Download PDF
ads:
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
1
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
2
ads:
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
3
Manual de Segurança e
Inspeção de Barragens
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
4
M25m Manual de Segurança e Inspeção de Barragens – Brasília: Ministério
da Integração Nacional, 2002. 148p.
Inclui bibliografia.
1. Segurança de Barragens. 2. Operação e Manutenção de Barra-
gens. 3. Inspeção de Açudes. 4. Plano de Ação Emergencial. I.
Ministério da Integração Nacional. II. Título.
CDU 627.82
Ministro da Integração Nacional
Luciano Barbosa
Secretário de Infra-Estrutura Hídrica
Rosevaldo Pereira de Melo
Coordenador do PROÁGUA Semi-Árido Obras (UGPO)
Demetrios Christofidis
Coordenadores do Trabalho
Cristiano César Aires Rocha
Lázaro Luiz Neves
Maria Inês Muanis Persechini
Ministério da Integração Nacional
Esplanada dos Ministérios – Bloco E
6º ,7º, 8 º e 9 º andares
CEP: 70062-900
Brasília – DF
www.integracao.gov.br
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
5
As barragens são obras geralmente associadas a um elevado potencial de risco devido à possibilidade
de um eventual colapso, com conseqüências catastróficas para as estruturas das próprias barragens, ao meio
ambiente, com destruição da fauna e flora, e, principalmente, pela perda de vidas humanas.
O Brasil, por contar com vastos recursos hídricos, possui um número expressivo de barragens. Felizmente,
têm ocorrido poucos acidentes, de conseqüências limitadas, uma vez que são raros os causados pela natureza.
A isso soma-se o excelente padrão técnico de nossas obras.
Entretanto, estes fatores não devem ser motivo de despreocupação de nossa parte. Ao contrário,
devemos estar sempre atentos quanto às condições de segurança estrutural e operacional das barragens,
identificando os problemas e recomendando reparos, restrições operacionais e/ou modificações quanto às
analises e aos estudos para determinar as soluções adequadas.
Este Manual de Segurança de Barragens, elaborado pelo Ministério da Integração Nacional, torna-se
oportuno por estabelecer parâmetros e um roteiro básico para ajudar, além dos órgãos do Governo vinculados
ao Ministério da Integração Nacional, os proprietários particulares na construção de novas barragens e na
reabilitação das já existentes, visando à sua operação e manutenção em condições de segurança.
Luciano Barbosa
Ministro da Integração Nacional
APRESENTAÇÃO
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
6
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
7
SUMÁRIO EXECUTIVO
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
8
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
9
SUMÁRIO EXECUTIVO
O objetivo principal deste
Manual de Segurança de Barragens
é estabelecer parâmetros e um roteiro básico para orientar os
procedimentos de segurança a serem adotados em novas barragens,
quaisquer que sejam seus proprietários, e manter as já construídas
em um estado de segurança compatível com seu interesse social e de
desenvolvimento.
O Ministério da Integração Nacional – MI, utilizou o
Guia Básico
de Segurança de Barragens
, elaborado pelo Comitê Brasileiro de
Barragens, como bibliografia básica para elaboração deste
Manual
devido ao fato de considerá-lo abrangente e por ter sido fruto do esforço
consolidado de profissionais experientes e altamente qualificados da
área. Entretanto, o grupo de trabalho reunido pelo MI introduziu algumas
contribuições ao
Guia,
o que gerou um produto diferenciado em relação
à bibliografia existente sobre o assunto.
Os capítulos iniciais, até o capítulo 5, versam sobre definições
e generalidades, apontando as responsabilidades do proprietário da
barragem. Esses capítulos estabelecem critérios de classificação para
as barragens, as quais devem ser enquadradas quanto às
conseqüências de uma ruptura ou dano em potencial. Todas as
barragens devem ser submetidas periodicamente a uma reavaliação
de suas condições de segurança, segundo sua classificação quanto
às conseqüências de ruptura.
O Capítulo 6 pondera sobre a operação, manutenção e inspeção
de barragens.
As equipes de operação e manutenção das barragens devem
ser treinadas e dispor de um plano de procedimentos de emergência
para orientação em casos extremos – tais como a passagem de cheias
excepcionais – que contemple, pelos menos:
- Como proceder em resposta aos alertas da instrumentação;
- O que fazer para manter a população mobilizada;
- Quais as providências a serem tomadas contra danos patrimoniais
e ambientais.
As eventuais obras de reparo ou de manutenção recomendadas
nas inspeções, deverão ser implementadas com a máxima brevidade
possível, bem como as providências e recomendações devem ser
registradas.
Os capítulos de 7 a 10 tratam dos procedimentos de
emergência, que deverão ser adotados nos casos de ocorrência de
sismos e cheias, e da instrumentação de controle. As barragens deverão
ser dotadas de um plano de emergência, objetivando a preservação
das pessoas residentes a jusante, em caso de acidente. Toda barragem
deve ser instrumentada, de acordo com seu porte e riscos associados
e ter os dados analisados periodicamente com a realização das leituras.
Todos os instrumentos devem ser dotados de valores de controle ou
limites.
Os capítulos 11 e 12 traçam considerações e requisitos
necessários acerca de segurança de barragens de terra e das estruturas
de concreto. Considerações especiais sobre barragens de rejeitos são
descritas no capítulo 14.
O capítulo 13 aborda os efeitos do meio ambiente sobre a
segurança de barragens e indica os principais fatores responsáveis por
esses efeitos.
Em todos estes capítulos foram introduzidas tarefas de
adaptação e incorporação de experiências do grupo de trabalho que
atuou na elaboração do
Manual
. A maior parte do texto apresentado é
originário
do Guia de Segurança de Barragens
.
O capítulo 15 versa sobre inspeções para a avaliação da
segurança de barragens, cujo objetivo é determinar as condições relativas
à segurança estrutural e operacional das barragens, identificando os
problemas e recomendando tanto reparos corretivos, restrições
operacionais e/ou modificações quanto análises e estudos para
determinar as soluções dos problemas. Já o capítulo 16 descreve os
procedimentos a serem seguidos por ocasião da visita de inspeção,
por meio de uma sugestão de lista de verificações.
Foram introduzidos anexos de forma a auxiliar o pessoal
responsável pela segurança e inspeção de barragens na condução de
mecanismos que permitam classificar as barragens quanto ao potencial
de risco, exemplificar as principais ocorrências de anomalias,
estabelecer modelos para inspeção e um Plano de Ação Emergencial.
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
10
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
11
MANUAL DE SEGURANÇA E
INSPEÇÃO DE BARRAGENS
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO .......................................................................... 13
2. OBJETIVO ................................................................................ 14
3. DEFINIÇÕES, CONCEITOS E RESPONSABILIDADES ............ 14
3.1 GERAL ................................................................................... 14
3.2 GLOSSÁRIO ............................................................................ 15
4. GENERALIDADES .................................................................... 18
4.1 INTRODUÇÃO ........................................................................... 18
4.2 APLICABILIDADE DO MANUAL DE SEGURANÇA DE BARRAGENS ......... 18
4.3 RESPONSABILIDADE PELA SEGURANÇA DA BARRAGEM ..................... 18
4.4 CLASSIFICAÇÃO DAS BARRAGENS ................................................ 19
4.5 SELEÇÃO DO CRITÉRIO DE SEGURANÇA ....................................... 20
4.6 DESCOMISSIONAMENTO E ABANDONO ........................................... 20
5. REAVALIAÇÃO DA SEGURANÇA DE BARRAGENS ................ 22
5.1 GERAL ................................................................................... 22
5.2 DETALHES DA REAVALIAÇÃO ........................................................ 22
5.2.1 C
LASSIFICAÇÃO
DA
BARRAGEM
............................................
22
5.2.2 I
NSPEÇÃO
DO
L
OCAL
........................................................
23
5.2.3 P
ROJETO
E
C
ONSTRUÇÃO
.................................................
23
5.2.4 O
PERAÇÃO
....................................................................
23
5.2.5 M
ANUTENÇÃO
.................................................................
24
5.2.6 I
NSPEÇÃO
E
M
ONITORAÇÃO
DO
D
ESEMPENHO
DA
B
ARRAGEM
.....
24
5.2.7 P
LANO
DE
A
ÇÃO
E
MERGENCIAL
..........................................
24
5.2.8 F
IDELIDADE
COM
R
EAVALIAÇÕES
A
NTERIORES
........................
24
5.3 RELATÓRIO DE SEGURANÇA DE BARRAGENS ................................. 24
5.4 INSUFICIÊNCIA DOS REQUISITOS DE SEGURANÇA ........................... 24
6. OPERAÇÃO, MANUTENÇÃO E INSPEÇÃO (OMI) ................... 26
6.1 GERAL ................................................................................... 26
6.2 OPERAÇÃO ............................................................................. 27
6.2.1 P
ROCEDIMENTOS
PARA
A
O
PERAÇÃO
EM
R
EGIME
DE
C
HEIAS
....
27
6.2.2 P
ROCEDIMENTOS
PARA
O
PERAÇÃO
DE
E
MERGÊNCIA
................
27
6.2.3 C
ONTROLE
DE
M
ATERIAIS
F
LUTUANTES
E
/
OU
E
NTULHOS
...........
27
6.2.4 C
ONTROLE
DA
S
ALINIZAÇÃO
...............................................
27
6.2.5 C
ONTROLE
DA
E
UTROFIZAÇÃO
............................................
28
6.2.6 P
REVISÃO
DE
C
HEIAS
.......................................................
28
6.3 MANUTENÇÃO ......................................................................... 29
6.3.1 E
STRUTURAS
DE
C
ONCRETO
...............................................
29
6.3.2 E
STRUTURAS
M
ETÁLICAS
...................................................
29
6.3.3 B
ARRAGENS
DE
T
ERRA
.....................................................
29
6.3.4 E
QUIPAMENTOS
...............................................................
30
6.3.5 C
OMUNICAÇÃO
E
C
ONTROLE
..............................................
30
6.3.6 V
IAS
DE
A
CESSO
À
B
ARRAGEM
E
ÀS
E
STRUTURAS
A
NEXAS
......
30
6.3.7 M
ANUTENÇÃO
DA
Á
REA
DA
F
AIXA
DE
P
ROTEÇÃO
....................
30
6.4 INSPEÇÃO E MONITORAÇÃO ....................................................... 30
6.4.1 P
ADRONIZAÇÕES
..............................................................
30
6.4.2 I
NSPEÇÕES
R
EGULARES
...................................................
30
6.4.3 I
NSPEÇÕES
E
MERGENCIAIS
...............................................
31
6.4.4 I
NSTRUMENTAÇÃO
...........................................................
32
6.4.5 E
NSAIOS
......................................................................
32
6.5 IMPLEMENTAÇÃO DE RECOMENDAÇÕES, OBRAS E/OU REPAROS .......... 32
6.6 SEGURANÇA PATRIMONIAL ......................................................... 33
7. PROCEDIMENTOS DE EMERGÊNCIA ..................................... 34
7.1 GERAL ................................................................................... 34
7.2 PLANO DE AÇÃO EMERGENCIAL (PAE) ....................................... 34
7.2.1 N
ECESSIDADE
DE
UM
PAE................................................
34
7.2.2 D
ESENVOLVIMENTO
DE
UM
PAE.........................................
35
7.2.3 C
ONTEÚDO
DE
UM
PAE ...................................................
35
7.2.4 M
ANUTENÇÃO
E
V
ERIFICAÇÃO
DE
UM
PAE ...........................
37
7.2.5 T
REINAMENTO
.................................................................
37
7.3 ESTUDOS DE INUNDAÇÃO .......................................................... 37
8. SISMOS ................................................................................... 38
9. CHEIAS .................................................................................... 39
9.1 GERAL ................................................................................... 39
9.2 ANÁLISE ESTATÍSTICA DE CHEIAS ................................................ 39
9.3 CHEIA MÁXIMA PROVÁVEL (CMP) .............................................. 40
10. DISPOSITIVOS DE DESCARGA ............................................ 41
10.1 GERAL ................................................................................. 41
10.2 BORDA LIVRE ........................................................................ 41
10.3 CAPACIDADE DE DESCARGA DAS ESTRUTURAS HIDRÁULICAS .......... 41
10.4 OPERAÇÃO DURANTE AS CHEIAS ............................................... 42
10.5 OPERAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS DE CONTROLE DE DESCARGAS ....... 42
10.6 INSTRUMENTAÇÃO DE CONTROLE ................................................ 43
10.7 EQUIPAMENTO DE EMERGÊNCIA ................................................ 43
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
12
11. CONSIDERAÇÕES GEOTÉCNICAS PARA BARRAGENS DE
TERRA E FUNDAÇÕES EM SOLO ......................................... 44
11.1 BARRAGENS DE TERRA E FUNDAÇÕES EM SOLO .......................... 44
11.1.1 M
ONITORAÇÃO
E
I
NSTRUMENTAÇÃO
.....................................
44
11.1.2 E
STABILIDADE
...............................................................
44
11.1.3 B
ORDA
L
IVRE
...............................................................
45
11.1.4 P
ERCOLAÇÃO
E
C
ONTROLE
DA
D
RENAGEM
...........................
45
11.1.5 F
ISSURAÇÃO
.................................................................
45
11.1.6 E
ROSÃO
S
UPERFICIAL
....................................................
45
11.1.7 L
IQUEFAÇÃO
.................................................................
45
11.1.8 R
ESISTÊNCIA
A
S
ISMOS
..................................................
46
11.2 BARRAGENS SOBRE FUNDAÇÃO EM ROCHA ................................. 46
11.2.1 E
STABILIDADE
DA
FUNDAÇÃO
.............................................
46
11.2.2 P
ARÂMETROS
DE
R
ESISTÊNCIA
AO
C
ISALHAMENTO
.................
46
11.2.3 P
ERCOLAÇÃO
E
D
RENAGEM
..............................................
47
11.3 ESTRUTURAS ASSOCIADAS ....................................................... 47
11.3.1 M
OVIMENTAÇÃO
DA
FUNDAÇÃO
..........................................
47
11.3.2 E
STABILIDADE
DE
T
ALUDES
..............................................
47
11.3.3 P
ERCOLAÇÃO
................................................................
48
11.4 ESTRUTURAS CELULARES COM PREENCHIMENTO E OUTRAS ESTRUTURAS
EM
PRANCHÕES DE MADEIRA .................................................. 48
11.5 BARRAGENS DE ENROCAMENTO COM FACE DE CONCRETO ............. 48
11.6 BARRAGENS DE ENROCAMENTO SUJEITAS À PERCOLAÇÃO ............. 48
12. ESTRUTURAS DE CONCRETO .............................................. 49
12.1 GERAL ................................................................................. 49
12.2 CONDIÇÕES DA ESTRUTURA E DO LOCAL .................................... 50
12.3 AÇÕES DE PROJETO ............................................................... 51
12.4 COMBINAÇÃO DE CARREGAMENTOS ............................................ 51
12.4.1 C
ASO
DE
C
ARREGAMENTO
N
ORMAL
(CCN).........................
51
12.4.2 C
ASO
DE
C
ARREGAMENTO
E
XCEPCIONAL
(CCE) ..................
51
12.4.3 C
ASOS
DE
C
ARREGAMENTO
DE
C
ONSTRUÇÃO
.......................
52
12.4.4 C
OMBINAÇÕES
DE
A
ÇÕES
................................................
52
12.5 INDICADORES DE DESEMPENHO E CRITÉRIOS DE ACEITAÇÃO........... 52
12.5.1 A
NÁLISE
DE
E
STABILIDADE
E
C
OEFICIENTES
DE
S
EGURANÇA
.......
52
12.5.2 A
NÁLISE
DE
T
ENSÕES
, T
ENSÕES
A
DMISSÍVEIS
, T
ENSÕES
DE
S
ERVIÇO
E
D
EFORMAÇÕES
..............................................
53
13. RESERVATÓRIO E EFEITOS DO MEIO AMBIENTE............... 56
13.1 ENTULHO E VEGETAÇÃO NO RESERVATÓRIO ................................. 56
13.2 MARGENS DO RESERVATÓRIO ................................................... 56
13.3 QUALIDADE DA ÁGUA ............................................................. 56
13.4 SEDIMENTAÇÃO E ASSOREAMENTO ............................................. 57
13.5 ESVAZIAMENTO DO RESERVATÓRIO ............................................. 57
13.6 ECOLOGIA ............................................................................ 57
13.7 REGRAS AMBIENTAIS PARA CONSTRUÇÃO DE BARRAGENS ............ 58
13.7.1 R
EGRAS
A
MBIENTAIS
PARA
C
ONSTRUÇÃO
DE
A
ÇUDES
............
58
13.7.2 P
LANO
DE
C
ONTROLE
E
R
ECUPERAÇÃO
DAS
Á
REAS
DAS
J
AZIDAS
DE
E
MPRÉSTIMO
................................................................
58
13.7.3 P
LANO
DE
D
ESMATAMENTO
E
L
IMPEZA
DA
Á
REA
DE
I
NUNDAÇÃO
......
58
14. REQUISITOS ADICIONAIS PARA BARRAGENS DE REJEITOS .... 59
15. INSPEÇÕES PARA A AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA DE
BARRAGENS ......................................................................... 59
15.1 OBJETIVO ............................................................................. 59
15.2 AVALIAÇÕES DE PROJETO, CONSTRUÇÃO E DESEMPENHO .............. 59
15.3 IDENTIFICAÇÃO E REGISTROS DOS PROBLEMAS E FRAGILIDADES ...... 60
15.4 FORMULAÇÃO E RELATÓRIO DAS CONSTATAÇÕES ........................... 60
15.5 FAMILIARIDADE COM OS MODOS E CAUSAS DE FALHAS ................. 60
15.6 VISTORIAS LOCAIS ................................................................. 61
15.7 ARRANJOS PARA VISTORIA ...................................................... 61
15.8 ELEMENTOS A SEREM VISTORIADOS .......................................... 61
15.9 RELATÓRIO DE VISTORIA ......................................................... 62
15.10 ANÁLISE TÉCNICA ................................................................ 63
16. SUGESTÃO DE LISTAGEM DE VERIFICAÇÕES PARA UMA
AVALIAÇÃO ........................................................................... 64
16.1 GENERALIDADES .................................................................... 64
16.2 SITUAÇÃO GERAL DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO...................... 67
16.3 SITUAÇÃO GERAL DO RESERVATÓRIO E ACESSOS ......................... 71
16.4 AVALIAÇÃO GEOLÓGICA E GEOTÉCNICA ...................................... 73
16.5 APRECIAÇÃO DOS ESTUDOS HIDROLÓGICOS ................................ 74
16.6 INSTRUMENTAÇÃO DE ADVERTÊNCIA, SEGURANÇA E DESEMPENHO ... 74
16.7 ALTERAÇÃO NAS CARACTERÍSTICAS DOS MATERIAIS E OCORRÊNCIAS
GENÉRICAS........................................................................... 75
16.8 LEVANTAMENTO DAS ENTIDADES CIVIS ORGANIZADAS .................... 76
ANEXO A – MODELO ALTERNATIVO DE AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE RISCO .... 81
ANEXO B – ROTEIRO PARA INSPEÇÃO DE AÇUDES E MODELO DE LISTA DE
INSPEÇÃO ..................................................................... 87
ANEXO C – ANOMALIAS ................................................................. 107
ANEXO D – MODELO DE PAE – PLANO DE AÇÃO EMERGENCIAL ......... 128
FONTES BIBLIOGRÁFICAS COMPLEMENTARES .................... 139
LISTA DOS ANAIS DO ICOLD ................................................... 142
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
13
1. INTRODUÇÃO
Em cumprimento às recomendações emanadas da
reunião plenária do
Seminário Situação e Propostas para
o Desenvolvimento da Infra-Estrutura Hídrica Nacional
,
ocorrido nos dias 04 e 05/10/2001, em Juazeiro (BA), o
Ministério da Integração Nacional – MI, por meio de seu
Secretário de Infra-Estrutura Hídrica, Jesus Alfredo Ruiz
Sulzer, iniciou as discussões para elaboração de um manual
de segurança de barragens a ser empregado nas obras
do MI. Entretanto, o manual elaborado poderá servir
de
roteiro para ajudar, além dos órgãos do governo vinculados
ao MI, também os proprietários particulares na construção
de novas barragens e na reabilitação das já existentes,
visando a sua operação e manutenção em condições de
segurança adequada.
Foram nomeados Lázaro Luiz Neves da UGPO/
PROÁGUA/Semi-Árido e Cristiano César Aires Rocha, da
SIH, para coordenarem a elaboração do
Manual
. Os
coordenadores e colaboradores reuniram-se num grupo de
trabalho, que desenvolveu tarefas de adaptação e
incorporação de suas experiências ao
Guia Básico de
Segurança de Barragens
, elaborado pelo Comitê Brasileiro
de Barragens. Os seguintes profissionais compuseram o
grupo de trabalho:
l Cristiano César Aires Rocha
Gerente de Projetos II – EAP do DPOH/SIH/MI
l Lázaro Luiz Neves
Consultor da UGPO/PROÁGUA/Semi-Árido
l Maria Inês Muanis Persechini
Consultora da UGPO/PROÁGUA/Semi-Árido
l Francisco Andriolo
Consultor da UGPO/PROÁGUA/Semi-Árido
l Peter J. Hradilek
Chefe da equipe do Bureau of Reclamation
l Ronny José Peixoto
Engenheiro da CODEVASF
l Maria Zita Timbó Araújo
Engenheira do DNOCS
l Rogério de Abreu Menescal
Diretor de Operações da COGERH/CE (atualmente
Gerente Executivo da Superintendência de
Fiscalização da ANA)
O grupo de trabalho responsável pela elaboração
deste documento, expressa os seus agradecimentos à
Comissão Regional de Segurança de Barragens
de São
Paulo, formada pelo Núcleo Regional de São Paulo/1999
do Comitê Brasileiro de Barragens, pela autorização de
uso de seu
Guia Básico de Segurança de Barragens,
como
documento base na elaboração do presente
Manual de
Segurança de Barragens;
ao
Bureau of Reclamation
; à
Canadian Dam Association;
e à COGERH/CE, por
colocarem à disposição seus materiais sobre o assunto.
O uso de critérios diferentes dos especificados neste
Manual
pode eventualmente ser necessário, levando-se em
conta as condições específicas de algumas barragens, para
permitir o desenvolvimento na aplicação e uso de novos
conhecimentos e melhorias nas técnicas aplicadas.
Destacamos que uma versão preliminar desse
Manual
foi divulgada aos órgãos responsáveis pela
segurança de barragens no País para comentários e essa
versão final surgiu após a compilação das sugestões
recebidas.
Introdução
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
14
3. DEFINIÇÕES, CONCEITOS E RESPONSABILIDADES
O presente trabalho descreve os principais desafios
que se apresentam para as equipes de operação e
manutenção de segurança de barragens e estruturas
associadas. Pouco adianta a leitura e análise de dados da
instrumentação, à exceção de inspeções periódicas e à
manutenção de arquivos com dados históricos de cada
estrutura, se as medidas corretivas que se fizerem
necessárias para restabelecer as condições de segurança
não forem implementadas.
3.1 Geral
O proprietário (e o concessionário, quando
designado) é o responsável pela segurança da barragem
em todas as fases, isto é, construção, comissionamento,
operação e eventual abandono, respondendo pelas
conseqüências de eventuais incidentes e acidentes.
Todas as barragens devem ser classificadas quanto
às conseqüências de uma ruptura ou dano em potencial,
em que devem ser considerados, entre outros, os seguintes
fatores:
l Aspectos Sociais
l Aspectos Ambientais
l Aspectos Estruturais
l Aspectos Econômicos
Todas as barragens devem ser inspecionadas
periodicamente para detectar eventuais deteriorações e
recomendar ações remediáveis:
l Inspeções de Rotina
l Inspeções Formais
l Inspeções de Especialistas
l Inspeções de Emergência
Toda barragem deve ser instrumentada de acordo
com seu porte e riscos associados e ter os dados
analisados periodicamente com a realização das leituras.
Todos os instrumentos devem ser dotados de valores de
controle ou limites.
2. OBJETIVO
Estabelecer parâmetros e um roteiro básico para
orientar os procedimentos de segurança a serem adotados
em novas barragens, quaisquer que sejam seus
proprietários, e manter as já construídas em um estado de
segurança compatível com seu interesse social e de
desenvolvimento.
Pretende-se, também:
l Definir requisitos mínimos de segurança;
l Uniformizar os critérios empregados na sua avaliação;
l Permitir uma supervisão consistente, da segurança de
barragens, de modo a conduzir à execução de melhorias,
que contribuam para o aumento da segurança dessas
estruturas;
l Contribuir para a legislação e regulamentação da
segurança de barragens, em âmbito nacional.
Objetivo
Capítulo 3
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
15
Todas as barragens devem ser submetidas
periodicamente a uma reavaliação de suas condições de
segurança, segundo sua classificação quanto às
conseqüências de ruptura.
As eventuais obras de reparo ou de manutenção
recomendadas nas inspeções, deverão ser implementadas
com a máxima brevidade possível, bem como, as
providências e recomendações devem ser registradas.
As equipes de operação e manutenção das
barragens devem ser treinadas e dispor de um plano de
procedimentos de emergência para orientação em casos
extremos – tais como a passagem de cheias excepcionais
– que contemple, pelo menos:
- Como proceder em resposta aos alertas da instrumentação;
- O que fazer para manter a população mobilizada;
- Quais as providências a serem tomadas contra danos
patrimoniais e ambientais.
As barragens deverão ser dotadas de um plano de
emergência, objetivando a segurança das pessoas
residentes a jusante, em caso de acidente.
Este
Manual
não pretende substituir especificações,
projetos de reabilitação ou construção, ele não deve
compartilhar responsabilidade com as designações de
projeto, dos construtores e montadores, e nem deve ser
utilizado como manual de instrução para pessoas não-
atuantes no ramo da Engenharia Civil.
O uso de critérios diferentes dos aqui indicados podem
eventualmente ser apropriados ou mesmo necessários,
conforme condições específicas de alguns
empreendimentos e visando, muitas vezes, à aplicação de
novos conhecimentos, de técnicas melhoradas de projeto,
construção e de avaliação da segurança de barragens.
A responsabilidade quanto à interpretação
apropriada, à verificação e aplicação deste
Manual
é dos
engenheiros empenhados no gerenciamento de segurança
de barragens e das organizações ou empresas que os
empregam ou contratam.
3.2 Glossário
Acidente: Evento correspondente à ruptura parcial ou total
da obra e/ou sua completa desfuncionalidade, com graves
conseqüências econômicas e sociais.
Agências Regulamentadoras: Normalmente um
ministério, secretaria, departamento ou outra unidade do
Governo Federal ou Estadual, autorizado por lei ou ato
administrativo, para a supervisão geral de projetos,
construção, operação e segurança de barragens e
reservatórios, bem como qualquer entidade para a qual a
totalidade ou parte das tarefas e funções quer executivas,
quer operacionais tenha sido delegada pelo poder
legalmente constituído.
Bacia de Contribuição: Área da superfície que é drenada
para um ponto específico, tal como um reservatório, também
conhecida como bacia hidrográfica ou área da bacia
hidrológica.
Barragem: Estrutura construída transversalmente a um rio
ou talvegue com a finalidade de obter a elevação do seu
nível d’ água e/ou de criar um reservatório de acumulação
de água seja de regulação das vazões do rio, seja de outro
fluido.
Barragem de Rejeitos: Barragem construída para reter
rejeitos ou materiais estéreis de mineração e de outros
processos industriais.
Borda Livre: Distância vertical entre a maior cota da
superfície da água junto à barragem e a cota mais baixa do
topo de uma barragem ou outra estrutura de contenção.
Capacidade do Reservatório: Capacidade bruta total do
reservatório em seu nível máximo de armazenamento.
Cheia Afluente de Projeto (CAP): Cheia afluente (volume,
pico, forma, duração, sincronismo) para a qual a barragem,
e suas estruturas associadas, são projetadas.
Cheia Máxima Provável (CMP): Estimativa hipotética da
cheia (fluxo de pico, volume e forma da hidrografia) que é
considerada como a condição mais severa “fisicamente
Capítulo 3
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
16
possível de ocorrer” numa determinada localidade e época
do ano, com base em uma análise hidrometeorológica
relativamente pormenorizada de uma precipitação crítica
que resulte em escoamento, e de fatores hidrológicos
favoráveis a um escoamento máximo da cheia.
Confiabilidade: Probabilidade de desempenho
satisfatório de um dado elemento do empreendimento.
Conseqüência de Ruptura: Impactos a montante e a
jusante da barragem, resultantes da sua ruptura ou das
estruturas associadas. Uma escala de conseqüências
adversas que poderiam ser causadas pela ruptura de uma
barragem, pode ser utilizada para classificação.
Conseqüências Incrementais da Ruptura: Perdas
incrementais ou danos que a ruptura da barragem pode
infligir às áreas a montante, a jusante ou à estrutura da
barragem, adicionais a quaisquer perdas que poderiam ter
ocorrido para o mesmo evento natural, ou condição, caso
a barragem não tivesse rompido.
Crista da Barragem: Cota da superfície superior da
barragem, não se levando em conta qualquer abaulamento,
meio-fio, parapeitos, defensas ou outras estruturas que não
sejam parte da estrutura principal do barramento de água.
Crista do Vertedouro: Parte superior da seção vertente
do vertedouro.
Dique Auxiliar: Barramento de qualquer tipo, construído
numa sela topográfica ou ponto de cota baixa no perímetro
do reservatório.
Emergência: Em termos de operação de barragens,
qualquer condição que coloque em risco a integridade da
barragem e de vidas ou propriedades a jusante, e requeira
uma intervenção imediata.
Estruturas Associadas: Estruturas e equipamentos locais,
que não façam parte da barragem propriamente dita.
Incluem estruturas tais como torres de tomada d’água, a
casa de força, túneis, canais, condutos forçados, descargas
de fundo, bacias de amortecimento, poços, galerias,
mecanismos de acionamento de comportas etc.
Evento Extremo: Um evento que possui uma probabilidade
de excepcionalidade anual muito pequena.
Fundação: Maciço de rocha e/ou solo que forma a base
de assentamento para uma barragem, dique e suas
estruturas associadas.
Incidente: Evento físico indesejável que prejudica a
funcionalidade e/ou a inteireza da obra, podendo vir a gerar
eventuais acidentes, se não for corrigido a tempo.
Inspeção: Inspeção da barragem, diques e estruturas
associadas, e suas fundações com a finalidade de se
observar as suas condições e desempenho.
Nível DÁgua de Jusante: Nível da água imediatamente
a jusante da barragem.
Nível Máximo Normal: Cota da superfície da água em
seu nível máximo normal de operação em um reservatório.
Ombreira: Parte da encosta contra a qual a barragem é
construída.
Dispositivos de Descarga: Combinação de estruturas de
tomada d’água, condutos, túneis, dispositivos de controle
de fluxo e dissipação de energia, que permitam a liberação
da água do reservatório de uma barragem.
Pé da Barragem: Junção da face jusante (ou montante)
da barragem, com a superfície de fundação.
Plano de Ação Emergencial (PAE): Documento que
contém os procedimentos para atuação em situações de
emergência, bem como os meios de comunicação e os
mapas de inundação que mostrem os níveis d’água de
montante e jusante e os tempos de chegada das ondas de
cheia, que poderiam resultar da ruptura da barragem ou de
suas estruturas associadas.
Precipitação Máxima Provável (PMP): Maior
precipitação pluviométrica para uma dada duração
meteorologicamente possível, para uma dada área de
tormenta em uma localização específica, em uma
determinada época do ano sem levar em consideração
tendências climáticas de longa duração. A PMP é uma
estimativa e um limite físico conectado à precipitação que
a atmosfera pode produzir.
Capítulo 3
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
17
Probabilidade de Excepcionalidade Anual (PEA):
Probabilidade de que um evento de magnitude específica
seja igualado ou superado em qualquer ano.
Proprietário: Pessoas físicas ou jurídicas, incluindo uma
companhia, organização, unidade governamental,
concessionária, permissionária ou autorizada, corporação
ou outra entidade, que detenha quer uma concessão,
permissão, autorização ou licença governamental para
operar a barragem, quer um título de propriedade legal sobre
o local do barramento, barragem e/ou reservatório, o qual
é responsável pela sua segurança.
Reavaliação da Segurança da Barragem: Uma
reavaliação formal, pormenorizada, executada a intervalos
regulares, para determinar qual o nível de segurança da
barragem.
Reservatório: Lago ou volume de água acumulada por uma
ou mais barragens e/ou diques, limitado por suas margens.
Perigo Potencial: Ameaça ou condição em potencial que
pode resultar de uma causa externa, por exemplo, as cheias,
com possibilidade de criar conseqüências adversas.
Risco: Probabilidade e severidade de um efeito adverso
para a saúde, para a propriedade ou para o meio ambiente.
O risco é estimado por expectativas matemáticas das
conseqüências de um evento adverso.
Ruptura da Barragem: Perda da integridade estrutural,
podendo ocorrer uma liberação incontrolável do conteúdo
de um reservatório, ocasionada pelo colapso da barragem
ou alguma parte dela.
Segurança: Capacidade da barragem para satisfazer as
exigências de comportamento necessárias para evitar
incidentes e acidentes que se referem a aspectos
estruturais, econômicos, ambientais e sociais.
Sismo Máximo de Projeto (SMP): O sismo que resultaria
da mais severa movimentação da fundação que a estrutura
da barragem pode ser capaz de resistir, sem uma liberação
incontrolável de água do reservatório.
Sismo Previsível Máximo (SPM): O maior sismo passível
de ocorrer ao longo de uma falha reconhecível ou dentro de
uma região tectônica geograficamente definida.
Tempo de Recorrência: Recíproca da Probabilidade de
Excepcionalidade Anual (PEA). Por um longo período de
registro, o período de recorrência equivale ao tempo médio
decorrido entre ocorrências de um evento igual ou superior
a uma certa magnitude específica.
Vertedouro Sangradouro: Estrutura projetada somente
para permitir descargas d’água do reservatório, tais
como soleira vertente, canal, túnel etc.
Capítulo 3
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
18
4. GENERALIDADES
4.1 Introdução
Uma barragem segura é aquela cujo desempenho
satisfaça as exigências de comportamento necessárias
para evitar incidentes e acidentes que se referem a
aspectos estruturais, econômicos, ambientais e sociais.
A segurança das barragens existentes deve ser
avaliada regularmente pelas reavaliações de segurança de
todas as estruturas e instalações. A segurança de uma
barragem pode ser garantida por:
l Correção de qualquer deficiência prevista ou
constatada;
l Operação segura, continuada, manutenção e inspeção
(item 6);
l Preparação adequada para emergências (item 7).
4.2 Aplicabilidade do Manual de Segurança de
Barragens
Os requisitos técnicos e as diretrizes aqui
apresentadas são direcionados para barragens em que as
conseqüências da ruptura incluem a possível perda de vidas
ou danos adicionais aos domínios do proprietário. Deve-
se prever reavaliações regulares das conseqüências de
uma ruptura de barragem, na medida em que as
conseqüências da ruptura possam mudar, por exemplo,
devido a alterações no uso de terras a jusante.
Este
Manual
deve ser utilizado obrigatoriamente para
barragens destinadas a reter e/ou represar água ou rejeitos,
independentemente do material com que foram ou serão
construídas, e que tenham:
l Altura superior a 15 (quinze) metros, do ponto mais
baixo da fundação à crista; ou
l capacidade total de acumulação do reservatório igual
ou maior que 1 (um) milhão de metros cúbicos.
Este
Manual
pode também ser aplicado em
barragens que não se enquadrem na definição acima, mas
que possam provocar danos em caso de ruptura ou
acidente.
4.3 Responsabilidade pela Segurança da Barragem
CONDIÇÃO RELEVANTE: A responsabilidade por
todos os aspectos relacionados à segurança de
barragens deve ser claramente definida.
O proprietário da barragem tem, em última instância,
a responsabilidade por todos os aspectos relacionados a
sua segurança. O proprietário deve assegurar que a
operação da barragem e a sua manutenção sejam
executadas por pessoas que tenham conhecimento e
habilitação para tal. Iniciativas apropriadas devem ser
tomadas com relação ao treinamento do quadro de
pessoal.
O proprietário da barragem deve assegurar que as
reavaliações de segurança da barragem, bem como os
aperfeiçoamentos, sejam conduzidos sob a direção de
engenheiros qualificados para tal. Todas as reavaliações
de segurança da barragem, investigações, análises e
melhorias devem utilizar métodos que sejam compatíveis
com os requisitos exigidos por este
Manual
.
CONDIÇÃO RELEVANTE: Quando a posse de uma
barragem for transferida, as partes devem coletar e reunir
toda a documentação técnica existente, especialmente
aquela contendo os dados e eventuais preocupações
concernentes à sua segurança. A responsabilidade pela
continuidade ou criação da supervisão das condições
de segurança da barragem deve ser claramente definida.
A transferência de documentação deve incluir as
seguintes informações, caso disponíveis:
l Resultados de investigações das fundações;
l Detalhes de projeto e plantas de “como construído”;
l Registros da fase construtiva;
l Manuais de operação;
l Registros da instrumentação;
l Relatórios de inspeção;
l Relatórios de segurança;
l Relatórios ambientais;
l Estudos de inundação e planos para situações de
emergência.
Capítulo 4
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
19
4.4 Classificação das Barragens
A posse de barragens de “Conseqüência Alta” e
“Muito Alta”, conforme a tabela 4.1, deve ser transferida
apenas se o novo proprietário tiver recursos adequados
para monitorar e manter a barragem, assim como para
realizar reparos ou melhorias necessários. O novo
proprietário deve estar ciente da responsabilidade que está
assumindo.
CONDIÇÃO RELEVANTE: Toda barragem deve ser
classificada em termos de previsão quanto às
conseqüências da ruptura. Cada estrutura de
barramento, incluindo os diques e barragens auxiliares,
deve ser classificada separadamente.
