“Francisco Rodrigues de Paula, da ordem de Cristo, Oficial da
Rosa, Arcipreste da Catedral, Provisor e Vigário Geral G. S.
Faço saber que não podendo contrair o sacramento do
Matrimônio como pedem, impedidos os senhores abaixo
declarados, dei a minha sentença de teor seguinte: VISTO
estes autos de dispensa do Sr. Carlos Taucher e Eva Tebanu,
residentes na freguesia da cidade de Paraibuna deste Bispado,
ambos alemães da nação deles demonstraram serem os
próprios ligados com o impedimento de “Cultos Disparitus” por
ser esta protestante e aquele católico romano. Provando-nos
ser a senhora pobre e órfã de mãe, e mesmo o senhor com seu
ofício e agência a poder amparar e ela não foi raptada.
Segundo vistos pela justificação junto, tendo eles provado
estado livre e a senhora assinado termo de não embaraçar seu
consorte no exercício de sua religião católica e de educar e
criar seus filhos(quando os tenha) na religião católica, usando
dos poderes concedidos aos Exmos. Srs. Bispos do Brasil, pelo
Santíssimo Padre Pio IX no breve que começa – UNIVERSI
DOMINICE GREGIS – expedido em Roma aos 17 de março de
1848, e a mim cometido por sua Exa. Revma., dispenso os
referidos senhores do mencionado impedimento – Cultos
Disparitus – para que se possam receber em Matrimônio que
será celebrado, fora da igreja e sem bênção ou outra
formalidade religiosa, e nesta forma se lhes dê sua sentença.
Mariana, 26 de outubro de 1858.
Francisco Rodrigues de Paula, Bispo.”
297
Nestes termos, apesar da presença deste grupo de protestantes luteranos na
cidade, o processo de aculturação que se desenvolveu não foi tão negativo para a
Igreja Católica, pois sendo os filhos destes casamentos educados na doutrina
católica, o resultado parece ter sido positivo.
Vale notar que a situação que se desenvolve com a “Questão Alemã” leva os
luteranos a concentrar forças num projeto de resistências contra os padres
holandeses. A falta de um projeto maior, de afirmação de sua religião, pode ser
analisado em parte pelo direcionamento que foram obrigados a dar na busca de não
perder aquilo que consideram como seus bens. Assim, vemos representantes do
Culto Evangélico Mariano Procópio em Mariana na luta por esta causa, como deixa
296
DREHER, Martin N. Imigração alemã e protestantismo em Minas Gerais, ao longo do século XIX. Juiz
de Fora, Revista RHEMA, 1998, v. 4, n. 16, p. 94.
297
Citado por STEHLING, Luiz José. Companhia União Indústria e os Alemães. Projeto Documento –
Coleção Juiz de Fora I. Juiz de Fora, Prefeitura Municipal, 1979, p, 274.