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processo de acompanhamento, desenvolveu alguns aspectos fundamentais para a prática do
acompanhamento. Além disso, Cabarrús pensa esse processo de acompanhamento no
contexto da América Latina. O teólogo, depois de leituras e de sistematizar diferentes
materiais, propõe um método de acompanhamento, reunido no Cuaderno de Bitácora.
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Cabarrús toma por base a experiência de Inácio de Loyola, os Exercícios Espirituais,
ressaltando a importância do acompanhamento. Insiste na necessidade de uma formação séria
e de critérios para que esse acompanhamento se dê de maneira equilibrada, levando em conta
todas as dimensões do ser humano, não somente a dimensão espiritual, mas também a
psíquica e a histórica. Com base nesse tríptico, elabora o método de acompanhamento
denominado psico-histórico-espiritual.
Para Cabarrús, o acompanhante na prática dos Exercícios Espirituais deve, antes de
tudo, ser uma pessoa integrada. Deve ser alguém que fez uma profunda experiência de oração,
de encontro com Deus, estar engajada e ter algum compromisso com a transformação da
realidade. Além disso, sentir-se impelida, chamada, como vocação, a ajudar outras pessoas no
processo de acompanhamento.
Tendo presentes essas premissas, nesse capítulo expomos o método psico-histórico-
espiritual, desenvolvendo cada um desses termos, a harmonia pessoal, a harmonia espiritual e
o compromisso histórico harmônico. Por fim, a contribuição dos Exercícios Espirituais no
método psico-histórico-espiritual e as considerações para um acompanhamento nos tempos
atuais. O autor desenvolve a dimensão histórica por último, por achá-la o “eixo e o ponto final
do acompanhamento psico-histórico-espiritual”.
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se levar; Discernir na Igreja Hoje: obras traduzidas e publicadas pelas Edições Loyola de São Paulo. Cuadernos
de Bitácora, para acompañar caminantes. Guía psico-histórico-espiritual; La mesa del banquete del Reino:
criterio fundamental del discernimento: publicados pela editora Desclée de Brouwer. Lo Maya: ¿una identidad
con futuro? En la conquista del ser: Guatemala: Cedim; La cosmovisión k'ekchí en proceso de cambio: San
Salvador: UCA; Seducidos por El Dios de los Pobres: los Votos Religiosos desde la Justicia que Brota de la Fe:
Espanha: Narcea.
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“O Caderno de Bitácora era o livro no qual se anotavam, detalhadamente, os elementos da rota de um barco:
dados metereológicos, dados relativos à propulsão e às vicissitudes ocorridas nas viagens. Ali se apontava o
rumo, a velocidade, as manobras e demais incidências da navegação. Seu nome vem de uma derivação da
palavra habitare e quer dizer algo que está aí, o centro de operações da embarcação. Era tão importante para
seguir a rota do mar, que nos séculos XVI e XVII, quando o Oceano Pacífico era explorado por espanhóis e
portugueses, os ingleses, ao capturar um barco, buscavam fundamentalmente roubar o Caderno de Bitácora, pois
com ele, podiam regressar à Índia e ao Japão. Com o Caderno de Bitácora tornava-se possível recorrer
novamente uma rota, ir a um lugar conhecido, orientar-se em meio ao oceano, desfazer mares navegados,
regressar por uma rota navegada, reencontrar o rumo. Era o grande tesouro de um capitão de barco: sem ele, não
era possível deslocar-se no meio do mar”. (Carlos Rafael CABARRÚS, 2000, p. 8). (Tradução própria: Assim
como essa, as demais citações diretas, que aparecem ao longo deste terceiro capítulo da obra de Carlos Rafael
CABARRÚS, Cuaderno de Bitácora, foram tradução própria).
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Carlos Rafael CABARRÚS, Cuadernos de Bitácora, p. 99.