desenvolvimento de fármacos
antivirais é a natureza intrínseca dos vírus, os quais possuem uma estrutura
aparentemente simples e um sistema enzimático restrito, sendo totalmente
dependentes dos processos metabólicos celulares para sua replicação. Dessa
maneira, agentes que inibem ou provocam a inativação viral, normalmente causam
também toxicidade às células hospedeiras. O compromisso com a especificidade
pelas células infectadas, a eficácia e um baixo nível de toxicidade são, portanto,
indispensáveis para a seleção de novos agentes antivirais (WHITE; FENNER, 1994).
Outro problema da quimioterapia antiviral relaciona-se à mutação dos genomas
virais, pois cada célula infectada pode produzir milhares de cópias em poucas horas,
e a maioria dessas cópias poderá sofrer mutação (STRAUSS; STRAUSS; LEVINE,
Revisão Bibliográfica 17
1996). Mesmo que o genoma, teoricamente, tenha acesso aos mecanismos de
leitura e reparo, ele também pode acumular mutações, com um resultado inevitável,
que traduz-se na rápida aquisição de resistência aos fármacos utilizados (LUCIW,
1996). No caso dos HSV, a resistência aos antivirais normalmente utilizados e a
latência, que caracteriza a infecção por tais vírus, têm limitado a eficácia dos
mesmos. Conseqüentemente, a pesquisa de novos agentes contra os vírus do
herpes é de extrema necessidade (WHITE; FENNER, 1994).
2.2 HERPES SIMPLEX TIPO 1 (HSV-1)
Os vírus herpéticos fazem parte da família Herpesviridae e são divididos em
três subfamílias: , e -Herpesvirinae. Atualmente, existem cerca de 100
herpesvírus parcialmente caracterizados, sendo oito humanos, além do herpes vírus
símio de macacos (Vírus herpético B), que pode também infectar o homem
causando encefalite mortal (ROIZMAN, 1996; SANTOS; SILVA; PEREIRA JR, 2000;
DA SILVA, 2000).
Ao contrário das outras famílias de vírus, os vírus herpéticos podem causar
infecções líticas, latentes e transformadas. A infecção latente com subseqüente
doença recorrente é uma de suas características e durante o período de recorrência
herpética, os vírus são inacessíveis ao sistema imune e aos medicamentos
atualmente disponíveis (ROIZMAN, 1996).
Geralmente, o HSV-1 está associado a infecções orais, enquanto que o HSV-2
a infecções genitais. Contudo, ambos os vírus podem causar infecções clinicamente
indistinguíveis em vários locais e podem permanecer latentes nos gânglios
sensoriais, podendo ser reativado em infecções recorrentes sintomáticas ou
assintomáticas (BRADY; BERNSTEIN, 2004).
O Herpes Simplex Vírus tipo-1 (HSV-1), pertencente à sub-família -
Herpesvirinae, é o principal agente etiológico do herpes simplex extragenital, uma
dermatovirose infecto-contagiosa crônica e recorrente. Apresenta propriedades
biológicas de crescimento rápido, lise das células infectadas e estabelecimento de
infecções latentes em gânglios nervosos sensoriais. O fato de o vírus herpético
codificar as principais enzimas necessárias à replicação do DNA viral, mantendo um
grau de virulência suficiente para não ser subjugado pelos mecanismos de defesa
do hospedeiro, faz com que sua sobrevivência em células neurais (permanentes),
Revisão Bibliográfica 18
que não replicam DNA e não se dividem, constitua um fato bastante provável de
ocorrer (WHITE; FENNER, 1994; LUPI; PEREIRA JR, 2000).
O HSV-1 é constituído por uma estrutura helicoidal de DNA em dupla hélice,
envolvida por um capsídeo icosaédrico de 100 nm de diâmetro composto por 162
capsômeros (150 hexâmetros e 12 pentâmeros) envolto por uma proteína de
preenchimento denominada tegumento e envelopado por uma membrana lipídica,
com aproximadamente 150 nm de diâmetro. Apresenta um dos maiores genomas
virais de herpesvírus humanos, codificando cerca de 70 a 200 proteínas (WHITE;
FENNER, 1994; ROIZMAN, 1996; DA SILVA, 2000; SANTOS, 2000).
Na infecção primária pelos vírus herpético ou primo-infecção, o vírus penetra
no corpo por invasão das mucosas ou soluções de descontinuidade da pele. O vírus
sofre, então, replicação nas células situadas na base do sítio de entrada, podendo
ou não produzir lesões vesiculares e após, dissemina-se para células nervosas
adjacentes. Nos neurônios, o nucleocapsídeo é encaminhado para o núcleo,
iniciando a infecção latente, fase na qual o genoma viral está reprimido e integrado
ao DNA da célula. O vírus pode então ser ativado por vários estímulos, como
estresse, febre, trauma, mudanças hormonais, radiação ultra-violeta, etc, e depois
passar retrogradamente pelo nervo, causando lesões características em sítios
específicos da pele e mucosas (CLEMENTS; TIMBURY; GRIFFITHS, 1990; LUPI;
PEREIRA JR, 2000).
As manifestações clínicas primárias e recorrentes podem variar desde
gengivomastites, faringotonsilites e herpes labial, até querato-conjuntivites,
encefalites e doença disseminada. Após a recuperação da infecção primária, o
indivíduo retém o DNA herpético no gânglio trigêmio por toda a vida, com no mínimo
50% de chances de sofrer ataques recorrentes, várias vezes no decorrer da sua
existência. Em pacientes imunocomprometidos, como os submetidos à transplantes,
quimioterapia e portadores do HIV, as infecções latentes são freqüentemente
reativadas (WHITE; FENNER, 1994).
O ciclo de multiplicação dos vírus herpéticos (18h) ocorre da seguinte maneira:
primeiramente ocorre a ADSORÇÃO, que consiste na ligação específica dos
receptores superficiais das células hospedeiras com as glicoproteínas do envelope
viral; em seguida, ocorre a PENETRAÇÃO E DESNUDAMENTO (3 min), onde a
principal via de penetração do HSV é por fusão na membrana da superfície celular,
mas também pode ocorrer por endocitose. Neste último caso, o capsídeo é digerido
Revisão Bibliográfica 19
por enzimas lisossomais celulares, enquanto que no primeiro caso, a fusão do
envelope com a membrana celular permitirá que o material genético seja liberado,
iniciando a REPLICAÇÃO viral. A TRANSCRIÇÃO (4h pós-infecção - PI) e a
SÍNTESE PROTÉICA prosseguem de forma coordenada, reguladas em três fases:
imediata (α – 3ª e 4ª h PI), precoce (β – 5ª e 7ª h PI), e tardia ( até 12ª h PI). Os
produtos imediatos e precoces são algumas enzimas, que promovem a replicação
do DNA viral e enzimas destruidoras, que iniciam a degradação do RNAm celular.
Após a replicação (que vai até a 15ª h PI), os genes tardios são transcritos e
codificam proteínas estruturais do capsídeo e outras proteínas que formarão o vírion;
após, inicia-se a última fase, de MONTAGEM e LIBERAÇÂO DOS VÍRIONS (até 18h
PI), quando as proteínas do capsídeo são transportadas para o núcleo e reunidas
em pró-capsídeos vazios ou preenchidos com DNA. Os nucleocapsídeos brotam de
porções modificadas da membrana nuclear com glicoproteínas virais, e sofrem
exocitose (COLBERE, 1975; ROIZMAN, 1996).
2.3 ANTIVIRAIS DE ORIGEM VEGETAL
Embora a maioria das pesquisas no desenvolvimento de agentes antivirais
tenha sido direcionada para substâncias sintéticas (RICE; BADER, 1995), esforços
vêm sendo realizados no sentido de avaliar a capacidade de produtos de origem
natural, tais como plantas medicinais, microorganismos e produtos marinhos, em
inibir a replicação viral, tratar infecções virais ou, ainda, servir de modelo para a
obtenção de novas moléculas farmacologicamente ativas (HUDSON, 1990; CHE,
1991; CHU; CURTLER, 1992; SENIOR, 1996; VLIETINCK; DE BRUYNE; VADEN
BERGUE, 1997).
Uma das estratégias na busca de novos fármacos antivirais derivados de
produtos naturais é baseada no estudo de extratos vegetais de plantas medicinais
(VLIETINCK; DE BRUYNE; VANDEN BERGHE, 1997). Ao se estudar uma planta
com relação às suas características fitoquímicas, deve-se considerar a existência de
dois grupos distintos de metabólitos, que são importantes para o seu
desenvolvimento: os metabólitos primários e os secundários. Os metabólitos
primários são encontrados em todos os sistemas vivos, essenciais ao crescimento e
à vida, como os aminoácidos, monossacarídeos, ácidos carboxílicos, lipídeos, etc.
Os metabólitos secundários são produtos de metabolismo específico, relacionados
Revisão Bibliográfica 20
aos processos adaptativos. São biossintetizados a partir de metabólitos primários,
com distribuição restrita a certas plantas e microorganismos, e caracterizados por
uma enorme diversidade química (VERPOORTE, 2000).
A título ilustrativo, pode-se citar inúmeros metabólitos secundários, que
apresentaram atividade antiviral in vitro, tais como flavonóides (AMOROS; SIMÕES,
GIRRE, 1992; ROBIN et al., 1998; LIN et al., 1999; SÁNCHEZ, et al., 2000; LI et al.,
2000; SHAHAT et al., 2002; DU, et al., 2003), alcalóides (VANDEN BERGUE;
VLIETINCK; VAN HOOF, 1986; MONTANHA et al., 1995; MCCORMICK et al.,
1996), taninos (YOSHIDA et al., 1996; ELDERMEIER et al., 1996; DE BRUYNE, et
al., 1999; LIU et al., 1999; ESQUINAZI et al., 2002), lignanas (ASANO et al., 1996;
KERNAN et al, 1997; CHARLTON, 1998; KUO et al., 2001), compostos fenólicos
(VANDEN BERGUE; VLIETINCK; VAN HOOF, 1986; CHE, 1991; HAYASHI et al.,
2001; ABDEL-KADER, 2001; CHIANG et al., 2002; TOYOKUNI et al., 2003; SAVI et
al., 2005; LI; BUT; OOI, 2005), saponinas (AMOROS, FAUCONNIER, GIRRE, 1987;
KONOSHIMA, et al., 1995; HAYASHI, et al., 1997; SIMÕES, AMOROS, GIRRE,
1999; SINDAMBIWE, et al., 1998; APERS, et al., 2000; GOSSE, et al., 2002;
MENGONI, et al., 2002; IKEDA et al., 2005), quinonas (ANDERSEN et al., 1991),
terpenos (BOURNE et al., 2000), glicosídeos esteroidais (IKEDA et al., 2000),
tiossulfatos (TASI et al., 1985), proantocianidinas (ERDELMEIER et al., 1996),
proteínas (AOKI et al., 1995), entre outros.
Adicionalmente, recorrendo-se à base de dados pubmed
(http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed), pôde-se obter uma retrospectiva dos antivirais
de origem vegetal:
o primeiro relato data de 1953, foi realizado por D. Vincent e intitula-se
“Plantas antivirais”;
em 1954, Fischer e colaboradores relataram o efeito virucida e antiviral de
alguns taninos vegetais;
Albano e Donato, em 1962, avaliaram as propriedades antivirais de alguns
extratos de plantas, realizando experimentos in vitro contra o vírus da
poliomielite e o ecovírus;
em 1964, Cohen, Kucera e Herrmanni avaliaram a atividade antiviral do
extrato de Melissa officinalis;
Revisão Bibliográfica 21
no ano seguinte (1965), o mesmo grupo de pesquisa publicou sobre a
atividade do bálsamo-de-limão; em 1967, sobre plantas da família Labiatae;
em 1970, Bogdanova e colaboradores relataram a atividade anti-herpética
de Calendula officinalis;
em 1973, Badaev relatou a atividade antiviral dos extratos aquosos de
algumas plantas;
em 1974, foi feito o primeiro relato da atividade anti-herpética de um extrato
de algas marinhas (DEIG et al., 1974);
em 1976, um estudo relatou a atividade antiviral de uvas e vinhos
(KONOWALCHUK; SPEIRS, 1976);
em 1977, Calle e Caballero relataram o efeito anti-herpético de Spilanthes
americana;
em 1978, May e Willuhn relataram o efeito antiviral dos extratos aquosos
de diversas plantas;
Vacik et al., (1979) avaliaram a atividade antiviral do extrato aquoso do
narciso contra o herpesvirus;
Becker, em 1980, publicou uma revisão sobre agentes antivirais de origem
natural;
Shirobokov e colaboradores, em 1981, relataram a atividade antiviral de
representantes da família Crassulaceae;
Evtushenko (1982) relatou a atividade antiviral de espécies de Kalanchoe;
em 1983, Suganda, Amoros, Girre e Fauconnier relataram o efeito inibitório
de alguns extratos brutos e semi-purificados de plantas francesas na
replicação do HSV-1 e do poliovírus-2;
em 1984, Xu e colaboradores avaliaram o efeito antiviral do extrato de Luffa
cyclindrica in vivo;
em 1985, Andrei e colaboradores relataram a atividade antiviral do extrato
bruto de folhas de Melia azedarach L.
A partir daí, o número de trabalhos publicados nesta área cresceu e somente
no período de 2000-2005, são relacionados no site pubmed
(http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed) 164 artigos (antiviral AND medicinal plants).
Como pode ser visto, há na literatura científica muitos estudos pré-clínicos que
avaliaram as propriedades antivirais de uma grande variedade de plantas
Revisão Bibliográfica 22
medicinais. Contudo, ainda existem poucos estudos em humanos com estas plantas.
Nesse sentido, foi publicada recentemente, uma revisão sistemática para avaliação
da eficácia e da segurança antiviral de preparações à base de plantas medicinais,
que já tinham sido anteriormente testadas em estudos in vivo e in vitro. Para esta
revisão, foram incluídos somente os ensaios clínicos randomizados e comparados,
que avaliaram a eficácia e a segurança de monopreparações, em pacientes com
infecções virais e sem complicações ou comorbidades. Todos os estudos foram
devidamente analisados do ponto de vista metodológico, com vistas à redução dos
erros sistemáticos e, obviamente, das inferências realizadas a partir da análise dos
estudos individuais. Foram excluídos os ensaios clínicos que testaram preparações
à base de Echinacea spp., Silybum marianum e Eleutherococcus senticosus, pois
apesar dessas plantas terem apresentado atividade antiviral, considera-se que os
seus efeitos clínicos são, predominantemente, causados por seus efeitos
imunomoduladores. Foram localizados 41 ensaios clínicos, que avaliaram a eficácia
e a segurança de 11 plantas medicinais no tratamento de infecções virais, que já
tinham sido testadas previamente em estudos pré-clínicos, tais como hepatite viral
crônica dos tipos B e C, lesões cutâneas provocadas por herpes simplex, gripe
provocada pelo influenza B, herpes genital masculina, herpes labial e HIV. Todas as
espécies vegetais estudadas apresentaram resultados positivos e melhores do que
os grupos tratados com placebo e, em alguns casos, similares ao antiviral de
referência. Porém, a maioria dos ensaios clínicos apresentou problemas
metodológicos, tais como utilização de extratos não padronizados, amostras
reduzidas de pacientes, alocação dos pacientes sem randomização, e problemas de
comparação entre os grupos de estudo, reduzindo, assim, a credibilidade dos
resultados encontrados. Os autores dessa revisão concluíram que, devido às falhas
metodológicas, os resultados encontrados nestes estudos não podem servir de base
para a indicação terapêutica de medicamentos fitoterápicos contendo as plantas
estudadas. Os resultados positivos encontrados justificam a condução de novos
ensaios clínicos mais rigorosos para comprovar a eficácia e a segurança destes
produtos (MARTIN; ERNEST, 2003).
Mais recentemente, Khan e colaboradores (2005) publicaram uma revisão
sobre a ação anti-herpética de extratos e substâncias extraídas de plantas, e
concluíram que, tanto as plantas medicinais podem exercer ação antiviral, quanto
também podem servir como fonte para o isolamento de compostos bioativos. Além
Revisão Bibliográfica 23
disso, os autores também afirmaram que embora a atividade anti-herpética tenha
sido demonstrada para um grande número de extratos, somente em poucos casos a
natureza química dos compostos bioativos foi caracterizada.
É importante destacar também que, até agora, nenhum composto anti-
herpético de origem vegetal apresentou ação antiviral significante, que permitisse
seu uso clínico, embora várias substâncias naturais tenham mostrado resultados
promissores para o desenvolvimento de fármacos antivirais ou agentes virucidas
contra o HSV (BALUNAS; KINGHORN, 2005).
2.4 METODOLOGIAS PARA ESTUDO DA AÇÃO ANTIVIRAL DE EXTRATOS
VEGETAIS
Como regra geral, há duas diferentes abordagens para o estudo de novos
fármacos: o desenvolvimento racional e a triagem randômica. Esta última permanece
sendo a estratégia mais usual e acessível. Não somente compostos sintéticos, mas
também produtos naturais de diferentes origens, tais como plantas, microorganismos
e produtos marinhos têm demonstrado potencial atividade antiviral (VANDEN
BERGHE et al,. 1986; HUDSON, 1990; CHE, 1991; VLIETINCK; VANDEN BERGHE,
1991), sendo que muitos desses antivirais são obtidos por fracionamento
biomonitorado (VLIETINCK; DE BRUYNE; VANDEN BERGHE, 1997; VLIETINCK;
VANDEN BERGHE, 1998).
O ensaio biomonitorado consiste na purificação, isolamento e identificação dos
metabólitos bioativos presentes em extratos e frações semi-purificadas, a fim de
isolar os metabólitos bioativos. Para isso, são utilizadas diferentes técnicas
cromatográficas, que são selecionadas de acordo com as características dos
compostos a serem isolados. Após cada fracionamento, as diferentes frações
obtidas são monitoradas através dos mesmos ensaios de atividade farmacológica,
com o objetivo de detectar em qual fração localizam-se os compostos bioativos
(HOUGHTON, 2000).
Revisão Bibliográfica 24
A figura 1 ilustra as etapas básicas do processo de obtenção de metabólitos
vegetais bioativos.
TESTES
FARMACOLÓGICOS
TESTES
FARMACOLÓGICOS
Figura 1: Processo de obtenção de compostos bioativos (Adaptado de CECHINEL
FILHO; YUNES, 1998).
