
educação, representado pelo Movimento da Escola Nova
143
. Segundo ele, tinha razão Miguel
Couto quando dizia que o único problema brasileiro era a educação, mas a educação do povo
diversificada segundo o habitat (SAMPAIO, 1935, p.225).
Nos sertões, a escola deveria ser “especialmente ativa”, visando à vida prática do
habitante e a integração comercial do país, ao contrário da “instrução livresca”. Segundo ele,
“é a escola moderna que até mesmo nas cidades se afeiçoa ao que tem maior utilidade para a
vida”, a exemplo do que vinha sendo realizado nas escolas norte-americanas (SAMPAIO,
1944, p.32).
Entre as décadas de 1920 e 30 foram realizadas algumas reformas no ensino público
baseadas nos princípios escolanovistas, principalmente na escola primária, em alguns estados
brasileiros. Posteriormente, no Estado Novo, na gestão de Gustavo Capanema no Ministério
da Educação e Saúde, foram empreendidas reformas educacionais em âmbito nacional
144
.
Sampaio aproximava-se das propostas pedagógicas da Escola Nova quando afirmava
que a educação popular deveria ser como a vida prática, dinâmica, recreativa, cooperativa
143
O movimento da Escola Nova estruturava-se em torno de alguns grandes temas, tais como a escola pública,
universal e gratuita, cuja grande função era formar o cidadão livre e consciente, que pudesse incorporar-se ao
Estado Nacional em formação (SCHWARTZMAN, BOMENY, COSTA, 2000, p.70). Segundo BOMENY
(1993, p.29), “o escolanovismo foi um movimento de renovação escolar que passou a ser conhecido pela adesão
aos progressos mais recentes da psicologia infantil, que reivindicava uma maior liberdade para a criança, respeito
às características da personalidade de cada uma, nas várias fases de seu desenvolvimento, colocando no
“interesse” a centralidade do processo de aprendizagem”. Contudo, é importante ressaltar que o grupo
“renovador” não era homogêneo, apresentando correntes teóricas e pedagógicas diferenciadas. MORAES,
1992b, p.311. Vale destacar ainda que, a consagrada idéia de que a partir da década de 1920 teria se iniciado um
movimento renovador na educação foi construída historicamente, especificamente a partir do discurso de
Fernando de Azevedo em sua obra A Cultura Brasileira, produzida durante o Estado Novo. Apesar de não ser
possível negar que a questão da educação e a proposta de novas abordagens do tema foram discutidas
intensamente na época. Seu discurso, guiado pela oposição entre o “velho” e o “novo”, o tradicionalismo e a
renovação, afirmava uma imagem da Revolução de 1930 como o desfecho necessário das insatisfações da
década anterior. E, como afirma CARVALHO (1998, p.30), o uso da oposição entre as categorias “velho” versus
“novo” é perigoso, na medida em que despolitiza o movimento educacional, causando seqüelas que atingem os
estudos de história da educação sobre o período. Cf. CARVALHO,1998, p.19-23).
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A primeira reforma nesse sentido foi realizada no Estado de São Paulo por Sampaio Dória (Lei nº1.750, de
8/12/1920 e Dec. nº3.356, de 31/05/1921), seguida das seguintes iniciativas: reorganização da instrução pública
no Ceará, por Lourenço Filho (Dec. nº474, de 02/01/1923); reforma no Estado da Bahia, realizada por Anísio
Teixeira (Lei nº1.846, de 14/08/1925); a reforma mineira, realizada no período em que Francisco Campos era o
Secretário do Interior e Mário Casassanta, o Inspetor Geral da Instrução (Dec. nº 7.970-A, de 15/10/1927; Dec.
nº 8.904, de 22/12/1927; dec. nº 8.162, de 20/01/1928; e nº 8.225, de 11/02/1928); a reforma do ensino
empreendida no Rio de Janeiro por Fernando de Azevedo, em 1928; e, finalmente, a reorganização da instrução
pública pernambucana, realizada por Carneiro Leão (Ato nº 1.239, de 27/12/1928 e o Ato nº 238, de 8/02/1929).
Cf. NAGLE, 1974, p.192-201. Sobre as reformas no ministério Capanema, ver SCWARTZMAN; BOMENY;
COSTA, 2000, cap. 3; BOMENY, 1999.
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