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desenvolver no(a) professor(a) a capacidade da escuta, da espera, a capacidade de
captar a demanda de conhecimento das crianças. Isso quer dizer que acreditamos
que as crianças, desde bem pequenas, desejam aprender e manifestam, de uma
forma ou de outra, esse desejo. Às vezes a manifestação vem através das perguntas.
Outras vezes, quando as observamos nas brincadeiras ou na exploração de algum
material ou recurso da natureza.
Assim, por exemplo, se você encontrar uma criança bem quietinha num canto,
empilhando um monte de latinhas de refrigerante, não tenha dúvida: muita coisa ali
há para aprender. A criança pode estar intrigada com o equilíbrio das latinhas, com a
quantidade que terá de colocar na base para as latas não caírem, com seu peso, com
a disposição no espaço, dentre outras coisas que a sua imaginação mandar. No
entanto, a criança nem sempre saberá verbalizar todas essas relações. Enquanto um
parceiro mais experiente, você pode entender e dar sentido à ação que a criança
está praticando. Uma boa forma de fazer isso é se aproximar, perguntar como é a
brincadeira e tentar compreender a necessidade de apoio de que a criança necessita.
Nesse momento, você poderá explorar, junto com a criança, as habilidades de
perguntar, comparar, classificar e, principalmente, ajudá-la a comunicar as idéias
que tem sobre aquilo que observa.
Escutar, portanto, significa se colocar disponível para o outro, dando significado às
suas ações, forma aos pensamentos, dinamizando e proporcionando modificações
importantes para aqueles que participam dessa interação.
É também papel do(a) professor(a) perceber o momento de parar, de recolher, de
descansar. Temos assistido, nos dias de hoje, a um verdadeiro bombardeio de
informações despejado sobre a cabeça das crianças. Em princípio, não podemos aprender
tudo. Temos de seguir aprendendo sempre, porque a aprendizagem é processual.
Nem todas as atividades desenvolvidas com as crianças de 0 a 6 anos necessitam
explorar temas ou conteúdos. Pelo contrário, há tempo para tudo: para brincar, para
desenvolver atividades, para cantar, passear, para repousar, para bater papo, para
comer e para se abraçar. As crianças contam com os adultos para ajudá-las a
administrar esse tempo. Uma sobrecarga de trabalho pode adoecer as crianças e
fazer com que se sintam estressadas ainda nos primeiros anos de vida. É fundamen-
tal que o(a) professor(a) esteja atento(a) aos indícios de fadiga e saiba dosar e
diversificar o trabalho no interior da creche, pré-escola ou escola.
Como você pode perceber, ser professor(a) de crianças pequenas é uma grande
responsabilidade e requer muitos conhecimentos. No próximo texto, iremos
desenvolver com mais precisão o trabalho prático com o conhecimento do mundo
social e natural.