Cada barragem deve ser classificada de acordo com
as conseqüências de sua ruptura. A classificação constitui
a base para a análise da segurança da barragem e para
fixar níveis apropriados de atividades de inspeção. A tabela
4.1 apresenta o sistema de classificação mais comumente
aceitável, que está baseado no potencial de perda de vidas
e nos danos econômicos associados à ruptura da
barragem. Este sistema de classificação é usado para
relacionar as conseqüências da ruptura aos requisitos
constantes nos capítulos de 5 a 13.
Sistemas alternativos de classificação podem ser
adotados, para interpretar e distinguir os requisitos para
observação de barragens e para as inspeções de segurança,
de acordo com o estabelecido nos capítulos 5 e 6 deste
Manual
. Tais sistemas de classificação devem incorporar
as características físicas da barragem, suas condições e
percepção de risco de ruptura em potencial, bem como as
conseqüências que advenham desta ruptura. Um sistema
alternativo para Avaliação do Potencial de Risco encontra-
se no anexo A.
As estruturas associadas podem ser classificadas
separadamente. Deste modo, os diques e barragens
auxiliares poderiam ser de categorias diferentes com
relação à barragem, dependendo das conseqüências da
ruptura. No caso de considerar-se sistemas de alerta, para
redução do potencial de perda de vidas, a confiabilidade
de tais sistemas deve ser incorporada em todas as análises
e avaliações.
As categorias de conseqüências, relacionadas na
tabela 4.1, são baseadas no incremento de perdas que uma
ruptura pode infligir às áreas a montante ou jusante, ou
ainda à própria barragem.
A diferenciação entre as categorias de conseqüências
e o relacionamento com os requisitos de segurança é
sugerida, para refletir os valores e prioridades da sociedade
na alocação e distribuição de recursos e fundos a serem
utilizados na proteção e salvamento de vidas, e para a
salvaguarda de propriedades.
As “conseqüências incrementais” da ruptura de uma
barragem devem ser avaliadas em termos de:
l Perda de vidas;
l Valor econômico de outras perdas e/ou danos a
propriedades, instalações, outras barragens, bem como
a perda na geração de energia e fornecimento de água.
Onde apropriado, outros custos de impacto social e
ambiental devem ser considerados;
l Outras conseqüências menos quantificáveis
relacionadas a impactos sociais, e ambientais, que não
possam ser avaliadas economicamente, podem exigir
condições baseadas no local específico da ocorrência.
As conseqüências mais severas devem prevalecer.
Por exemplo, se as perdas econômicas forem “Muito Altas”
e a perda de vidas for “Alta”, a barragem deveria ser
classificada como barragem de conseqüências de ruptura
“Muito Alta”.
A avaliação do potencial de perdas, com ou sem a
ruptura da barragem, deve ser baseada em estudos de
inundação, e deve considerar o desenvolvimento existente
e o previsto, na utilização das terras a jusante. Ao mesmo
tempo, o estudo apropriado do nível de inundação deverá
depender das conseqüências potenciais da ruptura. Para
as barragens em que houver incertezas acerca das
conseqüências de seu colapso, deve-se utilizar uma análise
simplificada e conservadora, quanto às previsões
preliminares. Se esta análise demonstrar um certo potencial
de risco, uma análise mais sofisticada deve então ser
adotada. No caso de barragens nas quais as
Capítulo 4
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
20
conseqüências de ruptura recaiam claramente dentro da
categoria “Muito Baixa”, um estudo formal de inundação
não será necessário.
Um detalhamento do nível estimado no incremento das
conseqüências da ruptura pode ser apropriado para uma
barragem ser classificada na categoria de “Baixa
Conseqüência”. Entretanto, se a barragem é passível de
ser classificada em uma categoria de conseqüência “Alta”,
ou “Muito Alta”, a avaliação das conseqüências
incrementais da ruptura deve basear-se em análises
específicas do local e podem necessitar de investigações
detalhadas.
TABELA 4.1
CLASSIFICAÇÃO DA CONSEQÜÊNCIA DE RUPTURA DE BARRAGENS
POTENCIAL CONSEQÜÊNCIA INCREMENTAL DA RUPTURA
(a)
(a)
Os critérios de classificação de categorias de danos econômicos e
ambientais devem ser baseados nas conseqüências das perdas em
relação à região afetada.
4.5 Seleção do Critério de Segurança
CONDIÇÕES RELEVANTES:
A barragem, ao longo de suas fundações e ombreiras,
deve possuir estabilidade adequada para suportar com
segurança os carregamentos extremos, bem como as
cargas normais do projeto.
A seleção do critério de segurança para carregamentos
extremos, deve-se basear nas conseqüências da ruptura
da barragem.
Métodos para se determinar apropriadamente os
carregamentos normais de projeto e os fatores de
segurança, estão cobertos nos capítulos de 8 a 12 deste
documento. Os capítulos 8 e 9 versam sobre carregamento
por sismos e cheias, respectivamente
Para selecionar os critérios característicos dos
eventos extremos, pode-se usar uma consideração
baseada no risco. O princípio é que uma barragem, cuja
ruptura possa causar um dano excessivo ou a perda de
muitas vidas, deve ser projetada para um padrão de
segurança proporcionalmente mais alto do que o de uma
barragem cuja ruptura resulte em menos danos ou menor
perda de vidas. Na avaliação da segurança de uma
barragem existente, os métodos probabilísticos de análise
de riscos podem auxiliar na verificação de que fatores
qualitativos – tais como erosão interna, bloqueamento de
vertedouro por entulhos –, não sejam omitidos e que eles
recebam uma atenção equiparável à sua contribuição para
a probabilidade de ruptura. O nível de segurança de uma
barragem pode, algumas vezes, ser melhorado pela
adoção, nas avaliações, de condições menos severas,
porém mais prováveis, do que aquelas associadas a tais
eventos extremos, como a Cheia Máxima Provável (CMP).
Os critérios para eventos extremos que não sejam
cheias e sismos, devem ser coerentes com os níveis
requeridos para cheias e sismos.
4.6 Descomissionamento e Abandono
CONDIÇÃO RELEVANTE: Uma barragem deve ser
descomissionada ou abandonada, apenas quando todos
os requisitos do plano de descomissionamento ou
abandono forem executados.
Uma barragem é considerada descomissionada caso
ela não seja mais utilizada para os propósitos de capacitar
a acumulação ou desvio de água (ou qualquer outra
substância), ou se ela tiver sido removida ou demolida.
Antes do descomissionamento ou abandono, o
proprietário deve preparar um estudo detalhado para a
retirada da barragem de serviço, indicando medidas
necessárias para a segurança, com uma especial atenção
voltada à capacidade de descarga das estruturas vertentes.
A possibilidade de se expor qualquer estrutura
remanescente a carregamentos ou combinação de
carregamentos não previstos no projeto original, ou sob
condições adversamente inaceitáveis, deve ser verificada
em detalhes.
Capítulo 4
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
21
O descomissionamento não pode resultar em abandono
da barragem. Caso esta não tenha sido totalmente removida
e/ou demolida, ainda assim pode requerer inspeções
periódicas. A necessidade de inspeções subseqüentes, deve
ser determinada antes do descomissionamento.
As possíveis conseqüências do descomissionamento,
incluindo a operação e a segurança das barragens e
reservatórios a jusante, devem ser examinadas com uma
atenção especial voltada aos aspectos relacionados a
emergências e à subseqüente necessidade de se elaborar
planos de preparação para condições de emergências.
Uma barragem somente poderá ser abandonada se
parte suficiente de sua estrutura tiver sido removida, a ponto
de torná-la incapaz de acumular um reservatório que possa
representar ameaça para os habitantes, propriedades ou
ao meio ambiente a jusante.
De qualquer modo, o proprietário da barragem deve
trabalhar intimamente ligado às agências ou autoridades
governamentais, a fim de cumprir os requisitos, interesses
ou implicações legais.
CONDIÇÕES RELEVANTES:
A demolição de uma barragem, ou a remoção de qualquer
de suas estruturas associadas, deve basear-se em
práticas seguras e ser executada sem o aumento do risco
de ruptura das estruturas remanescentes e associadas,
não causando impactos adversos a jusante da barragem.
As operações de demolição não podem resultar em
bloqueamento ou redução na descarga segura de cheias
naturais.
Estruturas remanescentes, após o descomissionamento,
não podem infligir um risco inaceitável à saúde e
segurança pública ou ao meio ambiente.
A estabilidade das estruturas remanescentes deve ser
examinada levando em conta os possíveis efeitos e
conseqüências de deformação excessiva, erosão ou
deterioração da fundação.
Estruturas remanescentes e quaisquer materiais que
nelas estejam, não devem erodir ou se mover de suas
posições planejadas por efeito de eventos extremos ou
esforços de desagregação contínuos aos quais estejam
passíveis de serem submetidas, quando tais movimentos
ou erosões possam ameaçar a saúde e segurança pública
ou o meio ambiente adjacente. As conseqüências de
qualquer instabilidade química e lixiviação de produtos
químicos para o meio ambiente não poderão ameaçar a
saúde e segurança pública ou o meio ambiente.
Capítulo 4
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
22
5. REAVALIAÇÃO DA SEGURANÇA DE BARRAGENS
5.1 Geral
CONDIÇÕES RELEVANTES:
A reavaliação da segurança de barragens deve ser
executada em intervalos de tempo regulares, para a
barragem e suas estruturas associadas, incluindo seus
planos de operação, manutenção, inspeção e de
emergência, a fim de se determinar se estes são seguros
em todos os aspectos e, caso não o sejam, determinar
as melhorias necessárias para a segurança.
A primeira reavaliação de segurança da barragem, para
uma barragem nova, deve ser completada em até 5 anos
após o enchimento inicial.
A reavaliação da segurança da barragem é uma
avaliação sistemática da segurança desta, por meio de
inspeções pormenorizadas das estruturas, avaliação do
desempenho e verificação dos registros originais de projeto
e construção, para assegurar que estes obedeçam aos
critérios em vigor.
Os componentes para uma reavaliação da segurança
de barragem estão resumidos no item 5.2.
A reavaliação deverá ser executada por profissionais
(engenheiros e geólogos) que sejam qualificados, por seu
conhecimento e experiência, em projeto, construção,
avaliação de desempenho e operação de barragens.
Especial atenção deve ser dedicada para aquelas áreas
que apresentam, reconhecidamente, suspeita de deficiência
ou que sejam cruciais para a segurança da barragem. A
reavaliação deve utilizar as informações oriundas de qualquer
reavaliação anterior, desde que a sua confiabilidade e validade
possam ser verificadas.
No relatório de cada reavaliação deve-se fixar a data
da próxima. A tabela 5.1 fornece indicativos das
recomendações para os períodos de reavaliação, baseado
no sistema de classificação por conseqüência de ruptura da
tabela 4.1. Um sistema de classificação diferente pode ser
usado, incorporando a avaliação do nível de proteção por
probabilidade de ruptura da barragem, considerando fatores
tais como tipo, altura e condições da barragem. Nesse caso,
baseados nas condições e comportamento da barragem, os
períodos apropriados de reavaliação, podem ser diferentes.
O nível de detalhes necessários para uma reavaliação
da segurança da barragem, deve ser função da importância,
do conservadorismo do projeto e da complexidade da
barragem, bem como das conseqüências de sua ruptura.
Deve-se reavaliar periodicamente a segurança de
barragens de conseqüência de ruptura “Muito Baixa”, uma vez
que tal conseqüência pode mudar com o tempo e o
desenvolvimento da região.
Caso ocorram mudanças significativas no
comportamento da barragem ou nas condições locais
(alterações significativas de projeto, eventos hidrológicos ou
sismos de caráter extremo etc.) deve-se efetuar uma
reavaliação da segurança.
TABELA 5.1
FREQÜÊNCIA DE REAVALIAÇÕES DA SEGURANÇA DE BARRAGENS
(Baseado no sistema de classificação de conseqüência da tabela 4.1)
5.2 Detalhes da Reavaliação
5.2.1 Classificação da barragem
CONDIÇÃO RELEVANTE:
A reavaliação deverá incluir
a classificação da barragem de acordo com o descrito
no item 4.4 do capítulo.
As conseqüências da ruptura de uma barragem
devem ser avaliadas com base nas condições de jusante,
previstas ou existentes, e na categoria por conseqüência
de ruptura confirmada. Se a classificação não foi
previamente determinada, ela deve ser estabelecida
durante a reavaliação.
Capítulo 5
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
23
5.2.2 Inspeção do local
CONDIÇÃO RELEVANTE:
A reavaliação deve incluir
uma inspeção adequada do local da barragem e de suas
estruturas associadas, bem como a documentação
pertinente.
Devem ser incluídos na inspeção do local, a barragem,
sua fundação, dispositivos de descarga, dispositivos de
saída, reservatório, áreas imediatamente a jusante,
dispositivos de auscultação e as vias de acesso.
O anexo B apresenta uma sugestão de roteiro e de
lista de inspeção.
5.2.3 Projeto e construção
CONDIÇÃO RELEVANTE:
A reavaliação do projeto e
da construção deve ser suficientemente pormenorizada
para verificar se as barragens, dispositivos de descarga
e taludes do reservatório, satisfazem todos os requisitos
de segurança atualmente aplicáveis.
A reavaliação do projeto, na medida em que registra
as condições atuais da barragem em nível de “como
construída”, deve incluir, onde aplicável, mas não ser
limitada, ao seguinte:
l Registros de construção, para determinar se a barragem
foi construída em conformidade com as hipóteses de
projeto e para verificar a adequabilidade da sua
estrutura e dos materiais de fundação;
l Atualizar a avaliação de eventos extremos, enchentes
e sismos. para os quais a barragem está projetada,
levando-se em conta qualquer evento extremo que possa
ter ocorrido desde o comissionamento da barragem;
l Estabilidade e adequação estrutural, resistência à
percolação e erosão de todas as partes dos
barramentos, incluindo-se suas fundações, bem como
quaisquer barreiras naturais sob condições de
carregamentos, normais e extremos;
l Capacidade de todos os canais e condutos hidráulicos
para descarregar seguramente as vazões de projeto e
a adequação desses condutos hidráulicos para suportar
a vazão afluente de projeto e de esvaziamento dos
reservatórios, caso necessário, em condições de
emergências;
l O projeto de todas as comportas, válvulas, dispositivos
de acionamento e controle de fluxo, incluindo-se os
controles de fornecimento de energia ou de fluidos
hidráulicos para assegurar a operação segura e
confiável;
l Verificar a adequação das instalações para enfrentar
fenômenos especiais que afetem a segurança, por
exemplo, entulhos ou erosão, que podem ter sido
insuficientemente avaliados na fase de projeto.
Quando a barragem estiver deteriorada devido ao
envelhecimento, ou quando as informações construtivas não
forem suficientes para a sua avaliação, as investigações de
campo devem ser executadas para se determinar as
características atuais.
A avaliação da segurança de uma barragem deverá
incluir uma comparação com outras barragens similares
existentes.
5.2.4 Operação
CONDIÇÕES RELEVANTES:
A reavaliação deve
determinar se foram elaborados, documentados e seguidos
em todos os aspectos, os procedimentos seguros de
operação. A adequação da documentação deve ser revista.
A reavaliação deve incluir o ensaio dos equipamentos
necessários para se operar os dispositivos de descarga
(incluindo os equipamentos sobressalentes e de
emergência, para o fornecimento de energia), que sejam
necessários para a passagem segura da Cheia Afluente
de Projeto (CAP).
A documentação dos procedimentos para operação
segura devem constar de um Manual de Operação,
Manutenção e Inspeção (OMI), o qual deve estar disponível
para o pessoal de operação, no local da barragem (ver
capítulo 6).
Se as comportas e equipamentos de descarga
tiverem sido testados e operados no decorrer do ano, uma
revisão desses ensaios ou da operação, podem ser
suficientes para a reavaliação.
Capítulo 5
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
24
5.2.5 Manutenção
CONDIÇÃO RELEVANTE:
A reavaliação deverá
atestar se todas as instalações necessárias à
segurança da barragem, inclusive sua instrumentação
de auscultação, são mantidas em condições
satisfatórias, de acordo com os requisitos de
manutenção, definidos no manual de segurança da
barragem (ver capítulo 6).
5.2.6 Inspeção e monitoração do desempenho da
barragem
CONDIÇÕES RELEVANTES:
A reavaliação deve
determinar se os métodos e a freqüência de observação e
monitoração são adequados e suficientes para se detectar
qualquer condição de anomalia ou instabilidade em função
do tempo.
A reavaliação deve determinar se os dados de monitoração
foram regularmente analisados e usados, para assegurar
pronta detecção de qualquer condição potencialmente
insegura na barragem, relativa aos níveis d’água e dos
taludes do reservatório (ver item 6.4 do capítulo 6).
5.2.7 Plano de ação emergencial
CONDIÇÃO RELEVANTE:
A reavaliação deve determinar
se existe um nível apropriado de preparação para
emergência, e se estes preparativos estão adequadamente
documentados. A adequação dos sistemas de alerta,
treinamento e planos de resposta emergencial deve ser
revista, bem como o treinamento, os exercícios práticos e
atualização dos planos (ver capítulo 7).
5.2.8 Fidelidade com reavaliações anteriores
CONDIÇÃO RELEVANTE:
Relatórios anteriores de
segurança da barragem devem ser revistos, a fim de
se determinar sua concordância com as
recomendações deste Manual (ver itens 5.3 e 5.4).
5.3 Relatório de segurança de barragens
CONDIÇÕES RELEVANTES:
O relatório de segurança
da barragem deverá abranger todos os aspectos da
segurança da barragem e deverá ser preparado para
documentar a reavaliação da sua segurança.
O relatório deve identificar qualquer providência adicional
necessária à operação segura, manutenção e inspeção
adequada da barragem.
O relatório deve quantificar as deficiências, de modo
que as prioridades para implementação das medidas
corretivas, possam ser rapidamente estabelecidas. Cópias
do relatório devem estar disponíveis e serem encaminhadas
aos órgãos reguladores.
5.4 Insuficiência dos requisitos de segurança
CONDIÇÕES RELEVANTES:
Se uma barragem não
apresentar os requisitos de segurança, deve-se executar
melhoramentos apropriados, incluindo:
l Melhorias estruturais;
l Melhorias não estruturais;
l Recuperação de qualquer deficiência na operação,
observação, inspeção ou manutenção da barragem, ou na
preparação de seus operadores para condições da emergência.
Se a barragem não atender os padrões necessários
de projeto e desempenho, estabelecidos nos capítulos de
7 a 12, normalmente serão necessárias melhorias na
segurança.
Alternativamente, as condições de carregamento da
barragem podem ser mudadas, por exemplo, rebaixando
os níveis de operação permitidos do reservatório, a fim de
capacitá-la a atingir os padrões.
Na eventualidade de se identificar deficiências sérias
(de alto risco), podem ser necessárias medidas corretivas
de caráter temporário, ou então, restrições na operação,
antes da implantação das melhorias de caráter permanente
na segurança da barragem.
Capítulo 5
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
25
Sendo os métodos iniciais de análise usados na
inspeção ou os dados disponíveis insuficientes para se
demonstrar claramente um nível aceitável de segurança na
barragem, das estruturas de descarga ou níveis de
reservatório potencialmente instáveis, deve-se tomar
medidas adicionais para se avaliar e documentar a
segurança da barragem, incluindo:
l Análises mais detalhadas e sofisticadas;
l Investigações para se obter dados mais atuais ou mais
confiáveis, ao invés de assumir hipóteses simplificadoras
ou pouco confiáveis.
Se os planos de emergência ou a operação,
manutenção e inspeção da barragem não atingirem os
padrões descritos nos capítulos 6 e 7, de um modo geral,
serão necessárias melhorias. As condições relevantes
identificadas no relatório da segurança de barragem para
operação, manutenção e inspeção, devem ser
documentadas no manual de Operação, Manutenção e
Inspeção (OMI) (capítulo 6).
Capítulo 5
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
26
6. OPERAÇÃO, MANUTENÇÃO E INSPEÇÃO (OMI)
6.1 Geral
CONDIÇÕES RELEVANTES:
A operação da barragem, sua manutenção e inspeção
devem ser executadas de modo a garantir um nível
aceitável de suas condições de segurança.
Um manual de OMI deve ser preparado com a
documentação de operação, manutenção e inspeção
para cada uma das barragens; e deve ser implementado,
seguido e atualizado a intervalos regulares. O manual
deve conter informações suficientes e adequadas para
permitir operar a barragem de maneira segura, mantê-
la em condições seguras, e monitorar seu desempenho
de modo eficiente para fornecer sinais antecipados de
qualquer anomalia.
O manual de OMI deve documentar todos os requisitos
para operação, manutenção e inspeção da barragem, de
acordo com o estabelecido nos itens de 6.2 a 6.4. Um item
de descrição geral da barragem deve ser incluído,
constando tipo, tamanho, classificação de conseqüência
de ruptura, idade, localização e acessos. O nível de detalhes
do manual de OMI dependerá da classificação da barragem
(ver item 4.4 do capítulo 4). Por exemplo, um manual
bastante simples pode ser adequado para uma barragem
de “Baixa Conseqüência de Ruptura”.
Além disso, ele deve estabelecer uma escala de
responsabilidades e requisitos operacionais, para
treinamento do pessoal nos seus vários níveis; deve conter
os procedimentos e a designação de responsabilidades
relativas a publicação e revisão do mesmo. As revisões,
no que diz respeito a reavaliação formal de segurança deve
ser validada com a aprovação do engenheiro responsável
pela reavaliação. As revisões relacionadas às mudanças
no quadro de pessoal, ou na estrutura organizacional,
devem ser reajustadas na medida em que forem
implementadas. Como padrão mínimo, o manual de OMI
deve ser revisto anualmente, para assegurar que todas as
atualizações quanto a pessoal e organização tenham sido
registradas.
CONDIÇÃO RELEVANTE:
A execução da operação,
manutenção e inspeção da barragem deve ser feita
por pessoal qualificado e treinado para tal fim.
Os encargos e qualificações necessários aos
operadores, com relação à segurança da barragem,
devem ser definidos de acordo com as áreas
apropriadas de envolvimento. A descrição deve incluir
detalhes adequados dos programas de treinamento.
CONDIÇÃO RELEVANTE:
Devem ser mantidos
registros adequados.
Um arquivo permanente deve ser mantido, contendo
informações e anotações apropriadas para cada
barragem, tais como:
l Dados hidrometeorológicos;
l Mudanças nos procedimentos de operação;
l Eventos, condições ou atividades não usuais;
l Atividades não usuais de manutenção;
l Instruções de serviços e operações;
l Instruções fornecidas por órgãos regulamentadores,
pelo projetista da barragem ou outra autoridade e o
registro do cumprimento, bem como detalhes de
quaisquer ações corretivas executadas;
l Desenhos “como construído”;
l Leituras e gráficos da instrumentação;
l Todos os dados de projeto, incluindo modificações e
revisões;
l Todas as inspeções e o relatório de reavaliação;
l Histórico cronológico da estrutura;
l Registro fotográfico.
Cópias do Manual de Operação e do registro de
ocorrências devem ser mantidas na barragem, em papel.
Alternativamente, deve ser garantido o acesso remoto a
esses dados a partir da barragem.
Capítulo 6
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
27
Capítulo 6
6.2 Operação
6.2.1 Procedimentos para a operação em regime de
cheias
CONDIÇÕES RELEVANTES:
Durante a estação de
cheias, comportas e instalações com capacidades
suficientes, necessárias para o descarregamento de
vazões, até a Cheia Afluente de Projeto (CAP) devem ser
mantidas em condições operacionais e especificados os
procedimentos para a operação segura.
Qualquer restrição com relação à operação de comportas
deve ser documentada.
O reservatório deverá ser operado de tal modo que a
Cheia Afluente de Projeto possa ser seguramente
controlada. O esvaziamento, bem como quaisquer outras
operações de controle do reservatório devem ser
documentadas.
Deve estar disponível uma descrição de todas as
partes da barragem que afetem os requisitos acima e,
inclusive, os manuais de operação dos respectivos
fabricantes.
Instruções concisas de operação, tanto para os
procedimentos de operação normal quanto para o caso de
cheia extrema, devem estar disponíveis para operadores
qualificados das barragens.
Os detalhes das condições normais de operação
devem informar itens tais como:
l afluência e descargas
l níveis normais
l volumes de acumulação
l curvas de descarga do vertedouro e de jusante
l parâmetros de operação do vertedouro
l fornecimento de energia
l restrições ambientais
As condições de emergência em potencial devem ser
identificadas e listadas, juntamente com os parâmetros e
restrições da operação recomendada.
As instruções devem detalhar a capacidade de vazão
das estruturas e o correspondente nível d’água; listar as
áreas de risco a jusante e as vazões pelas quais elas serão
afetadas; e fornecer detalhes com relação aos sistemas
de advertência, bem como, aos sistemas de energia
primária e de segurança.
6.2.2 Procedimentos para operação de emergência
CONDIÇÃO RELEVANTE:
Devem ser estabelecidos
procedimentos para o controle da descarga no caso de
se desenvolver uma fissura ou brecha em potencial, e
qualquer esvaziamento de emergência do reservatório.
Os procedimentos e considerações gerais devem ser
resumidos tais como qualquer instrução especial para a
operação do vertedouro e sobre o esvaziamento do
reservatório. Esses procedimentos deverão incluir limitações
no enchimento ou no esvaziamento do reservatório,
implicações quanto ao aumento do fluxo a jusante, uma lista
de áreas de bancos do rio propensas à erosão e taludes do
reservatório que deverão ser monitorados. Os procedimentos
de operação durante uma emergência poderão seguir o
preconizado no Plano de Ação Emergencial (PAE), como
descrito no item 7.2 do capítulo 7.
Deverão ser fornecidos procedimentos de operação
para o esvaziamento do reservatório na eventualidade de
um dano à barragem, incluindo as precauções necessárias
para evitar danos às instalações e restrições à velocidade
de rebaixamento.
6.2.3 Controle de materiais flutuantes e/ou entulhos
CONDIÇÃO RELEVANTE:
Nos locais onde houver
quantidade significativa de materiais flutuantes, deve-se
estabelecer procedimentos para lidar seguramente com
esses materiais.
Os detalhes, as funções e as atividades operacionais
necessárias para controle e remoção de materiais flutuantes
e as correspondentes restrições na operação das
comportas ou nas estruturas, devem ser descritas no manual
de OMI.
6.2.4 Controle da salinização
Recomenda-se consultar o
Manual de
Especificações Ambientais para Projeto e Construção de
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
28
Capítulo 6
Barragens e Operação de Reservatórios
, elaborado no
âmbito do PROÁGUA semi-árido.
CONDIÇÃO RELEVANTE:
Caso o monitoramento da
qualidade da água (conforme o item 13.3 do capítulo 3)
indique a presença de algas e sais, devem ser
estabelecidas, dentre outras providências, regras
operacionais que permitam a renovação das águas
visando à proteção das estruturas associadas à
barragem.
O controle de salinização se aplica às barragens
localizadas no semi-árido. Deve-se identificar e quantificar
a ocorrência de solos propícios, particularmente, o
Planossolo Solódico, Solonetz Solodizado e os solos
Halomórficos. Caso o monitoramento da qualidade da água
afluente e da água acumulada indique uma tendência à
salinização, deve-se definir regras operacionais que
permitam a renovação das águas do reservatório e a
diluição dos sais, em conformidade com as demais
medidas de segurança e com os usos da água previstos.
O volume do reservatório deve ser suficientemente pequeno
em relação às afluências sazonais para que essas medidas
possam ser implementadas com sucesso. Por outro lado,
dependendo da qualidade requerida/desejada e dos riscos
de não se conseguir repor totalmente o volume despejado,
devem ser definidas formas de operação da válvula
dispersora: ou deixá-la aberta totalmente apenas quando
houver vertimento ou baixar o nível do reservatório sempre
que houver previsão de afluência em volumes suficientes.
Tais regras devem ser discutidas em conjunto com os
comitês de usuários do reservatório. Medidas de controle
e manejo do uso do solo também devem ser
desencadeadas, caso o risco de salinização seja
identificado.
6.2.5 Controle da eutrofização
Recomenda-se consultar o
Manual de
Especificações Ambientais para Projeto e Construção de
Barragens e Operação de Reservatórios
, elaborado no
âmbito do PROÁGUA semi-árido.
CONDIÇÃO RELEVANTE:
Devem ser estabelecidas
linhas de ações como o monitoramento da qualidade da
água, manutenção e controle da faixa de proteção do
reservatório e trabalhos de engenharia ambiental visando
à proteção das estruturas associadas à barragem.
Para o controle da eutrofização, deve-se prever a
adoção de três linhas diferenciadas:
l Monitoramento da qualidade das águas (conforme o item
13.3 do capítulo 13) e a adoção de regras operacionais
que permitam a renovação freqüente das águas do
reservatório, tal qual exposto no subitem 6.2.4;
l Programa de manutenção e controle da faixa de
proteção do reservatório, o qual deve se preocupar
especificamente com o uso do solo nas suas margens;
l Ações referentes ao uso e ocupação do solo na bacia
de drenagem, que devem compreender: o
levantamento sanitário da bacia; o mapeamento dos
tipos de solo da bacia que permita identificar a
existência de solos com aptidão para expansão da
agropecuária; a análise das informações levantadas
quanto ao seu potencial de degradação das águas do
reservatório por poluição ou eutrofização; a definição
do conjunto de ações necessárias para garantir que
as alterações nas águas do reservatório sejam mínimas
em função dos usos previstos; e a gestão junto aos
órgãos competentes e sociedade civil para tomada de
decisões e encaminhamento de soluções.
Deve-se implementar, durante a execução da
barragem, um plano de desmatamento e limpeza da área
de inundação, conforme o item 13.7 do capítulo 13.
6.2.6 Previsão de cheias
CONDIÇÃO RELEVANTE:
Caso disponível, a fonte de
informações quanto à previsão de cheias deve ser
identificada.
Órgãos autorizados de previsões de cheias devem ser
designados, juntamente a uma lista de outras fontes disponíveis.
Deve ser descrita a Cheia Afluente de Projeto (CAP), a base
de sua estimativa e a capacidade das instalações.
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
29
Capítulo 6
6.3 Manutenção
CONDIÇÕES RELEVANTES:
As regras de
manutenção, procedimentos, registros e
responsabilidades, devem ser desenvolvidas e
implementadas para assegurar que a barragem,
juntamente a suas estruturas associadas e
equipamentos para descarga de cheias, sejam mantidas
em condições totalmente operacionais e seguras.
Os equipamentos devem ser inspecionados e
verificados a intervalos regulares, objetivando assegurar
condições de operações seguras e confiáveis.
Programas de manutenção devem ser organizados
e avaliados, no mínimo, anualmente. Deverão estar
disponíveis uma descrição das regras de manutenção, de
procedimentos, de registros e de responsabilidades para
as barragens, estruturas e equipamentos associados
(inclusive instrumentação), essenciais para a segurança
da barragem.
Os requisitos de manutenção devem também ser
documentados para as diversas estruturas, inclusive, em
madeira e condutos.
Todos os manuais de manutenção relevantes,
fornecidos por fabricantes e projetistas, devem estar
disponíveis.
Devem ser avaliadas as mudanças nas condições
das instalações e ações apropriadas deverão ser
tomadas, tanto em relação à revisão de projeto quanto às
mudanças necessárias na construção e/ou reparos.
A instrumentação necessária para verificar a
continuidade das condições de segurança de uma
barragem, juntamente a qualquer sistema de aquisição,
processamento e transmissão de dados, deve ser mantida
em boas condições de funcionamento.
As considerações para manutenção de diferentes
tipos de estruturas e equipamentos estão resumidamente
descritas abaixo.
6.3.1 Estruturas de concreto
Subpressão e percolação de água são as principais
causas de instabilidade em potencial, sob condições
normais de carregamento, de parte ou da totalidade das
estruturas. Reações álcali-agregado podem ocasionar
sérios impactos na segurança das estruturas. Programas
anuais e de longo prazo de manutenção para as
estruturas de concreto devem incluir, mas não se limitar,
à limpeza regular de drenos ou sistemas de drenagem,
manutenção dos sistemas impermeabilizantes,
equipamentos de bombeamento e instrumentação de
monitoramento, necessários para garantir a segurança
das estruturas.
6.3.2 Estruturas metálicas
Os requisitos de manutenção para os componentes
de estruturas metálicas tais como comportas,
stop-logs
,
guias, estruturas de içamento, monotrilhos e condutos,
devem-se aplicar ao seguinte:
l Alinhamentos, parafusos de ancoragem, conexões
aparafusadas, rebitadas e soldadas,
revestimentos de proteção, detalhes de suporte e
grades.
6.3.3 Barragens de terra
Estruturas em aterro necessitam de trabalhos de
manutenção essencialmente direcionados ao controle da
percolação e erosão a fim de prevenir-se a deterioração
do maciço e/ou fundação, e o desenvolvimento de
caminhos preferenciais de percolação.
Programas de manutenção periódicos para
estruturas em aterro devem incluir a manutenção regular
da instrumentação, da crista e do enrocamento; o controle
desde a vegetação até as tocas de animais;
estabilização de taludes; manutenção dos sistemas de
drenagem e a remoção de entulhos a montante, a fim de
garantir-se a segurança da estrutura.
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
30
Capítulo 6
6.3.4 Equipamentos
Requisitos de manutenção devem ser aplicados a
todos os componentes elétricos e mecânicos, essenciais
à segurança da barragem, a saber:
l vertedouro
l condutos
l comportas
l acionadores
l dispositivos de acionamento de comportas
l instrumentação
l iluminação normal e de emergência
l bombas
Um programa de manutenção preventiva deve ser
planejado de acordo com a classificação por conseqüência
de ruptura da barragem, padrão da indústria,
recomendações do fabricante e do histórico operacional
de cada peça, em particular, do equipamento.
Referências devem ser feitas (com informações
suplementares onde necessário), aos manuais de operação
e manutenção dos fabricantes e projetistas, com relação a
manutenção necessária, peças de reposição e testes
regulares apropriados para se confirmar a funcionalidade
de trabalho.
6.3.5 Comunicação e controle
A equipe de operação deve possuir uma descrição
que inclua uma visualização completa, contendo o diagrama
esquemático dos sistemas com todos os equipamentos de
comunicação e controle. Os equipamentos devem ser
continuamente operados e monitorados para se garantir a
integridade. A documentação deve incluir todas as práticas
correntes de manutenção e ensaios.
6.3.6 Vias de acesso à barragem e às estruturas anexas
Essas vias devem ser mantidas em condições que
permitam o acesso de pessoal, veículos e equipamentos
de manutenção em qualquer situação.
6.3.7 Manutenção da área da faixa de proteção
Os projetos de barramentos e açudes prevêem a faixa
de proteção de 100 metros ao redor do reservatório d’água,
considerando o nível máximo
maximorum
previsto. A
manutenção da faixa de proteção dos reservatórios exige
do empreendedor e da entidade ambiental estadual: (i)
ações preventivas de delimitação da faixa (incluindo
cercamento), revegetação das áreas degradadas,
educação ambiental, participação comunitária etc.; (ii)
fiscalização permanente e rigorosa, inclusive com técnicas
modernas de sensoriamento remoto; e (iii) ações corretivas
com retirada de invasores.
6.4 Inspeção e monitoração
6.4.1 Padronizações
CONDIÇÃO RELEVANTE:
As inspeções, monitoração
de estruturas de barramento d’água e os testes das
instalações de descarga devem ser padronizados.
Devem ser fornecidas padronizações e diretrizes para
o estabelecimento dos tipos de inspeção a serem
executados; o propósito de cada tipo de inspeção e a
freqüência destas; os itens a serem inspecionados; a
documentação necessária; a qualificação e o treinamento
dos inspetores; e os procedimentos para a correção das
deficiências.
6.4.2 Inspeções regulares
CONDIÇÕES RELEVANTES:
Inspeções periódicas devem ser executadas para se
determinar as condições das partes integrantes das
estruturas de barramento d’água.
Investigações apropriadas, como descrito no capítulo 5,
devem cobrir todas as deficiências em potencial,
reveladas por estas inspeções.
As instruções e procedimentos de inspeção para a
barragem devem fornecer as seguintes informações:
l itens a serem observados em inspeções, em todas as
estruturas e equipamentos;
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
31
Capítulo 6
l freqüência, responsabilidade e requisitos para registro
e elaboração de relatório;
l descrição de inspeções adicionais, eventualmente
necessárias, que podem incluir inspeções subaquáticas
e aquelas necessárias durante o primeiro enchimento
do reservatório;
l requisitos e freqüência de leitura da instrumentação,
incluindo nivelamento topográfico e deslocamentos
horizontais.
O programa de inspeções, incluindo a freqüência,
deve ser planejado de acordo com a classificação da
barragem (ver item 4.4 do capítulo 4), padrões de qualidade
da empresa, recomendações dos fabricantes de
equipamentos, histórico operacional e condições das
estruturas e equipamentos em particular.
Como diretriz geral, as inspeções regulares devem
ser realizadas observando-se as seguintes classificações
e orientações:
l Inspeções rotineiras ou informais: são aquelas que
devem ser executadas por equipes qualificadas em
segurança de barragens, como parte regular de suas
atividades locais de operação e manutenção. A
freqüência dessas inspeções deve ser semanal ou
mensal, definida de acordo com o recomendado no
item a ser inspecionado, e podendo ser mais reduzida
em função de restrições sazonais. Não geram relatórios
específicos, mas apenas comunicações de eventuais
anomalias detectadas.
l Inspeções formais: são aquelas que devem ser
executadas por equipes técnicas do proprietário,
responsáveis pelo gerenciamento da segurança da
barragem, ou por seus representantes. A freqüência
dessas inspeções deve ser semestral ou anual. Exigem
o conhecimento do projeto, dos registros existentes e
do histórico de intervenções. Seus respectivos produtos
são relatórios contendo as observações de campo, as
análises realizadas e as recomendações pertinentes.
l Inspeções especiais: são aquelas que devem ser
executadas por equipe multidisciplinar, envolvendo
especialistas das áreas de hidráulica, geotécnica,
geológica, estrutural, tecnológica de concreto, elétrica
e mecânica. Quando o proprietário não possuir, em seu
quadro, especialistas capacitados para cumprir essas
inspeções nas áreas referidas, é recomendável a
contratação de consultores independentes para suprir
essa demanda. A freqüência destas inspeções deve
ser de cinco a dez anos, dependendo da sua categoria
de conseqüências de ruptura. Os aspectos a serem
vistoriados, analisados e relatados neste tipo de
inspeção estão detalhados no capítulo 5.
