
A Conferência das Nações Unidas para Meio
Ambiente e o Desenvolvimento UNCED- 9 2 ,
mais conhecida como RIO – 92, foi uma das
grandes mega conferências organizadas pelas
Nações Unidas na década dos 90 e provavelmen-
te a que teve uma influência mais duradoura.
Diferentemente de muitas das outras do
mesmo tipo, que trataram de questões como
desarmamento, discriminação racial e geno-
cídio, a RIO – 92 foi o resultado do trabalho
desenvolvido originalmente por cientistas e não
por diplomatas ou políticos. É o trabalho de
cientistas durante dezenas de anos, analisando
os impactos do desenvolvimento sobre o meio
ambiente, que deu origem à Comissão
Brundtland que levou a Assembléia Geral das
Nações Unidas a decidir realizar a RIO – 92.
No trabalho desta Comissão influíram muito
os trabalhos científicos sobre a destruição da
camada de ozônio, mudanças climáticas e os
impactos do uso da energia no meio ambiente.
Daí se originou o conceito de desenvolvimento
sustentável que caracteriza o período pós RIO –
92 até hoje.
A influência dos cientistas na gênese da RIO
– 92 teve a participação de cientistas brasileiros
entre os quais Paulo Nogueira Neto, um dos
membros da Comissão Brundtland, e de diver-
sos brasileiros, todos membros da Sociedade
Brasileira para o Progresso da Ciência, ouvidos
por ela quando em visita ao Brasil.
Quando se iniciaram em 1991 os trabalhos
preparatórios da Conferência do Rio o então
Presidente da República, Fe rnando Collor,
apoiou entusiasticamente a iniciativa como um
dos meios para aumentar sua projeção
internacional e a própria legitimidade interna
ameaçada pelo processo de “ i m p e a c h m e n t”.
Coube a mim, como Secretário de Meio
Ambiente da Presidência da República, repre-
sentar o Brasil em vários eventos preparatórios
com os governos da Índia, China, Estados
Unidos e inúmeras organizações não governa-
mentais (ONGs).
A extraordinária participação de mais de
100 chefes de Estado, mais a imensa confe-
rência paralela das ONGs na Praia de Copaca-
bana, deram à RIO – 92 o seu caráter único.
O Itamaraty mobilizou na ocasião os seus
melhores quadros para participar da rodada
final de negociações que ocorreu durante a con-
ferência cujos principais resultados foram os
seguintes:
• A Convenção do Clima assinada por todos os países,
inclusive os Estados Unidos
• A Convenção da Biodiversidade assinada por todos
os países, com exceção dos Estados Unidos
• A AGENDA 21
As Convenções são documentos da maior
importância porque, uma vez ratificadas, criam
direitos e obrigações tornando-se não só
tratados internacionais mas sendo incorporadas
às leis dos países.
Isto já ocorreu com a Convenção do Clima
que deu origem em 1997 ao Protocolo de Kyoto
que adotou medidas concretas e mandatórias
para a redução das emissões responsáveis pelo
“efeito estufa”. O processo de ratificação ainda
não foi concluído, mas a recente Conferência de
Bonn em julho de 2001 abriu caminho para que
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RIO – 92:
Dez anos depois