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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL
INFECÇÃO EXPERIMENTAL COM Isospora canis
NEMESÉRI, 1959 (SIN. Cystoisospora canis), EM CÃES
EXPERIMENTAL INFECTION WITH Isospora canis
NEMESÉRI, 1959 (SIN. Cystoisospora canis), IN DOGS
Andressa Karina Piacenti
CAMPO GRANDE
MATO GROSSO DO SUL – BRASIL
FEVEREIRO/ 2008
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL
INFECÇÃO EXPERIMENTAL COM Isospora canis
NEMESÉRI, 1959 (SIN. Cystoisospora canis), EM CÃES
EXPERIMENTAL INFECTION WITH Isospora canis
NEMESÉRI, 1959 (SIN. Cystoisospora canis), IN DOGS
Andressa Karina Piacenti
Orientador: Prof. Dr. Fernando Paiva
Dissertação apresentada à Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul, como requisito à obtenção do título de
Mestre em Ciência Animal. Área de concentração:
Saúde Animal
CAMPO GRANDE
MATO GROSSO DO SUL – BRASIL
2008
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“Bom mesmo é ir à luta com determinação, abraçar a vida e viver com paixão, perder com
classe e vencer com ousadia, pois o triunfo pertence a quem mais se atreve...e a vida é
muita para ser insignificante.”
Charles Chaplin
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Eduardo e Angelina,
¨Foi o tempo que dedicaste a tua rosa que fez tua rosa tão importante¨
(Antonie de Saint-Exupéry)
Ao meu amor, Marcello,
¨Ser profundamente amado por alguém nos dá força;
Amar alguém profundamente nos dá coragem¨
(Lao-Tsé)
In memorian de minha querida avó Marina
por tantos ensinamentos, palavras de conforto e incentivo.
AGRADECIMENTOS
À Deus, que se faz presente em todos os momentos.
Aos meu pais, Angelo Eduardo Piacenti e Angelina Clemente Piacenti, pela oportunidade
de estudar, por todo esforço, sacrifício, amor e dedicação.
Ao meu marido Marcello Takaki Amaral, por todas as palavras de incentivo, amor e
compreensão.
Às minhas irmãs Adriana Cristina Piacenti e Patrícia Veruska Piacenti Botini, por todo o
carinho e companheirismo.
Aos meus afilhados Clara Piacenti e Cauê Piacenti Botini, pelos incontáveis momentos de
descontração e alegria.
À minha amiga Tarcilla Corrente Borghesan, pelo apoio incondicional e pelas infinitas
demonstrações de amizade.
À minha amiga Jaqueline Moreira da Silva, pela valiosa amizade e grande ajuda na
execução deste trabalho.
À amiga Thaís de Andrade Farias, pelo incentivo e amizade dedicada.
À amiga Silvia Roberta Cieslak, pelo apoio e ajuda nas coletas.
À Ana Carolina Aniz, pelo apoio na realização prática deste trabalho.
Aos amigos de laboratório José Bráz de Menezes e Átilla Gomes, pela colaboração e
momentos de descontração.
Aos pesquisadores e professores Dr.Renato Andreotti, Dr. Ricardo Antonio do Amaral de
Lemos e Dra.Karine Bonucielli Brum, pela prestatividade e importante colaboração neste
trabalho.
Ao meu orientador Dr.Fernando Paiva, pela valiosa orientação, dedicação e confiança
depositada.
Aos meus colegas de graduação e pós-graduação, pelos anos maravilhosos que me
proporcionaram.
SUMÁRIO
¨Página¨
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................02
1.1 Histórico..................................................................................................................02
1.2 Estrutura..................................................................................................................03
1.2.1 Oocistos....................................................................................................04
1.2.2 Esquizontes...............................................................................................04
1.2.3 Gamontes..................................................................................................04
1.3 Ciclo de vida............................................................................................................05
1.3.1 Esporogonia..............................................................................................05
1.3.2 Excistação.................................................................................................05
1.3.3 Desenvolvimento endógeno.....................................................................06
1.3.4 Estágios extraintestinais...........................................................................07
1.4 Epidemiologia.........................................................................................................08
1.5 Sinais clínicos da Isosporose...................................................................................09
1.5.1 Cães..........................................................................................................09
1.5.2 Gatos.........................................................................................................10
1.5.3 Roedores...................................................................................................10
1.6 Diagnóstico.............................................................................................................10
1.6.1 Exame de fezes.........................................................................................10
1.6.2 Exame histopatológico.............................................................................10
1.6.3 Isolamento in vivo.....................................................................................11
1.6.4 Isolamento in vitro....................................................................................11
1.7 Imunidade................................................................................................................11
1.8 Tratamento..............................................................................................................12
1.9 Controle e Prevenção..............................................................................................12
2 PERSPECTIVAS.................................................................................................................14
3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................15
4 ANEXO.................................................................................................................................21
1 INTRODUÇÃO
O gênero Isospora apresenta várias espécies em uma ampla variedade de hospedeiros,
sendo mais freqüentemente encontradas infectando o trato intestinal de cães e gatos. São
parasitas intracelulares obrigatórios do filo Apicomplexa, classe Esporozoa, ordem
Eucoccidida, família Eimeridae (URQUHART et al.,1998). Os membros desse gênero
completam seu ciclo em um único hospedeiro e podem, excepcionalmente, utilizar um
hospedeiro paratênico como ratos, camundongos e hamsters (DUBEY & GREENE, 2006).
Estas espécies podem causar infecções severas em humanos, suínos e cães. Quatro
delas são descritas em cães: I. canis, I. ohioensis, I. burrowsi e I. neorivolta, identificadas
pelo tamanho de seus oocistos (BUEHL et al., 2006).
