
tempo, uma delimitação especifica. “Matéria e forma dividem a substância
material, a potência, porém, e o ato dividem o ente comum”
50
.
Mas, se todo objeto inferior a Deus está composto de essência e
existência na relação de ato e potência, conclui-se que a inteligibilidade própria de
todo objeto inferior a Deus é a de um movimento, síntese de ato e potência e
única síntese logicamente concebível de ser e não-ser.
Todo ‘dever transcendental’ – ou, para empregar a terminologia
propriamente escolástica, toda ‘contingência’ metafísica – implica, de seu,
uma determinação radical frente ao ser, um inacabamento das condições
internas de possibilidade. O objeto contingente, quando é, poderia não
ser, e quando não é, poderia ser: existente, não é simplesmente ser,
senão ‘tal’ ser; inexistente, não é simplesmente ‘nada’, posto que é
possível. Este objeto não apresenta, pois, por si só, à nossa inteligência,
as condições lógicas, seja de uma afirmação plena, seja de uma negação
plena: não desvenda completamente o ‘afirmável’ mais que em uma
síntese superior que o refere a uma condição absoluta de ser, isto é, que
o relacione a este topo, onde a essência alcança a existência e o
possível, o necessário
51
.
Nesse sentido, a afirmação objetiva e a atualidade do objeto
começam a apresentar-se melhor. Cada objeto é afirmável segundo o grau de sua
participação no Ato puro, Subsistência perfeita. Dessa forma, a matéria prima se
introduz na afirmação em relação à forma, seu ato e a essência mesma - forma
50
No original: Materia et forma dívidunt substantiam materialem, potentia autem et actum dívidunt
ens commune. (TOMÁS DE AQUINO.Summa contra gentes, II, 54.)
51
No original: Todo “devenir transcedental” - o, para emplear la terminología propiamente
escolástica, toda contingencia metafísica – implica, de suyo, una indeterminación radical frente al
ser, un inacabamiento de las condiciones internas de posibilidad. El objeto contingente, cunado es,
podría no ser, y cuando no es, podría ser: existente, no es simplemente nada, puesto que es
posible. Este objeto no presenta, pues, por sí solo, a nuestra inteligencia, las condiciones lógicas,
sea de ua afirmación plena, sea de una, negación plena: no devendrá completamente afirmable
más que en una síntesis superior que lo refiera a una condición absolutade
ser, es decir, que lo relacione a esta cima, donde la essencia alcanza a la existencia y lo posible a
lo necesario. (MARECHAL, op. cit. 325)
60