Um roteiro para inspeção de barragens e um modelo de
lista a ser aplicado encontram-se apresentados no anexo B.
O anexo C apresenta uma relação das principais
anomalias encontradas em barragens de terra e concreto,
com as causas, possíveis conseqüências e ações
corretivas.
Procedimentos, incluindo as definições de
responsabilidade, devem estar disponíveis, objetivando a
avaliação:
l dos dados obtidos a partir de inspeções visuais,
registros de instrumentação e de projeto;
l das condições das operações em curso, tais como
controle da capacidade de vertedouro, borda livre, do
esvaziamento, dos níveis máximos d’água;
l da confirmação da segurança estrutural e operacional;
l da identificação das áreas que necessitam de
investigações de deficiências.
É recomendável que esses procedimentos incluam
um “código de ação”, que é função da severidade da
deficiência observada, de modo a assegurar que uma ação
apropriada seja tomada.
6.4.3 Inspeções emergenciais
CONDIÇÃO RELEVANTE:
Inspeções especiais ou
emergenciais devem ser executadas em função do
potencial de danos provocados por eventos ou pela
ocorrência de deficiências severas.
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
32
Capítulo 6
As instruções e procedimentos para a barragem
devem descrever as inspeções emergenciais, e outras
observações e procedimentos necessários após cheias,
chuvas torrenciais, sismos e observações não usuais, tais
como fissuras, recalques, surgências d’água e indícios de
instabilidade de taludes. A responsabilidade para
empreender essas inspeções especiais ou emergenciais
deve ser atribuída à equipe local e ao engenheiro
responsável pelo gerenciamento da segurança da
barragem. Esta atribuição visa a assegurar inspeções
periódicas após qualquer evento potencialmente danoso.
Requisitos quanto à documentação e confecção de
relatórios devem ser especificados com os itens e os
procedimentos para a inspeção pelo engenheiro
responsável pelo gerenciamento da segurança da
barragem, seguindo a ocorrência dos eventos acima.
6.4.4 lnstrumentação
CONDIÇÃO RELEVANTE:
A instrumentação deve ser
monitorada, analisada e mantida, para garantir a
operação segura da barragem.
Juntamente com todas as descrições dos
instrumentos devem estar suas leituras iniciais, limites de
projeto, dados e requisitos para sua calibração, faixas
normais de operação e níveis de alarme, valores para os
quais uma revisão detalhada das leituras é necessária.
Responsabilidades devem ser atribuídas para leituras
rotineiras dos instrumentos, mudanças de leituras iniciais,
calibração e interpretação dos resultados.
O modo e a metodologia de leitura automática ou
manual devem ser descritos. Se automatizado, o sistema
deve ser descrito, incluindo números dos telefones utilizados
pelo
modem
. Sendo manual, deve haver documentação
quanto à metodologia, à manutenção, à calibração e à
estocagem dos equipamentos de leitura dos instrumentos.
A localização exata e os detalhes de instalação dos
instrumentos devem ser fornecidos e complementados com
desenhos de plantas, vistas e seções transversais.
A documentação da instrumentação pode ser coberta
por um relatório de instrumentação em separado com
referência a ela no manual de OMI.
6.4.5 Ensaios
CONDIÇÃO RELEVANTE:
Todo equipamento e
instalação operacional sujeitos a vazões devem ser
inspecionados e testados anualmente, para assegurar seu
funcionamento, durante cheias extremas.
O equipamento de controle de vazão da tomada
d’água deve ser submetido anualmente a um ensaio de
variação de pressão antes da estação de cheias. As
comportas do vertedouro devem ter sua operação testada
anualmente para assegurar uma correta operação. A
freqüência e o nível de inspeção e de ensaios devem ser
compatíveis com a classificação da categoria da barragem
por conseqüência de ruptura.
Todos os procedimentos para ensaios devem ser
especificados no manual de OMI e incorporados aos itens
de inspeção. As instruções e procedimentos devem
fornecer descrições dos ensaios operacionais e de
integridade a todos os componentes eletromecânicos dos
equipamentos de controle de vazão, para assegurar uma
condição operacional total.
6.5 Implementação de recomendações, obras e/ou reparos
CONDIÇÃO RELEVANTE:
Todas recomendações,
obras e/ou reparos que tenham sido definidos pela equipe
responsável pelo gerenciamento da segurança devem ser
implementados em prazo compatível com os riscos
envolvidos.
Para viabilizar uma rápida execução de obras e/ou
reparos, ou mesmo do atendimento de recomendações
relativas às atividades de segurança, deverão ser tomadas
em caráter prioritário as medidas necessárias à redução
dos riscos associados.
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
33
Capítulo 6
6.6 Segurança patrimonial
CONDIÇÃO RELEVANTE:
Toda barragem deverá ser
protegida de invasões, de depredações e ações
individuais, feitas por terceiros.
Para atender ao requisito (condição relevante) e
determinar o tipo de proteção e intensidade da vigilância a
ser exercida, o proprietário deverá considerar a
classificação da barragem (item 4.4 do capítulo 4), o seu
histórico relativo à segurança patrimonial, além do meio
social das redondezas.
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
34
7. PROCEDIMENTOS DE EMERGÊNCIA
7.1 Geral
CONDIÇÕES RELEVANTES:
Emergências
potenciais em uma barragem devem ser
identificadas e avaliadas, levando em consideração
as conseqüências da ruptura, de modo que ações
apropriadas, corretivas ou preventivas possam ser
empreendidas.
O Plano de Ação Emergencial (PAE) deve ser
preparado, verificado, divulgado e mantido para
qualquer barragem, cuja ruptura possa ensejar como
resultado a perda de vidas, bem como para qualquer
barragem para a qual um alerta antecipado possa
reduzir os danos a montante ou jusante.
Um processo notificativo deve ser iniciado,
imediatamente, ao se encontrar uma condição
insegura, que poderia conduzir a uma brecha na
barragem, ou quando se descubrir uma erosão em
progresso, como especificado no PAE.
O proprietário da barragem ou o operador deve
avaliar se a população das áreas imediatamente à
jusante da barragem deve ser avisada da condição
de brecha na barragem, devido ao curto espaço de
tempo antes da chegada antecipada da onda de
cheia provocada pela ruptura.
Ações preventivas devem ser iniciadas de maneira
apropriada, para evitar a ruptura ou para limitar
danos onde a ruptura for inevitável.
O proprietário da barragem tem a responsabilidade
de prevenir a população quanto a uma situação perigosa,
porém esses alertas devem basear-se nas informações
prestadas pelo proprietário ou pelo operador da barragem.
Esses últimos são responsáveis pela conexão apropriada
da observação da barragem (ver item 6.4 do capítulo 6)
com os procedimentos de resposta a situações de
emergência.
A falta de regulamentos não isenta o proprietário da
barragem da responsabilidade em elaborar, atualizar e
seguir o Plano de Ação Emergencial (PAE).
O PAE é um plano formalmente escrito que identifica
os procedimentos e processos que serão seguidos pelos
operadores da barragem na eventualidade de uma situação
de emergência. A emergência pode ser, por exemplo, a
falha de um equipamento essencial, tal como uma comporta
de controle de cheias, uma ruptura de talude que possua o
potencial de causar a ruptura da barragem, ou a ruptura
completa da barragem, causada por galgamento, sismo
ou erosão interna (
piping
). Pela sua natureza, os PAEs são
específicos de cada local.
Esse plano possibilita o planejamento da
municipalidade, da polícia local, das agências estaduais,
das companhias telefônicas e de transporte e de outras
entidades afetadas na eventualidade de uma cheia capaz
de provocar a ruptura de uma barragem e a coordenação
de esforços entre os diferentes níveis de governo.
7.2 Plano de Ação Emergencial (PAE)
7.2.1 Necessidade de PAE
CONDIÇÃO RELEVANTE:
O Plano de Ação
Emergencial (PAE) deve ser preparado para cada
barragem, a menos que as conseqüências da ruptura
desta barragem sejam baixas.
A definição quanto à necessidade da preparação do
PAE deverá ser tomada, por meio de uma análise
específica, quanto às condições de risco a jusante.
Por exemplo, uma grande barragem que retém grande
volume de acumulação, dentro de um vale confinado, que
possua população, necessitaria claramente do PAE.
Inversamente, uma pequena barragem de fazenda, em uma
área relativamente desabitada, normalmente não
precisaria. Se as áreas habitadas são potencialmente
afetadas, então o PAE deve ser preparado.
As conseqüências da ruptura devem ser avaliadas de
acordo com o descrito no item 4.4 do capítulo 4.
Capítulo 7
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
35
Capítulo 7
7.2.2 Desenvolvimento do PAE
CONDIÇÕES RELEVANTES:
O PAE deve descrever
as ações a serem tomadas pelo proprietário e operador
da barragem, no caso de emergência. Esse plano
deverá delegar a indivíduos e/ou prepostos as
responsabilidades para cada ação a ser tomada.
Cópias do PAE ou o resumo das informações mais
relevantes devem ser fornecidas para aqueles a quem
responsabilidades foram delegadas, de acordo com o
plano.
As etapas do desenvolvimento do PAE são geralmente as
seguintes:
l identificar aquelas situações, ou eventos, que
poderiam requerer o início de uma ação de
emergência, especificar as ações a serem tomadas
e por quem;
l identificar todas as jurisdições, agências e indivíduos
que serão envolvidos na implementação do PAE;
l identificar os sistemas de comunicação primários e
auxiliares, quer sejam internos (entre as pessoas da
barragem), quer sejam externos (entre o pessoal da
barragem e as agências externas);
l identificar todas as pessoas e agências envolvidas
no processo de notificação, e esboçar um fluxograma
que mostre quem deve ser notificado, em qual ordem
e qual a expectativa das outras ações das agências
de jusante. Cada agência governamental, municipal,
estadual ou federal envolvida pode possuir o seu
próprio plano de emergência. Estes planos irão,
normalmente, requerer modificações para incluir
ações necessárias, resultantes de uma inundação por
ruptura de barragem;
l desenvolver um esboço do PAE;
l realizar reuniões de coordenação com todas as partes
envolvidas na lista de notificação, para revisar e
comentar o PAE esboçado;
l fazer as revisões, obter a aprovação de
regulamentação necessária, concluir e distribuir o
PAE.
7.2.3 Conteúdo do PAE
CONDIÇÕES RELEVANTES:
O PAE deve conter os
seguintes procedimentos e informações:
l Atribuição de responsabilidades
l Identificação e avaliação de emergências
l Ações preventivas
l Procedimentos de notificação
l Fluxograma da notificação
l Sistemas de comunicação
l Acessos ao local
l Resposta durante períodos de falta de energia
elétrica
l Resposta durante períodos de intempéries
l Fontes de equipamentos e mão-de-obra
l Estoques de materiais e suprimentos
l Fontes de energia de emergência
l Mapas de inundação
l Sistemas de advertência
l Apêndices
Um modelo de PAE encontra-se apresentado no anexo D.
Atribuição de responsabilidades
Para evitar mal-entendidos e problemas de
comunicação, é importante incluir uma lista com os
responsáveis por ações gerais e específicas, para que as
medidas emergenciais sejam acionadas em tempo hábil,
estando os responsáveis previamente cientes e prevenidos.
Identificação e avaliação de situações de emergência
Caso detectadas com antecipação suficiente, as
emergências potenciais podem ser avaliadas e as ações
preventivas ou corretivas podem ser tomadas. O PAE deve
conter procedimentos claros, quanto à adoção de ações,
uma vez identificada uma emergência em potencial. A
notificação da situação de emergência requer que a pessoa
responsável pelo contato inicie a ação corretiva e decida
se, e quando, uma emergência deve ser declarada e o PAE
executado. Orientações claras devem ser fornecidas no
PAE sobre as condições que requeiram que uma
emergência seja declarada.
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
36
Capítulo 7
Ações preventivas
O PAE deve detalhar as ações preventivas
necessárias, incluindo uma listagem de equipamentos,
materiais e mão-de-obra, que estejam facilmente à
disposição do operador da barragem, em uma situação
de emergência.
Procedimentos de notificação
Os procedimentos para notificação devem ser claros
e fáceis de serem seguidos. O PAE deve conter uma lista
de todas as pessoas e entidades que deverão ser
notificadas, na eventualidade de uma emergência
declarada.
Fluxogramas de comunicação
O fluxograma da notificação é um diagrama que
mostra a hierarquia das notificações durante uma
emergência. O PAE deve conter um fluxograma da
notificação resumindo os procedimentos para cada uma
das condições de emergência consideradas.
Sistemas de comunicação
Devem ser incluídos detalhes completos dos sistemas
de comunicação internos e externos, na medida em que se
apliquem ao PAE.
Acessos ao local
A descrição dos acessos deve se concentrar nas rotas
palmadas, secundárias e nos meios para se alcançar o local
sob várias condições (acessos rodoviários, ferroviários,
hidroviários e aéreos).
Resposta durante períodos de falta de energia elétrica
O PAE deve prever as respostas às condições de
emergência, reais ou potenciais, durante os períodos de
falta de energia elétrica (escuridão), incluindo aqueles
causados por falha elétrica.
Resposta durante períodos de intempéries
O PAE deve contemplar respostas de emergência sob
condições adversas de tempo.
Fontes de equipamentos e mão-de-obra
A localização e a disponibilidade de equipamentos e
empreiteiros, que podem ser mobilizados, devem ser
incluídos.
Estoques de materiais e suprimentos
A localização e a disponibilidade de materiais
estocados e os equipamentos para uso de emergência
devem ser contemplados.
Fontes de energia de emergência
Os detalhes sobre a localização e operação das
fontes de energia de emergência devem ser incluídos.
Mapas de inundação
Os mapas de inundação são necessários para as
autoridades locais desenvolverem um adequado plano de
evacuação.
Sistemas de advertência
Sistemas de advertência são usados para fornecer
avisos à população, áreas de
camping
e parques que
estejam próximos à barragem. Detalhes completos devem
estar contidos no PAE.
Apêndices
Itens adicionais podem ser inseridos em apêndices
no PAE. Plantas gerais do local podem ser úteis. Desenhos
que mostram a localização da ruptura em potencial, usados
nos estudos de inundação, podem ser incluídos. Tabelas
mostrando a variação no estágio da enchente, em relação
ao tempo, para cada localização-chave da área inundada,
também devem ser incluídas.
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
37
Capítulo 7
7.2.4 Manutenção e verificação do PAE
CONDIÇÕES RELEVANTES:
O PAE deve ser remetido
àqueles que estiverem envolvidos e todas as cópias
registradas (protocoladas) do PAE devem ser atualizadas.
O plano deve ser verificado.
Na medida em que são produzidas emendas ou
atualizações ao PAE, elas são encaminhadas para cada
possuidor (de acordo com o listado no PAE) e as
modificações adotadas. Os nomes, os endereços e os
números de telefone das pessoas de contato devem ser
constantemente atualizados, como medida de rotina, pelo
menos uma vez por ano. O método de encadernação do
PAE deve facilitar a troca rápida de folhas que foram
revisadas ou atualizadas. Uma lista dos possuidores dos
planos deve aparecer no PAE.
O teste é parte integrante do PAE para assegurar que
ambos, documento e treinamento das partes envolvidas,
sejam adequados. As verificações podem abranger desde
um exercício teórico em cima de uma prancheta, até uma
simulação em escala total de uma emergência, bem como
incluir rupturas múltiplas.
7.2.5 Treinamento
CONDIÇÃO RELEVANTE:
Deve-se fornecer
treinamento para assegurar que o pessoal da barragem,
envolvido no PAE, esteja totalmente familiarizado com
todos os elementos do plano, com a disponibilidade de
equipamentos, seus encargos e responsabilidades.
O pessoal tecnicamente qualificado deve ser treinado
para detectar, avaliar os problemas e providenciar as
medidas corretivas apropriadas, quer sejam emergenciais
ou não. Esse treinamento é essencial para a avaliação
adequada das situações em desenvolvimento, em todos
os níveis de responsabilidade, as quais, em princípio, são
normalmente baseadas nas observações
in loco
. Um
número suficiente de pessoas deverá ser treinado para
assegurar assistência adequada, a qualquer tempo.
7.3 Estudos de inundação
CONDIÇÕES RELEVANTES:
Um estudo de inundação
deve ser executado para todas as barragens que
necessitam claramente do PAE (ver item 7.1) e para
barragens em que não é óbvia essa necessidade.
Um estudo de inundação deve basear-se em hipóteses
que irão indicar todas as áreas que poderiam ser
inundadas, para a combinação mais severa de condições
fisicamente possíveis.
Vários cenários de ruptura de barragens são
normalmente estudados. Esses cenários cobrem tempos
rápidos de ruptura e vários tamanhos de brechas. A área
potencialmente inundável deve ser determinada e as
seguintes condições consideradas:
l Erro na cheia de projeto;
l Ruptura induzida pela falha de uma estrutura a montante.
Devem ser preparados mapas de inundação
mostrando as áreas máximas inundadas.
Mapas de inundação também devem ser preparados
para as margens do reservatório e para as áreas afetadas
pelo efeito do remanso, a montante do mesmo. Esses dois
casos devem ser analisados:
l Cheias extremas que excedam a capacidade de
descarga;
l Redução da capacidade de descarga durante a
passagem de uma grande cheia (por exemplo,
bloqueamento por entulho, mau funcionamento ou a não-
abertura de comportas).
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
38
8. SISMOS
Este item estabelece critérios apenas para Sismos
de Projeto. Os requisitos para a resistência estrutural a
Sismos são apresentados nos capítulos 11 e 12.
CONDIÇÕES RELEVANTES:
Barragens devem ser
projetadas e avaliadas para suportar movimentos de
fundação associados com o Sismo Máximo de Projeto
(SMP), sem a perda da capacidade do reservatório de
serviço.
A seleção do SMP, para uma barragem, deve basear-se
nas conseqüências da sua ruptura.
O SMP, ou seja, o Sismo Máximo de Projeto, é
normalmente representado pela movimentação mais
severa da fundação que foi selecionada para a implantação
do projeto ou para a avaliação de segurança da barragem.
Os parâmetros de movimentação específicos do local,
necessários para o projeto ou avaliação, são determinados
a partir do SMP.
Para um dado local, o SMP deve aumentar
proporcionalmente ao crescimento das conseqüências da
ruptura da barragem, como ilustrado na tabela 8.1. Para
uma dada Probabilidade de Excepcionalidade Anual (PEA),
o SMP pode variar de um local para outro, dependendo
das condições tectônicas do local e da distância ao
epicentro do sismo. Em alguns casos, a seleção do SMP
pode basear-se em um carregamento sísmico artificial que
poderia ser, eventualmente, disparado por atividade
humana, sendo alguns exemplos a extração ou injeção em
campos de petróleo, água subterrânea ou sismicidade
induzida pelo reservatório.
Os parâmetros sísmicos específicos do local, tais
como velocidade, aceleração e espectros de resposta,
devem ser derivados dos critérios de projeto para sismos
na tabela 8.1. A derivação dos parâmetros sísmicos deve
ser determinada ou supervisionada por pessoas com
especialização em análise de sismicidade.
Barragens de terra, assentes sobre fundações
resistentes e não suscetíveis à liquefação, que não
incorporam grandes massas de materiais que, caso
saturados, possam perder grande parte de sua resistência
durante um sismo, podem ser projetadas e avaliadas
usando o método do coeficiente de sismicidade (análise
pseudoestática) sob as condições descritas no item 11.1
do capítulo 11. O coeficiente de sismicidade deve refletir a
sismicidade do local da barragem e pode ser obtido a partir
de mapas de zoneamento criados para aquele propósito.
TABELA 8.1
CRITÉRIOS MÍNIMOS USUAIS PARA SISMOS DE
PROJETO
(a) Ver item 4.4 para a classificação de conseqüências da ruptura.
(b) Para uma falha conhecida, ou região tectônica geograficamente definida, o
Sismo Previsível Máximo (SPM) é o maior sismo conceitualmente possível. Para o
local da barragem, a movimentação pelo SPM é a movimentação mais severa,
passível de ocorrer, que será produzida no mesmo arcabouço tectônico onde a
estrutura for implantada.
(c) Um nível apropriado de conservadorismo deve ser aplicado ao Fator de
Segurança calculado a partir desses carregamentos, a fim de reduzir os riscos de
ruptura da barragem a valores toleráveis. Assim, a probabilidade de ruptura da
barragem poderia ser muito menor do que a probabilidade de um carregamento por
evento extremo.
(d) As acelerações e velocidades em fundações resistentes no SMP podem ser
estimadas de 50% a 100% dos valores do SPM. Para fins de projeto, a magnitude
deve permanecer a mesma do SPM.
(e) Na categoria de conseqüência alta, o SMP baseia-se nas conseqüências da
ruptura. Por exemplo, se uma fatalidade incremental pode resultar de uma ruptura,
uma Probabilidade de Excepcionalidade Anual (PEA) de 1/1.000 poderia ser
aceitável, porém para as conseqüências que se aproximam daquelas barragens de
conseqüências muito altas, valores de SPM que se aproximam dos sismos de
projeto poderiam ser necessários.
(f) Se uma estrutura de baixa conseqüência não pode suportar o critério mínimo, o
nível de atualização pode ser determinado por análises de riscos econômicos, com
consideração aos impactos sociais e ambientais.
Capítulo 8
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
39
Capítulo 9
9. CHEIAS
9.1 Geral
CONDIÇÕES RELEVANTES:
As barragens devem ser
projetadas e avaliadas para a passagem de uma Cheia
Afluente de Projeto (CAP) sem perda de capacidade do
Reservatório.
A seleção da CAP para uma barragem deve basear-se
na conseqüência da sua ruptura.
A CAP é a maior cheia selecionada para propósitos
de projeto ou avaliação de segurança de uma barragem. O
valor da CAP selecionado deve aumentar com o aumento
da conseqüência de ruptura da barragem, como ilustrado
na tabela 9.1. Outras considerações, tal como resistência
à erosão em barragens de concreto, também podem afetar
a seleção da CAP.
Os itens 9.2 e 9.3 englobam dois métodos de
desenvolvimento do hidrograma da CAP. Um é baseado
no hidrograma Cheia Máxima Provável (CMP) e o outro
em hidrograma com uma probabilidade de
excepcionalidade anual especificada. Após a determinação
apropriada da CAP de pico afluente, e seu correspondente
volume para propósitos de projeto, a próxima tarefa é
revisar ou desenvolver o hidrograma correspondente. Este
hidrograma é usado para avaliar a borda livre (
freeboard
)
e a capacidade do vertedouro.
A determinação da CMP e a estatística de cheias
devem ser executadas ou supervisionadas por pessoas
com conhecimento e experiência especial em hidrologia e
meteorologia.
TABELA 9.1
CRITÉRIOS MÍNIMOS USUAIS PARA CHEIAS DE
PROJETO AFLUENTE
(a)- Ver item 4.4 do capítulo 4 para a classificação por conseqüência de ruptura.
(b)- Um nível apropriado de conservadorismo deve ser aplicado ao carregamento
provocado por esse evento, a fim de reduzir os riscos de ruptura da barragem a
valores toleráveis. Assim, a probabilidade de ruptura da barragem poderia ser
muito menor do que a probabilidade de um carregamento por evento extremo.
(c)- Dentro da categoria de alta conseqüência de ruptura, a CAP é baseada nas
conseqüências da ruptura. Por exemplo, se uma fatalidade incremental resultasse
de uma ruptura, um PEA de 1/1.000 poderia ser aceitável, mas para as conseqüências
que se aproximam daquelas de uma barragem de conseqüência muito alta, cheias
de projeto que se aproximam da CMP poderiam ser necessárias.
(d)- Se uma estrutura de baixa conseqüência de ruptura não pode suportar o
critério mínimo, o nível de atualização pode ser determinado por análises de riscos
econômicos, com consideração aos impactos sociais e ambientais.
9.2 Análise estatística de cheias
CONDIÇÕES RELEVANTES:
Se a Cheia Afluente de
Projeto (CAP) é estatisticamente determinada, a
confiabilidade da análise estatística de cheias existente
deve ser confirmada ou uma nova análise deve ser
desenvolvida.
Se um evento excepcional tiver sido registrado, desde
que a cheia estatística tenha sido avaliada, ou caso o
período de observação tenha sido aumentado em mais
de 50%, uma nova análise de cheias deve ser executada.
Na análise estatística são analisadas tanto as séries
de vazões de pico anual ou de duração parcial (picos acima
do limiar) quanto os volumes vão sendo ajustados em função
da distribuição de probabilidades, a fim de permitir a
extrapolação de dados de cheias de magnitudes
excepcionais. Cuidados devem ser tomados para que as
séries de dados satisfaçam os requisitos estatísticos de
homogeneidade e independência.
Em geral, limitações na disponibilidade de dados e
nos procedimentos de ajuste restringem o grau de facilidade
na extrapolação. O exame da confiança estatisticamente
determinada ou faixas de confiabilidade devem ser úteis
na indicação de um limite razoável de extrapolação. Uma
análise regional de dados de cheias pode ser usada para
aumentar a confiabilidade nos valores extrapolados, desde
que as bacias incluídas sejam hidrologicamente similares
e que haja um intervalo adequado nos períodos de registro.
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
40
Capítulo 9
Quando a vazão da cheia a jusante estiver
significativamente reduzida pela atenuação da acumulação
do reservatório, o volume total da CAP deve ser avaliado
em adição ao afluente de pico para estudos de cheias de
rotina. Ela deve possuir a mesma probabilidade de
ocorrência da correspondente cheia de pico.
Para pequenas barragens com uma expectativa de
avaliação como baixa conseqüência (ver item 4.4 do capítulo 4),
pode ser suficiente determinar ou rever a CAP pelo uso de uma
análise regional ou de curva envoltória.
9.3 Cheia Máxima Provável (CMP)
CONDIÇÕES RELEVANTES
: Um estudo para a Cheia
Máxima Provável (CMP) deve considerar a combinação
mais severa “fisicamente possível” dos seguintes
fenômenos sobre a bacia hidrológica a montante da
estrutura, sendo estudadas:
l Tempestades
l Condições iniciais da bacia (exemplo: umidade do solo,
níveis do lago e do rio)
l Previsão de distúrbios atmosféricos
Quando a CMP é identificada como CAP, em uma
barragem determinada, a aceitabilidade de qualquer
análise anterior da CMP deve ser confirmada, ou uma
nova análise de CMP deve ser executada.
Se um evento não usual de grande magnitude ocorrer,
após a avaliação da CMP, ou se a bacia hidrológica sofreu
modificações que afetem seriamente as características do
amortecimento de cheias, deve-se considerar a
possibilidade de se rever a CMP.
Quando a CAP é a CMP, a análise estatística de
cheias pode ser usada para comparação com a CMP, como
uma simples verificação de contabilidade, e também para
permitir ao analista desenvolver uma apreciação quanto aos
requisitos de expectativa de uso e de capacidade das
instalações de descarga de cheias.
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
41
Capítulo 10
10. DISPOSITIVOS DE DESCARGA
O uso de critérios diferentes dos especificados nesse
documento pode, eventualmente, ser necessário, levando
em conta condições específicas de algumas barragens, e
para permitir o desenvolvimento na aplicação e uso de
novos conhecimentos e melhorias nas técnicas aplicadas.
10.1 Geral
CONDIÇÃO RELEVANTE:
Os dispositivos de descarga
de cada barragem devem ser capazes de suportar
seguramente a passagem da Cheia Afluente de Projeto
(CAP) no empreendimento.
O critério para a seleção da Cheia Afluente de Projeto
(CAP), apropriada para cada empreendimento em
particular, é discutido no item 4.5 do capítulo 4 e tabela 9.1
do capítulo 9, sendo o desenvolvimento do hidrograma da
CAP discutido no capítulo 9.
As recomendações do subitem 6.4.5 do capítulo 6
deverão ser atendidas.
10.2 Borda livre
CONDIÇÃO RELEVANTE:
Sob todas as condições
operacionais, a borda livre deve ser suficiente para restringir
a percentagem de ondas que poderiam galgar a barragem
a níveis que não conduzam a sua ruptura, sob níveis de cheia
específicos e condições excepcionais de vento.
Para barragens de terra, a borda livre deve, de modo
geral, ser suficiente, a fim de evitar o galgamento da
barragem para 95% das ondas criadas sob condições
especificas de vento. Se um galgamento maior é permitido,
o volume do fluxo galgado e seus efeitos potenciais não
podem colocar a barragem em perigo. A crista da
barragem é normalmente ajustada a um nível que satisfaça
todas as seguintes condições:
l Condições de onda devido a ventos com 1/100 da
Probabilidade de Excepcionalidade Anual (PAE),
estando o reservatório na sua cota máxima normal, ou
determinada pelo uso da relação da duração total da
velocidade do vento sobre a expectativa de vida útil do
empreendimento;
l Condições de onda devido a condições de vento
razoavelmente mais severas para o reservatório e o seu
nível máximo extremo baseado na CAP selecionada.
Para pequenos reservatórios e/ou bacias, usa-se,
normalmente, 1/100 da PEA do vento anual máximo.
Para os casos na média, o vento apropriado deve ser
selecionado entre esses dois limites.
Uma borda livre adicional ou providências contra
galgamento podem ser necessárias a barragens em
reservatórios sujeitos a ondas que poderiam ser induzidas
por deslizamentos de encosta na área do reservatório.
Para barragens de concreto, classificadas como de
baixa conseqüência, a borda livre pode ser baseada em
uma análise econômica de danos.
10.3 Capacidade de descarga das estruturas hidráulicas
CONDIÇÃO RELEVANTE:
Os dispositivos de descarga
devem ser capazes de suportar a passagem da Cheia
Afluente de Projeto (CAP), levando em conta o efeito do
amortecimento de cheias, sem que o nível do reservatório
ultrapasse a borda livre estabelecida no item 10.2 do
capítulo 10.
A capacidade de descarga do vertedouro e de outros
dispositivos de descarga deve ser determinada com base
nas condições existentes e na operação das estruturas
componentes. As curvas de descarga disponíveis devem
ser avaliadas com base nas práticas atuais de projeto, nas
hipóteses do projeto original e nas condições existentes.
Caso as curvas de descarga estejam incorretas ou não
disponíveis, elas deverão ser novamente calculadas e
usadas na avaliação de segurança.
Quando o empreendimento possuir casa de força, a
usina deve ser considerada como fora de operação durante
a passagem da CAP de período curto (inferiores a duas
semanas). Na medida em que as instalações de
transmissão podem ser afetadas, uma capacidade de
descarga apropriada pode ser atribuída para as turbinas
fora de condição de carga. Entretanto, caso o nível d’água
de jusante exceda a cota do piso da casa de força, a
capacidade da turbina deve ser reduzida a zero.
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
42
Capítulo 10
Se as Instalações de Descarga não puderem
suportar com segurança a passagem da CAP, serão
necessários reparos, modificações, novos trabalhos
ou revisões das regras de operação do reservatório,
ou alguma combinação dessas ações. Estudos de
engenharia que levam em conta alternativas
econômicas irão formar a base para a decisão de
como reunir esse requisito para a passagem da Cheia
Afluente de Projeto (CAP). Se a CAP é baseada na
PEA e nenhuma fatalidade resulta da ruptura da
barragem, os custos de modificação no
empreendimento podem ser considerados em uma
análise de riscos, para se determinar se as
modificações são necessárias ou se os requisitos da
CAP podem ser reduzidos.
Vertedouro
Um vertedouro seguro, inclusive canais de
aproximação e de descarga, possui as seguintes
características ou detalhes:
l resistências adequadas à erosão e à cavitação,
bem como uma altura adequada dos muros laterais
para a passagem segura da Cheia Afluente de
Projeto;
l adequada dissipação de energia, a fim de prevenir
solapamentos e/ou erosões que poderiam pôr em
risco o vertedouro ou a barragem, durante a CAP;
l capacidade para suportar a passagem de entulho
flutuante durante a CAP, ou provisão de uma
barreira efetiva contra entulhos, projetada para
carregamento por CAP;
l confiabilidade nos mecanismos de abertura das
comportas durante grandes cheias, incluindo o
fornecimento de energia, controle e comunicações;
deve existir processo alternativo para sua abertura;
l segurança adequada quanto a deslizamentos de
terra, entulhos acumulados no canal de
aproximação, rampas e canais de saída, que
poderiam restringir sua capacidade de descarga;
l acesso assegurado sob quaisquer condições para
o caso das comportas do vertedouro serem
operadas no local.
10.4 Operação durante as cheias
CONDIÇÃO RELEVANTE:
Todas as instalações de
descarga devem ser operadas sempre de acordo com
regras predeterminadas. No desenvolvimento de tais
regras, deve-se considerar a passagem segura de todos
os eventos hidrológicos, inclusive a CAP.
Regras para a operação sob condição de cheias são
normalmente baseadas na cota do reservatório, na taxa de
elevação desta cota, precipitação pluviométrica, estação
do ano e na previsão do tempo. Tais regras devem ser
documentadas no manual de operação, manutenção e
inspeção (ver item 6.2).
10.5 Operação dos equipamentos de controle de
descargas
CONDIÇÃO RELEVANTE:
As condições sob as quais
os dispositivos de descarga e a tomada d’água devem
operar, bem como o nível de automação associado a
esses equipamentos, devem ser determinados com base
em uma situação específica do local.
Na eventualidade de uma enchente resultar em dano,
a operação remota e automática dos equipamentos do
vertedouro deverá ser projetada para uma operação
confiável, a fim de se prevenir inundação a montante ou a
jusante. A operação remota do equipamento do vertedouro
deve ser utilizada apenas onde as condições e a distância
tornem impraticável sua operação no local. A operação
remota deve basear-se na leitura da instrumentação
interpretada pelos operadores.
CONDIÇÃO RELEVANTE:
Todo equipamento de
controle de descarga deve ser capaz de abrir e fechar
sob as condições de operação.
Os atuadores (dispositivos de acionamento) deverão
ser adequadamente dimensionados para suportar os
esforços de carregamento estrutural e hidráulico.
Os equipamentos de controle de fluxo da tomada
d’água devem ser capazes de fechar sob condições de
fluxo de projeto. Caso esse fechamento seja por meios
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
43
Capítulo 10
outros que não seu próprio peso, uma fonte de energia de
emergência deverá estar disponível. Se necessário, os
atuadores do equipamento de controle de fluxo deverão ser
adequados para operação automática e/ou remota.
Deve-se atentar para a possibilidade de ocorrências
de acúmulo de detritos que possam interferir no
acionamento das comportas.
10.6 Instrumentação de controle
CONDIÇÃO RELEVANTE:
Os equipamentos instalados
em estruturas de conseqüências de ruptura definidas como
“altas” ou “muito altas” devem ser municiados com
instrumentação que permita a monitoração local ou remota.
O nível de instrumentação de controle deve ser
determinado pela avaliação de requisitos específicos do
local.
A taxa de subida do nível d’água deve ser usada para
se iniciar os procedimentos de alarme.
A posição da comporta e os níveis d’água devem ser
monitorados, tanto local quanto remotamente.
10.7 Equipamento de emergência
CONDIÇÃO RELEVANTE:
Um equipamento de
fornecimento de energia de emergência deve estar
disponível em estruturas de conseqüência de ruptura alta
e muito alta.
O requisito para o equipamento permanente deve
levar em conta a disponibilidade do equipamento, a
velocidade de resposta, o tamanho do reservatório e a
expectativa da sua taxa de elevação do nível d’água. O
equipamento de emergência, caso permanentemente
instalado, deve operar automaticamente durante
interrupções de energia e ser capaz de prover uma
capacidade contínua de operação até a restauração da
principal fonte de energia. O equipamento de emergência
consiste tipicamente em unidades geradoras a combustível.
CONDIÇÃO RELEVANTE:
Os controles e a
instrumentação devem permitir a operação e a monitoração
durante as condições de interrupção de energia para as
estruturas de conseqüência alta e muito alta.
Nos locais em que não houver fonte de energia de
emergência disponível, equipamentos de corrente contínua,
bancos de baterias e equipamentos auxiliares devem ser
fornecidos para se permitir a operação da instrumentação
e dos controles por um período mínimo de oito horas.
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
44
Capítulo 11
11. CONSIDERAÇÕES GEOTÉCNICAS PARA BARRAGENS
DE TERRA E FUNDAÇÕES EM SOLO
11.1 Barragens de terra e fundações em solo
Neste item estão agrupados tanto as fundações em
solo quanto as barragens de aterro, por possuírem
requisitos geotécnicos semelhantes. Os requisitos e
diretrizes são igualmente aplicáveis a barragens de aterro
e fundações em solo para outros tipos de barragens.
11.1.1 Monitoração e instrumentação
CONDIÇÃO RELEVANTE
: Para barragens de
conseqüência de ruptura alta e muito alta, deverá haver
disponibilidade suficiente de instrumentos para barragem
de terra e suas fundações, de modo que seu desempenho
possa ser adequadamente monitorado e sua segurança
avaliada.
Um programa de instrumentação de maciços de terra
ou fundação bem planejado serve para monitorar o
desempenho e fornecer indicativos de situações de perigo.
Os propósitos da instrumentação são:
l Fornecer dados para avaliar os critérios de projeto
l Fornecer informações sobre o desempenho vigente da
barragem e suas fundações
l Observar o desempenho de áreas críticas
Os requisitos gerais para instrumentação devem ser
determinados anteriormente à avaliação da segurança do
empreendimento, e a necessidade de instrumentação
adicional deverá ser totalmente justificada e documentada.
