
en la sociedad permanecen separados a pesar de todas las uniones.
Por consiguiente, no tienen lugar en ella actividades que puedan
deducirse a priori y de modo necesario de una unidad existente, y
que, en consecuencia, también en cuanto se operan por medio del
individuo, expresen en él la voluntad y espíritu de esta unidad, o
sea que tanto se llevan a cabo para él mismo como para los que con
él están unidos. Todo lo contrario: en ella cada cual está para sí
solo, y en estado de tensión contra todos los demás. Las esferas de
su actividad y de su poder están rigurosamente delimitadas, de
suerte que cada cual rechaza contactos e intromisiones de los
demás, considerándolos como actos de hostilidad. Esta actitud
negativa es la relación normal e siempre fundamental entre estos
sujetos de poder, y caracteriza a la sociedad en estado de equilibrio
(TÖNNIES, idem, p. 65).
Todas essas diferenciações são didáticas e não representam imagens perfeitas do
real, porém são representações bastante profícuas para que pensemos de modo mais dinâmico
a subjetividade ocidental. Há relações inevitáveis entre esses dois tópicos e, se por um lado
podemos afirmar que nem sempre é fácil operar essa distinção na contemporaneidade, por
outro, os limites entre uma e outra podem muitas vezes ser absolutamente fictícios. Tomemos
a Razão e a Fé, abordadas anteriormente. Poderíamos tentar distinguir o posicionamento
subjetivo de uma e outra discernindo a Razão como um padrão societário e a Fé como uma
referência comunitária ou cultural. Não estaríamos errados ao fazer isso. Poderíamos
corresponder as relações políticas que levaram Platão e seus aristocratas à vitória sobre os
sofistas estreitamente a um “jogo de sociedade” e estabelecer as relações pautadas pela
comunhão religiosa
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como uma “ligação” afetiva posta para “re-ligar” uma pessoa ou grupo a
pessoas, grupos ou mesmo idéias não mais presentes, num autêntico espírito comunitário, um
“jogo infinito”. No entanto, as coisas não são tão simples quanto parecem.
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Para Houaiss (ibidem), o elemento de composição “religi-“ está relacionado a: “antepositivo, do lat.
religìo,ónis (relligìo nos poetas dactílicos) 'religião, culto prestado aos deuses, prática religiosa; escrúpulo
religioso, receio religioso, sentimento religioso, superstição; santidade, caráter sagrado; objeto de um culto,
objeto sagrado; uma divindade, um oráculo; profanação, sacrilégio, impiedade; lealdade, consciência, exato
cumprimento do dever, pontualidade; cuidado minucioso, escrúpulo excessivo'; us. em todas as épocas; "o
prefixo é re-, red- (cf. relliquiae, reliquiae)", dizem Ernout e Meillet, "mas o segundo elemento é obscuro. Os
latinos ligam-no a relegere (...), etimologia defendida por Cícero (...). Outros autores [Lactâncio e Sérvio]
associam religìo a religáre: seria propriamente 'o fato de se ligar com relação aos deuses', simbolizado pela
utilização das uittae ['fitas para enfeitar as vítimas ou ornar os altares'] e dos stémmata no culto. Alega-se em
favor desse sentido a imagem de Lucrécio, 1, 931: religionum nodis animum exsoluere; (...). O sentido seria
portanto: 'obrigação assumida para com a divindade; vínculo ou escrúpulo religioso' (cf. mihi religio est 'tenho
o escrúpulo de'); depois 'culto prestado aos deuses, religião'."; der. latinos: religiósus,a,um 'religioso, piedoso;
consagrado pela religião, santo, sagrado; supersticioso; escrupuloso, consciencioso; proibido pela religião,
ímpio, sacrílego', lat.imp. religiosìtas,átis 'religiosidade, piedade', lat.imp. irreligiósus,a,um 'ímpio, irreligioso',
irreligiosìtas,átis 'impiedade' (linguagem da Igreja), lat.imp. irreligìo,ónis; a cognação port. desenvolve-se
desde as orig. do idioma: correligionário, correligionarismo, correligionarista, correligionarístico,
correligiosismo, correligiosista, correligiosístico; irreligião, irreligiosidade, irreligiosismo, irreligioso;
religião, religiomania, religiomaníaco, religiômano, religionário, religiosa, religiosidade, religioso,
religiúncula.”