Alguns animais domésticos utilizados para o consumo humano, tais como: bovinos e
coelhos, podem conter em suas vísceras, formas císticas das espécies do gênero Isospora. No
entanto, é pouco conhecida a ação do parasita no desenvolvimento destes animais; se causam
ou não lesões importantes ou mesmo se interferem no ganho de peso. Ressaltando que essas
criações têm como propósito econômico o atendimento da demanda por carnes e vísceras
comestíveis (OLIVEIRA et al., 2002).
A isosporose canina tem ampla distribuição geográfica, com maior incidência em cães
jovens. A contaminação ocorre pela ingestão de oocistos esporulados ou cistos monozóicos
nos hospedeiros paratênicos, podendo causar diarréia, perda de peso, lesões intestinais e, em
alguns casos, a morte desses animais (CONBOY, 1998).
Animais que tenham sido submetidos, ao longo de suas vidas, à condições
inadequadas de criação ou condições higiênico-sanitária precárias, dificilmente terão essa
parasitose controlada (RODRIGUES, 2000).
O presente trabalho teve como objetivo o isolamento de oocistos de Isospora canis em
cães naturalmente infectados, oriundos da área urbana de Campo Grande, Mato Grosso do Sul
e a indução de infecções com esse parasita em grupos de cães jovens, criados em isolamento,
observando o desenvolvimento da infecção e os aspectos da patogenia/patologia deste parasita
nos hospedeiros experimentais.
1.1 Histórico
A primeira espécie do gênero, Isospora rivolta, foi descrita por Grassi (1879), em
gatos. Wenyon (1923), revisou o grupo e registrou a presença do mesmo parasita em cães.
Isospora canivelocis (WEIDMAN, 1915) Wenyon, 1923, foi a primeira espécie descrita em
canídeos, encontrada em fezes de raposas.
Infecções experimentais foram realizadas por Nemeséri (1959), para estudos dos
estágios endógenos do parasita, tendo concluído tratar-se de I. canis e não I. rivolta, pois esta
espécie apresentava o cão como hospedeiro definitivo. Dubey (1975), baseado em infecções
experimentais com oocistos originários de cães e gatos, valída a I. rivolta, como parasita de
felídeos, e propõem a distinção em dois grupos para aquelas parasitas de cães: I. ohioensis e I.
canis. Posteriormente, Dubey & Marth (1978), propuseram uma nova espécie para cães,
considerando estudos sobre estágios endógenos com I. ohioensis, a I. neorivolta.
I. burrowsi foi descrita por Trayser & Todd (1978), diferenciada de I. ohioensis por
desenvolve-se apenas na lâmina própria dos terços finais do intestino delgado. Considerando,
que I. ohioensis foi descrita antes de I. burrowsi e I. neorivolta e também por seus oocistos
serem indistinguíveis morfologicamente, estas espécies são referidas como pertencentes ao
complexo I. ohioensis (OLIVEIRA, 2001).
Existe uma controvérsia sobre as espécies de Isospora que são facultativamente
heteroxenas e que formam cistos contendo um único esporozoíta (hipnozoíta) no hospedeiro
intermediário. Diante deste fato, Dubey (1977) propôs que estas espécies heteroxenas fossem
agrupadas em um gênero separado, o Levineia; porém, Frenkel (1977), propôs a criação de
um novo gênero, o Cystoisospora. Embora as espécies de Isospora apresentem diferenças em
seus ciclos de vida, elas são agrupadas, atualmente, em um único gênero, o Isospora,
independente das diversas formas extraintestinais demonstradas no grupo (LONG et al.,
1990).
1.2 Estrutura
O subfilo dos esporozoários é caracterizado pela presença, em determinadas fases do
ciclo de vida, de estruturas celulares que formam o complexo apical, destinado à fixação e à
penetração nas células dos hospedeiros (REY, 1991).
Três diferentes formas do parasita, são encontradas no ciclo de vida de Isospora:
oocistos, liberados pelas fezes dos hospedeiros definitivos; esquizontes, na fase de reprodução
assexuada, e gamontes, na fase de reprodução sexuada do parasita.
1.2.1 Oocistos
Os oocistos são ovóides, medem entre 34-42 µm x 23-36 µm (I. canis) e 17-27 µm x
15-24 µm (grupo I. ohioensis, incluindo I. neorivolta e I. burrowsi) (CONBOY, 1998), são
liberados pelas fezes do hospedeiro definitivo, na forma não esporulada e tornam-se infectivos
no ambiente após 3 dias, quando apresentam dois esporocistos elipsóides, de parede lisa, não
apresentando corpo de stieda, com resíduo granular contendo glóbulos lipídicos, ocupando
cerca de 1/3 do volume do esporocisto, contendo, cada um, quatro esporozoítas dispostos em
paralelo e ao lado do resíduo do esporocisto (LEEP & TOOD, 1974).
Os esporozoítas das espécies de Isospora contêm uma ou duas inclusões de corpos
cristalinos similares às partículas de beta-glicogênio, diferente das espécies de Eimeria que
apresentam duas. Estas inclusões são perdidas no processo de conversão dos esporozoítas para
o estágio de merozoítas in vivo, mas podem persistir em parasitas multiplicados in vitro
(LINDSAY et al., 1997)
1.2.2 Esquizontes
Os primeiros esquizontes, que ocorrem na lâmina própria do intestino, são encontrados
cerca de 72 horas após a infecção e o número de gerações no ciclo de vida é variável para
cada espécie (MAHRT, 1967).
Os esquizontes maduros medem aproximadamente 21x15 µm e podem ser
identificados histologicamente por sua localização, tamanho e número de merozoítas que
contém. Os merozoítas dispõem-se como uma série de microorganismos em formato de meia-
lua (5 a 10µm) (URQUHART et al., 1998).
O número de merozoítas na primeira geração variam de 2-24 e 3-28 e na segunda de 3-
12 e 3-22, respectivamente nas espécies I. canis e I. ohioensis. Eles medem cerca de 10 x 6
µm e apresentam núcleo na região central. A espécie I. ohioensis tem apenas duas gerações de
esquizontes e I. canis, três gerações (DUBEY, 1978; LEEP & TODD, 1974).