Os fatores que irão influenciar a necessidade e o tipo de
instrumentação adicional a ser instalada incluem a geologia
da fundação, o tamanho e o tipo de barragem e seu
reservatório, a classificação por conseqüência de ruptura,
a localização do empreendimento e seu desempenho
anterior.
Intrínseco a um programa de instrumentação está a
programação para a leitura dos instrumentos. Não menos
importante é a necessidade de instruções bem claras para
uma pronta avaliação de dados e uma pronta notificação
ao pessoal responsável, quando as observações forem
atípicas ou divergirem dos critérios de projeto.
11.1.2 Estabilidade
CONDIÇÕES RELEVANTES:
Os carregamentos
provenientes da barragem e a distribuição desses
esforços sobre as fundações não deverão causar
deformações totais ou diferenciais excessivas ou causar
ruptura da fundação por cisalhamento.
Os taludes de montante e jusante da barragem e as
ombreiras deverão ser estáveis sob todos os níveis de
reservatório, bem como sob todas as condições de
operação.
A crista, os taludes da barragem e as ombreiras
devem ser examinados quanto a fissuras, abatimentos e
desalinhamentos da superfície.
A tabela 11.1 resume os fatores mínimos de segurança
que são normalmente aceitáveis para os cálculos de
estabilidade de taludes. Valores inferiores podem ser
eventualmente admissíveis em certos casos, desde que
justificados (por exemplo, quando um bom desempenho é
demonstrado, com base em medidas da movimentação ou
em análises mais sofisticadas). Os coeficientes de
segurança obtidos e aceitos para os taludes devem levar
em conta a confiabilidade dos dados utilizados nas análises
de estabilidade, a adequabilidade e as limitações das
análises selecionadas, as magnitudes das deformações
toleráveis e as conseqüências da ruptura em potencial.
TABELA 11.1
COEFICIENTES DE SEGURANÇA, AVALIAÇÃO
ESTÁTICA
(*) Coeficientes de segurança maiores podem ser necessários, caso
ocorram rebaixamentos com uma relativa freqüência durante a
operação normal.
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
45
Capítulo 11
CONDIÇÃO RELEVANTE:
Os taludes do reservatório
devem ser estáveis sob condições de carregamento
sísmico, precipitações pluviométricas severas,
rebaixamento rápido e qualquer outra condição, caso a
ruptura do talude possa induzir à formação de ondas que
ameacem a segurança pública, a barragem ou suas
estruturas associadas.
Ver capítulo 13 para diretrizes quanto à estabilidade
das margens do reservatório.
11.1.3 Borda livre
CONDIÇÃO RELEVANTE:
A borda livre deve considerar
a expectativa do recalque da crista.
Ver ítem 10.2 do capítulo 10 para requisitos adicionais
e diretrizes de borda livre.
11.1.4 Percolação e controle da drenagem
CONDIÇÃO RELEVANTE:
O carreamento das partículas
de solo pelas forças de percolação deve ser evitado por
filtros adequados.
A percolação deve ser monitorada e verificada quanto
à presença de partículas em suspensão.
Os filtros e drenos internos são particularmente
importantes onde se considerar possível a ocorrência de
fissuramento na barragem, devido a recalques diferenciais,
arqueamento e/ou fraturamento hidráulico. Fissuras podem
causar fluxos de percolação concentrados que podem
conduzir a ruptura da barragem por erosão interna (
piping
),
a menos que estes sejam interceptados e controlados por
meio de filtros e drenos.
CONDIÇÕES RELEVANTES:
Os gradientes hidráulicos
na barragem, nas fundações, nas ombreiras e ao longo
de condutos devem ser baixos o suficiente para prevenir
erosão regressiva. A capacidade de vazão dos filtros e
drenos não deve ser excedida.
Pressões neutras altas podem indicar que a
drenagem é insuficiente ou que a permeabilidade dos
drenos é excessivamente baixa. A diminuição da
percolação proveniente dos drenos pode indicar a
colmatação física, química ou bacteriológica.
11.1.5 Fissuração
CONDIÇÃO RELEVANTE:
A barragem deve manter o
reservatório em condições de segurança, em relação a
qualquer fissuração que possa ser induzida por recalque
ou fraturamento hidráulico.
Uma inspeção completa deve ser executada para se
identificar fissuras e suas causas. Análises ou
investigações adicionais podem ser necessárias, caso seja
considerado possível o fissuramento do núcleo, por
exemplo, se detectado um recalque diferencial.
11.1.6 Erosão superficial
CONDIÇÕES RELEVANTES:
Os taludes de montante da
barragem e suas ombreiras devem ser providos de
proteção adequada para resguardá-los contra a erosão,
inclusive devido a ondas. Os taludes de jusante devem ser
protegidos contra a ação erosiva de escoamentos
superficiais, eventuais surgimentos de percolações, do
tráfego de pessoas e de animais. Os canais de entrada e
saída para vertedouros e condutos devem ser
adequadamente protegidos contra erosão (ver capítulo 13).
11.1.7 Liquefação
CONDIÇÃO RELEVANTE:
Todos os materiais de aterro
e da fundação suscetíveis à liquefação devem ser
identificados.
A filosofia geral para a avaliação dos métodos a
serem utilizados deverá ser aquela que selecione os
métodos mais atualizados e aceitáveis e que estejam no
“estado da arte”. No entanto, uma vez que a análise de
liquefação é um assunto de desenvolvimento bastante
dinâmico, métodos aceitáveis e que estejam no “estado
da arte” podem ser considerados como conservadores.
Pareceres especializados devem ser buscados para uma
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
46
Capítulo 11
avaliação mais avançada de suscetibilidade à liquefação.
O nível de avaliação deve ser apropriado à estrutura que
estiver sob revisão. Ensaios de laboratório em amostras
não deformadas, ensaios de penetração e métodos
geofísicos podem ser usados para a caracterização do
solo. Os fatores que conduzem à liquefação incluem:
l Deformação excessiva por carregamento estático
l Carregamento por impacto
l Carregamento cíclico, tal como um carregamento por
sismo
CONDIÇÃO RELEVANTE:
Se a liquefação é possível,
então a estabilidade da barragem pós-liquefação deverá
ser avaliada.
O objetivo é o de verificar se a extensão prevista da
liquefação não irá resultar em uma ruptura.
CONDIÇÕES RELEVANTES:
Se o fluxo por
deslizamento (corrida de lama) é possível, deve-se, então,
providenciar medidas corretivas apropriadas. Se não
houver potencial para fluxo de deslizamento, provisões
devem ser feitas, para se adequar a borda livre e os filtros,
a fim de acomodar os movimentos induzidos por sismo.
11.1.8 Resistência a sismos
CONDIÇÃO RELEVANTE:
A barragem, suas estruturas
associadas, fundações, ombreiras e as margens do
reservatório devem ser capazes de resistir às forças
associadas com o Sismo Máximo de Projeto (SMP).
A determinação do SMP é tratada no capítulo 11. O
nível de avaliação para resistência a sismos de uma
barragem deverá depender das conseqüências da ruptura.
11.2 Barragens sobre fundação em rocha
O termo fundação refere-se ao maciço que forma a
base para a estrutura, bem como suas ombreiras.
11.2.1 Estabilidade da fundação
CONDIÇÃO RELEVANTE:
A resistência e a rigidez da
rocha deverão ser suficientes para prover a estabilidade
adequada sob carregamentos de projeto para a
barragem, estruturas associadas, ombreiras e fundação,
e as deformações limitadas a valores aceitáveis.
Uma quantidade suficiente de informações
geológicas/geotécnicas deverá estar disponível, ou deverá
ser obtida, para se definir o modelo da fundação, adequado
à caracterização de quaisquer descontinuidades e para
determinar todas as modalidades de rupturas possíveis.
Uma avaliação das condições da rocha de fundação
deve cobrir a qualidade da rocha e a sua capacidade de
suporte. As condições podem ser avaliadas a partir de
dados de ensaios
in situ
, testemunhos de sondagens,
inspeção visual e dados da instrumentação instalada.
Diretamente abaixo da barragem, a principal
consideração deve ser a natureza do contato rocha–
barragem, sua forma e as características da fundação. Onde
as fundações estiverem expostas, ou em contato com o
maciço de terra, a ênfase deverá ser dada à
impermeabilidade e às vedações em função do tempo.
Deverá ser determinado se detalhes geológicos poderiam
conduzir a deterioração do maciço rochoso. Deve-se
determinar a necessidade de executar investigações e
ensaios de campo.
Todos os tratamentos corretivos subsuperficiais
executados durante o período de construção da barragem
devem ser identificados e avaliados para se determinar se
eles permanecem eficientes e em condições estáveis.
A estabilidade das fundações em rocha pode ser
avaliada em termos dos coeficientes de segurança. Os
valores do coeficiente de segurança indicados na tabela
11.1 são apropriados.
11.2.2 Parâmetros de resistência ao cisalhamento
CONDIÇÃO RELEVANTE:
Fundações em rocha devem
possuir uma resistência adequada ao cisalhamento, para
assegurar a estabilidade da barragem ao longo de todas
as superfícies potenciais de ruptura.
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
47
Capítulo 11
A compatibilidade entre a deformação da barragem
e sua fundação precisa ser considerada quando da
determinação dos parâmetros de resistência ao
cisalhamento da fundação.
Geralmente não é considerada nas análises a
resistência à tração na interface barragem–fundação, e
abaixo destas. No entanto, para barragens de concreto, nas
quais a existência de fissuração é dependente de alguma
resistência à tração, esta deve ser baseada em uma
quantidade representativa de ensaios executados em
amostras retiradas da zona de interface. Se a fundação é
composta de vários tipos e qualidades de rocha, os valores
devem ser avaliados para cada área correspondente ao
tipo de rocha dentro da zona de influência da barragem.
Se as fundações são irregularmente fraturadas,
métodos e programas devem ser estabelecidos para se
determinar os dados de resistência para as partes mais
críticas das fundações em rocha.
11.2.3 Percolação e drenagem
CONDIÇÕES RELEVANTES:
Dependendo do tipo de
rocha, uma proteção adequada deve ser prevista para
protegê-lo contra erosão interna, lixiviação ou efeitos de
dissolução nas fundações e ombreiras.
Os sistemas de drenagem e injeção nas fundações e
ombreiras deverão manter as subpressões em níveis
aceitáveis, pelo projetista ou avaliadores.
Onde os maciços de terra são construídos sobre fundação
em rocha, o tratamento da fundação deve ser compatível
com os materiais do maciço, de modo a prevenir o
carreamento de partículas.
Um sistema de drenagem de fundação é normalmente
utilizado para reduzir a subpressão que atua na base da
barragem e no corpo do maciço rochoso. O sistema mais
comum consiste em drenos a jusante da cortina de injeção
principal.
A avaliação das fundações da barragem inclui as
seguintes etapas:
l Determinar se a vazão de percolação é aceitável com
relação às condições geológicas.
l Identificar qualquer evidência de infiltração ao longo de
lentes intemperizadas (alteradas), juntas abertas ou
zonas de contato.
l Verificar se o sistema de drenagem está funcionando.
l Verificar se a cortina de injeção está tendo um
desempenho satisfatório.
l A detecção da percolação, no seu estágio inicial de
desenvolvimento, é importante para se avaliar sua
origem e causa. A avaliação inicial deve considerar qual
é a extensão da percolação que pode conduzir a
problemas maiores de erosão ou instabilidade.
11.3 Estruturas Associadas
11.3.1 Movimentação da fundação
CONDIÇÃO RELEVANTE:
Fundações e ombreiras,
bem como maciços de terra, através dos quais, ou sobre
os quais uma estrutura associada tenha sido construída,
devem ser livres de movimentações que poderiam
prejudicar a capacidade operacional da estrutura ou
conduzir a um dano estrutural, tal como um fissuramento
excessivo, deformação, deflexão, dano à juntas,
separação de juntas ou de algum outro modo ameaçar a
integridade estrutural e o seu desempenho hidráulico.
A fundação de uma estrutura associada deverá
possuir resistência suficiente para resistir a deslizamentos,
e uma capacidade de suporte adequada para prevenir
recalques excessivos.
11.3.2 Estabilidade de taludes
CONDIÇÃO RELEVANTE:
Taludes que flanqueiam os
canais de aproximação e de descarga de uma estrutura
associada devem ser estáveis, de modo a evitar que
qualquer instabilidade provocada pela grande variedade
de solos de assoreamento e movimentações de rocha não
imponha restrições a estes canais (ver subitem 11.1.2).
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
48
Capítulo 11
11.3.3 Percolação
CONDIÇÃO RELEVANTE:
A zona impermeável,
imediatamente subjacente ou incluída na parte de
montante de uma estrutura associada, incluindo
componentes, tais como trincheira de vedação (
cut-off
),
seção do núcleo ou tapete impermeável, devem ser livres
de concentrações localizadas de percolação, que
poderiam resultar em erosão interna (
piping
).
Os gradientes hidráulicos devem ser mantidos dentro
dos limites recomendados para os materiais de fundação
e zonas de filtro, incluindo aterros, bem como os solos e as
rochas
in situ
.
11.4 Estruturas celulares com preenchimento e outras
estruturas em pranchões de madeira
CONDIÇÃO RELEVANTE:
Todas as estruturas celulares
com preenchimento (enrocamento, areia etc.), outras
estruturas em pranchões e suas fundações devem seguir
os mesmos requisitos de estabilidade preconizados para
barragens de aterro. Além disso, os pranchões de
madeira deverão manter sua durabilidade e ser capazes
de transmitir as cargas induzidas (ver itens 11.1 e 11.2).
As condições de percolação devem ser analisadas.
A estabilidade deve ser avaliada como para as
estruturas de concreto de gravidade (deslizamento e
tombamento).
11.5 Barragens de enrocamento com face de concreto
CONDIÇÃO RELEVANTE:
Barragens de enrocamento
com face de concreto e suas fundações devem seguir os
mesmos requisitos das barragens de terra, quando
aplicáveis. Além disso, recalques e deformações deverão
ser controlados para prevenir fissuração que comprometa
a segurança da obra. A percolação ou infiltração através
do revestimento de concreto deve ser limitada a valores
aceitáveis (ver item 11.2).
O desempenho depende dos métodos construtivos e
dos detalhes das juntas entre lajes e da junta perimetral.
Caso o reservatório esteja sujeito a rebaixamento, o
paramento deverá ser inspecionado e as percolações
deverão ser medidas.
11.6 Barragens de enrocamento sujeitas à percolação
CONDIÇÃO RELEVANTE:
Barragens de enrocamento
sujeitas à percolação pelo maciço devem ser capazes
de suportar, sem estabilização, o eventual arraste de
participas ou fragmentos de rocha e os efeitos
combinados da ação da percolação emergente na face
de jusante, com os esforços resultantes de qualquer tipo
de transbordamento.
Não é recomendável que ocorra galgamento d’água,
a menos que o talude de jusante tenha sido projetado para
essa condição.
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
49
Capítulo 12
12. ESTRUTURAS DE CONCRETO
O uso de critérios diferentes dos especificados nesse
documento pode, eventualmente, ser necessário, levando-se
em conta condições específicas de algumas barragens, ou
para permitir o desenvolvimento na aplicação e uso de novos
conhecimentos e melhorias nas técnicas aplicadas.
12.1 Geral
Este capítulo aplica-se às avaliações de estabilidade
de todas as estruturas de concreto de barramento d’água,
incluindo barragens, vertedouros, tomadas d’água e outras
instalações hidráulicas associadas, bem como as estruturas
de contenção de terra, tais como muros do tipo cortina e
muros de arrimo.
As barragens de concreto podem, geralmente, ser
classificadas dentro de três tipos principais, de acordo com
sua forma física particular e projeto específico:
l barragens de gravidade
l de contrafortes
l em arco
Este capítulo é aplicável às estruturas assentes sobre
fundações em rocha suficientemente resistentes e que não
tenham descontinuidades significativas. Para as estruturas
construídas sobre outros tipos de fundação, tais como solos,
rocha alterada ou rocha com descontinuidades
significativas, devem ser estabelecidos métodos e critérios
especiais de acordo com os princípios e práticas aceitáveis
de engenharia, bem como aqueles requeridos no item 11.2
do capítulo 11.
CONDIÇÃO RELEVANTE:
O nível de avaliação de
segurança para barragens de concreto e outras estruturas
de barramento d’água deve levar em conta as
conseqüências de ruptura da estrutura.
As conseqüências da ruptura são classificadas de
acordo com as diretrizes apresentadas no item 4.4 do
capítulo 4. A avaliação de barragens de concreto e outras
estruturas de barramento d’água deverá ser executada por
profissionais experientes e de acordo com essas diretrizes.
Entretanto, estruturas classificadas como de conseqüência
de ruptura muito baixa podem ser isentadas dos requisitos
técnicos aqui apresentados.
As técnicas de análise podem abranger desde os
relativamente simples bidimensionais “corpos rígidos” sobre
superfícies de suporte plana, até os complexos métodos
tridimensionais de elementos finitos.
Em termos gerais, essas diretrizes são válidas para
todos os tipos de estruturas em concreto, para as quais
aplicam-se os princípios gerais da engenharia estrutural.
Entretanto, alguns tipos de estruturas de concreto, sob
certas condições, requerem uma atenção especial.
Análise estática
Análises estáticas para barragens de gravidade são
normalmente baseadas no método do equilíbrio limite de
“corpo rígido” e no método da linearidade elástica. As três
primeiras combinações de forças listadas no item 12.4 a
seguir, as qualificam como casos de carregamento estático,
devido à natureza relativamente permanente das cargas
envolvidas. Uma exceção a essas combinações de carga
pode advir daqueles componentes estruturais, cujo
desempenho pode ser influenciado pelos efeitos
potencialmente dinâmicos do fluxo d’água.
Qualquer uma das técnicas de análise aceitável
fornece informações e dados que são relativos aos
indicadores de desempenho discutidos no item 12.5.
As barragens de contrafortes devem reunir a
totalidade dos requisitos de estabilidade para barragens
de gravidade e todos os outros componentes em concreto
armado devem seguir as normas de cálculo de estruturas.
Uma inspeção detalhada, assim como um programa
de amostragem e de ensaios, é parte essencial para um
programa de avaliação de uma barragem de contrafortes.
Uma atenção particular deve ser dada para a resistência
do concreto através das juntas de construção. A seleção
das tensões permissíveis deve ser baseada na condição
real dos materiais da estrutura.
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
50
Capítulo 12
Deve ser determinada a estabilidade ao
deslizamento na direção montante–jusante e as
tensões sobre os contrafortes no contato rocha–
concreto e nos vários níveis representativos.
A avaliação estrutural de barragens em arco
requer uma experiência especial e uma compreensão
geral acerca dos detalhes únicos destas estruturas.
Conseqüentemente, as inspeções de segurança
devem ser realizadas por engenheiros e geólogos
experimentados na análise e construção de barragens
em arco.
As análises de tensões e estabilidade das
barragens em arco podem ser baseadas no método
de carregamentos sucessivos ou pelo método de
elementos finitos ou outro aplicável. As propriedades
de deformação da fundação devem ser incluídas e,
especificamente, os efeitos da seqüência construtiva.
As temperaturas e os deslocamentos diferenciais
devem ser avaliados. Efeitos de juntas (de dilatação
vertical e de construção) devem ser considerados.
Análise sísmica
CONDIÇÃO RELEVANTE:
Uma análise sísmica
deve ser executada, onde apropriada. A fissuração,
bem como a interação do reservatório e fundação,
devem ser incluídas na análise, quando necessário.
Análises sísmicas ou dinâmicas são
normalmente executadas em diferentes níveis de
sofisticação, dependendo da conseqüente avaliação
da barragem e da probabilidade de desempenho não
aceitável.
CONDIÇÃO RELEVANTE:
As tensões e a
estabilidade de uma barragem devem ser avaliadas
quanto à movimentação do terreno na direção
montante–jusante. Em determinados casos poderá ser
necessária a análise na direção transversal ao vale.
12.2 Condições da estrutura e do local
CONDIÇÕES RELEVANTES:
A resistência e a
condição da barragem e da fundação devem ser
determinadas de forma a possibilitar a análise.
Caso o concreto esteja aparentemente danificado ou
enfraquecido, devem ser executados ensaios para se
determinar os parâmetros de resistência ou hipóteses de
adequação conservadoras feitas na análise da sua
segurança.
Para as barragens de classificação de conseqüência de
ruptura alta e muito alta, deve-se prover a estrutura e a
fundação com uma instrumentação suficiente, a fim de se
permitir uma monitoração do desempenho e a avaliação
da sua segurança.
A revisão do projeto, os registros de construção e
o comportamento histórico, em conjunto com uma
inspeção visual, podem ser suficientes, porém a
amostragem e ensaios podem ser necessários onde
estes registros sejam inadequados ou onde a estrutura
possa estar deteriorada. O nível de investigação também
depende da classificação da estrutura quanto à
conseqüência de ruptura (ver item 4.4 do capítulo 4).
A vistoria é necessária, incluindo:
l Um exame visual das faces do concreto, tanto acima
quanto abaixo do nível d’água
l Amostragem, ensaio e a estimativa de qualidade do
concreto e armações
l Inspeção de todos os elementos estruturais
l Verificação da ocorrência de reações expansíveis, tais
como reação álcali-agregado
O conhecimento do comportamento das estruturas e
suas fundações pode ser obtido por meio do estudo das
solicitações das estruturas em operação, usando as
observações da instrumentação.
As condições da fundação e da interface rocha–
concreto devem ser investigadas a um nível suficiente de
detalhe que permita a obtenção de dados apropriados para
a avaliação estrutural.
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
51
Capítulo 12
12.3 Ações de projeto
CONDIÇÕES RELEVANTES:
As seguintes ações
devem ser consideradas na avaliação das estruturas de
concreto:
l Ancoragens ativas
l Peso próprio da estrutura e dos equipamento
permanentes
l Empuxo de aterros, reaterros e assoreamentos
l Cargas acidentais uniformemente distribuídas,
concentradas e cargas móveis e vento
l Cargas relativas a equipamentos de construção
l Esforços hidrostáticos resultantes de combinações
dos diversos níveis d’água do reservatório com os de
jusante
l Subpressões devido às condições de funcionamento
dos drenos de fundação (operantes / inoperantes)
l Esforços hidrodinâmicos decorrentes de fluxos d’água
l Esforços devido à variação de temperatura e à retração
do concreto
l Esforços introduzidos por ancoragens ativas
l Esforços sobre a estrutura relativos ao primeiro estágio
de operação, em casos em que o segundo estágio da
estrutura deve ser completado posteriormente
l Cargas relativas às atividades de operação e
manutenção do empreendimento
l Esforços devido a sismos naturais ou induzidos
12.4 Combinação de carregamentos
Os seguintes casos de carregamentos serão
considerados nos estudos de estabilidade e respectivos
cálculos dos esforços internos (tensões).
12.4.1 Caso de Carregamento Normal (CCN)
Corresponde a todas as combinações de ações que
apresentam grande probabilidade de ocorrência ao longo
da vida útil da estrutura, durante a operação normal ou
manutenção normal da obra, em condições hidrológicas
normais.
CONDIÇÕES RELEVANTES:
As seguintes ações
devem ser consideradas:
l Peso próprio, empuxo de aterros, reaterros e
assoreamentos
l Carga acidental uniformemente distribuída,
concentrada e cargas móveis e vento
l Carga relativa às atividades rotineiras de operação e
manutenção da obra
l Esforços hidrostáticos com NA do reservatório e do
canal de fuga variando entre os níveis máximo normal
e mínimo normal, sendo que a condição mais severa
de carregamento deverá ser selecionada para cada
estrutura
l Subpressão, drenos operantes
l Esforços hidrodinâmicos decorrentes de fluxo
hidráulico pelas passagens d’água e durante a
operação da usina
l Temperatura e retração do concreto
l Ancoragens ativas
l Esforços sobre a estrutura no primeiro estágio de
operação, em casos em que o segundo estágio da
estrutura deve ser completado posteriormente
12.4.2 Caso de Carregamento Excepcional (CCE)
Corresponde a quaisquer ações de cargas de
ocorrência eventual de baixa probabilidade de ocorrência
ao longo da vida útil da estrutura, tais como:
l Condições hidrológicas excepcionais
l Falha no sistema de drenagem
l Manobra de caráter excepcional
l Efeito Sísmico etc.
CONDIÇÕES RELEVANTES:
Considerar a mesma
relação de esforços do Caso de Carrregamento Normal
(CCN), calculados, no entanto, para as condições
excepcionais de operação ou manutenção e com as
seguintes modificações:
l Reservatório no NA máximo normal e NA jusante no
máximo correspondente ou reservatório no NA máximo
normal e NA jusante correspondente à vazão zero,
incluindo efeitos sísmicos
l Subpressão com drenos inoperantes e NA jusante
máximo e drenos operantes com NA jusante entre normal
e mínimo
l Quaisquer esforços excepcionais sobre as estruturas
de primeiro estágio
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
52
Capítulo 12
12.4.3 Casos de Carregamento de Construção (CCC)
Corresponde a todas as combinações de ações que
apresentam probabilidade de ocorrência durante a
construção da obra, apenas durante períodos curtos em
relação à sua vida útil e em boas condições de controle.
Podem ser devido a carregamentos de equipamentos de
construção, a estruturas executadas apenas parcialmente,
carregamentos anormais durante o transporte de
equipamentos permanentes e quaisquer outras condições
semelhantes.
CONDIÇÕES RELEVANTES:
Neste caso, deverão ser
considerados os esforços:
l Da fase de construção
l De montagem, instalação e verificações de
equipamentos permanentes ou temporários
l De cimbramento e descimbramento
l De construção como execução e ancoragens, injeções,
esgotamento, enchimento, compactação e outros,
inclusive os níveis de água a montante e a jusante durante
a fase de construção
12.4.4 Combinações de ações
CONDIÇÕES RELEVANTES:
Na combinação de ações,
devem ser observadas as seguintes condições:
l Cargas variáveis serão consideradas em intensidade e
direção do modo mais desfavorável
l Cargas acidentais, uniformemente distribuídas ou
concentradas, serão consideradas na combinação mais
desfavorável em termos de intensidade, localização, direção
e sentido, não se considerando qualquer redução de
esforços internos por elas causadas
l Combinação mais desfavorável de NAs de montante e
jusante com os correspondentes diagramas de subpressão
l Peças e elementos estruturais na região da fundação e
no interior das estruturas serão analisadas com e sem
subpressão
l Os empuxos de terra nas estruturas levarão em conta a
ocorrência de lençol freático, caso exista
l Os esforços de ondas podem ser desprezados nos
estudos das estruturas de gravidade
l Para as barragens de contrafortes e em arco, também
deverão ser considerados os efeitos de temperatura sobre
as estruturas
12.5 Indicadores de desempenho e critérios de aceitação
CONDIÇÃO RELEVANTE:
A análise de segurança
global deve ser feita para todas as estruturas principais,
elementos estruturais e sistemas de interação entre as
fundações e as estruturas submetidas aos diversos casos
de carregamentos e englobará a análise de estabilidade
no contato concreto–rocha, análise de estabilidade em
planos inferiores ao da fundação, a definição dos
coeficientes de segurança e a verificação entre as
tensões atuantes e as tensões admissíveis dos materiais.
12.5.1 Análise de estabilidade e coeficientes de segurança
A análise de estabilidade da estrutura é feita
considerando-a como um conjunto monolítico, podendo
desse modo ser assimilada a um corpo rígido.
a) Coeficientes de Segurança à Flutuação (CSF)
O Coeficiente de Segurança à Flutuação é definido
como a relação entre o somatório das forças gravitacionais
e o somatório das forças de subpressão e será dado pela
expressão:
onde:
CSF
= Coeficientes de Segurança à Flutuação
SS
SS
S
V
= Somatório das Forças Gravitacionais
SS
SS
S
U
= Somatório das Forças de Subpressão
Despreza-se, em geral o efeito do atrito nas faces
laterais do bloco. A consideração do atrito lateral implica
ajustar o Coeficiente de Segurança Mínimo, que deverá,
então, ser aumentado. Os Coeficientes de Segurança à
Flutuação obtidos devem ser superiores aos seguintes:
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
53
Capítulo 12
b) Coeficientes de Segurança contra Tombamento (CST)
O Coeficiente de Segurança ao Tombamento em
qualquer direção é definido como a relação entre o
Momento Estabilizante e o Momento de Tombamento em
relação a um ponto ou uma linha efetiva de rotação e será
dado pela expressão:
onde:
CST = Coeficientes de Segurança ao Tombamento
SS
SS
S
M
e
= Somatório dos Momentos Estabilizantes
SS
SS
S
M
t
= Somatório dos Momentos de Tombamento
Deverão ser desprezados os efeitos estabilizantes de
coesão e de atrito despertados nas superfícies em contato
com a fundação.
Na estrutura cuja base tem dimensão igual ou superior
a sua altura, dispensa-se a análise de estabilidade ao
tombamento.
Os Coeficientes de Segurança ao Tombamento
obtidos, devem ser superiores aos da tabela abaixo:
c) Segurança ao deslizamento para estruturas
Considera-se que a segurança ao deslizamento está
verificada se:
onde:
CSDf = Coeficiente de segurança relativamente ao atrito
CSD
c
= Coeficiente de segurança relativamente à coesão
N
i
= Força normal à superfície de escorregamento em
análise
fi = Ângulo de atrito característico da superfície de
escorregamento em análise
C
i
= Coesão característica ao longo da superfície de
escorregamento
A
i
= Área efetiva de contato da estrutura no plano em
análise
T
i
= Resultante das forças paralelas à superfície de
escorregamento
Os valores característicos devem ser definidos para
cada caso particular e de forma adequada para cada
estrutura sob análise.
Os valores dos coeficientes de segurança a adotar
são os seguintes:
CASOS DE CARREGAMENTO
Nos casos em que o conhecimento dos parâmetros
de resistência dos materiais é precário ou os materiais não
apresentem constância de comportamento, adotar os
valores entre parênteses.
12.5.2 Análise de tensões, tensões admissíveis, tensões
de serviço e deformações
a) Tensões normais (de serviço) na base das
fundações e em estruturas de massa
Apresenta-se, a seguir, a equação para determinação das
tensões normais nas seções transversais, a partir das
solicitações de serviço, isto é, a partir de esforços não
majorados por quaisquer coeficientes, na base da fundação
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
54
Capítulo 12
ou em qualquer outro plano, construído de materiais
isótropos e homogêneos, resistentes a tração e a
compressão, no regime da Lei de Hooke.
A equação das tensões normais é igual a:
onde:
ss
ss
s
cal
= tensão normal calculada
SS
SS
SN = somatório das forças normais ao plano
considerado
A = área da seção transversal da estrutura ou do
contato concreto-fundação
xx e yy = eixos perpendiculares entre si que têm
origem no centro de gravidade da seção
transversal
SS
SS
S
Mx
e
SS
SS
S
My =
somatório dos momentos de todos os
esforços em relação aos eixos xx e yy,
respectivamente coordenadas do ponto
analisado em relação aos eixos xx e yy
Ix e Iy =
momentos de inércia da área “A” em relação
aos eixos xx e yy
Ixy =
produto de inércia da área “A” em relação aos
eixos xx e yy
As tensões obtidas desta forma deverão ser
comparadas com as tensões admissíveis fixadas no item
b
adiante.
Para os carregamentos normais, as seções nas
estruturas permanentes de concreto-massa deverão
trabalhar a compressão ou com tensões de tração menores
que a tensão admissível do concreto. Para as seções nas
fundações não serão admitidas tensões de tração, devendo
a resultante dos esforços solicitantes estar aplicada no
núcleo central da área da base.
Nos carregamentos excepcionais e de construção
admitir-se-á que a resultante possa estar aplicada fora do
núcleo central. Nestes casos deverão ser realizados os
procedimentos correspondentes à abertura de fissura, que
nas seções de concreto dependem de processo iterativo
considerando à modificação do diagrama de subpressões
em relação a tensão admissível do concreto.
Na base e em seções na fundação o aparecimento
de tensões de tração poderá ocorrer, desde que fiquem
limitadas a certos valores e que a estabilidade da estrutura,
quanto ao tombamento e tensão de compressão no terreno,
esteja garantida.
Nos carregamentos com aplicação do efeito sísmico
deve-se considerar que, devido à natureza cíclica do
fenômeno, não haverá aumento da subpressão na situação
de fissura aberta.
b) Tensões admissíveis do concreto-massa e nas
fundações
Para efeito de tensões admissíveis nas estruturas em
concreto-massa, serão distinguidos os dois tipos de
tensões normais que poderão ocorrer:
l de compressão e
l de tração
As tensões admissíveis serão sempre fornecidas em
função da resistência característica do concreto à
compressão (f
ck
).
b.1) Tensões admissíveis do concreto-massa à
compressão
As tensões admissíveis do concreto à compressão,
constam do quadro a seguir:
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
55
Capítulo 12
b.2) Tensões admissíveis do concreto-massa à tração
As tensões admissíveis do concreto à tração constam do
quadro a seguir:
b.3) Tensões admissíveis nas fundações
A capacidade de carga das fundações é relacionada
à tensão normal máxima, definida mediante critérios que
atendam às condições de ruptura, e às limitações relativas
aos recalques excessivos, prejudiciais ao comportamento
e perfeita utilização da estrutura.
A tensão normal máxima admissível na fundação
deverá ser obtida a partir da seguinte relação:
st adm= Capacidade de carga da fundação
Coeficiente de segurança
A capacidade de carga do material de fundação
deverá ser determinada por métodos adequados, utilizando
como subsídios os resultados de ensaios de laboratório.
Para o coeficiente de segurança, são recomendados
os valores especificados a seguir:
A adoção destes valores pressupõe razoável
conhecimento dos parâmetros de resistência dos materiais
envolvidos.
Os coeficientes de segurança devem ser aumentados
nos casos em que tal conhecimento é precário ou os materiais
não apresentem constância de comportamento. Neste caso,
deve-se adotar os valores indicados entre parênteses.
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
56
Capítulo 13
13. RESERVATÓRIO E EFEITOS DO MEIO AMBIENTE
Este capítulo versa sobre os efeitos ambientais do
reservatório sobre a segurança da barragem. Não cobre
interesses ambientais resultantes da presença da barragem
(tais como impactos provenientes da construção). Para
esses procedimentos ambientais, recomenda-se o
Manual
de Especificações Ambientais para Projeto e Construção
de Barragens e Operação de Reservatórios
, elaborado no
âmbito do Proágua Semi-Árido.
Os efeitos potenciais da ruptura da barragem são
levados em conta na classificação da barragem (ver item 4.4).
13.1 Entulho e vegetação no reservatório
CONDIÇÃO RELEVANTE:
Entulhos e vegetações no
reservatório devem ser controlados de tal maneira que
não constituam em ameaça à segurança da barragem.
Os entulhos e vegetações no reservatório, se não
forem interceptados antes de chegarem às instalações de
descarga, poderão ocasionar uma situação de perigo. A
extensão do risco dependerá da quantidade e volume dos
entulhos e vegetações, e do tipo e configuração das
instalações de descarga. Por exemplo, os entulhos e
vegetações podem interferir ou bloquear o fluxo hidráulico,
reduzindo assim a capacidade de descarga ou causar
danos que impeçam a operação segura das instalações.
A capacidade de fluxo das estruturas hidráulicas,
quando potencialmente afetadas por entulhos e vegetações
no reservatório, é descrita no item 10.3 do capítulo 10.
Procedimentos para uma operação segura e manutenção
estão coberto no capítulo 6.
13.2 Margens do reservatório
CONDIÇÃO RELEVANTE:
Os taludes em volta das
margens do reservatório não podem ameaçar a
segurança da barragem.
As margens do reservatório devem ser investigadas
para determinar se a ruptura dos taludes pode constituir
ameaça para a segurança da barragem para vidas, ou
propriedades ao longo das margens do reservatório, ou a
jusante da barragem. As conseqüências de qualquer tipo
de ameaça devem igualmente ser avaliadas. Ações
corretivas, que assegurem um nível adequado de
segurança, devem ser implementadas de forma
proporcional às conseqüências da ruptura do talude. O nível
necessário de segurança e os níveis apropriados de
correções devem ser consistentes com os critérios
resumidos para cheias e sismos.
A resistência dos taludes do reservatório à
solicitações por sismos é coberta no subitem 11.1.8 do
capítulo 11. Os requisitos de borda livre para ondas
induzidas por deslizamento estão no item 10.2 do capítulo
10. Os requisitos de segurança quanto a deslizamentos,
que poderiam diretamente afetar as instalações de
descarga, estão cobertos no item 10.3.
CONDIÇÃO RELEVANTE:
Qualquer barreira natural
deve ser investigada do mesmo modo que a barragem,
caso sua ruptura possa ameaçar a operação do
reservatório e pôr em risco vidas humanas e/ou
propriedades.
A margem do reservatório deve ser investigada para
determinar se existe alguma barreira natural, tal como
células topográficas estreitas, que podem romper e
ameaçar a operação do reservatório.
13.3 Qualidade da água
CONDIÇÃO RELEVANTE:
A qualidade da água do
reservatório deve ser monitorada e medidas de proteção
devem ser tomadas se a sua qualidade puder causar a
deterioração da barragem ou de suas estruturas
associadas.
A severidade do ataque químico sobre os materiais
da barragem, tais como concreto e aço, pode variar
consideravelmente. Nos casos mais severos, o corpo
principal do concreto da barragem pode ser atacado por
agentes de lixiviação, os quais ocasionam a formação de
caminhos de percolação, fluxos inaceitáveis de drenagem
e de pressões neutras, originando uma causa de
preocupação de ordem estrutural.
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
57
Capítulo 13
Os tipos de ataque em potencial incluem o seguinte:
l Águas puras
l Sulfatos
l Sulfitos
l Cloretos
l Ácidos
l Desenvolvimento de plantas e algas
l Ataque combinado (o efeito é, geralmente, mais severo
do que o proveniente de uma causa única)
l Sais marinhos, em empreendimentos próximos ao mar
13.4 Sedimentação e assoreamento
CONDIÇÃO RELEVANTE:
A ocorrência de
assoreamento próximo à barragem e suas instalações
de descarga não pode ser permitida, pois pode afetar
adversamente o controle e a descarga de cheias, a
operação ou um esvaziamento de emergência, ou a
estabilidade da barragem.
