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D. Rebeca, hoje com 71 anos de idade, manifesta lembranças daquele
momento em que tudo era alegria ao ver o sonho concretizado, uma ocasião
especial e única, e assim se referiu à Nelly:
Ela tinha um sonho de ser jornalista e de escrever, porque tudo o
que ela escrevia, não escrevia com as mãos, mas com o coração.
Ela não tinha o que pensar para escrever, aquilo fluía
naturalmente e nós fizemos uma festinha juntas para comemorar
a formatura, lá na minha casa e ela me disse: “fiz o que eu sempre
sonhei. Hoje sou uma jornalista”. (Entrevistada em 26/09/2007).
Após a conclusão do curso de Jornalismo, contudo, Nelly não
abandonou seu ofício e seguiu atuando como professora primária no Grupo
Escolar Rio Branco. No entanto, a história da professora teve um novo capítulo.
Com a nova profissão, mudou o rumo de sua trajetória profissional, passando a
exercer paralelamente ao magistério outras atividades.
Nesse sentido, desempenhou as seguintes atividades: Redatora e
Redatora-chefe da Revista “Cacique”, em 1958/59; Coordenadora de
Publicações, Documentações e Informações, do MEC, de 1960/1973; Assistente
de Redação do Centro de Pesquisas e Orientação Educacionais (CPOE)
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, em
1964; Amanuense Especializada, em 1974; Agente Administrativa, em 1977;
Técnica em Assuntos Culturais, em 1981; Chefe de Sessão de Acompanhamento
da Divisão de Programação e Desenvolvimento - DEMEC/RS, em 1982; Diretora
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“Em 1942, a Secretaria da Educação do Rio Grande do Sul passou por uma reorganização e foi
denominada, então, de Secretaria da Educação e Cultura. Nessa reorganização foi criado, em
substituição às antigas Inspetoria e Diretoria da Instrução Pública, o Departamento de Educação
Primária e Normal. As funções deste Departamento eram, fundamentalmente, as de “exercitar,
orientar e fiscalizar as atividades relativas à educação pré-primária, primária e normal, bem como
ao ensino supletivo” (Artigo 12º. Decreto 578. 22/07/1942). Um ano após essa reorganização, em
1943, foi aprovado o Regimento Interno do Departamento de Educação Primária e Normal e com
ele instalado o Centro de Pesquisas e Orientação Educacionais (CPOE). A partir de então – e até
os anos 70 – o CPOE passou a desempenhar um papel fundamental no ensino primário do Rio
Grande do Sul. Tinha como função principal a “realização de estudos e investigações psicológicas,
pedagógicas e sociais, destinados a manter em bases científicas o trabalho escolar” (Decreto 794
de 17/06/1943). Eram atribuições do CPOE, ainda, segundo o Decreto 794 de 1943, elaborar
medidas para a organização das classes, a orientação educacional e o controle do rendimento
escolar. Isso deveria se efetivar através de cursos e reuniões, de visitas às unidades escolares, de
ensaios pedagógicos, de consultas de ordem técnica, da elaboração de programas, de planos, de
comunicados, de circulares e de instruções, através da manutenção de uma Biblioteca Central de
obras pedagógicas e escolares, da organização do conteúdo pedagógico do Boletim de Educação
da SEC, da indicação de livros didáticos e de obras para as bibliotecas dos professores e dos
alunos” (PERES, 2004).