1.2.3 Gamontes
Os merozoítas diferenciam-se em células especializadas, os gamontes ou gametócitos.
Aqueles que se destinam a produzir gametas masculinos são os microgametócitos, e os que
produzirão gametas femininos são os macrogametócitos. Os microgametas são menores e
flagelados e os macrogametas são maiores e imóveis (REY, 1991).
Os primeiros macrogametas medem cerca de 11x 6 µm, similares à última geração de
merozoítas. Maduros, os macrogametas medem entre 25 x 18 µm, são ovóides e apresentam
núcleo e nucléolo. Os primeiros microgametas medem 6 x 5 µm e após divisões nucleares
sucessivas, com cerca de 120 núcleos presentes, os microgametócitos maduros com 29 x 20
µm apresentam microgametas alongados e flagelados de cerca de 5 x 0,8 µm (LEEP &
TODD, 1974).
1.3 Ciclo de vida
O ciclo de vida deste protozoário compreende uma fase exógena e outra endógena,
podendo utilizar ou não um hospedeiro paratênico (LINDSAY et al., 1997); ele é dividido em:
esporulação, excistação, infecção, esquizogonia, gametogonia e, finalmente, a formação do
oocisto (URQUHART et al., 1998).
1.3.1 Esporogonia
Os oocistos são liberados pelas fezes dos hospedeiros definitivos na forma não
esporulada, constituídos de uma massa protoplasmática nucleada envolta por uma parede
(MAHRT, 1968). A esporogonia ocorre fora do hospedeiro e depende de umidade,
temperatura e oxigenação adequada. Temperaturas superiores a 40ºC e inferiores a 20ºC
inibem a esporogonia dos oocistos (LINDSAY, 1990).
O núcleo divide-se duas vezes formando dois esporoblastos. Cada esporoblasto secreta
uma parede retrátil e passa a ser denominado como esporocisto, enquanto o protoplasma em
seu interior divide-se em dois esporozoítos. Quando dois esporocistos, contendo quatro
esporozoítas cada, são visíveis, o oocisto é considerado esporulado (MAHRT, 1968).
1.3.2 Excistação
Os oocistos ingeridos pelos hospedeiros definitivos ou pelo hospedeiro paratênico,
desencistam-se na presença da bile (DUBEY & GREENE, 2006). Diferente das espécies de
Eimeria que respondem mais rapidamente à excistação na presença de CO
2
, os oocistos de
Isospora podem excistar ou não na presença desse gás e, os esporozoítas livres são ativados
pela ação da bile ou tripsina (SPEER et al., 1973).
A excistação in vitro pode ser feita na presença de diferentes surfactantes associados
ou não com tripsina, com os esporocistos pré-tratados com hipoclorito de sódio (FREIRE &
LOPES, 1995). A tripsina elimina as associações celulares, destruindo as células
parenquimatosas e, consequentemente, liberando as formas infectantes dos cistos (DUBEY &
FRENKEL, 1972).
1.3.3 Desenvolvimento endógeno
Após ingestão dos oocistos ou de cistos monozóicos e do processo de excistação, os
esporozoítos livres invadem o intestino, penetram em células epiteliais e, diferente das
espécies de Eimeria, usualmente não formam trofozoítos, que são células arredondadas e
uninucleadas (DUBEY, 1977; LINDSAY, 1990), dando origem, após varias divisões por
fissão binária, aos esquizontes constituídos por merozoítos (URQUHART et al., 1998). A
partir de cada merozoíto o ciclo assexuado pode se repetir, sucedendo-se as fases de
crescimento e de multiplicação esquizogônica, por várias gerações, ou então, a evolução
caminhar-se para um processo de reprodução sexuada, conhecido como esporogonia (REY,
1991).
A esquizogonia termina quando alguns merozoítas dão origem aos gametócitos
masculinos e femininos, denominados microgametócitos e macrogametócitos,
respectivamente. Os fatores responsáveis por essa mudança não são totalmente conhecidos.
Os microgametócitos sofrem várias divisões formando numerosos microgamentas. Os
macrogametas são fertilizados por microgametas formando o zigoto (LINDSAY,1990). Não
se observa desenvolvimento até que o zigoto, também chamado de oocisto, seja liberado pelas
fezes na forma não esporulada (URQUHART et al., 1998).
No ciclo de vida de I. canis, trofozoítas arredondados, medindo de 4 à 6 µm de
diâmetro, que formam a primeira geração de esquizontes, foram encontrados de 1 à 3 dias
após a infecção. Em dois ou três dias, esses trofozoítas tornam-se elipsóides, medem de 6-8 x
3-5 µm e são encontrados no interior de vacúolos parasitóforos. A primeira esquizogonia
termina seis dias após a inoculação e os esquizontes maduros contém cerca de 14 merozoítos,
quando começa a segunda esquizogonia. Os esquizontes maduros desta segunda geração
chegam a conter 12 merozoítas. O núcleo, de alguns merozoítas, começa, então, a se dividir
sem deixar os esquizontes, iniciando a terceira esquizogonia sete dias após a inoculação do
parasita. Esses esquizontes, de terceira geração, podem conter até 72 merozoítas.
Posteriormente, esses merozoítas originam os macro e microgametas, iniciando a fase sexuada
do parasita. O período pré-patente dessa infecção é de nove a onze dias (LEEP & TODD,
1974).
