Este momento é, também considerado, como aquele em que os participantes assumem os
seus papéis sociais (12) de pais, mães, filhos, irmãos, etc, mesclados aos papéis
internalizados de pais, mães, irmãos, etc, construídos na experiência vivida e/ou percebida
no cotidiano. O recurso, criado por Moreno e, utilizado neste trabalho com os adolescentes,
é denominado Teatro da Espontaneidade (Moreno, 1984) ou Teatro Espontâneo (Davoli,
1995; 1999) (13).
Na segunda fase foi feita a montagem da cena dramática. Em sua concepção
originária a cena provém do teatro e, a partir daí, Moreno passou a transformá-la em
unidade básica de ação tendo como principais componentes: a determinação do espaço,
tempo, personagens e argumento (Bustos, 2001). Assim sendo, os participantes
assinalavam o espaço, local onde cada cena iria ocorrer, o tempo, a hora suposta da
ocorrência da cena, o posicionamento físico e definição dos personagens no espaço do
cenário dramático, como também, o roteiro a ser desenvolvido.
Definidos o tempo, o espaço, os personagens e o enredo no “aqui e agora” da cena
dramática, os participantes faziam a auto-apresentação dos personagens, ou seja, dentro do
papel psicodramático, cada participante se apresentava a si mesmo, no papel de pai, mãe,
filho, etc, dizendo seu nome, idade, profissão (ocupação), situação familiar, problemas e
círculo de pessoas de suas relações envolvidas no enredo. A técnica da auto-apresentação
(Moreno, 1999) possibilitou que cada participante pudesse construir e expressar seu
personagem a partir de seus próprios papéis sociais e psicodramáticos internalizados. Após
a apresentação dos personagens, a cena transcorria livremente, sem interrupção, por 15-20
minutos aproximadamente. Neste momento, os personagens atuavam, contracenando com
os demais membros da cena, desenvolvendo, assim, o enredo da história.
(12) Papéis sociais correspondem à dimensão da interação social. Correspondem a conjuntos diferenciados de
unidades de ação (Gonçalves, Wolff e Almeida, 1988, pp. 71-72).
(13) Teatro da Espontaneidade é um veículo organizado para a apresentação do drama do momento (Moreno,
1984, p. 52). É o teatro no qual o enredo é improvisado e criado pelos atores, pela platéia e pelo diretor. Numa
linguagem menos teatral, é a dramatização que se realiza no palco psicodramático a partir de uma história
protagônica, coordenada por um diretor (Davoli, 1999, p. 80). O Teatro da Espontaneidade se caracteriza pela
dramatização do “aqui e agora”; sua produção e criação são feitos no momento da dramatização. Todo
procedimento psicodramático busca as relações espontâneas que se alcançam através do jogo de papéis
criados e vividos coletivamente (Davoli, 1995, pp. 15-16).