RELAÇÃO
ESTRUTURA-ATIVIDADE
TESTES
FARMACOLÓGICOS
Síntese de
Análogos
Modificação
Estrutural
FRAÇÕES
COMPOSTOS PUROS
TESTES
FARMACOLÓGICOS
Elucidação
Estrutural
PROCEDIMENTOS
CROMATOGRÁFICOS
EXTRATO BRUTO
EXTRATOS DE
DIFERENTES
POLARIDADES
TESTES
FARMACOLÓGICOS
PLANTA
2.4.1 Seleção de plantas para triagem antiviral
A escolha da planta e as diferentes estratégias metodológicas a serem
estudadas dependem dos objetivos do pesquisador. A estratégia mais comum é a
seleção baseada em estudos etnobotânicos e/ou etnofarmacológicos, a qual
Revisão Bibliográfica 25
fundamenta-se na cuidadosa observação do uso dos recursos naturais na medicina
popular em diferentes culturas (ELISABETSKY, 1986; GILANI; RAHMAN, 2005).
Outra forma é a seleção baseada na composição química, uso filogenético ou
informações quimiotaxonômicas da planta, principalmente no uso de plantas
pertencentes a certos gêneros e famílias com compostos com definida classe
química e conhecida atividade farmacológica (GOTTLIEB; KAPLAN, 1993;
VLIETINCK; DE BRUYNE; BERGHE, 1997; FABRICANT; FARNSWORTH, 2001).
Como dito anteriormente, outro método para seleção é a escolha randômica de
plantas, na qual o pesquisador busca uma atividade farmacológica definida,
resultando em espécies ativas, cujos estudos posteriores são realizados. E
finalmente, é possível, desejável e inevitável, a combinação de vários critérios. Além
da estratégia escolhida, a busca de informações em banco de dados e na literatura
científica são cruciais para encontrar compostos bioativos, que já tenham sido
identificados e possam também ser usados como critério para escolha da planta, isto
é, se o propósito é a busca de uma nova substância (RATES, 2001).
2.4.2 Seleção do solvente
A preparação dos extratos brutos das plantas é o ponto de partida para uma
posterior purificação. A escolha do solvente para extração deve ser feita tendo em
vista os objetivos do estudo e os resultados da abordagem. Para obter uma extração
eficiente é necessário usar solventes puros e condições adequadas, utilizando
sempre que possível solventes de baixa reatividade; nunca deve ser descartada a
possibilidade de formação de artefatos (GHISALBERTI, 1993).
Embora algumas formas de extração (por exemplo: água quente, água fria,
solução salina) pareçam ser mais apropriadas para muitas plantas, o método de
extração tradicional varia consideravelmente. Se o objetivo do pesquisador é ter
relevância com a técnica tradicional de uso popular, reproduzi-la ao máximo é o mais
indicado, e mesmo alguns procedimentos tradicionais podem usar outros solventes
(álcool, vinagre) (VANDEN BERGHE; VLIETINCK; VAN HOOF, 1986; HUDSON;
TOWERS, 1999).
Mas se o objetivo for extrair compostos bioativos, os quais possam ser
quimicamente caracterizados, uma grande variável de procedimentos pode ser
utilizada, representando uma tentativa de extração primária de moléculas polares
Revisão Bibliográfica 26
(por exemplo, etanol), moléculas apolares (por exemplo, clorofórmio, hexano) ou
mesmo uma mistura de moléculas polares e apolares (por exemplo, metanol). Em
alguns casos, o investigador pode olhar especificamente para a classe de
compostos que objetiva isolar, a qual é ditada pelo tipo de extração usada
(HUDSON; TOWERS, 1999).
A figura 2 mostra o esquema dos processos de separação dos principais
metabólitos secundários vegetais. Este método é geralmente usado quando não se
conhece a natureza dos compostos químicos presentes na planta em estudo; caso
contrário podem ser utilizados métodos específicos (CECHINEL FILHO; YUNES,
1998).
PLANTA
Extrato Bruto
(etanol, metanol, misturas
hidroalcoólicas)
FRAÇÃO
HEXANO
FRAÇÃO
DICLOROMETANO
FRAÇÃO
n-BUTANOL
FRAÇÃO
ACETATO DE
ETILA
- Esteróides
- Terpenos
- Acetofenonas
- Lignanas
- Flavonóides
metoxilados
- Lactonas
- Triterpenos
- Cumarinas
- Flavonóides
- Taninos
- Xantonas
- Ac triterpênicos
- Saponinas
- Compostos
fenólicos
- Flavonóides
glicosilados
- Taninos
- Saponinas
- Carboidratos
Figura 2: Processos de separação dos principais metabólitos secundários vegetais (Adaptado
de CECHINEL FILHO; YUNES, 1998).
Revisão Bibliográfica 27
2.4.3 Análise e identificação de compostos biologicamente ativos
Uma vez extraído da planta, o composto bioativo deve ser separado do extrato
bruto. O procedimento pode envolver desde uma simples cristalização do composto
até separações sucessivas com partições em solventes de polaridades diferentes e
uso de técnicas cromatográficas. Neste contexto, a cromatografia tem lugar de
merecido destaque no que concerne à separação, identificação e quantificação de
compostos (HOUGHTON; RAMAN, 1998).
Uma das técnicas de caracterização e subseqüente separação, bem como de
controle final da pureza do composto isolado, é a Cromatografia Líquida de Alta
Eficiência (CLAE ou HPLC – High Performance Liquid Chromatography). Dentre as
vantagens que esta técnica oferece pode-se citar: a possibilidade de separação e
detecção de compostos em baixas concentrações na planta, fases móvel e
estacionária com ampla faixa de polaridade (de modo que a seletividade no
processo de separação possa ser ajustada), além da minimização de decomposição
de compostos instáveis na amostra (HOSTETTMANN; WOLFENDER; RODRIGUEZ,
1997; MARASCHIN; VERPOORTE, 2001).
2.4.4 Seleção de testes antivirais in vitro
As técnicas usadas para a detecção de uma potencial atividade antiviral
diferem significativamente entre si, apesar da maioria delas estar fundamentada na
inibição da replicação viral provocada pelo material em estudo (SUBAK-SHARPE,
1990).
A técnica mais comum envolve a avaliação do ECP (efeito citopático) viral por
microscopia, que avalia os danos morfológicos celulares causados pelos vírus; esta
técnica é subjetiva e permite a estimativa de concentrações dos materiais-teste que
inibem a replicação viral, em diferentes graus (MARLES et al., 1992; GALT;
DARGAN; SUBAK-SHARPE, 1990).
O efeito citopático viral do HSV-1 é caracterizado pelo aparecimento de células
de dimensões variáveis, arredondadas, bastante brilhantes, pouco refringentes,
algumas vezes separadas e, mais freqüentemente, ligadas umas às outras por
prolongamentos citoplasmáticos formando os chamados “focos” com aspecto
característico de “cachos de uva”, que se estendem rapidamente pela superfície do
local de infecção. As lesões nucleares se caracterizam por uma marginação da
Revisão Bibliográfica 28
cromatina que dá lugar, no centro do núcleo, a uma inclusão acidófila característica.
As lesões citoplasmáticas aparecem como formações policarióticas (sincícios e
células gigantes) devido a fusão dos citoplasmas das células adjacentes infectadas
(GIRARD; HIRTH, 1989).
Além da avaliação do ECP viral, pode-se também observar microscopicamente
o aparecimento de corpos de inclusão, que são alterações mais sutis na arquitetura
intracelular de células individuais e/ou realizar a técnica de hemadsorção, que se
refere à medida indireta da síntese de proteínas virais, em células infectadas,
detectada pela adsorção de eritrócitos na superfície dessas células (FIELDS, 1998).
Embora a avaliação do efeito citopático viral seja bastante usado, nem todos
os vírus causam efeito citopático, e por isso, outras técnicas são também utilizadas
como por exemplo, aquelas que avaliam a diminuição do título viral e a redução de
unidades formadoras de placas (FIELDS, 1998).
É possível que um composto antiviral possa estar presente em baixas
concentrações no extrato e sejam exigidas altas concentrações para este apresentar
atividade antiviral, ou então, que este inative apenas parte do inóculo viral, a qual
pode ser registrada como parcial atividade antiviral. Por isso, a técnica escolhida
para a realização do ensaio antiviral com esse tipo de compostos é de crucial
importância (HUDSON; TOWERS, 1999).
É muito importante que, antes de se iniciar a avaliação da potencial ação
antiviral propriamente dita, se determine a citotoxicidade, pois a concentração de
uma amostra que apresenta atividade antiviral, não pode ser tóxica às células
hospedeiras (ELOFF, 1998). Devido a isso, os resultados dos estudos in vitro
geralmente são expressos como IS (= Índice de Seletividade), valor que expressa a
relação entre a concentração da amostra, que é tóxica para 50% do tapete celular e
a concentração efetiva, que é a concentração que protege 50% do tapete celular da
infecção viral. Contudo, um trabalho realizado por Galt, Dargan e Subak-Sharpe, em
1990, revelou que os índices de seletividade podem variar, dependendo da
metodologia, da linhagem celular e dos vírus utilizados.
Diferentes técnicas de coloração (cristal violeta, eosina, vermelho neutro, azul
de trypan, etc) são usualmente utilizadas para avaliar a citotoxicidade e/ou atividade
antiviral de amostras. O azul de trypan é um corante vital, que só penetra nas células
mortas, cujas membranas não podem mais excluí-lo. Este fenômeno de
permeabilidade da membrana celular permite estimar indiretamente o grau de
Revisão Bibliográfica 29
integridade da mesma, e o percentual de células não coradas representa o índice de
viabilidade celular (WALUM; STENBERG; JESSEN, 1990).
O sal de tetrazolium MTT 3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)2,5-difenil brometo de
tetrazolium é um composto hidrossolúvel, que em solução apresenta coloração
amarelo-pálido e é facilmente incorporado por células viáveis, que reduzem este
composto em suas mitocôndrias pelas desidrogenases. Ao ser reduzido, o MTT é
convertido em um composto formazana de coloração azul-escuro, não solúvel em
água, que fica armazenado no citoplasma celular (DENIZOT; LANG, 1986).
O ensaio colorimétrico com MTT é um método sensível e quantitativo, pois
mede a quantidade de formazana formada através de espectrofotometria, onde o
valor da absorbância obtido é proporcional ao número de células viáveis. A técnica
foi descrita por Mosmann (1983), primeiramente, para avaliar compostos com
atividade antitumoral, que está intimamente relacionada com a citotoxicidade.
Em 1988, Pauwels e colaboradores modificaram a técnica para avaliar a
potencial atividade anti-HIV e a citotoxicidade de vários compostos, o que
representou uma inovação na metodologia já existente. Posteriormente, em 1991,
Takeuchi, Baba e Shigeta utilizaram esse teste para avaliar a atividade antiviral e a
citotoxicidade de compostos conhecidamente anti-herpéticos, tais como aciclovir,
vidarabina e sulfato de dextrana.
O ensaio do MTT é apropriado para uma variedade de linhagens celulares, que
apresentam crescimento exponencial em cultura e alto nível de atividade
mitocondrial. Deve-se levar em consideração que alguns compostos podem afetar
seletivamente as enzimas responsáveis pela redução do MTT, resultando numa
superestimação da toxicidade (BARILE, 1994; SMEE et al., 2002). Outro aspecto
importante a ser considerado é que a redução do MTT pode não estar
exclusivamente relacionada às desidrogenases mitocondriais, mas também a outras
enzimas celulares (LIU et al., 1997; LIU; SCHUBERT, 1997) e quaisquer fatores que
afetem os mecanismos desta redução, poderiam fornecer resultados não fidedignos
(CARMICHAEL et al., 1987; VISTICA et al., 1991; SIEUWERTS et al., 1995).
Sieuwerts e colaboradores (1995) afirmaram que o ensaio do MTT pode ser
uma excelente ferramenta para a medida da atividade metabólica in vitro, desde que
algumas precauções sejam tomadas, já que a habilidade das células viáveis em
produzir formazana pode ser influenciada, significativamente, por algumas
condições. O controle dos valores de pH, durante a incubação do MTT nas células e
Revisão Bibliográfica 30
após a solubilização dos cristais de formazana; a qualidade do agente solubilizante
de formazana; e a linhagem celular associada ao requerimento de diferentes
períodos de incubação para redução do MTT são os principais fatores que podem
interferir no ensaio, afetando desde o espectro de produção da formazana até a
quantidade produzida pela célula.
O teste de redução das placas de lise é a técnica “padrão ouro” para a medida
quantitativa de infecções virais, e se caracteriza como uma técnica com custo mais
elevado e longo tempo para obtenção de resultados, sendo, portanto, pouco
indicada quando se objetiva testar vários extratos ou substâncias – triagem
preliminar - (HUDSON; TOWERS, 1999).
O teste de redução das placas de lise foi desenvolvido originalmente para o
estudo de bacteriófagos por d’Herelle em 1900, tendo sido adaptado para vírus
animais por Dubelco e Vogt, em 1953, um avanço que revolucionou a virologia
animal. Este teste é baseado na habilidade das partículas infecciosas virais de
causar uma área macroscópia de efeito citopático em um tapete celular normal.
Especificamente, se uma célula na monocamada é infectada com uma partícula
viral, novos vírus resultantes da infecção inicial podem infectar células ao redor
desta primeira e assim por diante. Após um determinado período de tempo, que
depende do vírus e do MOI (= multiplicidade de infecção) utilizados, a região onde
ocorreu a infecção viral forma a chamada placa de lise, e o corante usado para
revelação auxilia na visualização e contagem dos focos (FIELDS,1998).
A partir destas técnicas pode-se projetar diferentes estratégias metodológicas,
com objetivos diversos, tais como os desta dissertação, que estão discutidos adiante
no item 4.
2.5 EXTRATOS VEGETAIS TESTADOS
2.5.1 Plantas testadas
O quadro 1 e o item 2.5.2 trazem algumas informações a respeito dos extratos
vegetais testados neste trabalho.
Revisão Bibliográfica 31
Quadro 1: Informações sobre os extratos vegetais utilizados
Familia Sinonímia Botânica
Nomes
populares
Usos tradicionais
Apocynaceae
Allamanda blanchettii A. DC.
Allamanda schottii Pohl
Alamanda
Ornamental (Pio
Correa, 1979)
Aquifoliaceae
Ilex paraguariensis A. St.Hil.
Erva-mate,
mate
Propriedades
diuréticas,
antiinflamatórias e
estimulante (CRUZ,
1982; MAZZAFERA,
1994)
Lythraceae Lafoensia pacari St.Hil.
Mangava-
brava
Sintomas de úlceras
gástricas, perda de
peso, febre, como
tônico, e para
tratamento de feridas
(POTT, POTT, 1994).
Passifloraceae Passiflora edulis Deg.
Maracujá-
azedo
Sedativo
(Pio Correa, 1979)
Rosaceae Rubus imperialis Chum. Schl.
Amora-branca,
Amora-do-
mato
Para tratar diabetes
(ALONSO, et al., 1980)
Elaeocarpacea
e
Sloanea guianensis Aubl. Benth Sapopema -
Leguminosae Glycine max L. Soja
Alimento (MURPHY et
al., 1999)
Após a triagem anti-herpética, o extrato escolhido para dar continuidade aos
experimentos foi o de Ilex paraguariensis; seguem abaixo algumas informações
sobre esta planta.
2.5.2 Ilex paraguariensis
Historicamente, a erva-mate era usada pelos índios das tribos guaranis, tendo
o seu cultivo iniciado no século XV, durante a colonização jesuíta. Desde então,
esse cultivo se tornou tradicional e sua importância na agricultura aumentou,
resultando em um impacto econômico significativo nos países da América do Sul
(SCHENKEL; MONTANHA; GOSMANN, 1996).
O cultivo da erva-mate tem relevância econômica, cultural e social na região
sul do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. A importância cultural pode ser
ilustrada pela sua incorporação na cesta básica do Rio Grande do Sul, enquanto que
Revisão Bibliográfica 32
sua importância sócio-econômica é caracterizada pelo fato dela ser uma cultura não-
extensiva, realizada predominantemente em pequenas propriedades familiares. Esta
espécie é também utilizada na medicina popular e empregada em preparações
comerciais de plantas medicinais como estimulante do sistema nervoso central,
digestiva, diurética e anti-reumática. (GOSMANN; GUILLAUME, 1995; MARTINET et
al.,2001; SCHENKEL et al., 1997).
O efeito colerético, o aumento do trânsito intestinal (GORZALCZANY et al.,
2001), a prevenção da indução de metilglioxalinibidor de plasminogênio e de
antitrombina III (GUGLIUCCI; MENINI, 2002), o efeito antioxidante (SCHINELLA et
al., 2000; BRACESCO; DELL; ROCHA, 2003) e a diminuição da progressão de
arterosclerose em coelhos (MOSIMANN; WILHELM FILHO; SILVA, 2005) são
algumas atividades farmacológicas descritas na literatura.
Estes efeitos têm sido atribuídos às altas concentrações de flavonóides e de
derivados cafeoilquínicos no vegetal (SCARPATI; GUISO, 1964; CLIFFORD, 1990;
FILIP et al., 2001). A literatura relata a presença de metil-xantinas (REGINATTO et
al., 1999; COELHO et al., 2001), saponinas triterpênicas (GOSMANN et al.,
1989,1995; MONTANHA, 1990; KRAEMER et al., 1996; TAKETA et al., 2000;
GNOATTO, SCHENKEL, BASSANI, 2005), minerais (P, Fe, Ca), e vitaminas C, B1 e
B2 (GRAHAM, 1984) em Ilex paraguariensis.
Até o momento, no nosso conhecimento, não há relato da detecção da atividade
anti-herpética para a erva-mate. Dentre os grupos de metabólitos existentes nas
folhas deste vegetal, sabe-se que para algumas saponinas triterpênicas (AMOROS
et al., 1987; SIMÕES; AMOROS; GIRRE, 1999; IKEDA et al., 2005) e para alguns
ácidos fenólicos (SERKEDJIEVA; IVANCHEVA, 1999; CHIANG et al., 2002; LI et al.,
2004) já foi relatada ação antiviral. Por isso, neste trabalho será dada ênfase aos
ácidos fenólicos, e serão analisados os ácidos caféico e clorogênico, cujas
estruturas são apresentadas na figura 3:
Figura 3: Estruturas químicas dos ácidos fenólicos caféico e
clorogênico.
