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Contudo, ao educar o operário para o trabalho parcelado, cada trabalhador exerce
apenas uma determinada função, onde não tem domínio sobre todo o processo de produção, e
heterogerido, necessariamente se reforça a dimensão do “coletivo”, categoria fundamental
para a superação do modo de produção capitalista. Percebendo-se como parte de uma
totalidade mais ampla, inserido nas teias de relação sociais e técnicas determinado pelo
processo produtivo, o trabalhador aprende a organizar-se e a trabalhar coletivamente, ao
mesmo tempo em que vai aprimorando o conteúdo do trabalho; ou seja, ele se educa para o
trabalho socializado (KUENZER, 1995:114).
Se voltarmos especificamente para o setor da Construção Civil, podemos considerar
as afirmações de Ferretti (1995) que faz uma análise para a indústria brasileira:
Dada à condição de pouco avanço tecnológico que caracterizou a
indústria, desde o seu início até bem pouco tempo, e também em função dos
parâmetros empregados, é provável que, na maior parte dos casos, as empresas
puderam satisfazer suas necessidades produtivas valendo-se, majoritariamente, de
mão-de-obra não qualificada, ou pouco qualificada, posteriormente “formada” no
próprio local de trabalho, ao sabor das necessidades emergentes. A produção
majoritariamente voltada para o mercado interno, pode assim organizar-se com um
mínimo de investimento em tecnologia. Por conseqüência pôde, com certa
tranqüilidade, produzir em um contexto de baixa competitividade, com o grosso da
mão-de-obra não preparada ou pouco preparada, mas apta à execução das tarefas
rotineiras e repetitivas demandadas pelo trabalho simplificado, valendo-se,
simultaneamente, de um contingente numericamente inferior, mas qualitativamente
superior, de trabalhadores tecnicamente qualificados, ainda que de forma restrita.
A negação do caráter ao mesmo tempo teórico e prático do trabalho justifica a
separação entre decisão e execução, trabalho intelectual e manual, a partir do que se justifica a
dominação do capital sobre o trabalho. Neste contexto a “pedagogia capitalista”, aqui
entendido por Keunzer, como a maneira que as empresas querem que os funcionários sejam
educados, educação essa voltada para suprir as necessidades da empresa, alienando o
trabalhador e produzindo desta forma, o sentido e a própria incompetência no operário, na