incluídos no processo ensino-aprendizagem fizeram com que cada um deles apresentasse
respostas diferentes para essa situação, procurando, de alguma forma, ajustar-se às atividades
e ao ambiente de sala de aula. SA procedeu fazendo de conta que estava produzindo e
realizando as atividades de sala de aula, numa tentativa de se igualar aos demais colegas. Por
sua vez, SB manifestou-se através do isolamento em sala de aula, comunicando-se e
interagindo somente com SA. Já SC, da terceira série do ensino fundamental, o fez utilizando
a estratégia de ganhar tempo para não realizar as atividades, evitando, dessa forma,
demonstrar suas dificuldades. Cabe ressaltar que as atividades propostas pela professora de
SC não contemplam as suas necessidades específicas e suas dificuldades de linguagem oral,
as quais se manifestam, conseqüentemente, na escrita.
As dificuldades dos três alunos poderiam ser superadas se as professoras
interpretassem suas respostas como parte de um sistema que está em interação, de forma
circular e retroalimentar, a fim de, a partir daí, montar estratégias e ações pedagógicas que
contemplassem as necessidades e as demandas desse ambiente, que é o da sala de aula.
Corroborando com essa questão, Ruas (1976, p.14) afirma: “As respostas que o docente
recebe dos alunos, as suas reações, bem como as dos pais deles ou das autoridades da cadeia
hierárquica, fornecem-lhe informações que o habilitam a decidir a justeza do seu trabalho e a
modificar a estratégia em caso de necessidade”.
As respostas dadas pelos alunos, sujeitos da pesquisa, podem ser vistas como os
padrões de comportamentos que estão utilizando com o objetivo de comunicar algo. Nesse
sentido, outra questão de extrema relevância, a fim de se compreenderem as suas dificuldades
de linguagem, seria analisar a circularidade dos padrões de comunicação, pois, segundo
Watzlawick & Beavin & Jackson (1967, p.41), “não existe princípio e fim num círculo”. Esse
pressuposto poderia fazer com que as ações pedagógicas colocadas na relação com os alunos
partissem da premissa de que todos, no ambiente de sala de aula, influenciam os
comportamentos uns dos outros, incluindo aqui a própria professora.
Além de interpretar as respostas dadas pelos alunos, em sala de aula, o próprio
conhecimento da história de vida de cada um dos alunos sujeitos da pesquisa, pelas
professoras, poderia oferecer subsídios que, igualmente, as auxiliasse a pensar suas ações
pedagógicas. Isso permitiria contemplar a realidade de cada um dos seus alunos, enquanto
sujeitos que, ao chegarem à escola, trazem consigo conceitos, princípios, valores e crenças,
que foram passados pelas suas famílias e que os acompanharão onde eles estiverem e que
influenciarão a forma como cada um deles irá se relacionar com as outras pessoas e com o
próprio processo ensino-aprendizagem.