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NÍVEIS DE 17α-METILTESTOSTERONA EM
DIFERENTES TEMPERATURAS NA INVERSÃO
SEXUAL DE TILÁPIAS Oreochromis niloticus
CRISTINA DELARETE DRUMMOND
2007
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CRISTINA DELARETE DRUMMOND
NÍVEIS DE 17α-METILTESTOSTERONA EM DIFERENTES
TEMPERATURAS NA INVERSÃO SEXUAL DE TILÁPIAS
Oreochromis niloticus
Tese apresentada à Universidade Federal de
Lavras como parte das exigências do Programa
de Pós-graduação em Zootecnia, área de
concentração em Produção Animal, para a
obtenção do título de "Doutor".
Orientador
Prof. Dr. Luis David Solis Murgas
LAVRAS
MINAS GERAIS - BRASIL
2007
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Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da
Biblioteca Central da UFLA
Drummond, Cristina Delarete
Níveis de 17α-metiltestosterona em diferentes temperaturas na inversão sexual
de tilápias Oreochromis niloticus / Cristina Delarete Drummond. -- Lavras
:
UFLA, 2007.
90 p. : il.
Orientador: Luis David Solis Murgas
.
Tese (Doutorado) – UFLA.
Bibliografia.
1. Tilápia. 2. Inversão sexual. 3. Temperatura. I. Universidade Federal
de Lavras. II. Título.
CDD-639.3758
CRISTINA DELARETE DRUMMOND
NÍVEIS DE 17α-METILTESTOSTERONA EM DIFERENTES
TEMPERATURAS NA INVERSÃO SEXUAL DE TILÁPIAS
Oreochromis niloticus
Tese apresentada à Universidade Federal de
Lavras como parte das exigências do Programa
de Pós-graduação em Zootecnia, área de
concentração em Produção Animal, para a
obtenção do título de "Doutor".
APROVADA em 8 de março de 2007.
Prof. Dr. Carlos José Pimenta - UFLA
Prof. Dr. Laércio dos Anjos Benjamin - UFV
Profa. Dra. Priscila Vieira Rosa Logato - UFLA
Prof. Dr. Rilke Tadeu Fonseca de Freitas - UFLA
Prof. Dr. Luis David Solis Murgas
UFLA
(Orientador)
LAVRAS
MINAS GERAIS - BRASIL
Ao meu marido, Bruno,
pelo carinho, companheirismo e incentivo;
À minha filha, Bia,
pelo simples fato de existir;
A todos aqueles que, de alguma forma, colaboraram para a
concretização deste curso e deste trabalho.
DEDICO
Aos meus pais, Hely e Neuza, que sempre me apoiaram e me ajudaram durante
toda a minha vida.
OFEREÇO
AGRADECIMENTOS
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais
(FAPEMIG), pelo apoio financeiro.
À GENEFORTE Agropecuária, em especial ao Médico Veterinário
Bruno Machado Queiroz, pelas orientações e apoio dispensado.
Especial agradecimento ao meu marido Bruno Vicentini, por todo o
tempo dedicado e responsabilidade na realização deste trabalho.
Ao Prof. Luis David Solis Murgas pela orientação e tempo dispensado a
este projeto.
Ao técnico da Estação de Piscicultura da UFLA, Elecir Pereira, por toda
atenção e fundamental cooperação.
Aos estagiários, Natália Michele Nonato Mourad, Adriano Carvalho
Costa, Daiane Moreira Silva, Aline Callegari Silva, Adriana Cristina da Silva,
Ricardo Sales Araújo, Rodrigo Alves Barros e Luly de Assis Nogueira, por todo
empenho e dedicação ao experimento.
Aos colegas, Leandra Queiroz de Melo, Juliana Milan de Aquino Silva,
Gilmara Junqueira Machado Pereira e Aléssio Batista Miliorini, por toda a ajuda
concedida.
Ao colega Márcio Gilberto Zangerônimo e ao Prof. Rilke Tadeu Fonseca
de Freitas pela colaboração nas análises estatísticas e pelos conhecimentos
transmitidos.
Enfim, a todos que contribuíram para minha formação e realização de
mais esta etapa na minha vida, agradeço.
SUMARIO
RESUMO..............................................................................................................i
ABSTRACT........................................................................................................II
1 INTRODUÇÃO................................................................................................1
2 OBJETIVOS ....................................................................................................3
2.1 Objetivo geral .................................................................................................3
2.2 Objetivos específicos ......................................................................................3
3 REFERENCIAL TEÓRICO ..........................................................................4
3.1 Histórico do cultivo da tilápia.........................................................................4
3.2 Tilápia do Nilo................................................................................................7
3.3 Determinação e diferenciação sexual em peixes.............................................9
3.4 Produção de populações monossexo.............................................................15
3.5 Inversão sexual utilizando hormônio na ração..............................................16
3.5.1 Hormônio 17α-metiltestosterona...............................................................18
3.5.2 Início e duração do tratamento hormonal para inversão sexual.................20
3.5.3 Dosagem do hormônio...............................................................................22
3.5.4 Arraçoamento.............................................................................................22
3.5.5 Preparo, conservação e armazenamento da ração com hormônio .............24
3.5.6 Taxa de inversão sexual.............................................................................25
3.5.7 Técnicas hormonais de inversão sexual utilizando hormônio na ração .....26
3.5.7.1 Técnica hormonal direta .........................................................................26
3.5.7.2 Técnica hormonal indireta ......................................................................27
3.5.7.2.1 Tilápias geneticamente machos ...........................................................29
3.5.8 Feminilização paradoxal............................................................................30
3.5.9 Resíduos do 17α-metiltestosterona............................................................31
3.6 Inversão sexual por imersão .........................................................................34
3.7 Inversão sexual pela temperatura..................................................................35
3.8 Inversão sexual pela salinidade.....................................................................38
3.9 Inversão sexual pelo pH................................................................................39
3.10 Hibridização................................................................................................39
3.11 Sexagem manual.........................................................................................42
4 MATERIAL E MÉTODO.............................................................................44
4.1 Local de execução do experimento...............................................................44
4.2 Animais e instalações....................................................................................44
4.3 Preparo da ração............................................................................................47
4.4 Experimento..................................................................................................48
4.5 Procedimento para estudo histológico ..........................................................50
4.5 Delineamento experimental e análise estatística...........................................52
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................53
5.1 Avaliação dos parâmetros físico-químicos da água......................................53
5.2 Avaliação do peso, tamanho e sobrevivência das pós-larvas após 28 dias
de tratamento................................................................................................53
5.3 Avaliação da taxa de inversão sexual das pós-larvas de tilápia....................63
CONCLUSÕES.................................................................................................69
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................70
ANEXOS............................................................................................................84
LISTA DE TABELAS
TABELA 1.
Peso (g) das pós-larvas de tilápia, após 28 dias de
tratamento, criadas em tanques com diferentes
temperaturas, alimentadas com ração contendo diferentes
doses de hormônio...............................................................
54
TABELA 2.
Tamanho (cm) das pós-larvas de tilápia, após 28 dias de
tratamento, criadas em tanques com diferentes
temperaturas, alimentadas com ração contendo diferentes
doses de hormônio............................................................... 56
TABELA 3.
Sobrevivência (%) das pós-larvas de tilápia, após 28 dias
de tratamento, criadas em tanques com diferentes
temperaturas, alimentadas com ração contendo diferentes
doses de hormônio............................................................... 58
TABELA 4.
Proporção (%) de machos identificados na sexagem
visual (S) e na análise histológica (L) ao final do
experimento.........................................................................
63
TABELA 5.
Porcentagem da relação da sexagem manual de alevinos
de tilápia com a análise histológica das gônadas, ao final
do experimento.................................................................... 64
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1.
Molécula do 17α−metiltestosterona.................................... 18
FIGURA 2.
Modo de atuação do 17α-metiltestosterona........................ 20
FIGURA 3.
Esquema da papila genital da tilápia do Nilo...................... 43
FIGURA 4.
Caixa d´água utilizada no experimento, dotada de sistema
de aquecimento, aeração e abastecimento de água............. 45
FIGURA 5.
Bandejas plásticas utilizadas no experimento..................... 46
FIGURA 6.
Hapas utilizados para alojar as pós-larvas de tilápia após
o tratamento hormonal, localizados dentro de tanques de
alvenaria.............................................................................. 46
FIGURA 7.
Papilas genitais de tilápias observadas na sexagem
manual................................................................................. 50
FIGURA 8.
Ovário de tilápia contendo ovócitos em diversos estádios
de maturação (400x)............................................................ 51
FIGURA 9.
Testículo de tilápia contendo células da linhagem
germinativa em vários estádios de diferenciação (400x).... 51
FIGURA 10.
Peso (g) médio das pós-larvas de tilápia após 28 dias de
tratamento, em função da temperatura de estocagem,
alimentadas com ração contendo A) 20 mg, B) 40 mg, e
C) 60 mg de 17α-metiltestosterona/Kg de ração................ 55
FIGURA 11.
Peso (g) médio das pós-larvas de tilápia após 28 dias de
tratamento, criadas na temperatura de 28ºC, alimentadas
com ração contendo diferentes doses de 17α-
metiltestosterona/kg de ração..............................................
56
FIGURA 12.
Tamanho (cm) médio das pós-larvas de tilápia após 28
dias de tratamento, criadas em diferentes temperaturas de
estocagem, independentemente da dose de 17α-
metiltestosterona na ração...................................................
57
FIGURA 13.
Taxa de sobrevivência (%) das pós-larvas de tilápia após
28 dias de tratamento em função da temperatura de
estocagem, alimentadas com ração contendo A) 0 mg, B)
20 mg, C) 40 mg e D) 60 mg de 17α-
metiltestosterona/Kg de ração.............................................
59
FIGURA 14.
Média de sobrevivência (%) das pós-larvas de tilápia após
28 dias de tratamento em função da dosagem de 17α-
metiltestosterona incorporada na ração,
independentemente da temperatura da água de
estocagem............................................................................ 60
FIGURA 15.
Média da porcentagem de machos de tilápia obtidos ao
final do experimento em função das doses hormonais
utilizadas, independentemente da temperatura de
estocagem............................................................................ 64
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1
Características nutricionais da ração comercial utilizada
no experimento.................................................................... 47
i
RESUMO
DRUMMOND, Cristina Delarete. Níveis de 17α-metiltestosterona em
diferentes temperaturas na inversão sexual de tilápias Oreochromis
niloticus. 2007. 90 p. Tese (Doutorado em Zootecnia) – Universidade Federal de
Lavras, Lavras, Minas Gerais, Brasil.
Devido à precocidade sexual e ao maior crescimento do macho de tilápias do
Nilo em relação às fêmeas, várias técnicas de inversão sexual, mais
especificamente de masculinização ou produção de populações monossexo, têm
sido preconizadas. Dentre as técnicas utilizadas para inversão sexual em tilápias,
a mais difundida no mundo e no Brasil é a utilização de hormônios incorporados
na ração, principalmente o 17α-metiltestosterona. Apesar de ter sido
demonstrado que a utilização de hormônio não resulta no acúmulo de resíduos
nos tecidos dos peixes tratados, ainda existem preocupações quanto à sua
liberação no ambiente e à reação dos consumidores. Portanto, o objetivo deste
trabalho é avaliar a técnica de inversão sexual utilizando hormônio 17α-
metiltestosterona (MT), aliada à modificação da temperatura de estocagem das
larvas de tilápia, visando diminuir a dosagem hormonal normalmente
empregada, para minimizar o impacto ambiental que o uso de hormônios possa
causar. O experimento foi conduzido na Estação de Piscicultura da UFLA,
utilizando pós-larvas de tilápia obedecendo a um delineamento experimental
inteiramente casualizado em esquema fatorial 4x4, com 4 temperaturas (26º, 28º,
30º e 32ºC) e 4 doses hormonais (0, 20, 40 e 60mg de MT/kg de ração) durante
28 dias, com 5 repetições. Para determinar a inversão sexual das tilápias, foi
realizada a análise histológica das gônadas, além da sexagem manual. À medida
que se elevou a temperatura, a taxa de ganho de peso, o tamanho e a
sobrevivência foram maiores (p<0,01); entretanto, este aumento na temperatura
não foi suficiente para alterar a proporção de machos (p>0,01), que ocorreu
apenas em função do hormônio utilizado. A dose de 40 mg de MT/kg de ração
proporcionou resultados semelhantes aos da dose de 60 mg de MT/kg de ração.
Portanto, a faixa de temperatura entre 26º e 32ºC não influencia na taxa de
inversão sexual, mas temperaturas em torno de 30ºC melhoram a performance
das tilápias quanto a crescimento e sobrevivência. A dose de 40 mg de MT/kg de
ração é suficiente para a obtenção de populações monossexo.
Comitê Orientador: Luis David Solis Murgas – UFLA (Orientador), Priscila
Vieira Rosa Logato – UFLA, Rilke Fonseca de Freitas – UFLA.
ii
ABSTRACT
DRUMMOND, Cristina Delarete. Levels of 17α-methyltestosterone in
different temperatures on sex inversion of Nile tilapias Oreochromis
niloticus. 2007. 90 p. Thesis (Doctoral in Animal Production) - Federal
University of Lavras, Lavras, Minas Gerais, Brazil.
Due to sexual precocity and higher growth rate of Nile tilapia males in relation
to females, several techniques on sex inversion, more specifically the
masculinization or production of mono-sex populations, have been praised.
Among the techniques used for sex inversion in tilapias, the most disseminated
around the world and Brazil is the hormone usage incorporated to ration, mainly
17α-methyltestosterone. In despite of it has been demonstrated that hormone
usage does not result in residues accumulation in treated fish tissues, there still
are concerns about its release in environment and consumers response.
Therefore, the objective of this work is to evaluate the sex inversion technique
using 17α-methyltestosterone (MT) hormone, combined with temperature
modification of tilapia larvae storage, aiming at the decrease of hormonal dosage
normally employed, reducing an environmental impact which the hormone
usage could cause. The experiment was performed at UFLA Fish Culture
Station, using tilapia after-larvae obeying a totally randomized experimental
delineation in a factorial scheme 4x4, in 4 temperatures (26º, 28º, 30º, 32ºC) and
4 hormonal doses (0, 20, 40, 60mg of MT/kg of ration) during 28 days, with 5
repetitions. In order to determine tilapias sex inversion, gonads histological
analysis was performed, beyond manual sexing. As temperature raised, weight
gain rate, size and survival increased (p<0,01); however, this temperature raise
was not effective in modifing males ratio (p>0,01), which occurred only due to
the used hormone treatment. The dose of 40mg of MT/kg of ration provided
similar results to those of 60mg of MT/kg of ration. Hence, the temperature band
from 26º to 32ºC does not affect sex inversion rate, but temperature around 30ºC
improves the performance of tilapias related to the growth and survival. The
dose of 40 mg of MT/kg of ration is enough to achieve mono-sex populations.
Advisory committee: Luis David Solis Murgas - UFLA (Advisor), Priscila
Vieira Rosa Logato - UFLA, Rilke Tadeu Fonseca de Freitas - UFLA.
1
1 INTRODUÇÃO
Devido à precocidade sexual e ao maior crescimento do macho de
tilápias do Nilo em relação às fêmeas, várias técnicas de inversão sexual, mais
especificamente de masculinização ou produção de populações monossexo, têm
sido preconizadas.
Dentre as técnicas utilizadas para inversão sexual em tilápias, a mais
difundida no mundo e no Brasil é a utilização de hormônios incorporados na
ração, principalmente o 17α-metiltestosterona.
Entretanto, na prática, o produtor lança mão do aumento na quantidade
de hormônio utilizada quando não atinge um bom índice de inversão, na
tentativa frustrada de aumentar o índice de inversão. Com isso, maior quantidade
de resíduos deste hormônio é lançada no ambiente.
Apesar de ter sido demonstrado que a utilização de hormônio não resulta
no acúmulo de resíduos nos tecidos dos peixes tratados, ainda existem
preocupações quanto à sua liberação no ambiente e à reação dos consumidores.
