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O termo taoísta é formado por dois ideogramas chineses: Tao que significa caminho,
exprimindo a idéia de origem de todas as coisas; e Diao que significa ensinamento.
Portanto, taoísmo corresponde à tradição que vem do passado, que revela a origem. Por
isso, o Caminho da Imortalidade, objetivo dos taoístas, é denominado Via do
Retorno, indicando a volta ao princípio. Nesse caminho, a virtude se efetiva através da
mediação de consciência e da compreensão dinâmica do universo para resgatar a ordem
natural da vida.
A escola taoísta tem como base o estudo de três obras, simbolizadas na imagem de uma
árvore. A raiz é o I Ching – O Livro das Mutações, o tronco é o Tao Te Ching –
Livro do Caminho e da Virtude e a flor é o Nan Hua Ching – O Livro da Flor do
Sul. O Tao Te Ching é a estrutura central do taoísmo.
Lao Tse revela um ensinamento que abrange o tempo infinito. Lao Tse corresponde à
transmissão e conservação da tradição taoísta na imagem do mestre, manifestação do
absoluto.
Segundo o cânon taoísta, Lao Tse nasceu na província de Na Hue, na cidade de Guo
Yang, no 25º dia da segunda lua do ano Ken-Tzen da era Wu-Tin (no período entre
1324 – 1408 A.C.). As circunstâncias do seu nascimento foram extraordinárias. De
acordo com a tradição, sua gestação demorou oitenta e um anos. Lao Tse foi concebido
quando sua mãe engoliu uma pérola de luz, transformação da Transparência Sublime
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em sopro, através da essência do Sol. Seu pai era um famoso alquimista da dinastia San
que ascencionou com mais de cem anos, envolvido pelos dragões celestiais. Sua mãe
era considerada a encarnação do Sopro Yin do Céu-Anterior, sendo ao mesmo tempo
sua mestra. Lao Tse nasceu do lado esquerdo das costelas da sagrada mãe, no jardim da
família sob uma árvore de nome Li (ameixeira), com cabelos brancos e orelhas grandes.
Por isso, recebeu o nome de Lao Tse (filho velho) e Li Er (orelha grande da ameixeira).
Lao Tse tem também sentido de Senhor do Fim e do Princípio, já que velho representa
o fim enquanto filho representa o início.
Sua juventude foi vivida no condado de K´u localizado entre Long San (Monte Dragão)
e Guo Sue (Rio Guo). Quando o imperador tirano Zhou assumiu o poder, Lao Tse
mudou-se para a região sul do Chi San, no território do Rei Wen, fundador da dinastia
Chou. Foi convidado pelo rei Wen para ser responsável pela biblioteca real. Mais tarde,
foi nomeado para o cargo de historiador real, permanecendo como tal até o 19º dia da
quinta lua do 25º ano da era do rei Zhao, quando solicitou dispensa e retornou à sua
terra natal, acompanhado do escudeiro Shü Jia. No mesmo ano, Lao Tse iniciou sua
grande viagem para o ocidente, com intuito de chegar aos reinos da atual Índia,
Afeganistão e Itália. Durante a viagem, permaneceu algum tempo na fronteira de Yü
Men e aceitou o oficial-chefe da fronteira como discípulo. Ditou-lhe vários escritos,
entre eles o Tao Te Ching. Muitos anos depois, teve sua ascensão no deserto de Gobi,
durante a qual emanou raios de luz em cinco cores, transformando-se em corpo de luz
dourada e desaparecendo no céu. Após sua ascensão, Lao Tse habitou o Tai Wei Gon
(Palácio da Sublime Sutileza) do Céu-Anterior e dividiu seu corpo para retornar
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A Transparência Sublime (Tai Chin): a Transparência de Jade (Yü Chin) e a Transparência Superior
(São Chin) formam o conceito teológico de Absoluto taoísta.