Meios adequados deverão ser estabelecidos para
prevenir a excessiva sedimentação do reservatório devido
a incêndios florestais ou mudanças na utilização das terras
de montante, bem como rupturas dos taludes do
reservatório ou padrões de erosão. As ações de transporte
de sólidos pela água do rio devem ser investigadas, assim
como as fontes potenciais de sedimentos dentro da área
de drenagem a montante do reservatório.
Nos locais em que houver a entrada de quantidades
substanciais de sedimentos no reservatório, as regras de
operação de cheias devem levar em conta a correspondente
redução do volume útil.
As comportas e saídas das descargas de fundo
devem ser projetadas, e sua operação programada, de
modo a minimizar a deposição de sedimentos e o arraste
de fundo próximo à tomada d’água.
Medidas corretivas podem ser necessárias devido à
abrasão no concreto e nas armaduras onde houver a
passagem de sedimentos erosivos, pelas descargas, em
grandes concentrações.
13.5 Esvaziamento do reservatório
CONDIÇÃO RELEVANTE:
A necessidade de
esvaziamento do reservatório deve ser analisada caso
possa desenvolver-se uma situação de perigo, que
poderia, de algum modo, conduzir à ruptura da barragem.
A capacidade para se esvaziar o reservatório de uma
barragem é desejável, particularmente, para barragens nas
categorias de conseqüência alta e muito alta. O
esvaziamento do reservatório permite que o carregamento
hidrostático seja reduzido, facilitando a inspeção e os
reparos de partes de montante da barragem, ou de uma
estrutura associada.
Onde existir uma situação potencial de perigo, a
necessidade de se prover o reservatório com uma
capacidade de esvaziamento pode ser avaliada com base
no aumento da segurança resultante. Isto poderia incluir a
determinação do valor e da duração necessários de
qualquer diminuição do nível do reservatório. Uma avaliação
baseada no risco poderia auxiliar nesta determinação.
A capacidade de vazão que permita o esvaziamento
do reservatório está coberta no item 10.3 do capítulo 10.
Os procedimentos de operação para facilitar o
esvaziamento do reservatório estão listados no subitem
6.2.2 do capítulo 6.
13.6 Ecologia
CONDIÇÃO RELEVANTE:
A barragem deve ser
monitorada quanto à presença de animais, vegetação de
porte e outros organismos, e ações de proteção da
barragem deverão ser tomadas, caso necessário.
Em geral, as árvores e a mata devem ser removidas
dos maciços da barragem e esses podem ser gramados,
especialmente para pequenas barragens, a fim de protegê-
las contra os seguintes riscos em potencial:
l redução na seção transversal da barragem
l redução da borda livre
l erosão interna (
piping
) originada pelo apodrecimento
de raízes de árvores mortas, tocas escavadas por
insetos ou animais etc.
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
58
Capítulo 13
Uma vegetação excessiva também pode interferir com
a manutenção e na inspeção eficiente do maciço.
Inspeções visuais dos maciços de terra devem ser feitas
freqüentemente para se detectar atividades de vida animal.
13.7 Regras ambientais para construção de barragens
CONDIÇÃO RELEVANTE:
Os efeitos do meio ambiente
sobre a segurança das barragens podem ser agravados
se, por ocasião da construção dessas estruturas, medidas
de controle ambiental não forem implementadas, como
recuperação de áreas de jazidas de empréstimo e
desmatamento e limpeza da área de inundação.
13.7.1 Regras ambientais para construção de açudes
A maior parte dos impactos ambientais provenientes
de obras de construção de barragens pode ser evitada pela
adoção de métodos e técnicas de engenharia adequados.
O monitoramento ambiental dessas áreas deve considerar:
a escolha do local para implantação do canteiro de obras,
as condições de saúde e segurança dos operários, a
destinação adequada de efluentes líquidos do canteiro, as
áreas de empréstimo e bota-fora, as estradas de serviço,
o controle de ruídos e a mobilização/desmobilização do
canteiro de obras.
13.7.2 Plano de controle e recuperação das áreas das
jazidas de empréstimo
Esse plano deve conter os processos de desmate,
decapeamento e escavação da área e as diretrizes para a
recuperação das jazidas de empréstimo. As áreas de
empréstimo, a serem exploradas para construção de
barragem, constituem-se de jazidas de materiais terrosos,
de areia e de rocha (pedreira). A pesquisa de jazidas de
materiais para uso nas obras deverá ser efetuada,
prioritariamente, no interior da bacia hidráulica. A
recuperação total das áreas de empréstimo será obrigatória
para todas as jazidas localizadas fora da área de inundação.
Assim, em cada caso, deverá ser avaliado se haverá
diferença significativa de custos entre exploração das jazidas
no interior da bacia hidráulica e fora da bacia – com seu
correspondente custo de recuperação –, devendo-se optar,
sempre que possível, pelas áreas no interior da área a ser
inundada. As atividades de extração deverão ser
acompanhadas de um plano de controle ambiental visando
à manutenção da qualidade ambiental da área e à
compensação e atenuação das adversidades geradas. É
importante ainda considerar na concepção do plano de
controle ambiental para as jazidas de empréstimo que as
cavas a serem formadas ficarão, em média, com 1,5m de
profundidade.
13.7.3 Plano de desmatamento e limpeza da área de
inundação
Segundo a Lei Federal nº 3.824, de 23 de novembro
de 1960, torna-se obrigatória a destoca e
conseqüentemente a limpeza das bacias hidráulicas de
qualquer açude, represa ou lago artificial.
Uma das causas da eutrofização artificial de
reservatórios é o afogamento da vegetação e outros
depósitos de matéria orgânica e (fossas, lixo etc.)
existentes na bacia hidráulica. Visando a proteger as
estruturas associadas à barragem dos efeitos da
eutrofização, torna-se necessário implementar um Plano de
Desmatamento e Limpeza da Área de Inundação, que
integre as seguintes ações: diagnóstico florístico; seleção
e coleta de material botânico; demarcação das áreas para
o desmatamento; definição dos corredores de escape da
fauna; definição dos métodos de desmatamento (parcial,
integral, seletivo e tradicional); avaliação dos recursos
florestais aproveitáveis; proteção contra acidentes durante
o desmatamento e limpeza da bacia hidráulica; e remoção
da infra-estrutura.
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
59
14. REQUISITOS ADICIONAIS PARA BARRAGENS DE
REJEITOS
CONDIÇÕES RELEVANTES:
Barragens de rejeitos devem reunir todos os requisitos
aplicáveis estabelecidos nos capítulos de 4 a 13 desse
documento.
Especial atenção deve ser dada à barragens que
armazenem rejeitos tóxicos, de forma a garantir a
segurança ambiental.
Existem requisitos adicionais para barragens de
rejeitos, sendo que variam conforme o tipo e quantidade
de materiais a serem armazenados. Os cuidados com
inspeções e instrumentações específicas deverão ser
discutidos caso a caso, por especialistas nesse tipo de
barragem.
15. INSPEÇÕES PARA A AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA
DE BARRAGENS
15.1 Objetivo
O objetivo de uma avaliação de segurança é
determinar as condições relativas à Segurança Estrutural
e Operacional das Barragens, identificando os problemas
e recomendando tanto reparos corretivos, restrições
operacionais e/ou modificações, quanto as análises e os
estudos para determinar as soluções dos problemas.
15.2 Avaliações de projeto, construção e desempenho
Os Projetos das Barragens e das Estruturas
Associadas devem ser revistos para avaliar o desempenho
atual das estruturas, comparando com o pretendido. Dados
e registros da engenharia, originados durante o período da
construção, devem ser revistos, a fim de determinar se as
estruturas foram edificadas e projetadas ou se as revisões
necessárias do projeto foram feitas em todas as situações
normais ou imprevistas.
Uma vistoria do local e uma revisão dos registros de
instrumentação disponíveis também devem ser efetuadas,
para determinar o desempenho atual das estruturas.
Áreas perigosas, acomodações inesperadas,
percolações ou vazamentos anormais, mau funcionamen-
to dos equipamentos mecânicos e elétricos, e todas as
outras observações relativas à segurança da barragem
devem ser identificadas e registradas. Os resultados das
observações das instrumentações e das análises podem
revelar ou prever condições perigosas. O exame visual,
durante a vistoria local, pode comprovar ou dissipar as
apreensões resultantes de registros questionáveis da
instrumentação.
O projeto original e os dados do projeto devem ser
vistoriados, para determinar se todas as condições de
carregamento aplicáveis foram levadas em conta. Os
critérios de projeto devem ser revistos, para determinar se
quaisquer novas condições no local tornaram necessárias
alterações nos critérios relativos a cargas, vazões etc.
Capítulo 14
Capítulo 15
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
60
São indícios de desenvolvimento de condições
inseguras em potencial:
l Condições imprevistas nas fundações
l Presença de percolação
l Aceitação excessiva de injeção
l Indicação de perigo ou acomodação do solo durante a
construção
15.3 Identificação e registros dos problemas e fragilidades
Os registros devem ser pesquisados e a barragem
deve ser vistoriada em razão de:
l Desempenho não estar de acordo com as previsões
do projeto
l Evidência de defeitos na construção
l Aumento da percolação ou vazamento
l Perigos geológicos aparentes
l Mau funcionamento dos equipamentos mecânicos e
elétricos e
l Indícios progressivos de deterioração ou
enfraquecimento da estrutura e/ou fundação
15.4 Formulação e relatório das constatações
O Relatório de Vistoria documenta os resultados das
constatações do Painel de Segurança e apresenta
conclusões e recomendações.
15.5 Familiaridade com os modos e causas de falhas
Capítulo 15
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
61
15.7 Arranjos para vistoria
l Alojamento e transporte
l Equipamentos para a vistoria
l Programa de vistoria
l Citar nível do reservatório
Capítulo 15
15.8 Elementos a serem vistoriados
A vistoria deve ser programada para uma ocasião
em que os usuários da água serão menos incomodados,
numa época do ano em que a maioria dos elementos está
visível e quando a maior parte do equipamento possa
seroperada durante a vistoria. Os níveis desejáveis do
reservatório, na ocasião da vistoria são:
l Quase no máximo
l Perto do normal
l Próximo do mínimo
O representante de campo será solicitado a fornecer
mentos associados e relativos ao nível e às descargas do
reservatório, valores tanto presentes como os previstos
para a ocasião da vistoria.
Deve-se estabelecer, logo que possível, as
aparelhagens e os equipamentos que devem ser operados
durante a visita e em que extensão. As operações propostas
devem ser discutidas com o representante de campo, que
deve determinar se alguma das operações requer
autorização especial.
Deve-se estabelecer o tempo necessário para a
vistoria. A complexidade das estruturas, associada com os
relatórios de vistorias anteriores e discussões com o
representante de campo, devem ser usadas como guia.
Deve-se destinar tempo suficiente para permitir uma vistoria
completa de todos os componentes, com ampla margem
para visitar novamente o local, a fim de conferir itens
omitidos e/ou encontrar-se com o pessoal do
empreendimento para discutir as constatações da vistoria.
Os registros devem ser pesquisados e a barragem
deve ser vistoriada em razão de:
l O desempenho não estar de acordo com as previsões
do projeto
l Evidência de defeitos na construção
l Aumento da percolação ou vazamento
l Perigos geológicos aparentes
l Mau funcionamento dos equipamentos mecânicos e
elétricos e
l Indícios progressivos de deterioração ou
enfraquecimento da estrutura e/ou fundação
15.6 Vistorias locais
A vistoria local de uma barragem e seus associados
é uma parte essencial da avaliação da segurança da
estrutura. As características dos locais de implantação e
dos materiais influenciam o comportamento conseqüente
das barragens, das estruturas associadas e suas
fundações, as quais têm uma relação direta com a operação
segura das estruturas. Os participantes das vistorias locais
devem ser capazes de identificar perigos em potencial
devido a condições que tenham ocorrido progressivamente
ao longo de vários anos e que os operadores locais possam
não ter reconhecido, ou que vistorias anteriores não
detectaram. A vistoria e a avaliação do local devem ser
guiadas e determinadas por contínua atenção,
reconhecimento e compreensão das causas primárias de
falhas de barragens. A detecção de modificações, de
indicações de mudanças iminentes e do desenvolvimento
de fragilidades estruturais e hidráulicas são objetivos
fundamentais das avaliações de segurança da barragem.
Os participantes devem também averiguar se os elementos
estão sendo operados e projetados.
Arranjos, programação e coordenação, antes da
vistoria, são necessários para uma condução eficiente e
segura da vistoria e incluem o seguinte:
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
62
As fragilidades ou deficiências podem ser
identificadas pelas alterações no comportamento da
estrutura das fundações, dos encontros ou das percolações.
Anotações devem ser organizadas, de modo a cobrir
cada problema em potencial ou defeito identificado durante
a revisão dos registros e a vistoria, não deixando ficar nada
na memória.
Deve ser identificado e registrado qualquer
comportamento anormal, ainda que aparentemente
insignificante. O diagnóstico das condições atuais do
barramento e das demais instalações, bem como uma
avaliação detalhada da operação atual da barragem,
devem envolver, entre outros, os seguintes aspectos:
l Levantamento e análise dos manuais de operação e
manutenção
l Avaliação dos procedimentos atuais de operação,
incluindo pessoal, equipamentos, recursos de apoio etc.
l Diagnósticos das estações de monitoramento e das
condições operacionais
l Avaliação da implementação do sistema para
monitoramento hidrológico da barragem
l Cadastramento e avaliação das instalações
administrativas e operacionais existentes na barragem
l Inspeção e avaliação das estruturas do barramento,
diques auxiliares e obras complementares da barragem
l Inspeção e avaliação das obras e instalações de
captações
l Reconhecimento e diagnóstico das condições do uso
e da ocupação das terras até a cota de inundação do
reservatório
l Reconhecimento e diagnóstico das condições da faixa
de segurança e da Área de Preservação Permanente
do reservatório
l Avaliação e acompanhamento das atividades de
monitoramento da qualidade das águas desenvolvidas
l Estação de Piscicultura
l Horto florestal
l Outras instalações do complexo.
As visitas deverão ser acompanhadas por técnicos
do proprietário. Para cada uma das estruturas deverá ser
preenchida uma Ficha de Inspeção detalhada. O modelo
das Fichas de Inspeção deverá seguir o padrão sugerido.
Esta etapa deverá, também, ser documentada
fotograficamente, para a ilustração dos aspectos mais
relevantes.
A seguir são apresentados, a título de referência, os
principais aspectos:
l Barragens e diques auxiliares-deslocamentos (visadas),
rachaduras, sumidouros, nascentes, pontos molhados,
erosão superficial, vegetação
l Instrumentação
l Barragens de Concreto
l Fissuras
l Aberturas de juntas
l Deslocamentos relativos
l Encontros e fundação – lençol freático
l Reservatório – a bacia do reservatório, embora
usualmente não afete diretamente a estabilidade da
barragem, deve ser vistoriada quanto às características
que possam comprometer a operação segura da
barragem e do reservatório
l Deslizamentos de terra, próximas à barragem e no
reservatório
l Estruturas associadas – todas as estruturas associadas
l Canais de tomada e restituição – estabilidade dos
taludes, dos fusíveis
l Estruturas de concreto
l Equipamento mecânico-hidráulico – verificação
sistemática
l Equipamentos de indicação de níveis
l Energia auxiliar e
l Estradas de acesso
15.9 Relatório de vistoria
Objetivo: Fornecer a documentação das atividades,
constatações, conclusões e recomendações resultantes de
uma vistoria de segurança da barragem. Emissão dentro
de 30 dias corridos após a conclusão da vistoria.
Capítulo 15
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
63
Conteúdo: Data e cota do nível máximo histórico do
reservatório e a descarga máxima histórica do vertedouro.
Termos usuais:
l Satisfatório: Não são reconhecidas deficiências
existentes ou potenciais de segurança. É esperado
desempenho seguro sob todas as condições de
carregamento previstas e eventuais.
l Aceitável: Não são reconhecidas deficiências
existentes para as condições normais de carregamento.
l Qualidade condicionalmente inferior: Uma
deficiência potencial de segurança da barragem é
reconhecida para condições de carregamento
anormais.
l Qualidade inferior: Uma deficiência potencial de
segurança da barragem é claramente reconhecida para
as condições normais de carregamento.
l Insatisfatório: Uma deficiência de segurança da
barragem existe para condições normais.
Conclusões e recomendações: Parte mais importante do
relatório.
15.10 Análise técnica
l Avaliação da Hidrologia (rever os dados hidrológicos,
critérios de cheias, precipitações, amortecimento de
cheias, critérios de armazenamento, condições dos
vertedouros e descarregadores de fundo)
l Avaliação Sísmica – rever
l Avaliação Hidráulica
l Avaliação da Geologia (rever mapeamentos
geológicos, plantas e seções transversais, condições
litológicas, dados geofísicos, níveis d’água, petrografia,
geologia regional)
l Avaliação dos Problemas Geotécnicos e Estruturais
l Avaliação das Conseqüências das Falhas e
l Avaliação dos Materiais empregados na construção e
ensaios realizados
Capítulo 15
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
64
16. SUGESTÃO DE LISTAGEM DE VERIFICAÇÕES PARA
UMA AVALIAÇÃO
16.1 Generalidades
Quaisquer ocorrências registradas ou observadas,
incidentes ou mudanças relativas a barragens e associados
devem ser vistoriados por suas características, situação e
idade. Muitos dos problemas são genéricos ou de natureza
universal, independendo do tipo de estrutura, ou da classe
da fundação.
Rever planos e especificações, desenhos de
construção e como-construído, e relatórios de projeto para
familiarização geral e compreensão das intenções.
Rever o projeto básico, inclusive planta de arranjo geral
da barragem, seções transversais e de zoneamento,
tratamento especificado para a fundação, e injeção.
Observar quaisquer aspectos anormais ou omissões.
Rever os resumos de exploração, geologia e dados
de sismicidade da barragem e do reservatório, e avaliar.
Notar efeitos adversos potenciais de características
geológicas conhecidas e aspectos que requeiram revisão
mais pormenorizada. Avaliar características geológicas
críticas, quando relacionadas com a segurança da
barragem. Avaliar a adequação geral dos programas de
exploração. Avaliar o potencial de liquefação dos solos da
fundação.
Rever os procedimentos de ensaios de laboratório e
os resultados.
Rever as propriedades do projeto dos materiais da
fundação e da barragem de terra e/ou de enrocamentos
adotadas, e comparar com os resultados de exploração,
de campo e de ensaios de laboratório, quanto à adequação.
Avaliar a compatibilidade da barragem com a fundação.
Rever o resumo das análises de estabilidade,
incluindo as condições operacionais e de carregamento
analisadas. Notar quaisquer deficiências aparentes e/ou
resultados anormais que apareçam.
Rever os desenhos e dados como-construído,
incluindo a configuração da fundação, sumários de injeção,
provisões para drenagem, mudanças na construção, tipo e
profundidade da trincheira de vedação (
cutoff
),
descontinuidade da fundação, tratamento especial da
fundação etc., e avaliar seus efeitos potenciais no
desempenho.
Rever reclamações de condições alteradas,
memorandos de ação corretiva e ordens de alteração de
construção. Avaliar sua relação com a segurança e
desempenho da barragem e associados.
Rever as fotografias da construção.
Rever resumos dos resultados dos ensaios do
controle da construção. Compará-los com os resultados da
fase de exploração para projeto, com os resultados de
ensaios e com as hipóteses de projeto.
Comparar os resumos das propriedades dos
materiais e da fundação, determinados durante a
construção, com os critérios gerais usados para o projeto.
Avaliar a adequação dos critérios e provisões das
especificações, do ponto de vista da segurança, com
respeito a itens específicos, tais como:
l controle da percolação
l capacidade e potencial de entupimento dos drenos da
fundação e do interior
l potencial de erosão interna (
piping
) etc.
Avaliar os critérios de projeto e métodos de análises
e suas relações com o presente estado-da-arte.
Avaliar se as especificações de construção,
procedimentos e materiais estão compatíveis com as
hipóteses gerais de projeto e condições conhecidas do
local.
Rever as instalações de instrumentação e avaliar a
adequação da instrumentação para monitoração do
provável desempenho operacional em geral ou,
especificamente, os padrões comportamentais
identificados.
Capítulo 16
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
65
Rever os registros da instrumentação e avaliar o
significado dos resultados.
Conduzir vistoria pormenorizada do local e
vizinhanças. Notar e registrar quaisquer condições
anormais ou suspeitas, tais como: nascentes, surgências,
áreas reviradas etc. Observar núcleos de furos
selecionados, se disponíveis.
Avaliar implicações dos resultados das revisões com
respeito a possível falha catastrófica da barragem.
Identificar todos os documentos revistos. Listar, como
referências, no relatório em preparo.
As superfícies externas de uma barragem de terra e/
ou de enrocamentos podem fornecer indicações do
comportamento do interior da estrutura. Por este motivo,
uma vistoria completa de todas as superfícies expostas da
barragem deve ser feita. Devem também ser feitas vistorias
de campo, quando o reservatório estiver cheio e a barragem
de terra e/ou de enrocamentos estiver igualmente sujeita
às suas cargas máximas.
A barragem deve ser cuidadosamente vistoriada, em
busca de quaisquer evidências de deslocamento,
rachaduras, sumidouros, nascentes, pontos molhados,
erosão superficial, buracos de animais, vegetação etc.
Uma visada ao longo do alinhamento das estradas
da barragem de terra e/ou de enrocamentos, parapeitos,
linhas de transmissão ou distribuição, cercas de proteção,
canalizações longitudinais ou outros alinhamentos paralelos
ou concêntricos à barragem pode revelar a existência de
deslocamento superficial. A crista deve ser vistoriada para
se encontrar depressões que possam diminuir a borda livre.
Os taludes de montante e de jusante e as áreas a jusante
da barragem de terra e/ou de enrocamentos devem ser
vistoriados, à procura de qualquer sinal de protuberância
ou outro desvio de planos lisos e uniformes. Quaisquer
movimentos suspeitos, identificados por estes métodos,
devem ser verificados por levantamentos topográficos.
As rachaduras na superfície de uma barragem de terra
e/ou de enrocamentos podem ser indicadoras de muitas
condições potencialmente inseguras. Elas podem ser
causadas por dessecação e retração dos materiais
próximos à superfície da barragem; entretanto, a
profundidade e a orientação das rachaduras devem ser
definidas para melhor se entender suas causas. Aberturas
ou escarpas na crista da barragem de terra e/ou de
enrocamentos ou nos taludes podem identificar
deslizamentos. Uma vistoria rigorosa dessas áreas deve
ser feita, para delinear a posição e extensão da massa
deslizada. Rachaduras superficiais, próximas das zonas de
contato dos encontros da barragem, podem ser uma
indicação de recalque da mesma e, se forem bastante
severas, podem desenvolver-se em um caminho de
vazamento ao longo destas zonas de contato.
A face de jusante e o pé da barragem e áreas a
jusante da barragem de terra e/ou de enrocamentos devem
ser vistoriados em busca de pontos úmidos, bolhas,
depressões, sumidouros ou nascentes que possam indicar
percolação excessiva através da barragem. Outros
indicadores de percolação são pontos moles, crescimentos
anormais de vegetação e, nos climas frios, acúmulo de gelo
em áreas onde ocorre rápida fusão da neve. A água de
percolação deve ser vistoriada para constatar quaisquer
sólidos em suspensão e, se houver suspeita de dissolução,
amostras da água de percolação e da do reservatório
devem ser colhidas para análises químicas. A água de
percolação deve ser analisada quanto ao sabor e à
temperatura, para ajudar a identificar sua origem. Se forem
localizadas áreas saturadas, elas devem ser estudadas para
determinar se o(s) ponto(s) úmido(s) é (são) resultante(s)
de umidade superficial, percolação na barragem ou outras
origens. Áreas molhadas, nascentes e bolhas devem ser
corretamente localizadas e mapeadas, para comparação
com vistorias futuras. A percolação deve ser medida e
controlada em base periódica, para assegurar que uma
tendência adversa não se desenvolva e leve a uma
condição insegura.
Os sistemas de drenagem devem ser vistoriados
quanto a depósitos químicos, desenvolvimento de bactérias,
deterioração, corrosão ou outras obstruções que possam
entupir os drenos.
Capítulo 16
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
66
Em acréscimo à verificação do desempenho previsto
da barragem e da fundação, a instrumentação também pode
alertar para o desenvolvimento de condições inseguras e
deve ser vistoriada para seu desempenho apropriado. Os
pontos de medição superficial e as instalações internas de
movimentos devem ser vistoriados quanto a possíveis
danos causados por vandalismo, atividade de máquinas,
erosão, ou levantamentos por geadas. A proteção e os
componentes estruturais do poço terminal do piezômetro,
a erosão interna (
piping
) e os manômetros devem ser
vistoriados, para assegurar que o sistema está sendo
mantido, de tal maneira que possam ser obtidas leituras
confiáveis e sem interrupção. Danos resultantes de
vandalismo ou atividade de máquinas, reenchimento
impróprio ou falta de tampas ou envoltórios protetores
podem afetar o desempenho do tubo piezométrico. Erosões
internas (
pipes
) ou vertedouros de medição usados para
medir a percolação devem ser vistoriados quanto a
obstruções, corrosão, deterioração e erosão. Em
acréscimo à anotação de deficiências na instrumentação
existente, devem ser identificadas as áreas onde
instrumentação adicional é necessária.
Complementando a vistoria da barragem com o
reservatório cheio, a face de montante da barragem e a
área do reservatório devem ser vistoriadas durante os
períodos de nível baixo, quando as condições permitirem.
Todas as faces de montante da barragem devem ser
vistoriadas quanto à evidência de deslizamentos,
sumidouros ou deterioração dos taludes de proteção. Se
os níveis de armazenamento não permitirem a vistoria,
podem ser necessárias vistorias subaquáticas.
Todas as superfícies da barragem devem ser
vistoriadas quanto a sinais de erosão excessiva. Causas
de erosão, tais como: proteção de talude inadequada,
excesso de chuvas, escoamento superficial concentrado,
ou a presença de siltes ou de argilas dispersivas altamente
erodíveis devem ser identificadas. As áreas adjacentes a
todas as estruturas incorporadas na barragem devem ser
vistoriadas quanto à erosão que possa resultar em erosão
interna (
piping
) através da barragem.
As superfícies da barragem de terra e/ou de
enrocamentos devem ser vistoriadas quanto a buracos de
animais e vegetação. Qualquer vegetação que tenha
sistema extenso de raízes ou que impeça uma visão clara
da barragem ou das áreas de encontro deve ser removida.
A vegetação nova e tipos de vegetação que requeiram
grande quantidade de umidade são motivo de suspeita,
porque podem indicar pontos úmidos na barragem. Uma
diferença de cor notada dentro de uma área de um mesmo
tipo de vegetação é uma boa indicação desses pontos.
Fotografias infravermelhas podem detectar pontos úmidos
em uma barragem.
As áreas críticas dos encontros e fundações são
usualmente cobertas e não-disponíveis para uma vistoria
direta. Por este motivo, importância especial deve ser
colocada na revisão dos registros e documentos durante a
preparação para a inspeção no local.
As características originais dos materiais da fundação
e dos encontros, assim como quaisquer mudanças que
possam ter sido reveladas durante a construção e a
operação, devem ser avaliadas durante a revisão dos
dados de instrumentação, lençol freático e percolações
anteriores à vistoria do local.
A vistoria das partes a montante dos encontros e da
fundação não é normalmente possível, por estar cheio o
reservatório. Assim, a vistoria física é tipicamente limitada
aos encontros, quinas e ao pé a jusante da barragem. Os
túneis de injeção e de drenagem, estão disponíveis para a
vistoria. Porções das áreas de fundação de estruturas
associadas podem estar expostas para vistoria.
Características de desgaste pelo tempo de materiais típicos
das fundações e encontros podem ser determinadas, a
partir de cortes de estradas próximas ou outras
escavações. Os efeitos da saturação do material de
fundação são às vezes visíveis, quando expostos na zona
de variação de nível do reservatório.
Indicações de percolação prejudiciais podem ser
completamente óbvias ou muito sutis. Mudanças na vazão
medida por drenos monitorados são imediatamente
suspeitas, se ela aumenta ou diminui. Outras indicações
Capítulo 16
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
67
de mudanças podem ser o aumento da freqüência de
operação da bomba de esgotamento e o desenvolvimento
de vegetação nova ou exuberante. Gráficos dos níveis de
água nos poços de observação e piezômetros devem ser
cuidadosamente verificados e comparados com o nível do
reservatório e a precipitação local.
Quando a possibilidade de dissolução existe,
amostras da água do reservatório e da percolação devem
ser coletadas, para análise da sua qualidade, se tais dados
não estiverem disponíveis. Tais análises podem identificar
o material solúvel. Se a taxa de percolação puder ser
determinada, a taxa de dissolução pode ser estimada.
16.2 Situação geral das estruturas de concreto
As estruturas de concreto da barragem, dos
vertedouros, obras de restituição e subestações, todas
desempenham funções hidráulicas e estruturais
semelhantes; as técnicas e objetivos da vistoria são,
portanto, semelhantes. As estruturas devem estar livres de
todas as instalações não-autorizadas, tais como pranchões,
que reduzem a capacidade de descarga através das
estruturas. As superfícies de concreto devem ser vistoriadas
quanto à deterioração causada por desgaste pelo tempo,
tensões não-usuais ou extremas, reação química alcalina
ou outra, erosão, cavitação, vandalismo etc.
As estruturas (especialmente estruturas em torre, tais
como: tomadas de vertedouros de queda, tomadas de obras
de restituição e poços de acesso a céu aberto) devem ser
vistoriadas quanto à evidência de recalque diferencial. O
alinhamento das estruturas das paredes dos canais deve
ser vistoriado, tendo em vista que uma parede em balanço
se deslocará mais para dentro do canal do que um painel
de parede adjacente que tenha o suporte adicional de
contrafortes ou algum outro tipo de reforço. As superfícies
dos painéis de parede e piso, adjacentes às juntas de
contração transversais e a jusante delas, devem estar
niveladas ou apenas levemente afastadas da linha de
escoamento da superfície do painel de montante, para
evitar possível destruição do painel de jusante durante
vazões de alta velocidade.
Todas as juntas de contração devem estar livres de
vegetação. As aberturas de arejamento devem estar livres
de detritos e escombros. Os túneis e condutos devem ser
vistoriados quanto a rachaduras de tensão, saliências,
deslocamentos do alinhamento e vazamento excessivo.
Todas as passagens de água e de ar devem estar
desobstruídas. Áreas suscetíveis de coletar escombros
devem ser anotadas.
Todos os aterros adjacentes à estrutura devem ser
vistoriados quanto a afundamento ou um acréscimo de
profundidade causado por movimento do solo. Os contatos
entre o aterro e a estrutura devem ser vistoriados quanto à
evidência de erosão interna (
piping
). Todos os taludes de
corte ou aterros adjacentes à estrutura devem ser
vistoriados quanto a condições instáveis.
As pontes e plataformas de guindastes, assim como
seus componentes de suporte, devem ser vistoriados
quanto ao seu estado e ao funcionamento adequado. Todas
as guias de grades, comportas ou outros elementos
mecânicos devem estar em bom estado.
Todos os drenos devem estar abertos e mostrar
evidência de funcionamento adequado. A drenagem e a
percolação devem ser dirigidas para longe de todas as
obras metálicas, tais como: eletrodutos, tubos e ferragens.
Drenos de ar dos respiradouros das bacias amortecedoras
devem ser vistoriados, para determinar se as telas estão
no lugar e os suspiros abertos. Os lineamentos de manchas
nas paredes das estruturas para várias descargas devem
ser avaliados, para uma indicação das características da
vazão através da estrutura.
Rever os planos e especificações, desenhos de
construção e como-construído, e relatórios de projeto para
familiarização geral e compreensão das intenções.
Rever os projetos básicos, inclusive planta de arranjo
geral, da barragem, seções transversais, tratamento
especificado para a fundação, e injeção. Notar qualquer
aspecto anormal ou omissões.
Rever características geológicas básicas e aspectos
que requeiram revisão mais pormenorizada. Rever
procedimentos e resultados de ensaios de laboratório.
Capítulo 16
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
68
Rever as propriedades de projeto dos materiais
adotados para fundação e concreto, e comparar com os
resultados de ensaios de laboratório, de exploração e de
campo quanto à conformidade. Avaliar a compatibilidade
da barragem e conformidade da fundação.
Rever o resumo dos resultados de análises de
tensões ou análises de estabilidade, incluindo
carregamento e condições operacionais analisadas.
Anotar quaisquer deficiências aparentes e/ou resultados
anormais que surjam.
Rever desenhos e dados como-construído, inclusive
configuração da fundação, resumos de injeção da fundação
e das juntas, provisões para drenagem, mudanças na
construção etc., e avaliar seus efeitos potenciais no
desempenho.
Rever reclamações de condições alteradas,
memorandos de ação corretiva e ordens de mudança da
construção. Avaliar a relação com segurança e desempenho
da barragem e associados.
Rever fotografias da construção.
Rever resumo dos resultados dos ensaios de controle
da construção e registro de resultados de ensaios.
Compará-los com a exploração da fase de projeto e
resultados de ensaios com as hipóteses de projeto.
Comparar o resumo das propriedades dos materiais
e fundação, determinados durante a construção, com os
critérios gerais usados no projeto. Avaliar a adequação dos
critérios do ponto de vista da segurança.
Avaliar os critérios de projeto e métodos de análises,
e sua relação com o presente estado-da-arte.
Identificar todos os documentos revisados. Listar,
como referências, no relatório em preparo.
A proteção de canais adjacentes às estruturas de
dissipação de energia deve ser vistoriada, para determinar
se o seu desempenho corresponde ao que foi projetado.
Atenção especial deve ser dada à possibilidade de que o
material possa ser atirado para fora do canal ou de volta
para dentro da estrutura durante a operação.
Todas as estruturas associadas que afetem a
operação segura da barragem devem ser vistoriadas. As
estruturas incluem o vertedouro, obras de restituição,
subestação e canais de restituição.
Praticamente qualquer estrutura hidráulica é servida
por canais de tomada e restituição, compostos de taludes
cortados ou aterrados de solo ou rocha. A maioria dos
vertedouros de solo ou capeados com rocha têm uma
seção de controle de concreto ou de rocha para reduzir o
potencial de percolação ou de erosão. Os canais de
tomada e das obras de restituição estão normalmente
submersos e podem requerer investigação subaquática
especial.
Os canais devem ter taludes estáveis e serem livres
de poças, deslizamentos e escombros. Os canais e taludes
devem estar livres de todas as formas de crescimento de
vegetação que obstruam a vazão. Os canais devem ser
vistoriados quanto à evidência de sumidouros, bolhas ou
erosão interna (
piping
). Os canais devem apresentar um
espaço satisfatório em torno das tomadas d’água e
estruturas terminais, de modo que as estruturas possam
operar hidraulicamente como projetado. Os canais devem
ser vistoriados quanto à evidência de correntes circulatórias
destrutivas. Os canais de saída devem ser verificados
quanto à excessiva degradação que possa, adversamente,
afetar as características hidráulicas da estrutura terminal.
O canal de aproximação, especialmente para o
vertedouro, deve ter algum tipo de linha de segurança feita
de troncos ou flutuadores, para conservar pessoas e
escombros flutuantes afastados da estrutura de tomada. A
linha de segurança deve estar apropriadamente ancorada
e mostrando muito pouca evidência de encharcamento dos
flutuadores ou desgaste do cabo ou correntes e esticadores,
e deve ter folga adequada para operação apropriada
durante níveis altos e baixos do reservatório. Estes
elementos devem ser observados quanto ao manuseio e à
acumulação de quaisquer detritos ou escombros.
Capítulo 16
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
69
A existência de proteções, de troncos, contra-
flutuantes deve ser verificada tomando atenção quanto a:
- Submergência
- Carreamento acumulado e não-limpo
- Desamarração
- Perda de ancoragem e
- Folga inadequada para níveis baixos do
reservatório
A estrutura de controle hidráulico deve ser verificada
tomando atenção quanto a:
- Estabilidade
- Valor nominal da capacidade de retenção
- Erosão no pé, instalações não-autorizadas na
crista, aumento do nível de armazenamento e
decréscimo da capacidade de vertimento
- Pilares das comportas
- Sistemas de controle de lixo
- Lâmina e ressaltos de aeração e
- Ajustes iniciais dos sifões
O sistema de controle do nível de montante
(comportas, pranchões, tampões fusíveis e barragens
provisórias) devem ser verificados tomando atenção
quanto a:
- Posição não-autorizada
- Arestas
- Deslocamentos do munhão da comporta
- Perda da protensão da ancoragem da comporta
- Cargas excêntricas indesejáveis de posições
variáveis de comportas adjacentes
- Emperramento da vedação da comporta
- Vazamento da vedação por erosão
- Falha do sistema de lubrificação e
- Disponibilidade de recursos de tamponamento
para esvaziamento e de guindastes e vigas
pescadoras
Rever e avaliar os seguintes pontos relevantes para
a segurança da barragem:
l dados geológicos com respeito à fundação do
vertedouro e compatibilidade com o projeto estrutural;
l critérios de projeto em comparação com as normas
geralmente aceitas. A avaliação incluir revisão das
várias combinações de carregamento para as quais os
componentes do vertedouro poderiam estar sujeitos,
tais como: cargas do solo, cargas hidrostáticas, forças
de subpressão, forças dinâmicas da água; e
l projeto das trincheiras de vedação (
cutoff
) de
percolação, e provisões de drenagem por trás das
paredes do vertedouro e por baixo das lâminas de piso,
elementos de dissipação de energia.