Trofozoítas não são encontrados no desenvolvimento de I. ohioensis. Na descrição do
ciclo, Dubey (1978) identificou apenas duas gerações assexuadas do parasita. Segundo esse
autor, em 48 horas são encontrados zoítas medindo entre 9-7 x 2,5-3 µm na superfície do
epitélio intestinal. Esquizontes, de 9-19 x 6-13µm, ocorrem em 72 horas após a inoculação,
apresentando de 2-8 merozoítas. O número máximo de núcleos dos zoítas é quatro nesse
estágio e três no de binucleados, em cada vacúolo parasitóforo. De 96 à 120 horas são
visualizados dois tipos de merozoítas nas vilosidades, sendo a medida do primeiro 9-15 x 5-9
µm e do segundo 9-12 x 2-4 µm, com merozoítas de 6-12 x 5-12 µm e de 6-8 x 1-2 µm,
respectivamente. Ainda, segundo Dubey (1978), a presença de zoítas uni e multinucleados no
mesmo vacúolo parasitóforo dificulta a verificação dos estágios dos merozoítas, o que o
impossibilitou determinar a existência de uma terceira esquizogonia do parasita.
Porém, Mahrt (1967), relatou que a reduzida patogenicidade de I. ohioensis em cães
jovens deve-se à ocorrência de somente uma esquizogonia na mucosa intestinal desses
hospedeiros.
1.3.4 Estágios extraintestinais
Os estágios extraintestinais ocorrem em tecidos dos hospedeiros de espécies de
Isospora de cães e gatos e de humanos. Alguns esporozoítas podem invadir órgãos
extraintestinais e, normalmente, encontram-se únicos na lula, porém algumas divisões
podem ocorrer e até quinze parasitas serem observados infectando uma célula (LINDSAY et
al.,1997).
Os esporozoítas nos tecidos aumentam de tamanho e permanecem encistados envoltos
por um vacúolo parasitóforo, constituído de uma delgada parede cística de tecido conjuntivo,
chamados de cistos monozóicos (DUBEY & MEHLHORN, 1978). Estes cistos podem
ocorrer nos tecidos dos hospedeiros definitivos e paratênicos e, são assim chamados por
conterem apenas um zoíta, sendo denominado de hipnozoíta. Este fato reforça a idéia da não
multiplicação de parasita no hospedeiro não definitivo (DUBEY, 1992).
Nos hospedeiros intermediários, os hipnozoítas possuem maior tropismo pelos órgãos
com atividade linfóide, como linfonodos mesentéricos, as placas de Peyer, baço, além do
fígado (CARVALHO-FILHO et al., 2004).
Em cães e gatos esses cistos podem levar a re-infecção intestinal e a re-incidência da
coccidiose entérica. A ingestão dos cistos presentes no hospedeiro paratênico leva a infecção
do hospedeiro definitivo (DUBEY & GREENE, 2006).
1.4 Epidemiologia
As condições de criação podem favorecer a infecção, quando no ambiente de
confinamento, a cama com densas camadas oferecem condições ideais de temperatura e
umidade para esporulação dos oocistos; quando o número de animais ou a densidade por
unidade de área for grande o risco de contágio é ainda maior. Embora a esporulação de
oocistos possa ocorrer em dois dias, depois de sua eliminação nas fezes, este período pode ser
muito mais longo no pasto. Os oocistos têm longevidade considerável e podem persistir por
vários anos (URQUHART et al., 1998).
Espécimes do gênero Isospora são mais comumente reconhecidos infectando cães e
gatos e são espécie-específicos para seus hospedeiros definitivos (DUBEY & GREENE,
2006).
A isosporose em cães é uma infecção que atinge cães em todo o mundo. A longa
sobrevivência dos oocistos e sua alta habilidade de sobreviver à desinfecção mantêm a
população de cães sob risco permanente (BUEHL et al., 2006).
A aglomeração e falta de higiene promovem a disseminação do parasita, podendo
ocorrer surtos em canis de criação ou enfermarias de clínicas veterinárias, quando do aumento
no número de nascimentos ou de animais incluídos na população por aquisição e que se
apresentem infectados (RODRIGUES, 2000).
Devido ao pequeno tamanho dos oocistos, eles podem ser facilmente dispersos pelo
vento, pela água ou através das roupas, sapatos e mãos de criadores ou médicos veterinários,
sendo então, transportados de um local para outro, disseminando a infecção (FAYER, 1980).
Formas latentes nos tecidos dos hospedeiros paratênicos, os cistos monozóicos, podem
permanecer infectantes por um longo período, sendo, então, um importante meio de dispersão
do parasita (LOSS, 1991).
Estudos feitos no sul da Alemanha, com cadelas em lactação constataram que 25%
delas eram positivas para alguma espécie do gênero Isospora (GOTHE & REICHLER, 1990).
Também na Alemanha, Barutzki e Schaper (2003) demonstraram que em 2717 amostras de
fezes colhidas em cães, processadas pela técnica de centrifugo-flutuação em açúcar, 8% eram
positivas para I. canis e 17% para I. ohioensis.
Em Assam, na Índia, foi verificado que, de 328 exames de fezes de cães analisados,
9% apresentavam coccídios e 2% desses eram Isospora (TRAUB et al., 2002). Sager et. al.
(2006), na Suíça, também verificaram a presença do parasita em 149 amostras (4,5%) de um
total de 3289 amostras analisadas.
Prevalência maior do parasita foi encontrada em cães de rua, em Córdoba, na Espanha.
Dos 1800 animais, 22% apresentavam oocistos de Isospora em suas fezes (MARTINEZ-
MORENO et al., 2006).
Buehl e colaboradores (2006) demonstraram que 8,7%, de 3590 exames de fezes
realizados em cães em Viena, na Áustria, apresentavam Isospora. Destes, 28,6% era I. canis,
53,5% I. ohioensis e 17,8% outras espécies. Esses autores verificaram também que, dos casos
positivos para Isospora, 77,2% apresentavam diarréia, sendo 66,6% delas hemorrágicas.
No Brasil, amostras de fezes de 271 cães, sem evidência de diarréia, em Botucatu, São
Paulo, foram examinadas e 8,49% delas apresentaram oocistos de Isospora (OLIVEIRA-
SEQUEIRA et al., 2002). Nesse estudo, proporções similares do parasita foram encontradas
em animais jovens e adultos, 7,4% e 8,2% respectivamente. Porém, o contrário seria esperado
que os cães mais jovens, geralmente, se apresentam mais susceptíveis à isosporose
(CONBOY, 1998).