Objetivos
33
3 OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
- Realizar a triagem anti-herpética de oito plantas da flora brasileira, e selecionar a
que apresentar os melhores resultados para aprofundar a avaliação da atividade
antiviral detectada, correlacionando-a com sua composição química.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Avaliar a citotoxicidade dos extratos brutos e frações obtidos a partir de Allamanda
blanchettii, Allamanda schottii, Glycine max, Lafoensia pacari, Passiflora edulis,
Rubus imperialis, Sloanea guianensis e Ilex paraguariensis frente a células VERO,
através do ensaio do MTT.
- Avaliar a atividade anti-herpética destes extratos brutos e frações frente ao vírus
herpético humano do tipo 1 (HSV-1, cepas KOS e 29 R, respectivamente, sensível e
resistente ao aciclovir), através do ensaio do MTT.
- Confirmar a atividade antiviral do extrato bruto e frações de Ilex paraguariensis frente
ao HSV-1 (cepas KOS e 29 R), pelo ensaio das placas de lise.
- Propor o provável mecanismo de ação do extrato bruto e frações de Ilex
paraguariensis frente ao HSV-1 (cepas KOS e 29 R), usando diferentes estratégias
metodológicas.
- Determinar a composição química qualitativa e quantitativa do extrato bruto e frações
de Ilex paraguariensis, por cromatografia em camada delgada (CCD) e cromatografia
líquida de alta eficiência (CLAE).
- Correlacionar a atividade anti-herpética detectada e os teores obtidos dos ácidos
fenólicos (ácidos caféico e clorogênico) em Ilex paraguariensis.
- Avaliar a citotoxicidade dos ácidos caféico e clorogênico frente a células VERO,
através do ensaio do MTT.
- Avaliar a atividade antiviral dos ácidos caféico e clorogênico frente ao HSV-1 (cepas
KOS e 29 R), através dos ensaios do MTT e das placas de lise.
Materiais e Métodos
34
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Material vegetal, preparação dos extratos e das soluções-estoques
Após a coleta, os órgãos vegetais pós triagem foram colocados para secar a
temperatura ambiente. A seguir, cada órgão, separadamente, foi moído e macerado
por 7 dias, com diferentes líquidos extratores (quadro 2). O macerado obtido foi
filtrado e levado à secura em evaporador rotatório, sob pressão reduzida e
temperatura inferior a 45 ºC. Os extratos brutos obtidos e que apresentaram
atividade anti-herpética, foram submetidos a uma partição líquido-líquido com
solventes de polaridade crescente, gerando as frações hexano, diclorometano,
acetato de etila e n-butanol.
Foram preparadas soluções-estoque a 2 mg/mL dos extratos vegetais. Os
extratos foram exatamente pesados em balança analítica e dissolvidos em 1 % de
DMSO (quando necessário) e, posteriormente, diluídos em meio MEM acrescido de
1 % de PSA (Penicilina G/estreptomicina/anfotericina B) filtrados assepticamente em
filtro Millipore 0,22 µm, aliquotados em tubos tipo eppendorf, e armazenados a
–20 ºC até a realização dos ensaios.
Os diferentes materiais-teste foram doados por outros grupos de
pesquisadores; desta forma, apenas testou-se as amostras recebidas, o que justifica
que a escolha dos diferentes líquidos extratores utilizados foi feita por tais
pesquisadores.
4.2 CULTURAS CELULARES
4.2.1 Células
Foram utilizadas células VERO (ATCC: CCL 81), que são culturas contínuas de
fibroblastos de macaco verde da África (Cercopithecus aethiops), cedidas pelo
Instituto Adolfo Lutz/SP. As mesmas foram escolhidas por serem permissivas ao
HSV-1, possibilitando sua multiplicação e demonstrando efeito citopático bem visível
e reprodutível ao microscópio invertido (HU; HSIUNG, 1989).
Materiais e Métodos
35
Quadro 2: Dados relacionados à origem, identificação e líquido extrator das
espécies vegetais utilizadas.
Espécie
Parte
utilizada
Local de
coleta
Época
de
coleta
Identificação
Líquido
extrator
Allamanda
blanchettii
Folhas e
flores
Praia dos
Ingleses,
Florianópolis,
SC
10/2003
Oscar
Benigno Isa
Herbário
Barbosa
Rodrigues
Etanol
Allamanda
schottii
Folhas e
flores
Campus
Universitário
– UFSC –
Florianópolis,
SC
02/2004
Oscar
Benigno Isa
Herbario
Barbosa
Rodrigues
Etanol
Ilex
paraguariensis
Folhas Erexim, RS
03/2001
a
12/2001
Branca
Severo
Herbário da
Universidade
de Passo
Fundo
Água
Lafoensia
pacari
Folhas Cuiabá, MT 04/2000
Herbario
Central da
Universidade
Federal do
Mato Grosso
Metanol
Passiflora
edulis
Folhas e
Raízes
Antônio
Carlos, SC
07/2003
(folhas) e
10/2003
(raízes)
Daniel
Falkenberg
Universidade
Federal de
Santa
Catarina
Água
Rubus
imperialis
Partes
aéreas
Florianópolis,
SC
06/1997
Ademir Reis
Herbário
Barbosa
Rodrigues
Metanol
Sloanea
guianensis
Folhas e
Caules
Morro do
Baú, SC
08/ 2001
Ademir Reis
Herbário
Barbosa
Rodrigues
Metanol
Glycine max
Sementes
Medianeira,
PR
07/2004 -
Etanol
40%
Materiais e Métodos
36
4.2.2 Meio de cultura e reagentes
O meio utilizado para o crescimento e manutenção das células foi o Meio MEM
(“Minimal Essential Medium”) – Sigma
®
e Cultilab
®
, adicionado de 0,22% de
bicarbonato de sódio para que o pH do meio permaneça entre 7,25 a 7,4. O MEM foi
suplementado com Soro Fetal Bovino – SFB (Cultilab
®
) na proporção de 10 % para
promoção do crescimento e 5 % para manutenção da linhagem celular. Como
incubadora foi utilizada estufa com atmosfera de 5 % de CO
2
e 95 % de O
2
. As
culturas celulares infectadas com HSV-1 foram mantidas com meio MEM não
suplementado com SFB (FRESHNEY, 1999). Para prevenir a contaminação das
culturas de células por bactérias, fungos e leveduras foram adicionados ao meio 1 %
de PSA (10.000 U de penicilina, 10.000 g de estreptomicina e 25 g de anfotericina
B – Gibco BRL). Para a obtenção de subculturas celulares, para a manutenção das
células e para a realização dos experimentos, utilizou-se como agente dissociante a
tripsina (tripsina de pâncreas de porco preparada em uma solução de EDTA 1: 250,
Sigma), que é uma enzima proteolítica que catalisa reações de quebra de cadeia
polipeptídica em determinadas seqüências de aminoácidos.
4.3 VÍRUS
4.3.1 Origem das cepas virais
Os experimentos foram realizados com o vírus herpético humano tipo I (HSV-1),
cepas KOS e 29-R (Universidade de Rennes, França), um vírus DNA envelopado.
4.3.2 Preparo das suspensões-estoques virais
Os estoques virais foram preparados conforme metodologia descrita
anteriormente por Simões e colaboradores (1999).
As suspensões virais já existentes (HSV-1, cepas KOS e 29R) foram inoculadas
em frascos de cultura de 75 cm
2
contendo uma monocamada de células VERO,
tripsinizadas 24 h antes da infecção. O meio de cultura foi aspirado da garrafa e a
monocamada celular foi lavada 3 X com solução de tampão fosfato (PBS), com o
objetivo de retirar células mortas e resquícios de SFB; em seguida, o tapete celular
foi inoculado com 1 mL da suspensão viral e o frasco incubado por 1 h a 37 ºC, em
Materiais e Métodos
37
estufa de CO
2
para que o vírus fosse adsorvido. O inóculo foi retirado por sucção a
vácuo, e adicionou-se meio MEM sem SFB. As condições de incubação foram as
mesmas condições descritas acima.
O efeito citopático viral (ECP) foi monitorado por microscópio invertido a cada
ciclo de replicação (18 h para o HSV-1). Após total destruição do tapete celular, o
frasco foi congelado a -80 ºC e descongelado a 37 ºC 3 X para o rompimento total
das células e liberação das partículas virais. O sobrenadante foi aliquotado em tubos
estéreis e armazenados a -80 ºC até sua utilização.
4.3.3 Determinação dos títulos infecciosos virais
As cepas KOS e 29R do HSV-1 foram tituladas pelo método das placas de lise
(BURLESON; CHAMBERS; WIEDBRAUK, 1992).
4.3.3.1 Método das placas de lise
Células VERO, em uma densidade de 2x10
5
células/mL, foram cultivadas em
placa de 24 cavidades, com meio MEM, suplementado com 5 % de SFB e incubadas
a 37 ºC em estufa de CO
2
. Após confluência, essas células foram infectadas com
400 L da suspensão estoque viral diluídas seriadamente (razão 1:10), em meio
MEM sem SFB (três réplicas para cada diluição). As placas foram incubadas durante
1h, tendo sido agitadas cuidadosamente a cada 15 min para uma melhor distribuição
da suspensão viral. Após esse tempo, a suspensão viral foi aspirada e foram
adicionados a cada cavidade 500 L de uma solução de CMC
(carboximetilcelulose
1
). As placas foram novamente incubadas por 72 h, equivalente
a 4 ciclos de multiplicação do HSV. Após este período, o meio foi retirado e as
células fixadas e coradas pela adição de 200 L do corante preto de naftaleno
2
por
40 min, a temperatura ambiente, em agitador mecânico. Após este tempo, o corante
foi aspirado e as placas colocadas para secar a temperatura ambiente, sendo
1
Preparação da solução de carboximetilcelulose: Meio MEM 2X + solução aquosa a 0,8% de
carboximetilcelulose (Sigma), na proporção 1:1, ambos previamente esterilizados e acrescidos de
1% de PSA.
2
Preparação da solução de preto de naftaleno: 100mg do corante preto de naftaleno (Sigma), foram
dissolvidos em 100 mL de uma solução aquosa a 5% de ácido acético (v/v) (Nuclear), sendo o pH
ajustado, se necessário, para 2,3-2,5. Esta mistura foi filtrada através de papel filtro e estocada a
4 ºC, sendo aquecida em banho-maria a 37ºC, antes de seu uso.
Materiais e Métodos
38
quantificadas através da visualização em microscópio estereoscópio. Para calcular o
título, contou-se os focos de infecção na última diluição, que se caracterizam por
áreas claras de lise celular, chamadas de placas. O título infeccioso é expresso
através do número de unidades formadoras de placas/mL (UFP/mL) e, portanto, de
partículas virais, já que teoricamente cada placa é iniciada pela infecção de uma
única partícula viral infectante.
O título viral foi calculado através da fórmula:
Número de placas formadas na última diluição X Recíproca da diluição X
Recí
p
roca do volume
(
mL
)
4.4 AVALIAÇÃO DA CITOTOXICIDADE
4.4.1 Avaliação da viabilidade celular através do ensaio colorimétrico com
sal de tetrazolium (MTT)
Foi utilizado o ensaio colorimétrico do MTT, conforme proposto por Takeuchi,
Baba e Shigeta (1991), com modificações propostas por Sieuwerts et al. (1995).
Uma suspensão de células VERO, contendo aproximadamente 2,0x10
5
células/mL, obtida por tripsinização de um frasco de cultura celular, foi distribuída em
uma placa de 96 cavidades (100 L/cavidade). A placa foi incubada por 24 h, a
37 ºC, em estufa de CO
2
. Após 24 h, com o tapete celular confluente, o meio MEM
foi substituído pelos diversos materiais-teste, em diferentes concentrações. A placa
foi incubada por 72 h, o meio substituído por 50 L de MTT
32
, e a placa foi
novamente incubada por 4 h. O meio com MTT foi então removido e substituído por
100 L de DMSO/cavidade (Nuclear®), a placa foi agitada por 10 min e realizada a
leitura em espectrofotômetro (Bio-Tek, El
x
800) a 540 nm.
Os valores de absorbância medidos para cada concentração de cada material-
teste foram transformados em porcentagem (x %) em relação ao controle celular, o
qual é considerado 100 % viável, através da seguinte fórmula:
x% =
DO
material teste
X 100
DO
controle celular
onde DO = Densidade Óptica
3
Preparação da solução estoque de MTT (Sigma®) a 5 mg/mL em PBS (p/v) – para uso, diluição
subseqüente em meio MEM (1mg/mL).
Materiais e Métodos
39
Em seguida, os percentuais calculados, referentes às diferentes concentrações
das amostras, foram inseridos num gráfico, e através da análise de regressão, foi
possível calcular os valores de CC
50
, ou seja, a concentração de cada amostra que
reduziu em 50 % a viabilidade celular. Os valores de CC
50
calculados representam a
média de três experimentos independentes erro padrão da média.
4.5 AVALIAÇÃO DA POTENCIAL ATIVIDADE ANTIVIRAL
4.5.1 Ensaio colorimétrico com Sal de Tetrazolium (MTT)
A avaliação da atividade antiviral foi realizada da mesma forma que para a
citotoxicidade (item 4.4.1), porém com a adição das suspensões virais, usando três
estratégias metodológicas diferentes.
4.5.1.1 Adição simultânea dos materiais-teste e dos vírus
Células VERO foram cultivadas em placas de 96 cavidades (2,0 x 10
5
células/mL, 100 µL/cavidade) até confluência (24 h) utilizando meio MEM
suplementado com 5 % de SFB, incubadas a 37 ºC com 5 % de CO
2
. Após 24 h, o
meio foi retirado por aspiração e foram adicionados 100 µL das diferentes
concentrações dos materiais-teste (razão 1:2 a partir do valor de CC
50
de cada
amostra obtido anteriormente) + 100 µL da suspensão viral/cavidade (MOI 0,5). Na
mesma placa, foram realizados controle celular (200 µL meio/cavidade), controle
viral (100 µL suspensão viral + 100 µL meio/cavidade = MOI=0,5), controle positivo
100 µL suspensão viral + 100 µL aciclovir (10 µg/mL)/cavidade. Após, as placas
foram incubadas por 96 h, nas mesmas condições citadas anteriormente. Passado
esse período, o meio foi aspirado e o experimento foi realizado como descrito no
item 4.4.1.
Os valores de absorbância medidos para cada concentração de cada material-
teste foram transformados em porcentagem (x %) em relação aos controles celular e
viral, através da seguinte fórmula:
x% =
__(DO
material teste
-DO
controle
viral
) x 100
(DO
controle celular
- DO
controle
viral
)
Materiais e Métodos
40
Em seguida, os percentuais calculados, referentes às diferentes concentrações
das amostras, foram inseridos em um gráfico, e através da análise de regressão, foi
possível calcular os valores de CE
50
, ou seja, a concentração de cada amostra que
manteve 50% das células viáveis na presença da infecção viral. Os valores de CE
50
calculados representam a média de três experimentos independentes erro padrão
da média.
Com posse dos valores de CC
50
e CE
50
, foi possível calcular o índice de
seletividade (IS) de cada amostra, em relação a cada cepa viral utilizada, através da
seguinte fórmula:
IS = CC
50
CE
50
Onde: CC
50
= Concentração de material-teste que reduz a viabilidade de 50%
do tapete celular.
CE
50
= Concentração de material-teste que protege 50% do tapete
celular.
4.5.1.2 Pré-tratamento das células com os materiais-teste, antes da
adição dos vírus
Células VERO foram cultivadas em placas de 96 cavidades (2,0 x 10
5
células/mL, 100 µL/cavidade) até confluência (24 h) usando meio MEM
suplementado com 5 % de SFB, e incubados a 37 ºC com 5 % de CO
2
. Após 24 h, o
meio foi retirado por aspiração e foram adicionados 200 µL das diferentes
concentrações dos materiais-teste (razão 1:2 a partir do valor de CC
50
de cada
amostra obtido anteriormente), que ficaram em contato com o tapete celular por 3 h
a 37 ºC com 5 % de CO
2
. Decorrido este período, os materiais-teste e frações foram
cuidadosamente aspirados e foram adicionados 200 µL da suspensão viral
(MOI=0,5). Na mesma placa, foram realizados controle celular (200 µL
meio/cavidade), controle viral (200 µL suspensão viral/cavidade, MOI=0,5) e controle
positivo 100 µL suspensão viral + 100 µL aciclovir (10 µg/mL)/cavidade. As placas
foram incubadas por 96 h nas mesmas condições citadas anteriormente. Passado
esse período, o meio foi aspirado e o experimento foi realizado da mesma forma que
no item 4.5.1.1; foram calculados os valores de IS (CC
50
/CE
50
) para cada material-
teste.
Materiais e Métodos
41
4.5.1.3 Pós-tratamento das células infectadas com os materiais-teste
Células VERO foram cultivadas em placas de 96 cavidades conforme descrito
acima. Após 24 h, o meio foi retirado por aspiração e foram adicionados 200 µL de
suspensão viral (MOI = 0,5). A seguir, a placa foi incubada a 37 ºC com 5 % de CO
2
por 2 h; após esse período, a suspensão viral foi cuidadosamente aspirada e, então,
foram adicionados 200 µL dos materiais-teste diluídos. Na mesma placa, foram
realizados controle celular (200 µL meio/cavidade), controle viral (200 µL MEM -
previamente incubado com suspensão viral por 2 h) e controle positivo pré-
incubação de 200 µL suspensão viral com posterior adição de 200 µL aciclovir (10
µg/mL)/cavidade. Após incubação por 96 h nas mesmas condições citadas
anteriormente, o meio foi aspirado e o experimento foi realizado da mesma forma
que no item 4.5.1.1; foram calculados os valores de IS (CC
50
/CE
50
) para cada
material-teste.
4.5.2 Ensaio de redução das placas de lise
Este ensaio foi realizado conforme metodologia proposta por Burleson,
Chambers e Wiedbrauk (1992), com algumas modificações, com o objetivo de
confirmar alguns dos resultados obtidos com a técnica do MTT e propor o provável
mecanismo de ação dos materiais-teste, que apresentaram os melhores resultados.
Os ensaios foram realizados da mesma forma que para a determinação dos
títulos infecciosos virais (item 4.3.3.1), porém, com a adição das suspensões virais
usando três estratégias metodológicas diferentes
Células VERO 2,0x10
5
células/mL (1 mL/cavidade) foram cultivadas em placas
de 24 cavidades e incubadas a 37ºC, 5% de CO
2
até confluência (24 h). O meio foi
aspirado preservando-se a integridade do tapete celular, e três estratégias
metodológicas foram realizadas: (1) tratamento simultâneo (4.5.2.1); (2) efeito dos
materiais-teste na adsorção viral (4.5.2.2); (3) efeito antiviral em função do
tempo de adição dos materiais-teste (4.5.2.3).