Rever e avaliar os seguintes itens relevantes para a
segurança da barragem:
l Critérios de projeto com respeito aos requisitos
hidráulicos e estruturais
l Critérios operacionais inclusive capacidade das
restituições para reduzir ou esvaziar completamente o
armazenamento do reservatório, em caso de
emergência
l Os estudos para definir a altura ótima do vertedouro
l Verificação da adequação do sangradouro aos níveis
das cheias hidrológicas milenar e decamilenar
l Estado geral das estruturas, incluindo muro de
contenção, paredes do vertedouro, estabilidade das
fundações e erosões
l Verificação do nivelamento do vertedouro e
identificação de possíveis recalques
l Estado geral dos equipamentos hidromecânicos das
comportas
l Estado da drenagem dos encontros dos muros de
contenção com o maciço da barragem e com as
ombreiras
l Estado dos canais e bacia de dissipação
Os poços, canalizações, galerias e túneis devem ser
verificados quanto a:
l Vulnerabilidade à obstrução
l Evidência de jatos de excessiva sobrepressão externa,
seções transversais torcidas, rachaduras,
deslocamentos e juntas circunferenciais
Capítulo 16
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
70
l Capacidade de serviço dos revestimentos (concreto e
aço), deterioração de materiais, cavitação e erosão
l Queda de rochas
l Vazamento severo em tomo de rolhas de túneis e
l Sistemas de suporte para canalizações de pressão, em
túneis de pessoal
O equipamento mecânico, hidráulico e elétrico
associado deve ser operado ao longo de toda a faixa de
operação, sob as condições reais de operação, para
determinar se o equipamento se comporta
satisfatoriamente. O equipamento deve ser verificado
quanto à lubrificação adequada e operação suave, sem
emperramento, vibração, ruídos não-usuais e
sobreaquecimento. A adequação e confiabilidade do
suprimento de energia podem ser também verificadas
durante a operação do equipamento. Fontes auxiliares de
energia e sistemas de controle remoto devem ser
verificados quanto à operação adequada e confiável. Todas
as partes acessíveis do equipamento devem ser vistoriadas
quanto a partes danificadas, deterioradas, corroídas,
cavitadas, soltas, gastas ou partidas.
Cabos devem ser vistoriados quanto à lubrificação
adequada. Cabos e fios deformados, quebrados ou
enferrujados devem ser anotados. Conexões de cabos de
aço ou correntes nas comportas devem ser vistoriadas
quanto a partes gastas ou partidas. Vedações de borracha
ou neoprene das comportas devem ser vistoriadas quanto
à deterioração, rachaduras, desgaste e vazamento.
Guinchos hidráulicos e controles devem ser
verificados quanto a vazamentos de óleo. Pistões de
guinchos ou hastes indicadoras devem ser vistoriados
quanto à contaminação e quanto a áreas ásperas que
possam danificar o embuchamento. As hastes das
comportas e engates devem ser vistoriadas quanto à
corrosão, partes quebradas ou gastas e condição do
revestimento protetor. Dutos, painéis da comporta, mancais
metálicos e vedações de comportas e válvulas devem ser
vistoriados quanto a danos devido à cavitação, desgaste,
desalinhamento, corrosão e vazamento. Bombas para
esgotamento devem ser vistoriadas e operadas para
verificar se o desempenho é confiável e satisfatório.
Aeradores para comportas e válvulas devem ser verificados
para confirmar que estão abertos e protegidos.
A operação de plataformas de guindastes e guinchos
deve ser verificada quanto a:
l Cadeias e cabos de levantamento quebrados ou
desligados
l Exposição de equipamento eletromecânico
desprotegido ao tempo, sabotagem e vandalismo e
l Membros e conexões estruturais
A confiabilidade em serviço dos elementos
eletromecânicos da restituição, de vertedouro, de bomba
de poços deve ser verificada quanto a:
l Cadeias ou cabos de levantamento quebrados ou
desligados
l Ensaio de operação, incluindo fontes auxiliares de
energia
l Confiabilidade e ligações de serviço das fontes
primárias de energia
l Verificação do conhecimento dos operadores e
capacidade para operar
l Facilidade e certeza de acesso às estações de controle
l Funcionamento dos sistemas de lubrificação
l Controle de ventilação e temperatura dos ambientes
úmidos e corrosivos de equipamento eletromecânico
As instruções de operação devem estar afixadas
próximas aos equipamentos associados e verificadas
quanto à clareza. Cada dispositivo operacional deve estar
marcado, clara e permanentemente, para fácil identificação.
Todos os controles de equipamentos devem ser verificados
quanto à segurança adequada, de tal forma que pessoas
não-autorizadas não possam operar ou manusear
indevidamente o equipamento.
O equipamento (de controle) de nível do reservatório
deve ser verificado quanto à operação adequada. Os
sistemas de prevenção contra incêndio devem ser
operados para verificar se todos os esguichos estão
funcionando. O equipamento mecânico e elétrico
associado deve ser vistoriado quanto à adequação da
proteção ao tempo, e quanto a danos resultantes de
proteção inadequada. Sistemas de ventilação e
aquecimento devem ser operados e verificados quanto à
capacidade adequada para controlar ambientes úmidos,
para os equipamentos elétricos e mecânicos.
Capítulo 16
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
71
Escadas de acesso, caminhos e corrimãos devem
ser vistoriados quanto a partes deterioradas ou quebradas,
ou oxidadas, ou outras condições inseguras.
Comportas-ensecadeiras (
stop-logs
), comportas-
estanques e guias ou vigas pescadoras devem ser
vistoriadas para determinar se estão disponíveis e em boas
condições. A disponibilidade de equipamento para
movimentar, suspender e colocar comportas-ensecadeiras,
comportas estanques e grades deve também ser verificada.
Durante e depois da vistoria local, devem ser mantidas
discussões com o operador ou encarregado da barragem
para determinar se há quaisquer condições operacionais
inusitadas ou problemas com o equipamento. As
discussões e a operação do equipamento devem ser
usadas para verificar se o operador conhece o equipamento
e está qualificado para operá-lo. Procedimentos de
manutenção e de uso devem também ser discutidos para
determinar se eles estão adequados e de acordo com os
documentos que os requerem e os especificam.
A acessibilidade dos controles para operação de
comportas críticas, durante uma emergência e sob
condições adversas de tempo, deve ser discutida. A
possível necessidade de controles remotos deve ser
considerada. Se as condições não permitirem a vistoria
de uma restituição ou a operação de comportas ou válvulas,
ela deve ser programada para uma data posterior com os
representantes do empreendimento.
O suprimento adequado de energia auxiliar deve ser
provido, durante os períodos em que a fonte normal de
energia não estiver disponível, para a operação de
emergência das comportas e de outros equipamentos
necessários. O suprimento de combustível deve ser
suficiente para operar a unidade de energia auxiliar, durante
a ausência máxima prevista do suprimento de energia
normal.
Durante as vistorias a fonte auxiliar de energia deve
ser usada para operar comportas e outros equipamentos,
a fim de determinar se o sistema está operacional e
adequado. Proteção contra incêndio, escoamento
adequado dos gases de escapamento e proteção contra
vandalismo devem ser vistoriados. Instruções de operação,
descrevendo, de modo claro, os procedimentos requeridos
para colocar, manualmente, em operação o suprimento
auxiliar de energia, devem estar afixadas. Sistemas
automáticos devem ser verificados quanto à operação
adequada. Estes sistemas normalmente não requerem
instruções de operação. Todas as chaves e válvulas devem
ser descritas nas instruções e claramente identificadas. A
freqüência dos exercícios, os procedimentos de
manutenção e os problemas operacionais devem ser
discutidos com o operador.
16.3 Situação geral do reservatório e acessos
A bacia do reservatório, embora usualmente não
afete, de maneira direta, a estabilidade da barragem, deve
ser vistoriada quanto às características que possam
comprometer a operação segura da barragem e do
reservatório.
A região em torno do reservatório deve ser vistoriada
quanto à indicação de problemas que possam afetar a
segurança da barragem ou do reservatório. As
conformações do terreno e estruturas geológicas regionais
devem ser avaliadas. Devem ser vistoriadas áreas de
extração de minerais, carvão, gás, óleo e água do subsolo.
A região deve ser verificada quanto a indicações de
sedimentação, tais como: sumidouros, trincheiras e recalque
de estradas e estruturas. A reação de outras estruturas na
mesma formação pode fornecer informação acerca do
possível comportamento da barragem e associados.
Sempre que uma vistoria é feita, o nível do reservatório
deve ser registrado. Quaisquer níveis altos ou baixos, dignos
de nota, recentes, e qualquer invasão na bacia de cheia
devem ser registrados.
Se as condições permitirem, a bacia do reservatório
deve ser vistoriada nas ocasiões em que ela tiver nível baixo.
Se isto não for possível, então vistorias subaquáticas dos
locais suspeitos ou selecionados podem ser necessárias.
As superfícies da bacia do reservatório devem ser
vistoriadas quanto a depressões, sumidouros, ou erosão
das superfícies naturais ou revestimentos do reservatório.
Capítulo 16
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
72
A bacia do reservatório deve também ser vistoriada quanto
à excessiva sedimentação que possa afetar adversamente
o carregamento da barragem ou obstruir os canais de
entrada para o vertedouro ou obras de restituição.
Deslizamentos, como entendidos aqui, incluem todas
as formas de movimento de massa que possam afetar a
barragem, associados, reservatório ou vias de acesso.
Incluem áreas de deslizamentos ativas, inativas e potenciais
que podem variar, desde pequenos rolamentos sobre o
talude até movimentos de grande volume.
Áreas de deslizamentos podem muitas vezes ser
identificadas e, possivelmente, delineadas por numerosos
sinais de perigo ou movimento, os quais incluem escarpas,
árvores inclinadas, áreas de vegetação morta ou morrendo,
rachaduras de tensão, distorções das encostas das colinas,
desalinhamento de elementos retos, invasão da vegetação
marginal para dentro do reservatório e nascentes. A
documentação das condições existentes utilizando
fotografias é firmemente recomendada. Se for justificado,
poderá ser requerido um levantamento da estabilidade do
talude e do histórico do mesmo.
Deslizamentos de terra entrando num reservatório
causam, na ocasião, uma onda superficial capaz de galgar
a barragem, danificando seus associados, ou causando
erosão excessiva em pontos críticos ao longo da borda do
reservatório. Características de interesse, de deslizamentos
de terra, incluem: tamanho; orientação relativa à
configuração do reservatório; distância da barragem,
associados, diques ou seções críticas da borda; velocidade
da falha; tipo de material; e mecanismo da falha.
As causas ou mecanismos que os desencadeiam
podem incluir terremotos, depressão do reservatório, níveis
desusadamente altos do reservatório, erosão por ação de
ondas ou saturação proveniente de excessiva precipitação.
O progresso em torno do reservatório pode resultar em
mudanças do equilíbrio natural por alteração dos taludes,
mudanças no padrão de drenagens e mudanças no nível
do lençol freático. Os sinais de progresso podem incluir
estradas de acesso, terraplanagem para áreas de lazer,
desmatamento, pilhas de lixo, campos de secagem e obras
de drenagem.
O tempo disponível durante uma vistoria típica de
segurança de barragens é insuficiente para um exame em
profundidade de cada área de deslizamento existente ou
potencial do reservatório. Portanto, é necessária uma
revisão para determinar as áreas que devem ser
vistoriadas. A identificação de condições suspeitas deve
induzir a uma recomendação da equipe para um estudo
em profundidade a ser feito.
Escavações para a barragem, associados e estradas
de acesso perturbam os taludes naturais e a drenagem
estabelecida por tempos geológicos e, na maioria dos
casos, resultam numa condição menos estável. A presença
de um reservatório invariavelmente muda o regime do lençol
freático, o qual, por sua vez, afeta a estabilidade do talude.
Enquanto o pessoal de operação está normalmente mais
familiarizado com as condições na vizinhança da barragem
ao longo das estradas de acesso comumente usadas, o
pessoal pouco familiarizado com a área pode facilmente
não notar ou compreender um sintoma de instabilidade do
talude que se tenha desenvolvido lentamente. Pequenos
rolamentos sobre o talude podem obstruir uma vala de
drenagem, dando lugar a empoçamento da enxurrada e
eventual saturação dos taludes. Pilares de amarração e
telas de arame impropriamente confinados podem
desprender-se, resultando em falhas no talude.
Os efeitos da precipitação extrema nas áreas de
deslizamentos existentes e potenciais, ao longo das
estradas de acesso, devem ser avaliados. Avaliações
semelhantes devem ser feitas com relação aos taludes ao
longo dos canais de tomada e de jusante, para determinar
se as características de capacidade de vazão do vertedouro
e obras de restituição estão adversamente afetadas.
Taludes acima das estruturas de acesso e de controle, cuja
falha possa impedir o acesso ao elemento, ou a operação
dele, devem ser vistoriadas.
A operação segura de uma barragem depende de
meios de acesso adequados e seguros. Usualmente, o
único acesso a uma barragem é por estrada. A estrada
deve ser de construção para qualquer tempo, adequada
para a passagem de automóveis e de qualquer
equipamento requerido para o serviço da barragem, sob
Capítulo 16
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
73
quaisquer condições de tempo. O material do piso deve
ser adequado para suportar as cargas previstas. Os taludes
de todos os cortes e aterros, ladeira acima e abaixo da
estrada, devem ser estáveis em todas as condições. A
superfície da estrada e dos tabuleiros das pontes deve estar
localizada acima do nível máximo projetado das águas, para
quaisquer cursos d’água adjacentes. Se a estrada de
acesso não é capaz de servir satisfatoriamente durante uma
emergência, meios alternativos de acesso devem ser
prontamente obteníveis, tais como helicópteros ou trilhas
para equipamentos para qualquer terreno (jipe, por
exemplo).
16.4 Avaliação geológica e geotécnica
As áreas primárias de preocupação geológica são
as bordas do reservatório, a estabilidade dos encontros, a
percolação e os riscos de deslizamentos de terra. A análise
geológica necessita, muitas vezes, localizar ou estabelecer
conhecimento em pormenores, da estrutura da rocha, da
sismicidade induzida e dos efeitos relacionados com
sismos, e das propriedades geofísicas das barragens de
terra e/ou de enrocamentos e fundações. A análise
consistirá de uma revisão de dados geofísicos,
instrumentação, registros e relatórios de percolações
passadas, movimentos de lençóis freáticos, estudo das
propriedades dos materiais e estruturas, e interpretações
de fotografia aérea por sensoramento remoto.
Todos os dados de instrumentação disponíveis devem
ser revistos durante a avaliação. Se não há dados ou se os
dados disponíveis são limitados uma determinação é feita
quanto à necessidade de instrumentação adicional para
avaliar um problema potencial de segurança de barragem.
A estabilidade estática da barragem e da fundação
será analisada quanto ao recalque, deslocamento e
umedecimento excessivo. Dados tais como mapas
geológicos, registros de perfuração, ensaios de laboratório,
superfície freática e métodos de construção devem ser
usados, quando disponíveis. Hipóteses de resistência
baseadas nos tipos, gradações e ao cisalhamento, para
análise, métodos de compactação dos materiais
pressupõem que uma condição de resistência a longo
prazo, consolidada e drenada, tenha sido atingida.
Superfícies freáticas são estimadas, utilizando dados
piezométricos, quando disponíveis, ou são estabelecidas,
baseadas na zonificação da barragem e na configuração
do talude. Análises de estabilidade devem ser normalmente
executadas para uma condição de percolação estacionária.
A estabilidade à percolação de uma barragem e
fundação é focalizada em itens tais como o aumento da
percolação com o tempo, a presença de sumidouros,
cavidades ou bolhas de areia, e utilizará registros de
informações na avaliação. Análises de percolação, como
as por gradientes críticos, por construção de redes de
escoamento e por elementos finitos, são executadas
quando necessárias e quando dados suficientes estão
disponíveis. A integridade de controle da percolação dos
filtros, drenos, coberturas e materiais de zonas de transição
é também analisada.
Rever mapeamentos geológicos, plantas e seções
transversais, mostrando todos os elementos da exploração
e resumindo interpretações dos perfis de sondagem e
geológicos, incluindo pelo menos a barragem, estruturas
associadas, fontes de material e, se disponível, a geologia
do reservatório. Deve ser dada especial atenção aos
aspectos geológicos que influenciem considerações de
projeto, tais como: zonas de cisalhamento, falhas, fraturas
abertas; camadas, juntas, fissuras ou cavernas;
deslizamentos de terra; variabilidade de formações;
materiais compressíveis ou liquefatíveis; planos de
estratificação fracos etc.
Rever registros pormenorizados de exploração,
inclusive condições litológicas e físicas dos materiais
encontrados, dados de ensaio da água, resultados dos
ensaios de penetração normal e outros ensaios de
resistência, e freqüência e tipos das amostras obtidas dos
ensaios de laboratório.
Rever dados geofísicos.
Rever estudos petrográficos ou químicos dos
materiais da fundação e dos materiais naturais de
construção.
Capítulo 16
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
74
Rever as partes geológicas de todos os relatórios
relevantes do local, desde estudos preliminares de
reconhecimento até os registros finais de como-construído.
Rever fotografias aéreas do local e do reservatório.
Rever estudos geológicos regionais, publicados ou
não, que sejam relevantes para a locação da barragem e
do reservatório.
Examinar as características pertinentes da geologia
da área nos locais da barragem e associados, locais de
empréstimos e de bota-fora, e, na medida do possível, na
bacia do reservatório. Examinar núcleos representativos
recuperados da exploração do local, particularmente das
zonas indicadas nas testemunhas como sendo
severamente quebradas, desgastadas pelo tempo ou
altamente permeáveis.
16.5 Apreciação dos estudos hidrológicos
Avaliar a capacidade do vertedouro para passar todas
as cheias de projeto, sem colocar a barragem em perigo.
Avaliar provisões redundantes para passar seguramente
as cheias, caso as comportas falhem em operar
completamente por qualquer motivo.
Rever as provisões (proteções, de troncos, contra-
flutuantes etc.) para conservar a entrada do vertedouro livre
de obstruções.
Avaliar o amortecimento da cheia para determinar a
possibilidade de galgamento da estrutura existente.
Avaliação em termos de reconhecimento dos riscos
a jusante, conseqüentes da inundação, em caso de falha
da barragem existente.
Revisão das condições da bacia a montante,
particularmente para mudanças no uso, tais como: novos
desenvolvimentos urbanos ou barragens de
armazenamento.
Absorção, pelo reservatório, da hidrógrafa da PMF,
usando hipóteses conservadoras.
Rever o resumo de dados hidrológicos contido nos
relatórios do empreendimento.
Rever os relatórios de projeto, manuais de operação
e manutenção, planos e especificações de contrato
relativos a vertedouro e instalações de restituição para
familiarização com o projeto.
Rever os procedimentos e programas de operação
sazonal da comporta.
Verificar da capacidade de acumulação do
reservatório, incluindo batimetria e topo-hidrografia da área
da bacia hidráulica, quando necessário.
Determinar ou reavaliar as vazões regularizadas do
reservatório para diferentes garantias (100%, 95%, 90%,
85% e 80%). Este estudo deverá considerar a interferência
com outros reservatórios (construídos e projetados), o que
permitirá definir e avaliar o atendimento real da demanda
para cada uso previsto para a barragem.
16.6 Instrumentação de advertência, segurança e
desempenho
Rever as instalações de instrumentação na barragem
e na fundação e avaliar a adequação da instrumentação
para monitoramento do desempenho operacional provável
em geral ou para modelos de comportamento
especificamente identificados.
Verificar:
l Piezômetros, registradores de fluxo, acelerômetros,
sismoscópios, medidores de juntas e pontos de
manômetros, medidores de tensões, medidores de
deformações, clinômetros, fios-prumo diretos e
invertidos, marcos de referência de superfície,
registradores de nível e extensômetros
l Competência para o serviço
l Acesso às estações de leitura
l Tipo e localização adequada para a condição a ser
observada
l Necessidade de recalibragem
Capítulo 16
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
75
l Leituras falsas, fontes e motivos
l Sistemas de alarme operáveis e colocados em pontos
apropriados
l Leituras esporádicas de verificação durante as vistorias,
e
l Questionamento dos operadores, para determinar seu
conhecimento do objetivo e funcionamento dos
instrumentos.
Rever os registros da instrumentação e avaliar a
significância dos resultados.
16.7 Alteração nas características dos materiais e
ocorrências genéricas
Observar materiais defeituosos, inferiores,
inadequados ou deteriorados.
Concreto:
- Reação agregado-álcalis, aspectos estranhos e
rachaduras
- Lixiviação
- Ação da geada
- Abrasão
- Lascamento
- Deterioração geral e
- Perda de resistência
Rocha:
- Desintegração
- Amolecimento e
- Dissolução
Solos:
- Degradação
- Dissolução
- Perda de plasticidade
- Perda de resistência e
- Alteração mineralógica
Solo-cimento:
- Perda de cimentação e
- Fragmentação
Metais:
- Eletrólise
- Corrosão
- Corrosão sob tensão
- Fadiga
- Corte e ruptura e
- Esfoliamento
Madeira:
- Apodrecimento
- Encolhimento
- Combustão e
- Ataque por organismos
Tecidos de revestimento:
- Perfurações
- Separação de uniões
- Deterioração pela luz
- Desintegração das vedações-limites e
- Perda de plasticidade e flexibilidade
Borracha e elastômeros:
- Endurecimento
- Perda de elasticidade
- Deterioração pelo calor e
- Degradação química
Vedações de juntas:
- Perda de plasticidade
- Encolhimento e
- Derretimento
Capítulo 16
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
76
Observar as ocorrências genéricas quanto a suas
características, localização e tempo de existência. Essas
ocorrências são de natureza universal, a despeito do tipo
de estrutura ou classe de fundação.
n Percolação e vazamento
n Relação descarga-nível
n Aumentando ou diminuindo
n Turvação e erosão interna (
piping
)
n Cor
n Sólidos dissolvidos
n Localização e formato
n Temperatura
n Gosto
n Evidência de pressão
n Bolhas e
n Tempo de existência e duração
Drenagem:
n Obstruções
n Precipitados químicos e depósitos
n Queda desimpedida
n Disponibilidade de bomba de poço e
n Crescimento de bactérias
Cavitação:
n Picotamento de superfície
n Evidência sonora
n Implosões e
n Bolsas de vapor
Tensões e deformações – evidências e indícios
n No concreto:
l Rachaduras
l Esmagamentos
l Deslocamentos
l Desvios
l Cisalhamentos e
l Fluência
n No aço:
l Rachaduras
l Estiramentos
l Contrações
l Dobramentos e
l Flambagens
n Na madeira:
l Esmagamento
l Flambagem
l Dobramento
l Cisalhamentos
l Alongamentos e
l Compressões
n Na rocha e nos solos:
l Rachaduras
l Deslocamentos
l Recalque
l Consolidação
l Afundamento
l Compressão e
l Zonas de alongamento e compressão
16.8 Levantamento das entidades civis organizadas
Deverão ser cadastradas as entidades civis cujas
atuações interfiram nos usos e preservação dos recursos
hídricos, listando, no mínimo, as seguintes informações:
- Nome e tipo de atuação
- Localidades da atuação
- Tempo de existência e
- Composição/representatividade
Capítulo 16
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
77
ANEXOS
ANEXO A – Modelo alternativo de avaliação do potencial de risco
ANEXO B – Roteiro para inspeção de açudes e modelo de lista de inspeção
ANEXO C – Anomalias
ANEXO D – Modelo de Plano de Ação Emergencial (PAE)
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
78
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
79
ANEXO A
MODELO ALTERNATIVO DE AVALIAÇÃO
DO POTENCIAL DE RISCO
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
80
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
81
MATRIZ POTENCIAL DE RISCO
1 Introdução
O objetivo principal da matriz proposta é apresentar
um modelo alternativo para obter-se uma classificação das
barragens, essencialmente quanto à sua segurança
estrutural, importância estratégica e riscos para populações
a jusante, hierarquizando-as, de forma a proporcionar ao
Ministério da Integração Nacional, por meio de sua
Secretaria de Infra-Estrutura Hídrica – SIH, um meio eficaz
de planejar e programar a alocação dos recursos
necessários à sua manutenção dentro dos padrões de
segurança exigidos pela legislação oficial e as Normas
Técnicas Brasileiras.
Embora a mesma contenha ou forneça alguns
elementos de interesse estratégico quanto à segurança no
manejo do recurso hídrico envolvido, é importante destacar
que não é esse o objetivo precípuo da classificação
sugerida.
Também deve ficar registrado que esta é uma “matriz
piloto”, cuja metodologia de avaliação de potencial de riscos
vem sendo aplicada com sucesso no Estado do Ceará pela
1.1 PERICULOSIDADE  P
NOTA – Se a vazão for desconhecida, deverá ser reavaliada, indepen-
dentemente da pontuação.
COGERH para as 116 barragens por ela monitoradas e
está sujeita a aferições nos parâmetros e pontuações, fruto
da experiência dos técnicos que detêm conhecimentos
específicos e/ou familiaridade com barragens, para cada
órgão específico.
Compõe a matriz um primeiro conjunto de
parâmetros ou características técnicas do projeto que, pela
sua magnitude, permitem retratar o grau de Periculosidade
(P) intrínseca do mesmo (item 1.1).
Um segundo conjunto (item 1.2), envolvendo
aspectos relacionados com o estado atual da barragem,
com a sua história e com a operacionalidade e/ou facilidade
de manutenção de suas estruturas hidráulicas, permite
avaliar o grau de Vulnerabilidade (V) atual.
O terceiro conjunto (item 1.3) – Importância (I), reúne
parâmetros que, por seu vulto ou magnitude, conferem o
valor estratégico associável à barragem no caso de
eventual ruptura.
Finalmente, o item 1.4 – Potencial de Riscos (PR)
sugere a classificação de enquadramento da barragem
segundo o nível de risco à sua segurança. Essa
classificação está associada a índices do Potencial de
Risco (PR) e de Vulnerabilidade (V).
P >30 – Elevado
20 < P <30 – Significativo P= S (a a e)
10 < P < 20 – Baixo a Moderado
Anexo A
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
82
1.2 VULNERABILIDADE  V
(ESTADO DE CONDIÇÃO ATUAL DA BARRAGEM)
NOTA: Pontuação (10) em qualquer coluna implica
intervenção na barragem, a ser definida com base
em inspeção especial.
V= S (f a l)
V > 35 – Elevada
20 < V <35 – Moderada a Elevada
5 < V < 20 – Baixa a Moderada
V < 5 – Muito baixa
Anexo A
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
83
1.3 IMPORTÂNCIA  I
l Volume útil do reservatório (população beneficiada)
l População a jusante
l Custo da barragem
I = m + n + o
3
1.4 POTENCIAL DE RISCO  PR
NOTAS:
1. Barragens com PR acima de 55 devem ser reavaliadas
por critérios de maior detalhe.
2. Barragens incluídas na classe A exigem intervenção, a
ser definida com base em inspeção especial.
PR = (P + V)
2 I
Anexo A
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
84
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
85
ANEXO B
ROTEIRO PARA INSPEÇÃO DE AÇUDES E
MODELO DE LISTA DE INSPEÇÃO
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
86
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
87
ROTEIRO PARA INSPEÇÃO DE AÇUDES
I. CONSIDERAÇÃOES GERAIS
O objetivo da inspeção é identificar anomalias ou
preocupações que afetem potencialmente a segurança
da barragem. Assim, é importante inspecionar a
superfície completa da área de um maciço. A técnica
geral é caminhar sobre os taludes e o coroamento, tantas
vezes quantas sejam necessárias, de forma a observar
a superfície da área claramente.
De um determinado ponto sobre a barragem,
pequenos detalhes podem usualmente ser vistos a uma
distância de 3 a 10 metros em qualquer direção,
dependendo da rugosidade da superfície, vegetação ou
outras condições de superfície. Para que toda a
superfície da barragem tenha sido coberta, serão
necessários alguns passos a serem, cumpridos. Na
verdade, não importa o tipo de trajetória que seja dada,
o importante é que toda a superfície tenha sido coberta.
Em intervalos regulares, enquanto se caminha pelos
taludes e coroamento, deve-se parar e olhar em todas
as direções:
l observar a superfície a partir de diferentes
perspectivas, o que pode revelar uma deficiência que
poderia de outra forma não ter sido observada;
l verificar o alinhamento da superfície.
Observando o talude à distância, pode-se revelar um
número de anomalias tais como: distorções nas
superfícies do maciço, ausência de revestimento etc.
As áreas onde o aterro encosta-se às ombreiras deverão
ser inspecionadas com muito cuidado, porque:
l estas áreas são suscetíveis à erosão superficial;
l freqüentemente aparecem percolações nos contatos
mais sujeitos à percolação.
II. DETECTANDO ANOMALIAS
l Tipos de anomalias mais comum de serem encontradas
l impacto das anomalias na segurança de uma barragem
l ações que devem ser tomadas quando identificadas as
anomalias
III. TIPOS DE ANOMALIAS COMUMENTE ENCONTRADAS
NOS AÇUDES
As barragens estão sujeitas a alguns tipos de anomalias
que incluem:
1)Revências (percolação)
2)Trincas ou fraturas
3)Instabilidade
4)Depressões:
l Recalques localizados
l Afundamentos
5)Afetadas pela má manutenção:
l Proteção inadequada do talude
l Erosão superficial
l Árvores e arbustos
l Tocas de animais
1. PERCOLAÇÕES
A passagem da água pelo maciço e fundação é
chamada de percolação.
A percolação torna-se um problema quando o solo
do maciço ou da fundação é carreado pelo fluxo de água,
ou quando ocorre um aumento de pressão na barragem ou
na fundação. A percolação, quando não controlada pela
drenagem interna incorporada na barragem e fundação, é
geralmente chamada de percolação não controlada.
1.1 Tipos de Controle de Percolação:
Drenos internos: interceptam e descarregam o
fluxo com segurança. Incluem o dreno de pé, o tapete
horizontal e o dreno vertical (ou inclinado).
Poços de alívio: são instalados junto ao pé de
jusante para reduzir os danos potenciais das subpressões
dos materiais mais permeáveis subjacentes à camada
Anexo B
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
88
menos permeável (argilosa). Tais subpressões podem
acarretar erosão interna do material de fundação e
instabilidade do maciço. Ajudam também a controlar a
direção e a quantidade de fluxo sob a barragem.
1.2 Problemas de Percolação:
Problemas de saturação: aumento de
poropressões e saturação no maciço e na fundação causa
perda de resistência.
Piping: quando a erosão começa a remover material
no ponto de saída, ela progride para a direção do
reservatório, dando origem ao
piping.
Indicação de percolação: áreas molhadas com
excesso de vegetação.
O contato do maciço com a ombreira é
especialmente favorável à percolação, porque o aterro
próximo ao maciço às vezes é difícil de ser compactado.
Ações de inspeção:
l Locar os pontos de revências
l Medir as vazões e a turbidez
l Registrar a ocorrência de precipitação recente que
possa afetar a medição e turbidez da água
l Anotar o nível do reservatório no momento da medição
da vazão
l Aumento da vazão com a elevação do reservatório é
preocupante
Pode-se usar corante para confirmar se o reservatório
é a fonte da percolação (procedimento não-rotineiro).
Caso haja saída de material:
l Verificar a granulometria do material carreado
l Medir a vazão
l Comunicar em seguida à instância superior para avaliar
a ameaça à integridade da barragem e as medidas
corretivas a serem tomadas.
Medidores de vazão avermelhados podem indicar
que material de aterro e fundação tem sido carreado. Pode
tratar-se, no entanto, de material superficial carreado até a
estrutura. Esta dúvida deve ser esclarecida.
Se um dreno nunca funcionou:
l Pode significar que o dreno foi projetado e instalado
incorretamente; ou
l Ter sido colmatado (obstruído): o fluxo pode sair no talude
de jusante, gerando problemas de instabilidade
Na inspeção dos poços de alívio, observar:
l A locação de cada poço em relação ao projeto;
l Checar visualmente se há fluxo de água:
l Se não há fluxo: determinar se o fluxo deveria estar
presente, baseando-se na estimativa de prévias leituras
em relação ao nível do reservatório.
l Se há fluxo: medir a vazão.
É importante verificar a cor da água percolada.
2. TRINCAS:
As trincas no maciço se enquadram nas três
categorias a seguir:
l Trincas de ressecamento (devido ao ressecamento e
contração do solo)
l Trincas transversais
l Trincas longitudinais
2.1 Trincas de ressecamento
Crista ou talude jusante
Ações de inspeção:
l Fotografar e registrar a locação, direção, profundidade,
comprimento e largura
l Comparar com medições anteriores
2.2 Trincas transversais
Perigosas, se prosseguem até o nível abaixo da
cota de reservação, pois podem criar um caminho de
percolação concentrado. Indicam a presença de
recalques diferenciais dentro do aterro ou da fundação.
Freqüentemente ocorrem quando há:
l Material compactado do maciço sobre ombreiras
íngremes e irregulares
l Zonas de materiais compressíveis na fundação
Ações de inspeção:
l Fotografar e registrar a locação, direção, profundidade,
comprimento e largura de cada trinca observada
l Monitorar as mudanças nas trincas
l Determinar a causa
Anexo B
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
89
2.3 Trincas longitudinais
Ocorrem na direção paralela ao comprimento da
barragem. Podem indicar:
l Recalques desiguais entre materiais de diferentes
compressibilidades no maciço
l Recalques excessivos e expansão lateral do maciço
l Começo de instabilidade do talude
Permitem a penetração de água no maciço. Quando
a água penetra no maciço, a resistência do material junto à
trinca é diminuída. A redução da resistência pode acelerar
o processo de a ruptura do talude.
Ações de inspeção:
l Fotografar e registrar a locação, profundidade,
comprimento e largura de cada trinca observada
l Monitorar as mudanças nas trincas
l Determinar a causa
3. INSTABILIDADE DE TALUDES:
É referida aos vários deslizamentos, deslocamentos
e pode ser agrupada em duas categorias:
l Ruptura superficial
l Ruptura profunda
3.1 Ruptura superficial
Talude de montante: rebaixamento rápido com
deslizamentos superficiais. Não causam ameaça à
integridade da barragem, mas podem causar obstrução da
tomada de água e deslizamentos progressivos mais
profundos.
Talude de jusante: deslizamentos rasos provocam
aumento na declividade do talude e podem indicar perda
de resistência do maciço, por saturação do talude, por
percolação ou pelo fluxo superficial.
Ações de inspeção:
l Fotografar e registrar a locação, direção, profundidade,
comprimento e largura de cada trinca observada
l Medir e registrar a extensão e deslocamento do material
movimentado
l Procurar por trincas nas proximidades, especialmente
acima do deslizamento
l Verificar percolações nas proximidades
l Monitorar a área para determinar se as condições estão
evoluindo
3.2 Ruptura profunda
É séria ameaça à integridade da barragem. É
caracterizada por:
l Talude de deslizamento íngreme bem definido
l Movimento rotacional e horizontal bem definido
l Trincas em formato de arco
Ações de inspeção:
As rupturas profundas, tanto no talude de montante
como de jusante, podem ser indicações de sérios
problemas estruturais. Na maioria dos casos, irá requerer
o rebaixamento ou drenagem do reservatório para prevenir
possíveis aberturas do maciço.
Se há suspeita de deslizamento, deve-se:
l Inspecionar com muito cuidado a área trincada ou
escorregada que indique a causa do deslizamento
l Recomendar uma investigação para determinar a
magnitude e a causa do evento, caso a suspeita seja de
ruptura profunda
l Recomendar o rebaixamento do reservatório
4. DEPRESSÕES
Podem ser localizadas ou abrangentes.
Podem ser causadas por recalque no maciço ou
fundação. Tais recalques podem resultar na redução da
borda livre (folga) e representa um potencial para o
transbordamento da barragem durante o período das
cheias.
A ação das ondas no talude de montante pode
remover o material fino do maciço ou a camada de apoio
(transição) do rip-rap, descalçando-o e formando uma
depressão quando o rip-rap recalca sobre o espaço vazio.
Erosão regressiva ou
piping
com o subseqüente
colapso do material sobrejacente.
Algumas áreas da superfície do maciço que pareciam
depressões ou afundamentos podem ter sido resultado de
finalização inadequada da construção, mas, mesmo assim,
a causa deve ser determinada.
As depressões podem ser de dois tipos:
l Os
recalques localizados,
que apresentam inclinações
suaves em formato de bacia
l Os
afundamentos (sinkholes),
que apresentam lados
íngremes por colapso (cisalhamento) devido a um vazio
no solo subjacente
Anexo B
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
90
Ações de inspeção:
Recalques localizados: embora os recalques, na maioria
dos casos, não representem perigo imediato para a
barragem, eles podem ser indicadores iniciais de outros
sérios problemas. A inspeção deverá:
l Fotografar e registrar a locação, tamanho e profundidade
de cada recalque observado
l Examinar e, cuidadosamente, o fundo da depressão
localizada para determinar se existe um vazio subjacente
ou fluxo de água que poderia indicar a presença de um
afundamento
Afundamentos:
l Examinar cuidadosamente o fundo da depressão
localizada para determinar se existe um grande vazio
subjacente
l Fotografar e registrar a locação, tamanho e profundidade
do afundamento observado
l Investigar a causa do afundamento e determinar se existe
ameaça à barragem
5. ANOMALIAS AFETADAS PELA FALTA DE
MANUTENÇÃO:
Manutenção inclui medidas de rotina a serem tomadas
para proteger e manter a barragem. As anomalias
associadas à manutenção inadequada incluem:
l Proteção inadequada de taludes
l Erosão superficial
l Crescimento de vegetação (não apropriado)
l Tocas de animais.
a) Proteção inadequada de Taludes
A proteção dos taludes existe para prevenir a erosão
dos mesmos. Existem quatro tipos básicos:
l Rip-rap
l Alvenaria de pedra ou laje de concreto
l Proteção vegetal
l Proteção com brita, pedregulhos e/ou bica corrida
Rip-rap
Basicamente é utilizado na proteção dos taludes de
montante e é formado por duas camadas de materiais:
l Camada(s) interna(s): filtro ou transição formado por
areias e pedregulhos de granulometrias controladas para
prevenir a perda de solo do maciço através dos vazios
do enrocamento
l Camada externa: formada por pedras de tamanhos
suficientes para não serem carreadas pelas ondas do
reservatório
Alvenaria de pedra ou laje de concreto (utilizado em
antigos açudes do Dnocs: Pompeu Sobrinho, General
Sampaio e outros)
A constante ação das ondas pode resultar em:
l Processo de formação de praias no pé do talude pela
deposição do material subjacente à proteção, carreado
por vazios ou trincas na laje de alvenaria ou concreto.
