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instalava no Brasil e pretendia criar aqui a primeira escola de Belas Artes, com
um renomado grupo de artistas franceses, o grupo de brasileiros que
desembarca em Paris para as comemorações do ano do Brasil na França se
propõe a mostrar a diversidade cultural brasileira e estreitar os laços culturais
entre Brasil e França. Observa-se que, na primeira situação, a intenção era,
através da criação da escola de artes, implantar um ensino em que não só o
padrão estético, mas a própria maneira de ver eram européias e que
influenciaria toda a produção artística brasileira até a ruptura provocada pela
Semana de Arte Moderna, em 1922
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que, entre outros, tinha como objetivo
trazer um novo olhar sobre a produção artística brasileira, considerando os
diversos aspectos da nossa cultura e não seguindo os cânones da pintura
tradicional.
O que se pode refletir sobre as narrativas propostas pelo conjunto de
capas de diversos períodos da revista BRAVO! aqui analisadas é que elas
podem propor leituras tanto a partir da edição individualizada, quanto na
relação com outras capas, no sentido que cada uma possui um amplo
repertório de elementos/conteúdos que possibilitam uma ampliação dos seus
sentidos, quando relacionadas com os elementos/conteúdos de outras capas.
Um outro aspecto é que mesmo quando a imagem principal traz um
personagem que representa uma outra cultura que não a brasileira, a narrativa
construída pelos diversos outros elementos estabelece uma conexão com
questões da cultura brasileira. Isso pode ser identificado na capa em que
aparece o cineasta Wim Wenders, por exemplo. Neste caso, o texto faz a
ensino de arte no Brasil. UCHOA, Marcelo. A Missão Artística Francesa. www.(historianet.com.br) acessado em 29
de agosto de 2008, 10h39min)
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Semana de Arte Moderna:
Inserida nas festividades em comemoração do centenário da independência do Brasil,
em 1922, a Semana de Arte Moderna apresenta-se como a primeira manifestação coletiva pública na história cultural
brasileira a favor de um espírito novo e moderno em oposição à cultura e à arte de teor conservador, predominantes
no país desde o século XIX. Entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922, realiza-se no Theatro Municipal de São Paulo
um festival com uma exposição com cerca de 100 obras e três sessões lítero-musicais noturnas. Entre os pintores
participam Anita Malfatti (1889 - 1964), Di Cavalcanti (1897 - 1976), Ferrignac (1892 - 1958), John Graz (1891 -
1980), Vicente do Rego Monteiro (1899 - 1970), Zina Aita, Yan de Almeida Prado e Antônio Paim Vieira (1895 -
1988), com dois trabalhos feitos a quatro mãos, e o carioca Alberto Martins Ribeiro, cujo trabalho não se desenvolveu
depois da Semana de 22. No campo da escultura, estão Victor Brecheret (1894 - 1955), Wilhelm Haarberg (1891-
1986) e Hildegardo Velloso (1899 - 1966). A arquitetura é representada por Antônio Garcia Moya (1891 - ca. 1949) e
Georg Przyrembel. Entre os literatos e poetas, tomam parte Graça Aranha (1868 - 1931), Guilherme de Almeida
(1890 - 1969), Mário de Andrade (1893 - 1945), Menotti Del Picchia (1892 - 1988), Oswald de Andrade (1890 -
1954), Renato de Almeida, Ronald de Carvalho (1893 - 1935), Tácito de Almeida, além de Manuel Bandeira (1884 -
1968) com a leitura do poema Os Sapos. A programação musical traz composições de Villa-Lobos (1887 - 1959) e
Debussy, interpretadas por Guiomar Novaes (1894 - 1979) e Hernani Braga, entre outros. (www.itaucultural.
Acessado em 04 de setembro de 2008, 16h15min).