Após os diferentes tratamentos, as placas foram incubadas por 72 h. O meio
contendo o material-teste foi aspirado e 200 µL do corante preto de naftaleno
(preparado conforme descrito no item 4.3.3.1) foram adicionados. Após 40 min, a
temperatura ambiente e em agitador mecânico, o corante foi aspirado e as placas
analisadas através da visualização por microscópio estereoscópio. Contou-se o
Materiais e Métodos
42
número de focos de infecção em cada concentração, que se caracterizam por áreas
claras de lise celular, chamadas de placas.
A percentagem de inibição da replicação viral foi calculada pela seguinte
fórmula:
Em seguida, os percentuais calculados foram inseridos em um gráfico, e
através da análise de regressão, foi possível calcular os valores de CE
50
, ou seja, a
concentração de cada amostra que manteve 50 % das células viáveis na presença
da infecção viral. Os valores de CE
50
representam a média de três experimentos
independentes ± erro padrão da média.
Com posse dos valores de CC
50
e CE
50
foi possível calcular o índice de
seletividade (IS) de cada amostra em relação a cada cepa viral utilizada conforme
descrito no item 4.5.1.1. Os experimentos foram realizados em triplicata.
Em todos os experimentos foram realizados controles celular (CC) e viral (CV),
para a cepa KOS utilizou-se o aciclovir como controle positivo. Os experimentos
foram realizados em triplicata.
% de inibição = 1 - (Número de Placas )
Materiais-teste
X 100%
(Número de Placas)
Controle Viral
4.5.2.1 Tratamento simultâneo
No tratamento simultâneo, foram adicionados ao tapete celular confluente
400 µL da suspensão viral (100 UFP/mL). A placa foi incubada em estufa por 1h,
sendo a mesma agitada a cada 15 min, para garantir a homogeneidade e
distribuição da suspensão viral. Essa suspensão foi aspirada e foram
cuidadosamente adicionados 500 µL dos materiais-teste, em diferentes
concentrações, diluídos em CMC (preparado conforme descrito no item 4.3.3.1). A
placa foi incubada por 72 h, e posteriormente, o experimento foi realizado conforme
descrito no item 4.5.2 (CARLUCCI et al., 1999).
Materiais e Métodos
43
4.5.2.2 Efeito dos materiais-teste na adsorção viral
A placa com tapete celular confluente foi levada a temperatura de 4ºC, por 30
min. Após aspirar o meio, foram adicionados ao tapete celular 200 µL dos materiais-
teste (nas concentrações de 500 a 15,6 µg/mL, razão 1:2) e 200 µL da suspensão
viral (100 UFP/mL). Após a homogeneização da placa, a mesma foi novamente
colocada a 4 ºC por 1 h. Os materiais-teste e a suspensão viral foram, então,
aspirados e 500 µL de CMC (preparado conforme descrito no item 4.3.3.1) foram
adicionados ao tapete celular. A placa foi incubada por 72 h a 37 ºC e após este
tempo realizou-se o procedimento conforme descrito no item 4.5.2.
4.5.2.3 Efeito antiviral em função do tempo de adição dos materiais-teste
A técnica utilizada foi a mesma descrita para o tratamento simultâneo, mas
variando-se o tempo de adição de cada substância (CARLUCCI et al., 1999).
Os materiais-teste na concentração de 500 µg/mL foram adicionados ao tapete
celular confluente em diferentes tempos: junto com a suspensão viral (tempo 0 -
zero); e 1, 2, 4, 6, 8, 10, 12, 18 e 24 h após a adição da suspensão viral. As placas
foram incubadas por 72 h. Após incubação, realizou-se o experimento conforme
descrito no item 4.5.2.
4.6 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL E ANÁLISE ESTATÍSTICA
Tanto na avaliação da citotoxicidade como na avaliação da potencial atividade
antiviral foi utilizada a metodologia de blocos completamente casualizados (BCC) e
um arranjo multifatorial dos tratamentos (SOKAL; ROHLF, 1995), onde cada
cavidade da placa constitui uma unidade experimental e os tratamentos foram
realizados com os diferentes materiais-teste versus as diferentes concentrações
testadas.
Os tratamentos foram distribuídos aleatoriamente entre as cavidades da placa,
tendo sido feitas três repetições, em placas diferentes e em dias diferentes. O sorteio
dos tratamentos com relação às unidades experimentais aumenta a probabilidade de
que possíveis fatores interferentes desconhecidos fiquem igualmente distribuídos
nos blocos e faz com que a estimativa dos valores e médias dos tratamentos e do
Materiais e Métodos
44
erro experimental não sejam tendenciosas. Cada bloco (placa) agrupa uma repetição
de todos os tratamentos.
Realizou-se uma análise de regressão linear para calcular os valores de CC
50
e
de CE
50
, a partir de curvas de concentração versus efeito.
A análise estatística dos dados obtidos foi feita através da análise de variância
(ANOVA) de cada material-teste e/ou metodologia diferente, no nível de significância
de 5 % (p<0,05), avaliando os diferentes materiais-teste versus diferentes
concentrações versus as destruições celulares causadas pelos vírus. Quando foi
necessário, a separação de médias foi feita pelo teste de Tukey, e o programa
estatístico utilizado foi o Statgraphics
®
.
O estudo de qualquer atividade farmacológica em cultura celular tem como
vantagem, entre muitas outras, a homogeneidade das amostras. Um erro grave que,
normalmente, é cometido quando se trata de experimentos realizados em placas de
microtitulação, é acreditar que, colocando-se as mesmas concentrações de um
material-teste, em duas ou três colunas na placa, se estaria fazendo uma duplicata
ou triplicata. Estatisticamente, esse procedimento é considerado apenas uma réplica
de um mesmo tratamento e não uma repetição, pois a variância devido a fatores
externos (erro experimental) não estaria sendo levada em consideração (SOKAL;
ROHLF, 1995). Por isso, foram realizados três experimentos independentes, em dias
subseqüentes, o que caracteriza uma triplicata.
4.7 AVALIAÇÃO DO PERFIL QUÍMICO DE Ilex paraguariensis POR
CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA (CCD)
4.7.1 Amostras testadas
Para análise por CCD foram utilizados como substâncias de referência os
ácidos caféico e clorogênico, todas de procedência Sigma.
Os materiais-teste utilizados foram os mesmos usados nos ensaios de detecção
da ação anti-herpética (Extrato bruto e frações de Ilex paraguariensis).
4.7.2 Condições cromatográficas
O extrato e frações de Ilex paraguariensis utilizados no presente estudo foram
analisados utilizando-se cromatofolhas de alumínio, tendo como fase fixa sílica-gel
F
254nm
(Merck
®
), e como fase móvel acetato de etila: ácido fórmico:ácido acético
Materiais e Métodos
45
glacial:água (100:11:11:26 v/v). Para a análise foram aplicados na placa
cromatográfica, a partir de soluções com concentração de 30 mg/mL, 15 L dos
materiais testes, com auxílio de capilar graduado. Após migração, as placas foram
reveladas com reagente natural A
43
e analisadas sob luz ultravioleta em 254/366 nm
(WAGNER; BLADT, 1996).
4.8 ANÁLISES QUALITATIVAS E QUANTITATIVAS DE ÁCIDOS FENÓLICOS
EM Ilex paraguariensis POR CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE ALTA
EFICIÊNCIA (CLAE)
4.8.1 Equipamento utilizado
Para a realização das análises por CLAE foi utilizado um cromatógrafo
Shimadzu 10AV, composto por bomba Shimazdu LC-10AD, detector UV a 323 nm
(0,05 AUFS) injetor manual Rheodyne 7725 com alça dosadora de 20 µL e módulo
de tratamento de dados Shimatzu CLASS-VP. Como fase estacionária foi utilizada
coluna LUNA® de fase reversa C18 (150 x 4,60 mm.d i.) e 5 µm de diâmetro de
partícula.
Como fase móvel foi empregado metanol (A) e uma mistura de metanol:ácido
acético 1 % (5:95, v/v – B), ambas preparadas, filtradas através de membrana 0,22
µm (Millipore®) e deaeradas diariamente em banho de ultra-som sob vácuo. A fase
móvel utilizada operou com 90% do componente B, com fluxo de 0,8 mL/min e sob
forma isocrática. de 0,8 mL/min. Todos os reagentes utilizados foram grau HPLC
(Nuclear®).
4.8.2 Preparação das amostras
Cada um dos materiais-teste foi exatamente pesado, transferido para um balão
volumétrico e diluído na fase móvel até obter concentrações finais de 2.000; 1.000;
500; 250; 125 e 62,5 µg/mL. As amostras foram previamente filtradas em membrana
Millipore® (0,22 µm) e injetadas no cromatógrafo. Todas as análises foram
realizadas em triplicata.
4
A placa foi vaporizada com 10 mL de uma solução metanólica a 1% do ácido--etilamino éster
difenilbórico (=difenilboryloxietilamina, NP) , e depois com 8 mL de uma solução metanólica a 5% de
PEG 4000.
Materiais e Métodos
46
4.8.3 Determinação das curvas padrão dos ácidos caféico e clorogênico
Para a realização das curvas padrão, os ácidos clorogênico e caféico foram
dissolvidos em metanol e diluídos na fase móvel, a fim de obter concentrações de
0,675; 1,25; 2,5; 5; 10; 16; 20 e 32 µg/mL. As soluções foram filtradas em membrana
Millipore® (0,22µm), injetadas no cromatógrafo e as áreas dos picos
correspondentes aos ácidos clorogênico e caféico foram relacionadas com suas
respectivas concentrações, calculando-se as equações das retas obtidas por
regressão linear. Os resultados foram expressos através da média das três injeções
de cada amostra.
4.8.4 Análise dos ácidos fenólicos
As amostras foram preparadas conforme item 4.8.2.
A fase móvel utilizada foi a mesma da preparação das curvas dos ácidos
caféico e clorogênico, assim como as condições de análise cromatografica (item
4.8.3).
4.8.5 Validação do método analítico
Para validação da técnica foram avaliados os parâmetros de especificidade,
exatidão, linearidade e precisão, conforme preconizado pela ICH (1997), USP
(2002)Swartz e Krull (1997) e com a resolução nº 899, de 29/05/2003 da ANVISA.
Para verificar a exatidão da técnica, foram adicionadas quantidades conhecidas
das substâncias de referência (ácido caféico e/ou ácido clorogênico) ao extrato bruto
e/ou frações em três concentrações diferentes (80%, 100% e 120%). As análises
foram realizadas em triplicata. A exatidão foi calculada de acordo com Cass e
Degani (2001), através da fórmula:
Para avaliação da linearidade, foram utilizadas cinco concentrações diferentes
das amostras (2.000; 1.000; 500; 250 e 125 µg/mL) e oito concentrações diferentes
das substâncias padrão (20; 15; 10; 5; 2; 1; 0,5 e 0,25 µg/mL - ácido caféico e 32,
20, 16, 10, 5, .2,5, 1,25 e 0,625 µg/mL - ácido clorogênico). A avaliação estatística
dos resultados foi realizada através da análise de regressão linear, onde utilizou-se
Exatidão =
Concentração obtida x 100
Concentração Teórica
Materiais e Métodos
47
o método dos mínimos quadrados e verificou-se o quanto a reta descreve os pontos,
por intermédio de seu coeficiente de correlação (r). As análises foram realizadas em
triplicata.
Para avaliação da precisão da técnica, os padrões foram injetados 9X no
cromatógrafo, sob as mesmas condições, e os valores dos desvios-padrão e do
coeficiente de variação foram calculados. Estas análises foram realizadas intra e nter
dia. As medidas estatísticas de tendência central (média) e de variabilidade (desvio
padrão e coeficiente de variação) foram calculadas através de planilha estatística do
programa Excel da Microsoft
Resultados e Discussão
48
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 DETERMINAÇÃO DOS TÍTULOS VIRAIS
Os títulos infecciosos das soluções-estoques virais foram determinados
conforme as metodologias descritas no item 4.3.3. No decorrer do trabalho, foram
utilizadas duas soluções-estoques para cada cepa, preparadas de acordo com o
descrito no item 4.3.2. Os resultados obtidos estão demonstrados na Tabela 1.
Tabela 1- Títulos infecciosos dos estoques virais utilizados.
Vírus Solução estoque viral Títulos
HSV-1 cepa KOS
1
2
5,33 x 10
7
UFP/mL
9,70 x 10
7
UFP/mL
HSV-1 cepa 29R
1
2
8,83 x 10
6
UFP/mL
3,70 x 10
6
UFP/mL
5.2 TRIAGEM ANTI-HERPÉTICA
5.2.1 Citotoxicidade
Para a avaliação da potencial ação antiviral de uma amostra qualquer, é
indispensável a avaliação prévia de sua possível toxicidade em relação às células
permissivas ao vírus em estudo, em decorrência do fato de que um agente antiviral
ideal deve inibir o ciclo de replicação viral, interferindo o mínimo na estrutura e
metabolismo das células hospedeiras (VANDEN BERGHE; VLIETINCK; VAN HOOF,
1986).
A citotoxicidade foi definida por Nardone (1977) como sendo o conjunto de
alterações da homeostase celular, que provoca uma série de modificações, que
interferem na capacidade adaptativa das células, bem como na sua sobrevivência,
multiplicação e realização de suas funções metabólicas. Desta forma, o
comportamento das células frente a uma amostra qualquer pode ser evidenciado
pela desorganização da monocamada celular, acompanhada do aspecto granuloso e
arredondado das células (STREISSLE; SCHWOBEL; HEWLETT, 1981).
A intensidade da lesão celular depende de vários fatores, tais como a
concentração do material testado, o tempo de exposição, linhagem celular, a
capacidade da amostra em penetrar na célula, entre outras (HU; HSIUNG, 1989).
Resultados e Discussão
49
Além disso, a citotoxicidade pode ser também evidenciada por alterações em suas
funções, tais como síntese de proteínas, atividade lisossomal, atividade mitocondrial,
entre outras (KORZENIEWSKI; CALLEWAERT, 1983).
O estudo do efeito citotóxico dos extratos e frações frente a células VERO foi
realizado utilizando-se o ensaio colorimétrico do MTT e para cada material testado,
os valores de CC
50
após 96 h de incubação, foram calculados. Este ensaio tem
várias vantagens: (1) grande número de amostras pode ser testado rapidamente; (2)
o ensaio pode ser automatizado; (3) o experimento é fácil de realizar e sua avaliação
é bastante objetiva; (4) a avaliação da citotoxicidade pode ser obtida em paralelo
com a avaliação da atividade antiviral; (5) é uma avaliação mais acurada do que o
método de inibição do efeito citopático viral (TAKEUCHI; BABA; SHIGETA, 1991;
ANDRIGHETTI-FRÖHNER et al., 2005; PALOMINO et al., 2005).
Os resultados obtidos no ensaio de avaliação da citotoxicidade dos materiais-
teste estão expressos na tabela 2.
5.2.2 Atividade Antiviral
Vários métodos podem ser utilizados para a avaliação da atividade antiviral de
qualquer material-teste. Um destes métodos é o ensaio colorimétrico do MTT, que
vem sendo rotineiramente utilizado para a determinação não só da citotoxicidade,
mas também para a detecção da atividade antiviral de compostos sintéticos e de
origem natural (TAKEUCHI; BABA; SHIGETA, 1991; SUDO et al., 1994; KODAMA et
al., 1996; KANEKO et al., 2001; BETANCUR-GALVIS et al., 2001 e 2002;
ANDRIGHETTI-FRÖHNER, 2003; SAVI et al., 2005).
O ensaio colorimétrico do MTT com a adição simultânea dos vírus e das
diferentes diluições dos materiais-teste às células foi escolhido para realizar a
triagem deste trabalho, por apresentar como vantagens a possibilidade de testar um
maior número de compostos simultaneamente e utilizar menores quantidades de
materiais-teste (YASIN et al., 2000).
Vírus que causam infecções líticas, tais como o HSV-1, causam destruição das
células, as quais se descolam da placa de cultura. Assim, o ensaio colorimétrico do
MTT pode ser potencialmente utilizado para a quantificação desta destruição celular
ou a ausência da mesma, devido à presença do agente antiviral (SMEE et al., 2002).
Esta técnica apresenta vantagens como o grande número de compostos que podem
Resultados e Discussão
50
ser testados, a facilidade no emprego da técnica, o fato de ser uma avaliação
objetiva e a possibilidade da avaliação simultânea da citotoxicidade e da atividade
antiviral, sendo o método tão sensível quanto o método de redução das placas de
lise (TAKEUCHI; BABA; SHIGETA, 1991; SUDO et al., 1994; SMEE et al., 2002).
Deve-se salientar que alguns fatores podem contribuir para a elevação dos
valores de CC
50
e CE
50
, fornecendo, por exemplo, parâmetros de citotoxicidade
menores que os reais. De acordo com Habtemariam (1995), compostos que
possuem hidroxilas podem interagir com ferro e outros metais de transição,
presentes no meio de cultura suplementado com soro, induzindo a redução do MTT.
Da mesma forma, substâncias que, em meio de cultura, apresentam forte coloração
podem interferir na leitura das absorbâncias, fornecendo valores mais elevados
(SMEE et al., 2002).
Ao utilizar o ensaio do MTT para avaliar a atividade antiviral é importante obter
um valor igual ou inferior a 0,2 na razão CV/CC (CC=controle celular; CV= controle
viral). Isto significa que a garantia da sensibilidade do ensaio se deve à diferença
entre os valores de absorbância (A) (entenda-se viabilidade celular) dos controles
viral e celular. O ideal é que, ao final do tempo de incubação da placa, o controle
celular esteja viável, enquanto o controle viral totalmente destruído. Assim, a
viabilidade celular detectada nos testes será conferida à ação antiviral do material
em teste e o grau desta proteção poderá ser calculado para cada concentração do
material testado (TAKEUCHI; BABA; SHIGETA, 1991).
A triagem da atividade anti-herpética foi avaliada pelo ensaio do MTT em
células VERO, inoculadas com HSV-1, cepas KOS (sensível ao aciclovir) e 29R
(resistente ao aciclovir), MOI=0,5.
Após o período de incubação de 96 h para o HSV-1/ KOS, foi possível observar,
na maioria dos casos, a inibição do efeito citopático viral (ECP), através do
monitoramento por microscopia ótica invertida comparando com os resultados
obtidos pelo ensaio do MTT.
