Homeri uocabat, solo inlisit ac sumpto a
Lucusta ueneno et in auream pyxidem
condito transiit in hortos Seruilianos, ubi
praemissis libertorum fidissimis Ostiam
ad classem praeparandam tribunos
centurionesque praetorii de fugae societate
temptauit.
(2) Sed partim tergiuersantibus, partim
aperte detrectantibus, uno uero etiam
proclamante: Vsque adeone mori miserum
est? uarie agitauit, Parthosne an Galbam
supplex peteret, an atratus prodiret in
publicum proque rostris quanta maxima
posset miseratione ueniam praeteritorum
precaretur, ac ni flexisset animos, uel
Aegypti praefecturam concedi sibi oraret.
(3) Inuentus est postea in scrinio eius hac
de re sermo formatus; sed deterritum
putant, ne prius quam in Forum perueniret
discerperetur.
(4) Sic cogitatione in posterum diem dilata
ad mediam fere noctem excitatus, ut
comperit stationem militum recessisse,
prosiluit e lecto misitque circum amicos,
et quia nihil a quoquam renuntiabatur,
ipse cum paucis hospitia singulorum adiit.
(5) Verum clausis omnium foribus,
respondente nullo, in cubiculum rediit,
unde iam et custodes diffugerant, direptis
etiam stragulis, amota et pyxide ueneni; ac
statim Spiculum myrmillonem uel
quemlibet alium percussorem, cuius manu
periret, requisiit et nemine reperto: "Ergo
ego", inquit, "nec amicum habeo, nec
inimicum?'' procurritque, quasi
praecipitaturus se in Tiberim.
Capítulo XLVIII
(1) Sed reuocato rursus impetu aliquid
secretioribus latebrae ad colligendum
animum desiderauit, et offerente Phaonte
liberto suburbanum suum inter Salariam et
Nomentanam uiam circa quartum
miliarum, ut erat nudo pede atque
tunicatus, paenulam obsoleti coloris
superinduit adopertoque capite et ante
faciem optento sudario equum inscendit,
cenas de Homero gravadas e, depois de pedir a
Locusta um veneno que encerrou num estojo de
ouro, foi para os jardins de Servílio. Lá, enviou
para Óstia seus mais devotados libertos com a
missão de preparar uma frota e perguntou aos
tribunos e centuriões do pretório se o
acompanhariam na fuga.
(2) Mas uns inventaram desculpas, outros se
negaram decididamente, tendo um deles
chegado a gritar: Será tão grande desgraça
morrer?
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Então, remoendo diversos projetos,
pensou em apresentar-se como suplicante aos
partas ou a Galba; ao suplicar ao povo, do alto
dos frontispícios, vestindo roupas negras e no
tom mais miserando, perdão pelo passado: e, se
conseguisse comovê-los, solicitar ao menos a
prefeitura do Egito.
(3) Mais tarde, foi encontrada em seu escritório
uma elocução nesse sentido. Mas acabou
renunciando ao projeto, ao que parece por medo
de ser despedaçado antes de chegar ao Fórum.
(4) Adiou, pois, a decisão para o dia seguinte.
Acordou no meio da noite e soube que a guarda
se havia retirado; saltando então do leito,
mandou procurar seus amigos e, como ninguém
lhe respondesse, foi em pessoa, com alguns
companheiros, pedir hospitalidade a cada um
deles.
(5) Não obtendo resposta, e encontrando todas
as portas fechadas, voltou para seu quarto, de
onde os guardas também haviam desertado,
levando consigo até as cobertas e roubando o
estojo onde estava encerrado o veneno. Ordenou
que se fosse procurar o mirmilão Espículo ou
quem quer que o quisesse matar; e ao saber que
ninguém fora encontrado, gritou: “Mas então já
não tenho nem amigo nem inimigo?” e pôs-se a
correr como que para lançar-se ao Tibre.
Capítulo XLVIII
(1) Reanimando-se, mostrou desejar um retiro
onde colocaria o espírito em ordem. Faonte, seu
liberto, propôs-lhe sua vila, situada entre a via
Salária e a via Nomentana, à altura do quarto
marco miliário. Assim mesmo como estava,
descalço e envergando apenas a túnica, lançou
aos ombros um manto surrado, cobriu a cabeça,
segurou um lenço diante do rosto e saltou para o
cavalo, acompanhado apenas por quatro pessos,
entre as quais estava Esporo.