Download PDF
ads:
1
A VIOLÊNCIA E O PROCESSO HISTÓRICO DE PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO
HUMANA E DA SOCIEDADE
*
Daniel Ricardo de Oliveira
**
RESUMO:
Este artigo tem por finalidade discutir como a violência em suas várias expressões se constitui uma
força que move a história. Foram analisadas as primeiras formas de sociedade e o papel da violência na produção
e satisfação de necessidades condicionantes às relações humanas. No final deste artigo, serão trazidas algumas
considerações refletindo a violência e luta de classes.
PALAVRAS CHAVE: Violência; homem; processo histórico.
ABSTRACT: This article has for purpose to argue as the violence in its some expressions if it constitutes a force
that moves history. The first forms of society and the paper of the violence in the production and satisfaction of
condition necessities to the relations had been analyzed human beings. In the end of this article, the violence and
fight will be brought some considering reflecting of classrooms.
KEY WORDS:
Violence; man; historical process
Introdução
A violência é uma temática presente em diversos estudos das ciências humanas e
sociais, não somente na contemporaneidade, mas desde tempos remotos, talvez devido a sua
presença multifacetária de difícil combate em todos os períodos na história da humanidade.
É evidente que não se pretende esgotar um tema tão complexo, são trazidas apenas
algumas inquietações quando se articula o ser humano e a violência, mas principalmente,
como o processo histórico de transformação da sociedade recebeu impulsos violentos e como
ela aparece em forma de força motriz das revoluções.
Pensar o ser social em sua natureza, realizando uma aproximação com a violência,
gera indagações como as seguintes: o homem por ser um animal, é dotado de violência, ou
essa é um produto da sociabilidade humana, que possibilita sua produção e reprodução? E
ainda, se for inerente ao humano, porque não desapareceu com o aumento do
desenvolvimento cognitivo e a capacidade perceptiva que ampliam os níveis de compreensão,
determinando comportamentos ético-morais? Ou então, o ser humano não nascendo com a
violência em si, a desenvolve para sua sobrevivência, mas como permanece na
contemporaneidade, de formas cada vez mais complexas e específicas, mesmo com todo o
avanço alcançado, tanto no sentido econômico, como político e social?
Para estudar a temáticaviolência”, torna-se prudente não deixar de considerar o
campo social, mesmo porque ela somente aparece como tal, se for direcionada ao outro,
transformando sua natureza, mesmo que contrária a vontade alheia, ou seja, está diretamente
ligada ao processo de compreensão do outro, sendo um ser da mesma espécie ou não,
considerando, até mesmo um objeto inanimado dentro de uma perspectiva global, uma visão
de mundo, ainda que não se explicite essa compreensão da mundialidade em sua totalidade.
Na tentativa de responder às perguntas apresentadas, faz-se importante contextualizar
o objeto estudado em suas especificidades.
*
Artigo produzido como parte integrante do processo avaliativo das disciplinas Supervisão de estágio I e Oficina
de integração teoria/ prática I de responsabilidades dos docentes Profª MS Celeste Aparecida Pereira Barbosa e
Profª Dra. Edna Aparecida Carvalho Pacheco
**
Aluno do 3º ano do curso de Serviço Social do Centro Universitário Barão de Mauá
Email: danielricardodeo[email protected]m.br
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
2
A violência surge como um produto de relações desenvolvidas, do homem com a
natureza ou entre si, sendo grande viabilizadora da sobrevivência do ser humano em
determinados contextos e períodos, se complexificando para além das primeiras necessidades
humanas, de acordo com as mudanças na sociedade, atendendo a interesses diversos.
Desta forma, diante da necessidade de sobrevivência, ou na ausência de bens
disponíveis à coletividade, o homem natural, para manter-se em condições de se produzir e
reproduzir faz valer sua animalidade através da violência para garantir sua conservação.
Todavia, com a satisfação de suas necessidades essenciais, tantas outras vão surgindo,
na dialética do desenvolvimento das forças produtivas e pelas relações sociais contraídas.