O efeito citopático viral do HSV-1 é caracterizado pelo aparecimento de células
de dimensões variáveis, arredondadas, bastante brilhantes, pouco refringentes,
algumas vezes separadas e, mais freqüentemente, ligadas umas às outras por
prolongamentos citoplasmáticos formando os chamados “focos” com aspecto
característico de “cachos de uva” que se estendem rapidamente pela superfície do
local de infecção. As lesões nucleares se caracterizam por uma marginação da
Resultados e Discussão
51
cromatina que dá lugar, no centro do núcleo, a uma inclusão acidófila característica.
As lesões citoplasmáticas aparecem como formações policarióticas (sincícios e
células gigantes) devido a fusão dos citoplasmas das células adjacentes infectadas
(MAURIN, 1985; MAMMETTE, 1986; AZAY, 1989; GIRARD; HIRTH, 1989).
O uso de um controle positivo nos ensaios de detecção da atividade antiviral
permite demonstrar se esses foram realizados em um nível correto de sensibilidade,
sendo considerado, ainda, um padrão com o qual a atividade do material em teste
pode ser comparada. Idealmente, o fármaco controle positivo deve ser aquele usado
clinicamente em um ou mais países (SIDWELL, 1986).
Paralelamente aos experimentos conduzidos com o vírus HSV-1/KOS, foram
realizados controles positivos com o aciclovir, na concentração de 10 g/mL, pois o
aciclovir é o fármaco de escolha para o tratamento de várias infecções herpéticas. A
proteção obtida foi acima de 99 %, de acordo com o que é referenciado na literatura
e atestando a eficiência da metodologia empregada (DE JALON et al., 2003).
A relação entre os efeitos farmacológicos e tóxicos de um composto é um
importante requisito na previsão de sua aplicabilidade como agente terapêutico
(MELO et al., 2000), e tal informação provêm do cálculo do seu índice de
seletividade (IS=CC
50
/CE
50
), quando da realização dos estudos pré-clínicos in vitro.
Oito extratos de plantas e suas frações foram investigados com relação à sua
potencial atividade antiviral contra o Herpes Simplex Virus tipo 1 (HSV-1, cepas KOS
e 29-R). Embora não existam evidências que estas plantas sejam usadas
popularmente para tratar distúrbios que possam indicar uma provável ação anti-
herpética, várias outras plantas medicinais, pertencentes às mesmas famílias das
espécies aqui avaliadas têm sido utilizadas na medicina popular com aplicações
diversas (PIO CORREA, 1979; DERMARDEROSIAN; BEUTLER, 2002).
Os resultados da avaliação da citotoxicidade (CC
50
) e da potencial atividade
anti-herpética (CE
50
; IS) dos extratos testados encontram-se na tabela 2.
Resultados e Discussão
52
Tabela 2: Resultados da avaliação da citotoxicidade e da potencial atividade anti-herpética
dos extratos brutos das plantas testadas.
HSV-1 (KOS)
Sensível ao
aciclovir
HSV-1 (29R)
Resistente ao
aciclovir
Planta testada
Parte da
planta
Líquido
Extrator
CC
50
(g/ml)
Células
VERO
CE
50
(g/ml)
IS
CE
50
(g/ml)
IS
Alamanda
blanchetti
Raízes EtOH
1.90010
SA - SA -
Folhas MeOH
1.19033 719,775
1,6 SA -
Alamanda
schottii
Flores MeOH
1.220100 487,764
2,4 SA -
Glycine max Sementes
EtOH
40%
3.000263
SA - SA -
Lafoensia
pacari
Folhas MeOH
1.140206 6010,5
19,0
170,121
6,7
Raízes
EtOH
40%
1.230102
SA - SA -
Passiflora
edulis
Raízes Água
1.600128 290,9 10
5,5
89,95,4
17,8
Rubus
imperialis
Folhas MeOH
1.390125
705,6
19,8
9023
15,4
Folhas MeOH
1.400143 318,248
4,4
1408
10,0
Sloanea
guianensis
Caule MeOH
610159 381,212
1,6
160,520
3,8
Folhas Água
1.691309 117,524
14,4
144,942
11,7
Ilex
paraguariensis
Frutos Água
1.525161 457,473
3,3
468,690
3,3
(SA) Sem Atividade; IS = CC
50
/ CE
50
; MeOH = metanol; EtOH = etanol. Os valores
representam a média de três experimentos independentes erro padrão da média.
A partir dos resultados obtidos com os extratos brutos, optou-se por testar as
frações das quatro plantas, que apresentaram valores de IS>10,0 com relação a, no
mínimo, uma das cepas empregadas, e cujos materiais vegetais testados foram
folhas. Os resultados desta avaliação encontram-se na tabela 3.
Resultados e Discussão
53
Tabela 3: Resultados da avaliação da citotoxicidade e da potencial atividade anti-herpética das
frações das plantas testadas.
HSV-1 (KOS)
Sensível ao
Aciclovir
HSV-1 (29R)
Resistente ao
Aciclovir
Planta
Fração
CC
50
(g/ml)
Células VERO
CE
50
(g/ml)
IS
CE
50
(g/ml)
IS
HX
1.050 205
SA - - -
CH
60054 50018
1,2
5007
1,2
Lafoensia
pacari
AE
1.030179 490,525
2,1
1006
10,3
HX
38029 290,113
1,3 SA -
CH
64035
SA - SA -
Sloanea
guianensis
AE
50022 63,96
7,8
SA -
Rubus
imperialis
BuOH
1.39060 30020
4,6
533 26,2
AE
1.593,6344 156,360
10,2
136,810
11,7
BuOH
1.619,2381 95,214
17,0
86,619
18,7
Ilex
paraguariensis
Res Aq
1.595,3405 114,919
13,9
108,822
14,7
SA= Sem Atividade; IS = CC
50
/CE
50
; HX; CH; AE; BuOH (Hexano, Clorofórmio, Acetato de
Etila, Butanol ). Os valores representam a média de três experimentos independentes erro
padrão da média.
A atividade anti-herpética do extrato metanólico de folhas de Lafoensia pacari
(tabela 4 - IS=19 e IS=6,7, respectivamente, para as cepas KOS e 29R) e da fração
acetato de etila (tabela 5 - IS=10,3 para a cepa 29R) poderia estar relacionada com
a presença de taninos, esteróides, saponinas ou flavonóides, visto que existem
relatos na literatura da presença desses metabólitos secundários nesta espécie
vegetal (SANTOS; SALATINO; SALATINO, 2000; SOLON et al., 2000) e da
atividade anti-herpética dos mesmos – taninos - (YOSHIDA et al., 1996;
ELDERMEIER et al., 1996; DE BRUYNE, et al., 1999; LIU et al., 1999; ESQUENAZI
et al., 2002); - saponinas - (AMOROS, FAUCONNIER, GIRRE, 1987; DE TOMASI, et
al., 1991; KONOSHIMA, et al., 1995; HAYASHI, et al., 1997; SIMÕES, AMOROS,
GIRRE, 1999; SINDAMBIWE, et al., 1998; APERS, et al., 2000; GOSSE, et al., 2002;
MENGONI, et al., 2002); - flavonóides - (AMOROS; SIMÕES, GIRRE, 1992; ROBIN
et al., 1998; LIN et al., 1999; SÁNCHEZ, et al., 2000; LI et al., 2000; SHAHAT et al.,
2002; DU, et al., 2003), entre outros.
Resultados e Discussão
54
Embora não seja conhecida qualquer utilização popular de Sloanea guianensis,
do ponto de vista químico, Schmitt e colaboradores (2003) relataram o isolamento e
identificação do esqualeno e do sitosterol glicosilado a partir da fração hexano e
acetato de etila, respectivamente, das folhas de Sloanea guianensis. A atividade
antiviral encontrada para o extrato metanólico de Sloanea guianensis (tabela 2 -
IS=4,4 e IS=10 para as cepas KOS e 29R, respectivamente), e para a fração acetato
de etila (tabela 3 - IS=7,8 para a cepa KOS) poderia estar relacionada com a
presença do triterpeno esqualeno, visto que vários estudos relataram atividade anti-
herpética para triterpenos (KUROKAWA, 1999; ALCHE et al.,2002; MADUREIRA et
al., 2003) e esteróides (MICHELINI, et al., 2004)
O extrato metanólico das folhas de Rubus imperialis foi o que apresentou maior
atividade inibitória da replicação do HSV-1 (tabela 2 - IS= 19,8 e 15,4,
respectivamente, para as cepas KOS e 29R); a fração n-butanólica também mostrou
elevado IS (tabela 3 - IS=26,2 para a cepa 29R). Para este gênero, foi relatada a
ocorrência de taninos e flavonóides (GUDEJ; TOMYCZYSK, 2004), o que poderia
sugerir que a atividade anti-herpética detectada possa estar relacionada à presença
desses compostos, visto que há vários relatos na literatura que descrevem atividade
antiviral para estes dois grupos de metabólitos (HUDSON; TOWERS, 1999; DE
BRUYNE et al., 1999; FUKUCHI et al., 1989; CHENG et al., 2004).
Considerando os resultados obtidos, pôde-se verificar que estes três extratos
citados acima mais Ilex paraguariensis, que será discutida posteriormente,
apresentam promissores resultados de proteção contra a infecção viral do HSV-1,
mas o mecanismo desta ação e a atividade das substâncias isoladas não foi ainda
identificado. Mais estudos são necessários para verificar quais compostos podem
ser responsáveis por esta atividade e como eles exercem sua ação antiviral.
Embora o extrato bruto e frações de Ilex paraguariensis não tenham sido os
mais promissores entre os testados (tabelas 2 e 3), optou-se por dar continuidade ao
ensaio biomonitorado com este material, devido ao fato dele estar disponível em
maior quantidade, já que para a realização subseqüente dos ensaios antivirais e das
análises cromatográficas uma grande quantidade de amostra se fazia necessária.
Além disso, também havia disponibilidade de substâncias de referência existentes
neste extrato e frações, o que permitiria análises qualitativas e quantitativas destes
compostos nas amostras testadas.
Resultados e Discussão
55
5.3 FRACIONAMENTO BIOMONITORADO DE Ilex paraguariensis
Os processos de fracionamento de extratos vegetais com vista ao isolamento
de substâncias ativas podem ser monitorados por ensaios direcionados para a
avaliação da atividade biológica (DEY; HARBORNE, 1991). Pode-se iniciar o
fracionamento de um extrato vegetal através da partição por solventes orgânicos de
polaridade crescente, visto que a concentração de cada um dos componentes em
cada fase estará relacionada com o coeficiente de partição ou distribuição
apresentado por cada substância (GALAGOVSKY KURMAN, 1995).
Conforme dados da literatura já citados anteriormente, em Ilex paraguariensis
foi relatada a presença de diversas substâncias, tais como flavonóides, derivados
cafeoilquínicos (entre eles derivados do ácido caféico) (SCARPATI; GUISO, 1964;
CLIFFORD, 1990; FILIP et al., 2001), metil-xantinas (REGINATTO et al., 1999;
COELHO et al., 2001), saponinas triterpênicas (GOSMANN et al., 1989, 1995;
MONTANHA, 1990; KRAEMER et al., 1996; TAKETA et al., 2000; GNOATTO,
SCHENKEL, BASSANI, 2005); Rutina, quercetina e canferol foram também
considerados como sendo os flavonóides majoritários (FILIP, 2001).
Várias propriedades farmacológicas dos compostos fenólicos já foram descritas,
tais como antialergênica, antiviral, antiinflamatória, vasodilatadora, antioxidante,
entre outras (MIDDLETON; KANDASWAMI; THEOHARIDES, 2000; PIETTA, 2000;
ZENEBE; PECHANOVA, 2002).
A ação antiviral de compostos fenólicos sintéticos e também extraídos de
vegetais foi extensamente estudada e existem vários relatos, especialmente, da
ação antiinfluenza (GREEN, 1949; TURAN; NAGATA; KURU, 1996; KERNAN et al.,
1997; SERKEDJIEVA; HAY, 1998; SERKEDJIEVA, 2000; LI; BUT; OOI, 2005;
SOKMEN, et al., 2005), antiadenovírus (CHIANG, et al., 2002), contra o vírus
sincicial respiratório (CHIANG, et al., 2002; LI; BUT; OOI, 2005; OJWANG, et al.,
2005) e anti-herpética (KANE et al., 1988; BENENCIA; COURREGES; 1999;
SERKEDJIEVA; IVANCHEVA, 1999; DE LOGU; 2000; CHIANG, et al., 2002; SAVI,
2004; LI; BUT; OOI, 2005; SAVI et al., 2005).
Acredita-se que os compostos polifenólicos, em geral, atuem através da
associação com proteínas das partículas virais e/ou da superfície das células
hospedeiras, resultando na redução e, até mesmo, na inibição da adsorção viral
(VLIETINCK; DE BRUYNE; VANDEN BERGUE, 1997).
Resultados e Discussão
56
Klöcking e colaboradores (2002) detectaram uma significante atividade anti-
HSV-1 para compostos fenólicos polimerizados, derivados do ácido húmico. A
análise da relação estrutura-atividade revelou que o aumento do número de
grupamentos carboxila e hidroxila contribuem para o aumento da atividade antiviral
dos compostos testados.
Meerbach et al. (2001) afirmaram que a atividade anti-herpética e anti-HIV de
polímeros fenólicos é dependente da presença de um número mínimo de grupos
carboxílicos e o mecanismo da ação antiviral detectada estaria relacionado à inibição
da adsorção viral.
Compostos fenólicos extraídos de Millettia erythrocalyx e Artocarpus lakoocha
exibiram moderada ação anti-HSV-1, anti-HSV-2, e também frente a uma cepa do
HIV-1, sendo o oxiresveratrol, a miletocalixina A, o metil éter de pongol e a
ovalifolina, os compostos com ação antiviral mais pronunciada
(LIKHITWITAYAWUID et al., 2005).
Embora vários compostos estejam presentes em Ilex paraguariensis, os que
nos despertaram especial interesse foram os ácidos fenólicos e as saponinas
triterpênicas, visto que estes compostos ocorrem em grande quantidade na matéria-
prima vegetal estudada e existem vários estudos de atividade antiviral relacionados
a esses metabólitos, conforme descrito acima. No entanto, devido à disponibilidade
somente dos ácidos fenólicos (ácidos caféico e clorogênico), nesta avaliação foram
incluídos somente estes compostos.
5.4 ATIVIDADE ANTI-HERPÉTICA DE Ilex paraguariensis
5.4.1 Citotoxicidade
O extrato bruto e as frações de Ilex paraguariensis apresentaram baixa
citotoxicidade, com valores de CC
50
entre 1.525,5 e 1.691,4 µg/mL; já os ácidos
caféico e clorogênico, apresentaram uma maior citotoxicidade se comparados com
estes, com valores de CC
50
de 155,9 e 139,1 µg/mL, respectivamente. No entanto,
não é indicado correlacionar os valores de extratos e/ou frações com compostos
isolados.
Chiang et al. (2002) avaliaram a potencial atividade antiviral do extrato aquoso
de Plantago major. Desta planta foram isolados compostos fenólicos, tais como os
Resultados e Discussão
57
ácidos caféico, clorogênico, ferúlico e p-cumárico. Os dois primeiros ácidos citados
apresentaram baixa citotoxicidade, com valores de CC
50
=3.995 µg/mL para o ácido
clorogênico e CC
50
=10.293 µg/mL para o ácido caféico. Apesar das metodologias
usadas terem sido similares, os resultados obtidos pelos autores foram
significantemente diferentes dos encontrados nesta dissertação; este fato poderia
ser justificado pelas diferentes linhagens celulares utilizadas (VERO nesta
dissertação e BCC-1/KMC – células de carcinoma de pele humano - no trabalho).
Em outro estudo, realizado por Li et al. (2005), a atividade antiviral de ácidos
cafeoilquínicos, isolados de Schefflera heptaphylla, foi avaliada, e entre os diversos
vírus estudados encontra-se também o HSV-1, em células VERO. No entanto, os
autores não mencionaram o valor obtido da CC
50
, não permitindo assim, comparar
os resultados por eles obtidos aos encontrados nesta dissertação.
A tabela 4 mostra a citotoxicidade do extrato bruto e frações de Ilex
paraguariensis, e dos ácidos caféico e clorogênico.
Tabela 4 Citotoxicidade do extrato bruto, frações e
substâncias isoladas de Ilex paraguariensis frente às células
VERO.
Material teste CC
50
( µg/mL)
Extrato Bruto
1.691,4 ± 534,5 a
Fração acetato de etila
1.593,6 ± 595,2 a
Fração butanólica
1.619,2 ± 659,6 a
Fração resíduo aquoso
1.595,3 ± 701,0 a
Ácido Caféico
155,9 ± 15,9 b
Ácido Clorogênico
139,1 ± 36,7 b
Os valores representam a média de três experimentos
independentes erro padrão da média. Utilizou-se os testes de
ANOVA e Tukey; valores de p < 0,05 foram considerados
significantes. Letras iguais indicam que não há diferença estatística
significativa entre as médias.
5.4.2 Atividade antiviral do extrato bruto, frações e ácidos fenólicos isolados
de Ilex paraguariensis pela técnica do MTT
O método do MTT permite que com os mesmos materiais, equipamentos e
reagentes seja possível, apenas variando o momento da infecção viral, iniciar a
Resultados e Discussão
58
elucidação do mecanismo de ação dos materiais testados, comparando-se os
índices de seletividade obtidos (YASIN et al., 2000).
O ensaio de pré-tratamento foi realizado com o objetivo de identificar possíveis
materiais que atuam no bloqueio da adsorção viral e na penetração do vírus à célula.
Dessa forma, as amostras que demonstram resultados promissores no ensaio de
pré-tratamento podem ser capazes de bloquear a interação entre determinados
receptores virais e os receptores situados nas membranas celulares.
O ensaio do pós-tratamento foi realizado com o objetivo de detectar em quais
fases da replicação viral os materiais-teste poderiam agir, já que se conhece
perfeitamente em qual momento cada etapa ocorre.
A avaliação da potencial atividade antiviral dos diferentes extratos e frações foi
realizada através do ensaio colorimétrico do MTT, em concentrações iguais e
inferiores às suas concentrações citotóxicas (CC
50
).
Quando possível, foram calculados os valores de CE
50
e os respectivos índices
de seletividade (IS = CC
50
/CE
50
).
Os valores obtidos de CE
50
podem ser visualizados no gráfico 1, que mostra a
comparação dos resultados obtidos nas três estratégias metodológicas testadas.
Os valores de IS obtidos nas estratégias de tratamento simultâneo, pré- e pós-
tratamentos estão apresentados na tabela 5 e no gráfico 2 (melhor visualização).
