Embora os seres vivos sejam inumeráveis, eu me comprometo a salva-los.
Embora meus desejos sejam inesgotáveis, eu me comprometo a me libertar
deles. Embora os ensinamentos sejam ilimitados, eu me comprometo a
aprendê-los todos. Embora o budismo seja inalcançável, eu me comprometo
a atingi-lo. (SUZUKI, 1994, p.44)
Jesus, assim como Buda, resume sua síntese do caminho espiritual também no esforço
humano, independente de graça ou recompensa divina. Jesus ordena amar a Deus e ao
próximo, e Buda manda encontrar a felicidade extirpando os defeitos e prazeres mundanos.
Jesus prega a devoção divina e humana, e Buda a purificação. Mas como ter devoção de
qualquer espécie estando com a mente carregada de egoísmos, ganância, desprezo pelo
próximo, orgias, irritação, angústias, medos, traição, vinganças, remorsos, traumas e mágoas?
Nenhuma devoção, nem pelo Divino, nem pelo companheiro poderá existir sem uma
disciplina de eliminação de todas essas distorções mentais. Não seriam então os dois
caminhos, técnicas diferentes e complementares com o mesmo objetivo?
Jesus resumiu seu ensinamento em uma oração, e Buda em quatro. Isso indica que o
Cristianismo prima pela simplicidade de conceitos, em quantidade muito menor que o
Budismo. Só para se ter uma idéia, Buda ensinou 84.000 técnicas para a Iluminação.
3.3 Os mandamentos
Os mandamentos constituem as regras de conduta para as comunidades, o caminho
moral e ético que deve ser seguido.
O Cristianismo adotou os mesmos mandamentos do Judaísmo, e estes permanecem em
incrível semelhança, havendo diferenças diminutas, como por exemplo, a citação do amor de
Deus no Cristianismo que é inexistente no Budismo; e a abstenção de drogas e álcool
inexistente no Cristianismo. Embora o Budismo não coloque a devoção a Deus, evidencia a
orientação de não desrespeitar as Divindades, quando exorta a não blasfemar.
São Mandamentos no Budismo: não matar, ser compassivo, dar e receber com
generosidade, abster-se de drogas e álcool, na adulterar, ser casto, não mentir, não caluniar,
não jurar, não blasfemar, não cobiçar, não invejar, purificar o coração da ira e aprender a
verdade (KHARISHNANDA, 1998, p.99-159).
No Budismo temos mandamentos de conduta que não dizem respeito a verdades
universais, como por exemplo, abster-se de álcool. Ora, exagerar no álcool é sem dúvida um
grande empecilho no desenvolvimento espiritual como em qualquer outro desenvolvimento da
vida, tais como trabalho, família e convívio social. Mas o Budismo estabelece abstenção total