Assim, as necessidades são transformadas e ampliadas, produzindo a sociedade em suas
formas mais complexas e o homem como produto dela.
Por isso a violência atravessa as diversas formas de sociedade, se fazendo presente em
todas elas, desde a transformação do homem pelo trabalho em sua gênese, até a realidade do
trabalho que torna um fim em si mesmo na contemporaneidade, nas guerras ditas santas, que
não purifica ao ateísmo do holocausto. É, portanto, uma das forças utilizadas para conquistas
e satisfações.
Não se trata de uma apologia à violência, exaltando-se a conquistas sangrentas da
barbárie, pelo contrário, procura-se demonstrar nesse artigo, na ausência de qualquer juízo
valorativo, que o processo de produção e reprodução do homem também é possibilitado pela
violência e suas conseqüências.
A VIOLÊNCIA E O PROCESSO HISTÓRICO DE PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO
HUMANA E DA SOCIEDADE
Conforme estudos realizados em obras de autores clássicos como Karl Marx, Friedrich
Engels e Jean Jacques Rousseau, é possível afirmar que a violência em suas várias facetas está
presente em todos os modelos de sociedade, utilizada como instrumento para os processos de
transformação na história da humanidade.
A violência e o homem natural
O homem como animal se diferencia das outras espécies, dada sua capacidade
teleológica que se funda no trabalho.
Por essa capacidade de projetar, pelo trabalho, passa a desenvolver suas forças
produtivas que possibilitam a criação de instrumentos que venham a auxiliar na superação de
adversidades.
A ação do homem sobre a natureza não é pacífica, mas sim, dotada de certa
animalidade, seja na caça e pesca, ou mesmo na confecção de vestimentas que lhe abriga no
frio, ou proteja seu invólucro carnal do sol escaldante; na demarcação de territórios, no
estabelecimento dos clãs, tribos ou castas e até mesmo na formação familiar e proteção de
seus membros.
Nesse sentido, ao se refletir sobre o processo de agrupamento familiar no contexto
sócio-histórico, torna-se possível apontar que traz em si certo caráter violento, se considerada
a divisão social do trabalho não somente como forma de organização, mas também
legitimação de poder, delegando atribuições por gênero e o estabelecimento das relações
patriarcais de subordinação entre homens, mesmo que por dois motivos essências à existência
humana, o trabalho e à procriação.
ads:
3
Para se afirmar que o homem nasce violento, ou tem em si a violência latente, seria
preciso desconsiderar a condições reais para sua existência.
A partir do desenvolvimento da comunicabilidade, principalmente da linguagem, o
homem torna-se social e por isso, desenvolve princípios, normas e regras norteadores do
convívio em sociedade, como a ética e a moral.
Em Rousseau (1959, p.38) “a transição do estado natural ao civil produz no homem
mudança notável, substituindo em sua conduta a justiça ao instinto e dando aos seus atos a
moralidade de que antes careciam”, mas todo esse processo não é garantia de harmonia, pelo
contrário, é com violência que ele se estabelece e legitima e, sendo a liberdade algo natural ao
ser humano, sua conservação se por meios violentos, pois a moralidade e justiça não estão
para todos em condições reais de existência.
De acordo com o filósofo alemão Karl Marx (1982, p.19), “os homens têm que estar
em condições de viver para fazer história”, assim, pelo desenvolvimento das forças produtivas
e das relações sociais contraídas, além das necessidades básicas para produção e reprodução
do ser social, são criadas outras novas que determinam a relação de necessidade como o
primeiro ato histórico.
Com isso, os indivíduos nascem com relações sociais determinadas e independentes de
suas respectivas vontades. Portanto sua satisfação nem sempre se dá de forma amistosa.
Escravidão e violência
Para discorrer sobre a violência especificamente no período escravocrata, faz-se
necessário retomarmos o pensamento de Aristóteles quando afirmava que os homens não são
iguais; uns nascem para a escravidão e outros para o domínio.