Resultados e Discussão
59
SA: Sem atividade
Gráfico 1: Resultados da avaliação da potencial atividade anti-herpética (cepas KOS e 29R)
do extrato bruto, frações e ácidos fenólicos isolados de Ilex paraguariensis, através do
tratamento simultâneo e dos pré- e pós-tratamentos, pelo ensaio colorimétrico do MTT,
expressos em valores de CE
50
(g/mL). Os valores representam a média de três
experimentos independentes erro padrão da média. Considerando-se cada extrato
individualmente frente as três estratégias diferentes, utilizou-se os testes de ANOVA e
Tukey, valores de p < 0,05 foram considerados significantes. Letras iguais indicam que não
há diferença estatística significante entre as médias dos diferentes tratamentos.
Resultados e Discussão
60
Tabela 5: Resultados da avaliação da atividade anti-herpética do extrato bruto, frações e
compostos isolados de Ilex paraguariensis pela técnica do MTT, e estratégias de tratamento
simultâneo, e dos pré- e pós-tratamentos, expressos em valores de IS.
Pré-tratamento
Tratamento
simultâneo
Pós-tratamento
Material Teste
IS KOS IS 29R IS KOS IS 29R IS KOS IS 29R
Extrato Bruto
3,0 2,3 14,4 11,7 11,2 23,6
Fração acetato de
etila
3,8 2,7 10,2 11,7 10,1 35,8
Fração butanólica
4,5 2,8 17,0 18,7 17,7 33,7
Fração resíduo
aquoso
3,9 3,7 13,9 14,7 12,0 27,8
Ácido Caféico
SA SA 4,4 3,7 4,8 7,1
Ácido Clorogênico
SA SA SA SA SA SA
(SA): Sem Atividade; IS=CC
50
/CE
50.
Os valores representam a média de três experimentos
independentes.
Os valores obtidos nestas três estratégias metodológicas permitiram verificar
que o extrato bruto e frações de Ilex paraguariensis apresentam promissora
atividade antiviral.
A estratégia na qual o desempenho dos materiais testados demonstrou ser
menos significativo foi o pré-tratamento. Nas estratégias de tratamento simultâneo e
pós-tratamento, os valores de IS encontrados foram mais promissores.
O gráfico 1 mostra que para a cepa KOS e para a cepa 29R, todos os materiais-
teste apresentaram diferenças significativas quando comparou-se o pré-tratamento
com as outras duas estratégias metodológicas. A única exceção foi a fração acetato
de etila para a Cepa KOS. Isso mostra que as amostras testadas não são indicadas
para a utilização na profilaxia do HSV-1.
Como já foi dito, as estratégias que mostraram maior inibição da replicação do
HSV foram as técnicas de tratamento simultâneo e pós-tratamento, mas os valores
obtidos não apresentaram diferenças estatísticas significativas entre si, para todos
os materiais testados (gráfico 1).
Resultados e Discussão
61
SA: Sem atividade
Gráfico 2: Resultados da avaliação da potencial atividade anti-herpética (cepas KOS e 29R)
do extrato bruto, frações e ácidos fenólicos isolados de Ilex paraguariensis, através de
diferentes estratégias metodológicas, pelo ensaio colorimétrico do MTT, expressos em
valores de IS (IS= CC
50
/CE
50
). Os valores representam a média de três experimentos
independentes.
De acordo com o gráfico 2, no tratamento simultâneo, a fração que apresentou
maior IS foi a fração butanólica (IS=17,0 e 18,7 para as cepas KOS e 29R,
respectivamente). Tais valores não diferem estatisticamente entre si (entre cepas –
dados não mostrados) e nem dos valores do extrato bruto (IS=14,4 e 11,7 para as
cepas KOS e 29R respectivamente) e das frações acetato (IS=10,2 e 11,7 para as
cepas KOS e 29R respectivamente), e resíduo aquoso (IS=13,9 e 14,7 para as
cepas KOS e 29R respectivamente) (dados não mostrados).
Resultados e Discussão
62
Atenção especial deve ser dada aos resultados do pós-tratamento com a cepa
29R e as frações acetato de etila e butanólica, que forneceram valores de IS = 35,8
e 33,7, respectivamente.
Outro fato que despertou especial interesse foram os valores obtidos com os
ácidos clorogênico e caféico, que além de apresentarem elevada citotoxicidade,
como descrito anteriormente, também divergiram com relação a atividade antiviral
detectada nos estudos realizados por Chiang e colaboradores (2002).
Nesta dissertação, o ácido cafeico apresentou baixa atividade anti-herpética
(IS=4,4 e 3,7 para as cepas KOS e 29R respectivamente), e o ácido clorogênico não
mostrou inibição da replicação viral do HSV-1. Estes resultados podem ser
justificados pelo caráter ácido dos compostos (fato que já sugere alta citotoxicidade
e prevê baixo valor IS); pelo fato dos ácidos caféico e clorogênico apresentarem
hidroxilas, visto que, de acordo com Habtemariam (1995), compostos que possuem
hidroxilas podem interagir com ferro e outros metais de transição, presentes no meio
de cultura suplementado com soro, induzindo a redução do MTT. Essa característica
pode justificar também o fato de os valores obtidos para a viabilidade do ácido
caféico serem superiores aos obtidos para o ácido clorogênico (o ácido caféico
apresenta três hidroxilas e o ácido clorogênico seis). É importante lembrar também
que substâncias que em meio de cultura apresentam forte coloração, podem
interferir na leitura das absorbâncias, fornecendo valores mais elevados (SMEE et
al., 2002), e foi observado para ambos os ácidos, uma oxidação e intensificação da
coloração dos mesmos quando não armazenados nas condições estabelecidas
(4ºC), inviabilizando a utilização dos mesmos.
Chiang e colaboradores (2002) avaliaram a atividade anti-herpética de Plantago
major e de cinco classes de compostos bioativos dele isolados: (1) compostos
benzóicos (ácido vanílico), (2) flavonóides (baicaleína, baicalina, luteolina), (3)
glicosídeo de iridoide (aucubina), (4) compostos fenólicos (ácidos caféico,
clorogênico, ferúlico e p-cumárico) e (5) triterpenos (ácidos oleanólico e ácido
ursólico). O extrato bruto aquoso de Plantago major apresentou atividade apenas
contra o HSV-2, não mostrando atividade contra HSV-1, ADV-3, ADV-8 e ADV-11.
No entanto, entre os compostos puros testados, os ácidos clorogênico e caféico
mostraram importante atividade antiviral: o ácido clorogênico foi ativo contra o HSV-1
(CC
50
=3.995 g/mL, CE
50
=47,6 g/mL, IS= 83,9), HSV-2 e ADV-3; e o ácido cafeico
foi ativo contra o HSV-1 (CC
50
=10.293 g/mL, CE
50
= 15,3 g/mL, IS= 671), HSV-2 e
Resultados e Discussão
63
ADV-3. Os autores não relataram a forma de armazenamento das soluções
estoques.
As diferenças entre os resultados obtidos nesta dissertação e os obtidos por
estes autores devem-se a vários fatores, que podem ser evidenciados no quadro 3.
Quadro 3: Comparação entre as variáveis de dois grupos de trabalho e os diferentes
resultados obtidos.
Variáveis Chiang et al. (2002) Presente trabalho
Linhagem celular
BCC-1/KMC VERO
Densidade celular
1x10
5
cel/mL 2 x10
5
cel/mL
Vírus
HSV-1 – Cepa KOS HSV-1 – Cepa KOS
Tempo de formação do
tapete
6h 24h
Suspensão viral
MOI=0,002 ou 0,025 MOI= 0,5
Tempo contato da
suspensão viral com o
tapete celular
2h (não retirou o vírus) 2h (retirou o vírus)
Tempo de incubação da
placa
72h 96h
Metodologia usada para
avaliação antiviral
XTT MTT
Resultados
ácido clorogênico:
CC
50
= 3.995 g/mL
CE
50
=47,6 g/mL
IS= 83,9
ácido caféico:
CC
50
=10.293 g/mL
CE
50
= 15,3 g/mL
IS= 671
ácido clorogênico:
CC
50
= 139,1g/mL
CE
50
= SA
ácido caféico:
CC
50
=155,9 g/mL
CE
50
= 22,0 g/mL
IS= 7,1
O fato de que as diferenças metodológicas possam ter interferido nos
resultados obtidos é reforçado ao se analisar os resultados obtidos por Li e
colaboradores (2005), que avaliaram a atividade antiviral de ácidos cafeoilquinicos
derivados de Schefflera heptaphylla, e entre os vírus estudados, utilizou-se o HSV-1,
cepa 15577. Os autores citaram que os ácidos 3,4-di-O-cafeoilquínico e o 3,5-di-O-
cafeoilquínico apresentaram uma discreta atividade anti-HSV, com valores de CE
50
Resultados e Discussão
64
de 81,3 e 62,5 g/ml, respectivamente, sem citar, no entanto, os valores de CC
50
nem os de IS. Outro ácido isolado foi o 3-O -cafeoilquínico, denominado de ácido
clorogênico; entretanto, este artigo não relatou resultado algum de ação anti-HSV-1
deste ácido, provavelmente por ele não ter apresentado resultados promissores.
5.4.3 Confirmação da atividade antiviral do extrato bruto, frações e ácidos
fenólicos isolados de Ilex paraguariensis pela técnica de redução das
placas de lise – tratamento simultâneo
O teste de redução das placas de lise usa um número constante de partículas
virais e varia a concentração de substâncias teste, assim como na técnica do MTT. O
diferencial da técnica das placas de lise é que a adição de um meio semi-sólido
(CMC) evita a formação de placas secundárias, impedindo a difusão dos vírus do
lugar de origem para novos lugares, assegurando que cada placa formada no teste
seja originalmente de uma partícula viral infecciosa do inóculo inicial (FIELDS, 1998).
Além disso, a atividade antiviral é expressa como uma redução no tamanho ou
número de placas na monocamada celular. Por isso, ela é uma técnica mais precisa,
cujos resultados são extremamente objetivos, e foi aqui usada para confirmar os
resultados obtidos anteriormente com a técnica do MTT.
Na tabela 6, pode-se comparar os valores obtidos para as duas cepas testadas
do HSV-1 (KOS e 29R), através de duas diferentes técnicas (MTT e Placa de Lise).
Estes mesmos resultados podem ser melhor visualizados nos gráficos 3 e 4.
Resultados e Discussão
65
Tabela 6: Resultados da avaliação da atividade anti-HSV-1 (cepas KOS e 29R) do extrato
bruto, frações e ácidos fenólicos isolados de Ilex paraguariensis, através das técnicas do
MTT e de inibição das placas de lise – tratamento simultâneo.
MTT Placas de lise
Material
Teste
KOS
CE
50
*
KOS
IS**
29R
CE
50
*
29R
IS**
KOS
CE
50
*
KOS
IS**
29R
CE
50
*
29R
IS**
Extrato
bruto
117,5±24 14,4 144,9±42 11,7 107,8±14 15,7 104,9±6 16,1
Fração
acetato de
etila
156,3±60 10,2 136,8±10 11,7 70,3±1 22,7 73,3±1 21,7
Fração
butanólica
95,2±14 17,0 86,6±19 18,7 56,4±11 28,7 75,1±7 21,6
Resíduo
aquoso
114,9±19 13,9 108,8±22 14,7 114,6±21 13,9 91,5±23 17,4
Acido
Caféico
35,2±12 4,4 42,1±7 3,7 5,87±5 26,4 28,4±3 5,5
Ácido
Clorogênico
SA SA SA SA SA SA SA SA
(SA): Sem Atividade; *Os valores representam a média (CE
50
= g/mL) de três experimentos
independentes ± erro padrão da média; **IS= CC
50
/CE
50
.
Os valores de CE
50
obtidos com as técnicas do MTT e das placas de lise
(tabela 6) não apresentaram diferenças significativas entre eles (gráfico 3), mas os
valores de IS obtidos para a técnica de inibição das placas de lise foram visivelmente
superiores (gráfico 4), evidenciando uma maior sensibilidade e precisão desta
técnica. Além disso, as duas técnicas apresentam valores de erro padrão diferentes
(tabela 6 e gráfico 3), os quais, com exceção do resíduo aquoso, foram maiores
quando utilizada a técnica do MTT, sugerindo que a técnica de inibição das placas
de lise apresenta maior reprodutibilidade que a técnica do MTT.
Resumindo, as análises estatísticas mostraram não haver diferenças
significativas entre as duas técnicas (MTT x Placa de Lise), entre as cepas virais
(KOS e 29R) e entre os extratos e frações (dados não mostrados), confirmando
a ação anti-herpética destes materiais e a similaridade entre os resultados
obtidos.
Resultados e Discussão
66
HSV-1 Cepa KOS
0
50
100
150
200
250
Ext Bruto Acetato etila BuOH Res Aquoso Ac Caféico Ac Clorogênico
CE50
MTT Placas de Lise
a
a
a
a
a
a
aa
a
a
HSV-1 Cepa 29R
0
50
100
150
200
Ext Bruto Acetato etila BuOH Res Aquoso Ac Caféico Ac Clorogênico
CE50
MTT
Placas de Lise
a
a
a
a
a
a
a
a
a
a
SA
Gráfico 3: Resultados da avaliação da atividade anti-HSV-1 (cepas KOS e 29R) do
extrato bruto, frações e ácidos fenólicos isolados de Ilex paraguariensis, através das
técnicas do MTT e de redução das placas de lise, expressos em valores de CE
50
(g/mL). Os resultados representam a média de três experimentos independentes ±
erro padrão da média. Utilizou-se os testes de ANOVA e Tukey; valores de p < 0,05
foram considerados significantes. Letras iguais indicam que não há diferença
estatística significante entre as médias de cada amostra teste, comparando-se as duas
técnicas empregadas.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
KOS MTT KOS LISE 29R MTT 29R LISE
IS
Ext Bruto
Fração acetato etila
Fração butanólica
Res aquoso
Ác Caféico
Gráfico 4: Resultados da avaliação da atividade anti-HSV-1 (cepas KOS e 29R) do
extrato bruto, frações e ácidos fenólicos isolados de Ilex paraguariensis, através das
técnicas do MTT e de redução das placas de lise, expressos em valores de IS (=
CC
50
/CE
50
). Os resultados representam a média de três experimentos independentes.
Resultados e Discussão
67
5.5 EFEITO DOS MATERIAIS-TESTE NA ADSORÇÃO VIRAL
A replicação requer que o vírus adsorva na membrana celular e,
subseqüentemente, penetre na célula. Isto envolve uma interação inicialmente
reversível do vírus com um receptor da membrana celular hospedeira, a qual,
rapidamente, sofre modificações tais que o vírus possa ser depois dissociado da
célula por processos específicos. A natureza da conversão da ligação reversível
para irreversível não é clara, mas pode envolver um aumento da fluidez da
membrana celular, a qual permite outro lugar de ligação do vírion para reagir com
moléculas receptoras celulares adicionais. O sítio de ligação pode ser uma
glicoproteína, um glicolipídio ou conter um grupo sulfidrila funcional. Aparentemente,
a interação inicial é eletrostática e serve para orientar a associação vírus-célula para
uma subseqüente penetração ou transporte através da membrana celular para
dentro do citoplasma (DALES, 1973; DIMMOCK, 1982).
Alguns vírus têm demonstrado sítios de ligação específicos, o que
provavelmente envolva o reconhecimento de uma proteína viral por uma
macromolécula da membrana da célula do hospedeiro (CHOPPIN, 1986; VILCEK;
SREEVALSAN, 1984).
A entrada do vírus na célula hospedeira é dividida em dois eventos: (1) ligação
do vírus aos receptores da superfície celular (adsorção) e (2) penetração na
membrana plasmática ou entrada propriamente dita (FIELDS, 1998). A penetração
do vírus na célula tem sido esquematicamente separada da adsorção porque
evidências experimentais indicam processos distintos com diferente energia iônica
requerida. Além disso, alguns antivirais agem claramente em um nível e não em
outro. Este processo pode envolver a fusão de membranas (para os vírus que
possuem envelope), ou alguma forma de “citose” ativa ou englobamento pela célula
(HUDSON, 1990).
A inibição da adsorção viral tem sido o alvo menos efetivo pelo ataque de
agentes antivirais, ainda sem substâncias conhecidas suficientemente ativas para a
realização de testes clínicos. Um polissacarídeo sulfatado tem sido relatado por
interagir com partículas virais, causando um decréscimo na velocidade de ataque ás
células in vitro (TAKEMOTO; LIEBHABER, 1961).
A adsorção ocorre a baixas temperaturas e é muito mais eficaz para partículas
virais envelopadas que para as não envelopadas. A penetração do vírus, que
depende da temperatura de incubação das células, é realizada em três minutos por
Resultados e Discussão
68
fagocitose ou fusão da membrana celular com o envelope viral (COLBERE, 1975).
Devido a isso, a técnica do efeito do material-teste na adsorção viral é realizada a
baixas temperaturas, para que o vírus apenas adsorva (ou não) às células, mas não
penetre nelas, visto que para isso uma elevação da temperatura é requerida.
O efeito do extrato bruto e das frações de Ilex paraguariensis na adsorção viral
foi realizada pela técnica de redução das placas de lise, segundo metodologia
descrita no item 4.5.2.2, e os resultados são apresentados na tabela 7, mas podem
ser melhor visualizados nos gráficos 5 e 6.
Tabela 7: Resultados do efeito do extrato bruto e frações de Ilex paraguariensis na adsorção
do HSV-1 (cepas KOS e 29R), obtidos através da técnica de inibição das placas de lise.
Material teste KOS CE
50
* KOS IS ** 29R CE
50
* 29R IS **
Extrato bruto
68,1±12 24,8 97,3±7 17,4
Fração Acetato de etila
21,7±4 73,4 12,0±3 132,8
Fração butanólica
66,0±3,5 24,5 49,0±12 33,1
Resíduo Aquoso
25,2±1,5 63,4 64,5±8 24,7
*Os valores representam a média (CE
50
= g/mL) de três experimentos independentes ± erro
padrão da média; **IS= CC
50
/CE
50.
Gráfico 5: Resultados do efeito do extrato bruto e frações de Ilex paraguariensis na adsorção
do HSV-1 (cepas KOS e 29R), obtidos através da técnica de inibição das placas de lise,
expressos em valores de CE
50
(g/mL). Os resultados representam a média, ± erro padrão da
média de três experimentos independentes. Utilizou-se os testes de ANOVA e Tukey; valores
de p < 0,05 foram considerados significantes. Letras iguais indicam que não há diferença
estatística significante das médias entre cada material teste e cepas testadas.
