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heróis, dos grandes feitos e dos grandes homens, para a massa. Houve,
portanto, um deslocamento do indivíduo para o grupo, para a observação dos
fenômenos coletivos (DUBY, 1999).
Lucien Febvre, George Duby, Robert Mandrou e Jacques Le Goff são
reconhecidos por suas importantes contribuições no campo da história das
mentalidades. O fundador da escola dos Annales, Lucien Febvre, em seus
artigos La Psychologie et l’histoire de 1938, e La Sensibilté dans l’histoire de
1941, lançava as bases da história das mentalidades, escrevendo sobre as
“atitudes mentais”. Desde então, podemos reconhecer no campo da história a
exploração de um novo domínio, o das atividades conscientes, voluntárias,
orientadas para a política, para a conduta dos homens e para os
acontecimentos. (apud ARIÈS, 1995).
No curso dos anos de 1960, o reaparecimento das
mentalidades subverte inteiramente a historiografia francesa.
Os sumários das grandes revistas, inclusive as mais
conservadoras, mudam, assim como os temas de mestrado e
doutorado. Observa-se, então e na década de 70, um declínio
dos temas socioeconômicos, um desinteresse relativo em
relação aos temas demográficos da década precedente e, em
compensação, a invasão de temas outrora desconhecidos ou
raríssimos. (ARIÈS, 1995, p.160). (grifo nosso).
O termo mentalidade designa a maneira geral de pensar de uma
sociedade, são as atitudes mentais que não são específicas de um indivíduo,
mas de todo um grupo. Devemos ressaltar o fato de Lucien Febvre ser amigo
dos psicólogos Charles Blondel
9
(1876-1939) e Henri Wallon
10
(1879-1962), e
talvez nessa proximidade valer para estes dois saberes: a história e a
psicologia, estabelecendo uma aliança. (DUBY, 1999).
Para os historiadores, a Psicologia Social permitiria incluir entre seus
interesses a habilidade de observação dos comportamentos humanos.
9
Blondel foi professor de Psicologia Experimental na Universidade de Strasbourg e professor
de Psicologia Patológica, substituindo George Dumas, na Sorbone. Entre suas obras
destacamos “Introdução à Psicologia Coletiva” de 1928 e “Mentalidade Primitiva” de 1926.
10
Antes de se interessar pela psicologia, Wallon estudou filosofia e medicina e ao longo de sua
vida foi se aproximando, do campo da educação. Viveu num período marcado por instabilidade
social e turbulência política. Entre os anos de 1920 e 1937 foi encarregado de conferências
sobre a psicologia da criança na Sorbonne. Produziu intensamente sobre esse tema e seu
último livro de 1945, tem o título Origens do Pensamento na Criança. Em 1948, criou a revista
“Enfance”, que permanece como uma importante fonte de pesquisa para os educadores.