Alguns aspectos desta teoria encontram sustentabilidade na realidade daquele período,
pois uma vez nascido escravo, morreria escravo, ainda que as condições para o nascimento, a
configuração social, são construções históricas determinadas pelo próprio homem.
Em uma sociedade escravagista, o escravo se faz pela violência que é arrancado do
solo e pela força que se mantém preso aos grilhões da subserviência, contudo, como analisa
Rousseau (1959, p.42) além dos aspectos violentos da própria relação, ainda que cultural,
entre senhores e escravos, a harmonia não era estabelecida por um determinismo, por vezes,
os rebelados que “renunciavam à liberdade, para não renunciar a qualidade de homens”
travavam sangrentos combates, sendo ceifadas vidas, como se nada representassem.
A violência é utilizada como uma forma de imposição político-ideológica, de classes,
de etnias, gêneros e religiões, como produto de processos em um contexto social que a relação
de indiferença e exclusão são tratadas como naturais e exteriores as complexidades de
determinados modelos de sociedade, trazendo em si valores éticos-morais que balizam a
conduta humana.
Assim, pensando inicialmente o sistema escravista, seja no sentido grego, ou em
outros períodos históricos, como o Brasil do século XIX, a segregação racial ganha
legitimidade também no apoio eclesiástico, pois o negro era visto com um ser sem alma, que
nascera para servir ao branco sem nada receber, exceto a alimentação, para que continuasse
existindo, sendo espoliado de qualquer possibilidade futura.
E o velho Moisés já havia pronunciado o “Não matarás”.
No processo de coisificação das relações, a servidão, o aprisionamento e a exploração
do homem pelo homem, são tratados como algo acidental à sua personalidade, excluindo com
isso, a dialética do processo analítico.
4
A legitimação e manutenção desse processo, por ter sua origem na infra-estrutura,
dialeticamente elevam essa concretude a uma superestrutura, que a faz parecer natural por
meio da cultura, política e educação.
Capitalismo, luta de classes e violência
Na (i)lógica do sistema capitalista, os homens se tornam coisas, pela alienação e
reificação, e as coisas “tomam formas” e tudo se mercantiliza, as relações familiares, a
cultura, a religião, as verdades e mentiras. Essa realidade é tensionada na “fase imperialista”
desse modo de produção, mesmo que essa violência, por vezes, não se materialize na
objetividade carnal, trazendo outros aspectos, como político-ideológico que coisifica a relação
entre homens com a própria humanidade.
As várias metamorfoses do capital, até sua fase madura, devido o processo de
apropriação e expropriação do trabalho coletivo, têm como uma das refrações da questão
social, a violência. Essa apresenta semelhanças em suas explicitações e motivos diversos se
comparado com outros momentos históricos, outras ordens societárias. No entanto, no sistema
capitalista, traz especificidades e se complexifica, em decorrência das transformações
societárias, fruto de alterações nas relações sociais e no mundo do trabalho.
Para Marx e Engels (2001, p.28) “a burguesia rasgou o véu da emoção e de
sentimentalidade das relações familiares e reduziu-as a mera relação monetária”. Assim, a
moral das relações consangüíneas e suas determinações se dissolvem em um emaranhado de
interesses antagônicos e excludentes.
Ao analisar o processo histórico que possibilitou a produção e reprodução humana, a
violência se corporifica nas ações destinadas a sobrevivência e satisfação das necessidades
determinadas historicamente, contribuindo para o processo de apropriação privada.
Na Revolução Industrial e as profundas mudanças por ela introduzidas na sociedade,
decorrentes do modo de produção e apropriação de riquezas, torna-se evidente que a
violência, mesmo em contextos diferentes, guarda semelhanças em sua “utilização”.
Se para aquisição do alimento, na antiguidade o homem precisava utilizar a violência,
no sistema capitalista, essa realidade permanece de forma parecida.