Acredita-se que o uso indiscriminado do hormônio provoque um impacto
ambiental considerável e que isto possa trazer alguns prejuízos a curto e longo
prazos para a saúde do homem e dos animais. Por isso, existe a necessidade da
redução na dosagem e do tempo de exposição dos funcionários durante os
tratamentos hormonais.
Além da utilização de hormônios para se obter uma população
monossexo macho em tilápias, o aumento da temperatura de criação também
pode ser utilizado como uma forma alternativa de inversão sexual. Porém, as
taxas de inversão sexual através da temperatura não são tão satisfatórias quanto a
técnica de inversão através de hormônios para uma produção em larga escala.
Portanto, uma forma alternativa para tentar diminuir a dose hormonal
utilizada no processo de inversão sexual em tilápias poderia ser a utilização de
2
hormônios aliada ao aumento da temperatura de criação, promovendo, assim,
uma boa proporção de machos, com uma menor formação de resíduos, e
conseqüente liberação no ambiente, diminuindo, ainda, os riscos do manuseio
durante o tratamento hormonal.
3
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Este trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar o desempenho, a
sobrevivência e a proporção de machos em pós-larvas de tilápias do Nilo
submetidas a diferentes temperaturas de estocagem e diferentes doses hormonais
durante o processo de inversão sexual.
2.2 Objetivos específicos
1. Avaliar o desempenho (peso, comprimento) e a sobrevivência das pós-
larvas de tilápias submetidas a diferentes doses de 17α-metiltestosterona,
associadas a diferentes temperaturas;
2. Determinar a taxa de inversão sexual das pós-larvas de tilápias submetidas
a diferentes doses de 17α-metiltestosterona, associadas a diferentes
temperaturas;
3. Verificar histologicamente a eficácia da técnica de sexagem manual em
peixes submetidos à inversão sexual.
4
3 REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 Histórico do cultivo da tilápia
Tilápia é a denominação comum de grande gama de espécies de peixes
ciclídeos que, conforme Popma & Phelps (1998), se distribuem originalmente do
centro-sul da África até o norte da Síria, onde mais de 70 espécies têm sido
identificadas. Cerca de 22 espécies de tilápia são cultivadas no mundo, porém a
tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus), a tilápia mossâmbica (O. mossambicus),
a tilápia azul (O. aureus), a Tilápia zilli e a T. rendalli são as espécies mais
criadas comercialmente (El-Sayed, 1999). As tilápias de importância comercial
estão divididas em três principais grupos taxonômicos, distinguidos basicamente
pelo comportamento reprodutivo. São eles os gêneros Tilapia (os peixes
incubam seus ovos em substratos), Oreochromis (os peixes incubam os ovos na
boca da fêmea) e Sarotherodon (os peixes incubam os ovos na boca do macho
ou de ambos) (Popma & Lovshin, 1996).
O cultivo de tilápias começou em 1924, no Quênia, e em seguida no
Congo, em 1937. As primeiras informações sobre a tilápia como espécie
promissora para a aqüicultura ocidental surgiram no início da década de 50, com
citações sobre a tilapicultura como sendo um dos melhores negócios para
piscicultores e uma nova fonte para obtenção de proteínas (Mercado da Pesca,
2007).
De acordo com Lovshin (1997), a distribuição das tilápias pelo mundo
começou com o intuito da criação de peixes para a subsistência de países em
desenvolvimento. A primeira espécie introduzida em outros países foi a O.
mossambicus, porém esta se mostrou de baixo desempenho para a aqüicultura
(Lazard & Rognon, 1997). Entretanto, apenas no final dos anos 70 a tilápia do
Nilo demonstrou alto potencial para a aqüicultura em vários sistemas de criação.
5
As estatísticas comprovam um elevado desenvolvimento do cultivo da
tilápia, a qual corresponde ao segundo grupo de peixes mais cultivado no
mundo, superado apenas pelas carpas. A produção mundial de tilápias
praticamente dobrou entre 1984 e 1994, alcançando 620.000 toneladas. Em
1996, a produção saltou para 800.800 toneladas, apresentando o maior
crescimento percentual entre os principais grupos de peixes cultivados no
mundo. Os países asiáticos foram responsáveis pela produção de 700.400
toneladas de tilápia, das quais 56,3% foram produzidos pela China. Outros
grandes produtores foram Indonésia, Tailândia, Filipinas e Taiwan. A produção
brasileira de 1996 foi de 19.200 toneladas, o que correspondeu a 2,4% da
produção mundial (Mercado da pesca, 2007) e, em 2002, a tilápia gerou US$ 50
milhões em rendimentos ao setor
.
O Brasil produziu cerca de 70 mil toneladas de tilápia em 2006, sendo
que este negócio já movimenta 105 milhões de dólares por ano no país. Os
Estados Unidos são os maiores compradores, adquirindo 135 mil toneladas por
ano no mercado mundial. A China é o maior produtor do planeta e responde por
45% da oferta global. A estimativa é de que, em 2010, o mundo produzirá 3
milhões de toneladas por ano (Franco, 2006).
No Brasil, a tilápia do Nilo foi introduzida no nordeste, em 1971,
proveniente da Costa do Marfim, no Oeste africano, e a partir daí distribuída
pelo país, sendo uma das espécies mais cultivadas no Brasil, desde a bacia do rio
Amazonas até o Rio Grande do Sul (Lovshin & Ciryno, 1998), já que as tilápias
são predominantemente de águas quentes. Porém, a temperatura de cultivo pode
variar de 20 a 30ºC, embora elas possam tolerar temperaturas de
aproximadamente 12ºC.
Alguns acadêmicos ao fazerem uma analogia entre a avicultura e a
piscicultura, garantem que a tilápia tornar-se-á a galinha dos viveiros (Mercado
da pesca, 2007). Acredita-se que a produção mundial de alimentos por métodos
6
tradicionais esteja próxima do seu ponto máximo, existindo, assim, a
necessidade de idealizar novas formas de produção de alimento para o homem.
Por isso, a criação de tilápias tem recebido considerável atenção dos setores
públicos e privados como um novo “agro-business” capaz de diversificar a
economia agrícola e pesqueira de países desenvolvidos e em desenvolvimento.
Quando introduzida no Brasil, a tilápia foi considerada a salvação da
piscicultura nacional por sua extensiva produção nos grandes reservatórios das
usinas hidrelétricas do Nordeste e Sudeste. No entanto, em pouco tempo, sua
reprodução exacerbada lotou os lagos de peixes pequenos, rebaixando o status
da espécie de heroína para bandida. Seu retorno aconteceu na década de 90, no
sul e sudoeste do país, com a introdução da inversão sexual.
Segundo Borghetti & Ostrensky (1998), o segmento responsável pelo
grande incremento da produção de tilápias no Brasil foi o sistema de pesque-
pague, que nos últimos anos ampliou em muito a sua demanda.
A tilápia é cultivada de seis diferentes formas no país: extrativa
(proveniente das represas do interior de São Paulo, Minas Gerais e Nordeste);
tanques escavados em solo agrícola (sistema muito flexível, em diferentes
intensidades de cultivo, mas caracterizando-se por baixos custos operacionais);
tanques-rede (águas represadas nas águas interiores, considerado um dos
melhores processos); rizipiscicultura (presente em Santa Catarina e Rio Grande
do Sul, consorciada com a cultura do arroz irrigado, permitindo ao produtor não
utilizar defensivo agrícola, obtendo um arroz orgânico, já que a tilápia elimina as
ervas daninhas dos arrozais); suinocultura (presente no oeste do Paraná e Santa
Catarina, consorciada com a criação de suínos); e “raceway” (engorda em tanque
de concreto com grande renovação de água, sistema encontrado na Bahia e em
São Paulo). Destes sistemas, a produção em tanques-rede é hoje uma das mais
utilizadas e, também, a mais produtiva por unidade de cultivo (Pacheco, 2004).
7
Estimativas apontam que 88% da produção nacional estão concentrados na
Região Sul e Sudeste, que abastecem piscicultores de todo o País.
3.2 Tilápia do Nilo
A tilápia do Nilo O. niloticus destaca-se como a principal espécie do
gênero Oreochromis com potencial para a aqüicultura devido a sua rusticidade;
crescimento rápido, atingindo peso comercial em pequeno intervalo de tempo;
grande capacidade de adaptação ao confinamento e a diversos sistemas de
cultivo; alta capacidade de hibridização, que permite unir os caracteres
desejados; tolerância a variações amplas de salinidade, temperatura e
concentrações de oxigênio dissolvido; elevada resistência a doenças; alta
qualidade de sua carne com coloração clara; e por apresentar elevada aceitação
no mercado consumidor (Boscolo et al., 2001; Hayashi, 1995; Lovshin, 1997;
Souza, 2001). De acordo com Popma & Lovshin (1996), elas são mais
resistentes a doenças virais, bacterianas e parasitárias do que qualquer outra
espécie comumente cultivada.
Além destas vantagens, existem outras, tais como: se alimentam dos
itens básicos da cadeia trófica; aceitam uma grande variedade de alimentos;
respondem com a mesma eficiência à ingestão de proteínas de origem vegetal e
animal; apresentam resposta positiva à fertilização (adubação) dos viveiros; são
bastante resistentes ao superpovoamento; e desovam durante todo o ano nas
regiões mais quentes do país (Mercado da pesca, 2007). As tilápias possuem
hábito alimentar onívoro, adequando-se facilmente ao arraçoamento desde o
período de pós-larva até a fase de terminação (Phelps & Cerezo, 1992).
De acordo com Popma & Phelps (1998), a tilápia é, entre as espécies de
peixes mais cultivadas, a que melhor resiste a alta temperatura, a baixa
concentração de oxigênio dissolvido e a alta concentração de amônia na água. Já
8
Lahav & Ra'Nam (1997) citam que a principal vantagem da tilápia do Nilo é o
seu baixo custo relativo, principalmente quanto ao alevino, à alimentação e à
qualidade da sua carne. Além disso, as tilápias possuem boas características
organolépticas e nutricionais, tais como carne saborosa, baixo teor de gordura
(0,9 g/100g de carne) e de calorias (172 kcal/100g de carne), ausência de
espinho em forma de “Y” (mioceptos) e rendimento de filé de aproximadamente
35% a 40 %, em exemplares com peso médio de 450 g, o que as potencializa
como peixes para industrialização (Mercado da pesca, 2007).
Entretanto, as tilápias consistem um paradoxo em relação à reprodução.
Apresentam desovas parceladas e baixa fecundidade, que no gênero
Oreochromis pode alcançar índices de 6.000 a 13.000 ovos/kg/desova (Phelps &
Popma, 2000). Esta baixa fecundidade é compensada pela característica de
desovas assincrônicas, associada às altas taxas de sobrevivência das proles, em
virtude do cuidado parental, do tamanho das larvas ao nascer e da incubação
bucal dos ovos e/ou larvas (Turner & Robinson, 2000).
Como as fêmeas desovam freqüentemente, elas desviam grande parte da
energia que poderia ser gasta no crescimento para a produção de ovócitos.
Durante este período, as fêmeas praticamente não se alimentam e, tendo em vista
que o cuidado parental dispensado aos ovos e às pós-larvas pode se prolongar
por uma semana, ocorre sensível redução no ganho de peso, perda da qualidade
da carne e maior incidência de doenças (Baldisserotto, 2002). Já os machos
apresentam maior ganho de peso e melhor conversão alimentar quando
comparados com as fêmeas sob condições de cultivo intenso, chegando a crescer
18-25% mais rápido que as fêmeas (MacIntosh & Little, 1995).
Vários fatores podem contribuir para este crescimento diferencial, tais
como os efeitos anabólicos dos andrógenos, o direcionamento da energia
metabólica para a reprodução nas fêmeas e o padrão de comportamento social
relacionado ao sexo (Toguyene et al., 1997). Estes fatos, aliados à precocidade
9
sexual, fazem com que as fêmeas apresentem respostas menos eficientes em
relação à sua produtividade quando comparadas aos machos (Lahav & Lahav,
1990; Mair et al., 1997a; Mires, 1995; Popma & Lovshin, 1996). Portanto, o
cultivo de populações mistas freqüentemente resulta em maturação e reprodução
precoces (Mires, 1995). Além disso, Toguyene et al. (1997) observaram que os
machos demonstram uma maior proporção de crescimento e melhor conversão
alimentar quando cultivados em uma população monossexo, se comparados com
populações mistas.
Então, a inversão sexual, muito utilizada em tilápias, permite que o
criador consiga ter, nos seus tanques, exemplares apenas machos, pois são os
que apresentam melhor taxa crescimento, maior ganho de peso e melhor
conversão alimentar quando comparados com as fêmeas e, consequentemente,
aumento da rentabilidade.
3.3 Determinação e diferenciação sexual em peixes
Nos peixes, a determinação sexual tem sido estudada para compreender
os mecanismos utilizados na diferenciação sexual. Estes estudos têm revelado
padrões complexos e variáveis, além dos mecanismos utilizados dentro das
diferentes ordens de peixes.
A razão para se estudar a determinação sexual dos peixes está
relacionada com implicações de manejo e comerciais (Mair et al., 1997b),
através do aumento da sua utilização como fonte alimentar. A compreensão da
diferenciação sexual e o controle reprodutivo são pontos centrais para a
propagação eficiente das tilápias devido a diferenças na proporção do
crescimento entre os sexos e à necessidade de sincronizar a maturação sexual.
10
A expressão do sexo depende de dois eventos: da determinação sexual e
da diferenciação sexual. A distinção entre determinação sexual e diferenciação
sexual é freqüentemente difícil.
A determinação sexual é responsável pelo sexo genético (ou genotípico),
sendo utilizada para descrever os processos genéticos, comportamentais e
variáveis que influenciam a diferenciação sexual. A determinação sexual em
peixes é controlada, principalmente, pela genética, mas também pode ser
influenciada por condições ambientais (Hurley et al., 2004). A diferenciação
sexual é responsável pelo desenvolvimento das gônadas (sexo gonadal ou
fenotípico), usado para descrever a realização física destes eventos em termos do
desenvolvimento de ovário ou testículo.
A interação desses dois eventos resulta em dois fenótipos, macho ou
fêmea, seja morfológica, comportamental ou funcional (Piferrer, 2001). Ou seja,
a diferenciação sexual envolve todos os eventos que ocorrem durante o
desenvolvimento, resultando na expressão do sexo genético no sexo fenotípico.
Inclui os eventos iniciais que ocorrem desde a gônada primordial até a
diferenciação completa em testículos ou ovários.
No início da embriogênese, o indivíduo não é fenotipicamente nem
macho nem fêmea, porque não possui ovário, testículo ou outras características
associadas aos sistemas reprodutores. Ele possui apenas as células germinativas
primordiais imersas em tecido conjuntivo indiferenciado, e que podem se
desenvolver para macho ou fêmea.
Em tilápias, cerca de 5 dias após a eclosão das pós-larvas, um sinal
químico originado de um gene, ou de um conjunto de genes, sinaliza ao tecido
totipotente em que direção se desenvolver. Uma vez que isso ocorra e o tecido
pré-gonadal complete seu desenvolvimento, o indivíduo se torna
fisiologicamente macho ou fêmea. Após esta fase, não é mais possível alterar o
sexo fisiológico, exceto por técnicas radicais como a cirurgia gonadal, cujo
11
sucesso é limitado (Patiño, 1996). Neste espaço de tempo, durante o qual o sexo
fisiológico pode ser alterado, esteróides anabolizantes (administrados
dieteticamente ou por meio de banhos de imersão) podem interferir diretamente
no desenvolvimento das células totipotentes.
Nas tilápias, as células germinativas primordiais estão localizadas entre
o intestino e os ductos mesonéfricos, no esboço primordial das gônadas (Zhu,
1987). Elas são similares nos dois sexos, permanecendo indiferenciadas e
indeterminadas até a exposição ao hormônio ou outras influências que ocorram
para o desenvolvimento gonadal. Dependendo deste desenvolvimento, elas se
transformarão em ovogônias ou espermatogônias.
