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Mas o cenário começa a se alterar. Como exemplo, podemos citar a indústria do cimento, na
área privada, o setor com melhores resultados. Em 1947, havia somente duas fábricas em
Minas Gerais; já em 1962, eram sete.
Um fator que contribuiu para essa nova realidade foi o empenho governamental na
expansão da infra-estrutura - sobretudo na área de energia e transportes - cujos resultados se
traduziram na criação, em 1952, da Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG) e no
crescimento da malha rodoviária estadual
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, com destaque para a inauguração da Fernão Dias,
que liga Belo Horizonte a São Paulo, no fim da década, possível através da criação do
Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) em 1946
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. Ainda no ano
de 1952 foi criada a Mannesmann S/A, produtora de tubos de aço sem custura, para atender a
indústria petrolífera.
O panorama de Minas Gerais começava a se alterar, como relata Diniz:
... na segunda metade da decada de 1950, vários projetos estrangeiros vieram para
Minas Gerais, especialmente para a Cidade Industrial de Contagem, que se
transformou no maior núcleo industrial de Minas. ... a estrutura industrial do Estado
começou a ganhar alguns contornos... Em primeiro lugar, com a expansão da
metalurgia e do cimento, iniciava-se a especialização mineira na produção de bens
intermediários... Em segundo lugar, crescia o peso relativo do capital estrangeiro na
incipiente indústria mineira, já que as empresas mais importantes estavam sob seu
controle: Belgo (Luxemburgo), Ferro Brasileiro (França), Mannesmann (Alemanha),
ALCAN (Canadá), Cominci (França), RCA Victor (Estados Unidos), Pohlig-Heckel
(Luxemburgo), Sociedade Brasileira de Eletrificação (Itália), Eletro-Solda Autogena
Brasileira (Suiça), Trefilaria da Belgo (Luxemburgo). (DINIZ, 2002, p. 91).
O autor chama a atenção para a grande presença de capitais estrangeiros no Estado,
pois demostra que o capital mineiro não estava respondendo pelo processo de condução do
desenvolvimento econômico de Minas Gerais.
O que podemos observar na estrutura econômica do Estado, a partir do governo de
Kubitschek, foi um aumento significativo na geração de energia elétrica e uma ampliação da
malha rodoviária, dando suporte ao desenvolvimento industrial. Quando se dá a chegada de
Juscelino no governo federal (1956-1961), nota-se a continuação, em escala superior, das
orientações implementadas no Estado. O Plano de Metas (Cinqüenta anos em cinco) vinha ao
encontro do “Binômio: energia e transporte”, implementado no Estado.
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O plano de Juscelino Kubitschek era abrir 2.000 km de rodovias e pavimentar 500 km, mas o programa foi
além do previsto e construiu 3.725 km de estradas.
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A sustentação dos projetos da CEMIG e do DER-MG foram garantidos através de recursos advindos do setor
privado e de fundos do governo federal. Sobre a alocação destes recursos, ver Dulci (1999).