
Durante a leitura do texto escrito, o leitor aciona outras funções cognitivas para criar
imagens mentais, de acordo com seu repertório de experiências visuais anteriores. Esse
"envisionamento" mental é diferenciado de indivíduo para indivíduo, mas contém algo em
comum que faz parte da cultura e do imaginário coletivo. Cada pessoa cria, a partir de sua
própria imaginação, os cenários, as paisagens, as cenas, os objetos e as fisionomias que um
romance registra em palavras. Naturalmente, nesse processo de criação há matrizes comuns,
que pertencem à história e à coletividade, mas ninguém imagina de forma semelhante a
outra pessoa. Essa construção mental é importantíssima para o desenvolvimento das
funções superiores da mente.
Aparentemente o texto visual (a propaganda, o desenho animado, os quadrinhos, o filme, a
fotografia, a telenovela etc.) já oferece esse aspecto de uma forma mais completa.
Entretanto, sob essa camada de significados imediatamente perceptíveis, há muitas outras
ligadas ao mundo das idéias, dos comportamentos, das crenças, dos conceitos, das
ideologias, que é necessário "ler": compreender, interpretar, criticar, responder, concordar
ou discordar. Isso exige diversas habilidades que a escola pode ajudar a desenvolver. São
habilidades relacionadas à observação, à atenção, à memória, à associação, à análise, à
síntese, à orientação espacial, ao sentido de dimensão, ao pensamento lógico e ao
pensamento criativo. Elas nos permitem perceber como os elementos da linguagem visual
foram organizados: formas, linhas, cores, luzes, sombras, figuras, paisagens, cenários,
perspectivas, pontos de vista, oposições, contrastes, texturas, efeitos especiais etc. E
perceber também como esses elementos estão associados a outros, como a música, as
idéias, a história, a realidade, por exemplo.
Além disso, precisamos também associar tudo o que observamos com outras informações e
conceitos provenientes dos conhecimentos acumulados por nós e pela cultura humana
através dos tempos. É um jogo em que, às vezes, mergulhamos na emoção e, às vezes,
tentamos fazer uma análise crítica por meio do raciocínio, da razão. Enfim, nunca podemos
nos entregar passivamente, sem uma participação ativa. Uma atitude de atenção e de crítica
é essencial. A sensibilidade, a inteligência e a vontade são os agentes principais dessa
atividade, ao mesmo tempo intelectual e emocional.
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