Resultados e Discussão
69
O efeito dos materiais-teste na adsorção viral foi bastante interessante,
sendo que a fração acetato de etila foi a que mais se destacou apresentando
valores de IS de 73,4 e 132,8 para as cepas KOS e 29R, respectivamente,
seguida pelo resíduo aquoso, que apresentou um valor de IS de 63,4 para a cepa
KOS, embora para a cepa 29 R ele tenha sido obtido um valor inferior - 24,7
(tabela 7 e gráfico 6). Embora os resultados de cada material-teste não
apresentem diferenças significativas entre as duas cepas, eles apresentam
diferenças significativas entre os diversos materiais-teste, indicando que o efeito
de alguns deles na adsorção viral (p.ex: acetato de etila – KOS e 29R, BuOH –
29R, e resíduo aquoso KOS) se destacam mais do que os demais (extrato bruto –
KOS e 29R, BuOH – KOS e Resíduo aquoso 29R). Isto se deve, provavelmente,
ao fato da fração acetato de etila conter, provavelmente, substância(s) capazes de
atuar com maior intensidade durante a fase da adsorção viral, como pode ser bem
visualizado no gráfico 6.
0
20
40
60
80
100
120
140
Ads KOS Ads 29R
IS
Ext bruto Fração acetato de etila Fração butanólica Fração res aquoso
Gráfico 6: Resultados do efeito do extrato bruto e frações de Ilex
paraguariensis na adsorção do HSV-1 (cepas KOS e 29R), obtidos
através da técnica de
inibição das placas de lise, expressos em valores de IS (CC
50
/CE
50
). Os
resultados representam a média de três experimentos independentes.
Resultados e Discussão
70
5.6 EFEITO ANTIVIRAL EM FUNÇÃO DO TEMPO DE ADIÇÃO DOS
MATERIAIS-TESTE
O estudo do efeito antiviral em função do tempo de adição dos materiais-teste
permite verificar em qual (quais) fase(s) do ciclo de replicação viral eles estão
agindo. Se uma amostra for ativa somente quando adicionada durante as fases
precoces da multiplicação viral, isto significa que ela pode agir das seguintes formas:
inibindo a ação das DNA- ou RNA-polimerases que codificam o vírus, como é o caso
da idoxuridina (IDU); inibindo a síntese do DNA viral, como faz o aciclovir (ACV); ou
quando ela é incorporada nas regiões internucleotídeos do DNA viral, como faz a
brivudina (BVDU)(BOYDE, 1987).
Quando um agente antiviral for ativo mesmo quando adicionado tardiamente,
durante as últimas etapas do ciclo de multiplicação viral, é porque ele inibe,
preferencialmente, a síntese das proteínas estruturais que formam o capsídeo, não
agindo sobre a síntese dos ácidos nucléicos (HAYASHI et al., 1992).
Para verificar estas hipóteses, os materiais-teste foram adicionados às células
em diferentes tempos: junto com os vírus (t
0
); e 1, 2, 4, 6, 8, 10, 12,18 e 24h após a
inoculação viral.
Os gráficos 7 e 8 apresentam o efeito antiviral em função do tempo de adição
do extrato bruto e frações de Ilex paraguariensis, na replicação do HSV-1, cepas
KOS e 29R, respectivamente. Os resultados foram expressos em percentagem de
proteção.
Para a cepa KOS do HSV-1, pôde-se verificar que o extrato bruto não
apresentou diferenças estatísticas significativas na percentagem de proteção, entre
os diferentes tempos analisados; no entanto, foi observada uma queda nos
percentuais de proteção nos tempos de 18 e 24h, apesar dos valores permanecerem
superiores a 50%. As demais frações apresentaram diferenças estatísticas com
relação aos demais tempos de adição apenas 24 h após a infecção.
Para a cepa 29R do HSV-1, o extrato bruto e demais frações apresentaram um
percentual de proteção estatisticamente semelhante até 18h, havendo após esse
tempo (24h), uma queda da percentagem de proteção, estatisticamente diferente
dos demais tempos.
De modo geral, independentemente da cepa viral, pôde-se observar que os
materiais-teste inibiram a replicação viral do tempo 0 até 18 h pós-infecção (PI),
Resultados e Discussão
71
indicando assim que eles agem provavelmente durante quase todas as etapas da
replicação do HSV-1, com menor intensidade nas duas últimas que são a montagem
e liberação dos vírus, e a exocitose (COLBERI, 1975).
Serkedjieva e Ivancheva (1999) também avaliaram a atividade anti-HSV-1 (cepa
KOS) de Geranium sanguineum, e usando esta mesma estratégia metodológica,
verificaram que o extrato aquoso inibiu significativamente a replicação viral quando
adicionado após a infecção.
Resultados e Discussão
72
Gráfico 7: Efeito antiviral em função do tempo de adição do extrato bruto e frações de
Ilex paraguariensis (500 g/mL) frente a cepa KOS do HSV-1 expressos em valores de
percentagem de proteção. Os resultados representam a média de três experimentos
independentes ± erro padrão da média. Utilizou-se os testes de ANOVA e Tukey;
valores de p < 0,05 foram considerados significantes. Letras iguais indicam que não há
diferença estatística significante entre as médias das % de proteção, considerando-se
os diferentes tempos de adição.
Resultados e Discussão
73
Gráfico 8: Efeito antiviral em função do tempo de adição do extrato bruto e frações de
Ilex paraguariensis (500 g/mL) frente a cepa 29Rdo HSV-1 expressos em valores de
percentagem de proteção. Os resultados representam a média de três experimentos
independentes ± erro padrão da média. Utilizou-se os testes de ANOVA e Tukey;
valores de p < 0,05 foram considerados significantes. Letras iguais indicam que não há
diferença estatística significante entre as médias das % de proteção, considerando-se
os diferentes tempos de adição.
Resultados e Discussão
74
O estudo da ação antiviral em função do tempo de adição dos materiais-teste
mostrou resultados semelhantes, o que poderia sugerir que a(s) substância(s)
responsável(is) por esta atividade antiviral está(ão) presente(s) de forma equivalente
em todas as amostras testadas. Este fator é enfatizado ao se analisar as outras
estratégias metodológicas aqui testadas, que também apresentaram resultados
semelhantes entre as amostras. Na tentativa de elucidar o(s) responsável(is) por
esta ação antiviral, foram realizadas análises cromatográficas, objetivando identificar
e quantificar os ácidos fenólicos em Ilex paraguariensis, visto que a literatura
mostrou que dos constituintes da erva-mate, estes representam um dos grupos
majoritários, com reconhecida ação antiviral.
5.7 RESULTADOS DAS ANÁLISES QUALITATIVAS E QUANTITATIVAS DE
ÁCIDOS FENÓLICOS EM Ilex paraguariensis
5.7.1 Análise por Cromatografia em Camada Delgada (CCD)
Com o intuito de avaliar o perfil cromatográfico dos materiais-teste utilizados
nos ensaios da atividade anti-herpética, foram realizadas cromatografias em camada
delgada (CCD), conforme preconizado por (WAGNER; BLADT, 1996) e detalhadas
no ítem 4.7.
As figuras 4a e 4b mostram a análise cromatográfica por CCD do extrato bruto e
frações de Ilex paraguariensis e das amostras autênticas dos ácidos caféico e
clorogênico.
Resultados e Discussão
75
A
Figura 4: Análise por cromatografia em camada delgada do extrato bruto e frações
de Ilex paraguariensis, ácidos caféico e clorogênico, rutina (Ru) e quercetina (Q).
Cromatograma A - Fase Fixa: Sílica gel; F
254nm
; Fase Móvel: AcOEt:Ác. Fórm:Ác.
Acético: Água (30:2:2:3 v/v); Revelador: UV 254 nm. Cromatograma B - Fase Fixa:
Sílica gel F254nm; Fase Móvel: AcOEt:Ác. Fórm:Ác. Acético: Água (30:2:2:3 v/v);
Revelador: Reagente Natural A/UV 366 nm
Bruto Acetato BuOH Res Aq Frutos Ac Caf Ac Clorog
B
Bruto Acetato BuOH Res Aq Frutos Ac Caf Ac Clorog
Como pode ser verificado no cromatograma acima, os ácidos caféico e
clorogênico apresentaram valores de Rf de aproximadamente 0,9 e 0,45,
respectivamente, dados condizentes com os da literatura (WAGNER; BLADT, 1996).
A presença desses compostos foi verificada no extrato bruto e frações de Ilex
Resultados e Discussão
76
paraguariensis, estando o ácido clorogênico presente com maior intensidade nas
frações n-butanólica, resíduo aquoso e extrato bruto, e o ácido caféico nas frações
acetato de etila e n-butanólica.
5.7.2 Análise por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE)
5.7.2.1 Seleção das condições cromatográficas
O estabelecimento dos parâmetros para a análise de ácidos fenólicos por
CLAE foi fundamentada nos dados presentes na literatura (LI et al., 2004; FILIPIP et
al., 2001; WEN et al., 2005). Dessa forma, foi estabelecido para a realização destes
ensaios a utilização de coluna de fase reversa (C-18) e detector UV (323 nm). A fase
móvel (FM) utilizada nas análises foi definida após diversos testes, nos quais foram
alterados os componentes da FM e suas respectivas proporções. A utilização de
ácido acético 1% na fase móvel B permitiu a obtenção de picos bem resolvidos e
com reduzida formação de cauda. Com as condições empregadas para a análise por
CLAE os tempos de retenção para os ácidos clorogênico e caféico foram de
aproximadamente 10,2 e 14,4 min, respectivamente.
5.7.2.2 Curvas padrão dos ácidos caféico e clorogênico
Para a quantificação dos ácidos caféico e clorogênico nos materiais-teste, foi
nescessário, primeiramente, realizar suas respectivas curvas padrão, que foram
preparadas relacionando-se as áreas dos picos com as concentrações das amostras
analisadas (n=8) e expressas pela equação da reta. As curvas padrões dos ácidos
fenólicos analisados estão apresentadas no gráficos 9.
Resultados e Discussão
77
Gráfico 9: Curvas padrão dos ácidos caféico e clorogênico, com as
respectivas equações das retas, onde Y= área do pico e X=
concentrações dos ácidos. A leitura foi realizada a 323nm Cada
ponto representa a média das três injeções de cada amostra.
Como pode ser observado, a análise de regressão linear apresentou um r
2
superior a 0,99 indicando boa linearidade para o método na faixa de trabalho
selecionada. Através das análises cromatográficas e da equação da reta também foi
possível estabelecer os limites de detecção para os ácidos caféico e clorogênico, os
quais foram, respectivamente, de 0,25 e 0,625 µg/mL.
Para a análise por CLAE de alguns ácidos fenólicos presentes em uma planta
chinesa, Li e colaboradores (2004) utilizaram coluna Hypersyl ODS-2 (200 x 4,6 mm
diâmetro interno e 5 µm de diâmetro de partícula), e detector UV com comprimento
de onda de 300nm. Como fase móvel foi usado uma mistura de metanol:tampão
acetato (15:85 v/v), com fluxo de 1 mL/min.
As equações da reta obtidas foram, respectivamente: y=94796x – 45627 (r
2
=
0,9983) e y=54710x – 151702 (r
2
=0,9993) para os ácidos caféico e clorogênico. Os
limites de detecção obtidos para os ácidos caféico e clorogênico foram de 0,10 e
CURVA PADRÃO ÁCIDO CLOROGÊNICO
y = 62158x - 35690
R
2
= 0,9983
0
500000
1000000
1500000
2000000
0 5 10 15 20 25 30
CONCENTRAÇÃO (ug/mL)
ÁREA
CURVA PADRÃO ÁCIDO CAFÉICO
y = 121610x - 38683
R
2
= 0,9988
0
500000
1000000
1500000
2000000
0 5 10 15 20
CONCENTRAÇÃO (ug/mL)
ÁREA
Resultados e Discussão
78
0,78 µg/mL, respectivamente. Os tempos de retenção obtidos foram de 6,71 e 11,97
min para os ácidos clorogênico e caféico.
Filipip e colaboradores (2001) avaliaram compostos fenólicos presentes em sete
espécies de Ilex, dentre elas, Ilex paraguariensis. Para isso, a coluna utilizada foi
uma C18 (5 µm, 250 X 4,6 m diâmetro interno); fase móvel A: água/AcOH 98:2; B:
MeOH/AcOH 98:2 – gradiente, no comprimento de onda de 325 nm. As equações da
reta obtididas para os ácidos caféico e clorogênico foram y = 2,23 X 10
4
x
5,8470
(r
2
=0,9982) e y = 1,15 X 10
4
x – 2,12430 (r
2
= 0,9995), respectivamente. Os tempos
de retenção encontrados foram de 10,5 e 12,4 min para os ácidos clorogênico e
caféico. Os limites de detecção não foram relatados.
Para a determinação dos teores de ácidos fenólicos em plantas medicinais,
Wen e colaboradores (2005), utilizaram uma coluna Agela XBP-C18 (5 µm, 4,6mm x
150 mm) com sistema de eluição de gradiente binário, e obtiveram limites de
detecção de 0,018 e 0,007 mg/mL e tempos de retenção de 11,27 e 16,10 min para
os ácidos clorogênico e caféico, respectivamente. As equações da reta obtididas
para os ácidos caféico e clorogênico foram y=91.806 X + 7.5795 (r
2
=1) e y=46.523X
– 0.6877 (r
2
=1). O fluxo utilizado foi de 0,5 mL/min e a fase móvel era composta por
0,02% de ácido trifluoracético (A) e metanol: 0,02% de ácido trifluoracético (B). O
comprimento de onda de detecção utilizado foi de 320 nm.
Devido aos diferentes equipamentos e variáveis utilizados por cada grupo de
pesquisa, a comparação dos resultados obtidos se torna difícil, mas pode-se
observar que os resultados desta dissertação são semelhantes aos encontrados
pelos autores citados acima.
5.7.2.3 Validação da técnica
Um método de análise foi desenvolvido e validado para quantificar ácidos
fenólicos em Ilex paraguariensis. A exatidão do método foi de 104,65% para o ácido
clorogênico e 97,4% para o ácido caféico. As equações da reta para a calibração
das curvas de ácido caféico e clorogênico foram respectivamente:.y =121610X –
3860 (r
2
= 0,9988) e y =62158X – 35690 (r
2
=0,9983). Os limites de detecção obtidos
para os ácidos caféico e clorogênico foram, respectivamente, de 0,25 e 0,625 µg/mL.
A precisão intemediária foi mostrada com CV de 3,6 %, variação considerada
satisfatória.
Resultados e Discussão
79
5.7.3 Quantificação dos ácidos caféico e clorogênico nos materiais- teste
A análise por CLAE indicou a presença de quatro substâncias majoritárias, com
características cromatográficas de ácidos fenólicos, no extrato bruto de Ilex
paraguariensis (fig 5) e nas frações acetato de etila (fig 6), n-butanol (fig 7), e no
resíduo aquoso (fig 8), as quais foram codificadas, de acordo com a ordem
crescente dos seus tempos de retenção como: S1, S2, S3 e S4. Os teores das
substâncias foram calculados utilizando-se o peso seco da matéria-prima vegetal
utilizada e o rendimento do extrato obtido.
A seguir são apresentados, apenas a título ilustrativo, exemplos de
cromatogramas obtidos para o extrato bruto (fig 5) e para as frações acetato de etila
(fig 6), n-butanol (fig 7), resíduo aquoso (fig 8) e ácidos caféico e clorogênico (fig 9).
É importante ressaltar que as ilustrações não representam a média dos valores
obtidos e sim os valores obtidos em uma única aplicação isolada, portanto, variações
nas áreas e tempos de retenção obtidos podem ser verificados quando comparados
com os valores das médias, apresentados na tabela 12, ou seja, os valores a serem
considerados são os apresentados na tabela. É importante lembrar também que o
eixo das ordenadas y varia proporcionalmente à concentração dos compostos em
estudo, por isso, materiais-teste que apresentaram menor quantidade de ácidos
fenólicos (por exemplo: fração acetato de etila) estão ilustrados nos cromatogramas
em menor escala no eixo y.
Resultados e Discussão
80
Figura 5: Perfil cromatográfico (CLAE) do Extrato Bruto obtido a partir de folhas de Ilex
paraguariensis (2000µg/mL). Condições cromatográficas: Fase móvel: [A: Metanol; B:(Ácido
acético 1%: MeOH - 95:5) (5:95 v/v)]. Fluxo: 0,8mL/min; Fase fixa: coluna RP-C18
Phenomenex® (150 x 4,6mm 5µm). Detecção: UV 323nm.
Sd
Figura 6: Perfil cromatográfico (CLAE) da Fração Acetato de Etila obtido a partir de folhas
de Ilex paraguariensis (2000µg/mL). Condições cromatográficas: Fase móvel: [A: Metanol;
B:(Ácido acético 1%: MeOH - 95:5) (5:95 v/v)]. Fluxo: 0,8mL/min; Fase fixa: coluna RP-C18
Phenomenex® (150 x 4,6mm 5µm). Detecção: UV 323nm.
Resultados e Discussão
81
Figura 7: Perfil cromatográfico (CLAE) da Fração n-BuOH obtido a partir de folhas de Ilex
paraguariensis (2000µg/mL). Condições cromatográficas: Fase móvel: [A: Metanol; B:(Ácido
acético 1%: MeOH - 95:5) (5:95 v/v)]. Fluxo: 0,8mL/min; Fase fixa: coluna RP-C18
Phenomenex® (150 x 4,6mm 5µm). Detecção: UV 323nm.
Figura 8: Perfil cromatográfico (CLAE) do Resíduo aquoso obtido a partir de folhas de Ilex
paraguariensis (1000µg/mL). Condições cromatográficas: Fase móvel: [A: Metanol; B:(Ácido
acético 1%: MeOH - 95:5) (5:95 v/v)]. Fluxo: 0,8mL/min; Fase fixa: coluna RP-C18
Phenomenex® (150 x 4,6mm 5µm). Detecção: UV 323nm.
Resultados e Discussão
82
As substâncias S2 e S4 apresentaram tempos de retenção idênticos aos
observados para as amostras autênticas dos ácidos clorogênico e caféico, com
tempos de aproximadamente 10,2 e 14,4 min, respectivamente (fig 9).