O trabalhador inserido no sistema produtivo vende sua força de trabalho e recebe em
troca o salário, que viabiliza o mínimo necessário para continuar produzindo e reproduzindo,
no entanto, os que não estão inseridos nesse processo, como poderão se alimentar?
Outro exemplo pode ser levado à questão do vestuário. Observe que são tratados
apenas aspectos efetivamente necessários à sociabilidade humana.
Na condição de “homem natural” para proteção seja do frio, do calor, de insetos, o
sujeito se utilizava da violência na retirada do couro de outros animais confeccionando sua
vestimenta. O sistema capitalista, além de tirar a possibilidade do indivíduo confeccionar suas
próprias roupas, ainda que inserido no processo fabril de vestuário, em geral, é alienado do
produto de seu trabalho, tendo que comprar sua própria produção, uma vez que utilizam
instrumentos, meios de produzir de outrem.
Então, aqueles que fazem parte dessa parcela produtora de riquezas têm a
possibilidade de apropriação, despendendo parte do salário adquirido com a venda da força de
trabalho, na compra de vestimentas de forma que possa se apresentar perante a sociedade. E
os que assim não estão, como adquirir por meios próprios suas vestes, que não possuem os
meios de produção e o capital para sua compra?
Friedrich Engels (1982, p.79) ao expor os princípios básicos do comunismo, quando
indagado sobre as principais diferenças entre o proletário se comparado ao escravo e ao servo,
de várias considerações expostas, faz-se oportuno destacar as seguintes:
5
Escravo e proletário:
- O escravo está vendido para sempre - evidentemente considerando aquele contexto
histórico - e o proletário tem de se vender diariamente e hora a hora.
- O escravo é propriedade de um senhor, tem sua existência assegurada pra que
continue cumprindo sua função estabelecida, o proletário se torna propriedade não de um
senhor, mas de toda a classe burguesa, tendo o trabalho comprado quando dele se necessita e
por isso, não tem sua existência assegurada. Somente está assegurada a existência a classe dos
proletários, pois atende a interesses da burguesia.
Servo e proletário:
- O servo tem a posse e o usufruto de um instrumento de produção de trabalho, a terra,
o proletário, ao contrário, utiliza instrumentos de produção que não lhe pertencem, contra o
recebimento de uma parte do produto, ou seja, o servo entrega e o proletário recebe.
- O servo, assim como o escravo, tem sua existência assegurada, o proletário não a
tem, a não ser enquanto classe.
A classe trabalhadora, quando se vê tolhida dos meios que assegure acessos aos
produtos do trabalho coletivo encontra na violência uma das formas de transformar essa
realidade, pois historicamente, como o homem realizou suas conquistas, na ausência de
alternativas?
Mas o processo de conquista violenta está para todas as classes sociais. A violência
apresenta aspectos históricos singulares e coletivos na medida em que indivíduos isolados
passam a identificar semelhanças e diferenças entre si. Em condições reais se reconhecem
como uma classe que se distingue de outra e para vigorar seus interesses travam uma luta
marcada pelo antagonismo econômico-político-social, podendo ocorrer dentro de um combate
ideológico ou por confronto armado.
As Revoluções são as locomotivas que movem a história e a violência o combustível.
É com violência que os bárbaros “tomam” o Império Romano, contribuindo para a
passagem de um mundo antigo à feudalidade, podendo se estender essa análise a tantas outras
revoluções, como na Reforma no século XVI, que concedeu um novo impulso violento ao
processo de expropriação da massa do povo e na francesa, com o papel desempenhado por
Louis Bonaparte que usurpou o seu poder pela exploração da guerra de classe na França.
Se o processo histórico de construção das diversas sociedades se deu pelas lutas de
classes antagônicas, a violência se torna a força que move a história e a Guerra uma forma de
intercâmbio.
Segundo o pensamento de Marx (1983, p.105) “na história real é sabido que a
conquista, a subjugação, o assassínio para roubar, em uma palavra, a violência, desempenha o
grande papel”. Desta forma, os processos transacionais societários são viabilizados pela
violência empregada, seja em aspectos econômicos, políticos ou sociais, que se configuram
com a imposição do poder.