Um fator importante que diferencia a biossíntese dos esteróides sexuais
de machos e fêmeas é a enzima aromatase produzida pelas células granulosas
dos folículos ovarianos, que faz a clivagem da testosterona em estradiol. Estudos
sugerem que o gene que codifica a aromatase presente nas células granulosas
poderia ter um papel no controle da diferenciação sexual ou responder de forma
diferente no desenvolvimento gonadal que ocorre em machos e fêmeas. A
aromatase citocromo P450 (CYP19) é um produto do gene CYP19 e é uma
enzima terminal da biossíntese de estrógeno, catalisando a formação de
estrógeno a partir de andrógenos. Esta aromatase é principalmente expressada no
ovário (Devlin & Nagahama, 2002).
Desde que eventos regulatórios do gene celular são requeridos para
permitir a produção de esteróides, é improvável que estes esteróides sozinhos ou
enzimas associadas sejam os fatores iniciais envolvidos na determinação do sexo
(Yamamoto, 1969), mas eles estão correlacionados com vários passos iniciais da
diferenciação gonadal. Portanto, se a capacidade de sintetizar esteróides é
prejudicada, a determinação sexual pode ser alterada. Por exemplo, a inibição da
síntese de estradiol no desenvolvimento inicial, utilizando inibidores da enzima
12
aromatase, pode causar masculinização em várias espécies de peixes, incluindo a
tilápia (Chang et al., 2005).
A natureza do indutor endógeno da diferenciação sexual ainda não está
totalmente esclarecida, mas muitas evidências reforçam a idéia de que os
esteróides sexuais são, de fato, indutores da diferenciação sexual em peixes.
Embora a biossíntese de esteróides possa não representar o evento inicial da
determinação sexual, está claro que eles possuem um papel crítico no início da
diferenciação da gônada em testículo ou ovário e, provavelmente, na
manutenção desta condição. Os receptores, tanto para estrógenos quanto
andrógenos, têm sido identificados precocemente nas gônadas de peixes,
fornecendo um mecanismo de ação para os esteróides exógenos na diferenciação
gonadal (Chang et al., 1999; Fitzpatrick et al., 1995).
Vários estudos sobre a manipulação da diferenciação sexual em peixes
utilizando esteróides exógenos têm sido revisados (Nakamura et al., 1998;
Piferrer, 2001). A maioria destas pesquisas tem sido direcionada para o controle
da reprodução de algumas espécies; entretanto, poucos trabalhos têm explorado
os mecanismos de ação dos esteróides exógenos. Experimentos têm envolvido
diferentes andrógenos, estrógenos ou precursores de estrógenos administrados
por imersão (Wassermann & Afonso, 2003) ou via dieta em vários estágios do
desenvolvimento. Diferentes dosagens e durações de tratamentos têm sido
utilizadas para elucidar os períodos críticos de sensibilidade para determinação
sexual (Mainardes-Pinto et al., 2000).
Se níveis suficientes de esteróides sexuais forem fornecidos aos peixes,
particularmente nos estágios iniciais do desenvolvimento em que a determinação
sexual ainda não tenha sido completamente estabelecida, alterações na
diferenciação sexual podem ocorrer. Por isso, tratamentos com andrógenos têm
sido muito eficientes na indução da masculinização de peixes (Hunter &
13
Donaldson, 1983), enquanto estrógenos induzem a feminilização (Desprez et al.,
1995).
O início do tratamento e a sua duração são de importância crítica para a
indução da inversão sexual em peixes. Em geral, o período mais sensitivo é o
tempo imediatamente antes ou concomitante com a diferenciação histológica
inicial da gônada primitiva (Hunter & Donaldson, 1983). Tratamentos curtos
com hormônios durante os estágios iniciais do período de determinação sexual
podem resultar em alterações permanentes no fenótipo sexual.
Entretanto, tratamentos com doses excessivas de estrógenos ou
andrógenos podem levar ao não desenvolvimento gonadal ou à esterilidade.
Estes efeitos podem refletir incompatibilidades entre o esteróide exógeno e
processos genéticos e fisiológicos internos, ou efeitos patológicos no
desenvolvimento gonadal. Além disso, tratamentos com doses excessivas de
andrógenos podem também levar a uma redução na masculinização e, em alguns
casos, induzir feminilização paradoxal (Piferrer et al., 1993).
Na maioria dos casos, as funções genéticas que normalmente atuam para
determinar o sexo não retornam à condição inicial de diferenciação sexual após
o tratamento hormonal ter cessado, sugerindo que o lócus de determinação
sexual atue somente durante o desenvolvimento inicial, ou que sua ação não é
suficiente para mudar o curso da diferenciação sexual estabelecido pelo
tratamento com esteróide externo. Vários dados sugerem que o esteróide
exógeno atua, em parte, pela alteração da expressão dos genes das enzimas
esteroidogênicas envolvidas na diferenciação sexual (Devlin & Nagahama,
2002).
Ainda, de acordo com estudos sobre os mecanismos de determinação
sexual das tilápias do Nilo, tem sido demonstrado que esta espécie tende a ser
controlada poligenicamente por maiores ou menores fatores dos cromossomos
sexuais e autossomos, apesar de exibir um sistema genotípico
14
predominantemente monofatorial com machos heterogaméticos e fêmeas
homogaméticas (Mair et al., 1991; Mair et al., 1997b). Estudos das gerações
indicam que o sexo é determinado principalmente pelos cromossomos sexuais
(tanto no sistema XY quanto ZW), mas influências autossômicas também estão
operando em muitas linhagens. Por exemplo, em O. niloticus, um sistema XY é
o operante primário. Entretanto, a proporção sexual é variável e difere
significativamente nas gerações, sugerindo que influências polifatoriais na
determinação sexual são capazes de se sobreporem à atividade de determinação
sexual dos cromossomos sexuais (Tuan et al., 1999). O. niloticus parece possuir
uma capacidade substancial para modificar a proporção sexual. Esta plasticidade
pode ser detectada em indivíduos em que o sexo fenotípico não está
correlacionado com a constituição dos cromossomos sexuais. Fêmeas que
produzem progênie YY pela ginogênese têm sido observadas sendo que a
proporção sexual em cruzamentos regulares é de aproximadamente 3M:1F,
sugerindo que algumas fêmeas podem ser indivíduos XY que seguiram o
desenvolvimento para fêmea (Mair et al, 1991). Por outro lado, O. niloticus que
possuem genótipo YY produzem uma prole contendo alta proporção de machos,
indicando que as influências autossômicas podem ser minimizadas (Beardmore
et al., 2001).
Observou-se, ainda, que a temperatura também pode influenciar a
proporção de sexos (Baroiller & D’Cotta, 2001). Estes desvios significativos na
proporção de sexo (predominantemente para o fenótipo macho) já foram
observados tanto em fenótipos normais quanto em fêmeas genotipicamente
monossexo nas tilápias do Nilo, para as quais elevadas temperaturas (que
causam masculinização) estão associadas com redução dos níveis de RNAm
para aromatase e com níveis inferiores de estradiol (D’Cotta et al., 2001).
Como a determinação sexual é controlada pela ação de várias proteínas,
tais como fatores de transcrição, enzimas esteroidogênicas, receptores e sistemas
15
de segundo mensageiros, é bem conhecido que a temperatura pode alterar
dramaticamente a estrutura e função das proteínas e de outras macromoléculas.
Desta forma, as flutuações da temperatura podem alterar o direcionamento da
determinação sexual e influenciar na probabilidade do desenvolvimento sexual,
formando machos ou fêmeas. Em répteis, estes efeitos dependentes da
temperatura parecem ser mediados, em parte, pela influência na atividade da
aromatase e síntese de estradiol nas fêmeas, e nos receptores para esteróides de
ambos os sexos. Tais efeitos também podem ocorrer em peixes (Devlin &
Nagahama, 2002).
3.4 Produção de populações monossexo
Atualmente, o produtor tem preferido a formação de populações
monossexo nos seus tanques. Esta preferência pode ser devida a diferenças de
crescimento entre sexos; por exemplo, nas tilápias, o macho cresce mais rápido
do que as fêmeas, enquanto em salmonídeos as fêmeas se desenvolvem mais que
os machos. Além disso, um sexo específico pode produzir produtos valorizados
como o caviar, além de reduzir a reprodução não desejada, o que poderia levar a
uma superpopulação (Bartley et al., 2001).
Diversas técnicas são empregadas para o controle da produção de
machos em tilápias, tais como a sexagem manual ou visual (Popma & Masser,
1999), monossexo por hibridação (Wohlfarth & Hulata, 1981), poliploidia (Diaz,
1994), ginogênese e androgênese (Thorgaard, 1983), e inversão sexual com a
utilização de hormônios (Guerrero III & Guerrero, 1997; Nakamura, 1975;
Shelton et al., 1978). Os efeitos de diversas condições ambientais, como
temperatura e fotoperíodo, além das técnicas de manejo no processo de inversão
sexual em tilápias, também têm sido demonstrados por vários pesquisadores
16
(Baroiller & D’Cotta, 2001; Borges et al., 2005; Hunter & Donaldson, 1983;
Hurley et al., 2004;).
Segundo Hunter & Donaldson (1983) e Phelps & Cerezo (1992), a
técnica mais comum, prática, efetiva e viável economicamente é a inversão
sexual com a utilização de hormônios masculinizantes, sendo a mais efetiva para
produção de machos fenotípicos, além de eliminar problemas relativos à
reprodução. Portanto, o método de uso comercial na inversão sexual envolve a
administração de andrógenos sintéticos para diferenciação das pós-larvas,
embora este método tenha suas limitações (Curtis et al., 1991; Gale et al., 1999;
Hunter & Donaldson, 1983; Mair & Little, 1991; Vera Cruz & Mair, 1994).
Populações de machos monossexos podem ser produzidas usando
técnicas diretas ou indiretas. Estas técnicas são consideradas como o melhor e
mais seguro método de obtenção de peixes machos com o uso de hormônios
andrógenos determinantes do sexo masculino.
3.5 Inversão sexual utilizando hormônio na ração
Inversão sexual é o processo de administração de esteróides
masculinizantes incorporados na ração oferecida a pós-larvas recentemente
eclodidas, para que o tecido gonadal indiferenciado de fêmeas genéticas se
desenvolva em testículos, produzindo indivíduos que crescem e funcionam
reprodutivamente como machos (Popma & Lovshin, 1996). O tratamento
hormonal não altera o genótipo do peixe, mas direciona a expressão do fenótipo.
Uma população tratada de peixes pode ser fenotipicamente monossexo;
entretanto, geneticamente irá permanecer com a mesma determinação do
momento da fertilização (Phelps & Popma, 2000).
Então, os andrógenos esteróides atuam como agente inversor do sexo
pela função masculinizante nos indivíduos da população. Vários métodos de
17
administração destes esteróides são possíveis, incluindo injeção, alimentação e
imersão das pós-larvas. Devido ao seu caráter não-invasivo, os dois últimos são
os mais praticados na aquacultura (Donaldson & Devlin, 1996; Gale et al.,
1999). O modo mais comum de administração é via suplementação dietética,
com o andrógeno sendo primeiro dissolvido em álcool antes de ser misturado à
ração (Beardmore et al, 2001; MacIntosh & Little, 1995).
Na inversão sexual para machos, mais de 16 andrógenos naturais ou
sintéticos têm sido utilizados para inverter o sexo em aproximadamente 35
espécies diferentes, sendo o mais comum o 17α-metiltestosterona (MT)
(Beardmore et al, 2001), largamente utilizado na aquacultura de tilápias
(MacIntosh & Little, 1995).
Além de ser o hormônio mais empregado na inversão sexual, o MT
também apresenta a vantagem de ser facilmente excretado logo após o período
de tratamento hormonal (Beardmore et al., 2001; Curtis et al., 1991), embora a
mibolerona (Torrans et al., 1988), o 17α-metildiidrotestosterona (Gale et al.,
1999), o acetato de trembolona (Galvez et al., 1995), a
androstenediona
(Guerrero III & Guerrero, 1997) e outros andrógenos tenham se mostrado
eficientes.
O MT é mais potente e resistente ao metabolismo do que a testosterona
para a masculinização de peixes (Yamamoto, 1969). A potência do MT é
atribuída ao grupo metil, o qual o torna mais resistente à excreção (Donaldson et
al., 1979).
Quando fornecido via alimentação, é absorvido pelo intestino,
metabolizado lentamente no fígado e depois “jogado” na corrente sanguínea,
indo atuar nos tecidos-alvo. Diferentemente, a testosterona natural sofre uma
rápida degradação em seu primeiro passo no fígado.
Esta técnica apresenta como principais vantagens ser de fácil emprego
pelos produtores; gerar populações só de machos (monossexo); e inibir a
reprodução desordenada, embora alguns estudos sugiram que animais
18
submetidos ao tratamento hormonal apresentem menor desempenho em relação
a animais não-tratados (Boscolo et al., 2001).
Não há na literatura relatos que indiquem a possibilidade de tilápias
invertidas voltarem ao seu sexo original, ou seja, tilápias XX ou ZW invertidas
são machos funcionais e não produzem ovos. Outro ponto interessante é que,
após a inversão, o macho invertido é funcional e tem a capacidade de se
reproduzir com outras fêmeas, mesmo que seu genótipo seja fêmea e que apenas
apresente aparência de macho.
3.5.1 Hormônio 17α-metiltestosterona
O MT também pode ser chamado de 17α-Methyl-4-androsten-17β-
ol-3-one ou, então, de 17β-Hydroxy-17α-methyl-4-androsten-3-one. Sua fórmula
molecular é C
20
H
30
O
2
.
O MT, assim como os andrógenos, possui a estrutura básica composta
por um núcleo ciclopentanoperihidrofenantreno – 3 anéis fenantrenos com 6
átomos de C completamente hidrogenados designados A, B e C, e um anel de 5
C designado D, um oxigênio na posição 3, uma dupla ligação na posição 4, e um
radical metil no C
17
(Figura 1)
,
o que aumenta a sua atividade biológica (quando
comparado com a testosterona), faz com que seja conservada a sua ação
androgênica e seja ativo quando fornecido por via oral (McEvoy, 1997).
FIGURA 1. Molécula do 17α−metiltestosterona
19
Os hormônios esteróides provocam uma variedade de respostas
fisiológicas nos tecidos-alvo, tais como divisão celular, diferenciação tecidual,
crescimento, síntese de proteínas específicas e contração da musculatura lisa. Na
maioria dos tecidos são convertidos em um metabólito que suprime o LH nas
fêmeas.
O mecanismo de ação dos anabolizantes se dá pela deposição de
proteínas, que é resultado da diferença entre a síntese e a degradação protéica
(Lone, 1997). Os agentes anabólicos são geralmente metabolizados e seus
metabólitos, excretados ou levados para os tecidos numa forma livre,
biologicamente não ativa. O fígado converte os agentes anabólicos em
metabólitos menos ativos, e também em formas conjugadas, mais solúveis em
água, que são secretadas na bile, sendo, então, excretados pelas fezes e urina. No
entanto, uma parte dos metabólitos formados no fígado pode entrar no sistema
circulatório e permanecer como resíduos em outros tecidos (Heitzman, 1983;
Rico, 1983).
O MT atravessa facilmente a membrana celular, possuindo ação
intracelular em tecidos sensíveis, pois se une aos receptores intracelulares
específicos. A síntese destes receptores está determinada geneticamente no
cromossomo X. O MT sofre a ação enzimática da 5 α-redutase, complexando-se
a receptores citosólicos que se ativam e são transportados para o núcleo celular,
unindo-se a um sítio receptor no DNA, dando início à transcrição dos genes da
diferenciação sexual para macho. Eles aumentam a atividade da RNA
polimerase e a formação de RNA mensageiros, resultando no aumento da síntese
de proteínas celulares responsáveis finais pelas ações fisiofarmacológicas. Com
isto, nas tilápias, as células indiferenciadas do tecido gonadal irão se diferenciar
em células características de machos, formando os testículos (McEvoy, 1997).
A Figura 2 mostra a ação do MT no interior da célula alvo.
20
FIGURA 2. Modo de atuação do 17α-metiltestosterona
3.5.2 Início e duração do tratamento hormonal para inversão sexual
Normalmente, o procedimento de inversão sexual utilizando hormônios
deve ser iniciado antes que o tecido gonadal primário comece a se diferenciar
em tecido ovariano, o que, em temperatura média de 24-28ºC, ocorre a partir de
5 dias após a eclosão (um tamanho estimado da pós-larva de 11 a 14 mm) nas
várias espécies de Oreochromis, estendendo-se por até três a quatro semanas
(Popma & Lovshin, 1996). Um dos pioneiros na área de inversão sexual,
Yamamoto (1969), determinou que a administração dos esteróides deveria
iniciar em gônadas indiferenciadas e terminar após a sua diferenciação. Contudo,
21
estudos em diversas espécies têm mostrado que os tratamentos hormonais
podem se limitar a curtos períodos de tempo, quando realizados na época de
maior sensibilidade da espécie (Piferrer, 2001). Respostas diferenciadas foram
observadas em diferentes estádios ontogênicos, tanto em metodologias
empregando suplementação dietética quanto por imersão (Bombardelli e
Hayashi, 2005; Piferrer & Donaldson, 1989).
Ao contrário de outras espécies de peixes, a pós-larva da tilápia possui
trato digestivo completo e digestão enzimática funcional (Kubitza, 2000). A
capacidade de se alimentar de ração nesta fase é muito importante no processo
de inversão por hormônios. É durante este período que o protocolo de inversão
sexual deve ser iniciado, adicionando-se o hormônio masculinizante à ração
fornecida durante o 1º mês de vida.
O tratamento deve, segundo Kubitza (2000), durar de 21 a 28 dias, como
também relatado por Green et al. (1997) em uma revisão sobre o tema. A
duração do tratamento hormonal é determinada pelo consumo que, por sua vez,
varia em função da temperatura da água e do estágio de desenvolvimento dos
peixes (Pandian e Sheela, 1995; Popma e Lovshin, 1996).
A grande quantidade de alimento vivo (fitoplâncton e zooplâncton)
disponível na água não prejudica o tratamento. Pelo contrário, a alimentação
natural estimula a alimentação artificial das pós-larvas (Popma & Lovshin,
1996).
Fatores ambientais podem interferir na absorção do hormônio. A baixa
qualidade da água, temperaturas baixas (menor de 22ºC) e a exposição a doenças
tendem a diminuir o apetite, o crescimento e a inversão sexual efetiva (Ezaz et
al., 2004).
22
3.5.3 Dosagem do hormônio
Normalmente, as pós-larvas de tilápia são alimentadas com ração
contendo 60 mg de MT/kg de dieta durante um período de 28 dias (Popma &
Lovshin, 1996). Entretanto, na literatura encontram-se valores de 30 a 60 mg de
MT/kg de ração (Curtis et al., 1991; Green et al., 1997; Souza, 2001). De acordo
com Mainardes-Pinto et al. (2000), a dosagem de 60 mg de MT/kg de ração é
mais eficiente e resulta em maior número de machos, estando de acordo com
Popma & Lovshin (1996). Porém, deve-se tomar cuidado com doses excessivas,
pois elas podem levar a esterilidade ou feminilização paradoxal.
O MT possui uma boa absorção pela mucosa oral e do trato
gastrintestinal, sendo que, geralmente, a sua concentração plasmática é atingida
2 horas após a administração oral, possuindo meia-vida entre 2,5 a 3,5 horas.
3.5.4 Arraçoamento
Segundo Ponza et al. (1996), diversas variáveis podem influir no
processo da inversão sexual por meio da utilização do MT, incluindo o ambiente
de desenvolvimento das larvas, a dosagem e duração do tratamento hormonal, o
tipo, a quantidade e a freqüência da alimentação.
De acordo com Kubitza (1999), as pós-larvas de peixes crescem
rapidamente, portanto são bastante exigentes em nutrientes. Em condições
naturais e em viveiros, os primeiros alimentos das pós-larvas de tilápias são o
fitoplâncton e os copépodos e cladóceros. Estes organismos possuem alto valor
energético e podem conter níveis de proteína na matéria seca variando de 20 a
60%, sendo, provavelmente, o motivo de os melhores resultados de crescimento
de pós-larvas de tilápias terem sido obtidos com rações contendo entre 40 a 50%
de proteína bruta. Meurer et al. (2005), após pesquisarem a exigência de proteína
23
digestível para a tilápia do Nilo durante o período de inversão sexual,
recomendaram o nível de 45% de proteína digestível, pois a proteína tem papel
importante na geração de energia, uma vez que os peixes não possuem muita
facilidade em metabolizar carboidratos.
Para se obter um bom desempenho na inversão sexual, a ração contendo
hormônio deve ser fornecida em 5 a 6 arraçoamentos diários (Kubitza, 1999;
Popma & Lovshin, 1996). Vários autores, utilizando dietas com MT fornecidas
duas a quatro vezes ao dia, obtiveram populações masculinas entre 95 e 99%,
raramente 100% (Bocek et al., 1992; e Phelps et al., 1995). Entretanto, segundo
Guerrero III & Guerrero (1997) e Sanches & Hayashi (2001), a freqüência do
arraçoamento durante o período do tratamento hormonal, quando é de cinco a
seis vezes ao dia, resulta em maior quantidade de machos revertidos, tanto que
Rani & Macintosh (1997) obtiveram 100% de machos arraçoando as pós-larvas
seis vezes ao dia, durante o tratamento hormonal com MT.
A freqüência de alimentação é importante no sentido de que ela afeta a
absorção hormonal pelo alevino (Popma & Lovshin, 1996). Deve-se evitar
sobras de ração excessivas nas unidades de inversão, pois elas podem aumentar
a proliferação de microorganismos e aumentar a taxa de mortalidade. Anéis de
alimentação flutuantes são úteis para evitar que a ração se espalhe, sendo muito
usados quando a inversão é feita em hapas.
Na alimentação das larvas com ração contendo MT, que geralmente se
inicia 5 dias após a eclosão, recomenda-se efetuar o arraçoamento inicial em
25% do peso total das pós-larvas por dia, diminuindo 5% por semana até o
término do tratamento (Kubitza, 2000).
24
3.5.5 Preparo, conservação e armazenamento da ração com hormônio
Através de manipulações moleculares pode-se alterar a estrutura das
ligações bioquímicas da testosterona gerando diversas substâncias, com
diferentes efeitos anabólicos e androgênicos. Para a formação do MT, a
testosterona passa por processos químicos, sofrendo uma 17-α-alquelação com o
objetivo de evitar sua degeneração e aumentar seu tempo de vida, dificultando
sua degradação pelo fígado, quando ingerida oralmente (Piferrer & Donaldson,
1991).
O MT é um produto fotossensível, sendo que, em temperaturas acima de
30ºC, ele perde sua estabilidade (McEvoy, 1997). Deve ser sempre armazenado
em recipientes bem fechados, em lugares secos, frescos e ao abrigo da luz.
Depois de ser fabricado, o pó geralmente tem validade máxima de 5 anos,
quando bem armazenado.
O MT é praticamente insolúvel em água, ligeiramente solúvel em éter e
facilmente solúvel em álcool. Geralmente, emprega-se álcool etílico como
veículo, uma vez que este não prejudica as propriedades nutritivas da ração.
Uma outra forma de se preparar MT para ser misturado na ração é sua diluição
em DMSO (dimetilsulfóxido), que é um agente diluidor e potencializador.
Para confeccionar a ração para as pós-larvas que serão revertidas, o MT
normalmente é diluído em meio litro de álcool etílico (96
o
GL) e borrifado na
ração em pó. Durante a aspersão da solução, procede-se uma rigorosa
homogeneização para que toda a ração receba igual quantidade de hormônio. Em
seguida, a ração deve ser colocada para secagem por 24 horas em um ambiente
escuro. Após este tempo, deve ser armazenado em recipientes fechados, em local
protegido de luz, calor e umidade. Se possível, as rações devem ser armazenadas
em sacos escuros protegidos da luz e sob refrigeração, recomendando-se retirar
das embalagens apenas a quantidade a ser utilizada. Ocorre uma elevação
25
substancial na taxa de oxidação do MT na ração armazenada por períodos
superiores a 30 dias (Popma & Lovshin, 1996).
Ao se confeccionar a ração, deve-se usar luvas e máscaras para não
haver contado direto com o hormônio. Um dos problemas que podem ocorrer na
preparação da ração é a falta de uniformidade na mistura do hormônio.
3.5.6 Taxa de inversão sexual
Normalmente, utilizando uma dose de 40 a 60mg de MT/Kg de dieta,
durante um período de 28 dias, é possível reverter de 90 a 99% das fêmeas em
machos, dependendo do manejo e das condições ambientais, controlando, assim,
a reprodução nos sistemas de criação (Green et al., 1997; Popma & Lovshin,
1996).
Quando há baixos índices de eficiência na inversão sexual por
hormônios, geralmente eles se devem a emprego de lotes de larvas não
homogêneos; uso de larvas com tamanho inicial acima do recomendado; má
qualidade sanitária da larva; baixa qualidade e composição da ração; variação na
flutuabilidade, palatabilidade e granulometria da ração; dose de hormônio
utilizada; preparo e acondicionamento da ração; variações no manejo alimentar e
na qualidade da água. Desta forma, é importante que todos estes fatores sejam
controlados antes de se iniciar o processo de inversão sexual nas tilápias, pois o
sucesso não depende unicamente da utilização de hormônio (Popma & Lovshin,
1996; Varadaraj et al., 1994).
Além disso, apesar de simples, esta técnica é altamente influenciada por
fatores ambientais e de manejo como temperatura, fotoperíodo, densidade de
estocagem, taxa de alimentação, presença de alimento vivo na água, qualidade e
concentração do hormônio e distribuição deste na ração, entre outros. Varadaraj
et al. (1994) sugerem que o emprego da técnica de inversão sexual, com 100%
26
de sucesso, seria possível apenas se pudesse ser feito um controle rigoroso de
todos os fatores que influenciam os resultados.
Outro fator que pode interferir na taxa de inversão sexual por hormônios
é a linhagem de tilápia cultivada e a hierarquia (dominância) entre os peixes,
pois geralmente os peixes maiores comem mais que os peixes menores. De
acordo com estudos realizados para avaliar o desempenho de quatro linhagens
diferentes de tilápia na fase de inversão sexual, elas apresentaram taxa de
inversão sexual, de sobrevivência e de crescimento diferentes entre si
(Tachibana et al., 2004).
3.5.7 Técnicas hormonais de inversão sexual utilizando hormônio na ração
A produção de lotes monossexo macho pela técnica hormonal pode ser
obtida de duas formas: DIRETA, em uma etapa, ou INDIRETA, em várias
etapas. Tanto a técnica direta como a indireta para produção de progênie
monossexo requerem métodos efetivos e repetitivos para a inversão hormonal do
sexo.
3.5.7.1 Técnica hormonal direta
Na inversão sexual utilizando hormônios em uma etapa, altera-se apenas
o sexo fisiológico dos peixes, ou seja, o sexo fenotípico, não ocorrendo alteração
do sexo genético. As pós-larvas e alevinos de tilápia devem ser alimentados com
ração contendo MT ou mantidos por certo tempo em água contendo
concentrações diluídas desse hormônio (César et al.,2006).
O processo em uma única etapa é muito utilizado na produção comercial
de tilápias, em que as pós-larvas são alimentadas com ração contendo de 40 a
60mg de MT/Kg de dieta, durante um período de 28 dias. Após este tempo, os
27
alevinos são alimentados com ração sem hormônio até atingirem o peso e
tamanho desejados (Almeida-Toledo et al., 1996).
A técnica de inversão sexual em uma etapa só deve ser utilizada para fins
de engorda e abate dos peixes, ou seja, para fins comerciais, pois no cruzamento
de machos que sofreram inversão hormonal (XX) com fêmeas normais (XX),
obtém-se uma F1 com 100% de fêmeas XX. Portanto, não se recomenda o uso
de machos revertidos para a produção de pós-larvas, pois com um índice de
100% de fêmeas na F1, seria difícil conseguir atingir os 99% de inversão
desejada (Popma & Lovshin, 1996).
3.5.7.2 Técnica hormonal indireta
A inversão sexual utilizando hormônios em duas etapas é utilizada na
obtenção de matrizes que sejam capazes de produzir linhagens monossexuais de
machos. A nova técnica genética para gerar uma progênie toda de machos é
através do cruzamento de super-machos que possuem o genótipo YY com
fêmeas normais (XX), produzindo toda a progênie de machos (Mair & Little,
1991), descrita por Mair et al. (1995, 1997b) em O. niloticus. Após a obtenção
do supermacho YY não seria mais necessária a utilização de hormônio na fase
pós-larval.
Almeida-Toledo et al. (1996), descrevendo esta técnica, citam que nas
tilápias do Nilo, para as quais o sistema de determinação do sexo é do tipo
XY/XX, a primeira parte deste programa consta da alimentação das larvas
sexualmente indiferenciadas com ração contendo estrógeno (17β-estradiol ou
etinilestradiol) com a finalidade de produzir neofêmeas ou fêmeas revertidas
(fêmeas que geneticamente são machos XY, mas que fenotipicamente e
fisiologicamente são fêmeas). Ao fazer a sexagem, verifica-se que os peixes
tratados se enquadram em três categorias: machos normais XY, neofêmeas
28
revertidas XY e fêmeas normais XX. Os machos e as fêmeas normais devem ser
descartados, entretanto é difícil separar as fêmeas normais XX das neofêmeas
XY examinando apenas as características sexuais externas, uma vez que as
tilápias não possuem dimorfismo sexual.
Então, segue-se outra etapa, que consta da realização do teste de
progênie para identificação das fêmeas revertidas XY e descarte das fêmeas
normais XX. Isto é feito pelo cruzamento de cada fêmea com um macho normal,
com o cultivo de cada família em tanques individuais, até que a descendência
possa ser sexada.
As fêmeas que produzirem descendência constituída por 50% de fêmeas
e 50% de machos são descartadas. As fêmeas que produzirem 75% de machos e
25% de fêmeas são neofêmeas XY. Dos 75% dos machos produzidos por esta
fêmea, 50% são machos XY e 25% são os machos YY de interesse. Nesse
ponto, os 25% de fêmeas formadas são descartadas e os 75% de machos (XY e
YY) passarão por uma outra fase.
Como também não é possível separar machos normais XY de
supermachos YY pelo exame das características sexuais externas, faz-se outro
teste de progênie, agora para identificar os supermachos. Isto é feito novamente
pelo cruzamento de cada macho com uma fêmea normal, com cultivo de cada
família em tanques individuais, até que a descendência possa ser novamente
sexada.
Os reprodutores que produzirem 50% machos e 50% fêmeas são
descartados. Os machos que produzirem uma prole com 100% de machos serão
os supermachos e deverão ser separados e mantidos para futuros cruzamentos,
para a produção de populações monossexo macho (Almeida-Toledo et al, 1996).
Mair et al. (1995, 1997a) observaram que, através do teste de progênie,
os machos YY possuem viabilidade e fertilidade equivalentes aos machos
normais. Entretanto, Abucay et al. (1999) relataram que os machos com
29
genótipo YY são mais sensíveis a altas temperaturas do que os machos XY,
levando-os a maior taxa de mortalidade.
Melard (1995) e Ovidio et al. (2002), estudando Oreochromis aureus,
utilizaram pseudo-fêmeas (ZZ) para conseguir uma população apenas de machos
(ZZ), pois, nesta espécie, os machos são homogaméticos (ZZ) e as fêmeas,
heterogaméticas (ZW).
3.5.7.2.1 Tilápias geneticamente machos
Através da técnica de obtenção de supermachos pode-se fazer, ainda, o
cruzamento dos supermachos YY com as fêmeas XY da segunda etapa. As pós-
larvas obtidas deste cruzamento serão revertidas com etinilestradiol para se obter
uma população feminina, constando de 50% de fêmeas XY e 50% de fêmeas
YY. Todas as fêmeas deverão ser cruzadas com machos normais. As fêmeas YY
deverão gerar progênie 100% macho, sendo então separadas. Estas fêmeas serão
cruzadas com os machos YY, resultando em uma progênie 100% macho YY.
Esta prole é denominada tilápias geneticamente machos (Genetically male
tilapia - GMT) e consta de machos absolutamente normais, tendo grande
vantagem no crescimento e homogeneidade do lote quando comparados com
fêmeas revertidas, já que as últimas, mesmo com sucesso de inversão,
permanecem com o genótipo XX, o que retarda o crescimento do animal.
As vantagens da criação de GMT sobre criações mistas ou revertidas
sexualmente com hormônio incluem: não utilização de tratamento hormonal;
maior viabilidade; melhor conversão alimentar; menor variação de tamanho;
maior taxa de crescimento; e melhor rendimento na produção (Beardmore et al.,
2001; Mair et al., 1997a, b).
Entretanto, a produção de supermachos (YY) e GMT é ainda uma
prática nova, que requer pessoal especializado e alto custo de implantação. Além
30
destes fatores negativos, para a obtenção de um supermacho serão necessários de
4 a 5 anos para completar todas as fases do processo (Brunello, 2005).
3.5.8 Feminilização paradoxal
Um problema potencial encontrado quando há desenvolvimento de
novos métodos para masculinização induzida por esteróides é a feminilização
paradoxal, a qual resulta na produção inadvertida de populações femininas ao
invés de masculinas.
Os andrógenos têm sido mostrados interagindo com os receptores de
estrógeno (Mori et al., 1998), direcionando os efeitos feminilizantes em alguns
casos. Este fenômeno pode ser causado pela aromatização de andrógenos
sintéticos para compostos estrogênicos feminilizantes e pode ser minimizado
pela utilização de andrógenos não-aromatizáveis (Piferrer & Donaldson, 1991).
De uma outra forma, os andrógenos também são os precursores imediatos do
estrógeno, que quando em concentração elevada do seu substrato, pode estimular
a síntese de aromatases em maior quantidade.
Gale et al. (1999) demonstraram que andrógenos não-aromatizáveis
(como, por exemplo, o 17α-metilhidrotestosterona) podem ser utilizados como
uma alternativa hormonal para tratamentos por imersão na inversão sexual de
tilápias do Nilo. Wassermann & Afonso (2003) citam que nos tratamentos com
imersão simples o 17α-metilhidrotestosterona foi mais efetivo do que o MT e
17α-ethiniltestosterona. Mas quando se utiliza imersão dupla, o efeito
masculinizante é diminuído e o MT se torna mais eficiente.
Algumas vezes, para prevenir esta feminilização, é adicionado um
inibidor da aromatase junto com o andrógeno. De acordo com Afonso et al.
(2001), a proporção de machos (invertidos pela administração dietética de MT) é
significativamente superior nos grupos tratados com Fadrozole, um inibidor da
31
aromatase citocromo P450. Nakamura (1975) também observou este fenômeno
em tilápias mossambicas (Oreochromis mossambicus).
Kwon et al. (2000) fizeram uma série de experimentos utilizando
Fadrozole durante o período de diferenciação sexual. O tratamento durou 30 dias
e foi iniciado após a reabsorção do saco vitelínico (7 - 37 dias após desova). Eles
observaram que ocorreu um aumento na porcentagem de machos concomitante
com o aumento da dose de Fadrozole, mas que a partir de 200 mg.kg(-1) não
houve diferenças significativas. O estudo revelou que a 1ª semana foi o período
mais sensível ao tratamento, concluindo que a atividade da aromatase é um fator
chave na diferenciação sexual em tilápias.
3.5.9 Resíduos do 17α-metiltestosterona
Uma das preocupações na realização das tecnologias de inversão é que
existem evidências de que a utilização de hormônios para a inversão sexual pode
deixar resíduos tanto na carne dos peixes quanto na água de estocagem. Estes
resíduos, por sua vez, podem produzir efeitos adversos na saúde de humanos,
incluindo disfunção do fígado e adenocarcinoma hepático (Murad & Haynes,
1985).
O uso de andrógenos anabolizantes para a produção de peixes revertidos
sexualmente é um assunto ainda alvo de muita polêmica no mundo. Um dos
principais pontos de discussão é se os anabolizantes fazem ou não mal para a
saúde do ser humano.
Em peixes, há vários trabalhos na literatura mostrando que, desde que
corretamente usados para a inversão sexual, os hormônios não oferecem riscos
para a saúde dos consumidores humanos. Um dos principais argumentos
favoráveis ao uso de hormônios em peixes é de que a quantidade de
anabolizantes ingerida por animal para a produção de linhagens monossexo é
32
muito pequena, inferior a 5 mg por animal. Outro argumento favorável ao uso é
o de que a maior parte do hormônio ingerido é rapidamente eliminada (Abucay
& Mair, 1997; Curtis et al., 1991).
Várias pesquisas têm demonstrado que o MT é rapidamente eliminado
após o término do tratamento (Abucay & Mair, 1997; Curtis et al., 1991). A taxa
de declínio do resíduo de MT nos peixes é muito rápida, e após 120 a 150 dias é
possível contabilizar concentrações de MT iguais às concentrações do hormônio
encontradas em peixes que não foram submetidos à inversão sexual. Sendo
assim, um ser humano deveria comer de 500 a 2500 Kg de filé de tilápia
diariamente para ingerir o equivalente a uma dose de MT usado em tratamentos
médicos (Abucay & Mair, 1997).
Curtis et al. (1991), estudando as tilápias do Nilo, observaram que o MT
foi rapidamente metabolizado e excretado poucos dias após o término do
tratamento oral.
De acordo com Goudie et al. (1986), 90% do MT utilizado na inversão
sexual de tilápias O. aureus foi eliminado 24 horas após a última alimentação
contendo hormônio, e menos de 1% foi encontrado após 21 dias do término do
tratamento. Outro argumento a favor é que, desde que seja utilizado segundo os
protocolos indicados na literatura, o MT é detectado somente ao nível de partes
por bilhão nos peixes revertidos com tamanho comercial, o que, em princípio,
não ofereceria problemas para a saúde dos seres humanos.
Os argumentos contrários ao consumo de tilápias revertidas para a
alimentação humana, em especial, dizem respeito aos riscos potenciais
decorrentes do uso incorreto de anabolizantes sem controle de qualidade, ou
aplicados em dosagens aleatórias e elevadas, resultando na produção de resíduos
acima dos limites biologicamente aceitáveis (Contreras-Sanchez, 2001;
Fitzpatrick et al., 1999;).
33
Um problema encontrado são os metabólitos ativos, resultantes da
quebra do MT no fígado, excretados com a bile (Gomelsky et al., 1994). Abucay
& Mair (1997) demonstraram que, nos sistemas de água fechados, os
metabólitos ativos excretados pelos peixes tratados, ou ainda os restos de
alimentos (rações) não ingeridos, podem levar à inversão em peixes de gaiolas
adjacentes não tratadas pela utilização da mesma água de grupos tratados.
Entretanto, este fenômeno não foi observado em sistemas de água corrente, nos
quais os metabólitos são perdidos.
Poucos estudos têm sido realizados com objetivo de determinar a
contaminação dos mananciais causada pela aplicação desta técnica. De acordo
com Curtis et al. (1991), a bile é a maior rota de excreção dos metabólitos do
MT. Recentes estudos detectaram o MT na água durante o tratamento de
inversão, o qual eventualmente acumulava-se em sedimentos por 8 semanas
(Contreras-Sanchez, 2001; Fitzpatrick et al., 1999;).
Já Contreras-Sánchez & Couturier (2002) não detectaram o MT na água
durante todo o seu experimento, mas o encontraram no solo em pequena
quantidade após 17 dias do início do experimento. Com o tempo, o MT foi
degradado pela atividade bacteriana. Portanto, os autores concluíram que o MT
não permanece na água após o tratamento, mas encontra-se depositado nos
sedimentos.
Este fenômeno não é observado em sistemas de água corrente, nos quais
os metabólitos são perdidos. Poucos estudos têm sido realizados com objetivo de
determinar a contaminação dos mananciais causada pela aplicação desta técnica.
Na literatura não há evidências de que os níveis detectáveis de esteróides
medidos representem um risco para a saúde e para o ambiente, já que se sabe
que o MT é susceptível a quebra em altas temperaturas e sob intenso nível de luz
natural, e que tanto fungos quanto bactérias podem metabolizar os esteróides
34
exógenos, resultando numa rápida quebra do MT (Abucay & Mair, 1997;
Contreras-Sánchez & Couturier, 2002).
3.6 Inversão sexual por imersão
Na literatura há vários trabalhos de inversão sexual utilizando a técnica
de imersão das pós-larvas de tilápia em água contendo hormônio, mesmo não
sendo a técnica mais usual (Bombardelli & Hayashi, 2005; Fitzpatrick et al.,
1995; Gale et al., 1999; Torrans et al., 1988; Varadaraj & Pandian, 1987;
Wassermann & Afonso, 2003). A técnica de banhos de imersão envolve
exposições periódicas ou contínuas das larvas em solução contendo o agente
alterador da diferenciação de sexo, sendo um método alternativo à
suplementação dietética (Pandian & Sheela, 1995).
A imersão apresenta menor custo de aplicação e pode minimizar o efeito
de variáveis potencialmente influentes no método de incorporação de esteróides
na ração (Beardmore et al., 2001; Gale et al., 1999; Pandian & Sheela, 1995).
Este método diminui o tempo de exposição do manipulador ao hormônio, sendo
mais seguro para o ambiente por possibilitar o armazenamento do resíduo para
posterior degradação (Gale et al., 1999) ou filtragem em carbono ativado
(Specker & Chandlee, 2003).
De acordo com alguns autores, a técnica de imersão tem sido mais
eficiente do que a administração oral em espécies de climas temperados (Baker
et al., 1988; Beardmore et al., 2001). Entretanto, a técnica de imersão não é
empregada comercialmente em razão da inexistência de protocolo efetivo para
nível de intervenção, idade das larvas, densidade de estocagem e outros,
precisando ainda ser otimizada antes de ser utilizada em tilápias para produção
comercial, pois os resultados são inconstantes e o gasto de hormônio é superior
35
ao da técnica de adição à ração (Bombardelli & Hayashi, 2005; Wassermann &
Afonso, 2003).
3.7 Inversão sexual pela temperatura
Evidências do efeito do meio ambiente sobre a proporção sexual têm
sido observadas em várias espécies de peixes. Muitos trabalhos sobre a
determinação sexual em peixes ligada ao meio ambiente estão focalizados sobre
os efeitos da temperatura (Hurley et al., 2004). Isto se deve ao fato de que os
peixes são pecilotérmicos e o desenvolvimento embrionário ocorre no ambiente
físico externo, em que alterações na temperatura podem ocorrer. Enquanto os
peixes têm desenvolvido tolerância a estas mudanças de temperatura, há
evidências de que estas variações podem exercer influência sobre a
determinação e a diferenciação sexual (Abucay et al., 1999; Baroiller & D’Cotta,
2001; Borges et al., 2005; Desprez & Mélard, 1998). Em muitas espécies
termosensitivas de peixes, a elevada temperatura durante o desenvolvimento
embrionário aumenta a proporção de machos, mas altas temperaturas podem
produzir uma proporção sexual com propensão a fêmeas em poucas espécies
(Baroiller & D’Cotta, 2001).
Há duas possibilidades no desenvolvimento dos peixes em que a
temperatura pode afetar na diferenciação sexual. Primeiro, um choque
ambiental, tal como uma alta temperatura, pode romper o processo de
desenvolvimento normal durante a diferenciação sexual, causando a mudança de
machos para fêmeas e/ou de fêmeas para machos. Segundo, a alta temperatura
pode ter um efeito sobre a estrutura e ação de hormônios ou atividade dos
hormônios durante a diferenciação sexual (Hunter & Donaldson, 1983). De
acordo com D’Cotta et al. (2001), a temperatura influencia o mecanismo de ação
36
da enzima aromatase, que catalisa a transformação de andrógenos em
estrógenos.
Alguns estudos indicam que a temperatura elevada atua tanto reprimindo
diretamente o gene da aromatase quanto indiretamente, através de um ou mais
fatores de transcrição (Kitano et al., 1999). De acordo com D’Cotta et al. (2001),
em machos de tilápia tratados com altas temperaturas também há um aumento na
expressão do gene da 11β-hidroxilase, que é uma enzima chave para a produção
de andrógenos 11-oxigenados.
As espécies sensíveis à temperatura parecem não responder a outros
fatores do ambiente, tais como fotoperíodo, densidade ou salinidade, sugerindo
certa especificidade para o tipo de sensibilidade aos fatores externos. Por
exemplo, as tilápias são sensíveis a variações de temperatura, enquanto
salinidade, densidade ou confinamento parecem não influenciar na proporção de
sexos (Baroiller & D’Cotta, 2001).
Portanto, a temperatura pode ser utilizada como uma outra forma de
inversão sexual, e a grande vantagem da utilização deste método para
manipulação do sexo nos peixes utilizados no consumo alimentar é a não
utilização de hormônios (Patiño, 1997).
Estudos recentes em tilápia do Nilo demonstraram que as altas
temperaturas da água causam efeitos semelhantes aos provocados pelos
hormônios esteróides na inversão sexual, com variações nas proporções
macho:fêmea de acordo com a termossensibilidade das linhagens e das famílias
dos peixes estudados (Abucay et al., 1999; Baras et al., 2001; Baroiller et al.,
1995).
Abucay et al. (1999) observaram que quando alevinos fêmeas de tilápia
do Nilo são expostos a altas temperaturas, produzem altas porcentagens de
machos se comparados com grupos-controle à temperatura ambiente. Já baixas
temperaturas e variações nos níveis de salinidade parecem não afetar a
37
proporção sexual. Estes dados confirmaram resultados obtidos para esta e outras
espécies de tilápias em trabalhos anteriores (Baroiller et al., 1995, 1996a;
Desprez & Mélard, 1998; Mair et al., 1989; Mbahinzireki & Dabrowski, 1997;
Varadaraj et al., 1994).
Em O. mossambicus, grupos geneticamente fêmeas (derivados de
cruzamentos entre machos XX revertidos e fêmeas normais XX) expostos a
baixas temperaturas (19ºC) resultaram em 89% de machos (Mair et al., 1989).
Em estudos similares, com a mesma espécie exposta a várias temperaturas (20-
32ºC), também ocorreu uma masculinização com o aumento da temperatura
(Wang & Tsai, 2000). Em O. aureus (os quais são do sistema ZW), altas
temperaturas (32ºC) induziram a diferenciação sexual para fêmeas em 20% da
prole, comparados com 3% observado no controle (Mair et al, 1989). Entretanto,
uma maior quantidade de machos (98% contra 63% no controle) tem sido
observada em temperaturas mais altas (34ºC) em outros experimentos com a
mesma espécie, nos quais baixas temperaturas (21ºC) não tiveram efeito sobre a
determinação sexual, não afetando a proporção dos sexos (Desprez & Mélard,
1998).
De acordo com Patiño (1997), é possível que a resposta na diferenciação
sexual, através de variações na temperatura, varie entre linhagens diferentes
dentro da mesma espécie.
Borges et al. (2005), estudando tilápias do Nilo da linhagem chitralada a
fim de avaliar o efeito da alta temperatura na proporção de sexos, encontraram
que com 7 dias de exposição a altas temperaturas (35ºC) ocorreu uma proporção
maior de machos nas criações comparadas com o controle (27ºC). Observaram,
também, que não houve diferenças nas proporções de sexo entre os peixes
mantidos a alta temperatura (35ºC) por períodos de 7, 14, 21 e 28 dias, indicando
ser possível adotar períodos mais curtos de exposição a alta temperatura (7 dias),
uma vez que não diferiram quando comparados aos períodos de exposição mais
38
longos. Os autores concluíram, ainda, que o tratamento com temperatura alta é
vantajoso devido à diminuição do período de manipulação dos animais e à
redução de custos com o aquecimento da água, além de ser um método mais
seguro por não utilizar esteróides.
Para que se obtenha sucesso na alteração da proporção sexual pela
manipulação da temperatura, o tratamento deve ser aplicado antes do início da
diferenciação sexual das gônadas, as quais parecem apresentar sensibilidade à
alteração de temperatura no mesmo momento em que apresentam sensibilidade
aos tratamentos hormonais (Baroiller & D’Cotta, 2001). Porém, Borges et al.
(2005) observaram que tratamentos com temperaturas de 35ºC causam redução
nas taxas de sobrevivência quando comparados aos tratamentos com temperatura
controle (27ºC), apresentando taxas de 70-80%, confirmando os resultados
obtidos por Baras et al. (2001).
3.8 Inversão sexual pela salinidade
De acordo com Abucay et al. (1999), a salinidade não afeta a proporção
de sexos nas tilápias O. niloticus. Esta ausência aparente de efeitos da salinidade
sobre a proporção de sexos pode ser devida à falta de influência da salinidade no
processo de desenvolvimento durante a diferenciação sexual.
As tilápias são peixes eurialínicos que podem viver e se desenvolver em
uma grande variação de salinidade, desde ambientes de água doce até água
salgada; entretanto, algumas espécies toleram melhor estas variações do que
outras (Philippart & Ruwet, 1982). Das espécies mais cultivadas
comercialmente, a tilápia do Nilo Oreochromis niloticus é mais dominante nas
criações em água doce, mas não é muito tolerante a águas salinas. Já a O.
mossambicus possui uma grande tolerância a altos gradientes salinos, existindo
em muitas áreas de água salobra (Popper & Lichatowich, 1975).
39
Atualmente existem vários programas de pesquisa para desenvolver
linhagens especificamente para água salobra, incluindo a avaliação de diferentes
espécies e seleção de linhagens de origem híbrida tolerantes à salinidade
(Tayamen et al., 2002). De acordo com Kamal & Mair (2005), os híbridos dos
cruzamentos de O. niloticus X O. mossambicus demonstraram ótimo ganho de
peso e biomassa, mostrando alta correlação significativa com a salinidade.
3.9 Inversão sexual pelo pH
Não foram encontrados relatos de que o pH interfere na proporção de
sexos em tilápias, mas Römer & Beisenherz (1996) observaram que a proporção
de machos é mais alta em pH ácido (4,5) do que em valores mais neutros (6,5)
nas espécies de Apistogramma e Poecilia melanogaster.
3.10 Hibridização
Uma outra maneira de se formarem populações monossexo em tilápias é
através da hibridização.
A hibridização, ou hibridação, é o cruzamento de indivíduos ou grupos
geneticamente diferenciados, podendo envolver cruzamentos dentro de uma
espécie (também conhecido como cruzamento linear ou cruzamento de raças) ou
cruzamentos entre espécies diferentes. Esta técnica de procriação tem sido
utilizada pelos aquicultores na esperança de produzirem organismos aquáticos
com características desejáveis ou, então, para obter um aumento geral da
performance. A hibridização também pode ser usada para transferir outras
características desejadas (tais como resistência a doenças) de um grupo ou
espécie para outra; para combinar características valiosas de duas espécies em
um único grupo (tais como bom crescimento e qualidade da carne); produzir
populações monossexo e produzir indivíduos estéreis (Bartley et al., 2001).
40
Tem-se discutido que as pesquisas em hibridização têm produzido pouco
retorno frente aos investimentos realizados, pelo pequeno número relativo de
peixes híbridos usados atualmente na aquacultura comercial (Mair, 2003).
Entretanto, sabe-se que a hibridização tem ganhado novos incentivos, e tem sido
muito utilizada para se conseguir um maior desempenho na aquacultura
comercial.
Atualmente, uma das grandes aplicações da hibridização é a
manipulação na proporção dos sexos para a formação de populações monossexo
com maior desempenho. O fenômeno de criações de 100% machos, ou
ultimamente híbridos 100% machos, tem sido muito observado em peixes-lua
(sunfishes), mas o melhor exemplo são as tilápias. A hibridização entre algumas
tilápias como O. niloticus e O. aureus resulta na produção de uma prole
predominantemente de machos e reduz a reprodução natural não desejada. Neste
cruzamento, o predomínio de machos ocorre por causa dos mecanismos de
determinação sexual que são diferentes entre as duas espécies (Wohlfarth, 1994).
A produção de híbridos machos de tilápia tem como base a genética da
determinação do sexo. Em O. niloticus e O. mossambicus, o sexo é determinado
por cromossomos X e Y como em seres humanos. As fêmeas são XX
(homogaméticas) e os machos são XY (heterogaméticos). Já em O. aureus e O.
hornorum, os machos são ZZ (homogaméticos) e as fêmeas são ZW
(heterogaméticas). Por exemplo, quando se cruza uma fêmea pura
homogamética XX com macho puro homogamético ZZ, os híbridos seriam
teoricamente heterogaméticos XZ e machos. Porém, nem todos os cruzamentos
acabam resultando em uma progênie 100% masculina. Essa não obtenção de
uma progênie 100% masculina pode se dar pelo genótipo contaminado das
linhagens parentais, contaminação que pode ser causada por tilápias de outras
espécies. Outro fator pode ser a presença de genes localizados nos cromossomos
41
autossômicos que controlam a manifestação de outros genes localizados nos
cromossomos sexuais Y e Z (Brunello, 2005).
De acordo com Beardmore et al. (2001), os cruzamentos de maior êxito
têm sido realizados com progenitores geneticamente puros de espécies distintas,
quando se utiliza O. niloticus como fêmea e O. hornorum como macho, estando
de acordo com Mair et al. (1997b). Cabe ressaltar que a pureza genética é
fundamental para conseguir resultados positivos.
Falhas na manutenção da produção de híbridos de tilápias 100% macho
provavelmente devem estar relacionadas ao descuido de guardar a prole
segregada pelo cruzamento das famílias em tanques individuais, e na prevenção
da introdução de híbridos dentro dos tanques das matrizes de linhagem pura
(Beardmore et al., 2001).
Portanto, alguns dos impedimentos encontrados na utilização de híbridos
monossexo são a dificuldade de manter a pureza dos progenitores e a escassa
fecundidade, que restringe a formação de alevinos. Em algumas ocasiões, ocorre
grande mortalidade nos tanques de cria com densidade alta, que reduzem,
todavia, a produção dos alevinos, pois a manipulação na produção de alevinos
híbridos não está ao alcance da maioria dos piscicultores individuais. Necessita-
se de unidades de produção em larga escala para a administração dos alevinos
híbridos, com meios especiais para manter os reprodutores puros, alevinos de
cria separados e controle de enfermidades (FAO, 1979).
Resumindo, as principais vantagens da hibridação, como forma
alternativa na obtenção de populações masculinas de tilápias, são: elimina o uso
de hormônios na alimentação das pós-larvas para obter uma população
monossexo; o possível benefício do vigor híbrido na taxa de crescimento e
produção; dependendo das espécies envolvidas, pode-se alcançar uma
resistência e tolerância ao frio e a alta salinidade, e até mesmo maior taxa de
42
sobrevivência, resistência a doenças e maior facilidade na captura dos peixes; e
formação de uma prole estéril ou com capacidade reprodutiva diminuída.
As principais desvantagens encontram-se na dificuldade de obtenção e
manutenção de linhagens puras; na maior demanda de espaço para criação das
linhagens puras e sua progênie; na reduzida produção de larvas na hibridação,
devido à incompatibilidade comportamental das matrizes de diferentes espécies;
e no fato de que nem todos os cruzamentos resultam em 100% de masculinidade
em uma população.
3.11 Sexagem manual
Uma outra forma de obter uma população monossexo é através da
sexagem manual dos sexos ou “hand-sexing”. Ela é realizada pela inspeção
visual da papila genital dos alevinos de tilápia.
As tilápias mossambica são as mais facilmente sexadas, pois as papilas
dos machos e das fêmeas são facilmente distinguíveis, mesmo em peixes de 15 a
25g. As tilápias do Nilo já são mais difíceis de serem separadas, e os alevinos
devem estar entre 25 a 30g para se obter sucesso; mesmo assim, normalmente o
resultado pode chegar a 95% de acurácia (Popma & Lovshin, 1996).
O sexo de um alevino de 25g pode ser examinado pela papila genital
localizada imediatamente caudal ao ânus (Figura 3). Nos machos, a papila
genital possui apenas uma abertura (o poro urinário do ureter), através da qual
tanto o esperma quanto a urina passam. Nas fêmeas, os ovos saem através de um
oviduto separado e somente a urina passa pelo poro urinário. Colocar uma gota
de corante (azul de metileno) sobre a região genital ajuda a destacar a papila e
sua abertura (Popma & Masser, 1999).
A vantagem desta técnica é a não utilização de esteróides e a não
ocorrência de cruzamentos interespecíficos. Todavia, é uma técnica utilizada
43
somente em pequenas e médias escalas, e não em larga escala (comercial),
porque cerca de metade da produção poderá ser de fêmeas, que são um produto
de valor limitado.
Além disso, a sexagem visual é muito laboriosa, e trabalhadores muito
experientes só conseguirão separar aproximadamente 2.000 alevinos por hora,
entre os quais nem sempre 1.000 serão machos. Outra desvantagem é que a taxa
de erros pode ser largamente variável, dependendo do nível de experiência do
trabalhador e da precisão desse trabalho com o tamanho do peixe (Popma &
Lovshin, 1996).
Fonte: Popma e Masser, 1999.
FIGURA 3. Esquema da papila genital da tilápia do Nilo.
44
4 MATERIAL E MÉTODO
4.1 Local de execução do experimento
O experimento foi realizado nas dependências da Estação de Piscicultura
do Departamento de Zootecnia/UFLA, Campus Universitário, na cidade de
Lavras, Minas Gerais, situada a 21,23º de latitude Sul e 45,00º de longitude
Oeste, com temperatura média anual de 19,3ºC, máxima de 27,8 e mínima de
13,5ºC. O processamento histológico e as análises das lâminas foram realizados
no Setor de Morfologia do Departamento de Medicina Veterinária/UFLA.
4.2 Animais e instalações
Foram utilizadas, no experimento, pós-larvas de tilápia provenientes de
reprodutores de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) da linhagem tailandesa,
logo após a eclosão dos ovos, adquiridas junto à empresa GENEFORTE
Agropecuária Ltda., localizada na Fazenda do Engenho, zona rural do município
de Pedro Leopoldo, Minas Gerais.
Foram utilizadas, em todo o experimento, 16.400 pós-larvas de tilápia,
sendo 4.100 para cada fase. Inicialmente; as pós-larvas foram alojadas em hapas
com malha de 1,0 mm, dentro de quatro caixas d’água de fibra de vidro (500
litros).
As caixas d’água possuíam um sistema de aquecimento por resistência
elétrica de aço inox de 500W ligado a um termostato (Figura 4), mantendo-se a
temperatura constante de acordo com cada tratamento, e estavam localizadas
dentro do laboratório.
45
FIGURA 4. Caixa d´água utilizada no experimento, dotada de sistema de
aquecimento, aeração e abastecimento de água.
Durante o período do tratamento hormonal, as pós-larvas foram
estocadas em bandejas plásticas. Todas as bandejas plásticas tinham o mesmo
tamanho e cor, contendo o mesmo volume de água (cinco litros). As bandejas
possuíam orifícios laterais cobertos com tela de malha 1 mm para permitir a
troca de água com a caixa d’água (Figura.5). As bandejas receberam aeração
constante por pedra microporosa ligadas a um aerador de aquário (60 litros),
para evitar a hipóxia. Foram utilizados 4 aeradores, sendo 1 para cada cinco
bandejas.
46
FIGURA 5. Bandejas plásticas utilizadas no experimento.
Após o período do tratamento hormonal, as pós-larvas foram transferidas
para hapas com tela de 1 mm, localizados dentro de tanques de alvenaria (Figura
6) ao ar livre.
FIGURA 6. Hapas utilizados para alojar as pós-larvas de tilápia após o
tratamento hormonal, localizados dentro de tanques de alvenaria.
47
4.3 Preparo da ração
As pós-larvas foram alimentadas com uma ração-base comercial
(Quadro 1), que atendia às exigências nutricionais da espécie nesta fase,
contendo 55% de proteína bruta.
QUADRO 1. Características nutricionais da ração comercial utilizada no
experimento.
Níveis de Garantia *
AL55 Níveis de Garantia AL55
Umidade (max.) 13% Vitamina A (Ul) 18000
Proteína Bruta (min.) 55% Vitamina D3 (Ul) 3600
Extrato Etéreo (min.) 10% Vitamina E (Ul) 270
Fibra (max.) 5,0% Vitamina K (Ul) 36
Cinzas (max.) 14% Ácido Fólico (mg) 15
Cálcio (max.) 2% Biotina (mg) 0,45
Fósforo (min.) 0,6% Colina (mg) 720
Magnésio (mg) 0,4 Niacina (mg) 252
Ferro (mg) 75 Pantotenato de Cálcio (mg) 72
Cobre (mg) 10 Tiamina (mg) 29
Zinco (mg) 100 Riboflavina (mg) 36
Manganês (mg) 10 Piridoxina (mg) 36
Iodo (mg) 1 Vitamina B12 (mcg) 36
Selênio (mg) 0,15 Vitamina C (mg) ** 500
* Energia digestível: 5.130 EB/Kg de ração
* * Fonte de Vitamina C estável ao processo de extrusão.
As dosagens de MT (20, 40, 60 mg/kg de ração) foram diluídas em 500
mL de álcool etílico. Estas soluções foram misturadas separadamente a 1 kg de
ração, permanecendo em temperatura ambiente por 24 horas, em um quarto
escuro. Na hora da mistura do hormônio à ração, o manipulador usou luvas de
látex para evitar o contato do hormônio com a pele.
48
Após secagem, as rações foram armazenadas em sacos plásticos pretos à
temperatura ambiente e ao abrigo de luz e calor.
Para o arraçoamento das pós-larvas durante o tratamento hormonal, as
rações foram pesadas diariamente em balança de precisão, sendo colocadas
individualmente em pequenos sacos plásticos, separadamente para cada bandeja
e para cada alimentação, dentro dos diversos tratamentos. Isto foi feito para se
evitar ao máximo o contato do trabalhador com a ração contendo hormônio.
4.4 Experimento
O experimento foi dividido em quatro fases, sendo cada fase submetida a
uma determinada temperatura (26º, 28º, 30º e 32ºC). Em cada fase, as pós-larvas
de tilápia foram subdivididas em 4 grupos, com diferentes doses do hormônio
17-α metiltestosterona (MT) na ração (0, 20, 40 e 60 mg de MT/kg de ração).
Para cada grupo houve 5 repetições.
Portanto, para cada temperatura de estocagem, seis dias após a eclosão,
as pós-larvas de tilápia foram contadas e separadas ao acaso em 20 lotes
contendo 200 pós-larvas cada, e estocadas em bandejas plásticas (40 pós-
larvas/l) para receberem os tratamentos. Inicialmente, antes de as pós-larvas
serem transferidas para as bandejas, foi retirada uma amostra de 100 pós-larvas
para a determinação do peso e do comprimento total médio, que foram,
respectivamente, de 0,008
± 0,002 g e 0,9 ± 0,1 cm. As bandejas plásticas ficaram
acondicionadas dentro de caixas d’água de 500L.
A alimentação das pós-larvas com ração contendo MT teve início sete
dias após eclosão das larvas, com duração de 28 dias. A ração foi oferecida 6
vezes ao dia (8h, 9h30, 11h30, 13h, 15h e 17h), na forma farelada. Na primeira
49
semana do tratamento, a ração foi oferecida em 30% do peso vivo; na segunda
semana, 25%; na terceira semana, 20%; e na quarta semana, 15% do peso vivo.
Durante os tratamentos hormonais, nas caixas d’água de 500 litros houve
troca de água duas vezes por dia, durante 1 hora, proporcionando uma taxa de
renovação de 20% do volume total ao dia. As bandejas foram sifonadas duas
vezes por dia (11h e 16h30), para retirada dos restos de ração e excretas,
havendo uma taxa de renovação de aproximadamente 40% do volume total da
água da bandeja. O fundo das caixas d’água foi sifonado uma vez por semana
para retirada de eventuais restos de ração e sujeira, sendo retirados, em média,
30% do volume total de água da caixa.
A temperatura da água foi aferida duas vezes por dia (9h e 16h), com um
termômetro de mercúrio com escala de 1ºC, dentro das bandejas e na caixa
d’água. Para acompanhamento das características da água durante o experimento
foram quantificados semanalmente, pela manhã, antes da limpeza das bandejas,
o oxigênio dissolvido por meio de leitura direta em oxímetro e do pH da água
por meio de leitura direta em peagâmetro.
Após os 28 dias de tratamento, foi retirada uma amostra de 20 alevinos
por bandeja para mensuração do peso (mg) e do comprimento total (mm) final.
Os alevinos restantes nas bandejas foram contados para saber a taxa de
sobrevivência (%) em cada tratamento.
Em seguida, os alevinos foram transferidos para hapas ao ar livre e
alimentados com ração sem hormônios 4 vezes ao dia (8:00, 11:00, 13:00 e
16:00), em quantidade correspondente a 10% do peso vivo. Os alevinos
permaneceram nos hapas por mais 3 meses.
Após este período de tempo foi realizada a sexagem manual por meio do
exame da papila genital para verificação da efetividade da inversão sexual, por
um técnico experiente em sexagem (Figura 7).
50
Em seguida, 100 alevinos de cada tratamento (50 sexados como macho e
50 sexados como fêmea) foram dessensibilizados por choque térmico a
aproximadamente 2ºC e eutanasiados. Foram coletadas as gônadas dos alevinos
para processamento histológico, comprovação da efetividade da sexagem
manual e verificação da inversão sexual, com conseqüente determinação da
proporção entre os sexos.
FIGURA 7. Papilas genitais de tilápias observadas na sexagem manual.
4.5 Procedimento para estudo histológico
Os fragmentos das gônadas de tilápias coletados foram fixados em
líquido de Bouin durante 24 horas, em temperatura ambiente. Após este tempo,
eles foram transferidos e armazenados em álcool etílico 70% para posterior
processamento.
Após técnicas rotineiras para inclusão em parafina foram obtidos cortes
de 5 a 7 µm de espessura, os quais foram corados pela Hematoxilina-Eosina. Os
cortes foram analisados sob microscopia óptica de campo claro, com a objetiva
51
de 40X, para a identificação do sexo, com base nas características histológicas
de ovários e testículos de tilápias, conforme ilustradas nas Figuras 8 e 9.
FIGURA 8. Ovário de tilápia contendo ovócitos em diversos estádios de
maturação. (400x)
FIGURA 9. Testículo de tilápia contendo células da linhagem germinativa em
vários estádios de diferenciação. (400x)
52
4.5 Delineamento experimental e análise estatística
O experimento foi conduzido em um delineamento inteiramente
casualizado em esquema fatorial 4 x 4, utilizando 4 temperaturas (26º, 28º, 30º e
32º) e 4 doses hormonais (0, 20, 40 e 60mg de MT/kg de ração). Para cada
tratamento houve 5 repetições. Cada parcela constou de 200 pós-larvas.
Ao final do experimento, os resultados obtidos nas diferentes variáveis
foram submetidos à análise de variância de acordo com o modelo:
Y
ij
= µ + T
i
+ H
j
+ (TH)
ij
+ e
ij
Em que:
Y
ij
: observação dos peixes submetidos à temperatura i, na dose
hormonal j;
µ : média geral;
T
i
: efeito da temperatura i, sendo i = 1, 2, 3, 4;
H
j
: efeito da dose hormonal j, sendo j = 1, 2, 3, 4;
(TH)
ij
: interação da temperatura i na dose hormonal j;
e
ij
: erro associado a cada observação.
As diferenças entre os tratamentos foram submetidas a análises de
variância e de regressão. O software utilizado para a realização das análises
estatísticas foi o Sisvar – Sistema de Análise de Variância (Ferreira, 2004).
53
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Avaliação dos parâmetros físico-químicos da água
Não foram observadas diferenças significativas nos parâmetros físico-
químicos da água durante o experimento. As médias de oxigênio dissolvido e pH
foram de 6,82±1,2 mg/L e 7,23±0,57, respectivamente, permanecendo dentro
dos níveis recomendados para a espécie (Popma & Phelps, 1998).
A média das temperaturas nos tratamentos de 26, 28, 30 e 32ºC foram,
respectivamente, de 25,9±0,4ºC; 27,9±0,3ºC; 30±0,1ºC e 32,2±0,6ºC. A
temperatura da água se manteve constante, sem variações bruscas, mesmo
quando se realizou o fluxo de água nas caixas d’água, pois a água que entrava
era pré-aquecida, sendo proveniente de uma caixa d’água externa equipada com
uma resistência elétrica. Isto foi feito para que não ocorresse um choque térmico
e não prejudicasse a manutenção da temperatura pré-estabelecida para o
experimento.
5.2 Avaliação do peso, tamanho e sobrevivência das pós-larvas após 28 dias
de tratamento
Os valores médios do peso das pós-larvas após 28 dias de tratamento
estão na Tabela 1. Houve interação significativa entre temperatura e dose
hormonal para ganho de peso (p<0,01). Quando foi feita análise do
desdobramento da temperatura dentro de cada dose, observou-se que houve um
efeito quadrático (p<0,01) da temperatura dentro das doses 20, 40 e 60 mg
(Figura 10), enquanto na dose 0 não houve diferença significativa. Quando
realizada a análise do desdobramento da dose dentro das temperaturas, apenas a
temperatura de 28ºC mostrou interação significativa (Figura 11).
54
TABELA 1. Peso (g) das pós-larvas de tilápia, após 28 dias de tratamento,
criadas em tanques com diferentes temperaturas, alimentadas com
ração contendo diferentes doses de hormônio.
Temperatura (
o
C)
Média
p
Dose (mg)
26
28
1
30
32
0 0,278 0,285 0,261 0,237 0,265
0,4045
20
1
0,206 0,394 0,315 0,209 0,281
0,000
40
1
0,226 0,377 0,274 0,201 0,270
0,000
60
1
0,266 0,340 0,295 0,195 0,274
0,000
Média 0,244 0,349 0,286 0,211
P 0,0731 0,0031 0,3151 0,5331
cv (%) 17,65
1
Regressão quadrática (p<0,01)
55
FIGURA 10. Peso (g) médio das pós-larvas de tilápia após 28 dias de
tratamento, em função da temperatura de estocagem,
alimentadas com ração contendo A) 20 mg, B) 40 mg, e C) 60
mg de 17α-metiltestosterona/kg de ração.
56
FIGURA 11. Peso (g) médio das pós-larvas de tilápia após 28 dias de
tratamento, criadas na temperatura de 28ºC, alimentadas com
ração contendo diferentes doses de 17α-metiltestosterona/kg de
ração.
Os valores médios de tamanho das pós-larvas após 28 dias de tratamento
estão representados na Tabela 2. Não houve interação significativa entre a
temperatura e as dosagens hormonais utilizadas. Entretanto, houve um efeito
quadrático (p<0,01) da temperatura, independentemente da dose hormonal
utilizada (Figura 12).
TABELA 2. Tamanho (cm) das pós-larvas de tilápia, após 28 dias de
tratamento, criadas em tanques com diferentes temperaturas,
alimentadas com ração contendo diferentes doses de hormônio.
Temperatura (
o
C)
Dose (mg)
26
28
30
32
Média
0 2,246 2,482 2,624 2,586 2,485
20 2,171 2,784 2,754 2,488 2,549
40 2,108 2,664 2,650 2,458 2,470
60 2,244 2,670 2,720 2,460 2,524
Média
1
2,192 2,650 2,687 2,498
cv %) 7,15
1
Regressão quadrática (p<0,01)
57
FIGURA 12. Tamanho (cm) médio das pós-larvas de tilápia após 28 dias de
tratamento, criadas em diferentes temperaturas de estocagem,
independentemente da dose de 17α-metiltestosterona na ração.
Os valores de sobrevivência (%) das pós-larvas após 28 dias de
tratamento estão representados na Tabela 3. Houve interação significativa da
temperatura nas dosagens hormonais utilizadas (p<0,01) (Figura 13), mas não
houve diferença significativa entre a dose de hormônio utilizada dentro das
temperaturas sobre a taxa de sobrevivência. Entretanto, houve um efeito
quadrático quando se observou a média de sobrevivência em relação à dosagem
de MT, independentemente da temperatura de criação (Figura 14).
58
TABELA 3. Sobrevivência (%) das pós-larvas de tilápia, após 28 dias de
tratamento, criadas em tanques com diferentes temperaturas,
alimentadas com ração contendo diferentes doses de hormônio.
Temperatura (
o
C)
Média
1
p
Dose (mg)
26
28
30
32
0
1
49,1 60,2 80,0 76,9 66.6
0,000
20
1
50,2 70,6 82,1 83,1 71,5
0,000
40
1
46,1 64,7 89,9 81,6 70,6
0,000
60
1
44,0 67,5 85,2 77,1 68,5
0,000
Média 47,4 65,8 84,3 79,7
p 0,3398 0,1570 0,0570 0,2464 0,010
Cv (%) 8,56
1
Regressão quadrática (p<0,01)
59
FIGURA 13. Taxa de sobrevivência (%) das pós-larvas de tilápia após 28 dias
de tratamento em função da temperatura de estocagem,
alimentadas com ração contendo A) 0 mg, B) 20 mg, C) 40 mg e
D) 60 mg de 17α-metiltestosterona/kg de ração.
60
FIGURA 14. Média de sobrevivência (%) das pós-larvas de tilápia após 28 dias
de tratamento em função da dosagem de 17α-metiltestosterona
incorporada na ração, independentemente da temperatura da água
de estocagem.
De acordo com Bocek et al. (1992), o crescimento e a taxa de
sobrevivência das pós-larvas durante o tratamento hormonal dependem de vários
fatores, entre eles alimentação, temperatura e condições ambientais.
No presente experimento, houve diferença significativa quanto ao ganho
de peso, tamanho e sobrevivência de acordo com a temperatura da água das
bandejas. Entretanto, para estes parâmetros, não houve diferença em relação à
dose de hormônio utilizada nos tratamentos, corroborando os resultados obtidos
por Guerrero III & Guerrero (1997) e Mainardes-Pinto et al. (2000), os quais
observaram que o MT tem pouco ou nenhum efeito sobre o crescimento e a
sobrevivência de tilápia do Nilo durante o tratamento hormonal. Vera Cruz &
Mair (1994) também não encontraram efeito significativo sobre o crescimento e
sobrevivência de O. niloticus durante o período de tratamento com MT na dose
de 40 mg/kg de ração. De acordo com Bombardelli & Hayashi (2005), a
inexistência de diferença significativa para peso, comprimento e sobrevivência
61
entre os tratamentos pode ser devida ao andrógeno ser rapidamente
metabolizado e excretado, não causando efeito anabólico.
Guerrero III & Guerrero (1997) citam que baixos níveis de andrógenos
aparentemente podem ter um efeito positivo sobre o crescimento e a
sobrevivência de pós-larvas de tilápias durante o período de tratamento, quando
comparados com altos níveis de hormônio. Este comportamento também foi
observado no experimento, pois houve um declínio do peso e da sobrevivência a
partir da dose de 40 mg de MT.
Em relação à temperatura, Popma & Lovshin (1996) afirmam que as
tilápias preferem águas com temperatura entre 29 e 31Cº para um bom
crescimento. Isto foi corroborado por Kubitza (1999), segundo o qual, no cultivo
de tilápias, a zona de conforto térmico está entre 28 a 32°C. Baras et al. (2001)
também constataram, na sua pesquisa sobre os efeitos da temperatura na criação
de tilápias, que a faixa de temperatura para melhor performance de
sobrevivência e crescimento está entre 27 e 35ºC, sendo 29,7ºC a temperatura
ideal. Esses autor observaram, ainda, que em temperaturas acima de 35ºC
ocorreu um decréscimo significativo na sobrevivência e crescimento dos peixes,
sendo que, em quase todos os tratamentos em que foi utilizada a temperatura de
39ºC (considerada por alguns pesquisadores como ideal para masculinização),
houve 100% de mortalidade em 3 semanas, fato devido a esta temperatura ser
considerada, em tilápias, a temperatura (38,5 a 39ºC) em que se inicia a
mortalidade para tilápias juvenis.
Já Borges et al. (2005), estudando o efeito da temperatura na proporção
de sexos de tilápia chitralada, observaram que com o aumento da temperatura, as
taxas de sobrevivência relacionaram-se diretamente com a ocorrência de
canibalismo, significativamente maior a 35ºC.
62
Os dados obtidos na presente pesquisa estão de acordo com os
observados por estes autores, pois se registrou que a temperatura ideal para
sobrevivência, ganho de peso e tamanho está entre 28,5 e 31ºC, e que acima
deste ponto começam a decrescer tanto a sobrevivência quanto o crescimento
dos alevinos.
Vera Cruz & Mair (1994) citam que a mortalidade observada durante a
fase de tratamento hormonal pode ser explicada pelo estabelecimento de
hierarquia na alimentação entre os peixes, em que indivíduos dominantes dentro
da população podem consumir mais alimento e crescer mais rapidamente,
deixando menos alimento para os indivíduos submissos, que apresentam menos
crescimento e tornam-se, consequentemente, vulneráveis ao canibalismo e à
morte por inanição.
No presente trabalho, a maior taxa de mortalidade foi observada nos
tratamentos com temperatura de 26 e 28ºC. Durante o experimento, observou-se
que o tamanho das pós-larvas não foi muito uniforme nestas temperaturas, sendo
que, nas temperaturas de 30 e 32ºC, as pós-larvas apresentaram tamanhos
homogêneos. Sugere-se que esta diferença de tamanho entre os peixes possa ter
influenciado na alta taxa de mortalidade, através do estabelecimento da
hierarquia na alimentação, já que a ração era a única fonte de alimento. Por outro
lado, nas temperaturas de 30 e 32ºC, como o tamanho das pós-larvas era mais
homogêneo, a taxa de sobrevivência ficou em torno de 79 a 85%, estando de
acordo com Popma & Lovshin (1996), que afirmam que normalmente a taxa de
sobrevivência das pós-larvas gira em torno de 70 a 80% no processo de inversão.
Outra possível hipótese para a mortalidade em todos os tratamentos
poderia estar na forma de criação. De acordo com Phelps & Popma (2000),
quando a inversão ocorre em tanques “indoor”, a mortalidade de peixes é maior
do que em tanques ao ar livre. Popma (1987) relatou uma taxa de apenas 40% de
63
sobrevivência quando O. niloticus foi submetida à inversão sexual em tanques
“indoor”.
5.3 Avaliação da taxa de inversão sexual das pós-larvas de tilápia
Os valores percentuais de machos obtidos através da sexagem manual e
da análise histológica ao final de quatro meses, nos diferentes tratamentos, estão
na Tabela 4. A relação obtida entre estes dois métodos (% de acerto da sexagem
manual em relação à análise histológica) está representada na Tabela 5.
Não houve interação significativa da temperatura nas dosagens
hormonais utilizadas (p<0,01) em relação à proporção de machos avaliados
histologicamente. Quando se utilizou o valor da média final de machos obtidos
nas respectivas doses, observou-se uma diferença significativa (p<0,01),
ocorrendo um efeito quadrático (Figura 15).
TABELA 4. Proporção (%) de machos de tilápia identificados na sexagem
visual (S) e na análise histológica (L), ao final do experimento.
Temperatura (
o
C)
Dose (mg)
26
28
30
32
Média
S L
S L S L S L S L
1
0 51 55 39 51 40 45 54 57 46,0 52,0
20
58 77 75 80 63 74 70 79 66,5 77,5
40
85 91 72 78 87 92 46 82 72,5 85,8
60
78 91 73 81 66 87 74 94 72,8 88,3
Média 68,0 78,5 64,8 72,5 64,0 74,5 61,0 78,0
cv (%) L = 6,831
1
Regressão quadrática (p<0,01)
64
TABELA 5. Porcentagem (%) da relação da sexagem manual de alevinos de
tilápia com a análise histológica das gônadas, ao final do
experimento.
Temperatura (
o
C)
Dose (mg)
26 28 30 32
Média
M F M F M F M F M F
0 93 80 76 87 89 94 95 100 88 90
20 75 100 94 95 85 58 89 24 86 69
40 93 67 92 86 95 25 56 89 84 67
60 86 44 90 63 76 77 79 17 83 50
Média 87 73 88 83 86 64 80 58
M = machos F = fêmeas
FIGURA 15. Média da porcentagem de machos de tilápia obtidos ao final do
experimento em função das doses hormonais utilizadas,
independentemente da temperatura de estocagem.
65
De acordo com Mainardes-Pinto et al. (2000), a identificação de machos
e fêmeas por sexagem manual é confiável. Em sua pesquisa, comparando
diferentes doses e diferentes rações para tilápias do Nilo, os autores observaram
que os resultados em termos de freqüência entre sexagem e análise histológica
foram semelhantes, sendo observados, nas duas diferentes técnicas, 98% de
machos na dosagem de 60 mg de MT. Este resultado foi obtido em tilápias
pesando, em média, 40g após 6 meses de cultivo, corroborando Popma &
Lovshin (1996) quando afirmam que para se obter sucesso na sexagem manual,
as tilápias do Nilo devem estar pesando entre 25 a 30g.
No presente trabalho não foi observada a mesma freqüência entre as
duas técnicas, pois quando foi realizada a análise histológica, alguns alevinos
sexados como machos eram fêmeas, e alguns alevinos sexados como fêmeas
eram machos. A média geral da proporção de relação entre estes dois métodos
foi de 77%. Esta baixa relação pode ter ocorrido porque os alevinos sexados se
encontravam com peso em torno de 8 a 30 gramas. Possivelmente isso fez com
que os resultados entre sexagem visual e análise histológica não fossem
semelhantes em termos de freqüência, mesmo o processo sendo realizado por
uma pessoa muito experiente.
A maior proporção de acerto (89%) observada neste experimento
ocorreu nos peixes que não receberam hormônio. Este resultado já era esperado,
pois no momento da sexagem manual, eles foram os mais facilmente
identificados. Em contrapartida, os peixes alimentados com 60 mg de MT foram
os que apresentaram maior dificuldade de identificação, sendo também os que
obtiveram a menor relação (62%) entre as duas técnicas. Isto sugere que o
tratamento hormonal pode prejudicar o sucesso da sexagem visual, fazendo com
que os machos revertidos sejam mais difíceis de serem identificados.
66
Da mesma forma, Phelps et al. (1993), pesquisando a relação entre a
morfologia externa da papila genital e as gônadas de tilápias tratadas com MT,
também não obtiveram uma boa correlação entre as duas técnicas. No seu
experimento, apenas 60% dos peixes examinados possuíam gônadas que
correspondiam ao sexo sugerido pela papila.
Estes resultados sugerem que o uso apenas da forma da papila genital
para determinar o sexo pode corromper a avaliação do sucesso do tratamento de
tilápias com andrógenos para produzir populações de machos.
Para se obter um bom desempenho na inversão sexual no presente
estudo, a ração comercial utilizada continha 55% de proteína, os minerais e as
vitaminas adequados e necessários a esta fase de crescimento, e foi oferecida
com uma freqüência de seis arraçoamentos por dia. Como ocorreu a troca de
grande parte da água das bandejas plásticas (duas vezes diariamente), não houve
tempo para a formação de plâncton, que contribui de forma significativa na
alimentação das tilápias. De acordo com Kubitza (1999), o excesso de renovação
de água é o principal fator responsável pelo insucesso na formação de plâncton.
Com isso, a ração ofertada foi a única fonte de alimento das pós-larvas, o que
pode ter contribuído para o baixo índice de inversão sexual do nosso
experimento, quando comparado a outros trabalhos.
Em média, obteve-se uma taxa de 84% de inversão sexual nos
tratamentos que utilizaram hormônio, sendo que, na dose de 60mg, a proporção
de machos nos tratamentos foi de 88%, em média, chegando a 94% na
temperatura de 32ºC, corroborando vários autores que afirmam que a dose de
60mg é ideal no processo de inversão sexual (Curtis et al., 1991; Green et al.,
1997; Kubitza 1999; Mainardes-Pinto et al., 2000; Popma & Lovshin, 1996).
Quando se observa a taxa de inversão sexual nos grupos que não
receberam hormônio, constata-se que não houve diferença significativa, ficando
67
a proporção, em média, de quase 1:1. Isto demonstra que as temperaturas
utilizadas nos tratamentos não foram suficientes para induzir a inversão sexual,
pois não ocorreu alteração na proporção de machos nestes grupos.
Estes resultados corroboram os do experimento de Baras et al. (2001), os
quais observaram que na faixa de temperatura entre 20 e 33ºC ocorreu a mesma
proporção de machos (42 a 60%) que na criação em temperatura de 27ºC, não
havendo diferenças significativas, e estão de acordo com outros autores, que
afirmam que baixas temperaturas não afetam a proporção sexual (Abucay et al.,
1999; Baroiller et al., 1996a,b,c; Desprez & Mélard, 1998).
Em contrapartida, Wang & Tsai (2000) observaram um aumento na
proporção de machos quando pós-larvas de 5 dias foram expostas a temperaturas
de 28 e 32ºC, mas que a proporção de deformidades nas larvas também
aumentou significativamente com o aumento da temperatura. Isto não foi
observado no presente trabalho.
De acordo com vários autores, a temperatura para começar a ocorrer
alteração na proporção sexual é de 35ºC, independentemente do uso de
hormônio. Tessema et al. (2006), ao pesquisarem o efeito da temperatura sobre a
proporção de sexos, encontraram que a temperatura de 36º e 38ºC aumentou a
proporção de machos (78%) quando comparada ao controle (1:1), mas que na
temperatura de 38ºC a taxa de mortalidade foi maior. Estes autores observaram,
ainda, que há diferença na resposta à temperatura de acordo com a sensitividade
da população. Por outro lado, Baroiller et al. (1996b, c) citam que uma forte
influência no sexo fenotípico e uma masculinização significativa somente são
obtidas em temperaturas em torno de 37ºC; porém, de acordo com Abucay et al.
(1999), esta temperatura pode induzir a feminilização de alguns machos
genotípicos. De acordo com Baras et al. (2001), esta feminilização pode ser
parte de um processo de conservação da espécie.
68
O índice de inversão sexual obtido neste estudo se deu apenas pela ação
do hormônio utilizado. Mesmo assim, obteve-se uma boa taxa de inversão
sexual. Normalmente a taxa de inversão é de 95%, mas observa-se também uma
taxa de 80 a 90%, pois quando ocorre o rápido crescimento, combinado pela alta
temperatura com boa qualidade da ração, a época de susceptibilidade da inversão
pode passar mais rápido.
Em relação às doses de hormônio utilizadas, a resposta da taxa de
inversão sexual dos peixes se deu de maneira semelhante em todas as
temperaturas utilizadas, sendo que, na dosagem de 40 e de 60 mg de MT, foram
obtidos resultados semelhantes (86 e 88%, respectivamente). A dose de
hormônio encontrada como a melhor para a inversão sexual é de 50 mg, mas a
proporção de machos nesta dosagem (89%) também estaria muito próxima das
obtidas nas doses de 40 e 60 mg.
Ainda, quando se analisam os resultados obtidos pela dose de 40 mg no
processo de inversão sexual, observa-se que o melhor resultado ocorreu na
temperatura de 30º. Coincidentemente, 30ºC estão dentro da faixa considerada
como a de melhor performance dos peixes em termos de crescimento e
sobrevivência.
Portanto, se o produtor elevar a temperatura de cultivo (30ºC), aliada à
utilização de uma menor dose de hormônio (40 mg) no processo de inversão
sexual, serão obtidas uma boa taxa de inversão e a uma menor taxa de
mortalidade em seus tanques, resultando em maiores lucros.
Além disso, a utilização de uma dose hormonal mais baixa diminuiria a
contaminação e o acúmulo de resíduos nos tecidos dos peixes tratados e a sua
conseqüente liberação no meio ambiente, diminuindo, assim, o impacto
ambiental e os riscos que estes hormônios podem causar à saúde humana.
69
CONCLUSÕES
Sob as condições em que este experimento foi realizado, pode-se
concluir que:
1. O aumento da temperatura da água de cultivo de pós-larvas de tilápias
do Nilo influencia na sua performance, ocorrendo um aumento no ganho de
peso, tamanho e sobrevivência.
2. A temperatura da água para o melhor desempenho de crescimento e taxa
de sobrevivência das tilápias em processo de inversão sexual é de 30ºC.
3. A dose de 40 mg de MT/kg de ração é suficiente para a obtenção de
populações monossexo.
4. Para tilápias do Nilo menores de 25 g, a técnica de sexagem manual não
é totalmente eficaz, podendo alterar a avaliação do sucesso do tratamento
com andrógenos.
5. Na temperatura da água entre 26 a 32º, só ocorre a inversão sexual com
aplicação hormonal.
70
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84
ANEXOS
ANEXO A Página
TABELA 1A.
Análise de variância e regressão do efeito da
mudança da temperatura de criação sobre o peso
das pós-larvas de tilápias alimentadas com rações
contendo diferentes doses de MT..............................
86
TABELA 2A.
Análise de variância do efeito da mudança da
temperatura de criação sobre o tamanho das pós-
larvas de tilápias alimentadas com rações contendo
diferentes doses de MT.............................................
87
TABELA 3A.
Análise de regressão do efeito da temperatura de
criação sobre o tamanho das pós-larvas de tilápias...
87
TABELA 4A.
Análise de variância e regressão do efeito da
mudança da temperatura de criação sobre a
sobrevivência das pós-larvas de tilápias
alimentadas com rações contendo diferentes doses
de MT........................................................................
88
TABELA 5A.
Análise de regressão do efeito das diferentes doses
hormonais sobre na sobrevivência das pós-larvas de
tilápias..............................................................................
89
85
ANEXO B Página
TABELA 1B.
Análise de variância do efeito da mudança da
temperatura de criação sobre a porcentagem de machos
de tilápias alimentados com rações contendo diferentes
doses de MT, obtida através de análise histológica das
gônadas............................................................................. 90
86
ANEXO A
TABELA 1A. Análise de variância e regressão do efeito da mudança da
temperatura de criação sobre o peso das pós-larvas de tilápias
alimentadas com rações contendo diferentes doses de MT.
Causas de Variação
Graus de
Liberdade
Quadrado
Médio
Pr>Fc
TEMP 3 0,071532 0,0000
DOSE 3 0,000929 0,7522
TEMP*DOSE 9 0,006974 0,0046
TEMP 3 0,002276 0,4045
TEMP 3 0,041250 0,0000
Linear 1 0,001332 0,451
Quadrática 1 0,107898 0,000
Desvio 1 0,014520 0,015
TEMP 3 0,030285 0,0000
Linear 1 0,008028 0,067
Quadrática 1 0,062720 0,000
Desvio 1 0,020107 0,004
TEMP 3 0,018643 0,0001
Linear 1 0,016978 0,009
Quadrática 1 0,037932 0,000
Desvio 1 0,001018 0,509
DOSE 3 0,005605 0,0731
DOSE 3 0,011766 0,0031
Linear 1 0,005655 0,123
Quadrática 1 0,026791 0,001
Desvio 1 0,002852 0,271
DOSE 3 0,002778 0,3151
DOSE 3 0,001702 0,5331
Resíduo 64 0,002312
CV (%) 17,65
87
TABELA 2A. Análise de variância do efeito da mudança da temperatura de
criação sobre o tamanho das pós-larvas de tilápias alimentadas
com rações contendo diferentes doses de MT.
Causas de Variação
Graus de
Liberdade
Quadrado
Médio
Pr>Fc
TEMP 3 1,013316 0,0000
DOSE 3 0,026216 0,4898
TEMP*DOSE 9 0,036648 0,3482
Resíduo 64 0,032130
CV (%) 7,15
TABELA 3A. Análise de regressão do efeito da temperatura de criação sobre o
tamanho das pós-larvas de tilápias.
Causas de
Variação
Graus de Liberdade Quadrado Médio Pr>Fc
b1 1 0,910593 0,000
b2 1 2,091428 0,000
Desvio 1 0,037928 0,281
Resíduo 64 0,032130
88
TABELA 4A. Análise de variância e regressão do efeito da mudança da
temperatura de criação sobre a sobrevivência das pós-larvas de
tilápias alimentadas com rações contendo diferentes doses de
MT.
Causas de Variação
Graus de
Liberdade
Quadrado
Médio
Pr>Fc
TEMP 3 5513,611458 0,0000
DOSE 3 98,311458 0,0472
TEMP*DOSE 9 60,411458 0,1031
TEMP 3 1054,750000 0,0000
Linear 1 2662,560000 0,000
Quadrática 1 252,050000 0,009
Desvio 1 249,640000 0,010
TEMP 3 1169,033333 0,0000
Linear 1 3036,010000 0,000
Quadrática 1 470,450000 0,001
Desvio 1 0,640000 0,893
TEMP 3 1880,912500 0,0000
Linear 1 4336,222500 0,000
Quadrática 1 904,512500 0,000
Desvio 1 402,002500 0,001
TEMP 3 1590,150000 0,0000
Linear 1 3422,250000 0,000
Quadrática 1 1248,200000 0,000
Desvio 1 100,000000 0,097
DOSE 3 39,950000 0,3398
DOSE 3 97,483333 0,0480
Linear 1 64,000000 0,182
Quadrática 1 72,200000 0,157
Desvio 1 156,250000 0,039
DOSE 3 92,500000 0,0570
DOSE 3 49,612500 0,2464
Resíduo 64 2250,500000
CV (%) 8,56
89
TABELA 5A. Análise de regressão do efeito das diferentes doses hormonais na
sobrevivência das pós-larvas de tilápias.
Causas de
Variação
Graus de Liberdade Quadrado Médio Pr>Fc
b1 1 22,800625 0,424
b2 1 250,278125 0,010
Desvio 1 21,855625 0,433
Resíduo 64 35,164062
90
ANEXO B
TABELA 1B. Análise de variância do efeito da mudança da temperatura de
criação sobre a porcentagem de machos de tilápias alimentados
com rações contendo diferentes doses de MT, obtidos através de
análise histológica das gônadas.
Causas de Variação
Graus de
Liberdade
Quadrado
Médio
Pr>Fc
TEMP 3 32,91667 0,35587
Linear 1 0,050000 ******
Quadrática 1 90,25000 0,10002
Cúbica 1 8,449997 ******
DOSE 3 1097,750 0,00001
Linear 1 2737,800 0,00000
Quadrática 1 528,9999 0,00163
Cúbica 1 26,45007 ******
Resíduo 9 26,86111
CV (%) 6,83
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