Figura 9: Perfil cromatográfico (CLAE) das amostras de referência Ácido Clorogênico(tr=9,7
min) e Ácido cafeico(tr=14,4 min). Condições cromatográficas: Fase móvel: [A: Metanol;
B:(Ácido acético 1%: MeOH - 95:5) (5:95 v/v)]. Fluxo: 0,8mL/min; Fase fixa: coluna RP-C18
Phenomenex® (150 x 4,6mm 5µm). Detecção: UV 323nm.
A partir dos valores das áreas e das equações das retas obtidas para os ácidos
clorogênico (S2) e caféico (S4), foram calculadas as concentrações de cada ácido
em cada material-teste (tabela 8).
Tabela 8: Concentrações (%) das substâncias S2 e S4 (com tempos de retenção
semelhantes aos dos ácidos clorogênico e caféico, respectivamente) presentes em Ilex
paraguariensis.
S2 S4
Material-teste
µg/mL % µg/mL %
Extrato bruto
11,74 1,17 0,48 0,05
Fração acetato
4,76 0,48 2,71
0,27
Fração butanólica
13,79
1,38
1,35 0,15
Res aquoso
11,66 1,17 0,40 0,04
Os valores apresentados na tabela 8 se aproximam dos encontrados por Filipip
e colaboradores (2001), que analisaram um extrato aquoso de folhas de Ilex
Resultados e Discussão
83
paraguariensis. Esses autores encontraram valores de 2,8 e 0,023 % para os ácidos
clorogênico (S2) e caféico (S4), respectivamente, valores estes relativamente
aparentados aos encontrados para o extrato bruto nesta dissertação.
5.8 ESTABELECIMENTO DA CORRELAÇÃO ENTRE A ATIVIDADE ANTI-
HERPÉTICA E OS TEORES DE ÁCIDOS FENÓLICOS EM Ilex
paraguariensis
Extrato bruto: Através do ensaio da redução das placas de lise foi possível
verificar que o extrato bruto de Ilex paraguariensis apresentou valores de índices de
seletividade de 15,7 e 16,1, respectivamente, para as cepas KOS e 29R do HSV-1
(tabela 9), sendo que esses resultados não apresentaram diferenças
estatisticamente significativas entre si (dados não mostrados).
No ensaio de inibição da adsorção viral, os valores de IS obtidos foram de 24,8
e 17,4 para as cepas KOS e 29R, respectivamente, valores esses superiores aos
obtidos na avaliação simultânea, mas não estatisticamente diferentes daqueles.
A análise química deste extrato pela técnica de CLAE demonstrou que a
substância S1 é majoritária (42%) nesta amostra, quando comparada com as demais
substâncias (fig 5). Para a substância S2, que possui comportamento cromatográfico
semelhante ao do ácido clorogênico, foi detectado que ela ocorre em menor
quantidade (37%) do que a substância S1. A substância que apresentou
características cromatográficas semelhantes às do ácido caféico (S4), é a que se
encontra em menor quantidade no extrato bruto (1%). Esta fração possui 29% dos
fenólicos totais analisados (Gráfico 10).
Gráfico 10: Distribuição das substâncias analisadas por
CLAE (fenólicos totais) nos materiais-teste. Os valores
representam a soma da área das substâncias
analisadas (ácidos fenólicos).
29%
11%
29%
31%
Bruto
AcOEt
BuOH
Res Aq
Resultados e Discussão
84
Fração acetato de etila: esta fração apresentou índices de seletividade de 22,7
e 21,7, respectivamente, para as cepas KOS e 29R, e esses resultados também não
apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre si (dados não
mostrados).
Na avaliação da inibição da adsorção viral, foi verificado um aumento da
atividade, pois os valores de IS aumentaram bastante (IS = 73,4 e 132,8,
respectivamente, para as cepas KOS e 29R).
Sua análise cromatográfica (figura 6) demonstrou que nesta fração, o ácido
fenólico presente em maior quantidade é o que apresentou tempo de retenção
semelhante ao ácido caféico - S4 - (40%), seguido pela substância com
características cromatográficas semelhantes as do ácido clorogênico - S2 - (36%).
As substâncias S1 e S3 se distribuem igualmente (12% cada). No entanto, somando-
se as áreas dos quatro ácidos fenólicos, verificou-se que a fração acetato de etila é
a que possui menor percentagem de fenólicos totais (11%) (gráfico 10). É importante
ressaltar que nesta fração foi verificada a presença de uma quinta substância, de
forma majoritária, identificada na figura 6 como “Sd” (Substância desconhecida). Não
é descartada a possibilidade desta substância ser também responsável pela ação
antiviral detectada para esta fração.
Fração n-butanólica: esta fração foi a que apresentou os melhores índices de
seletividade para a cepa KOS, quando comparada ao extrato bruto e demais
frações, pela técnica das placas de lise (tratamento simultâneo), com valores de IS
de 28,7 e 21,6, respectivamente, para as cepas KOS e 29 R (tabela 9).
Pela técnica de inibição da adsorção viral, os valores de IS obtidos foram de
24,5 e 33,1, para as cepas KOS e 29R, respectivamente.
Sua análise cromatográfica (figura 7) mostrou que estão presentes em
quantidades semelhantes as substâncias S1 (38%) e S2 (37%), sendo esta última,
cromatograficamente semelhante ao ácido clorogênico; em menores quantidades
estão presentes as substâncias S3 (19%) e S4 (6%), esta última
cromatograficamente semelhante ao ácido caféico. Essa fração ocupa 29% do total
de ácidos fenólicos, valor idêntico ao do extrato bruto (gráfico 10).
Resíduo aquoso: este apresentou valores de IS de 13,9 e 16,1
respectivamente, para as cepas KOS e 29R (Tabela 9), inferiores aos obtidos para o
extrato bruto ou para as demais frações.
Resultados e Discussão
85
No entanto, na técnica de inibição da adsorção viral, os valores de IS obtidos
foram de 63,4 e 24,7, para as cepas KOS e 29R, respectivamente.
A análise cromatográfica (Fig 8) mostrou que nesta fração a substância S1 é
majoritária (42%), seguida pelas substâncias S2 (36%), S3 (21%) e S4 (1%). Essa
fração apresentou a maior quantidade de fenólicos totais (31%) (gráfico 10).
A tabela 9 mostra a área dos ácidos fenólicos detectados em Ilex
paraguariensis, em condições experimentais propícias para sua identificação.
Tabela 9: Área dos ácidos fenólicos majoritários observados em Ilex paraguariensis e valores
de IS obtidos pela técnica de inibição das placas de lise.
ÁREA IS (CC
50
/CE
50
)
Placas de lise
Extratos/Frações
S1 S2 S3 S4 TOTAL
KOS 29R
Extrato Bruto
798189 694330 377985 20324 1890828 15,7 16,1
Fração Acetato
89679 260646 86248
290740
727313 22,7 21,7
Fração butanólica
545154
821342
407948 126073 1900517 28,7 21,6
Res Aquoso
816437 689206 410183 9848 1925674 13,9 16,1
Segundo a literatura (LI; BUT; OOI, 2005), ensaios com o ácido clorogênico na
sua forma isolada não apresentaram promissores resultados na inibição da
replicação do HSV-1, utilizando-se células VERO e a cepa KOS. No intuito de
confirmar esses dados, ensaios empregando ácido clorogênico foram realizados no
presente trabalho, os quais apresentaram 13,5% e 12% de inibição na concentração
de 62,5ug/mL para as cepas KOS e 29R, respectivamente, semelhantes aos citados
na pela literatura, sugerindo que essa substância (S2) não poderia ser considerada
como a única responsável pela ação anti-herpética detectada.
O ácido caféico também foi testado individualmente, e apresentou valores de IS
de 26,4 e 5,5, para as cepas KOS e 29R, respectivamente. Os resultados mostraram
que, embora o ácido caféico apresente uma atividade anti-herpética importante, ela
não pode ser comparada com aquela detectada para as frações, pois é bem inferior
a estas.
A fração butanólica foi a que apresentou o melhor resultado para a cepa KOS,
no tratamento simultâneo, na técnica de inibição das placas de lise (IS= 28,7), e a
fração acetato de etila no ensaio de inibição da adsorção viral (IS= 73,4). Para a
cepa 29R, os melhores resultados obtidos foram para as frações butanólica e
Resultados e Discussão
86
acetato de etila no tratamento simultâneo, pela técnica das placas de lise (IS = 21,7
e 21,6, respectivamente), e para a fração acetato de etila no ensaio de inibição da
adsorção (IS = 132,8), valor esse aumentado cerca de cinco vezes em comparação
ao tratamento simultâneo.
Na fração butanólica, encontrou-se a maior quantidade de S2
(cromatograficamente semelhante ao ácido clorogênico), mas também foi a fração
que apresentou o segundo maior teor de S4 (cromatograficamente semelhante ao
ácido caféico) (6%).
A fração acetato de etila foi a que apresentou maior quantidade do ácido caféico
(S4) - 40% - e apresentou os melhores resultados na inibição da adsorção viral.
Considerando-se que a fração acetato de etila apresentou um valor de IS
semelhante ao detectado para a fração butanólica e superior aos valores de IS
encontrados para o extrato bruto e resíduo aquoso (tabela 9), e que essa diferença
aumentou na técnica de inibição da adsorção, é possível inferir que a atividade
antiviral verificada para Ilex paraguariensis não esteja diretamente relacionada
apenas ao teor de fenólicos presente no extrato vegetal, visto que a fração acetato é
a que apresenta menor quantidade de ácidos fenólicos totais.
A análise dos resultados obtidos com o extrato bruto, frações e compostos
isolados de Ilex paraguariensis, comparados com os obtidos nas análises
cromatográficas reforçam a hipótese de que a inibição da replicação viral obtida não
está diretamente relacionada somente aos teores de ácidos fenólicos presentes.
Considerando que as frações acetato de etila e butanólica apresentam
saponinas e flavonóides em sua composição química, estes metabólitos secundários
que poderiam ser também responsáveis pela ação antiviral de Ilex paraguariensis,
detectada nesta dissertação. No entanto, devido à sua indisponibilidade, eles não
foram testados.
Estes resultados sugerem que a fração acetato de etila provavelmente
apresenta substâncias em proporções diferentes dos outros materiais-teste,os
quaisagem sinergicamente, potencializando a ação desta fração principalmente na
inibição da adsorção viral.
O termo sinergismo é utilizado para designar todo tipo de interação entre
constituintes de um extrato vegetal, bem como de componentes de uma mistura de
varias plantas (WILLIAMSON; 2001). Ele é normalmente assumido como o grande
responsável pelo efeito medicinal de extratos de plantas, e é considerado um dos
Resultados e Discussão
87
grandes recursos da fitoterapia. Sabe-se que as plantas contêm uma enorme
diversidade de metabólitos secundários, constituintes químicos aos quais muitas
vezes fornecemos o status de princípios ativos. Esta diversidade de substâncias
dentro de uma mesma planta pressupõe uma alta probabilidade de interações entre
elas. Neste contexto, as interações sinérgicas são aquelas na qual a atividade
combinada de duas ou mais substâncias é maior que aquela esperada pela
somatória das suas atividades individuais. Por sinergismo, verifica-se que algumas
substâncias isoladas e em conjunto com outras, podem potencializar os efeitos
benéficos ou então atenuar os efeitos adversos. Como pôde-se verificar, os
compostos isolados inibiram a replicação viral em menor intensidade que o extrato
bruto e frações, sugerindo haver sinergismo entre as substâncias presentes em cada
extrato/fração.
Conclusões
88
6 CONCLUSÕES
Dos oito extratos vegetais testados na triagem anti-herpetica, apenas o
extrato bruto e as frações hexano, clorofórmio e acetato de etila dos caules de
Sloanea guianensis e a fração clorofórmio de Lafoensia pacari apresentaram
considerável citotoxicidade.
Com relação a ação anti-herpetica, resultados promissores foram obtidos para
Lafoensia pacari, Passiflora edulis, Rubus imperialis, Sloanea guianensis e
Ilex paraguariensis.
Optou-se dar continuidade ao estudo de Ilex paraguariensis, pois este
material-teste estava presente em maior quantidade e também pela
disponibilidade dos ácidos caféico e clorogênico, como substâncias-
referência.
O extrato bruto e frações de Ilex paraguariensis apresentaram baixa
citotoxicidade; entretanto, os compostos isolados, ácidos caféico e
clorogênico, apresentaram alta citotoxicidade, provavelmente devido às suas
características ácidas.
O ensaio de inibição das placas de lise com estes materiais-teste comprovou
os resultados obtidos pela técnica do MTT e, embora tenha apresentado
valores de IS maiores, não foram detectadas diferenças estatísticas
significativas entre esses e aqueles obtidos com a técnica do MTT.
O extrato bruto e frações apresentaram resultados bastante encorajadores no
tratamento simultâneo e no pós-tratamento pela técnica do MTT, mas não
mostraram ação anti-herpética promissora, quando do pré-tratamento.
O acido clorogênico não apresentou resultados promissores na inibição da
replicação viral, já o acido caféico apresentou uma inibição significativa (se
comparada a do acido clorogênico), mas inferior à obtida pelo extrato bruto e
frações de Ilex paraguariensis.
Conclusões
89
Os resultados obtidos na inibição da adsorção viral foram mais promissores
que os obtidos na técnica de tratamento simultâneo, principalmente para a
fração acetato de etila, mostrando que os materiais-teste atuam
inibindo/prejudicando a adsorção viral.
O ensaio de avaliação da atividade antiviral pelo tempo de adição das
amostras-teste mostrou que estas atuam provavelmente durante quase todas
as etapas da replicação do HSV-1, com menor intensidade nas duas últimas
que são a montagem e liberação dos vírus, e a exocitose.
As análises cromatográficas por CCD e CLAE permitiram detectar e identificar
duas das quatro substâncias majoritárias presentes em Ilex paraguariensis
como sendo os ácidos caféico (S4) e clorogênico (S2).
As substâncias S1, S2 e S3 distribuem-se de forma semelhante e majoritária
no extrato bruto, fração butanólica e resíduo aquoso.
A substância S4 está presente em maior quantidade na fração acetato de
etila, que foi o material-teste que apresentou o efeito mais importante na
inibição da adsorção do HSV-1 (cepas KOS e 29R).
A quantificação destes ácidos fenólicos mostrou que a atividade anti-herpética
detectada não está direta e especificamente relacionada com os ácidos
fenólicos detectados, mas deve-se, provavelmente, ao efeito sinérgico entre
essas e outras substâncias presentes nos materiais-testados, tais como os
flavonóides e as saponinas triterpênicas, já detectados neste vegetal.
Perspectivas
90
7 PERSPECTIVAS
Realizar o fracionamento biomonitorado com os extratos que mostraram
resultados promissores na triagem antiviral (Lafoensia pacari, Passiflora
edulis, Rubus imperialis e Sloanea guianensis);
Realizar ensaios de adsorção e ação antiviral em função do tempo com o
ácido caféico;
Continuar o fracionamento biomonitorado da fração acetato de etila de Ilex
paraguariensis;
Realizar outros ensaios antivirais, tais como inibição da penetração viral, e
sinergismo entre frações e o aciclovir;
Isolar e identificar as substâncias S1 e S3, bem como realizar ensaios
antivirais com elas, caso não existam estudos na literatura;
Avaliar a ação anti-herpética das saponinas e dos flavonóides da erva-mate.
Referências
91
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APÊNDICES
APÊNDICE 1
Resultados obtidos na análise dos frutos de Ilex paraguariensis
Durante a realização desta dissertação, também foi testado o extrato bruto
dos frutos de Ilex paraguariensis. Como dito anteriormente, o objetivo principal era
realizar o fracionamento biomonitorado com o material-teste que tivesse
apresentado melhores resultados; desta forma, os resultados obtidos com os frutos
não foram mostrados anteriormente.
No entanto, a comparação entre os resultados obtidos, tanto nos ensaios de
avaliação da atividade antiviral, quanto no isolamento e identificação de compostos
fenólicos, evidenciou as diferenças existentes entre os frutos e folhas de Ilex
paraguariensis, e permitiu maior sustentação da hipótese de que os ácidos fenólicos
agem sinergicamente produzindo ação antiviral.
A tabela 1 mostra os resultados obtidos com o extrato bruto dos frutos de Ilex
paraguariensis.
Tabela 1: Resultados de citotoxicidade e avaliação da potencial atividade anti-herpética do
extrato bruto dos frutos de Ilex paraguariensis, obtidos pela técnica do MTT e diferentes
estratégias metodológicas.
Cito
(µg/mL)
Pré-tratamento Tratamento Simultâneo Pós-tratamento
KOS 29R KOS 29R KOS 29R
VERO
CE
50
(µg/mL)
IS
CE
50
(µg/mL)
IS
CE
50
(µg/mL)
IS
CE
50
(µg/mL)
IS
CE
50
(µg/mL)
IS
CE
50
(µg/mL)
IS
Frutos
1526±161 855±125 1,8 730±111 2,1 457±73 3,3 469±90 3,3 378±100 4 407±98 3,7
IS=CC
50
/CE
50
Como pode ser observado nesta tabela, o extrato dos frutos de Ilex
paraguariensis apresentam baixa citotoxicidade (CC
50
= 1.526 µg/mL) e também
baixa atividade antiviral, quando comparado aos demais materiais-teste, em todas as
estratégias metodológicas usadas.
A análise do perfil cromatográfico do extrato bruto dos frutos de Ilex
paraguariensis é mostrada na figura
1:
Figura 1: Perfil cromatográfico (CLAE) do extrato bruto dos frutos de Ilex
paraguariensis. Condições cromatográficas: Fase móvel: [A: Acetonitrila; B:(Ácido
acético 1%: MeOH - 95:5) (5:95 v/v)]. Fluxo: 0,8mL/min; Fase fixa: coluna RP-C18
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Como pode ser observado na figura 1, a quantidade de ácidos fenólicos nos frutos de
Ilex paraguariensis é extremamente pequena (ver escala achurada em vermelho).
Considerando-se a área total de fenólicos totais, e distribuindo-a para todas as amostras-
teste, incluindo os frutos, este possui quantidade tão pequena que fornece uma
percentagem de 0% (gráfico 1).
28%
11%
32%
29%
0%
Bruto
AcOEt
BuOH
Res Aq
Frutos
Gráfico 1: percentagem de fenólicos totais distribuídos nas
amostras teste incluindo os frutos.
A análise destes resultados reforçam o indício de que os ácidos fenólicos são
um dos responsáveis pela ação antiviral das folhas de Ilex paraguariensis, visto que
esta diminuiu bastante (tabela 1) para os frutos, que possuem um ínfimo teor de
ácidos fenólicos totais.
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