
115
agência bancária. Chegando lá, recebe a notícia de que, para conseguir o serviço, é necessário
que ele se cadastre. Nesse momento uma confusão se instala. Nanetto compreende de maneira
equivocada o significado do termo e, então...
–
Cossa gala dito, signorina? – Vou cadastrar o senhor. – Se la fa par schersar, me
lo diga súbito che lora me meto a rider. Ma se la parla sul sèrio, la sàpia che mi no
voi farme castrar parchè no son ghancora maridà e ghanca no vao via prete, e far
questi laori a un cristian l’è pecà mortal. Se te si rabiosa par via de to sbrego, mi no
go colpa. Se te voi cavarte a spissa, vai taiarghe via quele del gerente che lu si l’era
contento da veder el to sbrego, mi no go colpa. Mi me basta i mìseri sinquanta due
fiorini. [...] Su questo momento, el gerente, co na man in scarsela, el vien veder
cosa l’era drio suceder. A Nanetto ghe ga passà per la testa che’l podaria esser drio
tegner sconto el caniveto, e el se credea romai rovinà. Col capel davanti, el ndava
indrio cul, sercando na porta o na finestra che sia par tórsela. Incantonà, el taca
osar:
–
Signor Mário, podì tegnérvili i soldi. Go pensa meio e i me ocor gnanca
tanto. Per carità, no stè farme Del mal. Santantoni, aiuto! No stè vègnerme darente
che vê copo a gratoni. Qua nissun toca fin che son vivo. Ghio capio? Macachi co a
côa che si?! Vedì che’l problema za la comunicassion. Dopo che se se inrabia, l’è
ancora pi fadiga capirse. Lora l’è el colpo de fermarse, tirar el fià longo, ragionar co
la testa e méterse d’acordo, senò la vien fora che la pussa. (PARENTI, 2000,
p.37)
63
Nanetto continua sem compreender boa parte do contexto em que se encontra inserido.
Desse fato é que resultam muitos de seus infortúnios. Ainda procura a cucagna, embora a
imagine de uma forma diferente. Sua cucagna, agora, é a necessidade de dinheiro para pagar
as contas. “Son ancora drio sercar la cucagna. Solo che desso romai, ghe sento el odor parché
me go fato stradin de Santa Teresa a un salário mísero, digo, mìnimo al mese”
64
(PARENTI,
2000, p. 34).
A cucagna que Nanetto busca, nesse novo contexto, aparece relacionada de maneira
direta com a necessidade de ter dinheiro, ou então de providenciar algum tipo de ocupação
63
“– O que disse senhorita? – Vou cadastrar o senhor. – Se ela está dizendo por brincadeira, que me diga logo
que então eu começo a rir. Mas se está falando sério, é bom que ela saiba que não quero que me castrem porque
ainda não sou casado e também não pretendo estudar para padre, e fazer essas coisas para um cristão é pecado
mortal. Se tu estás nervosa por causa do rasgo no vestido, eu não tenho culpa. Se tu queres te tirar a coceira, vá
cortar fora aquelas do gerente que ele sim estava contente em ver teu rasgo. A mim me bastam os cinqüenta e
dois fiorini (...) / Nesse momento, chega o gerente com uma mão no bolso e vem ver o que está acontecendo.
Nanetto pensou que ele poderia ter um canivete escondido, e ele já se via aleijado. Com o chapéu na frente, ele
foi andando para trás, procurando uma porta ou uma janela, ou qualquer coisa para fugir. Vendo-se sem saída,
ele começa a gritar: / - Senhor Mário, pode ficar com seu dinheiro. Eu pensei melhor e nem preciso mesmo dele.
Por piedade, não me faça mal. Santo Antônio, socorro! Não me cheguem perto que os mato com as unhas. Aqui
ninguém toca enquanto eu estiver vivo. Entenderam? Macacos de rabo que vocês são?! Vejam que o problema é
a comunicação. Depois que se está nervoso, é ainda mais difícil se entender. Então é a hora de parar, respirar
fundo, pensar com a cabeça, senão não dá nada que preste.”(T. da A.)
64
“Estou ainda procurando a cucagna. Só que, agora, já sinto seu cheiro, porque me tornei funcionário público
em Santa Teresa por um salário mísero, digo, mínimo ao mês.”(T. da A.)