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tridentinas, foram implementadas por Bulas do Papa Pio V (1504-1572). Estas bulas tentaram
reforçar a observância a Regra de São Bento e executaram a união dos cenóbios em uma
congregação. O mosteiro de Tibães, na região de Braga, ficou sendo a cabeça da recém criada
Congregação Portuguesa. No seu primeiro Capítulo Geral
14
, realizado neste mosteiro em
1570, confirmou-se as Bulas papais, reafirmando a eleição trienal de abades para os
mosteiros
15
.
Em 1581, no quarto Capítulo da Congregação do Mosteiro de São Bento, realizado em
Lisboa, ficou decidido que seriam mandados monges para a cidade de Salvador, onde
fundariam o primeiro mosteiro da América portuguesa
16
. No mesmo século, outros mosteiros
foram instalados além-mar
17
. É no mínimo intrigante o fato de que esses foram os únicos
cenóbios beneditinos fora da metrópole, em todo o Império português
18
. Localizado em um
monte rente à Baía de Guanabara e de frente para a Ilha das Cobras, o mosteiro do Rio de
Janeiro, dedicado inicialmente a Nossa Senhora da Conceição e, posteriormente, colocado em
devoção a Nossa Senhora de Montesserrate, foi instalado em 1590 e elevado a abadia em
1596.
Ecumênico e Geral Concílio Tridentino em Latim e Portuguez. Lisboa: Officina de Antonio Rodriguez
Galhardo, 1808.
14
Os Capítulos Gerais eram grandes assembléias da congregação que se realizavam de três em três anos com a
presença do Abade Geral, Abades, Priores, definidores, visitadores e procuradores. Esses capítulos foram
responsáveis pela consolidação e renovação da vida monástica no Império Português. Era neles que se elegiam
os abades.
15
Antes da reforma das abadias portuguesas, os mosteiros eram governados por abades comendatários. Esses
abades eram superiores nomeados pelo rei ou pela Santa Sé, sem serem membros da comunidade e muitas vezes
sem serem nem mesmo clérigos. Os “comendatários” são responsabilizados, pelos cronistas beneditinos, por
uma crise monástica no século XV, em Portugal. Vale destacar que o capítulo XXI da sessão XXV do Concilio
tridentino clamava que “Os mosteiros se dem aos Regulares. As cabeças das Ordens a ninguém se dem em
Comenda”.
16
Estande B Prateleira 8 - Atas do 4º Cap. Geral (1581) fl. 60. AMSBRJ.
17
Rio de Janeiro (1585), Olinda (1590), Paraíba (1596) e São Paulo (1598). Cf. BOSCHI, Caio. As missões no
Brasil. In: BETHENCOURT, F.; CHAUDHURI, K. (Dir.). História da expansão portuguesa. Navarra: Círculo
de Leitores, 1998. v.2. p. 399. Todavia, estas datações variam de obra para obra. Para d. Joaquim G. de Luna o
mosteiro do Rio foi implantado entre 1586 a 1589. Já para d. José Lohr Endres esta data da fundação de fato foi
em 1593. Baseado em uma crônica de 1646, D. Mateus Rocha informa que a fundação do mosteiro no Rio foi
em 1590. O importante é que dá-se para concluir que a fundação do mosteiro se deu no final do século XVI.
LUNA, D. Joaquim G. de. Os monges beneditinos no Brasil. Rio de Janeiro: Edições Lumen Christi, 1947. p.
109; ENDRES, D. José Lohr. A ordem de São Bento no Brasil quando província (1582-1827). Salvador: Editora
Beneditina, 1980, p. 57; ROCHA, Dom Mateus Ramalho. O Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro (1590-
1990). Rio de Janeiro: Stúdio HMF, 1991. p. 28.
18
Provavelmente, isso ocorreu pela tardia formação das abadias beneditinas portuguesas em uma congregação.