Pode provocar a remoção/trincamento ou afundamento
da proteção. A continuidade do processo pode abater o
talude, levar ao aumento da percolação e à instabilidade
do talude
l Degradação da proteção do talude pelo trincamento e
quebra da proteção devido ao desgaste provocado pela
ação das ondas. A proteção deverá ser reparada ou
reposta
Proteção vegetal
Falhas na proteção do talude podem levar a erosões
estreitas e profundas que deverão ser prontamente
reparadas. Não é recomendável para ser adotada em
regiões áridas.
Proteção com material granular
As falhas podem ocorrer por falta de compactação
do material do talude e/ou por deficiência da drenagem
superficial.
Ações de inspeção:
l Verificar se a proteção é adequada o bastante para
prevenir erosão
l Procurar formação de praias, taludes íngremes e
degradação da proteção
Anexo B
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
91
Se a proteção for considerada inadequada:
l Registrar e fotografar a área
l Determinar a quantidade de material removido
l Reparar a proteção inadequada
b) Erosão superficial
É um dos problemas de manutenção mais comuns
de estruturas de aterros. Se não for corrigida a tempo,
podem tornar-se problemas muito sérios.
Erosões profundas:
l Causam trincas e brechas no coroamento
l Encurtam o caminho de percolação devido à redução
da seção transversal da barragem
c) Árvores e arbustos
O crescimento de árvores e arbustos, tanto nos taludes
de montante e jusante quanto na área imediatamente à
jusante da barragem, deve ser prevenido pelas seguintes
razões:
l Permite o levantamento e inspeção das estruturas e
áreas adjacentes visando observar percolação, trincas,
afundamentos, deflexões, mal funcionamento do sistema
de drenagem e outros sinais de perigo
l Permite acesso adequado às atividades de operação
normal e de emergência e manutenção
l Previne danos às estruturas devido ao crescimento das
raízes, tais como encurtamento do caminho de
percolação, vazios no maciço pela decomposição de
raízes ou arrancamento de árvores, expansão de juntas
nos muros de concreto, canais ou tubulações,
entupimento de tubos perfurados de drenagem
l Desencoraja as atividades (pela eliminação da fonte de
alimentação e hábitat) de animais visando prevenir tocas
dentro do maciço e possíveis caminhos de percolação
l Permite o fluxo livre de água nos sangradouros, tomadas
de água, drenos, entrada e saída de canais.
d) Tocas de animais
Podem até levar à ruptura da barragem por erosão
interna (
piping
) quando passagens ou ninhos de animais:
l Fazem a conexão do reservatório com o talude de
jusante ou o encurtamento dos caminhos de
percolação
l Penetram no núcleo central da barragem
Buracos rasos ou confinados num lado do aterro, ou
tocas na parte inferior do talude, onde a seção transversal
é extensa, são menos perigosos do que buracos em seções
mais estreitas.
Ações de inspeção:
l Procurar por evidências de percolação provenientes de
tocas no talude de jusante ou na fundação
l Locar e registrar a profundidade estimada das tocas
para comparar com as futuras inspeções a fim de
verificar se o problema está evoluindo
l Se representar perigo para a barragem, remover e
erradicar as tocas
Anexo B
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
92
MODELO DE LISTA DE INSPEÇÃO
DADOS GERAIS  CONDIÇÃO ATUAL
LISTA PARA INSPEÇÃO FORMAL DO AÇUDE
Legenda:
Anexo B
(
) NÍVEL DE PERIGO:
0 – Nenhum: anomalia que não compromete a segurança da barragem,
mas que pode ser entendida como descaso e má conservação;
1 – Atenção: anomalia que não compromete a segurança da barragem a
curto prazo, mas deve ser controlada e monitorada ao longo do tempo;
2 Alerta: anomalia com risco à segurança da barragem, devem ser
tomadas providências para a eliminação do problema;
3 – Emergência: risco de ruptura iminente, situação fora de controle.
*
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
93
Anexo B
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
94
Anexo B
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
95
Anexo B
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
96
Anexo B
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
97
Anexo B
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
98
Anexo B
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
99
Anexo B
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
100
Anexo B
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
101
Anexo B
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
102
Anexo B
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
103
OBSERVAÇÕES:
A ser efetuada por pessoal devidamente treinado. Sugestão de
periodicidade: semestral ou quando observados comportamentos
anormais como surgências, erosões, elevação rápida do nível da água
no reservatório etc.
Anexo B
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
104
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
105
ANEXO C
ANOMALIAS
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
106
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
107
ANOMALIA CAUSA PROVÁVEL POSSÍVEL CONSEQÜÊNCIA AÇÕES CORRETIVAS
TALUDE DE MONTANTE
Piping
ou erosão interna no material
do maciço da barragem ou fundação
dá origem a um sumidouro. O
desabamento de uma caverna
erodida pode resultar num
sumidouro.
Uma porção do maciço se moveu
devido a perda de resistência, ou a
fundação pode ter se movido
causando um movimento no
maciço.
Terra ou pedras deslizaram pelo
talude devido a sua inclinação
exagerada ou ao movimento da
fundação. Também podem ocorrer
deslizamentos devido a movimentos
de terra na bacia do reservatório.
Ação das ondas e recalques locais
causam ao solo e às rochas erosão
e deslizamentos para a parte inferior
do talude, formando assim uma
bancada de escavação.
Piping
ou erosão interna no material
do maciço da barragem ou fundação
dá origem a um sumidouro. O
desabamento de uma caverna
erodida pode resultar num
sumidouro.
Perigo. Indica o início de um
deslizamento ou recalque do maciço
causado pela ruptura da fundação.
Perigo. Uma série de deslizamentos
podem provocar a obstrução da
tomada d’água ou ruptura da
barragem.
A erosão diminui a largura e
possivelmente a altura do maciço, o
que poderá conduzir ao aumento da
percolação ou ao transbordamento
da barragem.
Inspecionar outras partes da
barragem procurando infiltrações ou
mais sumidouros. Identificar a
causa exata do sumidouro. Checar
a água que sai do reservatório para
constatar se ela está suja. Um
engenheiro qualificado deve
inspecionar as condições e
recomendar outras ações que
devam ser tomadas. NECESSÁRIO
ENGENHEIRO.
Dependendo do maciço envolvido,
baixar o nível do reservatório. Um
engenheiro qualificado deve
inspecionar as condições e
recomendar outras ações que
devam ser tomadas. NECESSÁRIO
ENGENHEIRO.
Avaliar a extensão do deslizamento.
Monitorar o nível do reservatório se
a segurança da barragem estiver
ameaçada. Um engenheiro
qualificado deve inspecionar as
condições e recomendar outras
ações que devam ser tomadas.
NECESSÁRIO ENGENHEIRO.
Determinar as causas exatas da
formação das bancadas de
escavação. Executar os trabalhos
necessários para restaurar o
maciço, devolvendo as suas
inclinações originais e providenciar
a proteção adequada para o mesmo.
TALUDES ÍNGREMES
E BANCADAS DE ESCAVAÇÃO
Anexo C
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
108
Rip-rap
de baixa qualidade se
deteriorou. Ação das ondas
deslocou o
rip-
rap. Pedras redondas
ou de mesmo tamanho rolaram
talude abaixo.
Pedras de tamanhos similares
permitem que as ondas passem
entre elas e erodam pequenas
partículas de pedregulhos e solo.
Ação das ondas nestas áreas
desprotegidas diminui a largura do
maciço da barragem.
Solo é erodido por trás do
rip-rap
.
Isto permite que o
rip-rap
assente,
fornecendo uma menor proteção e
diminuindo a largura da barragem.
Reestabelecer o talude normal.
Colocar
rip-rap
competente.
Reestabelecer uma proteção
eficiente do talude. ENGENHEIRO
NECESSÁRIO para designar o
tamanho e a graduação das pedras
do
rip-rap
. Um engenheiro
qualificado deve inspecionar as
condições e recomendar outras
ações que devam ser tomadas.
ANOMALIA CAUSA PROVÁVEL POSSÍVEL CONSEQÜÊNCIA AÇÕES CORRETIVAS
Anexo C
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
109
ANOMALIA CAUSA PROVÁVEL POSSÍVEL CONSEQÜÊNCIA AÇÕES CORRETIVAS
TALUDE DE JUSANTE
1. Falta ou perda de resistência do
material do maciço da barragem.
2. Perda de resistência pode ser
atribuída à infiltração de água no
maciço ou falta de suporte da
fundação.
Assentamentos diferenciados do
maciço da barragem também
provocam rachaduras transversais
(o centro assenta mais que as
ombreiras).
1. Falta de uma compactação
adequada.
2.
Piping
através do maciço ou
fundação.
3. Buracos internos.
1. Ressecamento ou contração do
material de superfície.
2. Movimentos de assentamento do
maciço a jusante.
Perigo. Deslizamento do maciço
através da crista ou talude de
montante, reduzindo freeboard.
Pode resultar no colapso estrutural
ou transbordamento.
Perigo.
1. Rachaduras devido a recalques
ou contrações podem provocar
infiltrações da água do
reservatório através da barragem.
2. Rachaduras de contrações
permitem que a água penetre no
maciço e provoque rupturas.
Perigo. Indicação de possível
erosão do maciço.
1. Pode ser um aviso de um futuro
deslizamento.
2. Rachaduras de contração
permitem que a água penetre no
maciço e provoque rupturas.
3. Recalques ou deslizamentos
mostrando a perda de
estabilidade da barragem podem
provocar a sua ruína.
1. Medir a extensão e o deslocamento
do escorregamento.
2. Se o movimento continuar, começar
a baixar o nível d’água até parar o
movimento.
3. Um engenheiro qualificado deve
inspecionar as condições e
recomendar outras ações que
devam ser tomadas. NECESSÁRIO
ENGENHEIRO.
1. Se necessário, tampe a
rachadura do talude de montante
para prevenir a passagem da
água do reservatório.
2. Um engenheiro qualificado deve
inspecionar as condições e
recomendar outras ações que
devam ser tomadas. NECESSÁRIO
ENGENHEIRO.
1. Inspecionar para reparos em
buracos internos.
2. Um engenheiro qualificado deve
inspecionar as condições e
recomendar outras ações que
devam ser tomadas. NECESSÁRIO
ENGENHEIRO.
1. Se as rachaduras são de
ressecamento, cubra a área com
material bem compactado para
manter a superfície seca e a
umidade natural.
2. Se as rachaduras são
extensivas, um engenheiro
qualificado deve inspecionar as
condições e recomendar outras
ações que devam ser tomadas.
NECESSÁRIO ENGENHEIRO.
Anexo C
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
110
ANOMALIA CAUSA PROVÁVEL POSSÍVEL CONSEQÜÊNCIA AÇÕES CORRETIVAS
Precedidos de erosão regressiva
numa porção do talude. Também
podem ser encontrados em taludes
muito íngremes.
Água das chuvas carregam material
da superfície do talude, resultando
numa calha/vala contínua.
Vegetação natural da área.
Grande quantidade de roedores.
Buracos, túneis e cavernas são
causadas por animais roedores.
Certos hábitats, com alguns tipos
de plantas e árvores, próximos ao
reservatório encorajam estes
animais.
Pode expor zonas impermeáveis à
erosão e provocar futuros
afundamentos.
Pode ser perigosa se continuar. A
erosão pode provocar eventual
deterioração do talude de jusante e,
posteriormente, a ruptura da
estrutura.
1. Raízes de árvores grandes
podem criar caminhos para
passagem de água.
2. Arbustos podem dificultar
inspeções visuais e abrigar
roedores.
Pode reduzir o caminho de
percolação da água e provocar o
piping
. Se existir túneis na maior
parte da barragem, pode ocorrer a
ruptura desta.
1. Inspecionar a área em busca de
infiltração.
2. Monitorar rupturas progressivas.
3. Um engenheiro qualificado deve
inspecionar as condições e
recomendar outras ações que
devam ser tomadas. NECESSÁRIO
ENGENHEIRO.
1. O método preferido de proteção
de áreas erodidas é a colocação
de pedras de
rip-rap
.
2. Refazer a grama de proteção
caso o problema seja detectado
no início.
1. Remover as raízes das árvores
grandes.
2. Controlar a vegetação no maciço
que dificulte as inspeções
visuais.
1. Controlar roedores para prevenir
maiores danos.
2. Tampar buracos existentes.
3. Remover roedores. Determinar o
exato local da escavação e
extensão do túnel. Remover o
hábitat e reparar danos.
Anexo C
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
111
ANOMALIA CAUSA PROVÁVEL POSSÍVEL CONSEQÜÊNCIA AÇÕES CORRETIVAS
Problema no material usado na
construção.
Água movendo-se através de
rachaduras ou fissuras nos
materiais da ombreira.
Tráfego excessivo de animais
especialmente danoso quando o
talude está molhado.
Perigo.
1. As áreas molhadas abaixo, da
área onde está ocorrendo a
infiltração pode provocar uma
instabilidade no maciço.
2. Fluxos excessivos podem
provocar uma erosão acelerada
do material do maciço e a
barragem pode ruir.
Pode provocar uma erosão rápida
na ombreira e o esvaziamento do
reservatório. Pode provocar
deslizamentos próximos ou a
jusante da barragem.
1. Cria áreas com baixa proteção
contra a erosão.
2. Permite que a água acumule-se
em determinados locais.
3. Área suscetível a rachaduras por
ressecamento.
1. Determinar o mais próximo
possível o fluxo que está sendo
produzido.
2. Se o fluxo aumentar, o nível do
reservatório deve ser reduzido até
o fluxo se estabelecer ou parar.
3. Demarcar a área envolvida.
4. Tentar identificar o material que
está permitindo o fluxo.
5. Um engenheiro qualificado deve
inspecionar as condições e
recomendar outras ações que
devam ser tomadas.
NECESSÁRIO ENGENHEIRO.
1. Inspecionar cuidadosamente a
área para determinar a quantidade
do fluxo e do material transportado.
2. Um engenheiro qualificado ou um
geólogo deve inspecionar as
condições e recomendar outras
ações que devam ser tomadas.
NECESSÁRIO ENGENHEIRO.
1. Cercar a área de fora da barragem.
2. Reparar a proteção contra erosão
com
rip-rap
ou grama.
Anexo C
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
112
ANOMALIA CAUSA PROVÁVEL POSSÍVEL CONSEQÜÊNCIA AÇÕES CORRETIVAS
CRISTA
1. Assentamentos diferentes entre
seções adjacentes ou zonas do
maciço da barragem.
2. Falha na fundação causando
perda de estabilidade.
3. Estágios iniciais de deslizamentos
do maciço.
1. Movimento vertical entre seções
adjacentes do maciço da
barragem.
2. Deformação ou falha estrutural
causado por instabilidade
estrutural ou falha na fundação.
Perigo.
1. Cria local de pouca resistência no
interior do maciço. Pode ser o
ponto de início de um futuro
movimento estrutural, deformação
ou ruptura.
2. Permite um ponto de entrada do
escoamento superficial para
dentro do maciço, permitindo a
saturação da área adjacente do
maciço da barragem, e possível
lubrificação que poderá provocar
uma ruptura localizada.
Perigo.
1. Cria uma área local de pouca
resistência no interior do maciço
que pode causar futuros
movimentos.
2. Provoca instabilidade estrutural ou
ruptura.
3. Permite um ponto de entrada para
a água superficial que futuramente
poderá causar ruptura.
4. Reduz a seção transversal
disponível.
1. Inspecionar a rachadura e
cuidadosamente anotar a localização,
comprimento, profundidade,
alinhamento e outros aspectos físicos
pertinentes. Imediatamente demarcar
os limites da rachadura. Monitorar
freqüentemente.
2. Engenheiro deve determinar a causa
da rachadura e supervisionar as
etapas necessárias para reduzir o
perigo para a barragem e corrigir o
problema.
3. As rachaduras da superfície da crista
devam ser seladas para prevenir
infiltração da água superficial.
4. Continuar monitorando
rotineiramente a crista para indícios
de rachaduras. NECESSÁRIO
ENGENHEIRO.
1. Cuidadosamente inspecionar o
deslocamento e anotar a
localização, comprimento,
profundidade, alinhamento e outros
aspectos físicos pertinentes. O
engenheiro deve determinar a causa
do deslocamento e supervisionar as
etapas necessárias para reduzir o
perigo para a barragem e corrigir o
problema.
2. Escavar a área até o fundo do
deslocamento. Preencher a
escavação usando material
competente e técnicas de
construção corretas, sob a
supervisão de um engenheiro.
3. Continuar a monitorar áreas
rotineiramente para indícios de
futuras rachaduras ou movimento.
NECESSÁRIO ENGENHEIRO.
Anexo C
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
113
1. Atividade de roedores.
2. Furos no conduto da tomada
d’água está causando erosão do
material do maciço da barragem.
3. Erosão interna ou
piping
do
material do maciço devido a
infiltração.
1. Movimentos desiguais das partes
adjacentes da estrutura.
2. Deformação causada por tensão
estrutural ou instabilidade.
Perigo.
1. Vazios dentro da barragem podem
causar desabamentos,
deslizamentos, instabilidade, ou
reduzir a seção transversal do
maciço da barragem.
2. Ponto de entrada para água
superficial.
Perigo.
1. Pode criar um caminho para
infiltração através da seção
transversal do maciço.
2. Cria área local de baixa resistência
no interior do maciço. Futuro
movimento estrutural, deformação
ou ruptura poderá se iniciar.
3. Permite um ponto de entrada para
água de escoamento superficial.
1. Cuidadosamente inspecionar o
desabamento e anotar a localização,
comprimento, profundidade,
alinhamento e outros aspectos
físicos pertinentes.
2. Engenheiro deve determinar a
causa do desabamento e
supervisionar as etapas
necessárias para reduzir o perigo
para a barragem e corrigir o
problema.
3. Escavar os lados da área que
desabou e preencher o buraco com
material competente usando
técnicas de construção adequadas.
Isto deve ser supervisionado por
engenheiro. NECESSÁRIO
ENGENHEIRO.
4. Continuar monitorando
rotineiramente a crista a procura de
indícios de rachaduras.
NECESSÁRIO ENGENHEIRO.
1. Inspecionar a rachadura e
cuidadosamente anotar a
localização, comprimento,
profundidade, alinhamento e outros
aspectos físicos pertinentes.
Imediatamente demarcar os limites
da rachadura. Monitorar
freqüentemente.
2. Um engenheiro deve determinar a
causa da rachadura e supervisionar
as etapas necessárias para reduzir
o perigo para a barragem e corrigir
o problema.
3. Escavar a crista ao longo da
rachadura para um ponto abaixo do
fundo da rachadura. Preencher a
escavação usando material
competente e técnicas de
construção corretas, sob a
supervisão de um engenheiro. Isto
irá selar a rachadura contra
infiltração e escoamento superficial.
NECESSÁRIO ENGENHEIRO.
4. Continuar monitorando
rotineiramente a crista a procura de
indícios de rachaduras.
NECESSÁRIO ENGENHEIRO.
ANOMALIA CAUSA PROVÁVEL POSSÍVEL CONSEQÜÊNCIA AÇÕES CORRETIVAS
Anexo C
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
114
ANOMALIA CAUSA PROVÁVEL POSSÍVEL CONSEQÜÊNCIA AÇÕES CORRETIVAS
1. Movimentos entre partes
adjacentes da estrutura.
2. Deformação estrutural ou ruptura
próxima à área do desalinhamento.
1. Assentamento excessivo no
maciço ou fundação diretamente
abaixo da depressão na crista.
2. Erosão interna do material do
maciço da barragem.
3. Erosão pelo vento prolongada na
área da crista.
4. Terraplanagem final inadequada
após a construção.
1. Área de desalinhamento é
normalmente acompanhada de
depressões na crista que
reduzem a cota de segurança.
2. Pode produzir áreas locais de
baixa resistência do maciço que
pode provocar ruptura.
Reduz a cota de segurança
disponível para a passagem de
água através do sangradouro com
segurança.
1. Estabelecer marcos
transversalmente à crista para
determinar a exata porção,
localização e extensão do
assentamento na crista.
2. Um engenheiro deve determinar a
causa do desalinhamento e
supervisionar as etapas
necessárias para reduzir o perigo
para a barragem e corrigir o
problema.
3. Monitorar os marcos da crista
utilizando tabelas, seguindo com
ações remediadoras para detectar
possíveis movimentos futuros.
NECESSÁRIO ENGENHEIRO.
1. Estabelecer marcos
transversalmente à crista para
determinar a exata porção,
localização e extensão do
assentamento na crista.
2. Engenheiro deve determinar a
causa da depressão na crista e
supervisionar as etapas
necessárias para reduzir o perigo
para a barragem e corrigir o
problema.
3. Reestabelecer a elevação da
crista de maneira uniforme
preenchendo as áreas com
depressões utilizando técnicas
construtivas adequadas. Deve
ser supervisionado por
engenheiro.
4. Reestabelecer marcos
transversalmente à crista da
barragem e monitorar os marcos
rotineiramente para detectar
possível recalque futuramente.
Anexo C
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
115
Negligência com a barragem e falta
de procedimentos de manutenção
adequada.
Animais roedores.
1. Material mal graduado e
drenagem inadequada da crista.
2. Capacidade inadequada do
sangradouro que pode provocar
o transbordamento da barragem.
Tráfego de veículos pesados sem a
manutenção adequada da
superfície da crista.
ANOMALIA CAUSA PROVÁVEL POSSÍVEL CONSEQÜÊNCIA AÇÕES CORRETIVAS
Anexo C
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
116
ANOMALIA CAUSA PROVÁVEL POSSÍVEL CONSEQÜÊNCIA AÇÕES CORRETIVAS
ÁREAS A JUSANTE DA BARRAGEM
Água movendo-se rapidamente
através do maciço ou fundação está
sendo controlada ou contida por um
sistema gramado de raízes bem
estabelecido.
Condição mostra uma infiltração
excessiva na área. Se o sistema de
raízes for destruído, ocorrerá uma
erosão rápida no material da
fundação, o que resultará na ruptura
da barragem.
1. Inspecionar cuidadosamente a
área e averiguar a quantidade de
fluxo e o transporte de materiais.
2. Um engenheiro qualificado deve
inspecionar as condições e
recomendar outras ações que
devam ser tomadas.
NECESSÁRIO ENGENHEIRO.
Anexo C
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
117
TALUDE DE JUSANTE DE CONCRETO
1. Concreto deteriorado devido ao
intemperismo.
2. Enchimento das juntas
deterioradas ou deslocadas.
O solo perde a umidade e sofre
contração, causando as rachaduras.
Geralmente vistos na crista e talude
de jusante.
1. Solo está erodido por trás da face
e o que pode ter ocasionado a
formação de buracos ou
cavernas.
2. Rachaduras no concreto das
seções sem sustentação.
Chuvas fortes podem encher as
rachaduras e causar o movimento
de pequenas partes do maciço.
1. Determinar a causa. Contatar um
engenheiro para métodos de
reparos permanentes.
2. Se o dano for extenso, um
engenheiro qualificado deve
inspecionar as condições e
recomendar outras ações que
devam ser tomadas.
NECESSÁRIO ENGENHEIRO.
1. Monitorar rachaduras atentando
para o aumento no comprimento,
largura e profundidade.
2. Um engenheiro qualificado deve
inspecionar as condições e
recomendar outras ações que
devam ser tomadas.
NECESSÁRIO ENGENHEIRO.
ANOMALIA CAUSA PROVÁVEL POSSÍVEL CONSEQÜÊNCIA AÇÕES CORRETIVAS
Anexo C
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
118
SANGRADOURO
ANOMALIA CAUSA PROVÁVEL POSSÍVEL CONSEQÜÊNCIA AÇÕES CORRETIVAS
Acúmulo de sedimentos, árvores
mortas, crescimento vegetativo
excessivo etc., no canal do
sangradouro.
Escoamento superficial de chuvas
intensas carrega material de
superfície talude abaixo, o que
resulta em depressões/canais
contínuos. O tráfego de animais cria
erosões profundas onde a
concentração de fluxo varia.
Descarga de velocidade muito
elevada; material do fundo e das
laterais solto ou deteriorado; canal
ou taludes muito íngremes; solo
exposto desprotegido; a proteção da
superfície mal construída.
Configuração inadequada da bacia
de dissipação. Materiais altamente
erosivos. Falta de uma cortina de
vedação no final da calha.
Redução da capacidade de
descarga; inundação do
sangradouro; transbordamento da
barragem. O transbordamento
prolongado pode causar a ruptura
da barragem.
Erosões não-combatidas podem
provocar deslizamentos ou
desabamentos que resultam na
redução da capacidade do
sangradouro. A capacidade
inadequada do sangradouro pode
provocar o transbordamento da
barragem e resultar na ruptura desta.
Distúrbio na disposição do fluxo;
perda de material; aumento do
acúmulo de sedimentos a jusante;
ruptura do sangradouro; pode
provocar o esvaziamento rápido do
reservatório através do sangradouro
severamente erodido.
Perigo.
Dano estrutural no sangradouro; alto
custo de reparo no caso de
desmoronamento da laje ou parede.
Retirar os detritos periodicamente;
controlar o crescimento vegetativo
no canal do sangradouro. Instalar
uma rede de proteção na entrada
do sangradouro para interceptar
detritos.
Fotografar o problema. Reparar a
área com danos substituindo o
material erodido por aterro
compactado. Proteger a área contra
futuras erosões colocando um bom
rip-rap
. Revegetar a área se
apropriado. Chamar a atenção do
engenheiro para o problema na
próxima inspeção.
Minimizar a velocidade do fluxo com
um projeto adequado. Usar material
firme. Manter o canal e os taludes
laterais suaves. Encorajar o
crescimento de grama no solo da
superfície. Construir superfícies
suaves e bem compactadas.
Proteger a superfície com
rip-rap
,
asfalto ou concreto. Reparar a parte
erodida usando práticas de
construção adequadas.
Enxugar a área afetada; retirar o
material erodido e preencher
corretamente com bom material;
fornecer
rip-rap
de tamanho
adequado para a área da bacia de
dissipação. Instalar uma cortina de
vedação.
Anexo C
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
119
ANOMALIA CAUSA PROVÁVEL POSSÍVEL CONSEQÜÊNCIA AÇÕES CORRETIVAS
Erros de acabamento ou de mão-
de-obra; assentamento desigual da
fundação; pressão excessiva do
aterro ou da água; reforço
insuficiente das barras de ferro do
concreto.
Construção incorreta; esforço
concentrado; deterioração do
material; falhas na fundação;
pressão externa excessiva.
Recalque excessivo ou desigual da
fundação; fuga de material da junta;
junta construída muito larga e não-
selada. Selante deteriorado ou
removido.
Talude muito íngreme; material mal
graduado; ruptura do subleito;
velocidade de escoamento muito
alta; colocação inadequada do
material; material do leito ou
fundação levado embora pela água.
1. Pequenos deslocamentos irão
criar turbulência e redemoinho no
fluxo, causando erosão no solo
atrás da parede.
2. Grandes deslocamentos
causarão rachaduras severas e
evetual ruptura da estrutura.
Distúrbios no escoamento; erosão
na fundação e no aterro de
recobrimento; eventual
desmoronamento da estrutura.
Erosão do material da fundação pode
enfraquecer o suporte da estrutura e
causar futuras rachaduras; pressão
induzida pelo fluxo das águas através
das juntas deslocadas pode carregar
a laje ou parede e causar um
solapamento extensivo.
Erosão no fundo do canal e no
aterro; ruptura do sangradouro.
Reconstrução deve ser feita de acordo
com as práticas da engenharia. A
fundação deve ser cuidadosamente
preparada. Calhas drenantes devam
ser usadas para aliviar a pressão
atrás da parede. Usar reforço
suficiente no concreto. Ancorar as
paredes para prevenir futuros
deslocamentos. Limpar os drenos
para assegurar sua operação
adequada. Consultar um engenheiro
antes das ações serem tomadas.
ENGENHEIRO NECESSÁRIO.
1. Grandes rachaduras sem
grandes deslocamentos devam
ser reparadas com remendos.
2. Áreas ao redor devam ser limpas
e cortadas antes que o material
de remendo seja aplicado.
Instalação de calhas drenantes
ou outras ações podem ser
necessárias.
As juntas não devam ser muito
largas. Todas as juntas devam ser
seladas com asfalto ou outro material
flexível. Limpar as juntas, substituir
os materiais erodidos e selar as
juntas. A fundação deve ser
propriamente drenada e preparada.
Evitar o talude da calha muito
inclinado. NECESSÁRIO
ENGENHEIRO
Projetar um talude estável para o fundo
do canal e para o aterro. O material
rip-
rap
deve ser bem graduado (o material
deve conter partículas pequenas,
médias e grandes). O subleito deve ser
bem preparado antes da colocação do
rip-rap
. Instalar um filtro drenante, se
necessário. Controlar a velocidade do
fluxo do sangradouro.
Rip-rap
deve ser
colocado de acordo com a
especificação. É recomendado o
serviço de um engenheiro.
NECESSÁRIO ENGENHEIRO.
Anexo C
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
120
ANOMALIA CAUSA PROVÁVEL POSSÍVEL CONSEQÜÊNCIA AÇÕES CORRETIVAS
Uso de materiais impróprios ou
com defeito; manutenção
inadequada.
Falta de valas drenantes; falta de
instalações de drenagem; drenos
entupidos.
Velocidade do fluxo muito alta;
rolamento de pedregulhos e pedras
sangradouro abaixo; cavidade atrás
ou abaixo da laje de concreto.
1. Rachaduras e juntas no
sangradouro estão permitindo
infiltração.
2. A camada de areia ou pedra está
permitindo infiltração.
A vida útil da estrutura será
diminuída; ruptura prematura.
Fundação molhada tem menor
capacidade de suporte; subpressão
resultante de infiltrações pode
causar danos na calha do
sangradouro; acúmulo de água
também pode aumentar a pressão
total nas paredes do sangradouro e
causar danos.
Os problemas podem progredir e
tornarem-se piores; pequenos
buracos podem causar
solapamento da fundação, o que
provocará a ruptura da estrutura.
1. Pode induzir uma perda
excessiva de água armazenada.
2. Pode induzir uma ruptura se a
velocidade for alta o bastante para
causar erosão de materiais
naturais.
Evitar o uso de arenito para
rip-rap
.
Usar apenas agregados limpos e de
boa qualidade no concreto.
Respeitar o recobrimento de
concreto nas barras de ferro. O
concreto deve ser mantido molhado
e protegido durante a cura. A madeira
deve ser tratada antes de ser usada.
Fazer valas de drenagem nas
paredes do sangradouro. A saída
interna do buraco deve ser cercada
e preenchida de material filtrante
graduado. Instalar sistema de
drenagem debaixo do sangradouro
próximo da saída a jusante. Esvaziar
as valas drenantes existentes.
Reabilitar o sistema de drenagem
sobre a supervisão de um
engenheiro. NECESSÁRIO
ENGENHEIRO.
Remover as pedras e pedregulhos
da calha do sangradouro antes da
estação chuvosa. Usar concreto de
boa qualidade. Assegurar que a
superfície de concreto está plana.
NECESSÁRIO ENGENHEIRO.
1. Examinar a areia de saída para ver
se o tipo de material pode explicar o
vazamento.
2. Medir a quantidade do fluxo e checar
se existe erosão dos materiais
naturais.
3. Se a velocidade do fluxo ou
quantidade de materiais erodidos
aumentar rapidamente, o nível do
reservatório deve ser abaixado até o
fluxo se estabilizar.
4. Um engenheiro qualificado deve
inspecionar as condições e
recomendar outras ações que
devam ser tomadas. NECESSÁRIO
ENGENHEIRO.
Anexo C
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
121
ANOMALIA CAUSA PROVÁVEL POSSÍVEL CONSEQÜÊNCIA AÇÕES CORRETIVAS
Água entrando por trás da estrutura
devido à drenagem insuficiente ou
valas de drenagem entupidas.
1. Pode causar a queda das
paredes. Fluxo através do concreto
pode conduzir a uma rápida
deterioração por intemperismo.
2. Se o sangradouro está localizado
dentro do maciço, uma erosão
rápida pode induzir uma ruptura
da barragem.
1. Checar a área atrás da parede a
procura de áreas molhadas.
2. Checar e limpar o quanto
necessário.
3. Se a condição persistir, um
engenheiro qualificado deve
inspecionar as condições e
recomendar outras ações que
devam ser tomadas.
NECESSÁRIO ENGENHEIRO.
Anexo C
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
122
ANOMALIA CAUSA PROVÁVEL POSSÍVEL CONSEQÜÊNCIA AÇÕES CORRETIVAS
Recalque; impacto.
Ferrugem; erosão; cavitação.
Recalques ou má construção.
Uma pequena infiltração no
caminho ou um aumento do nível
de água armazenado.
ENTRADAS DÁGUA, SAÍDAS DÁGUA E DRENOS
Infiltração excessiva, possível
erosão interna.
Perigo. Infiltração excessiva,
possível erosão interna.
Perigo. Permite a passagem da
água para dentro ou fora da
tubulação, resultando na erosão do
material interno da barragem.
Perigo.
1. Um aumento da velocidade do
fluxo pode causar erosão no
dreno e depois no material do
maciço.
2. Pode provocar ruptura devido ao
piping
.
Checar a evidência de água saindo
ou entrando na tubulação existente
pela rachadura, buracos etc.
Bater de leve na tubulação, na
vizinhança da área com danos,
tentando ouvir um barulho oco que
mostra que se formou um vazio ao
longo da parte externa do conduto.
Se há suspeita de ruptura
progressiva, solicitar a ajuda de um
engenheiro.
1. Medir a quantidade do fluxo na saída
e determinar o crescimento
comparando com o fluxo anterior.
2. Coletar amostras para comparar a
turbidez.
3. Se a quantidade ou turbidez
aumentou acima de 25%, um
engenheiro qualificado deve
inspecionar as condições e
recomendar outras ações que
devam ser tomadas. NECESSÁRIO
ENGENHEIRO.
Anexo C
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
123
ANOMALIA CAUSA PROVÁVEL POSSÍVEL CONSEQÜÊNCIA AÇÕES CORRETIVAS
1. BLOCO DE SUPORTE QUEBRADO.
Deterioração do concreto. Força
excessiva, na tentativa de abrir a
comporta.
2. HASTE DE CONTROLE QUEBRADA
OU DOBRADA. Ferrugem. Força
excessiva na abertura ou
fechamento da comporta. Guias
das hastes inadequadas.
3. GUIAS DAS HASTES FALTANDO
OU QUEBRADAS. Ferrugem.
Lubrificação inadequada. Excesso
de força na abertura ou
fechamento da válvula.
Pressões laterais excessivas ou
falta de reforço na estrutura de
concreto. Baixa qualidade do
concreto.
Tubulação de saída d’água muito
pequena. Falta de bacia de
dissipação na saída do conduto.
1. Bloco de suporte pode pender e
a haste de controle emperrar. A
comporta pode não abrir
completamente. O bloco de
suporte pode falhar
completamente, deixando a
saída d’água inoperante.
2. A saída d’água está inoperante.
3. Perda de suporte da haste de
controle. A haste pode quebrar ou
entortar mesmo no seu uso
normal.
Perigo. Perda da estrutura de saída
d’água expõe o maciço à erosão na
liberação da água.
Perigo. Erosão do pé do talude de
jusante causando um charco
progressivo.
Qualquer uma destas condições
pode significar que o controle está
inoperante ou operando
parcialmente. O uso do sistema
deve ser minimizado ou
descontinuado. Se o sistema de
saída d’água possui uma segunda
válvula, considerar o seu uso para
regular as liberações até que os
reparos possam ser feitos. A ajuda
de engenheiros é recomendável.
1. Checar para ruptura progressiva
monitorando a dimensão típica,
como o D mostrado na figura.
2. Reparar remendando as
rachaduras e suprindo a
drenagem ao redor da estrutura
de concreto. Uma substituição
total da estrutura de saída d’água
pode ser necessária.
1. Estender a tubulação além do pé.
2. Proteger o maciço com
rip-rap
sobre uma camada bem
compactada.
Anexo C
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
124
ANOMALIA CAUSA PROVÁVEL POSSÍVEL CONSEQÜÊNCIA AÇÕES CORRETIVAS
Grade de proteção quebrada ou
faltando.
Ferrugem, efeitos de vibração, ou
tensão resultante do esforço
empregado para fechar a comporta
quando está emperrada.
Ferrugem, erosão, cavitação,
vibração ou desgaste.
1. Tubulação da tomada d’água
quebrada.
2. Um caminho para percolação se
desenvolveu ao longo da
tubulação de saída.
A comporta não irá fechar. A válvula
ou haste poderá sofrer danos no
esforço de fechar a comporta.
Comporta principal pode romper
completamente, esvaziando o
reservatório.
Vazamento ou perda de suporte da
comporta. A comporta pode ser
comprometida e tornar-se
inoperante.
Perigo. Um fluxo contínuo pode
induzir uma erosão do material do
maciço e provocar a ruptura da
barragem.
Aumentar e abaixar a comporta
vagarosamente até os detritos
ficarem soltos. Quando o nível do
reservatório for rebaixado, reparar
ou substituir a grade de proteção.
Usar válvula somente na posição
completamente fechada ou aberta.
Minimizar o uso de válvulas até que
a comporta seja reparada ou
substituída.
Minimizar o uso de válvulas até que
a comporta seja reparada ou
substituída. Se a causa for cavitação,
checar se existe tubo de ventilação,
e se ele está desobstruído.
1. Examinar cuidadosamente a área
para tentar determinar a causa.
2. Verificar se água percolada carrega
partículas de solo.
3. Determinar a quantidade do fluxo.
4. Se o fluxo aumentar, ou se está
carregando material do maciço, o
nível do reservatório deve ser
rebaixado até que a infiltração pare.
5. Um engenheiro qualificado deve
inspecionar as condições e
recomendar outras ações que
devam ser tomadas. NECESSÁRIO
ENGENHEIRO.
VAZAMENTO NA VÁLVULA
Anexo C
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
125
ANEXO D
MODELO DE PAE
PLANO DE AÇÃO EMERGENCIAL
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
126
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
127
PLANO DE AÇÃO EMERGENCIAL – PAE
AÇUDE ___________________________
(MUNICÍPIO DE_______________________)
PROPRIETÁRIO_____________________
DATA
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
128
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO ........................................................................ 129
2. RESPONSABILIDADES ......................................................... 129
3. MAPA DE INUNDAÇÃO .......................................................... 129
4. RUPTURA EM PROGRESSÃO............................................... 129
5. RUPTURA IMINENTE ............................................................. 130
6. RUPTURA EM DESENVOLVIMENTO LENTO OU SITUAÇÃO
NÃO USUAL ........................................................................... 130
7. SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA.............................................. 130
7.1 ABALO SÍSMICO .................................................................... 130
7.2 ENCHENTE ........................................................................... 131
7.3 EROSÃO, ABATIMENTO, ENCHARCAMENTO OU TRINCAMENTO DA BARRAGEM OU
OMBREIRAS
........................................................................... 131
7.4 NOVAS FONTES, INFILTRAÇÃO, CHARCOS, AUMENTO DE FLUXO OU
SUMIDOUROS
(SINKHOLES) ....................................................... 131
7.5 DESLIZAMENTOS .................................................................... 131
7.6 DESCARGAS SÚBITAS DE ÁGUA ................................................. 132
7.7 LEITURAS DE INSTRUMENTAÇÃO ANORMAIS .................................. 132
7.8 OUTROS PROBLEMAS .............................................................. 132
7.9 TÉRMINO DA SITUAÇÃO EMERGENCIAL E AÇÕES COMPLEMENTARES ......... 132
8. AÇÕES PREVENTIVAS .......................................................... 132
8.1 GALGAMENTO POR ENCHIMENTO DO RESERVATÓRIO ...................... 132
8.2 REDUÇÃO DA BORDA LIVRE E/OU REDUÇÃO DA LARGURA DA CRISTA ........ 132
8.3 DESLIZAMENTO NO TALUDE DE MONTANTE OU DE JUSANTE DO ATERRO ........ 133
8.4 EROSÃO REGRESSIVA (PIPING) NO ATERRO, FUNDAÇÃO OU OMBREIRAS ...... 133
8.5 FALHA EM UM DISPOSITIVO DE DESCARGA, COMO TOMADA DÁGUA E
SANGRADOURO
..................................................................... 133
8.6 DESLOCAMENTO EM MASSA DA BARRAGEM ................................... 133
8.7 PERCOLAÇÃO EXCESSIVA E SATURAÇÃO DO ATERRO EM COTAS ELEVADAS ...... 133
8.8 EROSÃO NO SANGRADOURO COM RISCO DE ESVAZIAMENTO DO
RESERVATÓRIO
..................................................................... 133
8.9 ABATIMENTO EXCESSIVO DO ATERRO ......................................... 133
8.10 PERDA DE SUPORTE DAS OMBREIRAS OU TRINCAMENTO EXCESSIVO EM
BARRAGENS
DE CONCRETO ...................................................... 135
9. RECURSOS E SUPRIMENTOS DE EMERGÊNCIA ............. 135
10. ATRIBUIÇÃO DE RESPONSABILIDADES............................ 135
11. APROVAÇÃO DO PAE.......................................................... 135
12. APÊNDICES ......................................................................... 135
12.1 APÊNDICE A – FICHA TÉCNICA DO AÇUDE ................. 135
12.2 APÊNDICE B – LISTA DE NOTIFICAÇÃO ....................... 135
12.3 APÊNDICE C – AFIXAÇÃO DE LISTAS DE NOTIFICAÇÃO E
DISTRIBUIÇÃO DO PAE ................................................ 135
12.4 APÊNDICE D – ATUALIZAÇÃO DO PAE......................... 135
12.5 APÊNDICE E – MAPA DE INUNDAÇÃO ......................... 135
Anexo D
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
129
1. INTRODUÇÃO
O Plano de Ações Emergenciais (PAE) contém
procedimentos de notificação, no formato de um relatório
de inspeção técnica das estruturas de engenharia que
compõe uma barragem, no sentido de salvaguardar a vida
da população que habita às margens de um rio (ou riacho)
que é represado por essa barragem e ainda de alertar
quanto aos aspectos de funcionamento, durabilidade e
eficiência da estrutura de armazenamento, na eventualidade
de uma ruptura da barragem.
Este PAE define responsabilidades e indica os
procedimentos previstos para:
a) identificar situações não usuais e/ou indesejáveis, que
possam vir a comprometer a segurança da Barragem;
b) iniciar as ações remediadoras a tempo para prevenir
ou minimizar os impactos a jusante de uma eventual
ruptura da barragem;
c) iniciar as ações emergenciais para notificação das
populações a jusante sobre uma iminente ou atual ruptura
da barragem.
Neste plano, o termo barragem é utilizado
compreendendo não só o maciço, mas também todas as
estruturas complementares porventura existentes (e.g.
tomada de água, sangradouro, diques etc.).
Nome oficial da barragem: ________________________
Localizada no rio/riacho: __________________________
Caminho do fluxo a jusante: riacho______para riacho_____
para rio________etc.
Categoria de risco a jusante: ALTO MÉDIO BAIXO
Número de construção na região de inundação a jusante:___
__________________________________________________________
Descrição das propriedades:______________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
OBS.: A FICHA TÉCNICA deste açude encontra-se
apresentada nos apêndices.
2. RESPONSABILIDADES
Operação e manutenção diária da barragem:_________
__________________________________________________________
Implementação do PAE:___________________________
Determinação e Identificação de situações ou eventos que
requeiram ações emergenciais:____________________
_____________________________________________
(Proprietário ou representante).
O representante do proprietário da barragem, é também
responsável por:
a) __________________________________________
___________________________________________
b) __________________________________________
___________________________________________
c) __________________________________________
___________________________________________
d) __________________________________________
___________________________________________
e) __________________________________________
___________________________________________
3. MAPA DE INUNDAÇÃO
____________ construções poderão ser afetadas por
ondas de cheia, causadas por um súbito rompimento da
barragem ________. Estas construções estão marcadas
no mapa de inundação apresentado nos apêndices.
As primeiras construções serão atingidas pela água,
aproximadamente ___________ minutos após o
rompimento da barragem.
O MAPA DE INUNDAÇÃO encontra-se apresentado nos
apêndices.
4. RUPTURA EM PROGRESSÃO
Caso uma ruptura esteja em progressão, a evacuação
da área de inundação a jusante deve ser iniciada
imediatamente de acordo com os passos a seguir:
l notificar as pessoas imediatamente a jusante a respeito
da ruptura;
l coordenar esforços com outras instituições e
proprietários de barragens a jusante para reduzir a onda
de cheia, se aplicável.
Anexo D
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
130
OBS.: A LISTA DE NOTIFICAÇÃO, com os nomes das
pessoas e instituições a serem contatadas deste açude,
encontra-se apresentada nos apêndices.
5. RUPTURA IMINENTE
Caso a ruptura de uma barragem seja iminente, mas
não tenha iniciado ainda, os seguintes passos devem ser
seguidos imediatamente:
l avisar pessoas a jusante da barragem para evacuar em
vista da ruptura potencial da barragem;
l implementar a LISTA DE NOTIFICAÇÃO;
l implementar ações preventivas descritas no item 9 deste
plano;
l efetuar todos os esforços possíveis para reduzir a onda
de cheia a jusante (e.g. reduzir a entrada de água no
reservatório, operar os dispositivos de liberação de água
etc.)
6. RUPTURA EM DESENVOLVIMENTO LENTO OU
SITUAÇÃO NÃO USUAL
Caso uma ruptura em desenvolvimento lento ou
situação não usual esteja ocorrendo, onde a ruptura não
seja iminente, mas possa ocorrer se nenhuma ação for
efetivada, o pessoal encarregado deverá:
l contatar a (indicar endereço completo do órgão ou
responsável pela segurança da barragem), para uma
inspeção da barragem;
l verificar, durante estes contatos, se existe alguma ação
imediata que possa ser tomada para reduzir o risco de
ruptura;
l implementar, caso necessário, ações preventivas
descritas no item 9 deste plano;
l caso a situação torne-se mais grave, preparar para
implementar a LISTA DE NOTIFICAÇÃO.
7. SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA
A seguir são relacionados alguns dos eventos que
podem acarretar diretamente a ruptura da barragem. Para
cada um desses eventos é apresentada uma seqüência
de etapas a serem seguidas na tentativa de estabilizar a
situação.
7.1 Abalo Sísmico
Caso um tremor de terra com magnitude igual ou
superior a 5 graus na escala Richter (É sentido por todos.
Pessoas caminham sem equilíbrio. Janelas e objetos de
vidro são quebrados. Objetos, livros etc. caem de estantes.
Móveis movem-se ou tombam. Alvenarias e rebocos
racham. Árvores balançam visivelmente ou ouve-se ruído.)
seja anunciado nas proximidades, ou o indivíduo
responsável pela barragem tenha sentido tremores, dever-
se-á:
l efetuar imediatamente uma inspeção visual de toda a
barragem e estruturas complementares;
l se a barragem estiver rompendo, implementar
imediatamente as instruções descritas no item de
Ruptura em Progressão;
l se a barragem estiver danificada a ponto de acarretar
em aumento de fluxo para jusante, implementar
imediatamente os procedimentos descritos para Ruptura
Iminente;
l em outro caso, se ocorreu dano, mas este não é julgado
sério o bastante para causar o rompimento da barragem,
observar rapidamente a natureza, localização e extensão
do dano, assim como o potencial de ruptura. Em seguida,
entrar em contato com o (indicar o órgão ou responsável
pela segurança da barragem) para maiores instruções.
Uma descrição das superfícies de deslizamentos, zonas
úmidas, aumento ou surgimento de percolações ou
subsidências, incluindo sua localização, extensão, taxa
de subsidência, efeitos em estruturas próximas, fontes
ou vazamentos, nível da água no reservatório, condições
climáticas e outros fatores pertinentes será também
importante;
l caso não exista perigo iminente de ruptura da barragem,
o proprietário deverá inspecionar detalhadamente o
seguinte:
a) coroamento e ambos os taludes da barragem, por
trincas, recalques ou infiltrações;
b) ombreiras, por possíveis deslocamentos;
c) drenos ou vazamentos, por alguma turbidez ou lama
na água ou aumento de vazão;
d) estrutura do sangradouro para confirmar uma
continuidade da operação em segurança;
e) dispositivos de descarga, casa de controle, túnel e
Anexo D
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
131
câmara da comporta por integridade estrutural;
f) áreas no reservatório e a jusante, por deslizamentos
de terra;
g) outras estruturas complementares.
Relate todos os aspectos observados para o (indicar
o órgão responsável) e todas as outras instituições
contatadas anteriormente durante a emergência. Também
certifique-se de observar cuidadosamente a barragem nas
próximas duas a quatro semanas já que alguns danos
podem não aparecer imediatamente após o abalo.
7.2 Enchente
Estudo da propagação da Cheia Afluente de Projeto
indicará se o sangradouro irá ou não suportar a cheia sem
problemas. No caso de um evento de cheia maior,
procedimentos especiais devem ser efetuados para
assegurar vidas e propriedades a jusante. Se algo
acontecer causando elevação do nível da água no
reservatório até 0,6m abaixo da crista da barragem, ou seja,
cota ________ (cota coroamento – 0,6m), contate o (indicar
o órgão responsável) imediatamente relatando o seguinte:
a) elevação atual do nível do reservatório e borda livre;
b) taxa de elevação do nível do reservatório;
c) condições climáticas – passado, presente e
previsão;
d) condições de descarga dos riachos e rios a jusante;
e) a vazão dos drenos.
No momento em que o nível de água do reservatório
exceder a cota da soleira do sangradouro, ou
cota____________ , pelo menos 1 (uma) inspeção
diária da barragem deve ser efetuada.
Se o nível do reservatório atingir 0,3m da crista da
barragem, ou cota ___________, implemente
imediatamente os seguintes procedimentos:
a) contatar o (indicar o órgão responsável);
b) aumentar, gradualmente, a descarga no sangradouro
e/ou tomada d’água se possível;
c) tentar notificar as pessoas residentes a jusante sobre
o aumento de vazão, e aumente as vazões em
estágios para evitar atingir o pessoal a jusante.
______________ é responsável pela operação da
descarga para atenuar a cheia;
d) verificar o pé da barragem e ombreiras a jusante
procurando por novas infiltrações ou percolações
anormais no dreno do pé, se existir alguma indicação
de fluxo com carreamento de argila ou silte ou
aumento das vazões, implementar os procedimentos
de Ruptura Iminente;
e) verificar o aumento/redução de percolação devido à
variação do nível da água;
f) verificar trincas, abatimentos, umedecimentos,
deslizamentos ou outros sinais de perigo próximos
às ombreiras ou crista.
7.3 Erosão, abatimento, encharcamento ou
trincamento da barragem ou ombreiras
Determinar a localização, dimensão da área afetada
(altura, largura e profundidade), severidade, estimativa de
descarga, turbidez da água de percolação e os níveis de
água no reservatório e na região a jusante. Se uma ruptura
parecer provável, implementar imediatamente os
procedimentos de Ruptura Iminente, caso contrário, contatar
o (indicar o órgão responsável) para instruções.
7.4 Novas fontes, infiltração, charcos, aumento de
fluxo ou sumidouros (sinkholes)
Caso ocorra um rápido aumento em antigas
infiltrações, um aumento de fluxo no dreno de pé ou
aparecimento de novas fontes, infiltrações ou zonas úmidas,
então devem ser determinadas a sua localização, extensão
da área afetada, descarga estimada, aspecto da água de
descarga e as elevações de água no reservatório e na
região a jusante. Um desenho da área pode ser útil para
ilustrar.
Se uma ruptura parecer provável, implementar
imediatamente os procedimentos de Ruptura Iminente, caso
contrário, reportar todas as observações para o (indicar o
órgão responsável) e aguardar por melhores instruções.
7.5 Deslizamentos
Todo deslizamento na região de montante que tenha
potencial para deslocar rapidamente grandes volumes pode
gerar grandes ondas no reservatório ou sangradouro.
Deslizamentos na região de jusante que possam
impedir o fluxo de água normal também são relevantes.
Todos os deslizamentos devem ser relatados ao
Anexo D
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
132
(indicar o órgão responsável). Entretanto, antes, é
importante determinar a localização, extensão, causa
provável, grau de efeito na operação, probabilidade de
movimentos adicionais da área afetada e outras áreas de
deslizamento, desenvolvimentos de novas áreas e outros
fatores considerados relevantes.
7.6 Descargas Súbitas de água
No caso de grandes descargas súbitas de água,
planejadas ou não, pelo sangradouro ou dispositivos de
tomada d’água (e.g. abertura de comportas e válvulas etc.),
as populações residentes a jusante devem ser notificadas
juntamente com as instituições e organismo envolvidos,
sobre o aumento do fluxo.
7.7 Leituras de instrumentação anormais
Após a obtenção de toda leitura de instrumentação
da barragem, os valores obtidos devem ser comparados
com os das leituras anteriores para o mesmo nível de água
no reservatório. Caso a leitura pareça anormal,
______________________________ é responsável por:
l Determinação de:
a) alterações das leituras normais;
b) níveis de água no reservatório e na região a jusante;
c) condições climáticas;
d) outros fatores pertinentes.
l Contatar o proprietário da barragem, engenheiro
projetista e o (indicar o órgão responsável).
7.8 Outros problemas
No caso de ocorrência de outros problemas que
possam por a barragem em risco de segurança, contatar o
(indicar o órgão responsável) e explicar a situação da
melhor maneira possível.
7.9 Término da Situação Emergencial e Ações
Complementares
Uma vez que as condições indicam não mais haver
emergência na região da barragem e as pessoas e
entidades responsáveis terem declarado que a barragem
está segura,
_______________________________________ deve
contatar as autoridades locais, as quais irão dar por
terminada a situação emergencial.
8. AÇÕES PREVENTIVAS
A seguir são relacionadas algumas situações com as
respectivas ações a serem implementadas no caso de sua
ocorrência, a fim de prevenir ou retardar a ruptura. Estas
ações somente devem ser implementadas sob a
orientação do (indicar o órgão responsável) ou de
outros profissionais de engenharia devidamente
qualificados.
8.1 Galgamento por enchimento do reservatório:
a) abrir os dispositivos de descarga até o seu limite
máximo de segurança;
b) posicionar sacos de areia ao longo da crista da
barragem para aumentar a borda livre e forçar um
maior fluxo pelo sangradouro e dispositivos de
descarga;
c) providenciar proteção no talude de jusante,
instalando lonas plásticas ou outros materiais
resistentes a erosão;
d) derivar, se possível, parte da vazão afluente na região
do reservatório;
e) aumentar a descarga de sangria, efetuando
aberturas em pequenos aterros, diques ou barragens
auxiliares, onde os materiais de fundação forem
mais resistentes à erosão. CUIDADO: Executar
esta ação somente em último caso. Contatar o
(indicar o órgão responsável) antes de tentar
executar uma abertura controlada em um aterro.
8.2 Redução da borda livre e/ou redução da largura
da crista:
a) posicionar enrocamento e sacos de areia adicionais
em áreas danificadas para prevenir mais erosão do
aterro;
b) rebaixar o nível da água no reservatório para uma
cota abaixo da área afetada;
c) recompor a borda livre com sacos de areia ou aterro
e enrocamento;
d) dar continuidade a uma inspeção detalhada da área
afetada até a melhoria das condições climáticas.
Anexo D
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
133
8.3 Deslizamento no talude de montante ou de
jusante do aterro:
a) rebaixar o nível da água no reservatório a uma taxa
e até uma cota considerada segura dadas às
condições da ruptura. Caso os dispositivos de
descargas estejam danificados ou bloqueados, a
instalação de moto-bombas, sifões ou a abertura
controlada do aterro pode ser necessária;
b) recompor, se necessário, a borda livre pela
colocação de sacos de areia ou reaterrando o topo
do deslizamento;
c) estabilizar o deslizamento no talude de jusante
acrescentando material (e.g. solo, enrocamento,
pedregulho etc.) no pé da superfície de ruptura.
8.4 Erosão regressiva (Piping) no aterro, fundação
ou ombreiras:
a) estancar o fluxo com qualquer material disponível
(e.g. bentonita, lona plástica etc.), caso a entrada de
fluxo esteja no reservatório;
b) rebaixar o nível do reservatório até a redução do fluxo
a uma velocidade não-erosiva;
c) posicionar um filtro com areia e brita sobre a área
de saída do fluxo para evitar o carreamento de
material pelo fluxo;
d) continuar o rebaixamento do nível do reservatório até
que uma cota segura seja atingida;
e) manter baixo o nível do reservatório até que os
reparos sejam concluídos.
8.5 Falha em um dispositivo de descarga, como
tomada dágua e sangradouro:
a) implementar medidas temporárias para proteger a
estrutura danificada, tal como fechar a tomada
d’água ou posicionar proteção temporária para um
sangradouro danificado;
b) utilizar mergulhadores profissionais experientes para
verificar o problema e, se necessário, efetuar reparos;
c) rebaixar o nível do reservatório até uma cota segura.
Caso a tomada d’água esteja inoperante, a
instalação de moto-bombas, sifões ou abertura
controlada do aterro pode ser necessária.
8.6 Deslocamento em massa da barragem:
a) rebaixar imediatamente o nível do reservatório até
que os movimentos excessivos terminem;
b) continuar rebaixando o nível do reservatório até que
uma cota segura seja atingida;
c) manter baixo o nível do reservatório até que os
reparos sejam concluídos.
8.7 Percolação excessiva e saturação do aterro em
cotas elevadas:
a) rebaixar o nível do reservatório até atingir uma cota
segura;
b) efetuar um monitoramento freqüente observando
sinais de deslizamentos, trincamentos ou percolação
concentrada;
c) manter baixo o nível do reservatório até que os
reparos sejam concluídos.
8.8 Erosão no sangradouro com risco de esvaziamento
do reservatório:
a) reduzir o fluxo pelo sangradouro abrindo totalmente
os dispositivos de descargas;
b) providenciar uma proteção temporária nos pontos
de erosão pela colocação de sacos de areia,
enrocamentos ou lonas plásticas presas por sacos
de areia;
c) rebaixar o nível do reservatório, quando a vazão
diminuir;
d) manter baixo o nível do reservatório a fim de reduzir
o fluxo pelo sangradouro.
8.9 Abatimento excessivo do aterro
a) rebaixar o nível do reservatório, liberando maior
vazão pelos dispositivos de descarga ou pela
instalação de moto-bombas, sifões ou uma abertura
controlada do aterro;
b) restaurar a borda livre, caso necessário,
preferivelmente pela colocação de sacos de areia;
c) rebaixar o nível do reservatório até uma cota segura;
d) manter baixo o nível do reservatório até que os
reparos sejam concluídos.
Anexo D
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
134
8.10 Perda de suporte das ombreiras ou trincamento
excessivo em barragens de concreto:
a) rebaixar o nível do reservatório pela liberação de
maior vazão pelos dispositivos de descarga;
b) implementar a LISTA DE NOTIFICAÇÃO;
c) tentar impedir o fluxo de água através da barragem
instalando lonas plásticas na face de montante;
d) rebaixar o nível do reservatório até uma cota segura.
9. RECURSOS E SUPRIMENTOS DE EMERGÊNCIA
Em uma situação emergencial, equipamentos e
suprimentos (e.g. sacos de areia, enrocamentos, material
argiloso, equipamentos de terraplanagem, trabalhadores
etc.) podem ser necessários em um curto espaço de tempo.
A relação abaixo indica como obter alguns destes
materiais.
10. ATRIBUIÇÃO DE RESPONSABILIDADES
A lista a seguir indica quem é responsável pela tomada de
ações específicas para cada situação emergencial na
barragem. Desta maneira as tarefas podem ser bem
distribuídas de forma que, em uma situação emergencial,
ninguém seja sobrecarregado além do necessário.
11. APROVAÇÃO DO PAE
As pessoas abaixo assinadas revisaram o Plano de Ações
Emergencial e contribuíram com os procedimentos de
notificação propostos.
Proprietário da barragem: _________________________
__________________________________________________
Operador da barragem: ___________________________
______________________________________________________
Defesa civil: ____________________________________
_______________________________________________
(indicar o órgão responsável): ______________________
________________________________________________
Outros: _______________________________________
________________________________________________
12. APÊNDICES
12.1 APÊNDICE A  FICHA TÉCNICA DO AÇUDE
12.2 APÊNDICE B  LISTA DE NOTIFICAÇÃO
A. RESIDENTES A JUSANTE PRIMEIRAMENTE AFETADOS POR ÁGUAS
DE
ENCHENTE
B. DEFESA CIVIL OU POLÍCIA
C. (indicar o órgão responsável)
Anexo D
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
135
12.3 APÊNDICE C  AFIXAÇÃO DE LISTAS DE
NOTIFICAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DO PAE
Posicionar as listas de notificação na barragem e no
centro de operação de emergência local. Manter os roteiros
próximos aos telefones e rádios existentes nas
proximidades da barragem e fazer uma cópia completa do
PAE disponível para todos os operadores, pessoal de
operação emergencial, defesa civil e autoridades locais.
Certificar-se também da localização dos demais
PAEs para a troca quando de sua atualização.
LOCALIZAÇÃO DOS PAES
12.4 APÊNDICE D  ATUALIZAÇÃO DO PAE
A atualização de informações no PAE deve ser feita
anualmente e/ou quando ocorram alterações importantes.
Informações a atualizar devem incluir:
· Números de telefone
· Suprimentos e sua localização
· Mudanças de pessoal
· Endereços
· Alterações na barragem
Assim como outros itens que possam ser importantes
ao longo do ano.
DATAS DE ATUALIZAÇÃO
12.5 APÊNDICE E  MAPA DE INUNDAÇÃO
Anexo D
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
136
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
137
FONTES BIBLIOGRÁFICAS COMPLEMENTARES
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
138
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
139
A seguir são apresentadas algumas fontes bibliográficas com-
plementares sobre o tema “Segurança de Barragens” consideradas
importantes para um maior entendimento do assunto.
ANDRIOLO, F. R.; MAIONCHI, A.
Acidentes, Incidentes, Falhas:
Panorama de Privatizações, Responsabilidades, Riscos e Custos
.
Anais do XXII Seminário Nacional de Grandes Barragens – Tema I –
CBGB. São Paulo: Abril, 1997
ANDRIOLO, F. R.; SGARBOZA, B.C.
Inspeção e Controle de Quali-
dade do Concreto.
São Paulo, 1993, 571pp.
ALMEIDA, B. A. Gestão Integrada do Risco nos Vales a Jusante de
Barragens – um projecto NATO realizado em Portugal. 1
º
Congresso sobre Aproveitamento e Gestão de Recursos Hídricos
em Países de Idioma Português - ABES, Rio de Janeiro, março/
2000.
ARAÚJO, J.A.A. (coord.).
Barragens no Nordeste do Brasil
; experiência
do Dnocs em barragens na região semi-árida. 2ª ed., Fortaleza,
Dnocs, 1990, 328p.
BERCHA F. G.
Risk Analysis Basis for Pipeline Life Cycle Safety
.
Golder Associates Ltda., Alberta, june/1994.
CARDIA R. J. R.
SOS Em’97
: An emergency action plan revisited.
Dam Safety, Berga (ed.). Balkema, 1998.
CARVALHO, L. H.
Instruções gerais a serem observadas na construção
das barragens de terra
. 2ª ed. rev. e aum. Fortaleza, Dnocs,
1981. 225p. il.
CBGB. Cadastro Brasileiro de Deterioração de Barragens e
Reservatórios.
CBGB. Diretrizes para a Inspeção e Avaliação de Segurança de
Barragens em Operação, Rio de Janeiro, 1983, 26 p.
CBGB. Simpósio sobre barragens e meio ambiente.
CBGB. Simpósio sobre instrumentação geotécnica em barragens,
revista do CBDB, pub. 01/96.
CBGB. Anais dos Seminários Nacionais de Grandes Barragens.
CBGB. RBE – Volume 2, n° 1, I Simpósio de Segurança de Barragens,
Rio de Janeiro, RJ, 1987.
CBGB. RBE – Volume 3, n° 2, Utilização Múltipla das Barragens e
Reservatórios no Brasil: Diagnóstico e Recomendações, 1990.
CBGB. RBE – Volume 4, n° 1, Desempenho de Estruturas Hidráulicas
– Incidentes em Vertedouros, 1991.
CBGB. RBE – Volume 4, n° 2, II Simpósio sobre Segurança de
Barragens, 1992.
CBGB. Simpósio sobre Barragens e o Meio Ambiente.
———. Simpósio sobre Segurança e Confiabilidade de Barragens em
Serviço.
CBGB. II Simpósio sobre Instrumentação de Barragens:
Auscultação
e Instrumentação de Barragens no Brasil
. Belo Horizonte, MG,
agosto/1996.
CDSA.
Diretrizes para a segurança de barragens
. Tradução de Henry
Dantas Strong, CESP / Divisão de Segurança e Tecnologia –
ERS, São Paulo, SP, 1995.
CMB 2000.
Barragens e Desenvolvimento
: um novo modelo para tomada
de decisões (sumário). Tradução de C. A. Malferrari, novembro/
2000.
COGERH.
Manual de Segurança de Barragens
(minuta), 1997, 60p.
COMITÊ BRASILEIRO DE GRANDES BARRAGENS.
Guia Básico de
Segurança de Barragens
, São Paulo, 1999.
CRUZ, P. T.
100 barragens brasileiras
, São Paulo, 1996, Oficina de
textos.
CYGANIEWICZ, J. M.; SMART, J. D. U.S. Bureau of Reclamation’s
use of risk analysis and risk assessment in dam safety decision
making. ICOLD, 20
th
Congress, Beijing, China, september/2000.
ELETROBRÁS.
Avaliação da Segurança de Barragens Existentes
/
United States Department of the Interior, Bureau of Reclamation.
Centro da Memória da Eletricidade no Brasil, Rio de Janeiro,
1987, 170p.
FEMA.
Dam Safety
: An Owner’s Guidance Manual. United States
Federal Emergency Management Agency, Denver 1987, 117p.
GEHRING, J.G.
Aspectos Atuais na Avaliação da Segurança de
Barragens em Operação
. Dissertação de Mestrado, USP, São
Paulo, 1987, 249p.
GOMES, A. S.; PEDRO, J. O.; ALMEIDA, J. M. Plano Específico para
Avaliação da Segurança de Barragens Portuguesas. 1
º
Congresso sobre Aproveitamento e Gestão de Recursos Hídricos
em Países de Idioma Português – ABES, Rio de Janeiro, março/
2000.
HENNING, C.; DISE, K.; MULLER, B.; Achieving Public Protection
with Dam Safety Risk Assessment Practices. Risk Based
Decision Making in Water Resources VIII, Proceedings of the
Eighth Conference, ASCE, 1998.
ICOLD. Deterioration of dams and reservois, december/1983.
ICOLD. International Symposium on Analytical Evaluation of Dam
Related Safety Problems, Copenhagen, july, 1989.
ICOLD. Bulletin 60 – Dam Monitoring – General Considerations, 1988.
ICOLD. Improvement of Existing Dam Monitoring – Recommendations
and Case Histories, 1991.
HRADILEK, P. J.
et al
.
Avaliação de Pequenas Barragens.
Brasília,
Ministério da Integração Regional, Secretaria de Irrigação, 1993.
120p. il. (Manual de Irrigação, v.6).
KREUZER, H.
The use of risk analysis to support dam safety decisions
and management
. Proc. ICOLD 20
th
Congress, GR - Q76, Beijing,
2000.
KUPERMAN, S. C.
Concreto massa para barragens
. Escola Politécnica
da Universidade de São Paulo/ CESP, Curso de Segurança de
Barragens, notas de aula, setembro/ 2000.
Fontes
Bibliográficas
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
140
LAFFITE, R.
Probabilistic risk analysis of large dams
: its value and
limits. Water Power and Dam Construction, p. 13-16, march/
1993.
LINDQUIST, L.N.
Instrumentação de Barragens
. Notas de Aula do Cur-
so de Segurança de Barragens promovido pela COGERH, For-
taleza, 1997.
LNEC.
Some considerations on the durability of dams
, A. F. da Silveira,
ICT/INCB 6, Lisboa, 1990, 30p.
LNEC.
Aspectos Hidráulicos da Segurança de Barragens
. Departamento
de Hidráulica, Lisboa, 1994, 39p.
LNEC.
Risco e Gestão de Crises em Vales a Jusante de Barragens
.
Lisboa, 1997, 151p.
MELLO, V.F.B.
Segurança das barragens de terra, de terra-enrocamento
e de enrocamento com membranas estanques
: fundações, tam-
bém, a fortiori. Revista Brasileira de Engenharia, Caderno de
Grandes Barragens, 1992, 4(2): 41-50.
MENESCAL, R.A. & MIRANDA A.N.
Plano de Ações Emergenciais
para Barragens
, Anais do XII SNRH, volume IV, Vitória, ES, nov./
97.
MENESCAL, R.A.; GONDIM FILHO, J.G.C. & OLIVEIRA, Y.C.
A
recuperação de açudes no âmbito da gestão dos recursos
hídricos do Estado do Ceará
. III SRHNE, Salvador, 1996, pp. 91-
97.
MENESCAL, R.A.; VIEIRA, V.P.P.B. & OLIVEIRA, S.K. (2001).
Terminologia para Análise de Risco
. XXIV Seminário Nacional
de Grandes Barragens, Anais Pós-congresso, Fortaleza, CE.
MENESCAL, R.A.; VIEIRA, V.P.P.B.; FONTENELLE, A.S. & OLIVEIRA,
S.K. (2001).
Incertezas, Ameaças e Medidas Preventivas nas
Fases de Vida de uma Barragem
. XXIV Seminário Nacional de
Grandes Barragens, Anais Pós-Congresso, Fortaleza, CE.
MENESCAL, R.A.; CRUZ, P.T.; CARVALHO, R.V.; FONTENELLE, A.S.;
OLIVEIRA, S.K. (2001).
Uma Metodologia para Avaliação do
Potencial de Risco em Barragens no Semi-Árido
. XXIV Seminário
Nacional de Grandes Barragens, Fortaleza, CE.
MENESCAL, R.A.; FONTENELLE, A.S.; OLIVEIRA, S.K & VIEIRA,
V.P.P.B. (2001).
Avaliação do Desempenho de Barragens no
Estado do Ceará
. XXIV Seminário Nacional de Grandes
Barragens, Fortaleza, CE.
MENESCAL, R.A.; FONTENELLE, A.S.; OLIVEIRA, S.K. & VIEIRA,
V.P.P.B. (2001).
Ações de Segurança de Barragens no Estado
do Ceará
. XXIV Seminário Nacional de Grandes Barragens,
Fortaleza, CE.
MENESCAL, R.A.; OLIVEIRA, S.K.; FONTENELLE, A.S. & VIEIRA,
V.P.P.B. (2001).
Acidentes e Incidentes em Barragens no Estado
do Ceará
. XXIV Seminário Nacional de Grandes Barragens,
Fortaleza, CE.
MENESCAL, R.A.; FIGUEIREDO, N.N. & FRANCO, S.R. (2001).
A
Problemática das Enchentes na Região Metropolitana de
Fortaleza
. XIV Seminário Nacional de Recursos Hídricos, Aracajú,
SE.
MENESCAL, R.A.; VIEIRA, V.P.P.B; MOTA, F.S.B. & AQUINO, M.D.
(1999).
Quantificação de Riscos Ambientais e Efeitos de Ações
Mitigadoras – Estudo de Caso: Açude Aracoiaba
. XIII Seminário
Nacional de Recursos Hídricos, Belo Horizonte, MG.
MENESCAL, R.A. & VIEIRA, V.P.P.B. (1999).
Manutenção de
sangradouro de açude e risco de ineficiência hidráulica
. XXIII
Seminário Nacional de Grandes Barragens, Belo Horizonte, MG.
PARSONS, A.M.; BOWLES D. S. & ANDERSON L.R. Strengthening
a Dam Safety Program Through Portfolio Risk Assessment. HRW,
september/1999.
PEDRO, J. O.; GOMES, A. S.
O Regulamento Português de Segurança
de Barragens e suas Normas Complementares
. 1
°
Congresso
sobre Aproveitamento e Gestão de Recursos Hídricos em Países
de Idioma Português – ABES, Rio de Janeiro, março/2000.
RAMOS, C. M.
Segurança de Barragens
: aspectos hidráulicos e
operacionais. LNEC, ICT/ITH 38, Lisboa, 1995, 43p.
SABESP.
Manual de Inspeção de Barragens de Terra e Enrocamento
,
São Paulo, 1991, 52p.
SALMON, G.M., HARTFORD, D.N.D. Risk analysis for dam safety.
International Water Power and Dam Construction, pp. 42-47,
march/1995.
SERAFIM J.L. Lessons from Experience and Research on the Safety
of Dams. Reprint from Second International Conference on
Structural Safety and Reliability, september, 1977, Munich,
Germany.
SILVEIRA, A.F.; FLORENTINO C. A.; NEVES, E. MARANHA.
Monitoring dams according to risk factors. Proceedings of the
International Conference on Safety of Dams, Coimbra, april, 1984.
SILVEIRA, J.F.A. Análise de Risco Aplicada a Segurança de Barragens.
Revista do Comitê Brasileiro de Barragens. Edição Especial,
nov./99, pp. 1-42.
SRH. Apresentação de Projetos para Pequenos Barramentos – Rotei-
ro de procedimentos, Fortaleza, 1994, 40 p.
USBR. Dams and Public Safety, 1983.
USBR. Embankment Dam Instrumentation Manual, 1987.
USBR. Operation Plan – Workforce Diversity and Equal Opportunity,
1999.
USBR. Review of Operation and Maintenance Program Field
Examination Guidelines, 1991.
USBR. Risk Analysis Report – Issue Evaluation – Baseline Risk
Analysis, 2000.
Fontes
Bibliográficas
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
141
USBR. Safety Evaluation of Existing Dams, 1995.
USBR. Safety of Dams, Project Management Guidelines, 2000.
USBR. Standing Operating Procedures Guide for Dams, Reservoirs,
and Power Facilities, 1996.
USBR. Training for Dam Operators – Instructors Manual, 1996.
USBR. Emergency Action Plan, 2000.
USBR. Guidelines for Achieving Public Protection in Dam Safety
Decision Making. Denver, Colorado, april, 1997.
USBR. Design of Samall Dams, Washington, 1977.
USCOLD/ASCE. Lessons from Dam Incidents, USA, 1975.
USCOLD/ASCE. Lessons from Dam Incidents, USA – II, 1988.
USCOLD/ASCE. Lessons Learned from Design, Construction and
Performance of Hydraulic Structures, 1986.
VICK S.G. Considerations for estimating Structural Response
Probabilities in Dam Safety Risk analysis. USBR/TSC, Denver,
CO, september/ 1999.
Fontes
Bibliográficas
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
142
Anais do
ICOLD
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
143
Anais do
ICOLD
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
144
Anais do
ICOLD
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
145
Anais do
ICOLD
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
146
Anais do
ICOLD
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
147
Anais do
ICOLD
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
148
Anais do
ICOLD
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
149
Projeto Gráfico e Editoração
Revisão
DPE Studio ([email protected])
Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
150
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo