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Em segundo lugar, se nota nitidamente o gérmen de uma eclesiologia
prática, funcional e orgânica. Seu ponto de partida não é um conjunto de
doutrinas e ritos, tidos por ortodoxos, aos quais se procura ajustar a
comunidade de fé. Não se constrói uma imagem idealizada de igreja para
implementá-la passo a passo. Por conseguinte, nenhuma solução é
considerada definitiva ou imutável. Antes, busca-se captar a dinâmica da
vida, reunindo as pessoas, discutindo as dificuldades, indagando por
alternativas que atendam às necessidades mais prementes e, de imediato,
testando a eficácia e examinando, à luz dos critérios aceitos, as iniciativas
adotadas.
Já havia transcorrido cerca de dez anos desde que o movimento de
renovação, liderado por Wesley, se instalara em definitivo na Inglaterra.
Junto dele, outras correntes independentes também buscavam revitalizar o
cristianismo, algumas com um impacto inicial muito mais intenso, como era o
caso do ramo calvinista, graças às extraordinárias qualidades retóricas de
George Whitefield. Polêmicas em torno da predestinação e do quietismo
intenção de Wesley e se constitui num desdobramento legítimo de sua teologia. Contudo, já
há tempos tem-se defendido, no Brasil, a tese de que essa visão permanece incompleta se
excluir a criação natural. Como se pode ler em sua vasta obra, a natureza revela não
apenas a existência, mas igualmente a sabedoria, a bondade e outros atributos de Deus e
deve ser apreciada, junto com os demais referenciais, como fonte privilegiada do
conhecimento teológico” (SOUZA, José Carlos de “Um modo de fazer teologia equilibrado,
dinâmico e vital”. In: Teologia em perspectiva wesleyana. São Bernardo do Campo: EDITEO,
2005, p. 21, nota 5). Para aprofundar o tema, veja ainda: WILLIAMS, Colin W. John Wesley’s
Theology Today. A Study of Wesleyan Tradition in the Light of Current Theological Dialogue.
Nashville: Abingdon Press, 1960, p. 23-38; OUTLER, Albert C. “The Wesleyan Quadrilateral
in John Wesley”. In: The Wesleyan Theological Heritage: Essays of Albert C. Outler. Grand
Rapids, Michigan: Zondervan Publishing House, 1991, p. 21-37; THORSEN, Donald A. D. The
Wesleyan Quadrilateral: Scripture, Tradition, Reason & Experience as a Model of
Evangelical Theology. Grand Rapids, Michigan: Zondervan Publishing House, 1990;
CAMPBELL, Ted A. “The ‘Wesleyan Quadrilateral’: The Story of a Modern Methodist Myth”. In:
Methodist History, 29:2, January 1991, p. 87-95; MADDOX, Randy L. Responsible Grace:
John Wesley's Practical Theology. Nashville: Abingdon Press, 1994, p. 36-47; COBB, John
B., Jr. Grace and Responsibility: a Wesleyan theology for today. Nashville: Abingdon Press,
1995, p. 155-176; VV.AA. Wesley and the Quadrilateral. Renewing the Conversation,
Nashville: Abingdon Press, 1997. A versão brasileira do quadrilátero é apresentada em:
REILY, Duncan Alexander. Wesley e sua Bíblia. São Bernardo do Campo: Editeo, 1997, p.
78-84; SOUZA, Luís Wesley de. “‘The Wisdom of God in Creation’: Mission and the Wesleyan
Pentalateral”. In: SNYDER, Howard A. (ed.). Global Good News: Mission in a new context.
Nashville: Abingdon Press, 2001, p. 138-52; SOUZA, José Carlos de. “Criação, Nova Criação
e o Método Teológico na Perspectiva Wesleyana”. In: CASTRO, Clovis Pinto de (org.). Meio
Ambiente e Missão: a responsabilidade Ecológica das Igrejas. São Bernardo do Campo:
EDITEO, 2003, 67-88; e “Fazendo teologia numa perspectiva wesleyana”. In: Caminhando.
Revista da Faculdade de Teologia da Igreja Metodista – Universidade Metodista de São
Paulo. São Bernardo do Campo: EDITEO, Ano VIII, n
o
12, 2º semestre de 2003, p. 125-143.