Em Itapema, Santa Catarina, 6,2% das amostras fecais analisadas foram positivas para
Isospora, de um total de 158 amostras fecais colhidas em cães apreendidos nos logradouros
públicos, (BLAZIUS et al., 2005).
1.5 Sinais clínicos da Isosporose
1.5.1 Cães
I. canis é primariamente patogênico para cães jovens. Estudos histológicos
demonstram lesões epiteliais em diferentes partes do intestino delgado, associadas ao
desenvolvimento endógeno do parasita, podendo formar petéquias e ulcerações de diferentes
tamanhos ( BUEHL et al., 2006; MITCHELL, et al., 2007).
Infecções sem sintomas são descritas, particularmente em casos com I. ohioensis
(DAUGSCHIES et al., 2000), porém, sinais clínicos como alterações na consistência das
fezes, diarréia com sangue, dores abdominais, anemia, apatia e morte podem ocorrer em cães
jovens. Alterações respiratórias e neurológicas também são reportadas (CONBOY, 1998).
Infecções causadas por I. canis são geralmente acompanhadas de sintomas e a
patogenicidade dessa espécie é causada pelo desenvolvimento nas camadas mais profundas
das paredes do intestino, diferente de I. ohioensis que parasitam as células da lâmina própria
(DUBEY, 1978).
Sabe-se pouca coisa sobre a patogenicidade de I. burrowsi em cães, não causando
doença clínica em animais infectados experimentalmente (LINDSAY & BLAGBURN, 1994).
1.5.2 Gatos
Os gatos positivos para I. felis, principalmente os animais jovens e imunodeprimidos,
podem apresentar diarréia severa, perda de peso, anorexia e desidratação (DUBEY &
GREENE, 2006).
Estudos experimentais apontam que I. felis não é patogênica para gatos com mais de
um mês de idade. Apenas pequenas alterações, como congestão e erosão de enterócitos
superficiais e infiltrados podem ser observados em gatos de 6-13 semanas de vida, inoculados
com 1x10
5
e 1,5x10
5
oocistos esporulados (DUBEY, 1979).
1.5.3 Roedores
As espécies do gênero Isospora têm a capacidade de formar estágios extraintestinais
em uma variedade de hospedeiros paratênicos, incluindo ratos, camundongos e hamsters
(CARVALHO-FILHO et al., 2004) e não causam sinais clínicos nesses hospedeiros (DUBEY
& GREENE, 2006).
A ausência de patogenicidade nos hospedeiros paratênicos pode ser decorrente de uma
ação enzimática sobre as formas parasitárias, lesando-as quando ingeridas (FAYER &
FRENKEL, 1979).
1.6 Diagnóstico
1.6.1 Exame de fezes
O exame utilizado para detecção de oocistos nas fezes do hospedeiro definitivo é o de
Centrífugo-flutuação em solução saturada de açúcar ou Exame de Sheather (LEVINE &
IVENS, 1965) e a identificação das espécies é feita após esporulação in vitro e mensuração
dos oocistos (DUBEY, 1992).
1.6.2 Exame Histopatológico
Para a verificação das lesões provocadas pelo parasita e seus estágios extraintestinais
utiliza-se o exame histopatológico. Fragmentos de diversos órgãos são fixados em formol a
10%, embebidas em parafina e posteriormente coradas com hematoxilina-eosina ou giemsa
para visualização dos estágios endógenos do parasita (DUBEY, 1976; DUBEY & MAHRT,
1978).
O exame histopatológico, em casos positivos de Isospora canis, revela mucosa
atrofiada, alterações nas vilosidades, inflamação na lâmina própria do intestino e hiperpalasia
dos linfócitos nas placas de Peyer. O parasita é encontrado dentro de vacúolos no citoplasma
das células epiteliais (MITCHELL, et al., 2007).
1.6.3 Isolamento in vivo
Em alguns casos, além do exame de fezes com a verificação dos oocistos após
esporulação e mensuração é necessária também a bioprova ou isolamento do parasita in vivo
com a inoculação de oocistos esporulados em roedores para a verificação de estágios
endógenos do parasita.
Estudos sobre a freqüência de hipnozoítas em vísceras de camundongos
experimentalmente infectados com oocistos esporulados de Isospora, demonstram que estas
formas estão largamente distribuídas por todos os óros do hospedeiro infectado, sendo o
fígado, baço e linfonodos mesentéricos os locais de maior incidência das formas latentes do
parasita (DUBEY, 1992). Após dois dias de infecção, cistos monozóicos já podem ser
observados no fígado e baço dos hospedeiros paratênicos (MEHLHORN & MARKUS, 1976).
1.6.4 Isolamento in vitro
Todas as espécies de Isospora se desenvolvem em cultura de células (FAYER, 1972).
Esporozoítas obtidos através da excistação dos oocistos são utilizados como inóculo. Esses
penetram nas células hospedeiras e se dividem por endodiogenia. Em culturas primárias de
células embrionárias de rim de bovinos e caninos são observados merontes binucleados e
merozoítos saindo das células hospedeiras (FAYER, 1972; LINDSAY & BLAGBURN,
1987).
Estágios sexuados e oocistos não se desenvolvem em cultura de células (LINDSAY et
al., 1997).
1.7 Imunidade
Após a infecção, desenvolve-se imunidade, e os estágios imunogênicos variam de
acordo com a espécie, mas em geral são aqueles envolvidos com esquizogonia. O mecanismo
de resposta não é totalmente conhecido, mas supõe-se que seja uma combinação de fatores
celulares e humorais (URQUHART et al., 1998).
Segundo FAYER (1980) a resistência natural ao parasita pode aumentar com a idade
do hospedeiro e diminuir a produção de oocistos ou, conforme os animais envelhecem,
tornam-se imunes como resultado de uma infecção natural pelos coccídeos.
1.8 Tratamento
Algumas sulfonamidas, como sulfadimetoxina, sulfadiazina, e trimetropim são
utilizados no tratamento de cães. Essas drogas diminuem o período patente da infecção
(KIRKPATRICK & DUBEY, 1987). Sulfadimetoxina pode ser administrada 50mg/kg de
forma oral por cerca de 10 dias e combinações de ormetoprim (11mg/kg) e sulfadimetoxina
(55mg/kg) durante 23 dias (LINDSAY & BLAGBURN, 1995).
Amprolium também administrado de forma oral (300 à 400mg/kg durante 5 dias ou
110 à 220 mg/kg de 7 à 12 dias) pode se utilizado no tratamento de coccidioses em cães
(LINDSAY et al., 1997).
Segundo Buehl e colaboradores (2006), o tratamento com triazinone no período
patente da infecção reduz, mas não elimina completamente a excreção de oocistos nas fezes.
Toltrazuril utilizado em condições experimentais tem se mostrado eficiente contra a
Isosporose. Rommel et al. (1986) e Daugschies et al. (2000), demonstraram que uma única
dose de toltrazuril (10 ou 20 mg/kg), elimina totalmente a excreção de oocistos em cães.
Mundt et al. (2003) também comprovaram a eficácia deste tratamento em suínos
experimentalmente infectados com I. suis.
1.9 Controle e Prevenção
Higiene e isolamento dos cães doentes são efetivos na prevenção da coccidiose, assim
como a limpeza diária do local que os animais vivem, além de boa nutrição e abrigos
adequados. Essas medidas poderão não erradicar, mas ajudarão no controle da infecção
(RODRIGUES, 2000).
Kirkpatrich & Dubey (1987) também afirmam que a rápida destruição das fezes e
dispersão dos oocistos de áreas comuns a animais, através da limpeza, reduz a concentração
de oocistos no ambiente.
Comedouros e bebedouros devem ser desinfectados com água fervente ou em soluções
de amônia à 10%, além de se evitar o acesso dos cães aos hospedeiros intermediários
(DUBEY & GREENE, 2006).
2 PERSPECTIVAS
A infecção experimental com Isospora canis em cães jovens permitiu a avaliação do
curso da infecção e a observação de alguns aspectos da patogenicidade causada pelo agente.
Além de fornecer subsídios sobre aspectos de manejo e manutenção das instalações
experimentais, pois vários aspectos desfavoráveis foram registrados.
O experimento relatado, servirá de referência e modelo para infecções experimentais
futuras com espécies de Isospora sp ou com outros coccídios, naqueles hospedeiros nos quais
o ciclo enterogônico é observado.
A utilização das re-inoculações nesse experimento possibilitou, também, verificar que
as lesões ou danos causados pelo parasita, no hospedeiro, aumentam quando das re-infecções
sucessivas, o que poderá ser utilizado ou considerado em estudos sobre o assunto.
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4 ANEXO
INFECÇÃO EXPERIMENTAL COM Isospora canis NEMESÉRI, 1959 (SIN.
Cystoisospora canis), EM CÃES
Andressa Karina Piacenti
1
Tarcilla Corrente Borghesan
2
Jaqueline Moreira da Silva
2
Karine Bonucielli Brum
3
Fernando Paiva
3
RESUMO
Infecções por I. canis o geralmente acompanhadas de sinais clínicos. Alterações na
consistência das fezes, diarréia com sangue, anemia, apatia e morte podem ocorrer em cães
jovens. Este trabalho teve como objetivo o isolamento de oocistos de Isospora canis em cães
naturalmente infectados, recolhidos pelo Centro de Controle de Zoonoses da cidade de Campo
Grande, Mato Grosso do Sul, e a indução de infecções com esse parasita em grupos de cães
jovens, observando os aspectos da patogenia/patologia nos hospedeiros experimentais. Foram
realizados exames de fezes em 178 ninhadas, pela técnica da Centrífugo-flutuação com
solução saturada de açúcar, destas 47 (26%) foram positivas para Isospora sp. Doze es
jovens foram selecionados; dez inoculados com 0,5x10
4
oocistos esporulados de Isospora
canis e, destes, 4 animais foram re-inoculados após 9 dias da primeira infecção com 1x10
4
oocistos esporulados. Dois cães não inoculados foram mantidos como controle. Quando das
necropsias nos dias 3, 6, 8, 15 e 19 após a inoculação observou-se pontuações hemorrágicas,
hipertrofia das células caliciformes, alterações nas vilosidades e presença de formas
parasitárias no estágio de macrogametócitos em todas as porções do intestino delgado.
Palavras-chave: Isospora sp, oocistos, patologia
ABSTRACT:-PIACENTI, A.K.; BORGHESAN,T.C; DA SILVA, J.M.; BRUM,
K.B.; PAIVA,F. [Experimental infection with Isospora canis Nemeséri, 1959 (sin.
Cystoisospora canis), in dogs]. Infecção experimental com Isospora canis Nemeséri, 1959
(sin. Cystoisospora canis), em cães. Infections I. canis are usually accompanied by clinical
signs. Changes in the consistency of the faeces, diarrhea with blood, anemia, lethargy and
death may occur in young dogs. This study aimed to the isolation of Isospora canis from
naturally infected dogs, collected by the Center of Zoonoses Control of the city of Campo
Grande, Mato Grosso do Sul, and induce infection with this parasite in groups of young dogs,
observing aspects of pathogenicity/pathology of this parasite in the experimental host. Faeces
samples from 178 litters were examined using the Centrifugo-fluctuation in saturated solution
of sugar technique, 47 (26%) of them were positive for I. canis. Twelve young puppies were
selected; ten were inoculated with 0,5x10
4
sporulated oocistys of Isospora canis and, 4
animals were re-inoculated after 9 days from the first infection with 1x10
4
oocysts. Two dogs
were kepted as control. When the necropsies occurred on days 3, 6, 8, 15 and 19 after
inoculation there was observed small points of hemorragies, changes in villies, hypertrophy of
the caliciform cells and presence of parasitic forms in the macrogametocytes stage in all
portions of the small intestine.
Key-words: Isospora sp, oocystis, patology
INTRODUÇÃO
O gênero Isospora apresenta várias espécies em uma ampla variedade de hospedeiros,
sendo mais freqüentemente encontradas infectando o trato intestinal de cães e gatos. São
parasitas intracelulares obrigatórios do filo Apicomplexa, classe Sporozoa, ordem
Eucoccidida, família Eimeriidae. Os membros desse gênero completam seu ciclo em um
único hospedeiro e podem, excepcionalmente, utilizar um hospedeiro paratênico (DUBEY &
GREENE, 2006).
Estas espécies podem causar infecções severas em humanos, suínos e cães. Quatro
delas são descritas em cães: I. canis, I. ohioensis, I. burrowsi e I. neorivolta, identificadas
pelo tamanho de seus oocistos (BUEHL et al., 2006).
A isosporose canina tem ampla distribuição geográfica, com maior incidência em cães
jovens. A contaminação ocorre pela ingestão de oocistos esporulados ou cistos monozóicos
nos hospedeiros paratênicos, podendo causar diarréia, perda de peso, lesões intestinais e, em
alguns casos, a morte desses animais (CONBOY, 1998).
Infecções sem sintomas são descritas, particularmente em casos com I. ohioensis
(DAUGSCHIES et al., 2000). No entanto, aquelas causadas por I. canis são geralmente
acompanhadas de sintomas clínicos e a patogenicidade dessa espécie se deve ao
desenvolvimento nas camadas mais profundas das paredes do intestino, diferente de I.
ohioensis que parasitam as células da lâmina própria (DUBEY, 1978). Sinais clínicos e
sintomas como alterações na consistência das fezes, diarréia com sangue, dores abdominais,
anemia, apatia e morte podem ocorrer em cães jovens. Alterações respiratórias e neurológicas
também são reportadas (CONBOY, 1998).
Animais que tenham sido submetidos, ao longo de suas vidas, a condições
inadequadas de criação; sem manejo adequado ou condições higiênico-sanitárias precárias,
dificilmente terão essa parasitose controlada (RODRIGUES, 2000).
O presente trabalho teve como objetivo o isolamento de oocistos de Isospora canis em
cães naturalmente infectados, oriundos da área urbana de Campo Grande, Mato Grosso do Sul
e a indução de infecções com esse parasita em grupos de cães jovens, criados em isolamento,
observando o desenvolvimento da infecção e os aspectos da patogenia/patologia deste parasita
nos hospedeiros experimentais.
METODOLOGIA
1. Isolamento e concentração de oocistos Isospora canis de cães naturalmente infectados
Em cães recolhidos pelo Centro de Controle de Zoonoses da Prefeitura municipal de
Campo Grande (CCZ-PMCG), foram realizados exames de fezes em 178 ninhadas, pela
técnica da Centrífugo-flutuação em solução saturada de açúcar a 60 % (p/v). Aqueles animais
positivos para Isospora canis foram mantidos em gaiolas individuais durante o período de
eliminação e as fezes lavadas em peneiras de 60 e 45µm, sedimentadas, diluídas em solução
de bicromato de potássio a 1% e mantidas em aeração e agitação por cerca de quatro dias, até
que os oocistos apresentassem completa esporulação.
Após esporulação dos oocistos, foi confirmada a condição morfológica dos
esporozoítos e feita a contagem para determinação dos inóculos, através de estimativas em
função de volumes definidos.
2. Seleção, preparação e inoculação de cães jovens com Isospora canis
Doze cães jovens, com menos de um mês de idade, de ambos os sexos, de três
ninhadas recolhidas pelo CCZ-PMCG, foram selecionados pelo estado sanitário, clinicamente
saudáveis, vacinados contra cinomose, hepatite e raiva. Os animais foram mantidos em canis
individuais, que eram higienizados diariamente com água sanitária e vassoura de fogo,
alimentados com ração comercial e água ad libitum. Foram administrados, via oral, 2mL de
Kaobiotic® (formulação contendo: Sulfato de neomicina, sulfaguanidina, sulfadiazina,
sulfamerazina, sulfatizol, caulin e pectina), diariamente, durante uma semana até três dias
antes da inoculação, como medida profilática à infecção por coccídios.
Dez animais, ao atingirem, aproximadamente, três meses de idade, foram inoculados
com 0,5x10
4
oocistos esporulados de Isospora canis e, após nove dias da primeira inoculação,
quatro animais foram re-infectados com 1x10
4
oocistos esporulados.
Todos os cães foram acompanhados clínica e laboratorialmente, durante o período
experimental. Foram monitoradas: temperatura retal, estado e coloração das mucosas
conjuntivais e estado geral, bem como as fezes quanto a consistência, se firme, pastosa ou
aquosa, se hemorrágicas ou não e quanto à presença de oocistos característicos, usando a
técnica de Centrífugo-flutuação em açúcar. Eritrograma e Leucograma foram realizados
individualmente no dia da inoculação e da necropsia. Dois cães não inoculados foram
utilizados como controle, sendo mantidos nas mesmas condições dos outros animais.
.
3. Necropsia e processamento anátomo-patológico
Nos dias 3, 6, 8, 15 e 19, após a inoculação, os cães foram necropsiados, sendo dois
animais para cada dia de necropsia, uma seqüência pré-estabelecida. Nos dois últimos dias
foram necropsiados os animais que receberam duas induções de infecção. A necropsia foi
realizada pelos processos usuais em patologia e amostras de tecidos foram fixadas em formol
a 10% para processamento histopatológico de rotina e corados pela hematoxilina-eosina (HE).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Das 178 amostras fecais examinadas, 47 (26%) apresentaram oocistos de Isospora sp
com medidas entre18 e 39µm (fig.1). Segundo Conboy (1998), o tamanho dos coccídios desse
gênero permite a distinção das espécies: Isospora canis (34-42 x 23-36 µm) e Isospora
ohioensis-like (17-27 x 15-24 µm). Estas diferenças observadas entre os dois grupos de
espécies, permitiram o isolamento monoespecífico (fig 1).
Figura 1. Oocistos esporulados de I. canis recuperados das fezes de cães naturalmente infectados,
oriundos da cidade de Campo Grande, MS, em aumento de 400x.
Durante todo o experimento todos os animais apresentaram mucosa normocorada e
estado clínico geral bom.
Os animais infectados experimentalmente com I. canis apresentaram elevação de
temperatura nos primeiros seis dias após a inoculação. Período este que equivale às duas
primeiras esquizogonias, na fase assexuada do ciclo de vida, quando o parasita invade as
células do hospedeiro e se divide por fissão binária (URQUHART et al., 1998).
As fezes dos animais inoculados apresentaram consistência pastosa, após o quarto dia
da infecção, o que se pode atribuir às lesões epiteliais em diferentes partes do intestino
delgado, muitas vezes formando petéquias e ulcerações, provocadas pelo parasita (BUEHL et
al., 2006), o que pode ser relacionado, também, às fezes hemorrágicas observadas em dois
animais no décimo, décimo quarto e décimo quinto dia após a inoculação.
Todos os animais começaram a eliminar pequenas quantidades de oocistos de I. canis
no primeiro dia após a inoculação, inclusive os dois animais controle, cessando a eliminação
no oitavo dia após a inoculação. Este fato pode ser atribuído à persistência da infecção, que
foi mantida em latência pela administração das sulfonamidas (Kaobiotic®), ou contaminação
pela ingestão acidental de oocistos nas instalações experimentais, apesar de todas as medidas
profiláticas adotadas (higienização, vassoura de fogo, entre outras).
Dos quatro animais remanescentes no nono dia do experimento, um animal, que
estava eliminando oocistos de I. canis, apresentou um aumento no número de oocistos em
suas fezes. Outro animal voltou a eliminar oocistos no nono dia da re-inoculação. Estes fatos
confirmam que os inóculos foram suficientes para causar infecções nos animais, apesar das
variações individuais.
Quando da necropsia, foram observadas pontuações hemorrágicas (fig.2) e presença de
muco em todas as porções do intestino delgado e enfartamento dos gânglios mesentéricos, nos
animais inoculados.
Figura 2. Corte transversal de jejuno com pontuações hemorrágicas, em observação ao
estereomicroscópio.
A principal alteração histológica, observada em todos os animais, foi hipertrofia
acentuada das células caliciformes em todo o intestino delgado (fig.3), o que explica a
presença de muco observada nas diarréias. Os animais 1, 2, 4, 5, 6, 9, 10 e 12 apresentaram,
também, atrofia das vilosidades e desorganização no epitélio (fig.4), além de formas
parasitárias encontradas no estágio de macrogametócito (fig.5).
Figura 3. Hipertrofia das células caliciformes em corte histológico de íleo, corado por HE, em
aumento de 400x.
Figura 4. Atrofia e desorganização das vilosidades intestinais em corte histológico de duodeno,
corado por HE, em aumento de 200x.
Figura 5. Macrogametócito de Isospora canis em corte histológico de duodeno, corado por HE,
em aumento de 400x.
Vacúolos parasitóforos foram encontrados em todos os animais inoculados. A
formação desses vacúolos nos hospedeiros indica a presença e o desenvolvimento intracelular
dos coccídios (BEYER et al., 2002). Esses vacúolos podem conter, em seu interior, vários
estágios evolutivos de Isospora (FERGUSON et al., 1980).
Os leucogramas realizados antes da inoculação e quando da necropsia, revelaram que
os cães, apesar de apresentarem número de leucócitos dentro do padrão de normalidade,
desenvolveram uma dinâmica de leucocitose, com aumento de células leucocitárias como
bastonetes e segmentados, após a inoculação. Os animais 2, 4, 5, 6, 7, 8, 10 e 12
apresentaram, também, aumento do número de eosínófilos quando comparados ao exame pré-
inoculação, apesar de estarem dentro do padrão de normalidade, indicando uma reação de
resposta desses animais ao parasita inoculado
Segundo Levine e Ivens (1981), a patogenicidade de I. canis pode ser diferente para
cada animal. Leep e Tood (1974) utilizaram 1,5.10
5
oocistos de um isolado obtido de cães em
Illinois (EUA) e obtiveram patogenicidade semelhante à de Mitchell et al. (2007) que
inocularam 1.10
5
oocistos esporulados em cães jovens. O exame histopatológico realizado por
Mitchell et al. (2007) revelou alterações nas vilosidades, inflamação na lâmina própria do
intestino e hiperplasia de linfócitos nas placas de Peyer, nos cães inoculados com I. canis, que
apresentaram, também, sinais clínicos como diarréia, perda de peso e letargia.
Reinemeyer e colaboradores (2007), em ensaio piloto, inocularam 2,5.10
5
, 3,75.10
5
e
5.10
5
e obtiveram infecção nos animais, apresentando período pré-patente de 10 dias e
período patente de 8 à 10 dias, porém nenhum sinal clínico foi observado.
A baixa patogenicidade observada nesse experimento pode ser atribuída ao inóculo
menor àqueles descritos na literatura, porém suficiente para causar lesões importantes em
todo o intestino delgado, e mais próximo às infecções naturais por esse parasita.
A manifestação clínica nas infecções experimentais pode ser variável em função do
volume do inóculo, da patogenicidade e viabilidade do isolado e da variabilidade individual
do hospedeiro.
Os resultados obtidos confirmam a patogenicidade de Isospora canis para cães jovens
e, considerando a sua freqüência nas amostras examinadas, que este agente está disseminado
na cidade de CampoGrande, MS.
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