Nas diversas fases do capitalismo, seja na industrial, monopolista ou imperialista, a
violência constitui instrumento para imposições classistas, bem como, para conservação da
ordem, principalmente pelos aparatos coercitivos do Estado que é fundamental em todas as
ordens sociais, pois “se torna a forma em que os indivíduos de uma classe dominante fazem
valer os seus interesses”. (MARX, 1982, p.72).
Se durante as metamorfoses do capital, as crises recessivas sempre estiveram
presentes, é na década de 1980, com a crise do Estado - Providência, que as explicitações das
contradições inerentes a esse modo de produção, se manifestam com maior aprofundamento.
Nesse período e já na entrada da década seguinte, impulsionado pelo processo de
globalização, o mundo do trabalho com relações de subempregos e a realidade de desemprego
6
estrutural sofre profundas alterações, pois o trabalho é cada vez mais coletivo e a apropriação
é ainda mais privada.
Contudo, a relação entre Estado, Mercado e sociedade civil, tem o mercado como
norteador das relações econômicas, ético - políticas e sociais, desenvolvendo relações de
consumo, onde o ter prevalece em detrimento do ser. E os que não têm?
As relações se coisificam e a violência adotada pelo sistema capitalista, produz
violentos reflexos em toda a estrutura social.
A violência se apresenta com uma potência em três sentidos: econômico, pelo
processo de superação de cada fase do desenvolvimento das forças produtivas, derrubando
uma “velha” sociedade e construindo uma “nova”, ainda que, essa se submeta as condições de
produção e de intercâmbio da primeira, político, pela forma de controle desenvolvido para se
legitimar a relação de exploração e por fim social, pois ela não ocorre por si só, é um produto
de homens reais em condições reais, consubstanciada pelas relações sociais desenvolvidas no
processo de produção e reprodução da existência humana.
Analisando o capitalismo, o pensador alemão, entende que desde a gênese desse modo
de produção, marcada pela destruição violenta de forças produtivas e conquistas de novos
mercados, ao mesmo tempo em que expande fronteiras, as crises recessivas se tornam
cíclicas.
Seguindo ainda o pensamento de Marx (1983, p.145) “a violência é a parteira de toda
a velha sociedade que está grávida de uma nova”. Pelos aspectos tirânicos e usurpadores
todos os modelos anteriores de sociedade, pautados na divisão de classes foram superados,
mesmo porque, “tudo que é sólido se desmancha no ar”. Sendo assim, dadas as próprias
contradições, a superação do capitalismo, torna-se inevitável. As armas utilizadas pela
burguesia voltam-se contra ela mesma, pois não forjou apenas os instrumentos que levam a
Revolução, mas os homens que os manejam.
A luta de classes e a tomada de poder político do Estado pelo proletário teriam como
efeito, em uma relação de causalidade, a libertação de toda a sociedade, pois a classe
trabalhadora “toma sob seu controle as suas condições de existência e as de todos os membros
da sociedade”. (MARX, 1982, p.61)
Como isso ainda não ocorreu, a análise de Rousseau (1959, p.37) no século XVIII
continua atual, quando afirma que “o homem nasceu livre e não obstante, está acorrentado em
toda a parte”.
Considerações finais
A violência é algo inerente ao humano, inato ou, assim como o próprio homem, é
também produto da ação dialética do ser com a natureza e fruto do desenvolvimento das
relações sociais? E ainda, qual o papel da violência do processo de produção e reprodução da
sociedade, desde os modelos mais “primitivos” à contemporaneidade.
É importante ressaltar, que não se pretende em um artigo responder todas essas
indagações e “dar contade interpretar o real em suas rias articulações, nesse complexo
emaranhado de situações que permeiam o cotidiano de cada ser social.
Porém, é possível realizar algumas reflexões que fundamentam as inquietações
suscitadas a partir da temática proposta para estudo; a violência!
Ao se analisar, por exemplo, os períodos escravocratas, feudal e o próprio capitalismo,
que são violentos em suas formas de apropriação e expropriação, é possível afirmar que
inerentes a eles, ao menos uma semelhança, o cerceamento da liberdade humana, mesmo
que tragam em si, especificidades de cada conjuntura.
7
Esse aprisionamento, dentro da perspectiva do materialismo histórico e dialético é
violento por si e não foi realizado por vias pacíficas, em momentos de transições naturais,
pelo contrário, ocorre pelo domínio violento de uma classe sobre a outra, em condições
materiais - portanto reais - de produção.
As várias facetas da violência contra a natureza humana, do humano genérico, por
interesses de uma classe dominante, possibilitam a supressão do homem pelo homem.
Por não ser inato do ser humano, mas sim da sociedade, a violência não desapareceu
com o desenvolvimento das forças produtivas, ou mesmo, pelos aspectos culturais e morais de
cada realidade, porque na dialética da materialidade em condições reais e profundas o ser
social está em constante transformação, desenvolvendo novas necessidades e diversos
mecanismos para sua satisfação.
Essa luta de indivíduos ou de classes se pela subordinação ao poder das coisas e
pelas necessidades a partir delas construídas e cultivadas. Assim, as condições indispensáveis
para se afirmar os interesses de uma classe, muitas vezes, são criadas por meio de uma
violência brutal.
Contudo, com certeza torna-se necessário um maior aprofundamento na discussão
sobre violência, na análise histórica da sociedade em cada conjuntura e como essa força
motriz opera nos diversos contextos sociais. Não se apresentou verdades e mentiras nesse
artigo, apenas inquietações que possibilitarão outros estudos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, M.B.M; ARRUDA, S.M. Como elaborar um artigo cientifíco. Disponível em:
< www.bu.ufsc.br/ArtigoCientifico.pdf>. Acesso em: 01 out. 2007.
ENGELS, F. Princípios básicos do comunismo. in Marx Engels Obras Escolhidas em três
tomos. Tomo I. Lisboa – Moscovo: Editorial “Avante!”, 1982.
MARX, K. Génese do capitalista industrial. in Marx Engels Obras Escolhidas em três tomos.
Tomo II. O Capital. Lisboa – Moscovo: Editorial “Avante!”, 1983.
MARX, K. O segredo da acumulação original. in Marx Engels Obras Escolhidas em três
tomos. Tomo II. O Capital. Lisboa – Moscovo: Editorial “Avante!”, 1983.
MARX, K; ENGELS, F. A concorrência dos indivíduos e a formação das classes.
Desenvolvimento da contradição entre os indivíduos e as condições da sua vida. A
comunidade ilusória dos indivíduos na sociedade burguesa e a unidade real dos indivíduos no
comunismo. A subjugação das condições de vida da sociedade ao poder dos indivíduos
unidos. in Marx Engels Obras Escolhidas em três tomos. Tomo I. Feuerbach. Oposição das
concepções materialistas e idealistas. Lisboa – Moscovo: Editorial “Avante!”, 1982.
MARX, K; ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista. Porto Alegre: L&PM Pocket,
2001.
MARX, K; ENGELS, F. Relação do Estado e do direito com a propriedade. in Marx Engels
Obras Escolhidas em três tomos. Tomo I. Feuerbach. Oposição das concepções materialistas e
idealistas. Lisboa – Moscovo: Editorial “Avante!”, 1982.
8
MARX, K; ENGELS, F. Relações históricas primordiais, ou os aspectos básicos da actividade
social: produção dos meios de subsistência, produção de novas necessidades, reprodução das
pessoas (a família), intercâmbio social, consciência. in Marx Engels Obras Escolhidas em três
tomos. Tomo I. Feuerbach. Oposição das concepções materialistas e idealistas. Lisboa –
Moscovo: Editorial “Avante!”, 1982.
ROUSSEAU, J. J. O contrato social. Rio de Janeiro: Brasil Editora, 1959.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo