
Na Fronteira da Revolução. A formação do patrimônio arquitetônico de Uruguaiana - RS
De fato Uruguaiana é uma cidade onde há mais luxo do que na
capital.
Tratamos de procurar o hotel, que nos fora recomendado como o
melhor; mas não adiantamos nada, porque este é igual aos outros
três. Nenhum merece o nome de bom: dois deles são mais ou menos
bonitos, e nada mais, porque os aposentos, apesar de bem
arrumadinhos, e a cozinha, apesar de asseada, não são para agradar
ninguém; nas camas, percevejos e baratas, e à mesa, o infalível
puchero – prato predileto dos castelhanos, a galinha cortada em
pedacinhos e frita na panela e o insípido borriquete, peixe que
abunda no Uruguai.
Há uns dois restaurantes, onde se tomam bebidas geladas, diversas
fábricas de cerveja, uma de gelo, uma boa fábrica de carruagens e
muitos outros estabelecimentos fabris, bem montados.
É muito importante o comércio. Diversas casa são importadoras,
mantendo relações diretas com as praças de Monteviedéu, Buenos
Aires, Paris, com algumas do norte do Brasil, de onde recebem café,
açúcar e álcool.
A praça da Rendição é ajardinada e muito bem cuidada. Tem bonitas
alamedas que partem dos quatro ângulos, convergindo para o centro
e formando um X. São de um belíssimo efeito de perspectiva.
No centro da praça há um bom quiosque e tanto aí como ao longo
das alamedas, encontram-se muitos bancos, que quase sempre estão
ocupados pelos “habitues” do jardim.
Em uma esquina da praça, ostenta-se majestoso o edifício do Clube
Comercial, de lindíssima arquitetura, coberto de ardósias, edifício de
grande luxo, tanto no exterior como no interior. Talvez que no Estado
não haja meia dúzia de edifícios tão importantes. Dizem que a
construção desta custou cerca de 300 contos.
Infelizmente o Clube forma um contraste bem notável com todo o
conjunto de construções da cidade, porque apesar da grandeza, da
opulência comercial de Uruguaiana, ela é, na sua maior parte,
constituída de prédios antigos, escuros, sem gosto arquitetônico.
A propósito, dizem que um visitante indagado como achara o Clube,
respondeu: Acho tudo muito lindo penso que somente o que falta é
construírem uma cidade para edifício tão rico.
Publicam-se ali, quatro ou cinco jornais, existem duas livrarias,
diversas farmácias, uma casa de caridade, uma fotografia bem
montada. A cidade é servida por uma boa rede telefônica, é
entretanto, iluminada ainda por querosene.
A indústria pastoril é aperfeiçoada no município, onde os fazendeiros
cuidam muito do cruzamento de raças animais.
O cultivo da vinha vai tendo algumas pessoas que se dedicam com
esmero à agricultura como, por exemplo, o Sr. Luiz Betinelli, abastado